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Wonkamon

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Falo com Você

Falo com Você

  • por Filipe Chagas

O chileno Rodrigo Escobar era aquela criança que participava de concursos de desenho e suas atividades extracurriculares estavam relacionadas à Arte. Suas primeiras ilustrações foram retratos à lápis, ou de pessoas aleatórias do Instagram ou de amigos. Aos poucos foi encontrando um estilo próprio até desenvolver personagens autorais, que, com um toque de sedução, foram conquistando o público. Ao se tornar inspiração para outros artistas e receber apoio pelas redes sociais com seu pseudônimo Wonkamon, começou a entender seu potencial artístico.

Embora pratique várias técnicas – pintura e escultura em cerâmica, por exemplo – Rodrigo é principalmente um artista digital (“manuseio vetores e pixels ao criar uma ilustração”) formado em design gráfico. Seu processo criativo sempre começa com lápis, papel e muitos esboços:

Minha vida é uma brincadeira todos os dias. Vivo fantasiando e imaginando. Em momentos de bloqueio artístico, simplesmente respiro, saio, tomo um café quente e um pão doce, e busco alguma lembrança de infância ou em alguma anedota vivida.
Pênis de cerâmica.
Esboço.

Autorretrato.
Grafites.

Amante de brinquedos vintage (“coleciono principalmente pôneis, minha coleção de pôneis vem crescendo a cada dia, já tenho mais de 500”), direcionou suas ilustrações para um foco “cosplay”, ou seja, personagens inspirados em desenhos antigos ou atuais de séries de televisão, sempre com um charme destacado. Embora prefira fazer retratos ou bustos, seus trabalhos mais curtidos são os que mostram mais corpo e beiram o erótico, com uma pegada kinky.

O artista acredita que a representação do corpo masculino vive em um constante cabo de guerra entre a sensualização e objetificação homoerótica e que, mesmo com “o corpo do macho alfa” ainda ser reivindicado como padrão de desejo, estão se abrindo espaços para corpos diversos. Apesar de considerar o corpo feminino lindo, doce e cheio de curvas, Rodrigo prefere retratar com linhas grossas homens que possuem corpos de formas bem definidas, sejam musculosos ou rechonchudos.

Modelo.
Ilustração.

Sobre a nudez em si, lembra que ela sempre foi e sempre será fonte de inspiração para a Arte (“a genitália masculina sempre foi objeto de inspiração, não é algo novo”), já que ela faz parte de nossa natureza e deveria ser normalizada. Acredita que o pênis cria uma narrativa – seja de mistério e vulnerabilidade quando flácido ou de desejo e coragem quando ereto:

Sinto que há um estereótipo de como deve ser um pênis ou uma ilustração de nudez. O pênis grande ou pequeno não indica nada sobre como somos como pessoas. Somos todos diferentes e devemos nos amar assim.

Radicado no México desde 2014, Rodrigo busca se comunicar através de suas ilustrações digitais, dando uma abordagem divertida e não apenas erótica. Ainda quer tempo para compilar sua Arte em um livro, mostrando que seu objetivo é - e sempre foi - quebrar a norma. 8=D

Autorretrato.
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