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PROFESSOR DESTACA IMPORTÂNCIA DO
Trabalho Manual Para A Marcenaria
Digo de Assis atua há 15 anos, lecionando a técnica milenar da madeira em Niterói
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Um artista prático. Pode-se definir, assim, o trabalho do marceneiro que, a partir de um bom desenho, é capaz de fazer coisas úteis para o lar, sem perder a ternura jamais - com um toque de leveza estética -, ao encantar o usuário de um banco, uma mesa, uma estante ou um armário.
Atuando há 15 anos em São Domingos, Niterói, a escola particular de marcenaria "Coisas de Madeira", do marceneiro Diego de Assis, é a única em atuação na cidade, transmitindo aquelas e outras formas de se trabalhar, na técnica milenar em madeira.
"A marcenaria está muito ligada ao artesanato, que não diminui essa ideia, em termos de arte. Isso depende muito da desenvoltura de cada pessoa. Mas, de fato, a construção de móveis e objetos de utilidade é um ofício cuja estética se ergue na construção de um objeto", ilustrou Diego.
Valores
Diego de Assis recomenda um tempo mínimo de seis meses ao estudante interessado em aprender marcenaria, desenvolvendo entre dois e três projetos. "A maioria das pessoas permanece entre um e dois anos aqui, quando ela já sai formada para montar uma oficina", destacou, ilustrando o fato de um grupo de alunos terrem montado uma oficina próxima à casa dele, na rodoviária de Niterói.
O curso mensal da escola "Coisas de Madeira" é de R$ 780, numa aula semanal de duas horas e meia. "O aluno precisa também investir numa montagem paralela da própria oficina. Não é um curso de treinamento, onde estou todos os dias com a pessoa, repetindo exercícios. Os alunos precisam repeti-los em casa".
Materiais
Para começar a atuar, o estudante precisa de uma bancada de marceneiro, que é a ferramenta principal; além das ferramentas manuais que utiliza, no início do curso - como a plaina, o formão e a serra de costa. Posteriormente, vai adquirindo o equipamento elétrico: uma serra circular, para se ter um desenvolvimento mais rápido do trabalho. Em relação à segurança,
Diego alerta: "Para se atuar com a serra, é necessário se atentar à segurança, em primeiro lugar. Evitar as mãos próximas à lâmina; usar empurradores; evitar uso de luvas, que podem puxar as mãos e engatar na serra. Uso de óculos de segurança, sempre; abafador de ouvido, porque a pessoa fica exposta a ruído; e atenção total sobre o que está fazendo".
RENDA - Segundo Diego, todo começo é "modesto"; mas um bom marceneiro, com cinco anos de estrada, hoje em dia, com trabalho, pode ganhar entre R$ 15 mil e R$ 20 mil mensais, num mercado de trabalho de poucos profissionais - já que a competição "é com a indústria, que diminui muito o valor de um móvel". "A renda de um marceneiro é boa, mas o material de marcenaria é caro e é difícil encontrar bons artesãos, que façam um bom trabalho. Atuando para uma empresa, com carteira de trabalho assinada, o marceneiro ganha muito menos que isso", comparou.
ATUANDO há 15 anos em São Domingos,a escola “Coisas de Madeira” é a única em atuação na cidade
Para o professor, um trabalho mais manual é importante para o estudante obter uma desenvoltura maior. Isso porque o objeto eletrônico, ao mesmo tempo em que facilita, "pode mascarar os detalhes". Ele ressalta a importância do desenvolvimento manual para que o aluno amplie a percepção e a habilidade sobre o que está fazendo. Diego compara a atuação do marceneiro à do fotógrafo:
"Você acha que um fotógrafo, que tem um número limitado de chapas para gastar um filme, terá uma criatividade maior, pensando mais sobre a foto, ou uma pessoa com o celular, que pode disparar milhares de fotos? É um processo similar. Você desenhar um quadrado, usando um mouse de computador, é diferente de se construir um quadrado, utilizando instrumentos de desenho. A importância disso é do ponto de vista didático. Aqui, praticamos de tudo. É marcenaria prática e impraticávelum termo que pouca gente conhece -, apenas com ferramentas manuais".
O COMEÇO
Diego de Assis foi influenciado pelo pai, que tinha uma oficina de joias em casa, e o tio, que fazia molduras para a mãe, uma artista plástica. Mais à frente, ele fez cursos, como o de luteria - construção de instrumentos musicais.


Formado em Desenho Industrial pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Assis começou a dar aulas de marcenaria como instrutor do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), na refinaria de Manguinhos, no Rio. Ali, atuou durante cinco anos. Extinto o projeto - e morando em Niterói - resolveu continuar, dando aulas particulares.
"Surpreendentemente, a coisa deu certo e despertou bastante interesse na época. Tenho mantido essa escola, durante todo esse tempo. É a minha função principal", disse o profissional, que é dedicado apenas ao ensino, trabalhando de segunda a sexta, sem tempo de fazer móveis sob encomenda.

Atualmente, nos seus cursos livres, Diego conta com 15 alunos adultos; mas a capacidade da oficina é de oferecer aulas para até 30. Em cada horário, ele atende, no máximo, a três estudantes.
De acordo com o marceneiro, a pessoa que faz o curso com ele já sai preparada para atuar no mercado de trabalho:
"Isso depende da intenção do aluno. Como é um curso livre, alguns vêm aprender marcenaria para montar a sua própria oficina, sem compromisso profissional. Há também os que têm a intenção de montar uma oficina profissional, a fim de entrar no mercado de trabalho".
ALGUMAS das ferramentas que são utilizadas durante as aulas e na produção das peças
TODAS as peças são produzidas manualmente, de forma artesanal