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As Melhores Fotos
por caroline knoploch
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As Olimpíadas de Atlanta foram o mico mais cobiçado este ano entre os repórteres. Milhares de fotógrafos brigam - de quatro em quatro anos - para conseguir carimbar o passaporte, pegar o avião e abastecer o Brasil de informações sobre os esportes olímpicos. O que muitos não têm idéia é que um evento desse porte pode ser a maior festa para o público, mas não para quem nele trabalha. Os profissionais que participam de uma cobertura desse tipo ralam - e muito -, mas conseguem voltar com histórias incríveis e aventuras inesquecíveis.
COBRIR UMA OLIMPÍADA... NÃO DESEJARIA ESSE
MAL NEM A MEU MAIOR INIMIGO. MAS SE TIVER
OUTRA, EU FAÇO Jorge Araújo
É muito difícil, mas vale a pena , define Maria de Lourdes Melo, a Luludi, fotógrafa do jornal O Estado de São Paulo, que cobriu todos os esportes em Atlanta, Estados Unidos. De acordo com os profissionais que estiveram por lá, o mais fácil foi fotografar. A grande maratona foi conseguir pegar um pouco de tudo, sobreviver à extrema segurança e chegar inteiro e em tempo aos eventos.
A imprensa do mundo inteiro deparou com vários problemas em Atlanta. Entre eles, o sistema de transporte montado para facilitar o deslocamento dos repórteres acabou só atrapalhando. Por quê?
Apesar de terem sido interditadas, as ruas do centro tinham um trânsito insuportável. Quem quisesse ir de carro tinha de estacioná-lo longe do local das competições. O metrô estava sempre muito cheio. Os ônibus atrasavam e, na maioria das vezes, os motoristas não sabiam os trajetos e as entradas dos eventos.
O pior de tudo é que ninguém teve jogo de cintura para mudar o que havia sido planejado. Os motoristas e soldados, por exemplo, eram como computadores. Eles funcionavam de acordo com o que estava programado. Se alguma coisa saía diferente, eles não sabiam improvisar , conta Marco Mendes, fotógrafo de O Estado de São Paulo.
Outro grande problema foi a distância dos eventos ao centro de
Marcos
A torcida brasileira gritava sherifeeee, sherifeeee, !!!.
Ele tinha ido dar uma dura no pessoal que estava em pé Atlanta. Algumas modalidades, como a vela, por exemplo, se realizavam a aproximadamente 500 quilômetros da cidade olímpica. Para se ter uma idéia da peregrinação, veja só: para fotografar uma regata foi preciso pegar um táxi para o aeroporto, um avião até a cidade do evento, um ônibus para chegar ao local da competição e, por último, um barco para se aproximar dos atletas.
Correr contra o tempo atrapalhou a vida dos fotógrafos, principalmente daqueles que trabalham em jornais diários. Ricardo Corrêa, fotógrafo da revista Placar, de periodicidade mensal, comentou: Eles só ficavam quinze minutos no jogo .
A segurança montada se transformou numa pedra no sapato de cada um dos fotógrafos que cobriram os Jogos Olímpicos. Perseguidos pelos policiais, tinham de provar a todo momento que não carregavam entre os equipamentos substâncias químicas. As vezes, o sistema de segurança era acionado por causa de uma simples moedinha e obrigava a gente a provar que era inocente , relata Antonio Milena, da revista Veja.
Mendes / agência estado
Obter bons lugares nos eventos foi outro martírio. O pool de fotógrafos das agências internacionais sempre tinha preferência. Mesmo chegando pouco antes do início das partidas, seus lugares (sempre os melhores) estavam surpreendentemente garantidos. Restava aos outros chegar bem cedo e marcar lugar.
Egberto Nogueira, também da Veja, teve como missão fotografar, das arquibancadas, os jogos, o que não era permitido para profissionais. Para me movimentar sem ser percebido, comprava hot-dogs ou cerveja e me deslocava sempre para outras cadeiras .
Vestido como um turista e boy americano, de bermuda, camisa extravagante e boné, Egberto conseguiu passar pela segurança sem ser notado. A desculpa pela potente lente que carregava já estava na ponta da língua: sou um apaixonado por fotografia .
No fundo, uma verdade para todos os fotógrafos que cobriram a Olimpíada, reclamaram muito e voltaram rindo das lembranças e experiências.
A alegria contagiante da torcida brasileira, diminuia a saudade.