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Representantes da indústria discutem impactos da redução de IPI e do conflito entre Ucrânia e Rússia

A Coalizão Indústria, um conjunto de associações que congregam diferentes segmentos industriais, se reuniu recentemente para discutir e reportar à imprensa suas impressões em relação aos dois fatos que terão impacto direto sobre essa atividade econômica nos próximos tempos: a redução da 25% de alíquota do Imposto sobre a Produção Industrial (IPI) e o conflito entre Rússia e Ucrânia, que coloca todo o Ocidente em alerta diante do risco de quebra do suprimento energético para países europeus, com consequências sobre o mercado de commodities em nível global, incluindo metais e insumos petroquímicos.

A caminho da extinção do IPI

Marco Pollo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil e coordenador da Coalizão, ponderou que os planos para redução do IPI começaram há cerca de cinco meses, e que ocorrem em um momento de alta recorde da arrecadação, assegurando maior competitividade para a indústria sem prejuízos para os cofres públicos. O executivo declarou que a expectativa era que o tributo fosse reduzido em 50%, caminhando para a extinção, que é a proposta da Coalizão ao Ministério da Economia. A redução, no entanto, já é bastante significativa, ajudando a baratear produtos e mitigar os efeitos da guerra que está em curso em território europeu, “contrabalançando, em parte, o aumento de preços que vem por aí”, nas palavras do executivo. O mercado, no entanto, é que definirá em que medida haverá repasse da redução do IPI aos preços dos produtos finais.

Cenário complexo

Marco Pollo fez questão de afirmar que a Coalizão Indústria não compartilha das previsões negativas ligadas ao conflito entre Rússia e Ucrânia quanto ao abastecimento do mercado brasileiro, seja em relação a insumos para a indústria ou a produtos transformados. Segundo ele, empresas representadas pelas entidades que compõem a Coalizão trabalham, em média, com 40% de capacidade ociosa, podendo absorver com tranquilidade um eventual aumento de demanda. Com relação a matérias-primas, Marco Pollo também afirmou que o Brasil produz e exporta insumos como o aço, o que pode tranquilizar a indústria no tocante a insumos básicos.

No entanto, o mercado e a dinâmica das cadeias globais de suprimento poderão agravar questões como a crise dos semicondutores, decorrente da pandemia de Covid-19. Humberto Barbato, presidente executivo da Abinee, alertou para a dependência mundial de insumos como o gás neônio, usado em lasers para a produção de chips, e cuja purificação é feita na Ucrânia, assim como o metal paládio, fornecido predominantemente pela Rússia. Ambos são fundamentais na produção de semicondutores. Isso deverá afetar a fabricação de eletroeletrônicos, computadores e celulares, com o agravamento do conflito. A indústria automobilística também poderá ser bastante prejudicada, tendo em vista que atualmente um automóvel demanda em média 1.200 semicondutores, de acordo com Barbato.

Os gargalos logísticos são outra preocupação da indústria, que já vinha enfrentando aumentos no custo dos fretes em razão da crise dos contêineres decorrente da pandemia de Covid-19.

José Velloso Dias Cardoso, presidente de Abimaq, chamou a atenção para a expectativa de aumento da inflação em nível mundial, mas também ponderou que a balança comercial brasileira pode sofrer efeitos positivos em razão da alta das commodities no mercado internacional, tendo em vista que o País é forte exportador de placas de aço, por exemplo.

Resinas plásticas

José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Abiplast, estimou que o segmento de plásticos não deverá ter problemas de abastecimento

Coalizão Indústria se reuniu para avaliar medida tributária que aumenta a competitividade da indústria e pode amenizar os efeitos do conflito em solo europeu que afetará as cadeias globais de suprimento. Imagem: Shutterstock

pelos próximos quatro a cinco meses, mas avaliou que em algum momento o mercado de resinas petroquímicas sofrerá consequências do conflito Ucrânia/Rússia, tendo em vista que o petróleo é um ponto nevrálgico da questão geopolítica, impactando a oferta e os preços de matérias-primas e insumos energéticos. Quanto ao IPI, a medida governamental atinge todos os insumos petroquímicos, e certamente terá um efeito positivo, amenizando os efeitos do conflito em solo europeu.

A Coalizão Indústria é formada por 14 entidades do setor industrial: Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos (Abrinq), Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Associação Brasileira de Indústria de Máquinas Equipamentos (Abimaq), Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), Instituto Aço Brasil, Interfarma e Grupo Farma Brasil.

Desenvolvimento local assegura o fornecimento de compostos

A escalada dos preços do petróleo sinaliza um cenário tenso para os próximos meses, com possível aumento de preços dos insumos destinados à indústria de transformação de plásticos. Empresas que já haviam se preparado para ter mais autonomia em relação ao mercado externo, em resposta às complicações logísticas decorrentes da pandemia de Covid-19, têm agora mais um desafio pela frente no que se refere a oferecer certa segurança aos transformadores quanto à disponibilidade de insumos produtivos.

A Macroplast, com unidades em São Bernardo do Campo (SP) e em Itajaí (SC), intensificou a criação de novos grades desde a pandemia de Covid-19 e deverá ter mais trabalho agora, com o agravamento do conflito entre Rússia e Ucrânia, que atinge em cheio a cadeia de fornecimento dos plásticos. De acordo com seu diretor, Christian Braun, “a empresa tem desenvolvido desde resinas básicas como PP’s e PE’s modificados para contratipar grades já existentes até resinas de engenharia que anteriormente eram importadas e passaram a ser produzidas localmente”.

As resinas ABS são parte importante desse portfólio, a exemplo dos grades de uso geral, das usadas na extrusão de chapas, das de alta fluidez, das de altíssima resistência ao impacto para confecção de capacetes e das do tipo high heat, para a indústria automotiva. Blendas como ABS/PC e PC/ABS, que o mercado costuma importar, também integram a oferta da empresa.

O executivo informou ainda que o desenvolvimento de inúmeros produtos não se deu apenas à sua escassez mundial, mas também à viabilidade logística e econômica de produzi-los localmente, em contraposição à dificuldade de importação, que penalizou a indústria nos últimos anos: “Algumas importações passavam de 90 dias para chegarem no seu destino, o que significou para muitos importadores pagar o produto antes mesmo de ele ter chegado”.

Os novos compostos têm abastecido segmentos como automotivo, eletroeletrônico, de linha branca, construção civil e agro, entre outros. Modificadores de impacto e retardantes de chamas são alguns dos aditivos empregados para modificar e tornar as formulações apropriadas para diferentes aplicações.

Redução do IPI e a guerra

A recente redução de alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)

Macroplast aposta na criação de compostos para o mercado brasileiro, usando insumos locais e de fontes menos sensíveis ao conflito em solo europeu. Imagem: Macroplast com o objetivo de impulsionar a economia brasileira, no entender de Braun, veio em boa hora, e será um redutor de instabilidades externas. “Setores como automotivo e linha branca devem aumentar a demanda na medida em que seus estoques na cadeia diminuam e que o crédito seja estimulado para que o consumidor volte a comprar”, informou. Porém, dependendo do rumo que o confronto entre Rússia e Ucrânia tomar, e com o preço do Petróleo Brent ultrapassando o valor de USD 120/barril, certamente ocorrerão novos reajustes nos fretes e nos preços das resinas. “Passaremos por novos tempos turbulentos, com aumentos de preços e possível falta temporária de alguns produtos”, avaliou o executivo. A Macroplast não depende diretamente de insumos comprados nos países envolvidos no conflito. No entanto, muitos dos seus fornecedores podem vir a ser impactados, daí a importância da parceria com parceiros locais ou situados em mercados não atingidos diretamente pela guerra. Preparada para atuar com diversos cenários nacionais e internacionais, a empresa tem mantido o diálogo constante com fornecedores, tendo em vista minimizar os impactos do conflito que adquire proporções mundiais: “Os preços tendem a subir devido à elevação dos preços do petróleo e do gás natural, afetando diretamente os custos das matérias-primas derivadas, tais como os plásticos e os combustíveis que impactam os custos logísticos, elevando a inflação. É possível que faltem alguns insumos e o momento pede cautela”, concluiu Braun.

Macroplast Macroplast Macroplast Macroplast Macroplast – (11) 4393-6200

Plataforma dá acesso a informações sobre questões regulatórias

A Basf, fabricante alemã de especialidades químicas com subsidiária em São Paulo (SP), lançou o RegXcellence, uma nova plataforma de serviços para seus clientes de aditivos para plásticos, que fornece acesso a regulamentações globais e consultoria especializada para simplificar o gerenciamento de questões regulatórias no setor de plásticos.

De acordo com Thomas Kloster, presidente de produtos

químicos de desempenho da Basf, a ferramenta vai contribuir para mitigar os riscos comerciais, acelerar a inovação e alcançar um crescimento sustentável por meio da conformidade regulatória, uma vez que este cenário muda constantemente, especialmente no que se refere à produção, ao uso e descarte de plásticos. Por isso, navegar pelas complexas estruturas regulatórias enquanto se mantém em conformidade pode ser desafiador para as empresas.

A solução digital, além de dar acesso a regulamentações globais, oferece treinamentos específicos e consultoria de uma equipe global de especialistas para avaliar os dados ambientais, de saúde e de segurança relevantes para o setor de plásticos. Essa equipe também está disponível para dar suporte aos clientes quando se tratar de serviços de registro ou consultoria de processos e substâncias.

Kloster acrescentou que “como produtor de aditivos

para plásticos, aproveitamos nossa experiência na indústria e nosso conhecimento da administração de produtos e da legislação quíSolução digital fornece acesso a informações e mica para nos consultoria especializada para gerenciamento de questões regulatórias no setor de plásticos. Imagem: Divulgação Basf mantermos a par das tendências regulatórias em evolução. Nós auxiliamos de maneira proativa nossos clientes para garantir o uso responsável e apropriado de nossas soluções em aditivos”. O RegXcellence para aditivos para plásticos faz parte do portfólio de soluções sustentáveis da Basf chamado Valeras, voltado ao comprometimento em aumentar os índices de sustentabilidade dos plásticos ao longo de toda a cadeia de valor dos polímeros. Basf Basf Basf Basf Basf – (11) 2039-2273 Fabricante de injetoras compra empresa de automação O Grupo Engel, fornecedor de máquinas injetoras com matriz na Áustria e filial brasileira em Cotia (SP), passou a ter participação majoritária nos negócios da TMA Automation, empresa especializada em automação industrial situada na Polônia. Em comunicado à imprensa, foi informado que a aquisição da companhia polonesa é uma das etapas

de um planejamento que visa à expansão de redes de comércio de máquinas injetoras e sistemas automatizados para o ramo de plásticos.

Também foi divulgado que a implantação de uma nova unidade fabril e comercial em território polonês, que será voltada para trabalhos relativos ao escopo técnico da

Aquisição de empresa polonesa do ramo de automação industrial foi anunciada por grupo europeu. Imagem: Pixabay aquisição, faz parte dos planos das partes envolvidas.

Além disso, o investimento na futura planta abrangerá a criação de programas dedicados à especialização de profissionais da área de transformação de plásticos e de tecnologia para o chão de fábrica.

Engel Engel Engel Engel Engel – (11) 4615-5225

Centro de pesquisa sobre grafeno inicia atividades

Um novo centro de pesquisas voltado para o desenvolvimento de materiais avançados baseados em grafeno, resultado de uma parceria entre a Gerdau Graphene e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), iniciou suas atividades oficialmente em São Paulo (SP).

O posto de estudos chamado de Centro de Materiais Avançados em Grafeno e Novas Aplicações Tecnológicas do IPT (CIGraph) terá em seu escopo técnico o desenvolvimento de resinas plásticas com propriedades melhoradas a partir da adição de grafeno em sua composição, e a aplicação desses materiais em processos industriais.

Isso abrangerá a condução de pesquisas que visem ao desenvolvimento de materiais com boas propriedades como resistência mecânica e térmica, barreira à ação de gases e líquidos, além de alta capacidade de degradação em caso de descarte incorreto, assim como propriedades que levem à inativação de microrganismos causadores de doenças.

Foi informado por meio de um comunicado à imprensa que, além de polímeros, a unidade atuará em pesquisas sobre lubrificantes e outros materiais. Segundo Adriano Marim de Oliveira, diretor de operações do IPT, “essa parceria representa um importante passo na geração de novos produtos nanoestruturados, trazendo ganho de maturidade tecnológica para as aplicações do grafeno no Brasil”.

Complementando, Alexandre de Toledo Corrêa, diretor-geral da Gerdau Graphene, disse que “a parceria é estratégica na

consolidação desse objetivo. Nesse sentido, nada melhor do que contar com um espaço para a troca de experiências e a aceleração da formação de técnicos, mestrandos e doutorandos que serão nossas próximas gerações de experts em nanomateriais”. Ainda de acordo com as entidades, o investimento destinado a esse projeto girou em torno de R$ 6,9 milhões.

IPT IPT IPT IPT IPT – (11) 3767-4000

Extrudados mais precisos graças ao modelamento numérico

A estudante do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Tecnologia de Eindhoven (Holanda), Michelle Spanjaards, pesquisou uma questão que há décadas tem afligido as empresas que trabalham com ex-

trusão, processo amplamente difundido como meio de obter diferentes produtos plásticos contínuos, tais como chapas, tubos e perfis. O processo parece simples, pois consiste basicamente em empurrar o material fundido através de uma matriz com uma seção transversal específica. No entanto, a forma do produto final é amplamente influenciada por um fenômeno denominado swell, ou inchamento do fundido, que ocorre quando a massa fundida sai da matriz, em razão de tensões internas inerentes ao material. Essa variação pouco controlável compromete a precisão dimensional dos produtos finais, o que pode ser bastante crítico, em especial no caso de

Pesquisadora holandesa propõe um modelo numérico capaz de prever o inchamento que ocorre nos polímeros após saírem da matriz de extrusão. Imagem: DepositPhotos

produtos técnicos e destinados a montagem ou encaixe posterior. Essa questão normalmente é resolvida com base em tentativa e erro, o que implica desperdício de material e de trabalho.

A proposta da pesquisadora, que defendeu sua tese no mês de janeiro último, foi desenvolver um modelo numérico capaz de prever com mais precisão esse fenômeno. Integrante do grupo de pesquisa Polymer Technology, Michelle criou um modelo numérico baseado em malha de elementos finitos que prevê a forma que o extrudado assumirá ao sair da ferramenta, o que fornece dados para o aperfeiçoamento do projeto da matriz para que ela dê origem ao produto com o formato desejado.

Pelo link https://www.linkedin.com/ posts/spanjaardsmichelle_visualization-ofdie-optimization-for-extrudate-activity679535 5280860295168-opeY/ é possível visualizar a otimização do inchamento do material fundido usando o feedback obtido pelo sistema de controle, como apresentado pela pesquisadora.

O modelo é próprio para aplicação em fluidos viscoelásticos que emergem de matrizes com formato complexo, e foi combinado a um esquema de controle ativo em tempo real, de modo a retroalimentar com dados o sistema de controle associado ao projeto da matriz.

De acordo com um comunicado da universidade, os resultados mostraram que se trata de uma abordagem promissora para auxiliar no projeto de matrizes, desde que se possa contar com um controlador estável como equipamento auxiliar. A pesquisadora informou que a elaboração de sua tese contou com o apoio da fabricante de equipamentos VMI Holland e com a colaboração da Arlanxeo, desenvolvedora de elastômeros. O paper está disponível, em formato Open Access, pelo link mostrado a seguir.

https://www.tue.nl/en/research/researchers/michelle-spanjaards/

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