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ESPAÇO CAU

EAD não!

Autores: Conselheiro Estadual Leonardo Maia e Conselheiro Federal Ricardo Mascarello

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A pandemia da Covid-19 expôs a desigualdade e a falta de

oportunidade para milhares de estudantes, especialmente àqueles da rede privada de ensino superior. O ensino online síncrono tornou-se uma realidade e trouxe a confusão do ensino à distância X remoto.

Ainda que tenha ocorrido um esforço sobre-humano dos professores para que o ensino remoto pudesse ser eficaz, o aprendizado ocorreu – sendo otimista – da melhor forma possível, mas muito longe do ideal. Das 13 competências e habilidades que o curso de A&U deve possibilitar ao estudante construir, talvez uma ou duas puderam ser desenvolvidas com o ensino remoto e síncrono, desencadeando uma fragilidade no processo de ensino e aprendizado.

A cidade é o lugar por excelência de aprendizado para os estudantes, pois não é possível formar arquitetos e urbanistas que não vivenciam a realidade em que estão inseridos. A compreensão e experimentação das técnicas e da materialidade da arquitetura são imprescindíveis para a produção do ambiente construído e a ausência ou a impossibilidade do uso de laboratórios, de canteiros experimentais, de maquetarias, etc. é preocupante, pois diz respeito ao futuro da profissão e no que estamos deixando que ela se transforme.

A distância entre professores e estudantes, as ausências da vivência de campo, das viagens de estudo e de laboratórios, das práticas e debates dos ateliês de projeto e a falta da vivência universitária decorrente do isolamento e das práticas de EAD, as novas “modalidades” de ensino (“hibrido” ou “estude onde e quando quiser”), ignoram o aprendizado do canteiro e da relação com os demais trabalhadores da construção.

Maria Elisa Meira, em “A Educação do Arquiteto e Urbanista” (2001), evidencia a construção dialética entre teoria e prática, a extensão e utilização dos laboratórios para as práticas no processo de aprendizagem. Destaca que estudar de verdade exige meios de experimentação, ensaio e apoio ao aprendizado; e que a necessidade intrínseca, equilibrada e integrada de pesquisa, extensão e ensino continuados onde a responsabilidade acadêmica não se restringe à passagem de conteúdo.

A expansão do EAD vem sendo condenada por diversos órgãos de representação de classe e o CAU recusou a concessão do registro profissional para egressos dessa modalidade de ensino, desde 2019. Essa recusa está suspensa por decisão judicial. Não se trata de ser contrário ao EAD! O Ensino à Distância é uma boa ferramenta de acesso a conteúdos e pode auxiliar no aprendizado dos arquitetos. Somos contrários ao ensino 100% EAD, e todos os CAU/UF participam ativamente das discussões para “engrossar o caldo”.

O CAU/SE entende que a prática durante a formação é fundamental para a construção dos futuros profissionais, acreditando que a extensão universitária, o estágio supervisionado e até a residência após o término da graduação são aliados para o processo de ensino e aprendizado. É urgente que as Diretrizes Curriculares Nacionais, proíbam a modalidade do Ensino à Distância, mas se utilizem das benesses da ferramenta EAD, garantindo as vivências da prática profissional no âmbito da Graduação em Arquitetura e Urbanismo.