Revista OM Line - 18ª Edição

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Paz

Paz é a minha essência, o solo fértil para as melhores sementes florescerem. Antes de toda criação existe paz. A paz harmoniza e depois dela alguma coisa bela e nova acontece. Se eu começo o meu trabalho em paz, isso me tornará original. Com o poder da paz me torno simples, termino com os pensamentos excessivos, tenho tempo para me ver e criar novas experiências. Assim como as águas são turbulentas na superfície, mas tranquilas na profundidade, à medida que eu vou no meu interior, encontro níveis de silêncio. Me torno, assim, uma semente de paz para o mundo. Meu coração é calmo e calmo consigo ser positivo e paciente sob todas as circunstâncias. Tenho equilíbrio entre agir e deixar que as coisas aconteçam pelo seu próprio nascimento, sem interferir...

Meditação “Paz” do cd “Vivendo Valores”, da Editora Brahma Kumaris. Clique no ícone a cima para ouvir.

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CARTA AO LEITOR *

Saudações de Paz! Nesta edição vamos falar sobre valores. Você já parou para pensar quais são os seus valores intrínsecos? E a importância deles, você já mensurou? Uma vida sem valores é uma vida seca, doentia e dolorosa. Que tal VERBIFICAR (creio que não exista essa palavra, peço licença ao querido leitor para usá-la!), isso mesmo, VERBIFICAR nossos valores? Amar, Pacificar, Harmonizar, Alegrar, Respeitar, Unir, Doar e tantos ARs que urgentemente precisamos tirar do campo das ideias e dos discursos e levar para a vida prática. Tornar nossos valores práticos, vivenciáveis e vivenciados será uma imensa ajuda na transformação do mundo! Quando eu mudo, o mundo muda. Esse é o slogan da Brahma Kumaris. E pode ser o seu também, se você decidir vivificar e VERBIFICAR seus valores. Esta edição é para inspirá-lo, caro leitor! Dadi Janki, Ken Odonnell e tantos outros professores e praticantes de valores na vida, compartilham aqui, suas ideias e experiências. Aproveite a leitura, aproveite a inspiração e aproveite o processo nessa jornada de autotransformação, afinal, “o real valor está na qualidade do percurso.” Om Shanti! Goreth Dunningham e equipe Om Line

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SUMÁRIO *

26. MATÉRIA DE CAPA O real valor está na qualidade do percurso Mariana Santos

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8. OM PRIMEIRA PALAVRA

36. OM TRANSFORMAÇÃO

Valores Humanos no Trabalho Ken O’Donnell

O valor da calma Nonato Lima

12. OM LEVEZA

40. OM COMIDA PURA

Simplesmente SER: O desafio da jornada da vida Patrícia Schmidt Carvalho

Bela nutrição Ana Paula Paixão

42. OM ÚLTIMA PALAVRA 16. OM INSPIRAÇÃO VIVAS: Vivendo Valores na Saúde Mara Gurjão

Vivendo nossos Valores Dadi Janki

46. MEDITAÇÕES OM LINE 26. OM VIRTUDES VIVE: uma abordagem educacional que aflora a beleza de educadores e estudantes Paulo Sergio Barros

Alegria Luciana Ferraz

30. OM ATITUDE Os poderes na Comunicação Brígida Gomes Fries

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ESPAÇO DO LEITOR *

OM SHANTI!

EXPEDIENTE Editora: Goreth Dunningham Design e diagramação: Felipe Arcoverde Revisão: Valéria Ferreira Amores Site: Ricardo Skaf Mídias Socias: Naiara Rios Colaboração: Samanta Brandão e Sandra Costa Ilustrações: Freepik.com

Envie para nós os seus e-mails, dúvidas e sugestões, através do Facebook e Instagram ou e-mail: revista.omline@br.brahmakumaris.org Facebook.com/omlinebrahmakumaris Instagram.com/omlinebrahmakumaris www.brahmakumaris.org.br/revista

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OM CINE *

A Vida é bela

Vídeo com Bk Jayanti. Clique no ícone a cima para ver o vídeo.

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OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell

VALORES

HUMANOS NO

TRABALHO Trechos retirados do livro “Valores Humanos no Trabalho”, de Ken O’ Donnell, da Editora Brahma Kumaris


(…) Inúmeras experiências feitas nos cinco continentes mostram-me que os valores humanos não podem ser simplesmente decretados nem estabelecidos por meio de um plano estratégico. São os frutos de um trabalho realizado no âmago do ser humano. Uma boa definição de espiritualidade é justamente a prática de valores humanos em situações adversas. Espiritualidade não é sinônimo de religião. Embora pessoas religiosas possam ter comportamento “espiritualizado”, nem sempre esse é o caso. Assim, o desenvolvimento da inteligência espiritual na empresa não significa esoterismo, rituais estranhos, paredes pintadas de cores novas nem sessões de passes magnéticos. Esse conceito deve ser, no mínimo, o aprimoramento verdadeiro dos valores previstos no plano estratégico, q são a base do desem-

penho de boas equipes de trabalho, e, no máximo, a permissão de revelar os valores especiais de cada um. Quando o trabalho se encaminha para um propósito compartilhado, elevado e inspirador de paixão, ele dá vida às tarefas em si, ao trabalhador e ao mundo em que se vive. O aprimoramento do potencial humano para trabalhar de tal forma integrada pode tornar-se um fator crucial de sucesso ou de fracasso. Por isso, quando procuramos a melhoria de processos administrativos e produtivos, não podemos esquecer a inclusão de um trabalho consciente de desenvolvimento de valores humanos que atinja os indivíduos, base de qualquer organização. Muito além da questão de ganhar ou perder, de números ou de modernização tecnológica, essas virtudes tornam o ambiente de traedição 18 / ano 05

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OM PRIMEIRA PALAVRA * por Ken O’Donnell

“Não é uma questão de apresentar teorias utópicas, modismos nem receitas mágicas, e sim tratar do significado real do desenvolvimento de valores humanos, espirituais e éticos nas organizações...”

balho, onde passamos até um terço da nossa vida, mais agradável. As pesquisas mostram que o lugar que agrada também faz produzir mais. Elaborar uma lista de virtudes que precisam ser trabalhadas em grupo é fácil - respeito, tolerância, humildade, cooperação, confiança, sensibilidade, sinceridade e assim por diante. No papel, todas parecem maravilhosas; praticá-las, especialmente em situações difíceis, exige, porém, muito trabalho. A compreensão dos valores é essencial no contexto das organizações, quer públicas, quer privadas. Não podemos relegar a questão dos valores a meras discussões se10

mânticas e demagógicas. A sustentabilidade do próprio planeta exige a reavaliação urgente de nossos valores e da forma como esses valores devem refletir-se em nossa vida e em nosso trabalho. A abordagem típica de processos de desenvolvimento de valores humanos acaba, infelizmente, por equiparar-se à ingenuidade daqueles que acham que a instituição de um processo de melhorias organizacionais traz mudanças de comportamento automáticas. Apesar da retórica sobre “trabalho em equipe”, “novos paradigmas” e prestação de contas”, falta, com frequência, uma percepção mais


profunda das influências dos sistemas de crenças, da cultura histórica e das relações de trabalho, que formam a base dos comportamentos que precisam ser modificados. Nesse sentido, não faltam descrições exatas e detalhadas dos processos de mudança estrutural, mas o redesenho da dinâmica comportamental não conta com a mesma dedicação. Perguntei recentemente ao diretor de uma estatal o motivo disso. Ele respondeu que o tema de valores não tem líderes porque ninguém quer ser o exemplo. Embora um novo jargão de mudanças possa implantar-se, as expectativas comportamentais-

são prontamente interpretadas, por empregados e empregadores, como cobranças do tipo: “Ei! Você não está fazendo isso direito.” Tal atitude acaba por inviabilizar transformações mais duradouras que, em essência, dependem da mudança da prática de alguns valores fundamentais. Não é uma questão de apresentar teorias utópicas, modismos nem receitas mágicas, e sim tratar do significado real do desenvolvimento de valores humanos, espirituais e éticos nas organizações. É o espírito humano, a chama interna que nos diz que estamos vivos, que precisa ser reacendido. *

Ken O’Donnell é praticante de meditação Raja Yoga desde 1975 (47 anos). É autor de 18 livros sobre desenvolvimento pessoal e de organizações. Atua profissionalmente como consultor internacional nas áreas de planejamento e gestão. Atual coordenador da Brahma Kumaris para a América do Sul.

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OM LEVEZA * por Patrícia Schmidt Carvalho

Simplesmente SER

O DESAFIO DA JORNADA DA VIDA Valores são ao amortecedores da vida humana. Agregam valor, sentido, significado à jornada. Assim como obstáculos e desafios são inerentes à todo processo de melhoria, entendo a vida como uma viagem de retorno à nossa origem completa, perfeita. Logo, obstáculos certamente farão parte da caminhada, como nossos aliados. Perfeição essa que nunca deixa de pulsar no âmago da alma, e que determina nosso nível de satisfação ou insatisfação em tudo o que fazemos. Pode parecer paradoxal, mas quanto 12

mais uma situação nos dá a oportunidade de explorarmos e potencializarmos nossas qualidades intrínsecas, e expressá-las na forma de virtudes, mais satisfeitos, e mais felizes seremos. São várias as virtudes que agregam valor à experiência humana. Mas, uma das mais controversas é a simplicidade, pois a medida que nos afastamos de nosso estado original, passamos à agregar valor aos processos complexos da existência. Talvez, as palavras que melhor descrevam um estado simples de ser, sejam as palavra: natural, bele-


za, e serenidade. Hoje, enfadados de ostentar tantos processos artificiais e complicados que criamos como tentativas de reconexão com a essência, ou seja, com nosso estado puro de paz, amor, felicidade e já saturados da artificialidade dos chamados tempos modernos, percebemos a humanidade fazendo um movimento de retorno à simplicidade. Erramos ao interpretar a simplicidade como alguma coisa superficial. Na realidade, uma vida simples é a porta de entrada para experiências que nos reconectam com aqueles atributos mais ancestrais na existência humana, e que por conseguinte mais nos aproximam de um estado de êxtase divino. São 7 as qualidades que fazem parte de nossa matriz – pureza, paz, amor, felicidade, poder, equilíbrio. E todas elas se apresentam como parte da matriz da simplicidade, e podem ser estimuladas a partir de uma forma simples de existir.

Na realidade, quanto mais simples tornamos nossa vida, mas somos capazes de nos libertarmos da necessidade de pensar, fazer, estar, e conseguimos exercitar a arte de simplesmente ser. A simplicidade não tem necessidade de ser provada, ela tem luz e sabor próprios. E intriga as pessoas que tem o privilégio de testemunhá-la, ou inspira, dependendo da profundidade da alma e do chamado interno. Essencialmente a alma, a centelha de vida que somos, se expressa através do corpo, mente e relacionamentos. Logo, agregar simplicidade à nossa expressão, e consequentemente à nossa vida, passa pela forma como utilizamos esses três aspectos da expressão da alma humana. Simplicidade no corpo começa com a forma como cuidamos do corpo, também conhecido como o templo da alma. Limpeza externa, mas também interedição 18 / ano 05

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OM LEVEZA * por Patrícia Schmidt Carvalho

na, através de tudo o que ingerimos, optando por ingredientes que sejam nutritivos, mas ao mesmo tempo carregados com uma energia de boa qualidade, e que não acarrete nenhum tipo de sofrimento em seu processo de cultivo, colheita, obtenção ou preparo. Temperos que não descaracterizem o sabor natural dos alimentos, e principalmente alimentos cuja pegada ecológica seja a mínima possível. Uma mente simples é aquela cujos pensamentos são positivos, apreciativos, além de na medida certa. Muitos pensamentos desnecessários, como por exemplo pensamentos de preocupação, sobrecarregam a mente de inutilidade. Pensamentos que sejam a base de bons sentimentos, e que canalizem energia de tal maneira que capacitem a aquisição, a realização, e que sejam consistentes, ou seja, determinados. 14

Relacionamentos simples são aqueles em que entendemos que estamos todos aqui de passagem desempenhando um papel na peça maravilhosa que é a vida, que por sua vez é benevolente. Pensamentos de entendimento, de aceitação, de perdão. Da simplicidade floresce a generosidade e o desejo de compartilhar com o próximo. À medida que a simplicidade nos ensina a arte da economia, passamos a usar nossos recursos de forma consciente, tendo em mente as gerações futuras. Respeitamos os recursos naturais da Terra e o meio ambiente. É a vida complicada dos tempos atuais que tem sido uma das principais responsáveis pela exaustão dos recursos naturais de nosso planeta. Simplicidade é um estilo de vida, uma mentalidade e um hábito que está se tornando cada dia mais popular. Viver com menos, e dar mais importância para aquilo


que é realmente importante. Optar por um estilo de vida simples, pode liberar você do stress, da ansiedade, preocupação, medo. A seguir listamos algumas práticas que podem ajudar você a dar os primeiros passos em direção à simplicidade no seu dia a dia. [01] Procure viver com o que você já tem. [02] Selecione coisas que você tem em excesso e faça uma doação. [03] Substitua ou atualize suas coisas apenas quando for necessário. [04] Adote uma dieta simples, preferencialmente vegetariana. [05] Reduza o desperdício. [06] Verifique seus pensamentos, e procure diminuir os pensamentos inúteis.

Patrícia Schmidt Carvalho é cirurgiãdentista, e pratica meditação Raja Yoga há 32 anos.

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OM INSPIRAÇÃO * por Mara Gurjão

VIVAS

Vivendo Valores na Saúde Se criamos o mundo através de nossos pensamentos, o colorimos com nossos valores. Você já pensou nisso?

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O colorido, a beleza, a grandeza que existe em sua vida (e isto inclui a parte profissional), tem relação direta com aquilo que você valoriza, com as qualidades que suas ações imprimem. Fala-se muito em ter uma vida de qualidade, de colocar qualidade em tudo que faz, mas nem sempre há o entendimento que isso está atrelado a nossa visão de mundo e a nossos próprios valores. Se retrocedermos no tempo, veremos que trabalhar com valores não é uma ideia nova. O Juramento de Hipócrates, datado do século V a.C, na Grécia, já traz no seu bojo a ideia de verdade, honestidade, cuidado, honra, responsabilidade etc. Associado a isto, todas as categorias profissionais da saúde possuem em suas organizações, declarações que se referem a valores em seus Códigos de Ética. Isso, a meu ver, coloca os valores como sendo algo essencial na conduta profissional e não apenas a habilidade técnica.

Lembro-me que enquanto estudante de odontologia, tinha tantos sonhos, planos. Me formei e logo assumi como dentista em uma Instituição Pública Estadual. Estava tao feliz! De imediato me identifiquei com a função de ser uma “servidora pública”. Me parecia algo tão elevado e importante! Me senti útil para a humanidade, não apenas pelo fato de ser uma profissional de saúde, mas, também pelo fator especial de servir ao público. No entanto, logo percebi que precisava fazer um juramento pessoal de nunca perder o sentimento que estava experimentando: o de responsabilidade, entusiasmo, compromisso e principalmente de grandeza. Como em todo local de trabalho, havia funcionários novos como eu e outros que já estavam perto de se aposentar. Via-se claramente a diferença no comportamento profissional. O tempo é um grande professor, edição 18 / ano 05

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OM INSPIRAÇÃO * por Mara Gurjão

“Há uma expectativa enorme de que os profissionais de saúde sejam calmos, compassivos, afáveis, no entanto, pouco é feito para melhorar e fortalecer estas qualidades. Isso tem gerado fardos adicionais que podem levar a um estado crônico de exaustão e desvalorização”

nos traz tanta experiência, mas também um desgaste, parece corroer nosso entusiasmo, motivação, nossos sonhos. Percebi nesse momento como os valores têm um impacto muito grande na relação médico-paciente e na relação entre os membros da própria equipe. Com o passar do tempo, isso foi se tornando cada vez mais claro para mim. Embora as recompensas pessoais enquanto cuidando de ou18

tros possam ser imensas, o custo ao profissional de saúde pode ser devastador, o que se torna explícito nas atitudes negativas na relação com o paciente, na baixa autoestima e outros comportamentos prejudiciais a si próprio e a outros. Há uma expectativa enorme de que os profissionais de saúde sejam calmos, compassivos, afáveis, no entanto, pouco é feito para melhorar e fortalecer estas qualidades. Isso tem gerado fardos adicionais


que podem levar a um estado crônico de exaustão e desvalorização. Muito tem sido escrito a respeito dos altos níveis de stress vivenciados pelos profissionais de saúde e o efeito que este tem sobre o trabalho e o porquê de tantos profissionais estarem infelizes e o que deve ser feito para promover o bem-estar dos mesmos, pois, quando há descontentamento na vida, perda de valores e espiritualidade, o trabalho torna-se enfadonho e seco. É baseado nisso e em minha própria experiência enquanto profissional de saúde que não sinto que apenas um código de Ética Profissional seja suficiente para nortear a nossa conduta profissional. É necessário um investimento pessoal, bem como, das instituições e organizações que atuam na área de saúde em promoverem ambientes saudáveis para seus profissionais e clientes. Aprendi uma grande verdade na Brahma

Kumaris: que é necessária uma prática por um longo período de tempo, para que algo funcione na hora de necessidade. Se não plantamos, não colhemos. Tendo ciência de que os profissionais da área de saúde são exauridos e pouco valorizados e sentindo que uma abordagem espiritual possibilitaria a esses profissionais enfrentarem melhor os problemas e aumentarem sua autoestima, Dadi Janki (presidente da instituição filantrópica Fundação Janki para a Assistência à Saúde Global), teve a inspiração de criar o programa Valores na Assistência à Saúde. A Fundação Janki tem como compromisso promover cuidados holísticos e apoia o J. Watumull Global Hospital and Research Center, no Rajastão, Índia. No Brasil, este Programa teve seu início em meados de 20052006 e foi retomado em 2021, com o nome de VIVAS – Vivendo edição 18 / ano 05

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OM INSPIRAÇÃO * por Mara Gurjão

Valores na Saúde. O VIVAS - Vivendo Valores na Saúde tem a proposta de: Beneficiar o profissional da saúde priorizando o autocuidado, criando um ambiente otimizado onde profissionais e equipe se sintam cuidados enquanto cuidando daqueles que estão sofrendo. Introduzir mudanças positivas, baseadas em valores, contribuindo significativamente para a criação de ambientes de cura para os profissionais, pacientes e gestores. Trazer uma nova vitalidade e entusiasmo, ao levar os profissionais a relembrarem os valores que os guiaram e motivaram no início de sua carreira, redescobrindo seus próprios valores (autoestima) e seu propósito de vida. Trabalhar a equipe, melhorando a qualidade dos relacionamentos e da comunicação em todos os níveis. Melhorar a resposta ao stress e prevenir a exaustão física e emocional.

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O Programa lança mão de uma abordagem positiva, através do método de “Perguntas Apreciativas”, em vez de uma abordagem crítica que tende a focar na identificação de fraquezas, lacunas e erros. Há uma ênfase no aprendizado através da experiência, de vivência individual e de grupo nos valores principais abordados no programa e de como esses valores se expressam em suas vidas profissional e pessoal. Destina-se a todos os profissionais e estudantes de saúde, equipes de saúde instituições, organizações e conselhos de saúde, podendo ser aplicado na forma de palestras, rodas de conversa, workshops, ou curso de formação de multiplicadores. Aproveito para deixar aqui um pouco de minha experiência com o VIVAS. Em minha trajetória como profissional e também como facilitadora de vários cursos da Organização Brahma Kumaris, atuando

como facilitadora em instituições de saúde, privadas e públicas, minha melhor experiência, enquanto profissional bem como facilitadora, em termos de qualidade do material, metodologia, participação, interação, aplicabilidade e adequabilidade às situações vivenciadas do dia-a-dia no setor de saúde, com certeza foi através do VIVAS. Fica aqui a dica para você profissional, estudante de saúde e instituição, organização, conselho de saúde! *

Mara Gurjão é odontóloga, com especialização em Saúde Pública. Professora de Raja Yoga e facilitadora dos Cursos do Programa de Qualidade de Vida da Brahma Kumaris há 30 anos.

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MATÉRIA DE CAPA * por Mariana Santos

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Em todas as ações que realizamos há uma energia que permeou nosso interior enquanto ela acontecia. O que vale mais: um projeto finalizado com base na pressão e imposição, ou um em cujo percurso houve respeito à vida, ao tempo e às ideias de cada um dos envolvidos, além de aprendizados profundos nos relacionamentos? Querer que algo aconteça e fazer de tudo para concretizá-lo tem o seu valor. Fé e determinação, por exemplo, são virtudes envolvidas nisso.

Mas quando o que se quer é misturado a alguma intenção egóica, deixa de haver pureza. Então, o esforço para se chegar lá nos cansa, já que o ego é insaciável. Haverá desgaste emocional e físico, pressão em si e nos outros para que tudo aconteça como o ego quer. O ego cria planos rígidos na mente e traz instabilidade quando algo acontece fora do planejado. O ego quer ter controle sobre tudo, o que chamamos de apego, e, ao se ver sem poder, traz a experiência da raiva, que é a dor de perder.

“O ego quer ter controle sobre tudo, o que chamamos de apego, e, ao se ver sem poder, traz a experiência da raiva, que é a dor de perder”

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MATÉRIA DE CAPA * por Mariana Santos

Tudo o que vem do ego é ilusório. É criação mental de ideias e conceitos sobre os acontecimentos e personagens deste drama ilimitado da vida. A ilusão é naturalmente temporária e por isso trará algum desconforto em algum momento, ao se dissolver. Esse desconforto que vem ao percebermos que tudo não passava de uma ilusão traz, ao mesmo tempo, alívio, a possibilidade de reencontrar-se consigo mesmo, com a paz interior de quem se é. Quando nos desnudamos das crenças falsas e das imagens e

personalidades que assumimos ao longo do tempo, também nos reconfortamos, acessamos um refúgio espiritual interior que nos torna amigos de nós mesmos... e isso traz força, paz, amor, bondade... Estar consigo é enviar, convidar e receber a visita de Deus. Ele só pode entrar onde há um coração limpo, um espaço realmente puro e sagrado. Deus nos faz uma visita lá no nosso íntimo. É um encontro de coração com coração. Esse encontro nutre a nossa natureza inocente de ser um filho amado, um herdeiro soberano.

“Quando nos desnudamos das crenças falsas e das imagens e personalidades que assumimos ao longo do tempo, também nos reconfortamos, acessamos um refúgio espiritual interior que nos torna amigos de nós mesmos... e isso traz força, paz, amor, bondade...”

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“O colar de nossas vidas torna-se perfeito como resultado de um processo atencioso e amoroso de combinar cada joia de pensamentos, palavras e ações harmoniosamente”

Se nossas ações são motivadas por intenções puras, iluminadas, divinas, nosso Pai estará também presente nelas, no sentido de que Sua energia estará percorrendo nossas mentes e ações. Assim a jornada torna-se espiritual, assume um propósito mais profundo e cada pequena ação que a compõe compara-se a uma joia acrescentada em um colar. O colar de nossas vidas torna-se perfeito como resultado de um processo atencioso e amoroso de combinar cada joia de pensamentos, palavras e ações harmoniosamente. *

Mariana Santos é professora de Raja Yoga em São Paulo. Atua profissionalmente como designer gráfica.

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OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros

VIVE: uma abordagem educacional que aflora a beleza de educadores e estudantes Cada aluno se preocupa com os valores e tem a capacidade de criar e aprender positivamente quando tem oportunidades. VIVENDO VALORES NA EDUCAÇÃO - VIVE Na primeira aula para uma turma de estudantes de Ensino Médio deste ano letivo de 2022, desenvolvi uma atividade sobre valores humanos. Tratou-se de uma dinâmica na qual eles pudessem refletir, vivenciar e compartilhar suas virtudes com seus colegas. Distribui para cada estudante uma carta com um 26

conceito de uma virtude e lhes pedi que lessem, comentassem, oferecessem a alguém ou expressassem o que desejassem sobre a mesma. Todos participaram de forma alegre, curiosa e interativa. Exceto Kauã, um garoto que parecia tímido, envergonhado e inseguro. Perguntei-lhe se gostaria de comentar algo.


Respondeu que não tinha o que falar. Insisti, perguntando-lhe sobre a virtude em sua carta. Acenou que não queria ler. Pedi-lhe a carta e perguntei se poderia lê-la à classe. Permaneceu em silêncio, embora seu olhar fizesse uma referência afirmativa. Li a mensagem:

RESPONSÁVEL

Eu fico atento às consequências, garanto a minha cooperação e cuido do meu próprio bem-estar e dos outros.

Enquanto lia a carta sua face expressava timidez e não aceitação da virtude. Embora não conhecesse aquele estudante, quando eu lia a mensagem sentia profundamente que do meu coração emanava uma vibração de generosidade cheia de respeito, compreensão e aceitação daquela personalidade que expressava medos e insegurança. Aquele sentimento genuíno fez com que eu sentisse que aquela virtude lhe pertencia, ou seja, era característica de sua personalidade. Então comentei: — Eu vejo a responsabilidade em você. A partir de hoje você usará essa virtude para cuidar de si mesmo e edição 18 / ano 05

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OM VIRTUDES * por Paulo Sergio Barros

de todos nós nesta sala de aula, na escola e no mundo. Repentinamente Kauã começou a mudar a expressão facial, deu um leve sorriso de aceitação, como se sentisse respeitado, compreendido, escutado e seguro. No final da aula, veio a mim e perguntou quando seria a minha próxima aula. Nas aulas seguintes ele já tinha outra postura física na cadeira, olhava diretamente ao professor e já se expressava verbalmente quando questionado e criou o hábito de me saudar. A classe, por sua vez, passou a ver com alegria suas expressões. Ainda que continuasse silencioso, ele passou a comunicar-se com outro olhar e com sorrisos. O caso de Kauã acontece com frequência com professores experientes, holísticos e que usam a espiritualidade em sala de aula. Isso contribui para desenvolver habilidades de reconhecimento, incentivo e construção de comportamentos 28

positivos nos estudantes. Também incrementa os seus valores e estimula a capacidade de escuta de forma que percebam os sentimentos que subjazem às suas atitudes de medo, de insegurança e de desconforto, de maneira que o ambiente se torne em uma atmosfera na qual eles se sintam amados, respeitados, compreendidos e seguros. A minha experiência profissional e a meditação têm me ajudado sobremaneira a criar essa atmosfera em sala de aula e a contribuir para o desenvolvimento cognitivo, emocional e espiritual dos estudantes. Contudo, ser um professor que usa a abordagem educacional do Vivendo Valores na Educação – VIVE tem sido essencial para compreender com acuidade a importância de uma atmosfera de aprendizagem que tem os valores humanos como cerne. O VIVE tem um olhar de aceitação e apreciação pela idiossincrasia de cada in-


Paulo Barros é educador, escritor e professor da Brahma Kumaris em Fortaleza-CE.

divíduo e a diversidade de culturas do mundo. Cada ser é especial e único, e os valores humanos, com sua natureza universal, permeiam todas as culturas e sociedades, independentemente de suas referências históricas ou socioculturais. É uma abordagem educacional que estabelece estreitos diálogos entre espiritualidade e direitos humanos. Logo, é efetiva e uma referência relevante para uma educação inclusiva, dialógica, sustentável e pautada no respeito e compreensão humana. O VIVE inspira educadores e estudantes a reconhecer, praticar e

compartilhar valores para uma educação de qualidade e para um mundo melhor. A aceitação, a escuta e a compreensão que Kauã experimentou em sala de aula aconteceu porque o professor e os estudantes, instrumentalizados por uma atividade fundamentada na espiritualidade, criaram uma atmosfera de valores, na qual os sentimentos de amor, respeito, compreensão, escuta e segurança envolveram a todos, fazendo aflorar aquilo que é a essência de quem nós somos como seres humanos, impactando poderosamente em tudo que nós criamos em nossas vidas e no mundo. * edição 18 / ano 05

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OM ATITUDE * por Brígida Gomes Fries

OS PODERES NA COMUNICAÇÃO A palavra comunicação vem do communicare, termo em latim que significa partilhar, tornar comum. É a troca de mensagens entre a pessoa que transmite e a pessoa que recebe.

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Mas o que antecede a comunicação? São os meus sentimentos, as minhas intenções e experiências. E o que vem antes desse conjunto de impressões subjetivas? O silêncio interior.


PODER DO SILÊNCIO Quando aquieto o turbilhão de pensamentos, emoções e julgamentos, minha comunicação se torna muito mais clara e verdadeira. O silêncio da mente e da fala cria um ambiente amigável dentro de nós. É justamente a partir desse espaço interior que os valores mais genuínos e puros emergem naturalmente. E quando eu realizo e aceito que esses valores são a minha própria essência e que essa também é a essência do outro, eu me torno comum a ele. Eu escuto. Eu respeito. Eu agrego. Portanto, para que minha comunicação seja totalmente pacífica eu devo encontrar alguns momentos durante o dia para praticar silêncio. Há varias formas de fazer isso: [01] Fazer pequenas pausas de 5 a 10 minutos ao longo do dia, abstrair do mundo externo e olhar para o que está acontecendo dentro de mim. Essas pausas são os alicerces da boa comunicação. Uma frase sem espaços ficaria incompreensível. Veja! Semosespaçosentreaspalavrasficabemmaisdifícilleressafrasecerto? [02] Esperar alguns instantes, em silêncio, antes de responder às perguntas que edição 18 / ano 05

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OM ATITUDE * por Brígida Gomes Fries

nos fazem durante uma conversa. Assim ganhamos micro-espaços de silêncio. Essa prática funciona bem quando estamos conversando com alguém que fala muito. [03] Não responder imediatamente às mensagens que nos causam emoções perturbadoras. Se possível, deveríamos deixar essa comunicação dormir por uma noite para então responder no dia seguinte. Assim teremos mais discernimento e clareza sobre o que responder. [04] Ao sermos insultados ou atacados verbalmente, o ideal é buscar aquele espaço interior confortável e ficar em silêncio. Uma só mão não consegue bater palmas. PODER DOS PENSAMENTOS O pensamento é a semente da comunicação. Se a semente contém valores positivos, a comunicação será positiva e elevada. O pensamento é a forma mais rápida de comunicação. Antes mesmo que eu fale meu pensamento já chegou ao receptor. Quando temos consciência do poder dos pensamentos nos tornamos mais res32


ponsáveis sobre o que pensamos. A meditação e o silêncio são ótimos meios para discernir o que pensar e o que não pensar. Separar o joio do trigo. Como um observador da atividade mental, percebo a diferença entre um pensamento que causa tristeza e um pensamento que gera grandeza. Passo a ter mais cuidado sobre o que penso sobre mim e sobre os outros. Ao escolher pensamentos elevados estou elevando a qualidade da minha comunicação. Experimente enviar bons votos mentalmente para alguém com quem você tem dificuldade de comunicação. Pense nas qualidades dessa pessoa. Você verá que todas as barreiras entre vocês cairão. E a comunicação será restabelecida. Quando nossos notebooks e celulares não funcionarem, será através do pensamento que conseguiremos nos comunicar à distância. edição 18 / ano 05

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OM ATITUDE * por Brígida Gomes Fries

PODER DAS PALAVRAS Quais palavras aproximam e quais afastam os interlocutores? Quais palavras motivam e quais imobilizam? Quais palavras afagam e quais machucam? Quando tomamos consciência do poder das palavras, nosso vocabulário muda. Deixamos de usar palavras duras e passamos a falar a partir de valores positivos, a partir da nossa essência pacífica que vem do silêncio. À medida que exploramos a profundidade do significado da Comunicação, percebemos que o poder não está apenas na palavra em si, mas no sentimento por detrás da palavra. Palavras ao vento não tem poder. Mas se meu sentimento de bondade, respeito e misericórdia está presente na conversa, o poder dessa partilha é ilimitado. Nessa jornada de autopercepção nos vemos mais seletivos nas palavras. Com isso passamos a falar menos, naturalmente. Dadi Prakashmani, ex-dirigente mundial da Brahma Kumaris, sempre falava: fale menos, fale docemente, fale suavemente. PODER DAS AÇÕES A coerência entre as palavras e as ações é a chave para uma comunicação verdadeira. As pessoas esperam que a gente faça aquilo que dizemos aos outros. Essa honestidade e transparência cria confiança, a base de uma comunicação franca. 34


Muitas vezes nem precisamos falar. Ações falam por si. Ações inspiram. Ações educam. Cada ação traz em si uma mensagem. E quando o receptor capta a mensagem com precisão, a comunhão acontece. A comunicação através de ações oriundas de bons pensamentos e sentimentos tem o poder de transformar vidas. CONCLUSÃO Sucesso na comunicação é quando consigo alinhar silêncio, pensamentos, palavras e ações em uma só direção. E quando a mensagem que transmito nasce do meu espaço de silêncio interior, da minha verdade, ela alcança o Universo. *

Brígida Gomes Fries é bióloga, coordenadora nacional do projeto ‘Imagens e vozes de esperança’, praticante de meditação Raja Yoga.

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OM TRANSFORMAÇÃO * por Nonato Lima

O VALOR DA CALMA A Calma é uma energia espiritual e encontra-se estocada onde reservamos as aquisições que alcançamos, fruto das ações virtuosas que praticamos, pensamentos elevados com os quais, mentalmente, nos conectamos, e do desapego que conquistamos, substituindo o desejo de controlar as pessoas e as situações à nossa volta pelo poder da flexibilidade, que torna saudáveis e sustentáveis nossos relacionamentos. Portanto, essa energia estocada, 36

a Calma, nos proporciona um saldo positivo de energia, do qual podemos dispor, naturalmente, nos momentos imprevistos. Quando acontece o imprevisível e não há qualquer estoque espiritual de energia positiva e elevada, reagimos às situações adversas, entrando em conflitos, expandindo “os problemas” e a criando animosidades no convívio social, seja na família, no trabalho, na escola e até nos ambientes virtuais de socialização (mídia social).


O poder aquisitivo que produz a Calma consolida um verdadeiro tesouro espiritual, pois nos torna capazes de poupar/ acumular bens imateriais, intangíveis e ilimitados. Para que a Calma seja uma realidade em nossas vidas, devemos checar se, de fato, alcançamos os seguintes resultados pessoais: [01] A experiência de bem-estar espiritual: o contentamento de ser quem somos, com o entendimento de que “nada pode ser diferente do que é”, permite-nos acolher, natural e positivamente, tudo o que chega até nós; [02] A prática dos bons votos a todas as pessoas: a intenção de enxergar o melhor das pessoas e lhes oferecer a oportunidade de contar com nossa compreensão, sem qualquer juízo de valor sobre seus atos ou omissões; e [03] A consciência de ser uma alma ajudante de Deus: a certeza da paz que somos nos mobiliza a agir de maneira angélica, tornandonos instrumentos espirituais, capazes de colaborar na desconstrução de toda e qualquer forma de violência em nosso planeta. Esses três resultados nos permitem fazer “operações de crédito” na conta da Calma, gerando uma substanciosa “poupança” espiritual. Do contrário, ao fazermos “operações de débito”, ou seja, se utilizarmos nossos recursos espirituais para satisfazer as edição 18 / ano 05

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OM TRANSFORMAÇÃO * por Nonato Lima

exigências do ego e pagarmos sua “fatura”, vivenciaremos o desperdício de gastar tudo o que recebemos de positivo e elevado, ficando, por vezes, sem condições de responder satisfatoriamente aos retornos cármicos e sermos reprovados nos testes espirituais que o drama da vida nos impõe. Perder nossa “poupança” espiritual, que é a nossa Calma, nos torna dependentes, carentes e vulneráveis às pessoas e às situações. Assim, passamos a estar como “pedintes”, demandando sempre o reconhecimento e o atendimento das nossas necessidades físicas e emocionais. Reduzimos nosso propósito de vida a querer “tomar” (receber) algo de tudo e todos, para satisfazer nosso ego. Essa atitude de “carência” espiritual vai sustentando a ausência da Calma. Para sairmos do prejuízo espiritual, começamos a enxergar que o valor da Calma se relaciona dire38

tamente com a nossa capacidade de introversão, auto-observação e, mais ainda, de autorrealização espiritual. Para isso, nos beneficiamos da meditação Raja Yoga (RY). A prática da RY nos possibilita estabelecer conexão com o nosso ser, em sua abundância espiritual, fortalecendo a consciência do encontro conosco, com Deus e com a humanidade, e alcançando gradativamente um caráter divinamente humano. O hábito de


meditar, portanto, nos traz a consciência que a Calma é para os mais poderosos e não para os que são fracos e submissos, como muitos pensam, de maneira equivocada. Como exemplo prático de vivência da Calma, compartilho aqui minha experiência profissional, de trabalhar com a educação no Sistema Prisional e nos Centros Socioeducativos do Ceará. Mesmo se tratando de uma educação intramuros e de um contexto de privação de liberdade, desenvolvemos um acompanhamento pedagógico junto aos professores que atuam nesse contexto, liderando iniciativas que possibilitem a esses docentes o desenvolvimento de ações educativas que promovam a Cultura de Paz, contribuindo para que sejam mediadores na resolução de conflitos e

Nonato Lima é professor de Meditação Raja Yoga em Fortaleza-CE. Professor e assessor da Secretária da Educação do estado do Ceará

multiplicadores de atitudes que favoreçam um clima de confiança, resultando assim, na consolidação de uma atmosfera espiritual que possibilite o alcance da Calma, não só na sala de aula, mas nos vários espaços de convivência no interior dos estabelecimentos penais e das unidades socioeducativas, onde acontece a oferta de escolarização. Assim, vamos cooperando para que a Calma seja uma realidade e não só uma intenção; um encontro e não somente uma busca; práxis e não mera teoria. Om Shanti! * edição 18 / ano 05

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OM COMIDA PURA * por Ana Paula Paixão

Bela nutrição No momento que comecei a escrever este texto estava ouvindo uma música com sons da natureza. Eram barulhinhos de chuva, pássaros e grilos. Estava buscando inspiração. Silenciei e visualizei uma natureza abundante, que mesmo com tantas formas, texturas e cores diferentes, se apresentava como uma tela perfeitamente harmônica. Mas o que será que me inspirou nesta música e silêncio? A beleza. Todas as artes utilizam a beleza para

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criarem harmonia e encanto. Isso também acontece com o “eu”. Ao cultivar e apreciar a beleza interna, eu crio harmonia em todas as áreas de minha vida. E a meditação é uma ferramenta incrível para isso. Como a culinária também é uma arte, vamos explorar nesta receita as belezas de dois legumes especiais, que juntos, se harmonizam em uma combinação perfeita de texturas, sabor e nutrição. Estou falando do chuchu e do aipim. Vamos lá? *


BOBÓ DE CHUCHU

Ingredientes

• 01 chuchu • 02 xícaras de aipim cozido e amassado • 01 xícara de leite de coco • 01 tomate • 01 pimentão • ½ xícara de coentro picado • 04 colheres (sopa) de azeite de dendê • Sal a gosto

Modo de preparar

Comece cozinhando o aipim até que fique bem macio. Amasse e reserve. Descasque o chuchu, corte em cubos e coloque em uma panela com o tomate e pimentão picados, sal e o leite de coco. Deixe cozinhar. Se precisar acrescente um pouco de água. Quando o chuchu estiver cozido, coloque o dendê e o coentro. Misture delicadamente e acrescente o aipim. Pronto! Sirva com arroz e bom apetite!

Ana Paula Paixão, pratica meditação Raja Yoga há mais de 12 anos. É designer, culinarista e encantada com a natureza.

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OM ÚLTIMA PALAVRA * por Dadi Janki

VIVENDO NOSSOS VALORES Trechos retirados do livro “Vivendo nossos Valores”, da Editora Brahma Kumaris

Estamos vivendo em um dos momentos mais emocionantes e desafiadores da história do mundo. Tudo está mudando tão rápido! Sistemas sociais, econômicos, políticos e ecológicos estão se decompondo, e nos confrontamos com muitos cenários de guerra, conflitos e catástrofes naturais 42

quase todos os dias. Em meio a perguntas, caos e confusão, há sinais de esperança enquanto o espírito humano procura compreender e dar sentido a tudo. Atualmente há um reconhecimento generalizado de que temos de mudar nosso modo de vida- que o materialismo, em


suas diversas formas (incluindo a ciência), já não pode fornecer todas as soluções. Mas, o que podemos fazer? As respostas estão nas mãos de cada um de nós. É preciso haver uma mudança radical na nossa consciência e um retorno aos valores espirituais interiores. Uma vida sem valores espirituais é como uma criança órfã; sentimo-nos inseguros, não amados e indesejados. Os valores são os nossos “pais” - a alma humana é nutrida pelos valores que ela contém. Um senso de segurança e conforto surge quando conhecemos e vivemos nossos valores. Os valores são como joias preciosas. Situados na profundeza da alma de cada ser humano, eles

são o tesouro da vida. Eles nos fazem felizes, saudáveis e ricos. Uma vida repleta de valores é uma vida de autorrespeito e dignidade. A alma é capaz de chegar mais perto de Deus e a vida torna-se real e significativa. Os valores trazem independência e liberdade, expandem nossa capacidade de ser autossuficientes e nos libertam das influências externas. A alma desenvolve a capacidade de discernir a verdade e de seguir o caminho da verdade. Os valores oferecem proteção e quem experimenta isso é capaz de compartilhar essa proteção com os outros. Os valores trazem empoderamento e nos habilitam a remover nossas fraquezas e defeitos. Como edição 18 / ano 05

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OM ÚLTIMA PALAVRA * por Dadi Janki

a bondade inata do indivíduo está concentrada em valores, a ligação com Deus torna-se forte e clara. Então, o serviço aos outros é prestado através de pensamentos, palavras e ações. Uma alma com valores não fica presa a quaisquer desejos ou atrações limitadas e permanece estável no ilimitado. Os valores abrem o coração e transformam a natureza humana para que a vida fique repleta de compaixão e humildade.

Enquanto desenvolvemos valores dentro de nós, compartilhamos a fragrância desses valores com o mundo à nossa volta e avançamos para um mundo melhor. Convido especialmente você, caro leitor, para se tornar parte da solução para os desafios que todos nós enfrentamos. Você pode começar a fazer parte de uma experiência poderosa usando seus próprios valores internos. O experimento tem três etapas:

[01] Mergulhe dentro de você e cultive uma consciência interior de paz, amor, honestidade ou qualquer um dos outros valores naturais que estão dentro da alma e lhe atrair. Pratique isso por alguns minutos todos os dias. Pode ser de manhã, à noite ou enquanto você está em atividades no mundo. Pode ser em forma de oração, meditação, reflexão, ou o que for de sua própria prática espiritual.

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[02] Observe quais experiências começam a emergir de dentro de você e que se manifestam à sua volta. Anote em um diário as suas experiências de cada dia.

[03] Compartilhe a história de sua prática e observações diárias uma vez por semana com outras pessoas. Em particular, observe a mudança na sua consciência, atitude, visão e ação.

Com amor e em lembrança Dele. *

Dadi Janki, yogini indiana, líder espiritual da Brahma Kumaris, foi considerada pelo Instituto de Pesquisa Médica do Texas como a mente mais estável do mundo. Deixou o corpo físico e ascendeu ao mundo espiritual em 27 de março de 2020.

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MEDITAÇÕES OM LINE * por luciana ferraz

Alegria

Meditação retirada do CD “Sol e Lua”, da Editora Brahma Kumaris. Clique no ícone a cima para ouvir a meditação.

O processo de meditação me oferece o tempo e o espaço ideal para observarme. Ao reconhecer minha natureza original... descubro a beleza , o valor das minhas qualidades inatas. Reencontro a paz, o amor, a felicidade... Quanto mais experimento estas qualidades em mim, mais valorizo e aprecio quem sou verdadeiramente... Minha autoestima cresce... e esta é a base para eu começar a apreciar todos os outros. Cada pessoa... um ser especial com luz e qualidades próprias...

Luciana Ferraz é socióloga, coordenadora da Brahma Kumaris no Brasil, tem mais de 40 anos de prática de meditação Raja Yoga, ministra palestras em muitos países e é membro do comitê internacional de Meio Ambiente da BK.


Clique na imagem na tela do tablet para ver o vídeo de apresentação da Editora Brahma Kumaris


OM line é uma revista digital para quem almeja restaurar o equilíbrio interno.

Uma publicação da Brahma Kumaris Brasil brahmakumaris.org.br/revista


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