Edição 110 do Brasil de Fato MG

BRASIL

Mídia NINJA

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BRASIL

Persistência da Sonegação violência desvia bilhões Depoimentos mostram como a realidade do abuso está próxima da maioria das brasileiras. Falar do tema e buscar apoio é preciso

Minas Gerais

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Levantamento aponta que sonegação de impostos no Brasil já causou rombo de R$ 426 bilhões apenas em 2015

CIDADE

Parques privatizados

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Está aberto edital que prevê transferência para iniciativa privada da gestão de parques e zoológico da capital.

30 de outubro a 05 de novembro de 2015 • edição 110 • brasildefato.com.br/mg • distribuição gratuita

Dia dos mortos não é só luto Especial 3

Especial 4

Arte e histórias no Cemitério do Bonfim

Rituais diferentes para a passagem

Primeiro cemitério da capital, o Bonfim guarda histórias e monumentos que merecem visita. Além de políticos importantes, local abriga personagens famosos que até hoje rendem causos na capital

No México, a celebração também é festa. As ruas e casas se enfeitam para receber os mortos, que recebem permissão para visitar os parentes. No Japão, um ritual purifica o morto e os índios Bororo fazem ritual de três meses.

Especial 4

Especial 5

O dia também é dele

Fantasmas rondam BH

O dia 31 de outubro não é só das bruxas do Halloween.

O negro de uma perna só também é desse dia, e até um projeto de Lei quer instituir o Dia do Saci. Acompanhe algumas dicas para se prevenir das travessuras do garoto

Quem era a loira que encantava e apavorava os taxistas em Belo Horizonte?

Leia sobre as lendas urbanas que contam também sobre a história da cidade, como o fantasma que mora no Palácio da Liberdade e a aparição do Viaduto Santa Tereza.

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OPINIÃO

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

Editorial | Brasil

A cidade privatizada

A Comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa mudanças no Estatuto do Desarmamento aprovou medidas para afrouxar regras para o acesso às armas no país, como redução de 25 para 21 anos a idade mínima para a compra, aumento de 3 para 10 anos a validade do porte, e permissão para importação de armas e munições.

ESPAÇO dos Leitores “BH está assim, sob este desgoverno do Marcio Lacerda.

Vende tudo! Privatiza ruas, parques, escolas, hospitais, impermeabiliza a cidade! Sem áreas verdes, sem chão pra chuva escoar, alaga tudo!”

Neide Pacheco, comentando a matéria “Mata do Planalto segue ameaçada por imobiliária”

“Isso é o tipo de coisa que me deixa envergonhado.

Como pode?!”

Haroldo Lago, comentando a matéria “Trabalho escravo em Carmo de Minas”

Escreva para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

anota aí o número do Brasil de Fato no WhatsApp: 31 8979-8859

O debate sobre a privatização de precarizar os serviços públicos, dos bens e serviços públicos ga- gera graves efeitos imediatos na vinhou um novo impulso nos últi- da dos trabalhadores, pois aumenmos dias. A Prefeitura de Belo Ho- ta a terceirização, efetiva cortes sarizonte divulgou ações no sentido lariais e a perda de outros direitos de passar áreas públicas de lazer, adquiridos anteriormente. como os parques municipais, aos Podemos perceber o impacto interesses lucrativos da iniciativa desta política na atual greve dos privada. servidores municipais organizaComo se dos no Sindijá não basbel (SindicaParques devem tasse a esto dos servicassez de dores públigerar lucros? equipamencos municitos públicos pais de Belo e gratuitos à disposição da popu- Horizonte), que receberam como lação da capital mineira, agora o proposta da prefeitura um reajuste poder público municipal preten- salarial de apenas 5%, muito abaide deslocar a administração destes xo do índice de inflação. espaços para as mãos de empresáEsta realidade nos convida a rios, que assim irão lucrar com in- uma rediscussão do projeto polígressos, lanchonetes e serviços, tico necessário para que a vida na que a maioria das pessoas não po- cidade seja exercida garantindo os derá pagar. direitos sociais da população.

Esta forma privatizante e patriSe ao Estado compete a defesa monialista de governar tem sido a e a promoção do desenvolvimento marca das gestões de Marcio La- econômico e social e ao setor pricerda (PSB) na Prefeitura de Belo vado o que interessa é maximizar Horizonte, reveladora do projeto sua lucratividade, é preciso que neoliberal implementado na PBH desconfiemos da parceria entre desde 2009. Vale a pena reprisar o eles. Peguemos o exemplo da partema e relembrar que o neolibera- ceria PBH e a INOVABH/Odebrelismo, sob o discurso da moderni- cht. Quanto essa empresa doou e zação e dedoará à cansoneração didatura do dos gastos PBH se soma a interesses privados Marcio Lapúblicos, recerda e ao em detrimento do público duz ao míseu partido nimo o paPSB nas úlpel do Estatimas eleido, passando ao mercado o con- ções? trole dos bens e serviços públicos. É por essas e outras que o finanCaso emblemático desta forma ciamento empresarial de campade governar foi a execução, em Be- nha corrompe a democracia. Por lo Horizonte, da primeira Parceria sorte, o Supremo Tribunal Federal Público Privada (PPP) na área de julgou inconstitucional o financiaeducação de todo o Brasil. A par- mento empresarial, e também Dilceria foi firmada entre a PBH e a ma vetou lei aprovada no CongresINOVA BH S.A. (empresa da qual a so que buscava regularizá-lo.

Odebrecht Properties detém 100% Entre o interesse público e o pridas ações), para reforma, constru- vado, vemos que a prefeitura está ção e conservação de 51 escolas se somando aos interesses privamunicipais. O grupo ligado à Ode- dos. Neste cabo de forças, somenbrecht permanecerá administran- te a participação direta da populado serviços nestas escolas por 20 ção se mostra capaz de fazer avananos. çar a construção da cidade que Este modelo neoliberal, além queremos.

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora também com edições regionais, em MG, no Rio e em SP. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país e no nosso estado.

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ESPECIAL DIA DE FINADOS

Histórias que não se enterram PATRIMÔNIO Cemitério do Bonfim, o mais antigo de BH, guarda fascinantes biografias e obras de arte Arquivo FPM

Rafaella Dotta Do alto do bairro Bonfim, vê-se toda Belo Horizonte, suas igrejas, prédios, estádios, avenidas. E foi nesse lugar-guardião que o primeiro cemitério da capital foi inaugurado. Aberto em fevereiro de 1887 – dez meses antes da inauguração da cidade – foi único recebedor de mortos até 1941.

Hoje, o lugar possui monumentos tão importantes quanto os próprios “hóspedes” e rende visitas culturais reveladoras.

A via principal é composta pelos túmulos das famílias mais ricas da década de 1950. A de Antonio Falci, por exemplo, construiu uma capela com fachada no estilo grego. Os túmulos se seguem com uma sutil concorrência pela sepultura

mais elegante, trabalhadas em mármores caros e raros.

Ali está também parte da história política de BH. No “quarteirão dos grandes” estão sepultados o exgovernador Raul Soares, o músico Fernando Brant, o ex-prefeito Octacílio Negrão de Lima, a família de

Dilma Rousseff e o ex-governador Olegário Maciel.

Mas, além das homenagens oficiais são as mulheres que habitam as histórias marginais e populares do Bonfim.

Uma lápide viva Berthe Adéle Théreze foi

a primeira pessoa a ser enterrada no local, com 19 anos. Diferente dos luxuosos túmulos, Berthe foi sepultada na terra e o ornamento pela sua morte é apenas um, um enorme cipreste que nasceu espontaneamente, segundo os funcionários do cemitério. Como a moça é da Bélgica, provavelmente branca e loira, fica a dúvida de que seria ela a responsável pela lenda da “Loira do Bonfim”.

Luz do fogo Achilles Vivácoua, falecido em 1942, foi um poeta de BH. Mas seu túmulo lembra a história de outra pessoa, a ousada Dora Vivácoua, sua irmã. A moça era amante do naturismo e se apresentava, em plena década de 1940, sem roupas e enrolada a uma cobra. “Luz del Fuego”, que era seu nome artístico, foi considerada a precursora do movimento naturista no Brasil e recebeu inúmeras personalidades internacionais na Ilha do Sol, onde viveu e morreu, em 1967.

Diversas facetas da morte SELEÇÃO Dicas de filmes para refletir sobre a passagem Talvez essa seja a única certeza de todos nós: uma hora chega nossa vez. Diversos diretores filmaram a visão sobre a morte, seja sobre seu lado trágico, abstrato ou até mesmo engraçado. A morte e a dúvida sobre o que vem depois sempre despertou o imaginário do cinema mundial. Por isso, o Brasil de Fato MG lista aqui alguns filmes que tratam a morte de diferentes ângulos, para quem quiser aproveitar o feriado para se aprofundar no tema.

“A NOIVA CADÁVER” (2005) A elogiada animação conta a história de um jovem que se casa com a Noiva Cadáver, que o leva à Terra dos Mortos. Mas o personagem percebe que a “vida” no mundo dos mortos é mais divertida do que a sombria Europa da era vitoriana.

“O SEXTO SENTIDO” (1999) Um dos melhores thrillers de todos os tempos, é dele a clássica frase “Eu vejo gente morta!”.

“GHOST – DO OUTRO LADO DA VIDA” (1990) Clássico dos anos 90, Ghost se tornou também um dos filmes românticos mais amados de todos os tempos, acompanhado ainda de uma bela e famosa trilha sonora.

“MINHA VIDA SEM MIM” ( 2003) É um filme delicado e comovente. A protagonista descobre que está prestes a morrer. Sua situação desperta para reflexões sobre o que é importante na vida.

O Sétimo Selo (1957) Dirigido por Bergman, conta como um valente cavaleiro, ao retornar das Cruzadas, encontra seu país devastado pela peste e pela loucura coletiva, até que a Morte o alcança. Orgulhoso de sua racionalidade, ele convence a Morte a disputar o seu tempo de vida em uma partida de xadrez.

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ESPECIAL DIA DE FINADOS

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

Feliz dia do Saci!

ALÉM DAS BRUXAS Dia 31 de outubro também é dedicado ao personagem mais zombeteiro da cultura popular

Reprodução

Larissa Costa Apesar de alguns tirarem suas fantasias de bruxas, lobisomens e fantasmas do armário, o dia 31 de outubro também é dedicado a um dos personagens mais conhecidos e irreverentes do imaginário brasileiro: o saci.

O dia do Saci já foi oficializado em várias cidades, como São Paulo (SP), Vitória (ES), Uberaba (MG) e Fortaleza (CE). Nacionalmente, a oficialização dessa comemoração está prevista no Projeto de Lei Nº 2.479, de 2003, ainda em

trâmite na Câmara dos Deputados. O relator da comissão, deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), afirmou, em seu parecer, que instituir esse dia “representa oferecer à sociedade um instrumento de valorização da cultura popular como elemento fundamental na constituição da identidade brasileira”.

Dia das Bruxas O “Halloween” é uma festa pagã comemorada todos os anos, no dia 31 de outubro, em vários países anglo-saxões, com mais expressão nos Estados Unidos.

Com mais de mil anos de história, tem origem na cultura dos celtas, povos que habitavam as ilhas britânicas antes da era cristã. Todos os anos, nas vésperas do dia de todos os santos, 1º de novembro, uma festa era realizada para marcar o início do inverno e afastar os maus espíritos que poderiam atrapalhar suas colheitas.

Durante a Idade Média, as bruxas foram associadas às simbologias do “Halloween”, abominadas pela Igreja Católica. Isso porque, por meio da Inquisição, milhares de mulheres foram perseguidas e julgadas por, supostamente, praticarem feitiçaria.

Quem é o Saci?

O saci é negro, tem uma perna só, usa um gorro vermelho e sempre fuma um cachimbo. Adora fazer travessuras, pregar peças, dar nós nas crinas dos cavalos e esconder objetos.

Apesar das brincadeiras, os sacis não são maldosos. Têm como missão cuidar da natureza, onde moram. Eles nascem em brotos de bambus e são conhecedores das ervas das florestas, da fabricação de chás e remédios feitos com plantas. Vivem 77 anos e quando morrem se transformam em orelha-de-pau.

Segundo a lenda, o saci se locomove em redemoinhos de vento. Quem quiser se aventurar, pode tentar capturá-lo usando uma peneira. Mas tem que ser esperto e retirar seu capuz. Assim garantirá sua obediência e será possível prendê-lo numa garrafa.

Diferentes formas de ver e lidar com a morte TRADIÇÃO No Japão, no México e no interior do Brasil, povos fazem rituais diferentes para despedida No Brasil, para boa parte da população, a morte geralmente é associada a choro, tristeza e lamentações. Mas, para outros, morrer é realizar uma passagem, algo tão natural quanto nascer.

Noukan: ritual japonês de preparação No Japão, existe uma cerimônia tradicional, chamada Noukan, que prepara os mortos para o enterro ou cremação. Esse ritual é mostrado no filme “A Partida” (2008), que ganhou o Oscar, no ano seguinte, de melhor filme estrangeiro.

Na presença da família, o corpo é preparado por um profissional com muito respeito e afeto. Com movimentos precisos e suaves, o corpo é limpado e purificado, o que simboliza a eliminação do cansaço do mundo, da dor, do desejo. É considerado o primeiro banho para o novo nascimento.

Ritual funerário dos Bororo Para os Bororo, povos indígenas que atualmente habitam a região do planalto central do Mato Grosso, o ritual funerário também é um momento muito importante.

A professora da Universidade de São Paulo (USP) Sylvia Novaes, em artigo sobre o tema, afirma que a morte é o mais celebrado dos eventos que marcam o ciclo de vida dos Bororo. A pesquisadora conta que os ritos funerários podem se estender por três meses, desde a morte da pessoa até o enterro definitivo de seus ossos. Nesse tempo, os jovens são iniciados na vida adulta. A eles são apresentados os valores e regras da sociedade e, por meio de cantos, são

relembradas as façanhas dos heróis, as histórias sobre o território e as técnicas de caça e pesca.

Casas enfeitadas para los muertos A celebração no México do dia dos mortos (Día de los muertos, em espanhol) é uma das festas mais animadas do país e tem origens nas civilizações indígenas. Segundo as crenças, durante os dias 1 e 2 de novembro, os mortos têm a permissão divina para visitar seus parentes. Assim, as pessoas enfeitam suas casas com flores, velas e incensos, além de prepararem as comidas preferidas daqueles que já se foram.

Na rua, as pessoas se pintam de caveiras coloridas, usam fantasias e festejam com comida, bolos, música e doces. Como no Brasil, as famílias limpam os túmulos e os enfeitam com flores. Além disso, soltam balões no céu para indicar aos espíritos o caminho de volta após a celebração.

O festival acontece em outros países da América Central e foi considerado, pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

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ESPECIAL DIA DE FINADOS

Belo Horizonte mal-assombrada LENDAS URBANAS A capital é recheada de memórias macabras que, hoje, já fazem parte da história de seus bairros e ruas Raíssa Lopes O mineiro é conhecido por contar seus “causos”. E em Belo Horizonte, uma das maiores e mais tradicionais capitais do país, lenda é o que não falta. São muitas as “criaturas” conhecidas por assombrar os belo-horizontinos e, na semana do dia de Finados, o Brasil de Fato MG selecionou as mais lembradas pelo imaginário popular da cidade. Confira:

O Fantasma do Palácio da Liberdade Fundada em 1897, BH foi construída onde era o Arraial Curral Del Rey. Os moradores antigos, muito pobres, foram expulsos e obrigados a se realojarem fora dos limites da avenida do Contorno, estratégia do Estado para esconder da nova e moderna capital os resquícios da periferia rural. Revoltados, os habitantes da vila teriam amaldiçoado a cidade e todos os seus governantes. Uma em especial, Dona Maria Papuda, ficou famosa por constantemente passear pelo Palácio da Liberdade e assombrar políticos que lá moravam. Dois deles, Raul Soares (1924) e João Pinheiro (1908) morreram dentro do prédio, o que reforçou a crença. Há quem diga que Tancredo Neves não ficava no casarão depois das 18h, e que Juscelino Kubitschek construiu o Palácio das Mangabeiras para fugir da senhora.

Em entrevista, Itamar Franco chegou a afirmar que sentia presenças estranhas no local.

Avantesma da Lagoinha Uma aparição sem rosto, como uma espécie de sombra excêntrica, que chora compulsivamente e cheira a enxofre. Esse é o Avantesma da Lagoinha, fantasma que habita o Viaduto Santa Tereza. Uma de suas atividades preferidas era se sentar imóvel em bondinhos para assustar os condutores. Com a extinção veículo, passou a se pendurar nas bordas dos viadutos para assustar pedestres e motoristas de ônibus. Dizem por aí que após pregar o susto, se dissolve no ar.

Loira do Bonfim Quem nunca ouviu falar da moça bonita, de cabelos dourados, que sai pela madrugada encantando taxistas? Desde os anos 40, a Loira do Bonfim é uma das mais ilustres almas penadas de Belo Horizonte. Reza a lenda que, sempre usando branco, ela costuma parar motoristas e pedir uma carona para casa. ‘Seduzidos’ por sua beleza estonteante, os homens (tão bem intencionados...) concordam em levá-la. Chegando ao destino, percebem que a residência da dama é, afinal, o Cemitério do Bonfim. Contam que, após o surgimento da história, funcionários do local afirmaram que a loira nada tinha de misteriosa e muito menos fantasma e que, na realidade, se travava da filha de um dos coveiros.

Não colou. Na época, o medo era tão grande, que motoristas de táxis pararam de aceitar chamadas tarde da noite e motoristas das linhas de bonde (e mais atualmente, de ônibus) se recusavam a trabalhar em escala noturna.

E aí, você já viu alguma dessas assombrações aqui em BH? Conta pra gente! Escreva para o e-mail redacaomg@brasildefato.com.br.

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MINAS

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

Artigo

Uma pauta desumana João Paulo Cunha

O atentado que vem sendo armado contra a democracia pode ser o pior dos pesadelos para a sociedade brasileira neste momento, mas não é o único. É até compreensível que se mobilizem todas as forças responsáveis para impedir a aventura golpista, que se avoluma contra a vontade popular expressa nas urnas e as instituições republicanas. Sem falar no reforço conferido pela mídia a uma pauta recorrente e monocórdia, que trocou a apuração pelos vazamentos, a justiça pela delação e a divergência pelo pensamento único.

No entanto, é na sombra dessa narrativa repetitiva que outra onda, igualmente perniciosa, vem se fortalecendo na maré do cenário político. A pauta dos direitos humanos é expressão de uma visão de mundo que defende a igualdade e respeita as diferenças. Vem do pensamento progressista a sensibilidade para questões que envolvem minorias, gênero, luta contra a discriminação e defesa da cidadania como expressão de direitos.

E é no campo dos direitos humanos, em suas várias formas de emergência, que o país vem acompanhando um esforço regressivo preocupante. Nos últimos meses, quase todo o espec-

tro dos direitos humanos foi solapado.

Os estratos mais conservadores e moralistas da sociedade, por meio de representações próprias e com forte eco no Legislativo, levaram o país a andar para trás em termos de civilização.

Em alguns casos, as ações já estão valendo, em outros pairam como urubus em vento quente, espalhando seu mau agouro sobre o futuro. O

O mais recente assalto à civilidade é o Projeto de Lei que, na prática, revoga o Estatuto do Desarmamento saldo foi a criminalização da juventude pobre e negra, a derrocada dos laços de amor pela biologia mais estrita, o reforço do poder econômico dos ruralistas. Some-se a isso a tentativa de dificultar o acesso ao aborto nos termos da lei - mesmo em casos de estupro -, e a mais torpe de todas as formas de homofobia e misoginia, a defesa da ignorância.

Não é um acaso que o deputado Eduardo

Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, esteja por trás de grande parte desses intentos. Sua ação conjuga, no mesmo gesto, o moralismo evangélico fundamentalista e o instinto de preservação política e pessoal. Ele é, em certa medida, o fiador da desumanização dos direitos no país.

O mais recente assalto à civilidade é o Projeto de Lei que, na prática, revoga o Estatuto do Desarmamento. A nova legislação facilita o acesso às armas de fogo, amplia o prazo da licença, libera o uso para pessoas que respondem a inquéritos, torna o cadastro gratuito, estende a autorização do registro para todas as polícias estaduais, entre outros. O relator do projeto, prócer da bancada da bala, o deputado Laudívio Carvalho (PMDB-MG), foi indicado por... Eduardo Cunha. O projeto caminha rápido como uma bala, que pode atingir o coração dos direitos humanos. De nada parecem valer os dados estatísticos que contabilizam 160 mil vidas salvas desde a adoção do estatuto.

A hora é de atenção. O país tem muito a perder com a abertura do processo de impeachment. Mas já está sendo derrotado por 7 a 1 no campo dos direitos humanos.

Minas Gerais entra na defesa do petróleo ATUAÇÃO Movimentos realizam seminário para traçar rumos da campanha “O Petróleo é do Povo” Geraldo Falcão

Rafaella Dotta Reunidas no auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), em BH, cerca de 150 pessoas iniciaram uma mobilização estadual contra a privatização do petróleo brasileiro. Os movimentos sociais que organizaram a ação acreditam que o país será foco de conflitos pela energia e por recursos naturais nos próximos anos.

Segundo o coordenador nacional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) Joceli Andreoli, a recuperação da economia mundial deve influenciar diretamente o consumo de energia. “A previsão do aumento do gasto de energia até 2040 é de 37%, sendo que 20% virão da exploração de petróleo e 80% da energia

sil irá adotar para a exploração deste recurso. De acordo com ele, 75% do petróleo mundial é controlado por empresas estatais, porém, o Brasil passa por tentativas de privatização. “Quando puderam, as multinacionais não investiram no Brasil. Mas elas estão doidas atrás do ‘filezão’”, afirma.

Segundo estudo da UERJ, Brasil pode ter 176 bilhões de barris, o que coloca o país no segundo lugar da lista de maiores produtores

elétrica”, alerta.

Um estudo feito pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), lançado há um mês, divulga que as reservas de petróleo brasileiras são maiores que o esperado. Com

90% de chance de acerto, o estudo afirma que o país possui 176 bilhões de barris, com valor estimado de R$ 288 bilhões. Bem acima dos 30 bilhões já descobertos, a quantidade pode colocar o Brasil em segun-

do lugar na lista dos países com maior reserva de petróleo do mundo.

Felipe Pinheiro, diretor de comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), preocupa-se com o modelo que o Bra-

Quem organiza A Plataforma Operária e Camponesa de Energia surgiu em 2010 através da organização de petroleiros, eletricitários, engenheiros, atingidos por barragens e agricultores, com a proposta de debater um novo modelo energético para o país. Recentemente, elaborou uma carta com 12 reivindicações, entregue ao governo federal, e inicia a campanha “O Petróleo é do Povo”.

CIDADES

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

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Parques de BH podem ter acesso reduzido LAZER Cobrança de ingresso é uma possibilidade dentro da nova gestão pensada pela PBH Suziane Fonseca

Rafaella Dotta No dia 21 de outubro, cidadãos belo-horizontinos tomaram um susto ao verem notícias do Diário Oficial do Município. A Prefeitura anunciava a abertura do processo de concessão de três parques, do Zoológico e do Jardim Botânico. O temor é de que empresas pratiquem a cobrança de ingressos e de preços caros nos serviços.

Os Procedimentos de Manifestação de Interesse (PMI) funcionam como o recolhimento de propostas para os espaços públicos, geralmente feitas por empresas privadas. Neste caso, interessados poderão explorar “praça de alimentação, portaria (quando houver), estacionamento, praças de esportes, aluguel de bici-

Zoológico e Barragem Santa Lúcia podem ser privatizados

cleta, lojas de conveniência ou qualquer outro item que seja compatível com o equipamento em questão”, afirma nota da PBH. Apesar de conceder os serviços à exploração privada, a PBH afirma que isso não significaria uma privatização.

Estão nesse processo o

Julgamento da chacina de Unaí A sessão que iria julgar o assassinato de quatro auditores fiscais do trabalho, mortos em 2004 na cidade de Unaí, se estendeu por três dias em Belo Horizonte, de 27 a 29 de outubro. Norberto Mânica e José Alberto de Castro são acusados de serem mandante e intermediário do crime. Até o fechamento da edição, a condenação final não havia sido dada, com expectativa de que terminasse na sexta (30).

Twitter / Reprodução Diário Gaúcho

Na última terça (27), o temporal que caiu em Belo Horizonte causou pânico em quem passava na Avenida Vilarinho. A enxurrada arrastou 60 carros. Marcio Lacerda culpou o excesso de água, mas moradores e comerciantes reclamaram do atraso das obras de drenagem e a falta de planejamento e estrutura para enfrentar grandes chuvas na capital.

Parque da Barragem Santa Lúcia, o Parque Ecológico, o Jardim Zoológico e o Jardim Botânico. Também está aberto um PMI para a implantação do Parque Veredas, na Lagoa da Pampulha.

Em procedimento parecido, mais órgãos públicos estão em análise de Mani-

festação de Interesse da Iniciativa Privada (MIP), que acontece quando empresas pedem à prefeitura autorização para estudar a viabilidade de exploração. A PBH aprovou estudos para o Parque dos Mangabeiras e para os cemitérios públicos.

rem que os parques continuem tendo entrada gratuita e não haja aumento para o Zoológico, que já tem preço de acesso. A expectativa é que, em uma semana, o abaixo-assinado seja entregue na Câmara de Vereadores e na PBH.

Sociedade preocupada Em entrevista ao jornal Estado de Minas em 19 de outubro, o vice-prefeito de BH, Délio Malheiros, deixou claro que a cobrança de ingressos é uma possibilidade com as parcerias. “Pode ser que [os usuários] tenham que pagar, pode ser que não. A prefeitura vai analisar”, disse.

Indignados, cidadãos iniciaram o abaixo-assinado online “Diga não à privatização dos Parques e Zoológico de BH”, em que reque-

Outro olhar Para o vereador Pedro Patrus (PT), as concessões devem ser vistas como privatização, ao contrário do que defende a PBH. Ele dá o exemplo do transporte público, que é concessão, mas tem tarifas e horários decididos pelas empresas. “Para respeitar a lei, a prefeitura segue o sentido de terceirização, concessão e subconcessão, mas quem determina as políticas aprovadas são as concessionárias”, afirma.

GENTE QUE BRILHA! Betinho: um lutador do povo brasileiro Mineiro de Bocaiúva, no norte de Minas, Herbert José de Souza, o Betinho, nasceu em 1935 e foi o terceiro filho de uma família de 8 irmãos.

Já nos primeiros dias de vida, foi diagnosticado com hemofilia, doença que, posteriormente, atingiria seus irmãos Henfil e Chico Mário.

Ainda criança, foi com sua família morar em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de BH. Durante o curso de sociologia, iniciou sua militância política na Juventude Universitária Católica. No mesmo ano em que se formou, 1962, participou da fundação da Ação Popular (AP), organização política que pregava valores socialistas e humanistas para o país.

Após o golpe militar

Reprodução

de 1964, Betinho passou sete anos na clandestinidade e oito anos no exílio, fato marcado pela música “O Bêbado e a Equilibrista”, gravada por Elis Regina: “Meu Brasil / que sonha com a volta do irmão do Henfil / com tanta gente que partiu…”. Anistiado em 1979, volta ao Brasil e cria o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

No final dos anos 1980,

Betinho confirmou o diagnóstico de sua contaminação pelo HIV, vírus causador da Aids, contraído em umas das inúmeras transfusões de sangue em seu tratamento da hemofilia.

Em 1997, aos 61 anos, Betinho faleceu no Rio de Janeiro, deixando um legado de resistência que, até hoje, reafirma a necessidade de construir um Brasil melhor.

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BRASIL

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

Maior esquema de corrupção do Brasil é a sonegação de impostos, revela estudo DESVIO Apenas em 2015, já foram sonegados R$ 426 bilhões, valor que supera desvios na Petrobras e pagamento do Bolsa Família Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Pedro Rafael Vilela, de Brasília (DF) É muito comum a afirmação de que no Brasil a carga tributária é alta, mas pouco se fala sobre o tamanho do rombo nas contas públicas causado pela sonegação de impostos.

Levantamento do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) indica que país soma mais de R$ 1,162 trilhão em débitos tributários inscritos na Dívida Ativa da União. É tudo aquilo que o Estado brasileiro tem que receber judicialmente de pessoas físicas e jurídicas que deixaram de recolher seus impostos.

Menos de 1% do que é sonegado volta aos cofres públicos A maior parte desses débitos (62% ou R$ 723,3 bilhões) são de cerca de 12 mil empresas. O segmento que lidera o ranking dos maiores débitos tributários do país é o industrial, seguido pelo comércio e atividades financeiras. “Quem sonega imposto no Brasil não são pobres, trabalhadores e classe média. A sonegação é praticada basicamente por grandes empresas, que têm verdadei-

Vice-presidente Institucional e Editoral do Grupo Globo, João Roberto Marinho. (à dir.) é próximo de Eduardo Cunha. A família Marinho controla quase 40% da mídia brasileira.

FATOS EM FOCO

Gabaritos do Enem

Os gabaritos das provas objetivas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já estão disponíveis na internet (enem.inep.gov.br).

Mais de 5,7 milhões de candidatos fizeram o exame. O edital com as vagas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para acesso a instituições públicas de ensino superior deve ser lançado em janeiro.

Bancos reabrem

ros exércitos de advogados pra driblar a legislação e deixar de recolher tributos devidos”, explica João Sicsú, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os dados revelam que débitos tributários representam mais de 580 vezes os valores desviados da Petrobras, segundo a Operação Lava Jato, 8 mil vezes os valores apurados no mensalão e mais de 60 vezes as cifras citadas na Operação Zelotes.

Campanha mede quanto poderia ser arrecadado Apesar dos valores astronômicos, menos de 1% é

recuperado aos cofres públicos. “Isso é muito pouco. Recuperamos por ano cerca de R$ 13 bilhões. Um investimento maior de co-

“Precisamos repensar os gastos do governo, de arrecadação, mas também de cobrança” brança dessa dívida poderia fazer o orçamento da União crescer muito”, sustenta João Sicsú, da UFRJ. A campanha “Quanto Custa o Brasil pra Você?”, do Sinprofaz, mantém o painel

Sonegômetro, que registra o montante sonegado no Brasil. Em outubro, esse valor já passou dos R$ 426 bilhões e vai chegar R$ 500 bilhões até o fim do ano, que representa mais de 10% da economia do país. Segundo o sindicato, “cerca de 80% [desse valor] passaram por mecanismos sofisticados de lavagem de dinheiro”.

Em recente entrevista, o presidente do Sinprofaz, Achilles Frias, comparou os R$ 426 bilhões em impostos sonegados com a meta de ajuste fiscal de R$ 66 bilhões de reais perseguido pelo governo federal. “Se analisarmos os números trazidos pelo painel da sonegação, verificamos como é injusta e desnecessária toda essa recessão imposta à população”, avaliou.

“O que se gasta com saúde, educação, habitação, Bolsa Família e segurodesemprego não chega a R$ 300 bilhões por ano. E o Brasil, só este ano, além de pagar R$ 500 bilhões em juros da dívida pública para banqueiros e empresários, ainda vai deixar de cobrar outras centenas de bilhões em impostos sonegados. Nós precisamos repensar os gastos do governo, de arrecadação, mas também de cobrança”, argumenta o professor de economia João Siscú.

Os bancários da maior parte do país encerraram nessa segunda-feira (26) a greve da categoria, que durou 21 dias. Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores de Ramo Financeiro (Confraf ), 60% das agências estavam paradas desde o dia 6 de outubro. Os trabalhadores dos estados de Mato Grosso e de Roraima decidiram continuar em greve.

Protesto contra a PEC 215 A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215 na quarta-feira (27) provocou reações na vila dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI), em Palmas (TO). Essa PEC transfere a decisão final sobre demarcação de terras indígenas do Ministério da Justiça para o Congresso Nacional. Aprovada em comissão especial, a PEC segue agora para votação nos plenários da Câmara e do Senado. Pela proposta, o Congresso passa a dar a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas e de remanescentes de quilombolas.

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

Precisamos falar sobre abuso ALERTA Relatos demonstram que violência contra mulher é uma realidade dolorosa, que precisa ser denunciada

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BRASIL

FATOS EM FOCO

Mulheres contra Cunha Mídia NINJA

Divulgação

Raíssa Lopes No último domingo (25), o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deu o que falar. O tema “A persistência da violência contra mulher na sociedade brasileira”, por um lado, gerou polêmica e, por outro, foi considerado grande avanço por feministas.

Em março do ano passado, o IPEA ouviu pessoas a respeito da “Tolerância social à violência contra as mulheres” e descobriu que 26% dos homens entrevistados acreditam que roupas curtas justificam abusos sexuais. Além disso, o Brasil ocupa a 7ª posição no ranking de países onde acontecem mais assassinatos relacionados a gênero, com 4,4 crimes registrados para cada 100 mil mulheres.

A psicóloga Ludmilla Carvalho chama a atenção para os diversos tipos de abusos sofridos pelas mulheres, que além de físicos, podem ser psicológicos e morais e reforça a importância de buscar ajuda.

“Muitas buscam algum tipo

de suporte somente quando ocorre agressão, que é o caso mais extremo. É importante procurar um profissional de psicologia para que se possa reconhecer a situação de depreciação, entender as relações para que essa pessoa que sofreu possa traçar estratégias, descobrir o que pode fazer com aquilo”, destaca.

Causas da violência Ludmilla explica que uma das causas para que mulheres sejam vítimas de violência desde a infância é a maneira como a sociedade foi construída, de forma patriarcal. “Nesse contexto sócio-histórico, a mulher é tida como objeto. Quando ela nasce, é propriedade do pai e, quando casa, do marido. A partir dessa visão, as pessoas tendem a achar que tudo o que acontece ou venha a acontecer com ela é válido. Por isso, a violência é naturalizada”, critica.

Ela ressalta que o Brasil ainda é marcado pela herança do período militar, com a ideia de que a “ordem” se mantém a partir da imposição da agressividade. “O que faz com que a

Depoimentos Inspirado pela campanha “Meu Primeiro Assédio”, na qual mulheres relatam a primeira situação de violência da qual se recordam, o Brasil de Fato MG colheu relatos de jovens que apontam para uma realidade: a maioria dos abusos - sejam sexuais ou morais - acontecem ainda na infância, próximo ou dentro de casa.

“Era criança e um tio meu foi morar comigo e com minha mãe. Comecei a perceber alguns atos estranhos... Um dia, ele chegou bêbado e passou a mão na minha perna.

No outro, pegou dentro da minha calcinha. Tempos depois o flagrei se masturbando na porta do meu quarto. Comecei a me trancar pra dormir, e essa situação desconfortável se alongou por meses, até que enfim ele resolveu se mudar”.

Bruna Cardoso*, 21 anos “Quando tinha seis anos de idade, meu irmão, dois anos mais velho, estava me levando pra casa e no caminho me disse: “ninguém te acha bonita”. Discordei, balbuciando que ‘um monte de gente me acha bonita, meu pai, minha mãe, os amigos dela...’. Ele completou: ‘só velho, ninguém novo te acha bonita’. Acreditei. Esta percepção negativa foi sendo reafirmada com o passar do tempo”.

Isabela Morais*, 23 anos

A atriz Letícia Sabatella adere à campanha Primeiro Assédio e releva, em sua página no Facebook, abuso que sofreu aos 12 anos

gente não só não problematize situações de violência, como culpabilizemos a vítima, achando que ela fez por merecer aquilo”, declara.

Feminismo A militante Elza Russo, da Marcha Mundial das Mulheres, acredita que a impunidade é um dos fatores pa-

ra que a vítima não denuncie seu agressor. “A principal contribuição do movimento feminista é a auto -organização de mulheres.

O que quer dizer que quando eu relato uma violência, eu não estou falando só por mim, mas por outras. A gente se ajuda, se apoia e luta juntas”, ressalta.

COMO DENUNCIAR As denúncias podem ser feitas por meio de telefones ou locais especializados no atendimento a vítimas de abuso sexual: - Disque 100: serviço nacional para denúncias de violência sexual; - 197: disque denúncia da Polícia Civil em Minas Gerais; - Divisão Especializada de Atendimento da Mulher em Belo Horizonte: 3291-3573 ; - Conselho Tutelar da cidade ou da região; - Hospitais (muitos fazem encaminhamento para psicólogos, alguns têm núcleos de atendimento psicológico); - Delegacia da Criança e do Adolescente; - Delegacia da Mulher.

“Eu tinha seis anos. Minha avó ia rezar o terço todos os dias na capela próxima à minha casa. Quando ela batia o portão, eu já sabia o que ia acontecer. Meu irmão abria a calça e me obrigava a fazer sexo oral nele”.

Carolina Serra*, 22 anos * Os nomes reais das mulheres foram preservados.

Contra os posicionamentos do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que tenta emplacar no Congresso medidas consideradas retrógradas, entre elas o PL 5.069, que dificulta a realização de abortos por vítimas de estupro, cerca de 5 mil mulheres protestaram no Rio de Janeiro (RJ). “O corpo é nosso” foi a palavra de ordem da manifestação, que lotou as ruas da Cinelândia, centro da capital fluminense, nesta quarta-feira (28).

Governo vai privatizar 29 hidrelétricas em 4 estados

No dia 25 de novembro, o governo federal realizará o leilão de 29 usinas hidrelétricas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

O Ministério de Minas e Energia pretende arrecadar R$ 17 bilhões com a venda das usinas, que detém 6 mil MW de potência instalada.

As hidrelétricas foram construídas há mais de 30 anos e pertencem, até o leilão, às companhias estaduais de energia de Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e São Paulo – respectivamente Cemig, Copel, Celesc e Cesp.

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MUNDO

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

Começa segundo turno para a Comediante evangélico é o presidência da Argentina DEMOCRACIA Pela primeira vez na história do país, disputa não acaba no primeiro turno Reprodução

Começou nesta segunda-feira (26) a reta final para definir quem assumirá a presidência da Argentina a partir do dia 10 de dezembro, quando Cristina Kirchner conclui seu segundo mandato consecutivo. É a primeira vez na história do país em que uma eleição presidencial será decidida no segundo turno.

No dia 22 de novembro, o candidato governista Daniel Scioli enfrentará o favorito da oposição, Mauricio Macri, que surpreendeu com seu desempenho no primeiro turno, no domingo (25).

Com 35% dos votos, Macri quase empata com Scioli, que ficou com 37%.

Macri é prefeito da capital Buenos Aires e líder do partido conservador PRO.

novo presidente da Guatemala AMÉRICA CENTRAL Jimmy Morales, de centro-direita, foi eleito com 67,43% dos votos

Scioli (esq.), apoiado por Cristina Kirchner, ficou com 35% dos votos e Macri (dir.) com 35%

Scioli é governador da província de Buenos Aires (a maior e mais rica do país) e conta com a estrutura do Partido Peronista, há 14 anos na presidência.

Na Argentina, ninguém se arrisca a fazer uma previsão sobre o que vai ocorrer nas próximas três semanas.

(Agência Brasil)

O comediante evangélico Jimmy Morales venceu no domingo (25) o segundo turno das eleições presidenciais na Guatemala, com um resultado histórico, ao obter o dobro de votos da principal adversária, Sandra Torres, ex-primeiradama.

Morales, comediante e animador de televisão sem qualquer experiência política, que se torna agora o décimo presidente da era democrática da Guatemala, toma posse no dia 14 de janeiro do ano que vem, para um mandato de quatro anos (2016-2020).

A vice-presidência vai

ser ocupada por Jafeth Cabrera, ex-reitor da Universidade estatal de San Carlos.

Desde a instauração da democracia em 1985, o candidato mais votado em um segundo turno eleitoral foi Vinicio Cerezo, da Democracia Cristã Guatemala (DCG) que alcançou 68,37% dos votos, contra 31,63% do seu adversário, Jorge Carpio, da União do Centro Nacional (UCN).

Outra memorável eleição foi a de 1999, quando Alfonso Portillo saiu vencedor com 68,31%, contra 31,69% de Oscar Berger, do PAN. (Agência Brasil)

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

Acompanhando

Foto da semana

PARTICIPE Viu alguma coisa legal? Algum absurdo? Quer divulgar?

Mande sua foto para redacaomg@brasildefato.com.br.

Na edição 106...

Tribunais na segunda

OPINIÃO

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Bruno Dayrell

parados

...E agora No dia do servidor público, 28 de outubro, funcionários do Ministério Público e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais foram às ruas de Belo Horizonte protestar pelo reajuste salarial e contra a falta de democracia no judiciário. “Onde só os poderosos votam, não há democracia, não há respeito nem valorização”, diz a campanha de greve, que teve início no mesmo dia do protesto.

Os manifestantes reivindicaram o cumprimento da revisão-geral das categorias, assegurada na Constituição Federal e por lei estadual.

Na edição 109...

Continua greve dos servidores municipais ...E agora Em assembleia na manhã de quinta (29), os servidores públicos de Belo Horizonte decidiram pelo fim da greve, que durou 24 dias. Os trabalhadores reivindicavam reajuste salarial, mas acabaram aceitando proposta que resultará em redução de 10% da folha de pagamento. Eles receberão 2,5% de aumento em janeiro de 2016 e 2,5% em dezembro de 2016, contrapondo com a inflação projetada para 15% no mesmo período. Na quarta (28), os servidores ocuparam a Secretaria Municipal de Finanças como forma de pressão para que a PBH apresentasse melhor proposta. Os servidores voltam ao trabalho a partir de terça (3).

CORES - A Foto da Semana é sugestão de Bruno Dayrell, leitor e diagramador do Brasil de Fato MG. “A paisagem foi registrada da Praça do Papa, pôr-do-sol na cidade de Belo Horizonte. Achei bonito e diferente a forma com que o sol se despedia da cidade naquele dia”, disse.

Júlia Machado Dias

Maria poderia ser uma de nós

Parecia ser uma segunda-feira normal na rotina de Maria. Maria é nome fictício e, não fosse ela a destinada a entrar naquele banheiro, naquela tarde, ela poderia ser eu, você ou qualquer uma de nós. A gente nunca está preparada pra uma tentativa de estupro. O crime foi ato pensado: o agressor aguardava a vítima no banheiro feminino. Maria foi enforcada e arrastada para um box, mas, apesar do susto, gritou até conseguir se soltar e fugir.

O crime foi no campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia e o caso repercutiu rapidamente. Milhares de mulheres compartilharam fotos e imagens com a frase: “UFU, sou mulher e não vou me calar”. Uma reunião de mulheres no dia seguinte produziu relatos sobre violências sofridas.

Um ato foi realizado na mesma semana com centenas de pessoas – em especial mulheres – com batuques, cartazes, apitos e palavras de ordem. Conseguimos aprovar na reunião do Conselho UniversiSou mulher e tário a criação da Comissão de Políticas de Gênero. não vou me calar A proposta de ouvidoria de combate às opressões e a criação da comissão, inicialmente, receberam muitas críticas conservadoras com alegações de que, como não há denúncias de assédio sexual na universidade, eles não existem.

A manifestação teve ampla divulgação na grande mídia que, agindo equivocadamente como de costume, colocou que nossa pauta era por mais segurança no campus. Uma maneira de silenciar as demandas das mulheres.

Continuamos nos reunindo desde então e tem sido cada vez mais perceptível o quanto a nossa auto-organização nos permite avançar. Conversar somente entre nós possibilita uma maior compreensão do que nos afeta por sermos mulheres. O caminho é longo e seguiremos lutando. Somos mulheres e não vamos nos calar!

Júlia Machado Dias é militante da Coletiva Feminista Flor de Cacto, núcleo da Marcha Mundial das Mulheres em Uberlândia

Márcio Pochmann

CPMF é positiva Rico é o que mais reclama da elevada carga tributária. Justamente ele que quase nada paga. E é quem agora volta a reclamar porque o governo da presidenta Dilma Rousseff teve a iniciativa de novamente implementar a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

A tributação sobre transações financeiras tem grande importância na luta contra a sonegação fiscal, com custos arrecadatório e de fiscalização reduzidos. Destaca-se que a sonegação fiscal no Brasil não é considerada crime, ao contrário de outros países.

As estimativas para a sonegação tributária na economia brasileira equivalem a cada ano a cerca de 10% do Produto Interno Bruto. Com a existência da CPMF, a Secretaria da Receita Federal (SRF/ MF) pode cruzar os dados da Declaração do ImposSonegação fiscal deve to de Renda com os paser crime gantes (empresas e indivíduos) da tributação nas transações financeiras registradas pelo sistema bancário.

Com base nas informações da CPMF do ano de 1998, apenas um a cada grupo de quatro pessoas físicas que movimentaram recursos nos bancos brasileiros apresentou Declaração de Imposto de Renda. Ou seja, indício forte da sonegação fiscal de cerca de 75% dos indivíduos com movimentação no sistema bancário. De 38,5 milhões de pessoas físicas que fizeram operações financeiras, só 9,9 milhões declararam Imposto de Renda.

Certamente a CPMF não constitui o imposto perfeito, mas diante das enormes distorções do sistema tributário ela torna-se positiva. Possui baixo custo arrecadatório e de fiscalização, eleva a arrecadação para financiar gastos essenciais como a saúde e é ótima para enfrentar a gravidade da sonegação fiscal no país. Faltaria, apenas, tornar a sonegação fiscal crime, sobretudo inafiançável. Seria demais?

Marcio Pochmann é presidente da Fundação Perseu Abramo, economista e professor da Unicamp. Leia a íntegra em www.brasildefato.com.br

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CULTURA

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

Como é legal falar de novela

Novela Joaquim Vela também no email: quimvela@brasildefato.com.br Divulgação

Descobri um grupo muito legal no facebook, chamado “Comentaristas de novela”. Ele tem pouco mais de 50 membros e é administrado por uma noveleira de Goiânia. Legal perceber como tem gente diferente que gosta de novela: rapazes e moças, jovens e adultos, profissionais de várias áreas, do sul e do norte. Gente que é contra o PL5069 e o Cunha e a favor da pauta LGBT. Mas legal mesmo é a discussão do grupo, variada, iterativa, criativa e polêmica.

A pauta da vez tem sido a passagem de 150 anos de “Além do Tempo”, das 18h, que ocorreu na semana passada. A cena que marca a mudança de fase é muito bonita em fotografia, efeitos especiais e texto. O vídeo

Sexualidade Na vida sexual, só a violência é anormal Mariana Tavares* Na outra semana, falamos sobre o fato de nossa sexualidade não ser instintiva, já que podemos nos reinventar e fazer diferente do que os animais fazem.

Hoje vamos aprofundar um pouco mais essa conversa... A finalidade da atividade sexual humana é o prazer, ou descarga, e cada um de nós vive o prazer de maneira diferente. A variação pode se dar em relação ao modo, à frequência, à companhia ou falta dela, pode ser inclusive na decisão de não fazer sexo, e ainda mil outras variações.

Desde que haja livre e mútuo consentimento, todas as formas de relacionamento são possíveis e aceitáveis, sem que seja pecado, nem certas ou erradas, nem normais ou anormais.

O que é anormal, erra-

do ou doente é a violência sexual, que se dá quando não há o consentimento de uma das partes.

O livre acordo já implica que não é aceitável qualquer aproximação física de aspecto sexual ou possivelmente sexual com crianças. As crianças ain-

A sexualidade está submetida às mesmas relações de poder que existem na sociedade da estão formando sua capacidade de julgamento e consentimento. Os adultos que as violentam estão abusando exatamente desta fragilidade. E eles são com frequência pessoas próximas, conhecidas e importantes para elas.

Então, a criança, confusa quanto aos sinais de amor, mesmo achando que o que aquele adulto está pedin-

do ou fazendo é algo esquisito, ou ruim ou nojento, muitas vezes acaba aceitando, como forma de declarar seu afeto.

Nem tudo o que é abusivo é um ato ou um gesto, pode ser uma palavra, que tem muito poder de machucar, tanto crianças como adultos.

E não vamos nos esquecer, a sexualidade está submetida às mesmas relações de poder que existem na sociedade. Assim, além de crianças, um número vexatoriamente grande de mulheres, homossexuais, travestis e transgêneros são violentados cotidianamente em sua sexualidade por pessoas que supõem que a liberdade possa ser exercida sem reciprocidade e que atrasam a construção de uma sociedade de direitos. *Mariana Tavares é psicanalista

está disponível lá no grupo.

O interessante da história é a reflexão de que as tramas da vida de hoje estão entrelaçadas no passado, ou seja, perduram para além do tempo. Os personagens têm o mesmo nome, mas estão em papéis diferentes do século XIX. A segunda fase promete e vale a pena acompanhar.

A “Regra do Jogo” e seus altos e baixos também estão em voga lá no grupo.

Tem até uma notícia que fala que o público gostou mais dos casais do que da trama, com destaque para Atena (Giovanna Antonelli) e Romero (Alexandre Nero). Fala-se também que o folhetim de João Emanuel Carneiro vem, aos poucos, caindo no gosto do público.

Uma discussão interes-

sante também girou em torno da novela “Verdades Secretas”, finalizada há um mês. As blogueiras feministas publicaram em seu site um texto que avalia a novela como conservadora e misógina (que é uma forma de aversão e raiva contra mulheres). Segundo elas, a forma como as personagens mulheres foram tratadas na trama reforça ideologias machistas.

Topa fazer parte do grupo? É só pedir para entrar lá no facebook. Vamos criar uma rede de pessoas legais para falar desse assunto. Quem sabe não publicamos seu comentário aqui?

Um abraço, Joaquim Vela

Nossos Direitos Licença paternidade de 120 dias para quem adota Desde 1988 é garantido o salário maternidade de 120 dias à mãe biológica, além da estabilidade no emprego, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, salvo no caso de justa causa. No ano de 2009 foi estendido o direito de licença de 120 dias à mãe adotante. Assim, o direito é garantido tanto à mãe que obtém a guarda judicial de uma criança/adolescente, quanto à mãe biológica. O período conta como tempo de serviço e a empresa paga o salário integral.

Desde o ano passado, uma lei garante a licença paternidade de 120 dias aos homens que adotarem uma criança. O trabalhador que adota, independente da idade da criança/adolescente, tem direito a 120 dias de licença remunerada para uma maior adaptação com seu

filho. Ele precisa se afastar do trabalho, ou pode ficar sem o benefício. Caso a adoção seja feita conjuntamente com outra pessoa (seja homem ou mulher), apenas uma delas terá direito a licença remunerada de 120 dias. O casal escolhe para quem será a licença, no caso de os dois serem empregados.

Há uma única exceção para que os dois recebam o benefício: é no caso de morte da mãe biológica, ou da mãe ou pai adotante, sendo assegurado ao companheiro o gozo de licença pelo tempo restante a que teria direito a mãe.

Vale lembrar que essa lei estende o benefício de licença de 120 dias ao pai que adota. Portanto, os pais biológicos seguem com direito a apenas cinco dias.

Thiago Duarte Gonçalves é servidor público federal

CULTURA

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

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BH recebe primeiro Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais REPRESENTATIVIDADE Discussões políticas, shows musicais, feira de artesanato e culinária recheiam a programação Ricardo Ferreira / Divulgação

Raíssa Lopes A partir da próxima semana, Belo Horizonte sediará o Canjerê, primeiro Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais. Com o objetivo de reforçar a necessidade de reconhecimento e proteção da cultura tradicional negra, o evento contará com a participação de 60 grupos de 27 cidades do estado. As atividades, organizadas pela Federação das Comunidades Quilombolas de Minas Gerais (N’Golo), acontecem de 6 a 8 de novembro, na Funarte e Universidade Federal de Minas Gerais. A

entrada é gratuita.

Palavra de origem banto, Canjerê contempla significados como dança, festa de negros, reunião de negros para práticas mágicas e muitos outros. Não por acaso, o festival apresentará, além da discussão política, shows com artistas da música afro-mineira, cortejos, feira de artesanato, produção agrícola e culinária.

“Nosso estado foi construído com a força de trabalho e presença cultural negra. Foram eles que deram corpo e vida às minas e, ainda assim, faltam políticas pensadas para essas

SERVIÇOS Canjerê – 1º Festival de Cultura Quilombola de Minas Gerais 6 a 8 de novembro de 2015 Funarte (Rua Januária, 68, Floresta) Entrada Gratuita

Festival será de 6 a 8 de novembro, na Funarte

comunidades. É necessário que essa pauta tenha grande visibilidade para acionar os mecanismos de distribuição de terra, que é a grande questão dos quilombolas, principalmente em Be-

Debates

4 de novembro 14h - Comunidades Quilombolas e Trabalho: Construção da cidadania, geração de renda e emancipação política 17h - Mulheres Quilombolas na luta pelo Bem Viver UFMG (Auditório Professor Bicalho, 1º andar, Fafich)

CULTURA “Caderno de Experiências” traz relatos sobre o trabalho da arte na sociedade gião metropolitana de Belo Horizonte e projetos de ou-

Agenda Grátis do Final de Semana 4ª Edição do Festival Choro Livre

Café na rua para lançamento de livro O Instituto Undió realiza, no dia 7 de novembro, o lançamento do livro “Caderno de Experiências”, de Clarice Libânio, coordenadora do projeto “Favela é Isso aí”. O lançamento será a partir das 10 horas, com um café servido a todos na rua. O lançamento terá ainda apresentações e performances artísticas de teatro e dança.

O livro traz relatos e experiências sobre o trabalho da arte na sociedade. Quais os impactos na economia, no turismo, nos projetos sociais? São essas questões levantadas que foram reunidas na publicação, a partir de experiências de ONG´s e institutos culturais da re-

lo Horizonte, que sofre com a especulação imobiliária”, declara o antropólogo e organizador do festival Rafael Barros.

A discussão da emancipação política e construção de cidadania dos quilombolas também será tema de conversa que acontece no dia 4, na Faculdade de Ciências Humanas da UFMG.

tros estados, como Ceará e Rio de Janeiro.

Divulgação

Mulheres em debate Outra iniciativa organizada pelo festival é a mesa de discussão “Mulheres Quilombolas na luta pelo Bem Viver”, que reunirá seis participantes, quilombolas e professoras. “Será abordada a história de vida delas, que se tornaram lideranças, mesmo em comunidades que dão maior poder ao homem”, comenta Fernanda de Oliveira, do Núcleo de Estudos Sobre Quilombolas e Populações Tradicionais da UFMG (NUQ).

Ela explica, ainda, que a ideia é levantar questões de gênero que culminarão em demandas para políticas públicas, ações coletivas da N’Golo e trabalhos dentro das próprias comunidades.

Divulgação / Valter Silva

No sábado, (31), o Festival Choro Livre apresenta a última roda desta 4ª edição do projeto. A apresentação acontece às 15h, no Mercado Distrital do Cruzeiro (Rua Ouro Fino, 452). O show conta com as participações dos grupos Assanhado, Isto é Nosso e H-Fieira, além de uma homenagem a Sílvio Carlos, importante figura do choro em Minas Gerais. Às 13h, o músico Hamilton de Holanda realiza um workshop na casa Una (Rua Aimorés, 1451, Funcionários).

Divulgação

Festa no Luiz Estrela

1º Festival da Primavera no Espaço Comum Luiz Estrela. São 11 dias de programação cultural, na celebração dos dois anos de ocupação do espaço.

Onde: Rua Manaus, 348. Santa Efigênia, BH. Quando: até o dia 2 de novembro.

Informações: migre.me/rXyBs

14 VARIEDADES

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015 www.malvados.com.br

Reprodução

Batata Rösti (Suíça)

E você, tem alguma receita que queira compartilhar?

Envie para nós: redacaomg@brasildefato.com.br

Ingredientes

Preencha os espaços vazios com algarismos de 1 a 9.

Os algarismos não podem se repetir nas linhas verticais e horizontais, nem nos quadrados menores (3x3). www.coquetel.com.br

© Revistas COQUETEL

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Solução

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2 Batatas grandes 1 pacote de queijo parmesão ralado 100g de Mussarela Oléo para fritar

MODO DE PREPARO Rale, no ralo grosso, as batatas e divida em duas vasilhas. Coloque o óleo em um frigideira e frite uma das partes da batata e espalhe na frigideira em formato de disco. E espere dourar.

Faça a mesma coisa com a outra parte da batata ralada. Em um dos discos coloque a mussarela e espalhe o queijo parmesão ralado por cima da mussarela e coloque o outro disco de batata por cima.

Amiga da Saúde Amiga, existe risco de fazer depilação a laser?

Por que nós mulheres somos tão pressionadas a ter a pele lisa e os homens não?

Bárbara Esteves, 18 anos estudante.

Cara Bárbara, existe risco na depilação a laser sim. O principal deles é provocar queimaduras na pele. O laser age queimando a raiz do pelo.

Ele é atraído pela melanina, portanto, quanto mais escura a pele maior o risco. O laser pode provocar manchas e outras complicações relacionadas às lesões. A sociedade pressiona as mulheres para que fiquem sempre bonitas, custe o que custar. Isso é resultado do machismo, que vai mudando ao longo dos anos e se adaptando à modernidade, mas ainda continua presente e forte. Além da pele lisa, o padrão de beleza imposto às mulheres inclui cabelos lisos, magreza, seios grandes, etc.

Precisamos nos organizar e dizer não a tanta imposição. Ver a beleza que existe em cada mulher a seu modo, na diversidade natural. Cada uma deve ser e fazer somente aquilo que lhe dá prazer e faz feliz!

Mande sua dúvida: amigadasaude@brasildefato.com.br Sofia Barbosa Aqui você pode perguntar o que quiser para a nossa Amiga da Saúde Coren MG 159621-Enf.

Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

na geral

Medalhista olímpica pode encerrar carreira antecipadamente IMPASSE Regulamento não permite que Osasco-SP inscreva jogadora na Superliga

Mundial de atletismo paraolímpico

ESPORTES

15 15

na geral

O Haiti é aqui?

Divulgação / Resistência Azul Popular

Sílvio Ávila-CBV / Divulgação

Daniel Zappe / MPIX / CPB

Termina no sábado (31) o Mundial de Atletismo Paralímpico de Doha (Qatar). A competição reúne 1.315 paratletas e atletas-guia de 88 nacionalidades. O Brasil compareceu com 40 representantes, tendo como objetivo ficar entre os cinco primeiros no quadro geral de medalhas.

Destaque para a corredora Jhulia Karol que, com um estiramento na coxa, disputou a prova dos 100 metros T11 (para atletas com privação total da visão) e conquistou o bronze.

Refugiados nos Jogos do Rio

Na semana passada, jogadoras da Seleção Brasileira de Vôlei feminino, como Thaisa, Fabiana e Sheila, protestaram a favor da Oposto Elisângela Almeida. É que a atleta, que conquistou o bronze nas Olimpíadas de 2000, pode ser obrigada a se aposentar antes do tempo pretendido. Aos 36 anos, Elisângela assinou o último contrato de sua carreira com o Osasco-SP. Pelo sistema de Ranking da Superliga 2015/2016, ela possui um ponto, numa escala de um a sete. O problema é que a equipe do Osasco já havia somado a pontuação máxima permitida, contando todas as atletas inscritas na competição. Para reduzir sua classificação e disputar a Liga, Elisângela precisa da anuência das outras equipes, mas três delas não aceitaram abrir exceção para a jogadora.

Como funciona o Ranking da Superliga O Ranking de Atletas da

Jogadoras da Seleção Brasileira manifestaram apoio a Elisângela Almeida

Superliga foi implantado em 1992, com o objetivo de promover o equilíbrio entre as equipes, evitando a formação de “Superequipes”, e estimular a formação de jovens atletas.

As 129 melhores jogadoras são classificadas por critérios técnicos e de faixa etária, com uma pontuação que vai de um a sete.

Cada equipe pode inscrever atletas cujo somatório de suas pontuações seja

Divulgação

Pratique esportes

Ciclismo Onde:

Rua Manaus, 348 Santa Efigênia, BH

Quando: Medida aprovada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) autoriza que atletas refugiados disputem as competições olímpicas e paralímpicas de 2016, no Rio de Janeiro. Eles poderão competir com a bandeira do Comitê Olímpico Internacional. A ONU também pede uma trégua nos conflitos bélicos sete dias antes do início dos jogos. A resolução foi aprovada por 180 países.

igual ou inferior a 43 pontos. Ninguém pode inscrever mais do que duas atletas que tenham a classificação máxima, de sete pontos. Para a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), as equipes têm autonomia para decidir sobre a aplicação dessa regra. Em reunião que acontecerá em março do ano que vem, critérios do Ranking serão reavaliados. (Da redação)

1º de novembro, das 9 às 12h

Informações: migre.me/rX3Rx

Domingo, acontece o 1º Festival de Primavera no Espaço Comum Luiz Estrela. Na programação, entre outras atividades, um tour ciclístico de 13 km, com trajetória pela área central da cidade de três horas de duração.

O jornal Brasil de Fato não se responsabiliza por eventuais mudanças na programação. Recomendamos aos interessados que entrem em contato com os organizadores das atividades para confirmar data, horário e local.

Trabalhador informado é trabalhador valorizado!

Todo mês, o Sinttel-MG distribui para os trabalharadores o jornal Bodim, com informações importantes para a categoria de telecomunicações.

No dia 18 de outubro, a torcida cruzeirense Resistência Azul Popular (RAP) protagonizou uma ação de solidariedade, levando alguns haitianos a acompanharem o jogo entre Cruzeiro e Fluminense, no Mineirão. Na entrada, um funcionário da Prosegur, empresa responsável pela segurança do estádio, disse a uma funcionária: “Trouxeram esses pretos para fazer terrorismo no Brasil”. A RAP denunciou a ofensa racista ao chefe da equipe da Prosegur e também criticou a postura do segurança em nota publicada no Facebook.

A torcida também ressaltou que a Prosegur não está preparada para um devido serviço de segurança do Mineirão e que o episódio de racismo é mais um reflexo da privatização do estádio e da elitização do futebol.

VocêSabia?

A entrada de bicicletas não motorizadas nos parques de Belo Horizonte é permitida a qualquer pessoa, sem restrições, garantida pela lei municipal 10.863, de 23 de outubro de 2015. Porém, os ciclistas só poderão se movimentar em áreas específicas, previstas no regulamento de cada parque.

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Belo Horizonte, 30 de outubro a 05 de novembro de 2015

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DECLARAÇÃO DA SEMANA

CURTO E GROSSO

Reprodução / Facebook

Segredo é o meio de campo Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians

Wallace Oliveira Após dois anos de insucesso, os clubes de São Paulo voltam a dominar o futebol brasileiro. O Corinthians é favoritíssimo ao título do Brasileirão, mesmo se perder para o Galo no domingo (1). Já a decisão da Copa do Brasil será disputada entre dois grandes rivais no Paulistão: Santos e Palmeiras. É simplista achar que o futebol paulista anda melhor apenas por ter mais dinheiro para formar boas equipes.

Caso contrário, como explicar o êxito do futebol mineiro no biênio 2013/2014? O melhor talvez seja olhar para dentro do campo.

Na equipe do técnico Tite, além da obsessão pela

ESPORTES

“

Decidi colocar fim à minha carreira no futebol. Foi uma caminhada incrível, maravilhosa

”

Abby Wambach, atacante estadunidense e maior goleadora dentre as seleções femininas e masculinas de futebol, com 184 gols.

marcação, o meio de campo formado por Renato Augusto, Jadson e Elias, mais a boa marcação e boa saída de bola do volante Ralf garantiram ao líder do Brasileirão um sistema de jogo muito estável, que permite jogar sem deixar que o advesário jogue, marcar muitos gols e sofrer poucos.

Santos e Palmeiras não alcançaram o mesmo nível, mas não há como negar

a importância de um Arouca ou um Robinho, no Verdão, ou de um Lucas Lima, no Peixe.

Numa época em que tanto se fala da “crise dos meias”, Corinthians, Palmeiras e Santos são, sem sombra de dúvida, os times da série A que melhor têm lidado com esse problema. Juntos, eles podem ser a saída que Dunga procura para a Seleção Brasileira.

Gol de placa

A Portuguesa-SP apresentou seu time de atletas com Síndrome de Down, durante o intervalo da última partida da equipe principal na Série C, contra o Vila Nova-GO, no Canindé. O time disputará o Campeonato Brasileiro para atletas portadores da síndrome.

Gol contra

Torcedores do Coritiba tentaram entrar nos vestiários do Couto Pereira, após a derrota do time para o São Paulo, domingo (25). Contidos no estacionamento pelos seguranças do clube, os torcedores danificaram alguns veículos. O meia Thiago Galhardo teria se escondido no vestiário tricolor.

OPINIÃO Bráulio Siffert Como tem sido desde o início do campeonato, o América vai aos trancos e barrancos arrancando os pontos necessários para conquistar o acesso à Série A. Mas, para a difícil reta final, precisa jogar melhor do que vem jogando e ter ainda mais vontade, sobretudo nos confrontos diretos contra Paysandu e Vitória. Os três pontos contra o Boa Es-

porte vieram devido à fraqueza do adversário e à inspiração de Richarlison, que há algum tempo vem sendo o melhor jogador do América, com disposição, movimentação, gols e assistências. Agora, não há mais tempo para exigir padrão tático, entrosamento, sintonia entre o meio e o ataque. É hora de jogar com determinação, de acreditar nas jogadas e de pressionar o tempo todo.

OPINIÃO Rogério Hilário A caça ao Corinthians chega ao momento crucial no domingo (1). A esperança alvinegra só permanecerá com uma vitória.

O Atlético seguirá dependendo de outros triunfos e de tropeços dos paulistas e enfrentará adversários perigosíssimos, como São Paulo e Grêmio, e traiçoeiros, como o Figueirense. Em Minas Gerais, terá pela frente Goiás

e Chapecoense. O Corinthians terá no seu caminho Coritiba (casa), Vasco (fora), São Paulo, Sport (F) e Avaí (C). As trajetórias são equilibradas, mas a vantagem da equipe de Tite pode ser decisiva.

Acreditar até o fim é a nossa sina. Vencer, vencer, vencer, este é o nosso ideal. Para que destino e princípios ganhem mais brilho, só mesmo com uma vitória no domingo.

OPINIÃO Léo Calixto Desde pequeno, em papos nem sempre descontraídos sobre o futebol com meu pai, ele dizia que sorte por si só não existe, ela acompanha a competência, não somente no esporte, mas na vida.

O eficiente trabalho da nova comissão técnica e da “nova” direção celeste, juntamente com o apoio incondicional da China Azul, está trazendo novamente as boas energias

à Toca da Raposa. O último jogo contra o Goiás é uma prova disso. Fosse antes, as bolas que chegaram ao gol do Fábio teriam entrado e o chute do William no gol de Arrascaeta teria parado na arquibancada. Que o empenho dos jogadores, comissão técnica e torcida continue trazendo boas energias para os próximos seis jogos que podem nos colocar de novo na Libertadores.