A perseverança das mulheres de Lagoa do Zeca

Ano 7 • nº1271 Novembro/2013 Irecê

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

A perseverança das mulheres de Lagoa do Zeca

Nesta edição de novo boletim iremos sistematizar a experiência de 09 mulheres de um pequeno povoado, Lagoa do Zeca, localizado no município de Canarana, interior da Bahia. Como ocorre em tantas outras comunidades fincadas no sertão baiano, Lagoa do Zeca também não dispunha de muitas oportunidades que viessem ao encontro do anseio das mulheres em vista da q u a l i f i c a ç ã o profissional e aumento da renda familiar. Todavia, as mulheres das quais segue esse relato não se deixaram vencer pelas dificuldades e, com uma estrutura mínima, conquistada pelo apoio de alguns técnicos de uma cooperativa de assistência técnica (ASCONTEC) no programa ATER Mulheres e o apoio financeiro da Cáritas Brasileira, vem mudando a realidade de suas famílias e resgatando a importância de recursos naturais existentes na comunidade para assim fomentar o crescimento da renda familiar, além de produzir um aspecto positivo em sua auto estima.

O Grupo das Mulheres de Lagoa do Zeca foi fundado no dia 02 de fevereiro de

2013 e desde o inicio conta com a participação de 09 integrantes. Teve como motivação inicial o trabalho promovido por algumas instituições que levou as mulheres a participarem durante um ano de cursos sobre hortaliças. Chegando ao final do curso com mais conhecimento elas concluíram que o queriam mesmo era trabalhar em uma c o z i n h a comunitária, colocando assim em prática o que a vida já havia lhes e n s i n a d o .

Obtiveram ajuda de amigos benfeitores ( alguns até hoje acompanham o desenvolvimento do grupo ) para calcular o material necessário e com a l g u m a s o r i e n t a ç õ e s recorreram a Cáritas Brasileira o apoio financeiro para adquirir os primeiros utensílios.

Assim elas conseguiram comprar o fogão industrial, liquidificador, freezer, dois fornos, maquina seladora e o tacho, material principal para dar inicio ao trabalho e fazer a cozinha funcionar. O espaço ainda não é próprio assim usam uma pequena casa emprestada pelo esposo de uma das participantes grupo.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Rosimeire integrante relata que ‘‘A c o z i n h a também serve em minha vida como uma terapia, é onde uma ajuda a outra, o paraíso é aqui’’.

Em relação ao que se refere a organização do grupo, ele está dividido com as funções de coordenadora,vice-coordenadora, secretária e tesoureira, porém, elas contam que o cargo acabou se restringindo somente ao nome e nos trabalhos existe colaboração e dedicação de toda a equipe. De acordo com a necessidade, todas executam o mesmo trabalho. E com sorrisos todas confirmam que são muito unidas.

Na cozinha, hoje elas já produzem uma grande variedades de pães, bolos, bolachas, sonhos, temperos, pasteis, sorvetes, geladinhos, geléias, polpas de frutas e licores de diversos sabores.

Os produtos estão sendo comercializados ultimamente somente na comunidade, pois enfrentam também a dificuldade no transporte para se locomoverem até outras regiões.

Segundo elas o lucro ainda é pouco, principalmente depois que tiveram cortadas algumas propostas de fornecimento, mas a alegria de permanecerem reunidas e trabalhando em ‘’família’’ garante a motivação para não perder a esperança.

Com a fundação do grupo mudanças relacionadas a vida pessoal ocorreram na rotina dessas mulheres como o aumento da auto-estima individual. Para Vânia esse processo de crescimento perpassou a cozinha comunitária e a casa de cada

Realização

uma, chegando até a comunidade. Pois explica que antes desperdiçava-se muitos umbus, as pessoas não sabiam o que fazer com eles, e agora o Grupo de Mulheres fazem geleias, geladinhos e polpas, conservando e dando um novo sabor as frutas que antes eram condenadas a perde-se.

Segundo Bia elas já enfrentaram muitas criticas que vinham até da própria comunidade, mas, mostrou que são perseverantes e continuam com muito animo e vontade de crescer.

Com a renda obtida nas vendas elas compraram utensílios para melhorar a cozinha e aumentar produção como um segundo freezer, liquidificador, batedeiras e vasilhas plásticas.

Hoje com o próprio dinheiro Rosimeire já conseguiu comprar para casa um ferro elétrico e uma batedeira. Dona Bela disse que com o lucro conseguiu pagar o curso de informática da filha. Todas em geral tem motivos para falar sobre conquistas realizadas.

Agora, ajudar nas despesas da casa , ter dinheiro para comprar algo que deseja sem precisar recorrer para outras pessoas da família está sendo um sonho conquistado aos poucos.

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‘’Eu acredito, eu luto até o fim: não há como perder, não há como não vencer’’ ( Oleg Taktarov )