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TRABALHAR PROFISSIONALMENTE DURANTE OS CICLOS PECUÁRIOS É SINÔNIMO DE MAIOR LUCRO NA FAZENDA

Levantamento revela que a falha na transferência de imunidade passiva está relacionada à morte de bezerras e aponta a importância do colostro nos primeiros dias de vida dos animais para o aumento da produtividade da pecuária leiteira

Os momentos de recuo durante fenômenos periódicos, como o Ciclo da Pecuária, podem assustar, mas podemos encará-los como boa oportunidade de preparo para o período de alta. Em tempos de ‘vacas magras’, a melhor opção é continuar apostando na estratégia que já está funcionando e investir profissionalmente no melhoramento genético para ficar preparado para a próxima etapa.

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O Ciclo da Pecuária é caracterizado por períodos de alta e baixa nos preços do boi gordo e do bezerro, e dura em torno de 5 a 7 anos. Durante o período de alta, os preços praticados na comercialização da carne de do gado vivo são elevados, o que estimula os produtores a investir na criação de animais. Durante o período de baixa no ciclo da pecuária, os preços do gado e da carne estão abaixo do valor de equilíbrio, situação que afeta diretamente os produtores e a cadeia produtiva como um todo.

O período atual corresponde aos acontecimentos que iniciaram em 2018. Com o preço dos bezerros mais alto, houve a retenção de fêmeas e a diminuição da oferta da carne. Em 2020, o reflexo disso foi a diminuição da produção, do estoque total de animais no país e, consequentemente, o aumento do preço da arroba. No ano seguinte, houve crescimento dos rebanhos e, em seguida, a queda da arroba e do preço do bezerro, gerando uma ampliação da oferta.

O período de baixa deverá seguir até meados de 2024, consequência do maior envio de vacas para frigorífico, aumento da oferta de carne e diminuição dos rebanhos. A expectativa é que haja uma menor produção de bezerros, confinamentos e pastos ainda cheios. Já em 2025, os preços dos bezerros devem começar a subir. Vale reforçar que isso é uma projeção, pois a du- ração do ciclo pode ser alterada por inúmeros fatores do próprio mercado. Neste sentido, atualmente, os maiores volumes de exportação e os menores estoques de animais de recria podem gerar antecipação da falta de boi gordo no mercado nacional e consequentemente encurtar o ciclo projetado.

De acordo com o gerente de Mercado da Alta, Tiago Carrara, há ainda uma margem interessante de lucro para a próxima etapa do ciclo. “Neste momento, é hora de investir e fazer dinheiro no futuro, tirando a vacada velha e menos produtiva e investindo em animais jovens, respeitando a qualidade exigida por cada rebanho”, aponta.

De acordo com a Revista DBO, de março de 2023, os indicadores do Instituto Inttegra demonstram que o número de fazendas que terão prejuízo nesta safra deve aumentar, mas o resultado médio das top

30% rentáveis continuará crescendo. “Temos prévia de fazendas que vão superar, em muito, os R$3.000,00/hectare/ ano. Este resultado é comum na agricultura e a pecuária está aproximando, mostrando que o momento de baixa tem suas vantagens”, afirma.

Carrara ainda aponta que a melhor estratégia a ser adotada é continuar investindo no uso de tecnologias, em especial na reprodução e genética, como a IATF (Inseminação Artificial por Tempo Fixo). “Muitos produtores confundem investimento com custo, o momento agora é realmente para focar em diminuição de custos, mas sem renunciar dos investimentos em tecnologias que aumentam a produtividade. A IATF pode ser vista como investimento, porque auxiliam o aumento dos índices produtivos, melhorando o número de bezerros nascidos, além de garantir a melhor qualidade genética para o rebanho produzir mais no futuro. Em tempos de vacas magras, o ganho do pecuarista deve estar focado na escala, e não exclusivamente na margem por produto”, analisa o gerente de Mercado da Alta.

Conforme Carrara, o ciclo não determina o crescimento ou não, mas, sim, a intensidade de crescimento. “Não é momento de recuar, de desacelerar. Em outubro de 2023, a fêmea que entrar na estação de monta, que será inseminada, confirmará o diagnóstico de gestação em abril de 2024. Em agosto de 2024 irá parir e colocar o bezerro no chão, sendo que, em maio de 2025, esse bezerro será desmamado, que é quando inicia o momento de alta no ciclo da pecuária. Portanto, em maio de 2026, esse animal entra no período de confinamento e, em setembro de 2026, será abatido também no auge da arroba. Dessa forma o pecuarista tem que olhar para o mercado futuro, entendendo que ele está semeando hoje a colheita para durante o ciclo de alta. Intensificar o uso de tecnologia é vital para obter maiores produtividades no momento certo”, finaliza.