O ARROZ VERMELHO A JÓIA RARA DA AGRICULTURA FAMILIAR DE FELIPE GUERRA

Ano 7 • nº1211 Junho/2013

Apodi/RN Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

O Arroz Vermelho A jóia rara da agricultura familiar de Felipe Guerra.

Unidade de produção do senhor Rildo de Góis

O arroz vermelho orgânico plantado por Rildo de Góis, foi o primeiro do município de Felipe Guerra e uns dos primeiros do estado do Rio Grande do Norte

Na agricultura familiar existem várias cadeias produtivas de grande destaque no cenário nacional, dentre elas, está o Arroz Vermelho, uma das iguarias mais apreciadas na culinária do nordeste, que há algum tempo vem sofrendo com a sua desvalorização por parte do grande capital, e ganhando cada vez mais espaço na mesa do agricultor familiar, que não troca o arroz vermelho, produzido nas várzeas de Felipe Guerra de forma agroecológica por um produto industrializado. E para demonstrar essa realidade, vamos conhecer a história de um grande plantador de arroz, que tem mudado a realidade da produção dessa cultura em seu município.

Seu Rildo de Góis

Rildo Souza de Góis, é um reconhecido produtor de arroz que mora na comunidade de Lagoa do Saco, localizada a 2km da cidade de Felipe Guerra, homem do campo, batalhador, humilde, que trabalha na agricultura familiar desde sua adolescência, e que ganhou merecido destaque na comunidade após iniciar, 'com a cara e a coragem', como diz o ditado popular, uma pequena plantação de Arroz Vermelho Orgânico, contradizendo os estudos e as estatística que garantem a impossibilidade de tal fato.

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

O arroz é uma das principais atividades da agricultura familiar do município de Felipe Guerra, e enfrenta, como qualquer outra cadeia produtiva da agricultura f a m i l i a r, a s m a i s d i v e r s a s dificuldades para manter-se produzindo, dentre estas destaca-se a valorização e a certificação orgânica por parte das esferas governamentais. Mas essa dificuldade não representou um impedimento para o tão batalhador Rildo, que mesmo sem o devido reconhecimento, iniciou uma pequena produção, que mais tarde ganha o apoio de mais 17 famílias da comunidade, com quem formam uma associação, que passa a lutar e a defender a cadeia produtiva do arroz.

Após conquistar um pequeno terreno onde as famílias passaram a executar seus experimentos orgânicos de forma exitosa, foi a vez de seu Rildo buscar reconhecimento e a certificação, o que claro, foi desestimulante. A produção em pequena escala e de forma desordenada não estava dando retorno. Sem perder a esperança, seu Rildo foi em busca do SEBRAE, e desde o ano de 2008 os arrozeiros do assentamento Lagoa do Saco, em Felipe Guerra, recebem atendimento do SEBRAE, através do Projeto A r r o z n o Va l e d o A p o d i , q u e o f e r e c e consultorias técnicas, treinamento e cursos de qualificação. "O arroz não tava dando nada de retorno. Estava muito fraco e a gente ia parar de plantar. Aí foi quando apareceu o SEBRAE, que trouxe apoio para gente e cursos muito importantes, principalmente o de qualidade total rural, que deu um estímulo maior", recorda.

O arroz vermelho orgânico plantado por Rildo de Góis, foi o primeiro do município de Felipe Guerra e uns dos primeiros do estado do Rio Grande do Norte.

A EMBRAPA foi outra grande parceira na produção do arroz orgânico. No projeto da associação que tinha a frente Rildo de Góis, foram criados duas novas variedades de arroz vermelho que foram MNA RN 901 e MNA RN 902, todos dois orgânicos. Análises comprovaram que as variedades MNA 901 e MNA 902, plantadas experimentalmente em Felipe Guerra, têm boa qualidade e produtividade. Agora, a intenção é expandir a produção para toda a região.

A qualidade dos grãos e a boa adaptação do arroz vermelho orgânico ao solo contribuíram para que o plantio das variedades MNA 901 e MNA 902 seja expandido para outras áreas do Vale do Apodi, um importante polo de produção de arroz vermelho no RN.

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