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TV “pirata” invade jornal da Rede Globo

Entre 1989 e 1990, um grupo carioca invadiu por diversas vezes a freqüência televisiva da Rede Globo durante o horário do Jornal Nacional, programa de maior audiência da emissora na época. Era um protesto contra o poder e o monopólio exercido pela empresa de Roberto Marinho. Ato político de um grupo que se aproximava do pensamento dos setores organizados que lutavam pela democratização da comunicação.

“Eram pessoas que tinham dinheiro para comprar um transmissor de TV, que é uma coisa muito cara. Esse grupo de pessoas, com compromisso de esquerda, se dispôs a comprar o transmissor e faziam inserções no ar”, conta Claudia de Abreu, líder estudantil da época, ao lembrar que os nomes dos autores das interferências ainda hoje são guardados em segredo.

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Algumas edições do programa “pirata” veiculavam a imagem do próprio dono da emissora, Roberto Marinho, com uma voz que ensinava todos os procedimentos para montar uma rádio livre. Em outras cenas, buscavam levantar o tema com um “choque” no público. “O programa era extremamente doido. Tinha até uma pessoa defecando enquanto se falava de alguma coisa relativa ao monopólio da comunicação”, diz.

Todas as ações tinham apenas 15 minutos – o tempo necessário para não ser rastreado no espectro de transmissão das ondas de TV. A divulgação corria pelo boca-a-boca, por pichações, jornais alternativos ou até, no caso do Rio de Janeiro, pelo Jornal do Brasil, onde comunicadores deram espaço para algumas citações sobre o tema.

Para Claudia de Abreu, o objetivo de tudo era “falar da liberdade de comunicar e de falar”. Quando a Globo lançou o programa TV Pirata, “era uma referência do que as pessoas conheciam como a ‘televisão pirata’. Foi uma forma de absorção, até porque quando as pessoas falam de TV Pirata, elas lembram só do programa da Globo".

[história] TV pirata [onde e quando] Rio de Janeiro (RJ),1988 e 1989 [quem conta] Claudia de Abreu [entrevista realizada] Março de 2004