Revista Kéramica n.º 374 Janeiro/Fevereiro 2022

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KÉRAMICA revista da indústria cerâmica portuguesa

Publicação Bimestral €8.00

nº374

Edição Janeiro/ Fevereiro . 2022

REINDUSTRIALIZAÇÃO



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13-17 Jun 2022 València – Spain

Colabora: Organiza:


Index

Editorial . 03

Cibersegurança . 20 ISQ vai Integrar Iniciativa Europeia para a Cibersegurança na Indústria - Encrypt 4.0

Destaque . 04

Mercados . 22

A Cerâmica e a Reindustrialização

Exportações de Produtos Cerâmicos Alcançaram Máximo Histórico em 2021

Reindustrialização . 07

Formação . 24

07 Reindustrialização: A Visão Europeia e os Desafios na Indústria Cerâmica 13 Prepare-se. Vem aí a 5ª Revolução "Industrial" 17 A Nova Industria que Interessa Criar: Mais Digital, Mais Ágil e Inovadoramente Verde

A Engenharia e Gestão Industrial da UMinho como Parceira das Empresas Portuguesas na sua Reindustrialização

Energia . 09

Arquitetura . 26

Como Enfrentar o Aumento dos Preços da Energia?

Pedro Carrilho - Arquitectos

Secção Jurídica . 15 Do Segredo Comercial ao Registo de Patente

Notícias & Informações . 28 28 Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas 33 As Novas Datas da Cevisama Despertam Interesse do Visitante Internacional 34 Adesão Elevada de Portugal à Ceramitec 2022

Calendário de Eventos . 36

Propriedade e Edição APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023

Colaboradores Albertina Sequeira, António Barreto Archer, António Oliveira, Filomena Girão, Francisco Sá, João Pedro Serrano, Luís Mira Amaral, Marta Frias Borges, Paulo Sampaio, Pedro Matias e Rute Garcia

Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt

Paginação Nuno Ruano

Tiragem 500 exemplares Diretor Marco Mussini Editor e Coordenação Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira, Marco Mussini, Martim Chichorro e Susana Rodrigues Capa Nuno Ruano

Impressão Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com Distribuição Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números) ; Portugal €32,00 (IVA incluído); União Europeia €60,00; Resto da Europa €75,00; Fora da Europa €90,00 Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal Notas Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores. Esta edição vem acompanhada da revista Técnica n.º 13 Janeiro / Fevereiro 2022 (CTCV) Esta edição inclui um destacável sobre Descarbonização – “Transição Energética”

Índice de Anunciantes CERAMITEC (Página 35) • CERTIF (Verso Contra-Capa) • CEVISAMA (Página 1) • INDUZIR (Contra-Capa) Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem Publicação Bimestral nº 374 . Ano XLVII . Janeiro . Fevereiro. 2022

Depósito legal nº 21079/88 . Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php

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Editorial

Estamos de facto a viver mais um momento histórico da nossa geração, e embora não seja este o tema desta edição da KÉRAMICA, não deixo de o assinalar com a legenda “Para Que Conste”, já que sabemos o que se passa hoje, sem sabermos o que se vai passar amanhã. Entre as muitas dúvidas e incertezas de vária natureza, há uma realidade que às empresas diz respeito e que passa pelo cenário das várias transições que lhes são exigíveis, nomeadamente a energética e a digital, sem esquecer a climática e a industrial a que chamamos reindustrialização, cada uma delas suficientemente atrativa e desafiante para prender a nossa atenção, e todas elas em conjunto suficientemente exigentes para mexerem connosco, a ponto de nos interrogarmos sobre o que fazer, o que não fazer e como reagir. Por mera curiosidade, procurei na internet alguma resposta para o significado do termo transição, e dali tirei o seguinte: 1. “Passar através de ou para dentro de. = ATRAVESSAR, PENETRAR, REPASSAR, TRANSPASSAR, TRASPASSAR 2. Causar grande medo. = APAVORAR, ASSOMBRAR, ASSUSTAR, ATERRAR, ATERRORIZAR 3. Ficar gelado ou tolhido devido ao medo, à dor ou ao frio.” Agradou-me a pesquisa que fiz, pois que dela recolhi a forma e o conteúdo para conjugar o lado atrativo

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das transições que são exigidas, com as incertezas e interrogações que nos provocam e fazem mexer connosco, bem como as respostas sobre o que fazer e o que não fazer. De facto, é desafiante a inovação, bem como a procura e o atravessamento das soluções existentes para novos padrões de exigência e de modernidade, sobretudo quando essa transição para a modernidade é feita em nome de interesses e objetivos tão sérios, quanto sejam a defesa do ambiente e da nossa qualidade de vida. Se a falta de água com que nos debatemos é ou não devida à utilização intensiva de combustíveis fósseis, é matéria que deixamos à argumentação dos técnicos e dos especialistas ou até dos simples curiosos; porém, e se dessa argumentação persistirem dúvidas, e em defesa da tese de que mais vale prevenir que remediar procurem-se as alternativas possíveis que visem a descarbonização. A procura de alternativas é sempre mobilizadora, e para elas são sempre bem-vindos os apelos à transição. O que as transições não podem é “causar grande medo” e “apavorar” os atores neles envolvidos, já que o medo nos torna abúlicos e nos conduz à paralisia. A comunicação fácil, entendível e séria não só não provoca medos, como facilita a adesão aos objetivos pretendidos. Por fim e para a resposta à interrogação de como reagir, lê-se na internet que é “não ficar gelado ou tolhido”, sob pena de cair no imobilismo com o qual ninguém cresce nem se desenvolve. Porém, e tão importante quanto o papel das empresas e dos empresários neste contexto das transições, é o papel e o lado de quem tem que as regular, tendo que o fazer de forma justa e prudente, para que o atravessamento não seja sinónimo de sacrifício e penosidade, em que as coisas acontecem com demasiado esforço e com maus resultados, seja pelo cansaço seja por saturação. Já nos vem de pequeninos esta dificuldade de dizer os “R´s”, e todos nos lembramos da satisfação que era quando conseguíamos dizer o “Rato que Roeu a Rolha do Rei da Rússia”. Pois bem, esta dificuldade acompanha-nos pela vida fora, de tal modo que parece não se tratar propriamente de uma questão de dicção ou de pronúncia, mas antes de uma atitude que nos leva a arrastar as mudanças e a prolongar os hábitos, para além do seu tempo de vida útil. E mesmo agora, quando se trata de falar de reindustrialização, renovação, ou reinvenção, sentimos um certo desconforto Dr. José Luís Sequeira (Presidente da Direção da APICER)

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Destaque

A CERÂMICA E A REINDUSTRIALIZAÇÃO

p o r Lu í s Mi r a Am a r a l , Eng e n h e i ro E le ctroté cn i co (I S T ) e E co no m i s t a (MS c N OVA SBE ), Con sultor d a F N WAY C ON S ULTI N

Luís Mira Amaral

1. A APOSTA NA INDÚSTRIA E NA REINDUSTRIALIZAÇÂO Portugal perdeu em termos económicos as duas primeiras décadas do século XXI, pois há vinte anos que a economia portuguesa tem um crescimento anémico. Portugal é um país em estado intermédio de desenvolvimento, mantendo um modelo económico que infelizmente se aproxima dos países menos desenvolvidos.

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Importa mudar este modelo através dum processo de industrialização que não pode significar apenas investimento no que temos, mantendo as mesmas tecnologias e processos de fabrico, mas que comporta uma alteração significativa de processos em toda a cadeia de valor, com grande incorporação de inovação empresarial e de tecnologia, o que pressupõe o acompanhamento pelo nosso país do processo de industrialização europeia com transformação digital (Indústria 4.0) e a transição ambiental (com descarbonização e economia circular) – um novo paradigma de produção industrial com incorporação de serviços de valor acrescentado, inovação (eco inovação inclusive) e as tecnologias da 4a Revolução Industrial, que incluem as tecnologias energéticas e de descarbonização. Tal tem de ser acompanhado pelo investimento, designadamente IDE, em unidades produtivas de bens transacionáveis, alinhadas com esse novo paradigma. Reindustrializar não significa voltar a modelos do passado assentes na mão-de-obra barata, mas sim aderir ao modelo da economia do conhecimento, injetando conhecimento e engenheiros nas empresas em articulação com as Universidades, os Politécnicos e o Sistema da Ciência e Tecnologia, onde incluo uma estrutura de interface entre o Sistema de Ciência e Tecnologia e as empresas, o Centro Tecnológico da Cerâmica e Vidro (CTCV), que apoiámos no âmbito das Infraestruturas Tecnológicas do PEDIP. Acontece que já existem em Portugal engenharia e escolas de engenharia com qualidade europeia e o mesmo se poderá dizer das nossas melhores escolas de gestão e da nossa infraestrutura de comunicações. Mas para permitir esta reindustrialização Portugal deve remover os chamados “custos de contexto” que existem no nosso País, e que dependem apenas de decisões políticas internas. Para tornar possível esta

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Destaque

reindustrialização, o nosso país deve dispor de fatores competitivos de produção, nomeadamente na rapidez na aprovação de projetos industriais, de impostos que incentivem a produção ou o reinvestimento de resultados, nomeadamente a nível do IRC, de mão-de-obra técnica qualificada, de uma legislação laboral que permita aumentar ou diminuir o número de colaboradores em função das necessidades do mercado, ou ainda de uma energia barata. Sobre este último aspeto, é importante referir que Portugal tem tido um dos mais altos preços da eletricidade na União Europeia para as PMEs. A reindustrialização do nosso país exigirá um enorme conjunto de recursos — físicos, logísticos, financeiros e de conhecimento. As verbas provenientes da União Europeia parecem muito elevadas, mas não produzirão qualquer alteração significativa na nossa matriz industrial, se não forem bem aplicadas. Mesmo bem aplicadas podem ser escassas para a profunda alteração que a nossa estrutura industrial necessita. O desejado processo de reindustrialização do país tem de ser bem percetível pelos destinatários, que serão prioritariamente as empresas. O novo Governo do Partido Socialista, agora maioritário na Assembleia da República, não pode falhar nestes objetivos! 2. O SETOR DA CERÂMICA COMO EXPORTADOR PARA A EUROPA E PARA O MUNDO, CRIANDO VALOR PARA A ECONOMIA PORTUGUESA A indústria de cerâmica e cristalaria portuguesa é territorialmente descentralizada, maioritariamente concentrada nas NUTS Norte e Centro, constituída por 1.168 empresas, criando regionalmente mais de 97% do Volume de Negócios (VN) e do Valor Acrescentado Bruto (VAB) desta indústria, assim como 95% do emprego total do sector. O Volume de Negócios (VN) da indústria de cerâmica portuguesa foi de 1.249 milhões de euros em 2019, representando 1,2% da indústria transformadora nacional. O Valor Acrescentado Bruto (VAB) da indústria de cerâmica portuguesa foi de 482 milhões de euros em 2019, representando 2,0% do VAB da indústria transformadora nacional. A indústria cerâmica emprega cerca de 18000 trabalhadores, o que representa 2,5% dos trabalhadores da indústria transformadora nacional. O saldo da balança comercial do sector cerâmico ronda os 480 milhões de euros, sendo que a taxa de cobertura das importações pelas exportações ascendeu a 352,7%

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(VS. 79,3% taxa geral Portuguesa), caracterizando o sector como um forte exportador. No enquadramento, como sector exportador em contexto europeu (UE27-2020) ocupamos as seguintes posições no ranking europeu: • 1.º lugar: Portugal é o maior exportador europeu de louça de uso doméstico em faiança ou barro fino, grés e barro comum (NC 6912), com uma quota de 23,8%; • 3.º lugar: Portugal é o terceiro maior exportador europeu de estatuetas e outros objetos de ornamentação (NC 6913), com uma quota de 12,3% (apenas atrás da Alemanha e Países Baixos); • 4.º lugar: Portugal é o quarto maior exportador europeu de louça sanitária (NC 6910), com uma quota de 7,6% (apenas atrás da Alemanha, Itália e Polónia); • 5.º lugar: Portugal é o quinto maior exportador europeu de pavimentos e revestimentos cerâmicos (NC 6907), com uma quota de 2,7% (apenas atrás da Itália, Espanha, Polónia e (Alemanha). No enquadramento, como sector exportador em contexto mundial ocupamos as seguintes posições no ranking mundial: • 2.º lugar: Portugal é o segundo maior exportador mundial de louça de uso doméstico em faiança ou barro fino, grés e barro comum (NC 6912), com uma quota de 11,25%; • 5.º lugar: Portugal é o quinto maior exportador mundial de estatuetas e outros objetos de ornamentação (NC 6913), com uma quota de 2,73%; • 8.º lugar: Portugal é o oitavo maior exportador mundial de pavimentos e revestimentos cerâmicos (NC 6907), com uma quota de 1,47%; • 9.º lugar: Portugal é o nono maior exportador mundial de louça sanitária (NC 6910), com uma quota de 1,08. O Índice da Vantagem Comparativa Revelada (IVCR) para a cerâmica portuguesa é de 3,66, significando que o grau de especialização da cerâmica em Portugal é 3,66 vezes o grau de especialização que a cerâmica apresentou a nível médio mundial. Em um dos maiores IVCR mundiais (IVCR=3,66), liderando face aos quatro maiores exportadores globais de cerâmica: Espanha (IVCR=3,39), Itália (IVCR=3,16), China (IVCR=2,88) e Alemanha (IVCR=0,80). O elevado valor do fator IVCR demonstra que a cerâmica portuguesa é um dos setores mais especializados e competitivos da indústria portuguesa face aos

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Destaque

mercados externos, que não pode deixar de merecer uma grande atenção no contexto da política industrial portuguesa e do ambicioso plano de reindustrialização atrás enunciado. 3. AS APOSTAS PARA A CERÂMICA NO CONTEXTO DA REINDUSTRIALIZAÇÃO E DA DESCARBONIZAÇÃO: reciclagem energética, eficiência energética, economia circular, recursos humanos, inovação e desenvolvimento tecnológico. Os custos energéticos são muito elevados na indústria cerâmica portuguesa, representando em média entre 25% a 30% da estrutura de custos total das empresas do sector. O consumo de gás natural (GN) no sector correspondeu a 16,9% do total consumido na indústria transformadora nacional em 2019. Como Ministro da Indústria e Energia (1987-95) fui fortemente sensibilizado pelos empresários do setor para o facto dos seus concorrentes espanhóis e italianos terem na altura o GN como fonte energética e nós não o termos, o que nos colocava em desvantagem em relação a eles. Essa foi uma das razões determinantes para a decisão de introdução do GN em Portugal, tendo pois perfeita consciência da importância do mesmo para o setor e do gravíssimo problema ligado ao disparo do seu preço. Por outro lado, os custos com matérias-primas consumidas representam 30,5% do custo de produção, sendo que 100% das matérias-primas consumidas atualmente na produção de cerâmica e cristalaria provêm da mineração de jazidas minerais nacionais, não renováveis. Importa então a substituição de matérias-primas de primeira vida, por matérias-primas de segunda vida que presentemente

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entram diretamente nos ciclos industriais de tratamento de resíduos, sendo assim a infusão de inovação no sector realizada a montante do produto final, fomentando a economia circular de todos os recursos utilizados, sejam matérias-primas (virgens ou secundárias) sejam águas utilizadas nos processos produtivos. No que toca aos recursos humanos (RH), os custos com pessoal representaram, em média, 30% do valor da produção, sendo os RH ainda maioritariamente de níveis 1 e 2 do QNQ. O sector carece pois da incorporação de RH com formações bem superiores situadas nos níveis 6 a 8 do QNQ para catalisar a transformação do sector e a requalificação dos RH presentemente existentes. Só assim será possível acompanhar a transição digital e ambiental e reforçar as ligações ao Sistema Científico e Tecnológico, aumentando o conteúdo tecnológico dos produtos e serviços oferecidos. A aposta para a reindustrialização do sector, em linha com o explicado no ponto 1 e com as características do setor, passa assim pelos seguintes vetores: • Hidrogénio Verde competitivo em relação ao gás natural; • Economia Circular e Novas Matérias-Primas, designadamente Matérias-Primas Secundárias; • Eficiência Energética e Tecnologias Hipo-carbónicas; • Digitalização, Tecnologias de Recolha e Tratamento de Dados; • Qualificação dos RH; • Aumento do conteúdo tecnológico de produtos e serviços.

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Reindustrialização

REINDUSTRIALIZAÇÃO: A VISÃO EUROPEIA E OS DESAFIOS NA INDÚSTRIA CERÂMICA

por Franc i s c o S á, P r e s i d e nt e d o I A PME I

Em março de 2020 a importância da reindustrialização da Europa, ganhou força e “reconhecimento institucional” com a Comunicação de “Uma nova estratégia industrial para a Europa”¹. Esta nova estratégia europeia tem como objetivo colocar a indústria europeia na liderança da dupla transição ecológica e digital na cena mundial, reforçando em paralelo a sua competitividade e autonomia estratégica, numa lógica de sustentabilidade. A inesperada crise pandémica veio reforçar a importância desta nova abordagem industrial para a Europa, colocando a tónica na urgência, determinação e aprofun-

damento da sua aplicação, ao revelar graves vulnerabilidades dos ecossistemas industriais europeus. Cadeias de valor críticas foram interrompidas ou fragilizadas pondo em causa o abastecimento e a produção de matérias-primas e produtos, com uma intensa desregulação dos mercados internacionais. Esta emergência motivou a revisão e atualização da estratégia industrial², orientada essencialmente para seis grandes objetivos/eixos de atuação: • Assegurar os modelos e instrumentos de financiamento, nacionais ou comunitários, mais adequados para cada domínio em causa • Aumentar a resiliência do mercado único e monitorizar o seu desempenho • Mapear e combater as dependências críticas da indústria europeia, potenciando uma maior autonomia e segurança relativamente a países terceiros • Reforçar a coesão e a colaboração entre ecossistemas industriais, Estados-Membros, a Comissão e outros stakeholders • Reforçar e acelerar a reconversão, a requalificação e a qualificação de trabalhadores e entidades para os novos desafios da transição ecológica e digital • Criar condições para acelerar a dupla transição

Francisco Sá

Sublinhando e reconhecendo a complexidade deste enorme desafio, a nova Estratégia Industrial promove a definição de vias de transição (transition pathways), com 1 Uma nova estratégia industrial para a Europa, COM(2020) 102 final 2 Updating the 2020 New Industrial Startegy: Building a stronger Single Market for Europe´s recovery, COM(2021) 350 final

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Reindustrialização . Kéramica . p.7


Reindustrialização

prioridade para os ecossistemas que enfrentem os maiores desafios e tenham sido fortemente afetados pela crise, nos quais se inclui o setor da construção e as indústrias intensivas em energia. O objetivo é identificar a escala das necessidades, nomeadamente em termos de requalificação, investimento e tecnologia, bem como conceber ações para as satisfazer, com base em contributos como os roteiros de estratégia industrial. Os setores industriais são, assim, incentivados a definir os seus próprios roteiros para a neutralidade climática ou para a liderança digital. A adaptação das indústrias da cerâmica e da cristalaria irá requerer investimento, não só em tecnologias inovadoras, mas também na criação de novos sistemas de gestão, rumo à economia circular e à descarbonização, num quadro que assegure a sustentabilidade da sua competitividade. Fatores como um enquadramento legislativo pouco favorável, barreiras técnicas, económicas e sociais, por um lado, e a falta de trabalhadores qualificados, por outro, são fatores críticos que fazem com que as empresas tenham dificuldade em avançar nesta transição, sendo os processos de upskilling e reskilling cruciais para reter os trabalhadores e qualificá-los para a indústria do futuro. Sendo a produção cerâmica intensiva em energia, este setor, em particular, terá grandes desafios numa reindustrialização que se pretende neutra em carbono. Em 2019, as instalações de cerâmica representavam cerca de 36% das instalações abrangidas a nível nacional pelo Comércio Europeu de Licenças de Emissão, sendo na sua vasta maioria detidas por PME. No entanto, é visível o esforço encetado pelo setor em reduzir globalmente as suas emissões de carbono nos últimos anos, tendo-se verificado uma redução de 33% das emissões em 2019, face a 2005³. Com a legislação europeia cada vez mais ambiciosa em termos de neutralidade carbónica, importa proteger a indústria do risco de deslocalização (fuga de carbono) para países menos exigentes neste âmbito. Para isso, é crucial garantir uma transição justa para a indústria e condições de concorrência similares, face a produtos importados que frequentemente não incluem no preço as externalidades ambientais e sociais da sua produção. A indústria cerâmica europeia tem uma importância basilar pois providencia uma série de materiais que são chave para setores estratégicos, tais como a indústria transformadora, o setor automóvel e a produção de eletricidade e o potencial de crescimento no setor é elevado. No

curto prazo, os produtos cerâmicos vão ser cruciais para a “onda de renovação”⁴ dos edifícios na Europa que visa aumentar a sua eficiência energética e terão também aplicações importantes em tecnologias fundamentais para a descarbonização do setor dos transportes e da energia, tais como nas células de combustível e nas baterias. O PRR tem previstos investimentos no valor de 715 milhões de Euros na Componente C11 – Descarbonização da Indústria que se destina a promover e apoiar financeiramente: • Processos e tecnologias de baixo carbono na indústria; • Medidas de Eficiência energética na indústria; • Incorporação de energia de fonte renovável e armazenamento; • Desenvolvimento de roteiros de descarbonização da indústria e capacitação das empresas. Esta iniciativa é crucial para que a indústria possa contribuir para as metas de redução de emissões de gases com efeito de estufa (45% a 55%), de incorporação de energias renováveis no consumo bruto de energia final (47%) e de eficiência energética (35%) assumidas por Portugal. Os avisos relativos a esta componente da descarbonização já foram publicados: • Aviso N.º 01/C11-i01/2021 para Apoio à elaboração de roteiros de descarbonização da indústria e capacitação das empresas no valor de 10 milhões de Euros; • Aviso N.º 02/C11-i01/2022 para Apoio à Descarbonização da Indústria, no valor de 705 milhões de Euros. O PRR constitui-se assim como uma oportunidade única para ultrapassar algumas das debilidades que têm limitado a competitividade das empresas. São debilidades que já conhecemos e são, em grande medida, estruturais, o que releva ainda mais o quanto esta oportunidade é importante. Espera-se que as empresas das indústrias de cerâmica e cristalaria possam aproveitar estas oportunidades do PRR para alavancar a inovação sustentável. Não responder a esses desafios estruturais seria ter empresas menos competitivas em atividades de menor valor acrescentado, o que se refletiria em menores níveis salariais e condições de vida mais difíceis para todos. Esse é um cenário que queremos afastar e temos confiança de que as empresas portuguesas responderão de forma muito positiva a estes desafios, aproveitando os instrumentos que estão ao seu dispor para o efeito.

3 Dados da APICER 4 Impulsionar uma Vaga de Renovação na Europa para tornar os edifícios mais ecológicos, criar emprego e melhorar as condições de vida, COM(2021) 662 final.

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Energia

COMO ENFRENTAR O AUMENTO DOS PREÇOS DA ENERGIA?

por Ant óni o Bar r e t o Ar ch e r, A d v o g a d o e En ge n he iro , CEO d a Ar ch e r & A s s o ci a d o s

António Barreto Archer

Desde há cerca de uma década que a estratégia de combate às alterações climáticas se tornou parte integrante da política da União Europeia (UE) como forma indissociável de garantir o desenvolvimento sustentável, a competitividade e a segurança do aprovisionamento de energia. A Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho Europeu, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões de 11 de dezembro de 2019 estabeleceu um Pacto Ecológico Europeu para a União Europeia e os seus cidadãos, redefinindo o compromisso da Comissão de enfrentar os desafios climáticos e ambientais e uma nova estratégia de crescimento

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que visa transformar a UE numa sociedade equitativa e próspera, dotada de uma economia moderna, eficiente na utilização dos recursos e competitiva, que em 2050 tenha zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa e em que o crescimento económico esteja dissociado da utilização dos recursos. O Regulamento (UE) 2021/1119 do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de junho de 2021, designado como «Lei Europeia em matéria de Clima» veio dar força jurídica vinculativa a esta meta, criando o regime para alcançar a neutralidade climática e alterando os Regulamentos (CE) nº401/2009 e (UE) 2018/1999. O artigo 4º, nº 1, do Regulamento (UE) 2021/1119 preceitua que, a fim de alcançar o objetivo de neutralidade climática até 2050, a meta climática da União para 2030 deve consistir numa redução interna das emissões líquidas de gases com efeito de estufa (emissões após dedução das remoções) de, pelo menos, 55% em relação aos níveis de 1990. Acontece, porém, que os preços da energia na UE têm vindo a aumentar exponencialmente nos últimos meses, colocando em perigo o trajeto delineado para a transição energética. Depois de um período em que os combustíveis se tornaram mais baratos, durante os anos de 2019 e 2020, devido à diminuição da procura durante a pandemia da COVID-19 e à rápida expansão da produção de energia a partir de fontes renováveis, os preços da eletricidade e do gás natural tiveram um forte crescimento ao longo do ano de 2021 e teme-se que esta tendência possa continuar durante o ano de 2022.

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Na origem do atual pico dos preços da energia parece ter estado o aumento da procura mundial de gás à medida que a recuperação económica pós-pandemia se tornava mais dinâmica, mas a instabilidade política derivada do conflito militar latente entre a Rússia e a Ucrânia e o impasse na entrada em operação do gasoduto Nord Stream 2 não têm permitido o aumento da oferta de gás natural por parte da Rússia, o que tem provocado o prolongamento desta alta de preços nos mercados energéticos europeu e mundial. Como os preços do gás natural são um fator determinante dos preços da eletricidade na maior parte dos países da União Europeia, o aumento de preços tem-se estendido à eletricidade, mas na origem do aumento dos preços da eletricidade estão também as condições meteorológicas sazonais que se têm verificado na Europa desde o verão passado, com reduzidos níveis de precipitação (seca generalizada) e pouco vento, que resultaram numa menor produção de energia a partir de fontes renováveis. Enquanto isso, a procura mundial de eletricidade deverá continuar a crescer em 2022, a um ritmo próximo da taxa de crescimento registada em 2021, que foi de 5%. Por outro lado, o preço europeu das emissões de dióxido de carbono duplicou em 2021, passando de 30 para 60€/ton de CO2, devido a uma maior procura das licenças de emissão, em virtude da aceleração da atividade económica após a pandemia e das expectativas criadas com a ambição da meta climáti-

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ca europeia para 2030. Entre janeiro e setembro de 2021, o aumento do preço das licenças de emissão de dióxido de carbono traduziu-se num aumento de cerca de 10 €/ MWh no custo da eletricidade produzida a partir do gás natural (eficiência de 50%) e num aumento de cerca de 25 €/MWh no custo da eletricidade produzida a partir do carvão (eficiência de 40%). O gás natural representa atualmente cerca de um quarto do consumo global de energia da UE, com 26% a ser utilizado no setor da produção de eletricidade e 23% na indústria, sendo o restante utilizado para aquecimento e arrefecimento. Nos últimos anos assistiu-se a uma substituição dos combustíveis pelo gás natural e pela energia a partir de fontes renováveis, enquanto a quota de energia nuclear se manteve em cerca de 25% do cabaz elétrico, mas a recente subida dos preços do gás inverteu esta dinâmica em prol do carvão em alguns Estados-Membros, apesar da queima de carvão gerar uma intensidade de CO2 mais elevada por MWh. Em contraciclo com este movimento de alguns países europeus com economias mais fortes, Portugal decidiu acelerar o encerramento das suas centrais térmicas a carvão. Consequentemente, os atuais preços elevados do gás natural e da eletricidade afetam a maioria dos Estados-Membros em diferentes graus. A ligação entre os preços grossistas e retalhistas varia em cada Estado-Membro e depende da regulação e estrutura dos preços retalhistas e do cabaz energético, mas os Estados-Membros com mais alternativas de produção de energia na base do diagrama de carga e em que a contratação a longo prazo é mais corrente (o que não é o caso de Portugal) têm registado uma cadência mais lenta no aumento dos preços.

F i g u r a 2 • Evolução dos preços da energia no mercado grossista da UE entre 2008 e 2021

F i g u r a 1 • O Gasoduto Nord Stream 2, detido pela GAZPROM, duplica a capacidade de transporte de gás natural entre a Rússia para a Alemanha, evitando a passagem pelo território da Ucrânia.

Energia

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No que respeita à indústria, o aumento dos preços do gás natural e da eletricidade tem importantes repercussões, sobretudo nas PME, podendo agravar os problemas de liquidez já existentes em muitas empresas. Este impacto faz-se sentir de forma desigual nos vários setores, com o súbito aumento dos preços a dificultar a produção nos setores industriais que a Comissão Europeia classifica como “energívoros”, como é o caso da indústria cerâmica, do vidro e da cristalaria, que está a viver um período de grande dificuldade com o aumento dos custos da eletricidade e do gás natural, que representam entre 30% e 40% dos custos de produção neste setor. As atuais expectativas do mercado de energia indicam que os acentuados aumentos de preços deverão ser temporários, prevendo-se que os preços grossistas do gás natural se mantenham elevados durante os meses de inverno e desçam a partir de abril de 2022. Mas parece ser certo que, no futuro, os preços continuarão a ser superiores à média dos últimos anos e as flutuações poderão persistir, uma vez que a oferta e a procura mundiais nem sempre se ajustam de forma harmoniosa, devido aos fatores geoestratégicos, tecnológicos e económicos, cujos efeitos são dificilmente previsíveis. Há três aspetos que a UE considera estratégicos para a Europa nesta matéria: a capacidade de armazenamento de gás natural, a melhoria e manutenção das infraestruturas e o aumento da resiliência do sistema energético europeu. As disposições em matéria de segurança do aprovisionamento e de preparação face aos riscos devem adaptar-se à transição para as energias limpas, mas a atual situação do mercado do gás natural mostra que o nível de armazenamento de gás continua a ser uma variável decisiva. Nem todos os Estados-Membros da UE dispõem de capacidade de armazenamento e de reservas estratégicas suficientes para utilizar em caso de emergência, pelo que uma abordagem europeia mais integrada do armazenamento de gás natural em todo o território da EU poderá atenuar a volatilidade dos preços. Que medidas teremos então de adotar para enfrentarmos este enorme desafio do aumento dos preços da energia sem comprometermos a possibilidade de alcançar as ambiciosas metas climáticas estabelecidas pela União Europeia? Em primeiro lugar, serão necessárias medidas de compensação e apoio direto aos utilizadores finais de energia em dificuldades, bem como garantias que evitem desconexões da rede energética ou permitam o diferi-

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F i g u r a 3 • Capacidade e nível de armazenamento de gás natural na União Europeia, onde se pode constatar que Portugal é o país com menor capacidade de armazenamento.

Energia

mento dos pagamentos. Há que reduzir as taxas de tributação sobre a energia e rever o financiamento dos regimes de apoio à energia produzida a partir de fontes renováveis, evitando pressões adicionais nos preços e défices tarifários excessivos. A curto prazo, poderá ser necessário conceder auxílios de Estado às indústrias mais “energívoras”, o que a Comissão Europeia já considerou estar dentro da margem de flexibilidade prevista no quadro jurídico aplicável aos auxílios estatais na União Europeia. Uma possibilidade a considerar para evitar uma excessiva dependência de fontes intermitentes seria a criação de um regime de apoio à produção de energia a partir de combustíveis fósseis com captura e sequestro do CO2 emitido. Alguns países estão a investir fortemente em centrais térmicas equipadas com este tipo de processos, cada vez mais eficientes e rentáveis. Está igualmente a ser equacionada, ao nível da União Europeia, a possibilidade de classificar o gás natural como uma fonte de energia especial na fase de transição energética. A reapreciação da classificação ambiental da energia nuclear, que tem emissões zero de dióxido de carbono, também está a ser ponderada em muitos países, face à mais recente evolução científica e tecnológica dos reatores nucleares. Os reatores nucleares têm muitas formas e tamanhos diferentes. A maioria é grande o suficiente para alimentar grandes cidades, com potências até aos 2 GW, mas estão a ser desenvolvidos pequenos reatores com potências entre 10 e 900 MW. Os reatores arrefecidos a água pesada (um tipo de água quimicamente distinto em que os átomos de hidrogénio são duas vezes mais pesados do que na água normal, pois são do isótopo deutério, que tem um neutrão).

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Energia

Ao utilizar água pesada, é possível usar urânio natural como combustível em vez do urânio enriquecido que é utilizado em reatores de água normal. Ultimamente, têm sido desenvolvidos pequenos reatores modulares, designados por SMR’s, que são um tipo diferente de reatores, muito seguros, que são adequados para áreas remotas e pequenas redes. Prevê-se que estes reatores tenham uma grande implantação a partir de 2030. Além disso, face à sua modularidade, os SMR’s podem ser fabricados e montados numa fábrica antes de serem enviados para o local a instalar. A maioria dos reatores nucleares atuais usa água para arrefecer o núcleo, mas há projetos de investigação e desenvolvimento em curso de reatores arrefecidos com metais líquidos, sais fundidos ou gases. O desenvolvimento destes reatores oferecerá uma energia nuclear mais eficiente e com novas aplicações. Os reatores de metais líquidos podem ser alimentados com resíduos nucleares reciclados (isto é, plutónio e actinídeos menores) e representam um passo em frente tecnológico, aumentando a quantidade de energia que podemos obter do combustível nuclear. Finalmente, temos a fusão nuclear em que dois átomos de hidrogénio se transforma num átomo de hélio, que é o processo que alimenta energeticamente as estrelas. A investigação sobre a fusão nuclear tem ocorrido desde a década de 1940. Tal como a fissão nuclear, a fusão é uma fonte de energia de baixo carbono, que não emite gases com efeito de estufa ou outros poluentes. É uma tecnologia extraordinariamente promissora, pois quando for dominada poderá resolver, de um só fôlego, os problemas energéticos da humanidade. O combustível seria praticamente inesgotável, pois uma banheira de água e o lítio da bateria de um telemóvel seriam suficientes para fornecer a eletricidade que um cidadão do século XXI necessitaria durante toda a sua vida. Contudo, embora já estejam em funcionamento diversos reatores de fusão nuclear experimentais em todo o mundo, é improvável que a primeira central de fusão nuclear comercial esteja operacional antes do ano 2050. Outra medida importante, que as próprias empresas deverão implementar é a aposta na eficiência energética (oxi-combustão, isolamentos com novos materiais, baterias térmicas, etc.) e a adaptação dos seus equipamentos a combustíveis alternativos, de origem renovável, que poderão ser produzidos recorrendo às novas tecnologias processuais baseadas nas reações químicas que combinam o hidrogénio, o dióxido de carbono e o metano.

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Nos mercados liberalizados da eletricidade, os players apresentam ofertas de compra e venda, reunindo-se numa base bilateral, no chamado mercado over-the-counter (OTC) ou numa plataforma de negociação, em que as encomendas são recolhidas num “livro” e um algoritmo estabelece a correspondência entre a oferta e a procura, definindo um preço de compensação para cada negócio. Há dois tipos de mecanismos principais: o comércio contínuo e o comércio baseado em leilões. Na Península Ibérica (MIBEL), o mercado baseia-se num sistema de leilão, que faz a correspondência entre a oferta e a procura num ponto fixo no tempo, com a determinação do preço pago a ser feita através do sistema pay-as-cleared, isto é, obtém-se o preço da oferta marginal, que é o preço mais alto em cada janela temporal. Assim sendo, uma das possibilidades para baixar o preço para os grandes utilizadores de energia, sobretudo os industriais, seria permitir-lhes o acesso a um ambiente de negociação contínua, em que uma oferta de compra recebida fosse imediatamente correspondida, se possível, com as ofertas de venda existentes. O comércio contínuo basear-se-ia, portanto, no princípio do primeiro a chegar e a regra de definição dos preços seria a do sistema pay-as-bid, isto é, obter-se-ia, em cada janela temporal, o preço efetivamente oferecido, mais baixo do que o preço marginal. Neste quadro, seria importante facilitar um acesso mais alargado a contratos de aquisição de energia e a instrumentos financeiros de redução dos riscos do mercado, estendendo-o às PME mediante a agregação da procura destas, com medidas de apoio à criação de parcerias e contratos-tipo. A este propósito, seria interessante que as empresas dos setores mais consumidoras de energia no contexto da indústria transformadora europeia, se associassem para enfrentar esta tempestade económica e assegurar a sua sobrevivência na atual conjuntura da transição energética, encontrando formas de cooperação empresarial como o Agrupamento Europeu de Interesse Económico, que permitissem estabelecer entre si relações duráveis, aumentassem a sua resiliência e ampliassem o seu campo de ação através da concretização de projetos de investigação e desenvolvimento, do lançamento no mercado de novos produtos ou serviços, da partilha de recursos, da definição de estratégias comuns para enfrentar a transição energética e digital e, sobretudo, da união de esforços com vista à aquisição de energia em condições ambientais e económicas mais favoráveis.

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Reindustrialização

PREPARE-SE. VEM AÍ A 5ª R E VOLU Ç ÃO “I N D U S T R I A L”

por Pe dro Mat i as , P r e s i d e nt e d o I S Q

Pedro Matias

É verdade. Parece que ainda estamos a meio da 4ª Revolução Industrial, mas vem aí a 5ª Revolução Industrial. O tempo hoje corre mais rápido do que nunca e os muitos anos que demoraram a passar da primeira Revolução Industrial para a segunda Revolução Industrial (praticamente 100 anos); e da segunda Revolução Industrial para a terceira (também quase 100 anos), já foram muito menos na passagem da terceira Revolução Industrial para a 4ª e por isso se percebe que os tempos de migração e de evolução de ciclos são hoje muito mais curtos.

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A Economia e a Sociedade andam hoje a uma velocidade vertiginosa e tudo aquilo que o #Digital trouxe à vida quotidiana de todos nós, ainda mais acelerou estes processos. Hoje, um telemóvel ou computador de última geração fica desatualizado em 18 meses. Uma viatura topo de gama fica desatualizada em 36 meses. Um avião de última geração fica desatualizado em 60 meses. Na era dos QR-Codes, do Blockchain, onde a Inteligência Artificial controla grande parte das nossas vidas e em que até a Arte e Cultura sucumbiram ao #Digital através dos NFT – Non Fungible Tokens, tudo acontece à velocidade de um click sobre fibra óptica. O Grupo Inditex, dono da marca Zara, apresentou esta semana a sua primeira coleção virtual de roupa no Metaverso onde qualquer pessoa se pode vestir e vestir também o seu avatar. Por isso sabemos que o 5G está na rua, mas já há milhares de empresas a trabalhar nas bases das futuras redes de última geração que são baseadas no 6G. As anteriores Revoluções Industriais basearam-se muito nos aspetos mecânicos e na evolução tecnológica. A 5ª Revolução Industrial assenta nos aspetos qualitativos e de lifestyle, ligados ao ambiente e à Cultura e a tudo aquilo que tem por detrás a aposta no desenvolvimento sustentável.

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Fonte: A Origem das Revoluções Industriais.

Reindustrialização

Ou seja, os fatores diferenciadores desta nova Revolução Industrial são a aposta que cada vez mais as pessoas e nomeadamente os jovens fazem na qualidade de vida e na primazia que dão à mesma. A aposta que os países e os Governos fazem quando apostam nas energias renováveis, na qualidade de vida dos seus povos, nas smart-cities, na economia circular e em políticas ativas ligadas aos vários eixos do desenvolvimento sustentável. Hoje, os jovens já não hesitam e querem viver a sua vida em pleno e fazer e desfrutar de tudo aquilo em que acreditam e querem “experienciar”. Por isso muito jovens recusam atualmente excelentes ofertas de emprego de multinacionais de referência para se dedicarem àquilo em que acreditam e querem fazer. O que há uns anos seria um emprego “perfeito” para toda a vida transformou-se hoje em algo que os jovens evitam. A 5ª Revolução Industrial é ditada assim pelo poder do indivíduo e por tudo aquilo que ele está disponível, ou não, para fazer. Por tudo aquilo em que ele acredita e nos sacrifícios, leia-se “fretes”, que já não está disponível para fazer. As empresas já não escolhem as pessoas. São as pessoas que escolhem as empresas. A 5ª Revolução Industrial é, sobretudo, uma “revolução cultural” no modo de estar na indústria. Não que uma vida diferente não tenha sacrifícios. Há sempre sacrifícios. Mas as novas gerações estão disponíveis para todos os sacrifícios desde que acredi-

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tem verdadeiramente neles e estejam de acordo com os valores que defendem e querem viver. Por isso, hoje em dia, um grupo de jovens saídos da Universidade prefere por exemplo abrir a sua Startup e lutar por ela sem tréguas do que aceitar um “honroso” emprego numa qualquer multinacional. O “American Dream” transformou-se no “Unicorn Dream”... Num mundo moderno e sofisticado e onde se busca cada vez mais o lifestyle e a qualidade de vida, os Jovens preferem gerir a sua agenda na base de vários interesses. Podem começar o dia a fazer compras de produtos tradicionais e biológicos num mercado local; fazer surf ou jogar golf cedo durante a manhã; trabalhar toda a tarde num espaço empresarial de referência que esteja enquadrado pelas preocupações de desenvolvimento sustentável; fazer jogging ou jogar paddel ao final do dia, e ainda jantar com a família ou com clientes em espaços de referência. O Sol, o clima, a gastronomia, o desporto e a cultura são ativos altamente valorizados. Por outro lado, procuram países que lhes dêem esta possibilidade e em que seja possível conjugar os vários aspetos deste novo lifestyle. Preferem a incerteza na base da “experiência”, à “certeza” na base da monotonia. Por isso a 5ª Revolução Industrial baseia-se precisamente nestes aspetos: países e Governos que combatem verdadeiramente as alterações climáticas; países e Governos que apostam e desenvolvem políticas ativas ligadas ao desenvolvimento sustentável e países e Governos que dão atenção primordial à qualidade de vida e dão mais atenção ao “Produto Interno de Felicidade” do que ao “Produto Interno Bruto”. As empresas e o Mundo empresarial estão a seguir este caminho e já perceberam que têm atualmente colaboradores mais exigentes sobre estas dimensões. A 5ª Revolução Industrial é baseada não na robotização ou na automatização, mas sim na humanização e na inteligência emocional. Na 5ª Revolução Industrial o individuo e as suas realizações são o centro e por isso quem não compreender isso dificilmente terá sucesso e conseguirá integrar os melhores nas suas equipas.

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Secção Jurídica

DO SEGREDO COMERCIAL AO REGISTO DE PATENTE

por Fi lo me n a Gi r ã o e Ma r t a Fr i a s B o r g e s, FAF Advo ga do s

Num mercado de livre concorrência as empresas procuram, diariamente, distinguir-se dos seus concorrentes, apostando na diferenciação dos seus produtos através da introdução de produtos inovadores no mercado ou através da inovação das suas técnicas de produção. Este esforço empresarial de inovação, tecnológica e científica, que a todos, enquanto comunidade beneficia, importa, porém, um investimento para as empresas e, consequentemente, gera activos que se impõe proteger, de molde a que não venham a ser utilizados pelas concorrentes no dia imediatamente seguinte, inviabilizando o retorno financeiro daquele investimento empresarial. A generalidade das empresas tende a proteger os activos de inovação técnica – quer se traduzam num produto novo ou num novo processo de fabrico – através da preservação do segredo comercial. Todavia, a preservação do segredo comercial pressupõe que a empresa, sua titular, defina estratégias de protecção, monitorizando continuamente o nível de segurança da sua informação e contornando os riscos de eventuais fugas de dados, tecnológicos e comerciais. Trata-se, pois, de um nível de protecção sem sujeição a nenhum procedimento administrativo e sem pagamento de taxas de registo junto de qualquer entidade que, naturalmente, se consubstancia como uma tutela relativamente precária quando comparada com aquela que o registo de patente garante. Usualmente, qualquer registo de patente confere ao seu titular um verdadeiro direito de, em exclusivo, explorar a invenção em qualquer parte do território português durante um prazo de 20 anos contados da data do respectivo pedido, quer se trate de um produto novo, um processo novo de obtenção de um produto já

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conhecido (v.g., um novo método de fabrico) ou uma nova utilização de um produto já conhecido. A protecção conferida pelo registo de patente confere, pois, ao seu titular o direito de reagir judicialmente contra qualquer utilização da sua invenção por um terceiro sem autorização para tal, para que a empresa não tenha de se preocupar com a protecção de segredo comercial e com os riscos que são inerentes a eventuais violações daquele. O procedimento para qualquer registo de patente é mais fácil do que parece. O registo depende de requerimento apresentado junto do Instituto Nacional de Propriedade Industrial, acompanhado dos documentos mencionados no artigo 62.º, n.º 1, do Código de Propriedade Industrial: (i) reivindicações do que é considerado novo e que caracterize a invenção; (ii) descrição do objecto da invenção; (iii) desenhos necessários à perfeita compreensão da descrição e (iv) resumo da invenção. Após a publicação do pedido no Boletim de Propriedade Industrial, corrido o prazo para eventuais reclamações por parte de terceiros, e efectuada a análise por parte do Instituto Nacional de Propriedade Industrial, será concedido o registo de patente e,

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Secção Jurídica

consequentemente, o direito da exclusiva utilização do invento/invenção, garantindo o retorno ao seu titular através da sua exploração económica. Importa, pois, que as empresas portuguesas se consciencializem das vantagens deste direito privativo industrial, aproveitando todas as suas potencialidades, para que, por via dele, se destaquem das suas concorrentes e afirmem a sua diferenciação num mercado

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global cada vez mais competitivo. Novos tempos, novas circunstâncias exigem, muitas vezes, novas formas de trabalhar. Não obstante a sua simplicidade, qualquer procedimento de registo de patente pode (e deve) ser acompanhado por advogado com conhecimento e prática na área, por forma a garantir a sua celeridade e adequação.

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Reindustrialização

A NOVA INDÚSTRIA QUE INTERESSA CRIAR: MAIS DIGITAL, MAIS ÁGIL E INOVADORAMENTE VERDE

por João Pe dro Se r r a n o , V i ce-P r e s i d e nt e d o The L isb o n M B A A lum ni A s s o ci a t i o n

Com um expectável regresso à normalidade económica pós-restrições, a re-industrialização de Portugal e o Plano de Recuperação e Resiliência voltarão a ser temas centrais da sociedade no horizonte próximo. É preciso fazer as apostas certas uma vez que este investimento marcará o nível de sucesso da nossa indústria e do próprio país na próxima geração. Os desafios que temos pela frente não são os mesmos de há uma década ou sequer de há 2 anos atrás. À aceleração da digitalização somam-se várias mudanças de ordem económica e social que importa incorporar no modelo de negócio e nos posicionamentos na cadeia de valor.

Temos que decidir que tipo de indústria pretendemos (re)criar, para quem e com que recursos humanos e materiais. Se queremos fomentar uma indústria com alto valor acrescentado temos que rentabilizar os padrões e mecanismos de consumo que estão a mudar, tirar o melhor da força de trabalho em evolução e ter uma parte activa naquelas que serão as prioridade de investimento à escala global da próxima década. Neste sentido, podemos sumarizar as novas competências que esta re-industrialização tem que acrescentar em 3 pilares: Agilidade, Sustentabilidade e Digitalização.

João Pedro Serrano

Digitalização para o cliente É de conhecimento geral que o COVID acelerou o comércio digital. A Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e Desenvolvimento estima que em 2020 o peso do retalho online subiu de 16 para 19% a nível mundial. Em 2020 o comércio online na Europa subiu 10% atingindo os 757 mil milhões de euros, apesar de perdas tremendas na área dos serviços (turismo e espectáculos). Menos conhecido é que esta tendência verificou-se não só nas compras do consumidor final (Business-to-Consumer) mas também no comércio empresarial (Business-to-Business) e veio para ficar. Um relatório da McKinsey aponta para 75% das empresas preferirem manter a capacidade de comprar online e reunir remotamente e aponta para apenas 20% dos negócios apontarem para um regresso comercial completamente presencial, mesmo incluindo em negócios tradicionalmente muito pessoais. Ainda que estes números reflitam tendências ainda não predominantes em Portugal, refletem realidades dos nossos parceiros de negócio quer na Europa quer nos outros continentes incluindo nas economias emergentes de África e Ásia, e que inevitavelmente

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Reindustrialização

chegarão cá. O factor geracional também é importante: presentemente a nível global já cerca de 50% das compras B2B (entre empresas) são feitas por millenials (geração nascida nos anos 80 e 90), um número que duplicou em relação a 2012. A presença digital desta geração também se vai reflectir na maneira de fazer negócios. A conclusão é simples: para operar mais alto na cadeia de valor a presença comercial digital será cada vez mais importante e as empresas terão de apostar forte nesta área. E construir competências para o fazerem de forma contínua, pois avizinham-se nos próximos anos a entrada de novas tecnologias – como a realidade virtual - que continuarão a evoluir a experiência digital. Digitalização interna A digitalização para o consumidor terá que ser acompanhada pela correspondente evolução empresarial. Antes de mais uma boa presença online permite capturar um conjunto vasto de informação sobre os

clientes que deve ser explorada. Estamos na era do big data e será cada vez mais raro uma empresa – opere ela em que sector operar – posicionar-se com alto valor no mercado senão tiver melhor informação sobre os padrões de consumo dos seus clientes do que as suas concorrentes. Se o comércio começa a ser mais online e menos presencial esta informação vem complementar o que o vendedor perdeu nas relações pessoais mais reduzidas. Atenção que a componente humana do negócio não desapareceu e os próprios dados precisam de contexto dado por quem o conhece. É preciso alguém com experiência para perceber porque é que os clientes de um determinado local procuram determinados produtos em conjunto e outros não, ou porque em determinadas alturas do ano uma linha específica tem mais procura. Estas relações regularmente capturadas e de forma sistematizada são uma importantíssima ferramenta de vendas. Outra vertente fundamental da digitalização é a relação com a força de trabalho. Tradicionalmente na indústria todo o trabalho é presencial. Mas o COVID mudou muitos sectores da economia, e a nova indústria de alto valor acrescentado tem muito mais parecenças com esta realidade do que a anterior. Produtos de alto valor implicam diferenciação, customização e altos valores de qualidade, que só são possíveis com empregados qualificados, e cujo trabalho é quase sempre feito em plataformas digitais. A luta por este talento só vai acelerar com introdução de tecnologias como o 5G – que permite uma interacção digital real com um processo industrial em qualquer sítio remoto – e será global: será tanto possível uma Indústria Portuguesa contar com mão-de-obra específica e qualificada de outros continentes, como perder um trabalhador essencial contratado para fazer a maioria do seu trabalho remotamente. Também aqui a conclusão é simples: ou a re-industrialização é desenhada nos seus processos para tirar o melhor do digital na gestão da empresa ou dificilmente se poderá posicionar no alto valor acrescentado. Agilidade Se a transição digital cria em enorme leque de oportunidades também cria riscos. Por um lado será mais fácil e barato para as empresas portuguesas venderem em mercados com os quais hoje não têm relação mas também será igualmente mais fácil e barato concorrentes externos entrarem nos nossos mercados.

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Reindustrialização

Isto resulta não só da presença de venda digital, mas da própria standardização dos cadernos de encargos e requisitos técnicos em plataformas digitais. Será mais fácil uma empresa na Argélia (ou em qualquer outro lado) colocar uma encomenda para uma obra em Portugal e vice-versa. O sucesso da nova indústria num mercado cada vais mais global e instantâneo está numa capacidade de resposta ágil e flexível. Uma amostra inicial desta tendência verificou-se com a recente crise logística: muitas empresas face a constrangimentos graves nas suas cadeias de fornecedores criaram relações com novas empresas que foram capazes de dar a resposta mais imediata, muitas vezes com transacções feitas à distância e com muito menor componente de relação pessoal. Vários desses novos fornecedores tiveram sucesso porque adaptaram rapidamente as suas cadeias de produção para as novas necessidades. Em tantos casos esse novo parceiro comercial foi descoberto numa campanha digital. Vários problemas da logística não serão resolvidos no curto prazo e este tipo de decisões de compra veio para ficar. Mais do que isso, estas tendências irão acelerar quando, por exemplo, houver soluções de realidade virtual que permitam observar em detalhe componentes do processo industrial remotamente. Ou soluções de integração de linhas de produção remotas mais comuns e baratas. Uma nova indústria para criar alto valor tem de ser capaz de criar produtos customizados de forma standard, de forma mais rápida e para mais mercados. Sustentabilidade Um tema inevitável do nosso futuro é a transformação para uma indústria mais sustentável e a economia circular. O acesso a fundos comunitários dependerá cada vez mais de investimentos verdes, tal como a atenção de investidores e a procura de clientes. Em clientes industriais a pressão irá ser repercutida ao longo de toda a cadeia de produção. Em regra esta necessidade é abordada na perspectiva de redução de consumo de energia e de desperdícios. No entanto há algo de muito maior que deve centrar a nossa atenção neste campo: a adaptação a novos materiais. Vários dos produtos e técnicas usadas na economia actual são insustentáveis e terão que ser substituídos. A fundação Bill & Melinda Gates estima que 31% de todo o corte de emissões necessário para evitar um desastre climático tem de acontecer na produção industrial (não incluindo a produção de energia), especialmente na produção

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de cimento e aço. Isto já se repercute no enorme investimento feito por público e privados – incluindo os maiores fundos de investimento à escala mundial – em novos materiais e técnicas de construção. Reflexo disso mesmo têm sido os vários prémios Nobel que nos último anos têm premiado a investigação na área de novos materiais e onde a Portuguesa Elvira Fortunato tem sido apontada como candidata pelo seu trabalho pioneiro em semi-condutores de papel. Que ninguém tenha dúvidas: nas próximas décadas os materiais usados na construção e na indústria vão mudar substancialmente. Seja por pressão de reguladores, seja simplesmente como resultado dos enormes investimentos que começam a ser feitos hoje. Em conclusão, os investimentos de re-industrialização do país ocorrem numa altura de transformação industrial que marcará as próximas décadas. A nova indústria será fortemente digital, muito mais ágil e pensada para ser mais sustentável. Todos estes factores aportam enormes oportunidades de riqueza, pois cruzam tanto uma crescente procura e mercado como o foco do investimento global. Mas de igual modo aportam um enorme risco para quem não for ágil e ficar para trás. Para ganharmos o nosso futuro é preciso que os investimentos na próxima década não sejam para recriar uma indústria como existe ou existiu, mas para lançar uma nova indústria como vai existir.

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Cibersegurança

ISQ VAI INTEGRAR INICIATIVA EUROPEIA PARA A CIBERSEGURANÇA NA INDÚSTRIA – ENCRYPT 4.0

Os riscos de cibersegurança na indústria e na manufatura são cada vez mais complexos e com tendência para crescer, o que torna urgente equipar as PME com as ferramentas adequadas ao ambiente dinâmico da indústria 4.0. Os ciberataques estão entre os cinco principais riscos globais, tornando-se no novo padrão em setores como energia, saúde e transportes. 60% das PME que sofrem um ataque cibernético acabam por perder o seu negócio no prazo de seis meses. O ISQ vai integrar o Projeto Europeu Erasmus+ Encrypt 4.0, uma iniciativa conjunta de criação de uma task-force para a cibersegurança na Indústria Europeia, onde lidera o desenvolvimento da Matriz de Risco de cibersegurança para empresas no setor da manufatura, no âmbito da Indústria 4.0. “Esta matriz permitirá uma visão geral sistemática do cenário de risco de cibersegurança e a criação de perfis de risco precisos, em tempo real, de forma a possibilitar a adoção de medidas preventivas e a estabelecer medidas corretivas, em fábricas inteligentes. O ISQ irá ainda desenvolver laboratórios de capacitação online em cibersegurança bem como uma ferramenta de acervo documental com casos reais de ciberataques que será alimentada e comentada em regime aberto”, explica Pedro Matias, presidente do Grupo ISQ. Os ciberataques estão entre os cinco principais riscos globais, segundo o Fórum Económico Mundial. A Cybersecurity Ventures, empresa líder mundial em cibereconomia global prevê que, globalmente, os impactos relacionados com o cibercrime em 2021 serão maiores do que todos os desastres naturais no período de um ano. Neste contexto, os ataques cibernéticos em infraestruturas críticas são classificados como o quinto maior risco em 2020 pela rede de especialistas do Fórum Económico Mundial e tornaram-se o novo padrão em

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setores como energia, saúde e transporte. No entanto, a manufatura está a sofrer ataques cibernéticos crescentes. O cibercrime organizado está em ascensão com a sofisticação cada vez maior das ferramentas da darkweb que torna os seus serviços mais baratos e facilmente acessíveis. “Mas a capacidade de defesa das PME é geralmente mais fraca em comparação com as grandes empresas e os números sugerem que apenas 14% das PME afetadas recuperam sem assistência externa”, complementa Pedro Matias. A National Cyber Security Alliance mostra, por exemplo, que 60% das PME que sofrem um ataque cibernético perdem os seus negócios em 6 meses e que estão muito mais vulneráveis devido à conectividade em sistemas de Tecnologias de Informação (TI) e Tecnologias Operacionais (TO), fruto da digitalização da Indústria. As empresas de manufatura, na tentativa de manter uma vantagem competitiva ao se adaptarem às práticas da Indústria 4.0, investem esporadicamente em sistemas de controlo e consultores externos, mas carecem de uma abordagem integrada para a gestão de risco cibernético. Estes esforços falham quando se tenta enfrentar com eficácia as ameaças de cibersegurança em rápida evolução, porque a maioria dos sistemas de ma-

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Cibersegurança

nufatura foi tradicionalmente desenvolvido para focar na segurança dos trabalhadores e no alto desempenho e não na cibersegurança. Historicamente as empresas estavam preocupadas principalmente em proteger o seu ambiente de TO muitas vezes negligenciando a segurança de TI. Neste contexto, Andreia Morgado, gestora do projeto, explica que “a Matriz de Risco de Cibersegurança irá delinear indicadores-chave de risco que serão

facilmente aplicados a dados em tempo real. A matriz permitirá às empresas não só desenhar uma estratégia de cibersegurança a longo prazo, mas também realizar rapidamente relatórios diários que mostrarão os níveis reais de risco para os processos num determinado momento. Isto é da máxima importância no ambiente de manufatura, uma vez que mantém a produção em funcionamento o que, caso contrário, representaria um impacto irreparável com enormes prejuízos financeiros”.

SOBRE O ISQ O ISQ é uma entidade privada, independente, que entrega valor através de soluções integradas e inovadoras de serviços de engenharia, inspeção, ensaios, testes e capacitação. Presente em 14 países e com 7 escritórios em Portugal, o ISQ apoia os seus clientes na redução do risco, melhoria do desempenho operacional e aumento de competitividade. A atividade desenvolvida é suportada por uma rede de Empresas do Grupo, um conjunto de Laboratórios Acreditados e equipas multidisciplinares que ajudam os clientes a alinhar os seus objetivos de negócio com a regulamentação e normas aplicáveis e no cumprimento das suas metas nas áreas da qualidade, segurança, gestão de ativos e responsabilidade ambiental e social. Indústria, Tecnologia e Inovação são as premissas que pautam o trabalho desenvolvido pelo ISQ, que contabiliza já mais de 500 projetos internacionais de Inovação e mais de 17.000 cursos de formação profissional. O ISQ dá suporte ao desenvolvimento e inovação na indústria a uma escala global, com soluções de serviços para os setores de Oil & Gas, Energia, Aeronáutica e Aeroespacial, Indústria de Processo, Saúde, Mobilidade e Smart Cities, Transportes e Infraestruturas e Agroindústria.

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Mercados

EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS CERÂMICOS ALCANÇARAM MÁXIMO HISTÓRICO EM 2021

Figura 1 – Evolução das exportações portuguesas de produtos cerâmicos Fonte: INE, Estatísticas do Comércio Internacional de Bens (dados definitivos de 2000 a 2020 e preliminares de 2021)

De acordo com os dados preliminares divulgados pelo INE em 09/02/2022, o valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos ascendeu a 812.337.550 euros no ano de 2021, o que representa uma variação de 22,8% face ao período homólogo anterior (ano de 2020). Trata-se do valor mais elevado de que há registo, ultrapassando o anterior máximo que tinha sido atingido no ano de 2018 (figura 1) e surge numa altura em que ainda subsistem alguns condicionalismos e restrições associados à pandemia da Covid-19, cujos efeitos negativos se fizeram sentir de forma mais intensa durante o ano de 2020, nomeadamente nos meses de abril e maio. Para efeitos comparativos, refira-se que o total das exportações nacionais de bens registou no ano de 2021 uma variação de 18,1% em relação ao ano de 2020. Os pavimentos e revestimentos cerâmicos foram os produtos que mais contribuíram para as nossas exportações de cerâmica em 2021 (30,6% do valor total), seguindo-se a cerâmica de mesa e uso doméstico em faiança, grés e barro comum (29,4%), a louça sanitária (18,3%), a cerâmica ornamental (9,5%), a cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana (6,1%), as telhas cerâmicas (1,7%) e outros produtos cerâmicos (4,4%), conforme figura 2.

Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos (€) 900 000 000 800 000 000 700 000 000 600 000 000 500 000 000 400 000 000 300 000 000 200 000 000 100 000 000 0

p.22 . Kéramica . Mercados

Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2021 Por Produtos (em % do valor total) 2% 18%

4%

Pavimentos e Revestimentos 31%

Cerâmica de Mesa em Faiança e Grés C â i d Cerâmica de M Mesa em Porcelana Cerâmica Ornamental Louça Sanitária

10%

Telhas Cerâmicas 6%

Outros 29%

No seu conjunto, a cerâmica utilitária e decorativa representou 45,0% do valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos em 2021. O comportamento positivo das nossas exportações de cerâmica em 2021 relativamente a 2020 traduz um crescimento em todos os principais produtos, que variou entre os 14,5%, no caso dos pavimentos e revestimentos cerâmicos, 17,4% nas telhas cerâmicas, 24,2% na cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana, 25,3% na cerâmica de mesa e uso doméstico em grés, faiança e barro comum, 25,7% nas estatuetas e outros objetos de ornamentação e 28,5% na louça sanitária. No ano de 2021 as nossas exportações de produtos cerâmicos chegaram a 158 mercados internacionais. Em termos de áreas de destino, 64,4% do valor total exportado teve como destino o mercado intracomunitário e 35,6% foi transacionado no mercado extracomunitário. Para o conjunto de produtos cerâmicos, a França foi o nosso principal mercado de destino, seguindo-se a Espanha, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido (figura 3).

Janeiro . Fevereiro . 2022

Figura 2 – Exportações de Produtos Cerâmicos em 2021 Fonte: INE, Estatísticas do Comércio Internacional de Bens (dados definitivos de 2000 a 2020 e preliminares de 2021)

p o r An t ó n i o Ol i v e i r a , E co n omi sta da A PICE R


Janeiro . Fevereiro . 2022

20%

18%

França Espanha Estados Unidos

% 2% 2%

Al Alemanha h Reino Unido

3%

Países Baixos

15%

Itália

4%

Suécia Bélgica 7%

Canadá Outros

11%

9%

9%

Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2021 Por NUTS (em % do valor total) 10%

11%

Norte Região de Aveiro

11%

Região de Coimbra Região de Leiria Oeste

19%

Outros e não especificados

45% 4%

Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos em 2021 Por Meio de Transporte (em % do valor total) 1%

3%

Transporte marítimo 35%

Transporte rodoviário Transporte aéreo

61%

Outros e não aplicável

seguido do transporte marítimo (35,3%), transporte aéreo (0,6%) e outros e não aplicável (2,8%).

Mercados . Kéramica . p.23

Figura 4 – Exportações de Produtos Cerâmicos em 2021, por localização geográfica (NUTS 2013) Fonte: INE, Estatísticas do Comércio Internacional de Bens

Produtos Cerâmicos

Mercados de Exportação de Portugal em 2021

Figura 5 – Exportações de Produtos Cerâmicos em 2021, por meio de transporte Fonte: INE, Estatísticas do Comércio Internacional de Bens

No que diz respeito aos dez principais mercados de destino das nossas exportações de cerâmica em 2021, e estabelecendo a comparação com o ano de 2020, é de referir que os mercados da Espanha, Reino Unido, Canadá e outros, ganharam importância relativa, em detrimento dos mercados de França, Alemanha e Itália. O saldo da nossa balança comercial de produtos cerâmicos no ano de 2021 alcançou os 588.856.348 euros e a taxa de cobertura das importações pelas exportações ascendeu a 363,5% (a taxa de cobertura média para o conjunto de bens foi de 76,9%). De entre os 99 capítulos que correspondem à NC (nomenclatura combinada), os produtos cerâmicos (capítulo 69) atingiram em 2021 o 4.º melhor desempenho no que diz respeito à taxa de cobertura das importações pelas exportações (a seguir aos minérios, pastas de madeira e cortiça) e o 10.º melhor desempenho em termos do saldo de comércio internacional (a seguir ao vestuário e acessórios de malha, calçado, cortiça, papel e cartão, bebidas e líquidos alcoólicos, pastas de madeira, móveis e mobiliário, minérios e obras de ferro fundido). As regiões de Portugal onde existe uma maior concentração na produção de cerâmica e que mais contribuíram para as nossas exportações de cerâmica no ano de 2021, foram o Centro (83,2%) e o Norte (11,0%). De acordo com a abrangência geográfica correspondente às NUTS-2013, a Região de Aveiro foi responsável por 45,2% do valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos no conjunto do ano de 2021, seguindo-se a Região de Leiria (19,2%), Norte (11,0%), Oeste (10,7%), Região de Coimbra (4,4%) e outros (figura 4). A importância relativa das exportações de produtos cerâmicos no contexto das exportações nacionais de bens é diferenciada em termos regionais. A nível nacional, as exportações de cerâmica representaram 1,28% das exportações totais de bens em 2021. Na Região de Leiria representaram 8,08%, na Região de Aveiro 8,05% e no Oeste 6,42%. Os municípios que mais contribuíram para as exportações portuguesas de cerâmica em 2021 foram Ílhavo, Leiria, Anadia, Aveiro, Oliveira do Bairro, Alcobaça, Porto de Mós, Vagos, Santa Maria da Feira, Barcelos, Batalha, Águeda e Alenquer. No seu conjunto, estes 13 municípios representaram 79,2% do valor total das exportações de cerâmica em 2021. Tendo em consideração o meio de transporte utilizado nas nossas exportações de cerâmica em 2021 (figura 5), predominou o transporte rodoviário (61,3%),

Figura 3 – Exportações de Produtos Cerâmicos em 2021, por mercados de destino Fonte: INE, Estatísticas do Comércio Internacional de Bens

Mercados


Formação

A ENGENHARIA E GESTÃO INDUSTRIAL DA UMINHO COMO PARCEIRA DAS EMPRESAS PORTUGUESAS NA SUA REINDUSTRIALIZAÇÃO p o r Pa u l o S a m p a i o , D i r e ct or dos Cursos de Li ce nci a t u ra e d e Me s t ra d o e m En g e n h ar i a e G e s t ã o Ind u s t r i a l d a Uni v e rsi dade do Mi n h o

Paulo Sampaio

A pandemia causada pela covid-19 acelerou a discussão sobre a reindustrialização da Europa relativamente a outros grandes mercados, como o chinês e o americano. Vivemos um momento de oportunidade, o qual devemos aproveitar como país. Fruto da pandemia, muitas empresas tiveram de se adaptar e reagir às novas necessidades e realidades do mercado – tiveram de se reinventar – tendo para isso sido determinante a sua capacidade de serem ágeis – uma empresa ágil é aquela empresa que reage e se adapta rapidamente e eficientemente às mudanças que ocorrem no mercado. Além da pandemia, as empresas Portuguesas têm outro desafio

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pela frente, o qual deverá ser aproveitado como um mecanismo para apoiar a sua reindustrialização, diria mesmo uma oportunidade de “ouro” associada aos fundos do PRR, a qual não poderá, de todo, ser desperdiçada. Sem uma indústria dinâmica, de ponta, a economia de um país perde a sua capacidade de inovação e não consegue criar empregos qualificados, nem superar os choques, quaisquer que eles sejam e qualquer que seja o momento em que os mesmos aconteçam. Os problemas que vivemos em termos de escassez de matérias-primas ao longo das cadeias de abastecimento e a dependência de mercados externos não Europeus, faz com que a reindustrailização da Europa tenha de ser uma prioridade na estratégia Europeia e de cada um dos Estados-Membros. É imperioso que Portugal se coloque no “pelotão” da frente na reindustrialização da Europa, e que a mesma aconteça no nosso país nos sectores mais tradicionais como a indústria têxtil, o calçado, a construção, a agricultura, o metalomecânico, entre outros, como nas outras indústrias tecnologicamente de ponta, como a automóvel, a electrónica, a aviação, etc. Portugal já há muitos anos que deixou de ser um país de produção apenas, para passar a ser também um país onde se instalam e localizam centros de investigação e

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Formação

Imagem: Freepik.com

engenharia de grandes empresas multinacionais, permitindo-nos isso aumentar a nossa capacidade de conhecimento, de desenvolvimento e de inovação e difundir a nossa marca – o “Made in Portugal” – contribuindo para a afirmação de Portugal na Europa e no Mundo. Nem só de empresas se faz a reindustrialização. As Universidades têm um papel determinante na reindustrialização das empresas Portuguesas, devido à sua natureza como centros de saber, de inovação e de produção de conhecimento, a qual é fundamental para o sucesso da estratégia. É obrigatório que as Universidades sejam parceiros das empresas no seu processo de reindustrialização. Desde a sua génese que a Universidade do Minho assegura e promove a ligação ao tecido em-

Janeiro . Fevereiro . 2022

presarial, sendo isso testemunhado pelo número significativo de projectos de investigação, desenvolvimento e inovação (IDI) que são desenvolvidos em co-promoção com empresas, quer da região Norte quer de outras regiões do país, quer mesmo com empresas estrangeiras. No seu papel de centros de conhecimento, as Universidades são fundamentais para capacitar os profissionais das competências e aptidões certas e necessárias para a reindustrialização de Portugal, sendo que os graduados em Engenharia e Gestão Industrial da Universidade do Minho terão, sem dúvida, uma palavra determinante a dizer neste processo. Os cursos de Engenharia e Gestão Industrial da Escola de Engenharia da UMinho, de mestrado e de licenciatura, caracterizam-se pela sua transversalidade – não no sentido em que os seus graduados sabem fazer de tudo um pouco, mas sim na perspectiva de que o seu percurso académico permite que venham a desempenhar funções no mais variado tipo de empresas e organizações, independentemente do seu sector de actividade. A ligação, colaboração e integração dos graduados em EGI@UMinho nas empresas começa mesmo durante o seu percurso académico através da realização de projectos, quer com os chamados “Projectos Integrados em Engenharia e Gestão Industrial” que decorrem nos diferentes anos do curso de licenciatura e de mestrado, quer através de projectos específicos desenvolvidos no âmbito de unidades curriculares. Os graduados em Engenharia e Gestão Industrial da Universidade do Minho saem da Universidade com as competências técnicas e científicas que lhes permitem aplicar os métodos de engenharia e os princípios científicos de gestão aos sistemas produtivos e de bens e serviços, visando conseguir a mais eficaz e eficiente integração e coordenação dos processos da empresa, utilizando os diferentes tipos de recursos humanos, materiais, técnicos, económicos e informacionais, e com as competências transversais e sociais necessárias para gerirem e trabalharem em equipas, para comunicarem eficazmente e para liderarem. A reindustrialização das empresas não é só uma questão de tecnologia, mas também de pessoas, as quais são fundamentais para o sucesso da estratégia definida. A reindustrialização da Europa e de Portugal é uma realidade incontornável. Cabe a cada um de nós decidir se quer embarcar nessa “viagem” e dessa forma contribuir para um Portugal melhor. Os Engenheiros e Gestores Industriais da UMinho “compraram bilhete” e embarcaram na “viajem” que vai mudar as empresas de Portugal!

Formação . Kéramica . p.25


Arquitetura

PEDRO CARRILHO, ARQUITECTOS

p o r Ru t e G a r ci a , Arq ui t e t a

p.26 . Kéramica . Arquitetura

No percurso profissional do atelier, temos consolidado parcerias com fornecedores nacionais na área da cerâmica e azulejaria, que têm possibilitado uma colaboração próxima na escolha de peças, no design de objetos, ou no ensaio de novos conceitos. PROJECTOS EM DESTAQUE Este ano de 2022 iniciou-se com a nomeação do edifício Campo Mártires da Pátria 103, para ‘Building of the Year 2022’ no Archdaily – um dos sites mais relevantes, a nível internacional, na divulgação de arquitetura. Neste projeto de reabilitação apostámos na azulejaria tradicional através da reinterpretação dos revestimentos exteriores da fachada principal, em colaboração com a histórica fábrica ‘Viúva Lamego’. Por ser uma oportunidade de evidenciar o nosso interesse pela cerâmica nacional, entendemos que este projeto disporia de enquadramento urbano face à praça e às edificações adjacentes. Redesenhando o alçado principal em termos arquitetónicos, sem desvirtuar as refe-

Átrio principal do Campo Mártires da Pátria 103 Fotógrafo Francisco Nogueira

PEDRO CARRILHO - ARQUITECTOS é um Atelier de arquitetura e urbanismo fundado em 2009 pelo arquiteto Pedro Carrilho, com uma equipa de 5 arquitetos – Luís Rodrigues, Rute Garcia, Mariana Tavares, Joana Vieira e Céline Lopes. Através de uma abordagem criativa aliada a uma atenção ao detalhe, temo-nos consolidado na área da reabilitação com destaque nacional para diversos edifícios lisboetas já reabilitados e outros em curso. Atualmente, contamos com duas candidaturas ao Prémio Nacional de Reabilitação Urbana, na área residencial, com os projetos Campo Mártires da Pátria 103 e Amoreiras 43, ambos em Lisboa. Com um portfólio abrangente e diversificado, evidenciamo-nos em 5 áreas de intervenção, com quase 70 projetos de vários clientes institucionais e privados, em várias áreas geográficas do nosso país. Neste sentido, destacamos os projetos de habitação na rua da Prata 249, na rua Morais Soares 157, na Av. Ressano Garcia 19, e projetos de equipamentos como os Escritórios RFF & Associados ou a Escola Básica dos Arneiros. Todos estes exemplos denotam uma prática projetual baseada num princípio ‘taylor made’, com apoio e diálogo constantes com os clientes, acompanhamento e aconselhamento nas diversas fases do projeto. Como exemplo deste processo, fazemos referência à definição de materialidades e seleção de acabamentos que irão diferenciar cada obra e valorizar cada intervenção. Neste contexto, as peças de cerâmica ou painéis de azulejaria, de origem nacional, têm-se enquadrado em diversos dos nossos ambientes, em que procuramos um diálogo entre tradicional e contemporaneidade. Quer seja nas fachadas, nas zonas de circulação ou em espaços interiores, este material tem-se revelado bastante eclético incorporando tons, texturas ou padrões na arquitetura da Pedro Carrilho - Arquitectos.

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Fachada principal do Combro 35

Painel decorativo do Amoreiras 43 Fotógrafo Francisco Nogueira

Arquitetura

rências de outrora, optou-se pela combinação de peças cerâmicas de 15x15, num padrão regular e em tons pérola, que conferiu uma distinção muito subtil à fachada. Esta linha de ideia projetual, de abordagem contemporânea com referência à época original da edificação, é evidente também em apontamentos de destaque em diversos espaços interiores que se tornam percetíveis ao explorar o edifício. A nota de diálogo com a pré-existência é sublinhada pela recuperação e detalhamento do átrio principal, em que se criou um painel artístico e decorativo com um jogo de relevos, em azulejaria de cor branca, para destacar um dos paramentos da zona de passagem. De realçar que neste processo de especificação de materialidades e acabamentos, trabalhou-se em conjunto com a fábrica de azulejaria tradicional portuguesa ‘Viúva Lamego’, em que se desenvolveu padrões, tons e texturas através de ensaios de combinação. Um outro exemplo de aplicabilidade de revestimento cerâmico, e que merece destaque, é o projeto Amoreiras 43. Aqui, apostou-se em azulejos manuais da ‘New Terracota’, com espessuras diferentes, padrão irregular e textura artesanal, que produzem um efeito cromático sobre a piscina e que marca a zona do logradouro. Em muitos dos projetos de reabilitação em Lisboa, por se lidar com materiais de valor histórico, tem-se investido em opções cerâmicas com técnicas tradicionais que enalteçam o carácter das edificações. Outro exemplo deste tipo de trabalho é um edifício com 115 anos no nº 15 da rua Senhora do Monte, que envolveu operações de conservação e restauro de algumas peças cerâmicas de época. Entre os trabalhos de intervenção, destaca-se o processo de seleção, recuperação e reaplicação dos azu-

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lejos originais, com relevância patrimonial. Na execução das peças em falta, recorreu-se à utilização de técnicas e materiais de fabrico artesanal, em colaboração com a ‘Oficina do Castelo’, para que os novos elementos se assemelhassem, em desenho, tom e textura, aos azulejos pré-existentes. Com um processo semelhante, mas ainda em fase de obra, destaca-se o projeto de reabilitação do nº 35 na calçada do Combro, na baixa lisboeta, com a recuperação do painel de azulejos tradicionais e reaplicação de peças viáveis no alçado principal. Em 2022, temos em curso outros projetos – de habitação e equipamentos – em que iremos continuar a apostar em revestimentos cerâmicos e painéis de azulejos em colaboração com os nossos parceiros de excelência nesta área. De salientar o nº 24 da rua do Açúcar e o nº 6 da Travessa das Águas Livres que muito brevemente irão ser intervencionados. Estes são exemplos concretos do compromisso do Atelier Pedro Carrilho – Arquitectos em recuperar, reutilizar e reincorporar as peças cerâmicas existentes nos diversos projetos por considerarmos que a azulejaria portuguesa representa identidade, autenticidade, distinção e versatilidade no contexto da edificação nacional, com reconhecimento mundial. Pedro Carrilho – Arquitectos Morada: Alameda dos Oceanos, nº 142, 2ºB, 1990-502 Lisboa email: office@pedrocarrilho.pt Telefone: 210999377 Site: www.pedrocarrilho.pt)

Arquitetura . Kéramica . p.27


Notícias & Informações

NOVIDADES DAS EMPRESAS CERÂMICAS PORTUGUESAS

po r Al be r t i n a S e q u e i r a , Diretora-Geral da Apicer

Este projeto teve como objetivo a valorização do edifício através da transformação da fachada com recurso a azulejos personalizados e com relevo, preservando a tradição da azulejaria portuguesa, ainda bem presente na arquitetura da cidade. Sob a insígnia COSTA NOVA, a principal marca própria da Grestel, nasceram três azulejos representativos de cada uma das associações que passaram a ter a sua sede nesse espaço. Todos os azulejos foram produzidos em Eco Gres ®, uma pasta cerâmica inovadora e completamente sustentável, feita a partir de materiais reciclados, provenientes de excedentes e subprodutos cerâmicos e de outras indústrias. A intervenção na fachada deste edifício histórico é já um ponto de interesse para os habitantes locais e poderá tornar-se num caso sério de atração turística da cidade, conhecida pela sua tradição cerâmica e arquitectura em azulejaria portuguesa. Um projeto pioneiro que alia a promoção e preservação cultural da cidade à sustentabilidade, e que poderá resultar num novo nicho de negócio para a Grestel –

Grestel

Grestel

GRESTEL GRESTEL personaliza fachada de azulejos da nova casa das Associações em AVEIRO É a primeira vez que a Grestel desenha e fabrica azulejos em grés fino para um projeto de intervenção urbana, realizado em parceria com a Confraria dos Ovos Moles, a Confraria de S. Gonçalo, a ADERAV e outras empresas.

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Notícias & Informações

Grestel

A Recer está ciente das adaptações a efetuar, devido às mudanças que o mundo atualmente atravessa e daí ter iniciado o ano com muitas novidades, desde logo com uma nova identidade corporativa. O novo logótipo da Recer representa um caminho orientado para o crescimento sustentável que pretendemos traçar, sublinha, Liliana Rodrigues, administradora da Recer. “Do passado mantivemos a cor azul que, a partir de agora, é mais luminoso e moderno; para o futuro temos dinamismo, modernidade e evolução. A nova assinatura de comunicação “Express yourself” é uma assinatura que traduz a oferta da Recer: com a nossa variedade de formatos, cores e acabamentos permitimos que cada cliente possa realizar o seu espaço, tendo na Recer um parceiro completo em cerâmica, desde o formato 10x10 ao 120x60.”

“Costa Nova Ecotiles em Eco Gres” – a criação de azulejos cerâmicos para o setor da construção, feitos a partir de grés reciclado e totalmente sustentáveis. A nova sede da Confraria dos Ovos Moles, Confraria de São Gonçalo e ADERAV – Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, foi inaugurada no dia 15 de janeiro e situa-se no Número 27 da Rua Homem Cristo Filho, 3810-120 Aveiro.

Esta mudança de logótipo representa também a visão e missão da empresa. “Pretendemos crescer de forma sustentável, apresentar mais soluções aos nossos clientes, ter um serviço de excelência e, simultaneamente, manter a qualidade pela qual somos reconhecidos”, afirma, Liliana Rodrigues.

RECER RECER com grande destaque em 2022 Nova identidade corporativa |Novo Catálogo Geral 2022 | Vence Prémio Cinco Estrelas 2022 O ano de 2022 começa com muitas novidades, apesar das dificuldades que o setor atravessa devido ao "aumento exponencial" dos custos da energia, das matérias-primas, materiais de embalagem e licenças de CO2, entre outros, a empresa encara o ano de 2022 com bastante otimismo.

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p.30 . Kéramica . Notícias & Informações

Recer • Magnes Dark Grey 75x30 e Ma g i s Wo o d 1 2 0 x 2 0 R

O lançamento do novo catálogo geral 2022 é mais uma novidade que a Recer apresenta ao mercado. Os profissionais do setor podem agora conhecer todas as coleções da Recer no Catálogo Geral 2022. São mais de 65 coleções em 2500 referências, numa oferta de produtos diversificada, com soluções para todos os estilos de consumo e diferentes abordagens de decoração ou necessidades técnicas. Neste catálogo irá encontrar uma infinidade de cores, formatos, texturas e acabamentos que permitem encontrar as soluções mais indicadas para todo o tipo de espaços, residenciais ou públicos. No novo catálogo destaca-se a coleção Imperial, fruto da pesquisa constante por novos materiais. Foi criada com um grafismo que reproduz um granulado fino muito subtil, que lhe confere um movimento único, definindo ondas suaves e profundidade. O revestimento possui uma superfície mate acetinada. O pavimento tem um brilho que, tecnicamente, “incorpora uma matéria-prima de acabamento que o carateriza, diferencia e vocaciona para as mais variadas aplicações, quer interiores, quer exteriores, em espaços privados ou públicos”, como explica Fernando Simões, Responsável pelo D&D Criativo. Esta nova solução técnica, permite ter brilho nos 3 acabamentos distintos do pavimento. Outra novidade é que, pelo sétimo ano consecutivo, a Recer foi distinguida com o “Prémio Cinco Estrelas 2022”, resultado da auscultação dos consumidores relativamente a cinco marcas avaliadas nesta categoria. A Recer obteve um índice de satisfação global de 77,3% (7,73 em 10 pontos possíveis), mais quatro pontos percentuais face ao ano passado. Durante vários meses, estiveram em avaliação 1035 marcas em diversas categorias. No universo de várias marcas portuguesas e espanholas do setor dos revestimentos e pavimentos cerâmicos, a preferência dos consumidores e dos profissionais recaiu sobre a marca Recer. O Prémio Cinco Estrelas é um sistema de avaliação que mede o grau de satisfação que os produtos, os serviços e as marcas conferem aos seus utilizadores, tendo como critérios de avaliação variáveis como a “Satisfação pela Experimentação”, “Relação Preço-Qualidade”, “Intenção de Compra ou de Recomendação”, “Confiança na Marca e Inovação”, que influenciam a decisão de compra dos consumidores. “Recebermos mais uma vez este prémio é o reconhecimento do bom trabalho que a empresa tem vindo a desenvolver”, afirma Liliana Rodrigues, administrado-

Recer • Imperial Long Grey 30x90R e Imperial Grey 60x60R e Imperial AS Grey 60x60R

Notícias & Informações

ra da Recer. A responsável acrescenta ainda que “sermos distinguidos ano após ano não só contribui para reforçar os nossos índices de notoriedade, como vem demonstrar que os consumidores portugueses e mundiais podem sempre confiar num serviço de excelência por parte da Recer.” O produto distinguido a este ano com o Prémio Cinco Estrelas é a série Magnes. Liliana Rodrigues explica que Magnes é um excelente ponto de partida para chegar onde quiser. Versatilidade total e possibilidades ilimitadas para criar ambientes simples ou sofisticados, sóbrios ou irreverentes, minimalistas ou exuberantes, clássicos ou contemporâneos, intemporais ou trendy. Magnes é magnético. Ninguém vai ficar indiferente. REVIGRÉS REVIGRÉS é uma das marcas com melhor reputação em PORTUGAL. Empresa apresenta Catálogo Geral 2022

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Revigrés • OMNISTONE Collection

Revigrés • OMNI Collection

A Revigrés volta a marcar presença na lista das empresas e marcas mais relevantes e com melhor reputação em Portugal, do Global RepScore 2022. No ano em que comemora os seus 45 anos, a Marca vê renovado o voto de confiança dos portugueses através de um estudo realizado pela On Strategy que avalia o posicionamento e a reputação de mais de 2.000 marcas, com base na opinião de 50 mil cidadãos. A distinção surge ao mesmo tempo que a Revigrés lança o novo Catálogo Geral 2022 com as suas mais recentes coleções de revestimentos e pavimentos cerâmicos. Destaque para as novas coleções Kirei-Sabi, com um conceito que responde às tendências de design de interiores emergentes do contexto pandémico, em que a casa é um espaço híbrido e polivalente. Neste sentido, Kirei-Sabi reúne 10 coleções com cores inspiradas na natureza, relevos discretos e texturas mate que refletem um design associado à simplicidade, saúde e tranquilidade e, em simultâneo, elegante. Ao mesmo tempo, o novo catálogo da Marca apresenta OMNI e OMNISTONE, duas coleções em grés porcelânico técnico muito completas em cores, formatos e acabamentos. Soluções de cerâmica cuja versatilidade e qualidade técnica as torna adequadas para os mais exigentes projetos de arquitetura, em espaços interiores e exteriores, residenciais e públicos, nomeadamente aeroportos, estações de comboio, espaços comerciais e outras áreas com tráfego intenso. O Catálogo Geral da Revigrés 2022 está disponível para download em www.revigres.com. Este é o início de um ano que a Revigrés prevê de muito desafios – associados aos elevados custos de energia e matérias-primas – mas perante os quais a empresa pretende continuar a apostar na qualidade de serviço, na inovação e no lançamento de produtos diferenciadores que antecipam as tendências e exigências do mercado.

Revigrés • Bold Collection

ROCA O Roca One Day Design Challenge 2022 está de regresso a Portugal! Tendo em conta o atual contexto pandémico, a 6ª edição será novamente realizada no formato online, já no próximo dia 2 de abril! Este concurso tem como principal objetivo promover jovens talentos, possibilitando o seu contacto com o mundo profissional e um painel de jurados de renome!

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Notícias & Informações . Kéramica . p.31


Notícias & Informações

giado galardão diretamente das mãos de Lutz Dietzold, CEO do German Design Council. A sanita suspensa texturada da série Sanlife distinguida com a “Special Mention” na categoria “Excellent Product Design” – subcategoria “Bath and Wellness”, congrega em si sobriedade e elegância. A sua superfície mate com relevos acetinados permitem uma experiência sensorial fascinante e revolucionam o tradicional acabamento vidrado. A sensação visual transmite leveza e a experiência tátil suscita prazer. O resultado final é um exemplar que eleva a criatividade e apela ao positivismo. O “German Design Award” é um dos mais prestigiados concursos no panorama do design a nível internacional e esta última edição avaliou cerca de 4500 candidaturas provenientes de 60 países. Esta “Special Mention” é já a quinta distinção que a empresa conquista e vem prestar homenagem à excelência do design inovador da Sanindusa. A Roca reafirma a sua aposta nesta iniciativa, estando já confirmadas para este ano novas edições do concurso, em 10 países. As inscrições para o Roca One Day Design Challenge 2022 já se encontram abertas, inscreva-se aqui: https://lnkd.in/dQyUaAQw A competição está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

Melissa Vilar, designer da Sanindusa e Lutz Dietzold, CEO do German Design Council

Sanindusa-Sanlife-German DesignAward

SANINDUSA Prémio “German Design Award 2022” entregue à Sanindusa em Frankfurt Decorreu no passado dia 22 de fevereiro a sessão de entrega do prémio “German Design Award”. O evento, com carácter mais privado, teve lugar em Frankfurt no Museum Angewandte Kunst e contou com a presença da designer da empresa Melissa Vilar que recebeu o presti-

Sobre a Sanindusa Há mais de 25 anos que a Sanindusa é reconhecida pelos seus produtos de referência nos ambientes de salas de banho e de cozinha. Desde cedo a aposta recaiu na inovação e orientação para o cliente, conquistando a confiança pela transparência e rigor que imprime em todos os seus projetos. Com raízes 100% portuguesas, o grupo, constituído por 5 polos de produção, aposta na exportação levando a sua imagem de marca e alma portuguesa aos 4 cantos do mundo. O design arrojado e inovador é o denominador comum das suas criações e a preocupação ecológica assina uma gama considerável de peças. A aposta constante nas tecnologias tem permitido atingir um posicionamento vanguardista, proporcionando retorno ao investimento e assegurando a continuidade presente e futura da empresa nascida em 1993.

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Notícias & Informações

AS NOVAS DATAS DA CEVISAMA DESPERTAM INTERESSE DO VISITANTE INTERNACIONAL

A feira de cerâmica e banho, que se vai realizar de 13 a 17 de junho na Feria Valencia, tem garantido o poder aquisitivo nacional e dos principais distribuidores do mercado externo O posicionamento de Valência como destino turístico, Capital Mundial do Design e Capital Europeia do Turismo Inteligente, acrescenta atrativos à convocatória a todos os participantes da feira um clima invejável, aliado a uma oferta cultural, gastronómica e de lazer que contribuirá para que a visita a Cevisama seja uma experiência inesquecível. O poder de compra do setor de cerâmica e banho apoia a celebração da Cevisama 2022 em junho. Faltando pouco mais de quatro meses para o evento, que acontecerá na Feria Valencia de 13 a 17 de junho, os principais distribuidores do mercado nacional e mais de 230 grandes grupos de cerâmica e banho do mercado externo já confirmaram presença na feira. O número supera em muito o total de distribuidoras convidadas para a última edição do evento, realizada em fevereiro de 2020, dentro do programa “Cevisama Business Club”. Destacam-se 20 grupos compradores dos Estados Unidos, mercado no qual o evento realiza uma intensa campanha de recrutamento. Soma-se a isso o interesse de compra-

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dores de outros mercados prioritários, como Canadá, América Latina e Norte da Europa. No que diz respeito aos mercados tradicionais da Cevisama, já foi confirmada a presença de 40 distribuidores alemães, 25 italianos e 15 franceses. Este número de empresas aumentará nas próximas semanas, fruto do trabalho que a Cevisama está a desenvolver em conjunto com o Ministério da Economia através do IVACE International na captação de compradores e prescritores do Reino Unido, país convidado desta edição do Cevisama. Assim, a distribuição inglesa será protagonista nos prémios de distribuição Ivace Awards for Tile of Spain Promotion, com os quais serão reconhecidas dez empresas importadoras britânicas, mercado que é o terceiro destino das exportações da Tile of Spain. Estes números corroboram a decisão de adiar para o mês de junho a realização do evento de referência do setor, algo que, segundo Carmen Álvarez, diretora da Cevisama, tem como objetivo facilitar a feira "a desenvolver-se com sucesso em termos de rentabilidade económica para os nossos clientes e, claro, com as melhores garantias de saúde e segurança”. Valencia, pólo de atração A par da extensa lista de empresas expositoras e da presença assegurada de poder de compra nacional e internacional, a Cevisama 2022 contará também com um trunfo de primeira: a cidade de Valência. É que Valência se tornou um dos principais destinos turísticos europeus e este ano é Capital Mundial do Design 2022 e Capital Europeia do Turismo Inteligente. A cidade disponibilizará um clima invejável a todos os participantes da feira, juntamente com uma oferta cultural, gastronómica e de lazer que contribuirá para tornar a visita a Cevisama uma experiência inesquecível. + info - http://www.cevisama.com/

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Notícias & Informações

ADESÃO ELEVADA DE PORTUGAL À CERAMITEC 2022

Depois do adiamento em 2021, devido à pandemia, o reencontro do setor vai acontecer este ano em Munique e as empresas portuguesas mantêm a aposta nesta feira internacional. A próxima edição da feira líder internacional de máquinas, equipamentos e matérias-primas para a indústria cerâmica irá decorrer de 21 a 24 de junho. A participação portuguesa na Ceramitec 2022 está no Top5 do ranking de área de exposição ocupada: as empresas Corbário, Ceramifor/Grupo Cerinnov, Induzir, Leirimetal, Mota Ceramic Solutions, Metalcértima, Metalúrgica Lopes e Capitaz e Termolab marcarão presença no encontro do setor em Munique. O Governo Alemão levanta as restrições de combate à Covid-19 em várias etapas até 20 de março e dá luz verde à edição presencial da Ceramitec em Munique. O interesse é global em apresentar e conhecer os recentes desenvolvimentos e as melhores apostas tecnológicas nos vários segmentos que vão desde a cerâmica utilitária à estrutural e da cerâmica técnica à metalurgia do pó. O foco da Ceramitec 2022 mantém-se nas máquinas e equi-

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pamentos, nos sistemas, processos e nas matérias-primas da indústria da cerâmica. A edição de 2022 contará com mais de 300 expositores internacionais e o diretório das empresas já está disponível para consulta em www.ceramitec.com. A organização Messe München que, além da ceramitec trienal de Munique, movimenta operações na Índia com a Indian Ceramics Asia, que terá já a sua 16ª edição de 6 a 8 de abril próximos, lançou-se numa nova colaboração na Tailândia com a ASEAN Ceramics Thailand (30 de novembro a 02 de dezembro de 2022), potencializando todo o seu knowhow e sinergias internacionais. Contacto: Tânia Mutert Barros Representante em Portugal, MundiFeiras, Lda. Tel. 22 616 49 59 info@mundifeiras.com • www.mundifeiras.com Mais informações em: www.ceramitec.com www.indian-ceramics.com www.aseanceramics.com/thailand

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The big reunion of the ceramics industry. Personal and on site. The international and leading trade fair for the ceramics industry enters the next round: this is where market leaders, decision-makers along the entire value chain exchange information on industry-wide topics for the future and insights. Become part of this world full of innovation. Finally on site in Munich.

Secure your ticket now! ceramitec.com/tickets June 21– 24, 2022 . Messe München ceramitec.com


Calendário de eventos

EXPOREVESTIR’2022 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – São Paulo (Brasil) De 08 a 11 de Março de 2022 exporevestir.com.br/

NEOCON’ 2022 (Design/Tendências) Anual – Chicago (USA) De 13 a 15 de Junho de 2022 neocon.com/

CONCRETA’2022 (Construção) Anual – Matosinhos (Portugal) De 13 a 16 de Outubro de 2022 concreta.exponor.pt/

HOMI’2022 (Design/Tendências) Anual – Milão (Itália) De 11 a 14 de março de 2022 homimilano.com/en/

CEVISAMA’2022 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Valência (Espanha) De 13 a 17 de Junho de 2022 cevisama.feriavalencia.com

EQUIPHOTEL’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bienal – Paris (França) De 06 a 10 de Novembro de 2022 equiphotel.com

MAISON & OBJET’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual – Paris (França) De 24 a 28 de Março de 2022 maison-objet.com

MAISON & OBJET’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Bianual – Paris (França) De 08 a 12 de Setembro de 2022 maison-objet.com

LONDON BUID ‘2022 (Materiais de Construção) Anual – Londres (UK) De 16 a 17 de Novembro de 2022 londonbuildexpo.com

MOSBUILD 2022 (Materiais de Construção Anual – Moscovo (Rússia) De 29 de Março a 01 de Abril de 2022 mosbuild.com

100% DESIGN’2022 (Design/Tendências) Anual – Londres (R.U.) De 21 a 24 de Setembro de 2022 100percentdesign.co.uk/

BIG 5 SHOW´2022 (Materiais de Construção) Anual – Dubai (EAU) De 5 a 8 de Dezembro de 2022 thebig5.ae/

THE NEW YORK TABLETOP SHOW´2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – New York (EUA) De 05 a 08 de Abril de 2022 41madison.com/

CERSAIE’2022 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Bolonha (Itália) De 26 a 30 de Setembro de 2022 cersaie.it

THE INTERNATIONAL SURFACE EVENT’2023 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Las Vegas (USA) De 31 de janeiro a 02 de Fevereiro de 2023 Intlsurfaceevent.com

COVERINGS’2022 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Las Vegas (USA) De 05 a 08 de Abril de 2022 coverings.com/

INTERIOR LIFESTYLE CHINA’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Shangai (China) Setembro de 2022 interior-lifestyle-china.hk.messefrankfurt.com

AMBIENTE’2023 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Frankfurt (Alemanha) De 3 a 7 de Fevereiro de 2023 ambiente.messefrankfurt.com

IDF Spring’2022 (Design/Decoração) Anual – Las Vegas (USA) De 05 a 08 de Abril de 2022 coverings.com/

TECNARGILLA’2022 (Tecnologia Cerâmica) Anual – Rimini (Itália) De 27 a 30 de Setembro de 2022 en.tecnargilla.it/

SURFACE DESIGN SHOW’2023 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Londres (R.U.) De 7 a 9 de Fevereiro de 2023 surfacedesignshow.com/

TEKTONICA’2022 (Construção) Anual – Lisboa (Portugal) De 12 a 15 de Maio de 2022 tektonica.fil.pt/

BATIMAT’2022 (Materiais de Construção) Bienal – Paris (França) De 03 a 06 de Outubro de 2022 batimat.com

ISH’2023 (Cerâmica de Louça Sanitária) Bienal – Frankfurt (Alemanha) De 13 a 17 de Março de 2023 ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html

THE HOTEL SHOW’2022 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Dubai (EAU) De 24 a 26 de Maio de 2022 thehotelshow.com/

IDEOBAIN’2022 (Louças Sanitárias) Bienal – Paris (França) De 03 a 06 de Outubro de 2022 ideobain.com

HOSTMILANO’2023 (Design/Tendências) Anual – Milão (Itália) De 13 a 17 de Outubro de 2023 host.fieramilano.it/en

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Janeiro . Fevereiro . 2022


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