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AS FAMÍLIAS TIVERAM, TÊM E TERÃO SEMPRE

Decorria o ano de 1978 e, pela mão da APPACDM de LISBOA com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian ao nível da construção e equipamento, nascia a 2 de maio, na freguesia de S. João de Brito a Creche “A TARTARUGA E A LEBRE”, sob a direção da Enfª. Odete Rose Dumont.

A Creche “A TARTARUGA E A LEBRE” era considerada como a primeira creche vocacionada para o atendimento de crianças dos 3 meses aos 4 anos, com deficiência e incapacidade, com especial enfoque na Trissomia 21, numa perspectiva de integração e de igualdade de oportunidades e direitos.

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As crianças com deficiência e incapacidade e o seu processo de aprendizagem e desenvolvimento exigiu uma intervenção mais especializada, estruturada e permanente, o que justificou a necessidade de a Creche possuir uma equipa multidisciplinar.

Este tipo de intervenção, integrada e multidisciplinar, permitiu que todas as crianças que frequentaram a Creche “A TARTARUGA E A LEBRE” usufruíssem de idênticas competências no atendimento, sendo, para uns, uma necessidade objectiva e, para outros, uma oportunidade de partilha dos benefícios deste projecto inclusivo.

As Famílias tiveram, têm e terão sempre um papel determinante no processo educativo dos seus filhos. A Creche sempre acreditou e promoveu a participação activa das famílias no desenvolvimento de todas as actividades (sócio – pedagógicas ou terapêuticas).

Desde 1980, ano que integrei a equipa da creche ainda como estagiária, um longo caminho foi percorrido ao nível das políticas sociais e práticas educativas, quer pelas estruturas de ensino regular, quer pelas estruturas de educação especial. Também a “A TARTARUGA E

A LEBRE” foi percorrendo esse caminho, reformulando os seus princípios e práticas. Evidentemente que os conceitos e a abordagem que na altura eram praticados, já pouco têm a ver com o que hoje se preconiza.

A nossa intervenção passava, obrigatoriamente, por uma colaboração mais sistemática com a família, sendo essencial proporcionar aos pais apoio, suporte emocional, orientações e informação que lhes permitisse desenvolver competências parentais e educativas mais sólidas. Tal como hoje, é essencial que se sintam parte integrante e fundamental do processo educativo dos seus filhos.

A divulgação da nossa prática, através de criação de di- ferentes parcerias, com a comunidade educativa, terapêutica e de saúde, e a criação da 1ª equipa de apoio à integração das crianças em jardim de infância do ensino regular, da qual fiz parte, surgiram também como promotoras para a melhor aceitação da inclusão, por parte da sociedade em geral.

A mudança ao nível das práticas só tem sido possível porque tem havido uma mudança ao nível conceptual. Mudar atitudes, representações, crenças e (pre) conceitos requer tempo, necessidade de mudar por parte de todos os elementos envolvidos e a consciência dos benefícios que daí podem decorrer. É claro para todos nós que um processo de mudança pressupõe sempre alguma instabilidade. Estabelece-se um confronto entre o passado e o presente com práticas, senão inovadoras, pelo menos diferentes. Manter um equilíbrio entre o que devemos mudar e o que devemos manter, nem sempre foi fácil.

A qualidade e experiência da equipa da “A TARTARUGA E A LEBRE” tem contribuído para a capacidade e perseverança às diferentes mudanças verificadas ao longo destes 45 anos de prestação de serviço à 1ª infância.

O futuro nem sempre nos é sorridente!

É com forte preocupação que encaro o futuro, neste momento, relativamente à continuidade da resposta social Creche.

Recentemente, o Governo consagrou a gratuitidade das creches, medida positiva para as famílias, mas cujo financiamento do Estado é insuficiente, dadas as características físicas e organizacionais da nossa creche. Como também a tendência, cada vez maior, a distanciar-se da Missão e Visão da Instituição, no que concerne ao atendimento e efectiva resposta às necessidades das crianças com deficiência e incapacidade.

Mas como acredito que o futuro passa inequivocamente por um olhar diferente, compete-nos ser no presente, elementos activos na construção desse futuro, continuando a … “Crescer na Creche”, “Crescer na Relação”, “Cuidar para Crescer”, “Brincar para Crescer” … a trabalhar com todo o empenho, na promoção da qualidade de vida das crianças que nos são confiadas diariamente e das suas famílias, através da diferenciação pedagógica e atendimento individualizado.

Sinto orgulho de poder fazer parte da organização da Creche “A TARTARUGA E A LEBRE” da APPACDM de Lisboa e do meu contributo na sua história.

Maria Adelaide Melo Diretora Técnica da Creche

FOI AMOR À PRIMEIRA VISTA!

Em julho de 1977, com 23 anos, tinha terminado o curso de Educadora na “Maria Ulrich” e começado a exercer, o que era uma vocação em estágio final no Colégio S. Vicente de Paulo, quando a assistente social, então voluntária na APPACDM de Lisboa, me desafiou a conhecer a nova estrutura da futura Creche daquela Instituição.

Foi amor à primeira vista! De facto, as instalações, ainda hoje modernas eram à época espetaculares e muito aliciantes.

Foi assim que, em maio de 1978, realizei o que seria a concretização de um sonho enquanto primeira educadora contratada para a “Tartaruga e a Lebre”, a primeira “Creche Inclusiva de Intervenção Precoce”, na Europa.

Após cinco anos de trabalho direto, a Instituição proporcionou-me a estimulante e desejada especialização de três anos em “Educação Especial”.

Já nesse momento o meu sentimento de gratidão foi enorme pela oportunidade de aquisição de competências e pela possibilidade de as exercer junto das crianças que me viriam a preencher a vida profissional e também pessoal.

Ir trabalhar diáriamente com entusiasmo, dedicação e sentido de realização, foi um privilégio sempre alimentado pelo amor recebido das crianças e da ligação às famílias que também partilhavam a satisfação de sentirem os seus filhos numa casa jovem, dinâmica e qualificada pela estrutura técnica de que dispunha.

O ambiente vivido e a interação gerada com as famílias, naqueles anos tão perto da mudança profunda que o país tinha registado, muito contribuíram para a cultura de participação que ainda hoje se respira na “Tartaruga e a Lebre”.

1978

Pedro E Carina Em Contexto De Trabalho

Dois utentes do CACI Ajuda estão, atualmente, em ASU - Atividades Socialmente Úteis, ou seja, estão integrados em locais de trabalho, com remuneração.

O Pedro Pina começou no dia 5 de abril, como ajudante de refeitório, nas instalações do BNP Paribas. Logo no primeiro dia, “chegou feliz pela nova responsabilidade e saiu radiante pela concretização do trabalho”.

É, porém, essencial lembrar que essa cultura se construiu a partir da competência técnica, profissionalismo e rigor da sua primeira diretora, a enfermeira Odette Dumont, que soube transmitir a todos as suas colaboradoras - as quais tem acompanhado e instituído - a evolução das melhores práticas educativas ao longo dos anos.

Com naturalidade, a reforma surgiu em agosto de 2020, ao fim de 42 anos de gratificante atividade, a maior parte dos quais como diretora técnica.

Passados estes anos, sinto ter sido um privilégio ter feito o que muito gostava, formando e sendo apoiada por equipas extraordinárias, pelo suporte recebido de todas as direções, pelo reconhecimento de muitas famílias e pelos adultos lindos, que foram as nossas crianças, e que hoje ali levam os seus filhos. Com gratidão

Teresa Morgado ex-Diretora Técnica da Creche

A Carina Almeida “cumpre o seu sonho de ter um emprego” e, desde 15 de junho, está no supermercado Supercor do Restelo, em Lisboa.

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