Aw march 2014 portuguese

Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia

Ma rç o 201 4

Portuguese Replace Março with: NOTE: unlock page layer & in «Find» box click symbol for «Include Master Pages»

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 14

A Promessa de Deleite

24

Dois Tipos

de Milagres

26

Esperança nos Lugares Celestes

Ma r ç o 2 01 4

A R T I G O

16

D E

C A P A

Na Rota das Origens

Gerald A. Klingbeil Visitando lugares estratégicos na formação do movimento adventista.

8

V I S Ã O

M U N D I A L

Um Chamado Profético Urgente, Parte 2

Ted N. C. Wilson

Nossa missão deve ser preparar o mundo para a vinda de Jesus.

12 Pão dos Anjos

D E V O C I O N A L

14 A Promessa de Deleite C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

Afia Donkor

O dia mais especial da semana.

22 “E Eis que Era Muito Bom” E S P E C I A L

Ronny Nalin

Um sistema divinamente planejado.

24 Dois Tipos de Milagres H I S T Ó R I A

A D V E N T I S T A

Josephine e Gilbert Wari

Começo humilde se transforma em crescimento excepcional na Divisão Centro-Oeste Africana.

Lael Caesar

As misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã.

SEÇÕES 3 N O T Í C I A S

DO

MUNDO

3 Notícias Breves 6 Notícia Especial 10 Igreja de Um Dia

11 S A Ú D E N O M U N D O A Igreja Deve Relaxar Sua Posição Quanto ao Álcool?

ESPÍRITO 21

DE

PROFECIA

Coragem no Senhor

RESPOSTAS 26

PERGUNTAS

A BÍBLICAS

Tradução: Sonete Magalhães Costa Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. V. 10, Nº 3, Março de 2014.

Adventist World | Março 2014

28

TROCA

DE

IDEIAS

Esperança nos Lugares Celestes

www.adventistworld.org Online: disponível em 13 idiomas

2

27 E S T U D O B Í B L I C O Filadélfia: A Igreja de Portas Abertas

Capa: JANELAS NA HISTÓRIA: Linda Everhart e Betti Knickerbocker ajudam a reviver a época de Miller.

A Igreja de Roosevelt, em Fulton, Nova York, foi o primeiro templo construído pelos adventistas.

Nossa Ajuda em Épocas Passadas

E

xiste uma região formada por campos e bosques no alto das Colinas Berkshire, oeste do estado de Massachusetts (EUA).

Para lá, minha mente sempre viaja com mais frequência do que meu corpo.

Diga a palavra “casa” e meus pensamentos rapidamente se detêm ali, lembrando as horas felizes correndo pelo feno novo, subindo os abetos e pinheiros mais altos, construindo barragens no pequeno córrego que corre num dos lados da propriedade.

Essa é a terra que primeiramente pertenceu aos meus avós, depois a meu pai e agora é a herança que divido com meus irmãos e demais membros da família. Durante aproximadamente um século, alguém chamado Knott tem percorrido esses alqueires, cortado o feno, empilhado a lenha e colhido os morangos silvestres que crescem sobre o outeiro todo mês de junho. Quando chegou o dia de pedir Debby (minha esposa) em casamento, eu a levei até lá para lhe fazer “a pergunta”, bem no alto de um muro antigo de pedra, onde a vista é ampla e muito pessoal.

Cada um de nós tem esse lugar. Para alguns, como eu, é na zona rural, onde as árvores e o céu dão uma verdadeira dimensão do nosso tamanho; para outros, é o rangido familiar da escadaria que leva a um apartamento urbano, com paisagens, sabores e o som da cidade ao redor. Esses lugares são, no sentido mais amplo, lugares “espirituais”, pois ligam nossa vida presente aos valores que herdamos do passado.

Como herdeiros de um legado espiritual, os adventistas do sétimo dia no mundo inteiro também têm dezenas de lugares preferidos.

Aqui Ellen White recebeu a visão que deu inicio ao ministério da Revista Adventista.

Nessa mesma época, em 1880, Abram LaRue desembarcou pela primeira vez em Hong Kong.

Um marco pode ser tudo o que restou de uma instituição adventista famosa, mas nos reunimos ao redor dele para lembrar a história que foi lançada daquele ponto, as vidas transformadas e como o reino cresceu.

O artigo de capa deste mês nos oferece a oportunidade de viajar com Gerald Klingbeil, editor associado da AW, a diversos desses lugares. Convide o Senhor para levá-lo de volta a pedaços do seu passado.

Isso restaurará e renovará sua fé no grande movimento remanescente do tempo do fim.

N ot í cias do M u ndo

Canal Al-Waad Está

Disponível Para o

Norte da África e Oriente Médio ALCANCE REGIONAL – Mapa mostra área de cobertura do canal adventista Al Waad.

H o p e

C h a n n e l / ANN

■■ Um novo contrato com a rede de televisão adventista em Beirute, Líbano, expandirá significativamente o alcance da Igreja no Norte Africano e Oriente Médio. Recentemente, o Hope Channel Al-Waad assinou um contrato de cinco anos para o satélite Eutelsat 7 West A. Nosso líderes locais informam que a mensagem de esperança alcançará um público muito maior nos idiomas árabe, turco e farsi.

“Esse novo contrato é uma oportunidade fantástica para o avanço da obra de Deus e um grande passo para o evangelismo urbano”, disse Brad Thorp, presidente do Hope Channel. “Agora podemos oferecer o Al-Waad para qualquer cidade da região, abrindo milhões e milhões de lares para as boas-novas de Deus, melhorando a vida de milhões hoje, e para toda a eternidade”.

O Eutelsat, provedor do satélite de origem francesa, opera o Eutelsat 7 West A em parceria com o provedor de satélites egípcio Nilesat, o maior provedor de satélites no Oriente Médio. O lançamento do Eutelsat 7 West A em 2011, contribuiu para aumentar o alcance no Oriente Médio, Golfo, Norte e Noroeste Africano.

Os espectadores que utilizam o satélite Nilesat agora podem redefinir sua programação do canal para receber a TV Adventista em suas casas.

A transmissão via satélite é o método de distribuição mais comum no Oriente Médio.

“Oramos vários anos por isso”, disse Amir Ghali, diretor do Al-Waad, acrescentando que a “programação pacífica e não partidária” está sendo bem recebida naquela região desde seu lançamento, em 2010.

Os programas da Al-Waad abordam temas como saúde, educação e família. O nome do canal é derivado da palavra árabe para “promessa”, oferecendo o que Ghali chama de “promessa de esperança” para a região.

– Rede Adventista de Notícias

Março 2014 | Adventist World

3

N ot í cias do M u ndo Em Atenas, Encontro de Liberdade Religiosa ■■ Estudiosos e advogados especializados em liberdade religiosa se ​​reuniram no mês de janeiro na capital da Grécia.

O evento é patrocinado pela Associação Internacional de Liberdade Religiosa (IRLA). Realizado anualmente, ele permite que os participantes discutam questões de interesse em um ambiente informal e sincero.

Segundo o representante da IRLA na ONU, Ganoune Diop, Atenas foi escolhida não apenas por sua localização, mas também por sua história. A cidade é a terra natal de filósofos famosos como Sócrates, Péricles e Sófocles, homens cujo trabalho continua impactando a sociedade, séculos após sua morte. Também em Atenas funcionava a Academia de Platão e o Liceu de Aristóteles. Ela é considerada o berço da civilização ocidental. Do ponto de vista político, diz-se que foi ali que nasceu a democracia.

O tema do evento foi “Religião, Sociedade Secular e Liberdade Religiosa na Região Mediterrânea”, com ênfase em “Como Interagir na Diversidade de Nossas Sociedades”.

Os apresentadores abordaram temas relacionados com religião, secularismo, Primavera Árabe, questões de igualdade, dos direitos das mulheres e da dignidade humana, bem como a necessidade de traduzir tudo isso em dispositivos legais, cuidadosamente elaborados, que contribuam para melhorar as relações nas sociedades.

Entre os participantes, observou Diop, estavam Gunnar Stålsett, bispo emérito de Oslo, Noruega, e presidente adjunto das Religiões para a Paz; W. Cole Durham Jr., diretor do Centro Internacional de Leis e Estudos Religiosos da Brigham Young University e da Escola de Direito; J. Reuben Clark, professor de Direito Canônico da

4

Adventist World | Março 2014

ENCONTRO DE ESPECIALISTAS: À sombra da Acrópole, participantes do simpósio da Associação Internacional de Liberdade Religiosa.

K a r n i k

Universidade de Milão e Silvio Ferrari, ex-professor de relações Igreja-Estado, da Universidade de Leuven, na Bélgica.

Representando a IRLA estavam presentes o embaixador Robert Seiple, presidente do grupo e primeiro embaixador itinerante para liberdade religiosa dos EUA; Rosa Maria Martinez de Codes, vice-presidente da IRLA, professora de história da Complutense University em Madrid, Espanha e ex-vice-diretora de questões religiosas do Ministério da Justiça da Espanha; John Graz, secretário-geral e os advogados Dwayne Leslie, Karnik Doukmetzian e Todd McFarland.

– Mark A. Kellner, editor de notícias, em colaboração com a IRLA

Evangelismo Via Satélite no Leste Europeu ■■ Paz, motivação e propósito na vida foram alguns dos temas apresentados pelo pastor Doug Batchelor a milhares de espectadores na série “Horizonte de Esperança”, em Bucareste, Romênia, nos dias 6 a14 de dezembro de 2013.

O Instituto Teológico Adventista sediou o evento, que foi transmitido ao vivo pelo Hope Channel (TV Adventista Mundial), pela Rádio Voz da Esperança e internet. As palestras foram traduzidas em quatro línguas: romeno, húngaro, russo e ucraniano e transmitidas para a Romênia, Ucrânia e Moldova.

Cada noite, Doug Batchelor levava o público para uma viagem através do mundo da Bíblia. Ajudado por suas experiências pessoais, ele narrava epi-

D o u k m e t z i a n / IRLA

sódios importantes da vida de personagens bíblicos no contexto do século 21.

Na Romênia, o programa via satélite foi visto em 328 igrejas. Os próprios membros promoveram o evento distribuindo folhetos e convidando os amigos para assistir com eles. A equipe do Hope Channel viajou durante nove dias pelo país, transmitindo todas as noites, ao vivo, em diferentes igrejas.

A resposta on-line foi impressionante. A primeira e a última palestras da série foram as mais assistidas.

O site sperantatv.ro registrou uma audiência de 13 mil a 15 mil espectadores. Durante o período de transmissão, foram feitas mais de 150 mil visitas ao site do vídeo, tanto ao vivo como pelos sites sperantatv.ro, sperantalaorizont.ro, adventube.ro e hopetv. org. Também foram disponibilizados aplicativos para Android e iOS a fim de oferecer melhor acesso aos programas do Hope Channel. A página do Facebook da Speranta TV chegou a 10 mil fãs.

A série de sermões “Horizonte de Esperança” foi seguida por uma edição especial, com participantes do meio acadêmico bem como de representantes de várias denominações. “Considero esse um evento recomendável, principalmente por ser uma manifestação cultural, tão necessária em nossos dias, com uma dimensão espiritual importante, também necessária”, declarou Constantin Bălăceanu-Stolnici, famoso neurologista e professor romeno.

As palestras estão disponíveis on-line para assistir ou fazer download. Mais

■■ No início do ano, líderes e funcionários da Divisão Interamericana (IAD) se reuniram para um culto especial a fim de orar e agradecer a Deus pelo progresso alcançado em 2013.

Mais de oitenta pastores e obreiros avaliaram o crescimento financeiro e da Igreja na IAD. A reunião foi realizada no dia 6 de janeiro, na sede da Divisão, em Miami, EUA. Eles ponderaram sobre o sucesso do Ano do Leigo (ano designado para comemorar o trabalho dos membros leigos) e traçaram planos, iniciativas e atividades para os próximos meses.

Israel Leito, presidente da Divisão, fez uma meditação sobre Isaías 54 e incentivou os presentes a refletir nos sucessos e falhas do passado, e visualizar as novas oportunidades para melhorar e enriquecer a missão da Igreja na IAD. “Não pense nas falhas. Você foi

EVENTO EVANGELÍSTICO: O evangelista Doug Batchelor e seu tradutor, Christian Salcianu, nas conferências em Bucareste, Romênia. f o t o :

S t e v e n s / IA D

Divisão Interamericana Avalia Crescimento

L i b n a

de 8.800 downloads já foram feitos.

Aproximadamente 5.400 na Romênia, 1.900 na Hungria, 1.400 na Rússia e 170 na Ucrânia.

A reação do público foi positiva: “O que mais gostei nesses sermões foi a maneira como a mensagem do Senhor foi apresentada. Uma maneira mais simples, para qualquer um compreender. Desejo muito sucesso em seu trabalho”, escreveu Vasile Ștefan.

“Essas palestras foram um presente especial de Deus, ainda mais porque tive a oportunidade de ouvi-las em minha língua materna (húngaro, A/N)”, declarou Szabó Gergely.

“Assisti aos sermões com muito interesse. De hoje em diante vou praticar os ensinos de Jesus e seguir Seus passos”, acrescentou Csiki Margit.

No último dia do programa “Horizonte de Esperança”, dez pessoas foram batizadas em Bucareste.

– Reportagem de Loredana Dumitrașcu; CD EUDNews

NOVO COMEÇO: Israel Leito, presidente da Igreja na América Central, dá as boas-vindas aos líderes e funcionários da IAD, em Miami, EUA, ao iniciarem oficialmente o ano de 2014.

abençoado porque há esperança. Pense no futuro e como as coisas podem ser melhores”, disse Leito.

O futuro significa supervisionar o treinamento de milhares de líderes e membros leigos em toda a Divisão durante esse ano denominado Ano da Educação Não Formal.

O Ano da Educação Não Formal permitirá que líderes leigos melhorem suas habilidades para, então, capacitar e treinar outros integrantes de cada departamento e ministério das igrejas, comentou Leito.

No relatório apresentado aos líderes e funcionários, Elie Henry, secretário executivo da IAD, informou que até junho de 2013 mais de 150 mil novos membros tinham sido batizados, elevando o número de membros para 3.685.644 na Divisão. A IAD conta agora com 11.968 igrejas e 8.104 grupos.

Embora o resultado total de 2013 ainda não esteja disponível, os índices mostram uma ligeira queda de batismos por ano desde 2010. De acordo com Henry, vários territórios da IAD têm feito uma extensa auditoria de seus índices de batismo durante os últimos dois anos, e os ajustes têm refletido apenas um ligeiro aumento no número total de membros.

– Reportagem de Libna Stevens, Divisão Interamericana

C l a u d i a T a ch e

Março 2014 | Adventist World

5

N ot í cias do M u ndo

T

rinta e cinco mil participantes se reuniram na cidade de Barretos, estado de São Paulo, entre os dias 7 a 12 de janeiro, para as atividades do IV Campori de Desbravadores da Divisão Sul-Americana (DSA). O evento tem o objetivo de promover um estilo de vida cristão e prestar serviços à comunidade.

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, saudou formalmente os participantes que vieram de países da América do Sul, América do Norte, Europa e Ásia.

O Campori de Desbravadores é um dos maiores projetos mundiais de apoio educacional, social e espiritual a crianças e jovens. Durante o ano, cerca de 150 mil juvenis e adolescentes, entre 10 e 15 anos, reúnem-se nos fins de semana para desenvolver diversas habilidades, tais como: primeiros socorros, sobrevivência em situação de risco e cuidado para com o meio ambiente.

A cidade recebeu 850 ônibus que trouxeram participantes predominantemente das Américas. Mas alguns viajaram da Europa e Ásia especialmente para o evento. Aproximadamente 800 áreas de alimentação foram designadas para alimentar os participantes.

O Campori também organizou um museu exibindo a história dos desbravadores, shopping, supermercado, padaria, loja de conveniência, posto policial, corpo de bombeiros e hospital.

A segurança e o transito ficaram sob a responsabilidade de 500 pessoas.

“Uma enorme estrutura é necessária para garantir a segurança de todos os participantes. Organizamos eventos como esse a cada 10 anos devido à complexidade da estrutura. O Clube de Desbravadores é um projeto contínuo: todos os sábados e domingos, os clubes reúnem crianças e adolescentes para ajudá-los a não se envolver em atividades negativas como drogas e crime. Ensinamos valores importantes e esperamos que

6

Adventist World | Março 2014

35.000 Jovens no Campori da DSA no Brasil

Evento atrai visitantes de 12 países e promove estilo de vida cristão durem pela vida inteira”, disse Udolcy Zukowski, coordenador geral do evento.

E, enquanto o Parque do Peão era a “cidade dos desbravadores” em Barretos com atividades para jovens, nem tudo era diversão. Grande parte do evento tinha como foco o serviço comunitário e evangelismo.

Em um único dia, os desbravadores visitaram 40 mil casas, entregando folhetos com informações sobre proteção contra o abuso infantil e prevenção da dengue. Eles também distribuíram 40 mil cópias do livro missionário de 2014, A Última Esperança, escrito pelo pastor Alejandro Bullón.

Na sexta-feira, 10 de janeiro, a comunidade foi presenteada com um DVD contendo imagens de Israel, Turquia, Grécia e Roma, e uma mensagem bíblica especial sobre o que aconteceu nesses locais históricos.

Uma Feira de Saúde foi realizada em três locais de Barretos, onde profissionais da área e palestrantes ofereceram conselhos sobre os oito remédios naturais que promovem uma vida saudável.

Palestras com ênfase na saúde feminina também foram apresentadas.

A marca do IV Campori da DSA foi o esforço feito para a inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais (com deficiências). Natália Paola Blanco, 22, pertence ao Clube de Desbravadores Ebenézer, do nordeste da Argentina. Ela tem síndrome de Down.

“A abertura foi linda”, ela mencionou.

Sua mãe, Elva Blanco, enfatizou que o contato com o clube tem contribuído grandemente para o desenvolvimento social da filha, bem como sua comunicação e aprendizagem. É também uma oportunidade de os jovens adventistas aprenderem sobre igualdade e inclusão social.

F o t o s :

C o r t e s i a

d a

A S N

Acima: ESSE É O CAMINHO: Magdiel Pérez Shulz, secretário executivo da Divisão Sul-Americana, coordena o trânsito no IV Campori de Desbravadores.

Esquerda: ACAMPANTES MUITO FELIZES: Jovens adventistas participam de um dos maiores eventos de jovens cristãos do mundo.

Elias Santos, 19, é deficiente físico e também instrutor do Clube de Desbravadores Cinco Oceanos, no estado da Bahia, Brasil. Para ele, participar do evento é a realização de um sonho: “Eu participei em todas as atividades do clube e nunca fui desrespeitado”, disse.

Diego Barreto, amigo de infância de Elias, comentou que a amizade proporcionada pelo clube ajudou muito a Elias em seu problema. Diego disse que o acidente aconteceu logo depois que o amigo entrou para o clube. “Mas os desbravadores o acolheram, porque para nós, ele não é deficiente. Além disso, ele ainda joga bola conosco, e joga melhor do que eu!”

Elijah Leonardo Fontan entrou para o Clube de Desbravadores Villa Luzuriaga Herederos, na Argentina, há três anos, e também possui uma deficiência. Mesmo assim, foi ao Campori.

“Eu gosto de acampar, participar de eventos e ajudar pessoas”, explicou. Em 14 de dezembro de 2013, três semanas antes do Campori, Fontan decidiu expressar publicamente a decisão de seguir a Cristo através do batismo, como resultado de seu envolvimento com o clube de desbravadores.

Além dos acampantes, outro grupo significativo também participou do evento, mas com um diferencial: participaram do Campori Virtual, transmitindo ao vivo as programações para a TV e redes sociais.

A versão virtual do campori não foi algo planejado pela equipe de comunicação que coordenou as atividades.

Rogério Ferraz, diretor de Estratégias

CIDADE DE BARRACAS: Algumas das milhares de barracas montadas no campori, na cidade de Barretos, estado de São Paulo.

Digitais da DSA, disse que a ideia surgiu espontaneamente, por intermédio dos desbravadores que estavam participando via internet. “O objetivo inicial era levar o que estava acontecendo aqui aos desbravadores que não puderam vir, para que eles pudessem ter uma ideia do evento e compartilhassem o que estávamos vivendo”.

Mas, durante o evento, a participação dos internautas foi intensa. “A transmissão foi tão boa… que eles começaram a sentir-se parte do evento. Todos nós ficamos muito felizes com essa interação e com a possibilidade da participação de pessoas de diferentes lugares”, disse Ferraz. Foi assim que o Campori Virtual começou a tomar forma.

Dois grupos foram criados no Facebook por acampantes virtuais: “#CampanhaTrunfoParaOsInternautas” e “Eu não fui mas estou no #Campori DSA”, que funcionaram em paralelo com às transmissões oficiais pelo site do campori.

O desbravador Henry Santos, de Porto Seguro, que criou o grupo no Facebook com a hashtag #Campanha TrunfoParaOsInternautas, comentou: “Assisti ao chat CamporiTV, e muitas pessoas (on-line) estavam tristes porque não puderam ir ao acampamento.

Como não gosto de ver ninguém triste, tive a ideia de criar o grupo para motivar e alegrar a todos”.

Ferraz explica que foi preciso estabelecer alguns pré-requisitos que deveriam ser cumpridos a fim de concorrer aos prêmios; algo que mostrasse que estavam realmente participando da

programação diária, assistindo e interagindo. Ao cumprir esses requisitos, ganhariam o prêmio.

As atividades para os acampantes virtuais foram postadas diariamente nas mídias sociais. Além disso, foram criados formulários onde os participantes deveriam autenticar sua participação com seus links. Tatiana Melo, do estado de Pernambuco, estava esperançosa depois que tudo acabou.

Os desbravadores presentes em Barretos não foram os únicos a ouvir o pastor Odailson Fonseca, palestrante do evento. Internautas a milhares de quilômetros de distância também se sentiram convidados para a “reunião marcada na eternidade”. “Eu não estava no Campori IV, mas estava conectada ao CamporiTV… Eu também tenho uma reunião marcada com JESUS... #camporiDSA #campanhaTrunfoPara OsInternautas”, postou no Facebook, Ana Letícia, do Maranhão.

O alcance da internet teve seus frutos, comentou Ferraz. Uma jovem, que planejou participar do Campori mas na última hora não conseguiu, assistiu a programação on-line e enviou uma mensagem dizendo que sentiu vontade de voltar para a igreja. Além disso, outro indicativo do sucesso foram as 680 solicitações do prêmio de mérito feitas pelos participantes.

No total, houve 337 mil visualizações do campori, por 80 mil pessoas, em 97 países, segundo relatórios oficiais.

– Mark A. Kellner, editor da Adventist World, com reportagens de Felipe Lemos e Deborah Calixto, ASN

Março 2014 | Adventist World

7

V I S Ã O

M U N D I A L

Um

Nota do Editor: Essa é a segunda parte da versão abreviada de “Um Chamado Profético Urgente: Mensagem do presidente da Associação Geral”. A primeira parte foi publicada na edição de fevereiro.

O texto completo e vídeo dessa mensagem estão na página http://adventistreview. org/an-urgent-prophetic-calling.

E

mbora haja razões para que estejamos entusiasmados, enfrentamos enormes desafios.

Lembro-me do conselho do apóstolo Paulo aos anciãos da igreja de Éfeso, quando mencionou: “Vocês sabem que não deixei de pregar-lhes nada que fosse proveitoso, mas ensinei-lhes tudo publicamente e de casa em casa” (At 20:20, NVI).

Como pastor e presidente mundial, meu amor pela Igreja e fidelidade à Palavra de Deus me compelem a compartilhar algumas preocupações pessoais.

Note, por favor, que não estou sugerindo que esses desafios espirituais afetam todos os membros, mas são suficientemente graves para justificar a preocupação.

A seguir, apresento quatro inquietações na Igreja, atualmente. Poderíamos acrescentar outras, mas vamos observar cuidadosamente essas quatro: 1. A perda da identidade adventista entre alguns de nossos pastores e membros.

2. A crescente onda de mundanismo em muitas de nossas igrejas.

3. O perigo da desunião.

4. A apatia espiritual e condescendência que levam à falta de envolvimento na missão da igreja.

Nossa Identidade

A Igreja Adventista do Sétimo Dia não é simplesmente mais uma denominação. Segundo Apocalipse 10, ela nasceu de Deus, a partir do desapontamento de 1844, semelhante à igreja do Novo Testamento que nasceu a partir do desapontamento da cruz,

8

Adventist World | Março 2014

Ted N. C. Wilson

Chamado rofético rgente PARTE 2

P

U

Deus Guia Sua Igreja

no ano 31 d. C. Em ambos os casos, os seguidores de Cristo compreenderam mal a profecia e sofreram uma amarga decepção. Mas, desses desapontamentos, Deus providencialmente levantou um movimento divino destinado a impactar o mundo. Segundo Apocalipse 12:17, o povo de Deus dos últimos dias, seria caracterizado por guardar os mandamentos de Deus e ter o testemunho de Jesus, que o anjo identifica em Apocalipse 19:10 como o dom de profecia.

De acordo com Apocalipse 14:6-12, a igreja de Deus no tempo do fim iria: a – Proclamar a mensagem do evangelho eterno no contexto dos três anjos e da segunda vinda de Cristo; b – chamar “toda nação, tribo, língua e povo” a adorar seu Criador pela guarda do sábado.

Nenhum outro movimento religioso no mundo se encaixa nesse padrão.

Nenhuma outra igreja ou denominação preenche os critérios de Apocalipse 10, 12 e 14.

Neutralizar a Palavra de Deus

A seguir, está precisamente minha inquietação: muitos de nossos pastores e membros falharam em reconhecer, ou se esqueceram do chamado profético divino feito por Deus a nós como Igreja.

Há uma tendência crescente de diminuir nossas diferenças com outras denominações. Muito disso vem da neutralização da Bíblia como a Palavra de Deus. É imprescindível que nossas crenças sejam fundamentadas na Palavra de Deus,

usando o método histórico-bíblico de interpretação e estudo das Escrituras e abordando a compreensão profética da perspectiva historicista. A Palavra de Deus deve ser o fundamento de nossa crença, fé e vida prática. O Espírito Santo nos guiará a toda a verdade se estudarmos, orarmos e ouvirmos a voz de Deus.

O Evangelho Completo

Lembro-me de uma clara afirmação de Ellen White: “Todo o evangelho está envolvido pela terceira mensagem angélica, e em todo nosso trabalho a verdade deve ser apresentada tal como é em Jesus […] Não deixe que nada diminua a força da verdade para este tempo. A terceira mensagem angélica deve realizar a sua obra de separar das outras igrejas um povo que tomará posição sobre a plataforma da verdade eterna. Nossa mensagem é de vida ou morte, e devemos […] apresentá-la com toda a sua força. Então o Senhor fará com que seja eficaz” (Manuscript Releases, v. 1, p. 58) Como Noé, os adventistas do sétimo dia surgiram a fim de preparar o mundo para seus momentos finais; e como João Batista, a fim de preparar o mundo para a vinda do Senhor. Nunca devemos nos esquecer de quem somos e por que estamos aqui.

Apelo a você de todo o coração: Como adventista do sétimo dia, seja fiel ao chamado que Deus lhe fez. Abrace essa mensagem em sua plenitude, e cheio do Espírito Santo, compartilhe-a com o mundo.

A Influência do Mundo

Isso leva à minha segunda inquietação: O crescimento da influência do mundanismo em nossas igrejas é alarmante. Jesus declarou que isso aconteceria quando orou: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo 17:15, ARA).

Salvação por meio de Jesus Cristo

Certamente que não ganhamos o Céu pelo que comemos ou pela forma como demonstramos ser religiosos.

Temos a salvação por meio do poder e do sangue de Jesus Cristo. Mas quando Cristo entra em nossa vida, age podero-

O desafio é grande, mas Deus está no controle liderando Seu povo .

O apóstolo João acrescentou: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo 2:15, 17, ARA).

A igreja sempre enfrentou o perigo de perder sua perspectiva e acomodar sua lealdade a Cristo por meio de tendências crescentes, permitindo que o mundo molde seus pensamentos.

Quanto mais perto chegamos do fim dos tempos, mais o inimigo irá redobrar seus esforços.

Estou preocupado com a maré quase esmagadora de mundanismo que está invadindo algumas de nossas igrejas. Critérios antes apreciados pelos adventistas em relação à alimentação, vestuário, recreação e guarda do sábado estão rapidamente se tornando coisas do passado.

ARTE

POR

C O DY

J EN S EN

samente, e somos justificados. O mesmo poder traz com ele a santificação, que nos ajuda a ter a mente de Cristo. Paulo escreveu: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (Fl 2:5, NVI). Somos embaixadores de Cristo (2Co 5:20).

Jesus disse: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos Céus” (Mt 5:16, NVI).

Milhões de pessoas estão em busca de algo diferente daquilo que elas têm. Na realidade, lá no íntimo, estão cansadas e frustradas de satisfazer os desejos do coração por meio das coisas deste mundo.

Elas anelam pelo cristianismo autêntico, genuíno. Nunca iremos alcançá-las se acomodarmos os padrões que Deus nos deu. Não há tempo para flertar com a vestimenta, alimentação, os divertimentos do inimigo e as influências mundanas.

Cristo vivendo em nossa vida e habitando em nosso coração faz uma tremenda diferença na maneira como vivemos.

Abrindo as Cortinas

Vamos agora para outra preocupação: o perigo da desunião. Em João 17, Jesus orou pela unidade de Sua igreja.

Uma das estratégias intencionais do inimigo é atacar essa unidade. Ele sabe que se a igreja não for unida, ela não realizará efetivamente sua missão.

Com sua visão profética, Ellen White nos deu esse conselho, divinamente inspirado: “A unidade é a força da igreja. Satanás o sabe e emprega toda a sua força para introduzir dissensão. Ele deseja ver falta de harmonia entre os membros da igreja de Deus. Deve ser dada maior atenção à questão da união” (Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 159). Essa linda citação abre as cortinas e revela as estratégias do inimigo. Ele usa todas as suas forças para provocar desavença e conflito, para neutralizar os esforços do povo de Deus para ganhar pessoas.

Esse é o tempo para todos se unirem em Cristo, sob a bandeira de Sua verdade, para pregar Sua mensagem ao mundo. Deus nos orientou para que sejamos uma organização divinamente inspirada. Por intermédio de acordos e regulamentos internos chamados praxes, e sob a guia do Espírito Santo, mantemo-nos unidos como família mundial. Descartar ou ignorar esses acordos mútuos é violar a confiança sagrada e criar discórdia desnecessária.

Oro para que cada um de nós deixe sua opinião pessoal de lado, para o bem do corpo de Cristo e para que unidos, marchemos em direção ao reino de Deus.

Paralisia Espiritual

Aqui está minha última e maior preocupação: O aumento da apatia e condescendência espiritual predominando na vida dos membros. Necessitamos examinar nossa vida para ter certeza de que Deus está trabalhando em nós de um modo vital. Uma pesquisa recente indica que a grande maioria de nossos membros acredita nas doutrinas da

Março 2014 | Adventist World

9

V I S Ã O

Igreja, mas há uma indisposição para compartilhar a fé. Essa maioria faz parte da cultura do não envolvimento, em vez da cultura do envolvimento.

Não há paixão por compartilhar sua fé em Jesus Cristo. Não há urgência em seu coração.

Crescendo Espiritualmente

Meus irmãos e irmãs, sem o envolvimento ativo no serviço de Cristo, não cresceremos espiritualmente. A profetisa de Deus não podia deixar mais claro quando escreveu: “A própria vida da igreja depende de sua fidelidade em cumprir a comissão do Senhor. Negligenciar essa obra é convidar a fraqueza e a decadência espirituais. Onde não há ativo trabalho em benefício de outros, o amor diminui e definha a fé” (O Desejado de Todas as Nações, p. 825). O envolvimento é a resposta para a apatia.

Evidência do Espírito Santo

O desafio é grande, mas Deus está no controle liderando Seu povo. A Igreja tem desafios? Sim, mas vejo evidências de que o Espírito Santo Se move poderosamente entre Seu povo. Vejo, também, evidências de que o Espírito Santo está realizando algumas atividades especiais, agora, na Igreja, preparando pessoas para a breve volta de Jesus.

Irmãos e irmãs: apelo a vocês, como apelo ao meu próprio coração, para se consagrarem completamente a Cristo.

Apelo para que vocês abracem o chamado profético que Jesus fez à Sua igreja remanescente, a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Apelo para que você levante bem alto o estandarte de sua vida. Apelo para que você se envolva ativamente na missão de testemunhar do seu Senhor, enquanto aguardamos o breve retorno de Cristo. n

Ted N. C. Wilson é

presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

10

Igreja de Um Dia

M U N D I A L

Adventist World | Março 2014

Dias D’Avila, Brasil

PRONTA PARA CRESCER: Há 15 anos, enquanto corta cabelo, Mariano fala de Jesus aos seus clientes.

FELIZ AGORA: Anna supervisiona a construção da Igreja de Um Dia, no terreno doado pela sua família.

Mariano é barbeiro em sua cidade. Durante mais de 15 anos, comprometido com a missão da Igreja, ele tem levado muitas pessoas a Cristo. Ele mesmo declara: “Afinal, existe algo melhor na vida do que apresentar Jesus aos amigos?”

A pequena igreja de Dias D’Avila tem uma frequência de aproximadamente 50 pessoas, porém, o que mais se destaca é o bom número de interessados, o qual aumenta a cada semana.

“Olha ali”, Mariano aponta para o outro lado da rua, algumas casas abaixo, “a mulher que mora lá decidiu se batizar no sábado em que inaugurarmos a nova igreja.

“Uma família, vizinha a ela, também aceitou o batismo e mais três pessoas da outra rua. Ainda há outros que estão se preparando. Eles dizem: ‘Estamos estudando com o homem que fala sobre Deus todas as vezes que cortamos o cabelo em seu salão’.”

Três anos atrás, a mãe de Ana decidiu reformar completamente sua casa.

Quando terminou a obra, ela sugeriu que Ana convidasse alguns amigos para a comemoração. Muitas amigas da mãe vieram, porém, nenhum dos amigos de Ana compareceu. Ela ficou sozinha!

A mãe de Ana faz parte dos membros “pioneiros” da Igreja Adventista de Jardim Garcia. Na festa, suas amigas convidaram Ana para ir à igreja. Ana estava curiosa para saber sobre a razão das amigas de sua mãe estarem sempre tão felizes.

“Todas elas foram à festa de reinauguração da nossa casa, e eu não consegui levar nenhum dos meus convidados”, Ana se lembra.

Após ser batizada, Ana sugeriu que sua família doasse o “terreno ao lado” da casa para construir uma igreja. Ela se lembrou do grupo Maranatha e do projeto que desenvolvem «a igreja de um dia”.

Isso realmente deu a Mariano assunto para falar com seus clientes na barbearia!

O número de membros na igreja cresceu tremendamente.

Os voluntários chegaram no dia 16 de janeiro. A igreja rapidamente ficou pronta para a dedicação e para os vários batismos!

A Maranatha Volunteers International e ASI* colaboram financiando e facilitando projetos de Igrejas e Escolas de Um Dia. Desde que esse projeto foi lançado, em agosto de 2009, já foram construídas mais de 1.600 igrejas em todo o mundo. – Dick Duerksen. f OTO S :

D i ck

D u e r ks e n

A Igreja Deve

S aúde

no

M undo

Relaxar Sua Posição

Álcool?

Quanto ao

Peter N. Landless e Allan R. Handysides Recentemente, li que instituições e universidades cristãs que advogavam a abstinência do álcool no passado, estão relaxando na proibição do seu uso por funcionários e alunos. Será que a Igreja Adventista também vai ceder a tal procedimento?

D

efinitivamente, não! E por duas razões básicas: Primeiramente, o álcool é um veneno perigoso.

Em segundo lugar, e ainda mais importante, o corpo é o templo do Espírito Santo e deve ser mantido puro e imaculado. Vejamos os fatos.

As estatísticas apresentadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), (fevereiro 2011), demonstram que: n Todos os anos, aproximadamente 2,5 milhões de pessoas morrem por questões relacionadas ao álcool. n Quatro por cento de todas as mortes estão associadas ao álcool devido a ferimentos, cânceres, doenças cardiovasculares e cirrose do fígado. n Aproximadamente 320 mil jovens, entre 15 e 29 anos, morrem por causas associadas ao álcool. Isso representa 9% das mortes nessa faixa etária.1 Uma classificação das drogas, realizada pelo Comitê Científico Independente do Reino Unido, baseada no critério de danos, concluiu que o álcool é a droga mais perigosa do mundo.2 O álcool é a droga recreativa mais utilizada mundialmente, superando o tabaco, a maconha e outras.

O álcool é o terceiro maior fator de risco de doenças no planeta.

O consumo do álcool exerce uma influência negativa e destruidora sobre as famílias. Frequentemente, ele onera o orçamento familiar e está comumente associado à violência doméstica, ao abuso de crianças e síndrome fetal-alcóolica.

O uso do álcool afeta negativamente a sociedade pela associação com crimes e violência de todos os tipos, e um grande número de vítimas inocentes em acidentes. f o t o :

P o z n a n

N o w o w i e jsk i e g o

Os supostos benefícios para a saúde pelo consumo moderado do álcool não se aplicam a todas as idades, variações étnicas e de sexo, especialmente em relação à saúde do coração.

O uso do álcool não é benéfico para jovens (abaixo de 35 anos).

Até mesmo seu uso moderado está associado a muitos efeitos negativos, como comportamento agressivo e problemas morais.

O álcool é reconhecidamente a causa primária do câncer de mama e do cólon, entre outros, mesmo quando consumido em doses muito baixas.

A Bíblia enfatiza que o corpo “é a habitação do Espírito Santo”. Além disso, o Espírito Se comunica conosco por meio da mente racional. Nenhum consumo de álcool, por menor que seja, deixa de afetar a função cognitiva, de julgamento e da razão.

Para que a saúde física seja preservada e os canais de comunicação entre nossa mente e o Céu permaneçam limpos e claros, o álcool deve ser evitado. E mais, ao obedecermos o mandamento de Deus que ordena “ame ao próximo como a si mesmo” (Lv 19:18), o imperativo moral da abstenção se torna ainda mais premente, devido aos amplos efeitos que o álcool pode acarretar sobre o usuário, sua família, seus amigos e comunidade, relacionados a traumas, violência doméstica, acidentes fatais, imoralidade sexual e transmissão de doenças sexualmente transmissíveis.

Jesus nos redimiu com Seu sangue. Por isso, Paulo conclui: “Vocês não são de si mesmos. Vocês foram comprados por alto

preço. Portanto, glorifiquem a Deus com seu próprio corpo” (1Co 6:19, 20, NVI).

Este é o mais forte argumento a favor da abstinência alcoólica.

Considerando os importantes riscos associados ao consumo de bebidas alcoólicas, não faz nenhum sentido promover seu uso, especialmente quando há outros meios já comprovados de prevenir e tratar as cardiopatias, incluindo exercício, dieta saudável e o uso, quando necessário, de medicamentos testados e que não causam dependência.

As escolhas do estilo de vida oferecem proteção contra os problemas que inevitavelmente ocorrem com o uso do álcool. Essas escolhas incluem exercício, descanso, alimentação saudável, ar fresco, luz solar, água pura (interna e externamente), confiança em Deus, apoio social, uma boa dose de otimismo e, sem dúvida, temperança, que nos incentiva a usar sabiamente essas coisas que são saudáveis e boas, e a abandonar tudo o que é prejudicial, capacitados pelo poder do nosso querido Senhor Jesus Cristo. n 1 Organização Mundial da Saúde, “Global Status Report on Alcohol and Health” (2013). http://www.who.int/substance_abuse/publications/global_alcohol_report/en. Acessado em 2 de abril de 2013.

2 David J. Nutt, Leslie A. King e Lawrence D. Phillips, “Drug Harms in the UK: A Multicriteria Decision Analysis”, The Lancet 376:9752 (2010):1558-1565.

Peter N. Landless, médico cardiologista nuclear, é diretor do Ministério de Saúde da Associação Geral.

Allan R. Handysides, médico ginecologista aposentado, é ex-diretor do Ministério de Saúde da Associação Geral.

Março 2014 | Adventist World

11

OF LIBRAR Y

N

ada na vida deve vir antes do maná.

“Partiram de Elim, e toda a congregação […] murmurou […]

‘Quem nos dera tivéssemos morrido pela mão do Senhor, na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne e comíamos pão a fartar! Pois nos trouxestes a este deserto, para matardes de fome toda esta multidão’” (Êx 16:1-3, ARA).

C ONGRE S S

D evocional

Lael Caesar

Miseráveis e Ingratos

Por que Deus não nos matou no Egito? Deus acabara de libertá-los do Egito, e já estavam reclamando dEle. Queriam voltar. Disseram que “estavam melhor lá no Egito”, o que é de uma ingratidão imensa! Talvez estivessem com fome. O que não quer dizer que não tinham o que comer. Haviam acabado de sair de Elim, onde encontraram água potável e palmeiras de tâmaras.

Na realidade, sentiam falta das panelas de carne do Egito (Êx 16:3). Todavia, não desejo apresentar um devocional sobre vegetarianismo!

Fora isso, o que havia de tão maravilhoso no Egito para que os israelitas desejassem voltar? Deus acabara de libertá-los da tirania de Faraó, e eles queriam voltar. Na Bíblia, há algumas metáforas nessa linha de pensamento – O cão volta ao vômito, ou a porca lavada volta a se revolver na lama (2Pe 2:22).

O que pode ser mais desagradável do que abandonar Jesus e Seu sangue redentor e voltar para a degradação da qual Ele acabou de me salvar?

Deus Maravilhoso

Está bem, você quer voltar? Então, volte! Isso é o que eu diria. Desisto!

Afinal de contas, estou fazendo o meu

12

Adventist World | Março 2014

Pão dos

As primeiras coisas em primeiro lugar melhor para ajudar, e tudo o que você faz é reclamar e me insultar.

Mas nosso Deus maravilhoso nunca desiste de mim. Ele me ama demais.

Ele fará tudo o que puder para que eu continue seguindo em frente. Assim, em vez de deixar Israel voltar para a vergonha da vitimização, Ele propõe uma demonstração singular: “vocês saberão que foi o Senhor quem os tirou do Egito, […] e, pela manhã, vereis a glória do Senhor” (Êx 16:6, 7).

Comparando a linguagem desse texto com os padrões divinos estabeleci-

dos em Êxodo 6:6 e 7, vemos que Deus não está muito interessado nesse drama.

Em Êxodo 6, Ele informou a Moisés que a maneira pela qual o povo saberia que Ele era o Senhor que os livraria, seria ver o que Ele faria com os egípcios.

Quando Deus diz a Moisés, ou cerca de sessenta vezes a Ezequiel, “e saberão” (6:7, 10; 11:9, 10, etc.), não devemos pensar que Ele está sorrindo. Deus não enviou codornizes porque estava feliz.

Isso fica ainda mais claro, quando Ele envia os pássaros pela segunda vez: “Mas, enquanto a carne ainda estava

O maná, como o sábado, é o milagre da lembrança. entre os seus dentes e antes que a ingerissem, a ira do Senhor se acendeu contra o povo, e ele o feriu com uma praga terrível” (Nm 11:33; cf. Sl 106:15).

Então, o que Deus faz quando está magoado com as pessoas que se esquecem das Suas maravilhas? Inventa algo para não se esquecerem. E Ele fez o maná.

Maná

O que é o maná? Não sei. Israel não sabia. Foi por isso que o chamaram de maná. Eles o chamaram de “O que é isso?” (Êx 16:15, 31). Veja, o maná não é um item qualquer do armazém da esquina. Ele era tão raro que ninguém nunca havia visto.

O que é o maná? Pode-se admitir que é um alimento de aparência desinteressante e estranha. Nada parecido com o que é servido nos restaurantes de cinco estrelas ou nos refeitórios dos colégios de elite, do qual os alunos “filhinhos de papai” ainda reclamam.

As três palavras que o descrevem em Êxodo 16:14 são “fino” ou “pequeno” e “semelhante a escama” (ARA).

Agora, “fino” não é tão fino assim.

Essa é a palavra que Faraó usa para descrever o milho e as vacas que subiram pela segunda vez em seus sonhos: feias e magras. O maná não serve para se orgulhar; serve para nutrir. A próxima descrição, “semelhante a escama”, não aparece em outro lugar da Bíblia. É única. O mais próximo que podemos chegar da palavra hebraica relativa a “escamas” é um verbo do aramaico que basicamente significa “descascar”, e na sua forma mais enfática, “socar o grão”.

Isso porque apenas socando é que encontramos o germe do grão. Você soca, assopra a casca e consegue seu alimento.

Maná, ao que parece, envolve trabalho, mas tudo o que temos que fazer para obtê-lo, é recolher do chão.

Acontece que alguém pode ter suado e socado em seu lugar; alguém sangrou para que você tivesse pão, para que você tivesse o maná, o pão dos anjos, como diz o salmista (Sl 78:25).

E como você recolhe o maná?

Levanta da cama. Não pode apanhá-lo deitado e não pode adiar sua saída da cama. Você não cuida primeiro de outras coisas importantes, como mensagens, telefonemas, ações a preços irresistíveis ou as notícias do jornal.

Nada na vida deve vir antes do maná.

Assim, sai da cama e vai para o ar fresco; ajoelha-se e, quando levanta, está com seu maná. Você se levanta e se abaixa bem cedo, porque o maná vai derreter quando o sol sair (Êx 16:21).

Seu dia começa com o maná. Nada na vida deve vir antes dele. O maná é o primeiro: todos se levantam antes do nascer do sol, prostram-se ao chão todas as manhãs, bem cedo, e colhem o que Deus envia todas as manhãs, só para aquele dia. Bem cedo, todos os dias. Ninguém pode colher por você; cada um colhe o seu; cada um colhe de acordo com sua necessidade pessoal (Êx 16:17, 21).

O maná é a ação dos sentimentos quando você canta: “Senhor, de manhã o Senhor ouvirá Minha voz subindo ao Céu; A Ti dirigirei minha oração, A Ti elevarei meu olhar.”

Sobre Lembrar

Os momentos de esquecimento podem estar associados às últimas notícias do mercado de ações, eventos políticos, desastres naturais e guerras,

como se eles pudessem satisfazer nossa fome. É notório que ainda necessitamos do maná. Ele nos faz lembrar. É o modo como obedecemos e não nos esquecemos. No deserto, durante 40 anos de peregrinação, todas as manhãs, muito cedo, o maná já estava disponível. Em meio à apostasia e o perdão, à rebelião e a providência, duas vezes mais às sextasfeiras (Êx 16:22) e nada aos sábados. O maná estraga se você tenta estocá-lo.

Mas dura para sempre, quando você obedece a Deus e guarda um pote cheio na arca (verso 33).

O maná, como o sábado, é o milagre da lembrança. O pote milagroso que nunca se estragou fazia companhia às tábuas dos Dez Mandamentos dentro da arca, completando o círculo da lembrança de fazer ou desistir, de trabalhar e descansar, pois o Deus dos seis dias da semana é o mesmo Deus do sétimo dia.

Aquele que nos dá o pão de cada dia é Aquele em Quem devemos encontrar nosso descanso semanal e eterno.

O maná também é uma questão de respeitar Suas condições: “Seis dias trabalharás”, e quanto ao sábado, Deus nos diz: “Nele não farás nenhum trabalho” (Êx. 20:9, 10, ARA). Assim, o maná e o sábado são uma unidade: O Senhor do sábado é o pão vivo do Céu, o maravilhoso milagre do maná que nos concede vida para sempre (Jo 6:51, 58). Ao buscá-Lo em primeiro lugar, vivemos. Nada na vida deve vir antes do maná. n

Lael Caesar é editor associado da Adventist World Março 2014 | Adventist World

13

C renças

F undamentais

Deleite.

Foi o que senti um dia na faculdade de direito, quando recebi um pacote enviado pela minha igreja, cheio de bilhetes e gostosuras. Esse mesmo sentimento inundou todo meu ser quando, pela primeira vez, caminhei nas montanhas da Suíça.

Quando você pensa na palavra “deleite”, o que vem à mente?

Contentamento? Imenso prazer? Exatamente! Mas alguma vez você já pensou em aventura, risco ou exploração? Se ainda não, deveria. Muitas vezes o deleite resulta de um processo de descoberta. Na verdade, você pode considerá-lo como tal quando

A

Identidade

O texto começa com uma frase de identificação: “Se desviares o pé de profanar o sábado”. É o sábado que produz os motivos para sentirmos deleite. E que dia da semana da criação é este? É o sétimo dia, o evento que coroou a criação perfeita de Deus. Um dia tão especial que Deus o fez santo (Gn 2:2, 3). É o dia em que Ele nos pede que o lembremos e guardemos, como um memorial do mundo perfeito que Ele criou (Êx 20:8, 11) bem como um símbolo de perfeição que Ele é capaz de recriar no coração de Seus filhos (Êx 31:13).

Afia Donkor

Promessa

NÚmerO 20

Deleite

de

Desviar, chamar e honrar

ele o “ilumina”. Tentar coisas novas, explorar lugares diferentes, conhecer outras pessoas, revela beleza e produz deleite.

Para nós, cristãos, alguém só pode sentir esse verdadeiro prazer se o buscar acima de todas as outras coisas – no conhecimento de Deus. Para que isso aconteça, não é suficiente apenas saber sobre Ele ou participar ativamente na vida cristã. Deus precisa ser real, íntimo e precioso. A Bíblia ensina a maneira sublime de nos deleitarmos no Senhor: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo teus caminhos, não pretendendo fazer tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no SENHOR. Eu te farei cavalgar sobre os altos da Terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do SENHOR o disse” (Is 58:13, 14, ARA).

Acho que sei o que você está pensando. O sábado?

Sério? Sim, sério! O texto contém uma promessa definida, com um endosso de autoridade, “porque a boca do Senhor o disse”. Se realmente queremos conhecer a Deus, precisamos seguir Suas prescrições contidas no texto, um passo de cada vez.

14

Adventist World | Março 2014

Imagine se a caixa que recebi de presente chegasse à minha porta, mas em lugar de abri-la, eu a ignorasse completamente ou abrisse qualquer outra caixa. A caixa que chegou é a que está “abençoada” e contém mensagens de encorajamento e gostosuras; portanto, ela contém o potencial para o deleite. Esse potencial permanecerá dentro dela até que eu decida abri-la.

Do mesmo modo, o sábado é o dia que Deus abençoou, descansou e separou. É tentador pensar: Mas é imprescindível que seja um dia específico? Entretanto, a pergunta real deve ser: “Nós confiamos em Deus?” Ele declara que o sábado é importante e que esse dia contém Suas bênçãos. Vamos acreditar nEle e abrir o presente que nos deu? Aqueles que o fizerem não ficarão desapontados, “pois a boca do Senhor o disse”.

Desviar, Chamar, Honrar

Imagine o seguinte cenário: Eu decido visitar a Suíça para desfrutar de sua maravilhosa paisagem. Localizo no mapa.

Viajo até lá e me hospedo em um hotel. Minha experiência de deleite nas montanhas e com a paisagem estará completa?

Bem, na verdade não. Há outro aspecto do deleite que é muito importante. Você tem que “buscar” o deleite, e para isso precisará de ajuda. Quer experimentar a grandeza das f o t o :

U l f

H i n z e

O final da honra é o início do deleite montanhas? Vai precisar de instruções acuradas para guiá-lo até elas. Em seguida, terá que calçar suas botas e ir.

Com o sábado não é diferente. Deus nos instrui, porém, precisamos ouvir e agir. A lição é simples – para desfrutar o deleite sabático precisamos “desviar, chamar e honrar”.

Desviar: O sábado é o dia em que os cristãos fazem uma meia-volta. “Desvie seu pé”, Deus diz. Mude a direção nesse dia especial. Por quê? Durante a semana, na maior parte do tempo, nossos pés estão voltados para coisas pessoais.

Trabalho, família e outras obrigações que tomam tempo e requerem atenção. No entanto, no sábado, Deus nos pede que deixemos essas coisas para trás e volvamos nossos pensamentos, palavras e ações em Sua direção. O sábado é o dia de esquecer nossos problemas e procurar compreender a vontade de Deus. Nesse dia, mais do que nos outros, podemos mergulhar nos mistérios de Deus e emergir com uma compreensão profunda de Seu caráter e com sede de conhecer mais. Como o cientista que após anos dedicados a uma pesquisa se alegra a cada nova descoberta, nós também nos alegraremos se tomarmos tempo para descobrir Deus no Seu santo dia.

Chamar: Há poder nas palavras. O que dizemos influencia o que pensamos e como agimos, e o que pensamos e agimos muitas vezes é refletido no que dizemos.

Em Isaías, Deus nos pede para chamar o sábado deleitoso.

A declaração não é condicional. O pedido não é para que chamemos esse dia deleitoso, quando “sentimos” que

O

.

ele é um deleite. Independente de nossos sentimentos subjetivos o sábado é um deleite porque Deus, o Doador de todo dom perfeito (Tg 1:17), o criou e nos deu de presente. Os que pela fé o chamarem de deleitoso começarão a ver o valor desse dia. Nossas ações reforçarão nossas palavras. Quando nos desviarmos dos interesses pessoais e aproveitarmos esse dia como uma oportunidade para nos encontrarmos com Deus, nossa experiência espiritual se intensificará e os momentos do sábado se tornarão preciosos. Só então, por meio da experiência pessoal, chamaremos o sábado de deleitoso.

Honra: Respeito, distinção e cortesia são expressões de honra. Os que se identificam com o sábado, demonstrando respeito e expressando deleite pelo dia que Deus chamou de santo, honram muito ao Senhor. E o final da honra é o início do deleite. O sábado é um dia de descobertas. Os que se atrevem a abraçá-lo e a honrá-lo desfrutarão algo de valor inestimável – conhecerão a Deus –, e conhecê-Lo é amá-Lo e sentir deleite nEle. n

Afia Donkor é advogada e reside em Ontario, Canadá.

Sábado O bondoso Criador, após os seis dias da criação, descansou no sétimo dia e instituiu o sábado para todas as pessoas como memorial da criação. O quarto mandamento da imutável lei de Deus requer a observância deste sábado do sétimo dia como dia de descanso, adoração e ministério, em harmonia com o ensino e prática de Jesus, o Senhor do sábado. O sábado é um dia de deleitosa comunhão com Deus e uns com os outros. É um símbolo de nossa redenção em Cristo, um sinal de nossa santificação, uma prova de nossa lealdade e um antegozo de nosso futuro eterno no reino de Deus. O sábado é o sinal perpétuo do eterno concerto de Deus com Seu povo. A prazerosa observância deste tempo sagrado duma tarde a outra tarde, do pôr do sol ao pôr do sol, é uma celebração dos atos criadores e redentores de Deus. (Gn 2:1-3; Êx 20:8-11; Lc 4:16; Is 56:5, 6; 58:13, 14; Mt 12:1-12; Êx 31:13-17; Ez 20:12, 20; Dt 5:12-15; Hb 4:1-11; Lv 23:32; Mc 1:32.)

– Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, Nº- 20

Março 2014 | Adventist World

15

A rtigo de C apa

Gerald A. Klingbeil

Nas Pegadas Direita: BREVE, MUITO EM BREVE: Na Ascension Rock (rocha da ascensão), próximo à fazenda de Guilherme Miller, tentamos imaginar aquele momento (22/10/1844).

Abaixo: CONHEÇA ALGUNS AMIGOS: Gerald Klingbeil, editor associado da AW, com as fotos em tamanho real de Ellen e Tiago White na Vila Histórica Adventista, em Battle Creek, EUA.

E

m outubro de 2013, o editor associado, Gerald A. Klingbeil, participou de uma turnê pelo roteiro histórico adventista, liderada por James Nix, diretor do Patrimônio Literário de Ellen G. White, da Associação Geral (AG). Durante nove dias, eles viajaram cerca de 3.540 km pelo nordeste dos Estados Unidos.

O grupo era heterogêneo, 35 pessoas entre 8 e 80 anos. Este artigo é uma amostra do que está publicado em seu blog.1

Esquerda: O DIA SEGUINTE: Hiram Edson e alguns amigos se reuniram para orar em um celeiro como esse, após o Grande Desapontamento do dia 22 de outubro. Visitamos a fazenda de Hiram Edson num dia muito frio. Abaixo: AS RODAS QUE NOS DERAM ASAS: Viajamos excepcionalmente mais confortáveis do que a maioria dos pioneiros, no século 19.

dos Pioneiros H

á muitas rotas que nos levam às nossas raízes. As raízes determinam quem e o que somos. Uma árvore com raízes profundas crescerá forte e altaneira. Raízes rasas resultarão em crescimento superficial. A metáfora da raiz nos ajuda a compreender a herança adventista. Tiago e Ellen White, Urias Smith ou J. N. Andrews são nomes facilmente reconhecidos entre os adventistas. Mas, o que dizer dos heróis do movimento adventista que são pouco conhecidos? E sobre as dificuldades para articular e manter unido um movimento novo – sob a direção especial de Deus – e levar uma mensagem singular a um mundo que precisa ouvir o clamor dos três anjos?

A

O

frase “os bons velhos tempos” soa confortável e descomplicada.

Porém, na realidade, a vida no século 19 não oferecia a maior parte das conveniências de que dispomos na atualidade. Cada pedaço de pão requeria um investimento de muitos dias de trabalho. Imagine só o que significava imprimir algo no século 19, na região da Nova Inglaterra (nordeste dos EUA). O panfleto de oito páginas intitulado Present Truth (VerdaF o t o s :

G e r a l d

A .

K l i n g b e i l

de Presente) levava, no mínimo, um dia para arrumar os tipos e fazer uma prova. A impressão de mil exemplares dele gastava outros dois dias. Em seguida, a página impressa precisava secar antes que pudessem cortar e dobrar. Dependendo da estação do ano e da temperatura, era necessário mais de um dia para isso. Não admira que a impressão não fosse um processo barato. Numa era de impressoras a laser e impressão de livros sob encomenda, tenho grande admiração por aqueles pioneiros adventistas, árduos trabalhadores que, a despeito das longas jornadas de trabalho, ainda tomavam tempo para se concentrar nas coisas importantes com dividendos eternos.

A

O

ntes de Ellen G. Harmon (White, após se casar) receber a primeira visão, Deus escolheu dois homens para comunicar Sua vontade. William Foy, um afrodescendente e Hazen Foss. Ambos também receberam visões, segundo eles mesmos contaram em seu testemunho mais tarde. Foy relatou essas visões ainda que timidamente em público e continuou sendo um pregador batista.

Entretanto, Foss, com medo de ser ridicularizado, decidiu não compartilhar

as visões que recebeu. Infelizmente, ele morreu como agnóstico em 1893.

Em contraste, José Bates, Tiago White e Ellen White, os três principais fundadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia, responderam de bom grado ao chamado de Deus para pregar sobre o breve retorno de Jesus e outras verdades que estavam descobrindo nas Escrituras.

Qual era a diferença? Não era uma questão de idade e experiência. Bates tinha 52 anos de idade em 1844, mas tanto Ellen como Tiago ainda eram muito jovens (Ellen, 17 e Tiago, 23).

Sabemos que, às vezes, todos eles tinham dificuldades com a nova luz, desafios emocionais e outras questões.

Mas, acima de tudo, penso que a paixão por Jesus fez toda a diferença.

A

O

visita que fizemos ao Cemitério Gorham North Street, onde está sepultada Elizabeth, irmã gêmea de Ellen White, emocionou-me. Quanto eu saiba, Elizabeth nunca aceitou a Cristo.

Ao ler uma das cartas de Ellen a Lissy (como era conhecida), onde suplica à irmã para entregar o coração ao Salvador, senti um nó na garganta. O rosto de membros da família ou dos bons

Março 2014 | Adventist World

17

A rtigo de C apa

amigos que se afastaram de Jesus (ou nunca O aceitaram), vinham à mente.

Nas palavras do apelo de Ellen, senti o imenso interesse que Deus tem por aqueles a quem amo.

Q

O

ue tipo de história eu ouviria se Annie Smith – poetisa e editorachefe (não oficial) da Revista Adventista, em Rochester, Nova York – pudesse falar hoje? Em minha opinião, eu ouvi-

ria sobre entusiasmo, otimismo, paixão, convicções profundas e da energia aparentemente sem limites dos jovens.

Ainda consigo sentir aquela paixão hoje, quando falo com minha filha adolescente sobre assuntos pelos quais é apaixonada. Quando os adolescentes adventistas perceberem isso, nada os deterá. Esse foi o fator vital da história de sucesso do início do adventismo. Eles eram poucos, seus recursos eram limitados, mesmo assim, estavam prontos

a seguir em frente, convencidos pela verdade e convictos do chamado divino.

Preciso descobrir esse propósito em minha vida.

E

Querida Lizzie: “Você não acredita em Jesus, Lizzie? Não acredita que Ele é seu Salvador? Que Seu amor por você foi evidenciado ao dar Sua preciosa vida para que você seja salva? A única coisa necessária é aceitar a Jesus como seu precioso Salvador […]

Lizzie, acredite, simplesmente creia no que Jesus diz. Acredite em Sua palavra e entregue a Ele sua alma sem esperança […]

Acredite que Jesus irá ouvir sua confissão, receber sua penitência, perdoar todos os seus pecados e fará de você uma filha de Deus.

Jesus é o seu intercessor. Irá você entregar-se fervorosamente a Jesus? Anseio tomá-la em meus braços e colocá-la nos braços de amor de Jesus Cristo”.

Carta de Ellen G. White à sua irmã Elizabeth Bangs, escrita no dia 21 de fevereiro de 1891. Lizzie faleceu dez meses mais tarde.

18

Adventist World | Março 2014

O

nquanto ouvia as histórias de William (Guilherme) Miller e seus seguidores, seu espírito de sacrifício e sua força me tocaram outra vez. Eles estavam dispostos a permanecer firmes em suas convicções a despeito

Direita: CONTADOR DE HISTÓRIAS: Jim Nix, diretor do Patrimônio Literário de Ellen G. White na AG, conta as histórias por trás da História.

Acima: TRÁGICO DESFECHO: Nosso grupo ouviu atentamente à trágica história de Elizabeth, irmã gêmea de Ellen White.

Abaixo: DESCOBERTA DO SÁBADO: A Igreja de Washington, em New Hampshire, EUA, primeira igreja dos adventistas mileritas a guardar o sábado – muito antes da organização da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Direita: VISÃO DE PÁSSARO: Público atento ouve Jim Nix contar histórias de pessoas que ajudaram o início do movimento adventista, há mais de 160 anos.

do ridículo, desprezo ou escárnio.

Embora tenha sido fiel, Guilherme Miller levou muitos anos para se entregar totalmente a Jesus. Mas, após se converter realmente, passou dois anos estudando as Escrituras. Ele se conscientizou de que o Deus da revelação também era o Deus que havia criado nossa capacidade de raciocínio.

Após intensivo estudo, ele escreveu: “Fui constrangido a admitir que as Escrituras são a revelação de Deus. Elas se tornaram o meu deleite e, em Jesus, encontrei um amigo”. Essa amizade o fortaleceu por mais de doze anos e durante todo o tempo em que pregou sobre a breve volta de Jesus para centenas de milhares de pessoas. Estudiosos estimam que, no auge do movimento milerita, ele atingiu quinhentas mil pessoas na América do Norte. Esse não era um movimento cristão irrelevante e interno – era público, destemido e apaixonado.

O

A

fidelidade em circunstâncias difíceis parece ter sido a marca de muitos de nossos primeiros líderes.

Percy T. Magan, um dos primeiros educadores da iniciante Igreja, muitas vezes enfrentou oposição quanto à visão abrangente que tinha para a educação.

Um dia, ele recebeu um convite tentador de W. K. Kellogg para trabalhar como diretor de vendas da nova indústria de flocos de milho. Magan passou a noite inteira orando sobre esse convite irrecusável. Na manhã seguinte, ele sabia para que direção seguir. Anos mais tarde, ele escreveu a um amigo: “Devo permanecer firme a esta mensagem”.

Era impossível comparar a venda de flocos de milho (e ganhar dinheiro) com a oportunidade de moldar mentes jovens em busca de direção e missão.

Q

O

uando os primeiros adventistas mileritas lidaram com a realidade de Jesus não ter retornado em 1844, muitos questionaram a veracidade de

suas interpretações proféticas. Outros, envergonhados e sem rumo, rejeitaram o cristianismo por completo. Um pequeno grupo, incluindo Hiram Edson, de Port Gibson, Nova York, orou e suplicou a Deus por uma resposta. Na manhã seguinte ao Grande Desapontamento, quando Edson passava por uma plantação de milho, sentiu como se, de repente, o Céu se abrisse e ele pode enxergar o interior do santuário celestial.

Essa descoberta fez com que a profecia bíblica tivesse sentido para os crentes adventistas dispersos. Meu desejo é que nós, também, possamos captar a essência do que formou a Igreja Adventista do Sétimo Dia.2 A doutrina do santuário é a doutrina que une todas as nossas crenças fundamentais – e Jesus está bem no meio do santuário!

U

O

ma das lições mais importantes que trago comigo dessa longa jornada é que a família adventista permanece unida. Os membros da família choram juntos – e, às vezes, até discordam entre si. Mas, permanecem unidos.

Quando leio a história dos pioneiros adventistas, vejo discussões acaloradas e posições apaixonadas. No entanto, havia algo maior que os impulsionava: um mundo que precisava conhecer a verdade. Essa visão do início do adventismo precisava crescer. Os pioneiros

Março 2014 | Adventist World

19

A rtigo de C apa Direita: O PODER ATRÁS DA PENA: Pequenas máquinas de impressão semelhantes a essa, na histórica vila Sturbridge, serviram como veículo para levar a mensagem do advento a outros lugares.

Abaixo: O PROFETA QUE NÃO FOI: Lápide de Hazen Foss, que se recusou a compartilhar suas visões antes de Ellen White.

A EMOÇÃO DO OUTONO: Nem todas as lápides do Cemitério Elmswood puderam diminuir a alegria do membro mais jovem do nosso grupo.

adventistas entendiam que tinham que alcançar o mundo, porém ele estava representado nos Estados Unidos; afinal, aquele era um país com imigrantes do mundo inteiro. À medida que sua compreensão da missão global de Deus crescia, compreenderam que o mundo era muito maior. Nunca falaram de janela 10/40, mas logo após a partida de J. N. Andrews para Europa, em 1874, a missão e o serviço se tornaram o grito de guerra da Igreja. E deve ser ainda hoje.

Há uma lição dessa caminhada em busca de nossas origens: Nossos pioneiros eram pessoas reais, vivendo em um

mundo real e não eram santos. Eles não iriam gostar se tentássemos voltar “aos bons velhos tempos”. Eles abraçaram o mundo em mudança que os cercava e lutaram constantemente com a questão de como as novidades podiam ser usadas para promover o plano de Deus.

Inovaram apresentando as bestas das profecias em papel machê para explicar o panorama profético de Deus nos livros de Daniel e Apocalipse.3 Eles se valeram dos meios de transporte nada convencionais para chegar ao próximo compromisso. Esforçaram-se para avançar, pois sabiam que não tinham muito tempo.

Q

O

uando me despedi do grupo, no Aeroporto Internacional O’Hare, em Chicago (EUA), tive a sensação de que havia encontrado “raízes” importantes.

Independentemente da terra natal, língua ou cultura, antes de tudo, sou membro da família de Deus que aguarda a bendita esperança se tornar uma doce realidade. E, enquanto espero, quero compartilhar as boas-novas de Cristo. n

1 Você pode ler o relato completo dessa viagem, com mais fotografias, na página http://adventistreview.org/route-to-roots.

2 Gerald A. Klingbeil, “Big Picture Thinking: The Sanctuary and the Heart of Adventist Theology”, Adventist Review, 20 de outubro de 2011, p. 18–21.

3 Veja Glúder Quispe, “William Ward Simpson: Primeiro evangelismo de sucesso para grandes cidades”, Adventist World, março de 2013, p. 40, 41.

Ministério da Herança Adventista Para ter acesso a vários sites mencionados neste artigo, visite a página da Adventist Heritage Ministry (http://www.adventistheritage.org/) para materiais, imagens, histórias e oportunidades de voluntariado.

20

Adventist World | Março 2014

Gerald A. Klingbeil

é editor associado da Adventist World. Ele reside em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos.

E S P Í R I T O

S

ou grata mais do que posso expressar pelo poder edificante do Espírito do Senhor, pela graça e conforto que continuo recebendo dEle, por me conceder força e oportunidade para repartir coragem e ajudar Seu povo.

Enquanto o Senhor poupar minha vida, serei fiel e leal a Ele, procurando fazer Sua vontade e glorificando Seu nome.

Que o Senhor aumente minha fé para que eu continue a conhecê-Lo e a fazer Sua vontade mais perfeitamente.

O Senhor é bom e mui digno de ser louvado.

Ellen G. White

Coragem no

D E

P R O F E C I A

Oro fervorosamente, para que o trabalho que fazemos agora cause profunda impressão no coração, na mente e na alma. As perplexidades aumentarão; mas, como crentes em Deus, animemos uns aos outros. Não baixemos o estandarte, mas vamos mantê-lo bem alto, olhando para Aquele que é o autor e consumador de nossa fé. Quando não consigo dormir à noite, elevo meu coração em oração a Deus e Ele me fortalece e me dá a certeza de que está com Seus servos que ministram no campo, perto e em terras distantes. Sou encorajada e abençoada quando percebo que o Deus de Israel ainda guia Seu povo e que continuará com ele, até o fim […]

Devemos permanecer firmes como a rocha, aos princípios da Palavra de Deus, lembrando que Deus está conosco para nos dar força para enfrentar cada experiência nova. Mantenhamos sempre, em nossa vida, os princípios da justiça para que possamos avançar de força em força, no nome do Senhor. Devemos manter, como muito sagrada, a fé que foi confirmada pela instrução e aprovação do Espírito de Deus, desde nossa primeira experiência até o momento presente. Devemos valorizar, como muito preciosa, a obra que o Senhor tem levado adiante por meio do povo que guarda os Seus mandamentos, a qual, pelo poder de Sua graça, vai se tornar mais forte e mais eficiente à medida que o tempo avança. O inimigo está procurando obscurecer o discernimento do povo de Deus, e enfraquecer sua eficiência, mas se trabalharem da maneira como o Espírito de Deus dirigir, Ele abrirá as portas das oportunidades diante deles para a obra de construção dos antigos lugares em ruínas.

Eles experimentarão um constante crescimento, até que o Senhor desça do Céu com poder e grande glória e coloque Seu selo de triunfo final sobre Seus fiéis. n

Senhor

O passado é importante para o futuro Desejo ardentemente que os antigos soldados da cruz, os que ficaram grisalhos no serviço do Mestre, continuem a dar seu testemunho com clareza, a fim de que os mais jovens na fé possam compreender que as mensagens que o Senhor nos deu no passado são muito importantes nessa fase da história da Terra. Nossa experiência passada não perdeu uma vírgula de sua força.

Que sejam todos cuidadosos para não desencorajar os pioneiros, nem fazer com que sintam que já não podem fazer muito. Sua influência ainda deve ser poderosa na obra do Senhor. O testemunho dos ministros idosos sempre será útil e uma bênção para a Igreja. Deus sempre cuidará dos Seus fiéis porta-estandartes, dia e noite, até que chegue o tempo de abandonarem suas armas. Que tenham certeza de que estão sob o cuidado protetor dAquele que não dormita nem dorme; que são vigiados por sentinelas incansáveis.

Sabedores disso e certos de que permanecem em Cristo, podem descansar confiantes na providência de Deus.

Os Adventistas do Sétimo Dia creem que Ellen G. White (18271915) exerceu o dom profético bíblico durante mais de 70 anos de ministério público. Esse material foi publicado originalmente na Review and Herald, em 12 de junho de 1913.

Março 2014 | Adventist World

21

A RT I G O E S P E C I A L

C

omo era o mundo quando Deus o criou? O relato do livro de Gênesis repete várias vezes a resposta concisa a esta pergunta: “era bom”, na verdade era “muito bom” (Gn 1:31). A palavra “bom” aparece sete vezes no primeiro capítulo de Gênesis, contribuindo com uma estrutura textual de repetição do número sete.1 Ela não é usada só uma vez para cada dia da criação, como se poderia supor, e sim, seis vezes em referência à conclusão de componentes individuais da criação: a luz (primeiro dia, Gn 1:4), o mar e a Terra (terceiro dia, Gn 1:18), aves e seres aquáticos (quinto dia, Gn 1:21) e os animais (sexto dia, Gn 1:25). A sétima aparição da palavra “bom” (no fim do sexto dia, Gn 1:31) usa uma construção

diferente (era “muito bom”) para descrever a natureza perfeita de toda a criação. O objetivo desse destaque é transmitir a ideia de ordem, perfeição e conclusão da obra criativa de Deus.

Controle de Qualidade

As palavras “isso era bom” em Gênesis 1, muitas vezes, não descrevem algo que Deus disse, mas algo que Ele viu. Em termos gerais, uma estrutura de três estágios pode ser reconhecida em cada uma das coisas “boas” criadas: (1) Deus disse: “Haja”; (2) e houve; e (3) Deus viu que era bom. Embora o “dizer” preceda o fazer, e, portanto, expresse a intenção da mente do Arquiteto, o “ver” é posterior à materialização física da entidade criada. Esse

Ronny Nalin

E Eis que Era

Muito

Bom

Criação, pecado e morte 22

Adventist World | Março 2014

“ver” de Deus não indica um olhar superficial e displicente, mas dá a impressão de uma avaliação completa, após a qual a expressão “isso era bom” aparece como um selo de aprovação.

Esse “certificado de qualidade” é conferido, não apenas a cada componente individual do sistema, mas também sobre a criação como um todo, indicando a integração harmoniosa de partes eficientes, desde o princípio.

O Que Significa “Bom”?

Se o texto bíblico deixa tão claro que a criação original era boa, torna-se fundamental compreender o que significa nele o termo “bom”. É apenas

Morte, provação, dor e violência não faziam parte da “ boa” criação original de Deus . a descrição da eficiência impecável de um sistema divinamente planejado? Isso implica a ausência do que em filosofia é chamado de mal natural (como fome e desastres naturais)? E o que dizer da morte? Deus poderia considerar “bom” um mundo onde houvesse algumas formas de morte biológica em Sua obra?

O contexto imediato do texto responde claramente. Após o relato dos dias da criação, Gênesis 2 introduz a ideia do “ainda não”, falando sobre as coisas que ainda não estavam presentes naquele mundo (Gn 2:5, 6).2 Essa perspectiva cria uma tensão entre a criação original “boa” e as coisas que apareceram depois. Então, Gênesis 3 descreve quando e por que as coisas mudaram – em consequência do pecado. Aprendemos que as consequências do pecado, que incluem a morte (Gn 2:17; 3:19), foram associadas ao sofrimento e à fadiga (Gn 3:16-19) e, de algum modo, afetaram os reinos inorgânico, botânico (plantas), animal e humano (versos 14-19). A própria estrutura do texto, portanto, nos leva a concluir que coisas como a morte, provação, dor e violência não faziam parte da “boa” criação original de Deus.

Duas Trajetórias Contrastantes

Certas interpretações sobre a natureza, como a ideia de que as formas modernas de vida são resultado de milhões de anos de evolução, conquistaram tal respeitabilidade científica que alguns estudiosos estão tentando integrar essa teoria ao conceito bíblico de um Deus Criador. Nessas tentativas, os fenômenos como: morte, catástrofes e luta pela vida, são explicados como componentes necessários ao plano original de Deus.

“Eles inferem que a transitoriedade, dissolução, morte, dor, sofrimento e perda têm suas raízes nas características subjacentes da natureza.”3 “Qualquer universo que tenha sua integridade

interna e dinamismo próprios e seja material, relacional, interligado; que esteja em evolução e, ao mesmo tempo, aberto a novas possiblidades, previsível e potencialmente pessoal, terá que ser assim.”4 Independente de quão intelectualmente atrativa essa teoria possa parecer, esses autores se esforçam para apresentar o mal natural como parte integrante da ação divina. Isso é totalmente oposto à essência do relato da criação, em Gênesis, que claramente se preocupa em distinguir a “boa” criação original da nova realidade das coisas após o pecado.

Uma Palavra Pequena, Com Grandes Implicações

Na beleza de sua simplicidade, a sétima repetição do termo “bom” brilha como um farol no mar dos modernos pontos de vista filosóficos e científicos sobre nossas origens. Quando reflito sobre a origem do mal natural, lembrome de que Deus atestou a qualidade até dos componentes inorgânicos da criação original. Quando avalio as implicações teológicas da teoria da evolução, não posso deixar de pensar em como Deus aprovou explicitamente os sistemas biológicos originalmente criados.

Quando leio sobre o surgimento e desenvolvimento da vida, como um longo e minucioso processo de erro e acerto, sinto uma distância abissal da descrição bíblica de um sistema integrado, o qual, desde o princípio, “era muito bom”. n

Material

Auxiliar

Para refletir sobre a possibilidade e implicações teológicas da morte e do mal nos sistemas biológicos antes do pecado, veja: L. Brand, “What Are the Limits of Death in Paradise?” Journal of the Adventist Theological Society 14, nº- 1 (2003), p. 74-85. Disponível em: http://www.atsjats.org/publication_file. php?pub_id=38&journal=1&type=pdf.

M. T. Terreros, “Is All Death a Consequence of Sin? Theological Implications of Alternative Models”, Journal of the Adventist Theological Society 14, nº- 1 (2003), p. 150-175. Disponível em: http://www.atsjats.org/publication_file. php?pub_id=43&journal=1&type=pdf.

J. T. Baldwin, “Christ, Character, and Creation”, Adventist Review, 24 de outubro de 2013. Disponível em: http://adventistreview.org/2013-1530-p14.

Material Adicional: www.grisda.org http://grisda.wordpress.com/ www.facebook.com/Geoscience researchinstitute

1 Para

o uso do número “sete” em Gênesis 1, veja U. Cassuto, A Commentary on the Book of Genesis, Part One, From Adam to Noah (Jerusalem: The Hebrew University/Magnes Press, 1961), p. 12-15.

2 Para uma análise acadêmica sobre a perspectiva “ainda não”, veja J. Doukhan, “The Genesis Creation Story: Text, Issue, and Truth”, Origins 55 (2004), p. 22, 23. Disponivel em: http://grisda.org/origins/55012.pdf.

3 W. R. Stoeger, “Entropy, Emergence and the Physical Roots of Natural Evil”, in N. Murphy, R. J. Russell, and W. R. Stoeger, eds., Physics and Cosmology: Scientific Perspectives on the Problem of Natural Evil (Notre Dame, Ind.: University of Notre Dame Press, 2007), v. 1, p. 93.

4 N. Murphy, “Introduction”, in Murphy, Russell, and Stoeger, p. xviii.

Ronny Nalin, Ph.D., é

cientista e pesquisador do Instituto de Pesquisa em Geociência da Associação Geral. Ele reside em Mentone, Califórnia, EUA.

Março 2014 | Adventist World

23

A

História Adventista Divisão

Centro-Oeste Africana

Dois Tipos de

Josephine e Gilbert Wari

Milagres

Histórias da Divisão Centro-Oeste Africana

M

atthias Bohuia, motorista da Divisão Centro-Oeste Africana (WAD), em Abidjan, Costa do Marfim, estava muito doente com problema de próstata.

Temia ser operado. Seu médico, Jean-Baptiste Moulo, tentou acalmá-lo, assegurando que a cirurgia talvez não fosse necessária se ele melhorasse com o tratamento. Isso aconteceu no dia 11 de março de 2013.

A Cirurgia – O tratamento de uma semana tranquilizou Matthias. Porém, quatro dias depois, algo inesperado aconteceu. Por volta das três e meia da tarde, o Dr. Moulo pediu que o levassem para o centro cirúrgico. Matthias pensou em não ir. Estava inseguro e não havia informado a família.

Mas o médico insistiu e o convenceu de que ele precisava ser operado. Durante a cirurgia Matthias passou por momentos gravíssimos. Por três vezes, quase morreu. Os membros da equipe cirúrgica tiveram que parar e suplicar por auxílio divino. Deus respondeu. A cirurgia terminou de forma positiva.

O Testemunho – Na manhã seguinte, quando o Dr. Moulo visitou Matthias em seu quarto, este perguntou por que ele havia insistido em operá-lo na sexta-feira à tarde. O médico, que não é adventista, sorriu e explicou a Matthias que todas as sextas-feiras, no fim da tarde, o Espírito de Deus visita a Terra de um modo especial. Por essa razão, ele realiza a maioria de suas cirurgias mais delicadas nas tardes de sexta-feira.

Esse médico não adventista estava tão convencido sobre a presença e ajuda de Deus no fim das tardes de sexta-feira, que disse a Matthias que se a cirurgia fosse realizada em

24

Adventist World | Março 2014

Matthias Bohuia

outro dia, provavelmente ele não teria resistido.

A fé do Dr. Moulo é uma lição incomum para a igreja remanescente de Deus! A preparação para o sábado, as boas-vindas ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, deve ser levada a sério. Ele visita nosso planeta de forma especial neste dia para abençoar e proteger Seus filhos. Aleluia! Esse é um testemunho vivo que valoriza a maneira como o povo de Deus deve se preparar para o sábado e para adorar ao Criador “em espírito e verdade” (Jo 4:24)!

Um Sábado Vindouro

Matthias hoje desfruta de boa saúde e trabalha feliz na WAD. Louvamos ao Senhor por Sua misericórdia e oramos para que todos os filhos e servos de Deus, em todo o mundo, possam servi-Lo com inteireza de coração até que Ele volte para nos levar para o lar. Então, finalmente, nossos olhos serão abertos e O veremos face a face.

Isso nos lembra do que João diz: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, pois o veremos como Ele é. Todo aquele que nEle tem esta esperança purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro” (1Jo 3:2, 3). Enquanto este momento não chega, peçamos a Deus para que Ele nos ajude, cada sexta-feira, a receber com alegria Seu santo sábado, desfrutando com Ele as sagradas horas desse dia (Ex 20:8-11; Is 58:13, 14; Lc 23:54-56)!

Um dia, nos encontraremos naquele grande sábado como Ele prometeu e nunca mais nos separaremos ou sofreremos doença, morte e tristeza.

O Mais Estranho dos Acidentes

Recentemente, aconteceu um terrível e estranho acidente no território da União Este da Nigéria. Na quinta-feira, 30 de maio de 2013, dez membros da família Abali estavam viajando da cidade de Port Harcout, leste do país, para a Universidade Babcock, oeste, para assistir à formatura de Margaret e Chinyere Abali. O filho mais velho dos Abali, engenheiro e ancião dedicado, descreveu-nos o horrível acidente: um motociclista mudou repentinamente de faixa e colidiu com a Van que transportava sua família. A Van capotou e pegou fogo, matando oito membros da família Abali. Uma tragédia indescritível!

SOBREVIVENTES: Unique e Blossom (centro) foram os únicos sobreviventes de um acidente de carro que ceifou a vida de vários membros da família.

Por quê? – Quando perguntaram ao irmão Abali sobre seus sentimentos a respeito do ocorrido, ele respondeu: “Quem sou Eu para questionar os desígnios de Deus?” Deus sabe. Ele é muito sábio para errar.1 No profundo da dor ele ganhou força e confiança pelo fato de que no sábado anterior, toda a família havia participado da santa ceia. Para ele, isso foi uma forma de dizer “adeus”.

Uma Mudança Estranha – Mas nem todos morreram naquele inferno ardente. Dois dos irmãos mais novos de Margaret, Unique, 5 anos e o mais novo, Blossom, 4 anos, têm uma história incrível para contar.

“Veio um tio”, explicaram ao irmão Abali. Ele abriu a janela da Van e tirou os dois do veículo em chamas. Eles

ouviram a mãe, o irmãozinho bebê e os outros membros da família chorando. Uma realidade inexplicável!

Ninguém, a não ser o Senhor, pode responder a nossas indagações sobre a razão específica desse acidente.

Somente Ele sabe a identidade daquele “tio”. Só Ele pode explicar a maneira como duas criancinhas foram libertas daquele horror.

Podemos dizer que, como no Monte Perazim (Is 28:21), o Senhor efetuou “Sua obra muito estranha”, e continuar orando para que Sua vontade seja feita. A Ele seja toda a glória. Um dia saberemos mais.

Um Apelo

Ellen White escreveu: “É chegado o tempo em que haverá no mundo tristeza que nenhum bálsamo humano pode curar. O Espírito de Deus está sendo retirado. Catástrofes por mar e por terra seguem-se umas às outras em rápida sucessão. Quão frequentemente ouvimos de terremotos e furacões, de destruição pelo fogo e inundações, com grandes perdas de vidas e propriedades. Aparentemente essas calamidades são caprichosos desencadeamentos de forças da Natureza, desorganizadas e desgovernadas, inteiramente fora do controle do homem; mas em todas elas se pode ler o propósito de Deus. Elas estão entre os instrumentos pelos quais Ele busca despertar homens e mulheres para que sintam o perigo.”2 Pode ser que o Senhor permita certas coisas ou situações às quais não entendemos agora. Mas compreenderemos quando chegarmos ao Céu. Esse é um chamado para que nos preparemos. A tragédia pode atingir qualquer um, em qualquer lugar. A precaução quanto a alugar um veículo novo não protegeu os Abali. O desconhecido pode atacar facilmente. Se o “Tio” escolhe vir e nos libertar, louvado seja Ele. Se Ele permite que passemos por uma terrível calamidade, mesmo assim, estejamos prontos para louvá-Lo. Sua fidelidade é certa. Enquanto isso, choramos com os Abali e aguardamos a “abençoada esperança” da manhã da ressurreição (Tt 2:13; 1Ts 4:13-18). Nossa gratidão aos que estão orando pela WAD. n 1 Ellen 2 Ellen

G. White, Obreiros Evangélicos, p. 113.

G. White, Profetas e Reis, p. 277.

Josephine Wari é diretora

Gilbert

associada de Educação e coordenadora da AFAM na Divisão Centro-Oeste Africana.

Wari, seu esposo, é presidente da Divisão.

Março 2014 | Adventist World

25

R E S P O S T A S

A

P E R G U N T A S

B Í B L I C A S

Esperança nos

Lugares Celestes

Um estudo sobre o significado do templo celestial deve examinar a natureza de Deus, Sua interação conosco e a veracidade dessa relação. A interação com Deus e Sua presença em relação às Suas criaturas são temas teológicos sumamente importantes, e o templo celestial desempenha papel fundamental para que eles sejam compreendidos.

1. Natureza de Deus: Deus é único e singular.

Dentro do Universo, tudo pertence à esfera do que foi criado, menos Ele. Os teólogos se referem a essa dimensão de Deus como Sua transcendência; em outras palavras, Ele está acima e independente do cosmos. A criação não é grande o suficiente para contê-Lo (1Rs 8). Com relação à Criação, Deus é, por natureza, o Ser distante. A criação não emanou dEle, mas veio à existência por meio de Sua palavra, que está fora dEle. Uma vez que Ele tem vida em Si mesmo, nada na natureza pode contribuir para Sua existência ou é necessário para que Ele preserve a Si mesmo. A natureza é o habitat exclusivo das criaturas finitas.

Embora, por natureza, Deus seja transcendente, por opção Ele é Aquele que está sempre presente. Os teólogos se referem a essa característica como a imanência divina. Deus está presente com Sua criação. Essa é uma rejeição ao deísmo, segundo o qual Deus criou o Universo para, em seguida, abandoná-lo à sua própria sorte. Nesse caso Deus seria um Criador absolutamente ausente. A imanência de Deus está claramente retratada em Gênesis 2, onde Ele é descrito como sendo ativo dentro da Criação, enquanto cria seres humanos.

O Deus bíblico escolheu viver perto de Suas criaturas, no espaço que Ele criou para elas. A criação é uma expressão do Seu amor.

2. Proximidade de Deus: A pergunta seguinte é: Como Deus está presente em Sua criação? Diferente e, às vezes, complexa, esta pergunta já recebeu diversas respostas. Uma das mais comuns é a onipresença, que quer dizer que Ele está em todos os lugares. Essa resposta elimina a heresia do panteísmo – na qual Deus é uma força impessoal que permeia tudo e, portanto, em último sentido, tudo é divino.

Mas o Deus bíblico é uma pessoa. A Bíblia fala sobre a

Por que o santuário celestial é importante?

26

Adventist World | Março 2014

onipresença de Deus no senso de que nada no cosmos acontece fora da Sua presença e em total independência de Suas ações. Essa compreensão de onipresença presume que Ele está em toda parte, porque Ele está em algum lugar em particular.

Ele Se coloca dentro do espaço de Suas criaturas em um lugar específico. O Deus transcendente Se torna o Deus imanente ao entrar em nosso espaço em um determinado local. Descrevendo o que aconteceu no princípio, o salmista declara com segurança: “O Teu trono está firme desde a antiguidade; Tu existes desde a eternidade” (Sl 93:2). Deus “estabeleceu Seu trono nos Céus, e como rei domina sobre tudo o que existe” (Sl 103:19). Para o salmista o trono de Deus está no templo celestial (Sl 11:4). O fragmento único de espaço onde o infinito e o finito se cruzam entre si, e onde a proximidade de Deus é vista e sentida por Suas criaturas inteligentes, é o que chamamos de templo celestial. Sua majestade e grandeza permanecem misteriosas e inimagináveis para nós. Esse local é tão antigo quanto a própria criação.

3. Um Templo Real: O templo celestial não é um detalhe incidental na teologia bíblica, ou uma especulação desnecessária. É um lugar real que revela o caráter pessoal de Deus e Seu intenso amor por Seus filhos. Esse templo não foi feito por mãos humanas, mas é um ato singular da criação divina. Sua existência é afirmada pelo fato de que é um centro cósmico de adoração para incontáveis seres inteligentes (Sl 89:5, 6; Dn 7:9, 10; Ap 4:2-7) e o centro do reino cósmico de Deus (Sl 103:19). De lá, Ele revela Sua vontade para Suas criaturas (Sl 103:20, 21). Desse majestoso templo, Deus trabalha na resolução do conflito cósmico por meio de julgamento (Sl 11:4-6; 33:13-15). De lá, Ele desce e liberta Seu povo da opressão do inimigo (Sl 18:6-9, 16, 17), concede perdão para o pecado (1Rs 8:30, 38, 39), abençoa e justifica Seu povo (Dt 26:15; 1Rs 8:32). Nesse espaço singular, Cristo intercede por nós diante do Pai (Hb 7:25). Por intermédio de Cristo, Deus veio ao nosso mundo pecaminoso e podemos desfrutar de Sua proximidade salvadora (Jo 1:14). n

Ángel Manuel Rodríguez atuou como diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral por muitos anos. Hoje, aposentado, mora no Texas, EUA.

E studo

B íblico

Mark A. Finley

iladélfia: F A Igreja de Portas Abertas J

á visitei várias vezes o sítio arqueológico da antiga cidade de Filadélfia. O curador dali sempre me recebe com um forte abraço, que é tradição no Oriente Médio. A cidade realmente merece o significado do seu nome: “amor fraternal”. Ela foi fundada por volta de 138 a. C. e recebeu o nome de Filadélfia em homenagem a Attalus II Filadelfus e seu amor pelo irmão mais velho, Eumenes, que o precedeu no trono. A antiga Filadélfia está localizada a aproximadamente 50 quilômetros ao sudeste de Sardes, dentro dos limites de uma cidade moderna da Turquia.

Os cristãos de Filadélfia eram extremamente fiéis a Cristo e à Sua Palavra. Essa cidade serviu como ponto de partida para o cristianismo fazer grandes incursões na Ásia. Filadélfia era a igreja que tinha portas abertas para compartilhar a mensagem de Cristo. No contexto profético e histórico do Apocalipse, Filadélfia representa o comprometimento dos primeiros crentes do advento que foram fiéis às Escrituras e proclamaram poderosamente sua mensagem no início do século 19.

1 Como Se apresenta o Ser divino à igreja de Filadélfia? Que título o anjo dá a Ele? Leia Apocalipse 3:7 e compare com Levíticos 19:2; Jeremias 10:10 e João 14:6.

O Cristo vivo é totalmente santo e Suas palavras são eternamente verdadeiras. Ele mesmo Se dirige a João, dando instruções sobre as verdades surpreendentes para o fim dos tempos.

2

O que Jesus segura nas mãos e o que isso representa? Leia Apocalipse 3:7 e compare com Isaías 22:22 e Lucas 11:52.

A chave de Davi representa a promessa Messiânica: Jesus sendo enviado à Terra como nosso Salvador sofredor e, no fim da história terrestre, retornando a ela como nosso Senhor triunfante. A chave também simboliza a completa erradicação do pecado deste mundo, Cristo triunfando no grande conflito entre o bem e o mal.

3

Leia Apocalipse 3:7, 8; 10:1 e 14:6, 7. O que Jesus colocou diante de Sua Igreja? Qual é o significado desse evento divino? Como isso se aplica ao miraculoso avanço do movimento adventista?

4 Leia novamente Apocalipse 3:7, 8. Quem abriu essa porta? Algum ser humano pode fechá-la? Reflita nas portas que Jesus está abrindo em sua vida. Que oportunidades Ele está concedendo a você agora?

Jesus entrou no santuário celestial a fim de realizar Sua última tarefa em favor deste mundo. A porta do santuário, representando a porta da salvação, está aberta. Nenhum ser humano a pode fechar porque foi o próprio Cristo quem abriu. O Céu está fazendo seu último apelo a toda a humanidade, para que se prepare para o breve retorno de nosso Senhor. A graça ainda está fluindo do trono eterno para cada um de nós.

5 Que promessa Jesus fez à igreja de Filadélfia e como podemos aplicá-la à igreja cristã no tempo do fim?

Leia Apocalipse 3:9 e compare com Isaías 56:7, 8; Joel 2:28-32; Amós 9:13-15 e Mateus 24:14.

A promessa de Cristo para a igreja de Filadélfia ecoa pelos corredores do tempo e prefigura um movimento poderoso nos últimos dias. Cristãos cheios do Espírito Santo, proclamando corajosamente Sua Palavra a toda a Terra, e contemplando a luz do amor de Jesus penetrando em todos os lugares. Veja também, Apocalipse 18:1 e 2.

6 Que certeza Jesus nos dá em meio às tremendas provações que sobrevirão nos últimos dias? Leia Apocalipse 3:10 e compare com as maravilhosas promessas divinas em Isaías 41:10 e 43:1-4, 19-21.

7

Leia Apocalipse 3:11,12. Como termina a mensagem à igreja de Filadélfia? Que promessa gloriosa Jesus faz ao remanescente fiel do tempo do fim?

Essa promessa deve ter encontrado eco especialmente nos crentes de Filadélfia. Aquela cidade era conhecida por seus terremotos. Na verdade, no ano 17 d.C. um terremoto devastador destruiu a maior parte da cidade. As pessoas fugiram de suas casas e ficaram com medo de voltar. A promessa de Cristo é que Seu povo seria como uma coluna no templo de Deus, que nunca mais seria abalada ou derrubada. Deus está preparando para eles um lar celestial de onde nunca mais terão de fugir.

Quando o chão sob nossos pés estiver tremendo, e tudo que estiver em pé parecer ruir ao nosso redor, as promessas de Deus continuarão firmes e inabaláveis. Ele está conosco eternamente. Na Sua presença estamos seguros. Suas promessas são verdadeiras. Podemos colocar nossa confiança no Cristo que cumprirá cada uma de Suas palavras. n

Março 2014 | Adventist World

27

TROCA DE IDEIAS É importante reconhecer que, embora a esterilidade seja amplamente reconhecida como frustração para as mulheres, os homens também enfrentam esse problema .

Cartas O Ventre Estéril e a Esperança

Sempre me lembrarei das palavras de Faminu Imabong no artigo de capa da AW, dezembro de 2013: “Por que, às vezes, o Céu se mantém em silêncio quando o desespero já chegou ao extremo? Quando é tão insuportável que você não aguenta mais? Quando você não sabe mais o que fazer ou para onde ir? Quando tudo leva a crer que somente Deus pode solucionar e parece que Ele não se importa?

A mensagem oportuna e bíblica de Imabong nos motiva à vida de resignação. Obrigada, Faminu. Meus agradecimentos também à Adventist World por publicar a visão dessa mulher.

Dawna Fae Bradley Rogue River, Oregon, Estados Unidos O artigo “O Ventre Estéril e a Esperança”, foi um sucesso! Como mulher incapaz de engravidar, Faminu Imabong, aborda vários pontos que descobri estudando a Bíblia ao longo dos anos em que sofri com a dor da esterilidade. É importante reconhecer que, embora a esterilidade seja amplamente reconhecida como frustração para as mulheres, os homens também enfrentam esse problema. Pessoas nessa situação ficam feridas, perdem a alegria de amar e criar os frutos do seu amor. As mulheres sofrem com a vergonha, fofoca e culpa. Algumas

28

Adventist World | Março 2014

– Pam Baumgartner, por E-mail

culturas também envergonham os homens, aumentando a tentação de ter filhos fora do casamento; mas, além disso, os homens enfrentam o fato de que não haverá ninguém para levar adiante seu nome.

Na sociedade judaica era muito importante a genealogia que preservava a memória do sobrenome do homem da família. Sem descendentes masculinos, o sobrenome deixava de ser mencionado nas gerações futuras. Jesus teve que aceitar isso, como descrito em Isaías: “Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou?”

(Is 53:8, ARA). Por permanecer solteiro em obediência à Sua missão, Jesus abriu mão da alegria da procriação.

Somente pela fé Ele pôde confiar que na eternidade Ele “veria Sua semente” (verso 10) e ficaria satisfeito. . . Ele é um Salvador maravilhoso!

Pam Baumgartner Por E-mail Encontrando a Verdade

Em seu artigo “Encontrando a Verdade” (AW-novembro de 2013), Ted N. C. Wilson relatou a inspiradora história de John Bradshwand e de como o livro O Grande Conflito desempenhou um papel importante em sua conversão.

Esse tipo de história é um maravilhoso exemplo da contínua importância do ministério de publicações em nossa denominação.

Sim, o livro mudou a vida de John porque continha grandes verdades.

Mas, igualmente importante foi o fato

de ele ter recebido o livro no contexto do relacionamento com seu irmão.

O envio de material em massa pelo correio, nunca será tão efetivo como os relacionamentos pessoais; talvez precisemos repensar nossas ações e voltar ao discipulado.

Eric Anderson Port Hardy, Columbia Britânica, Canadá Verdade, Obediência e Saúde

Todos os meses, leio a Adventist World.

Apreciei muitíssimo o editorial de Bill Knott, “Transformando a Verdade em Realidade”, e os artigos de Ángel Manuel Rodríguez, principalmente, o mais recente deles “Uma Questão de Obediência” (AW- novembro 2013).

Também quero agradecer os conselhos e orientações dos médicos Allan R. Handysides e Peter N. Landless em sua coluna mensal, Saúde no Mundo.

Yaovi Gagno Togo Muito obrigada pela Adventist World.

Aprecio demasiadamente os editoriais de Bill Knott e as Respostas a Perguntas Bíblicas, de Ángel Manuel Rodríguez.

Margaret Major Austrália

Como enviar as Cartas: Por favor envie para letters@ adventistworld.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a data da publicação. Coloque, também, seu nome, a cidade, o estado e país de onde você está escrevendo.

As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza.

Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.

Oraçãow

Que

GRATIDÃO

Lugar é

Peço orações em favor da minha família. Meu desejo é que voltem para os caminhos do Senhor. Também por uma neta que se encontra em uma viagem missionária.

Mildred, Estados Unidos

Esse?

Por favor, ore por meus pais e irmãos. Ore também por minha saúde.

Baraka, Tanzânia Necessitamos das orações dos irmãos pelas vítimas do tufão nas Filipinas.

E, por favor, ore para que meus irmãos voltem para a igreja.

Neda, Filipinas Minha família conta com suas orações.

Karina, Peru G .

S a l i n a s ,

c o o r d e n a d o r a

d e

J o v e n s .

Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza.

Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax, para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.

Lys a

Tenho enfrentado provações quanto à observância do sábado e na devolução dos dízimos e ofertas.

Ore por mim.

Janeth, Papua New Guiné

p o r

Precisamos tomar decisões importantes concernentes à minha mãe. A saúde de minha irmã também não está boa. Confio no poder divino. Sei que em algum momento Ele abrirá as portas para nós. Agradeço suas orações.

Luz, México

RESPOSTA: Encontro do Ministério Jovem em Dumaguete, Negros Oriental, Filipinas. Participantes mostram orgulhosamente as Bíblias que ganharam.

Minha irmã não consegue ter filhos.

Ela já sofreu cinco abortos. Peço que supliquem a Deus em favor dela.

Egnes, África do Sul

E n v i a d a

Meu pedido simples de oração é para que o Senhor me dê sabedoria.

Crest, Zâmbia

R eflita . . .

As horas mais escuras na vida se tornam as mais brilhantes quando expostas à luz de Jesus .

– Jimmy Lee Martin, Baltimore, Maryland, Estados Unidos.

Reavivados por Sua Palavra Uma Jornada de Descobertas pela Bíblia Deus nos fala por meio de Sua Palavra. Junte-se a outros membros, em mais de 180 países, que estão lendo um capítulo da Bíblia todos os dias. Para baixar o Guia de Leitura da Bíblia, visite: www.reavivadosporsuapalavra.org, ou inscreva-se para receber diariamente o capítulo por e-mail. Para fazer parte desta iniciativa, comece por aqui: 1 DE abril DE 2014 • Isaías 36

Março 2014 | Adventist World

29

TROCA DE IDEIAS

Recarregável Cientistas e técnicos do Japão estão gastando 200 milhões de dólares para construir uma bateria recarregável gigante, que armazenará energia solar.

Fonte: The Rotarian

Estatística

Global

Mulheres enfrentam as seguintes probabilidades de morrer durante a gravidez ou parto: Afeganistão

1 em 32

Botswana

1 em 220

Brasil

1 em 910

Camboja

1 em 150

Estados Unidos 1 em 2.400 Finlândia

1 em 12.200

Índia

1 em 170

Ruanda

1 em 54

Fonte: The Rotarian

Qual Língua

jesus

Falava?

Em Jerusalém, localizada entre o Egito ao sul, Roma e Grécia ao norte e Babilônia e Assíria no nordeste, o idioma comum era o aramaico.

A “escrita na parede” em Daniel 5?

Aramaico.

Quando Jesus gritou na cruz: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparas-Te?” (Mc 15:34)? Aramaico.

Embora o Novo Testamento tenha sido escrito em grego, é muito provável que Jesus e Seus discípulos falassem o aramaico, um idioma semítico relacionado ao hebraico e árabe.

Hoje, o único lugar onde o aramaico é falado é na pequena cidade de Maaloula, nas colinas ao redor de Damasco, capital da Síria. Lá, com o apoio do estado, os idosos ainda ensinam esse idioma às crianças. Fora desse contexto, é provável que o aramaico, como língua falada, morra em mais uma ou duas gerações.

Fonte: Smithsonian

“Eis que cedo venho…”

119

Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático.

Anos

Editor Administrativo e Editor Chefe Bill Knott Editor Associado Claude Richli

4 d e 1 9 5 1.

Há

Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

a n d H e r a l d, o u t u b r o d e

Gerente Internacional de Publicação Chun, Pyung Duk

R e v i e w

Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal.

Comissão Coordenadora da Adventist World Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Kenneth Osborn; Guimo Sung; Chun, Pyung Duk, Han, Suk Hee Editores em Silver Spring, Maryland, EUA Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores associados), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran Editores em Seul, Coreia do Sul Chun, Pyung Duk; Park, Jae Man; Kim, Hyo Jun Editor On-line Carlos Medley Gerente de Operações Merle Poirier

M

aurice Tièche nasceu em Nimes, França, no dia 5 de março de 1895.

Seu pai, o pastor Léon-Paulo Tièche, era evangelista e administrador.

Maurice estava estudando literatura e filosofia na Universidade de Paris quando se interessou por Teologia e Educação.

Após lecionar História, Teologia e Literatura em várias escolas adventistas, tornou-se o editor da Revue Adventiste (Revista Adventista, em francês). Ele também trabalhou quatro anos organizando o departamento de Jovens na França.

Após se aposentar como professor, foi orador do programa de rádio La Voix de L’Espérance (A Voz da Esperança), ouvido nos países de fala francesa.

Escreveu muitos artigos para a Igreja e a imprensa secular, proferiu inúmeras palestras sobre família e educação e publicou quinze livros. Ele morreu em 1959.

M i g u e l

“VOZES” DA PROFECIA: J. P. Fasnacht (esquerda), Robert Gerber e Maurice Tieche apresentavam o programa de rádio em francês de A Voz da Profecia, no início da década de 1950.

S a av e d r a

Colaborador Mark A. Finley Conselheiro E. Edward Zinke Administrador Financeiro Rachel J. Child Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Jairyong Lee, chair; Bill Knott, secretary; P. D. Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Kenneth Osborn, Juan Prestol, Claude Richli, Akeri Suzuki, Ex-officio: Robert Lemon, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Robert E. Lemon, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Lowell C. Cooper, Daniel R. Jackson, Geoffrey Mbwana, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Blasious M. Ruguri, Benjamin D. Schoun, Ella S. Simmons, Alberto C. Gulfan Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander.

Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e nos Estados Unidos.

V. 10, Nº 3

Março 2014 | Adventist World

31

É o que nos concentra na missão

Curta nosso Facebook !