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Os Primórdios

Os Primórdios

Um Século de História

Avenida Vicente Machado ainda com via de mão dupla, é possível observar movimento de automóveis e muitos comércios, como a loja de confecções Ricardo Kossatz e a Loja João Vargas de Oliveira, a partir da Av. Balduíno Taques. Década de 1970. Acervo da Associação Comercial Industrial de Ponta Grossa. Autor desconhecido.

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Os anos 70 iniciaram com grande expectativa. Os problemas em torno da energia elétrica tinham sido solucionados. Ponta Grossa, enfim, passava a contar com o seu Distrito Industrial. Todos esses acontecimentos ocorriam na época em que a ACIPG celebrava 50 anos de existência. Para comemorar a data, foi realizado um evento especial em 1972: uma missa de ação de graças e um jantar dançante no Clube Ponta Lagoa marcaram as festividades. A cidade ainda convivia com bons índices econômicos – especialmente no começo da década, em virtude dos resultados das ações realizadas pelo PLADEI, com um crescimento industrial significativo1. Havia ainda uma sintonia com o poder político em vigor no país. Tanto que em 1977, a Associação começou a buscar informações junto à Delegacia de Ordem Pública e Social (DOPS) para aceitar novos filiados. E, antes, em 1973, a ACIPG formalizou um manifesto desaprovando a negação do título de Cidadão Honorário ao então presidente general Emílio Médici.

1 Conforme consta no capítulo anterior.

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Selo criado em comemoração aos 50 anos da ACIPG em 1972. Acervo da Associação Comercial Industrial de Ponta Grossa.

Durante esse período, marcado por diversas novidades, uma luta persistia na ACIPG: o desenvolvimento de um transporte aéreo mais bem estruturado na cidade. Em maio de 1973, a Associação participou, junto com a prefeitura, de uma discussão sobre a implantação de uma linha aérea que ligaria Curitiba a Ponta Grossa. No encontro de 26 de junho de 1973, a direção demonstrava que os anseios de crescimento e de modernização não cessavam na Associação. Foi debatida a necessidade de atualizar a sede e ampliar e inovar alguns serviços a fim de que a estrutura física da ACIPG estivesse condizente com “a nova fase de progresso instalada em Ponta Grossa”. Debateu-se, então, qual local seria o ideal para a edificação de um novo prédio. Após muita conversa e discussão, os diretores e associados chegaram à conclusão de que, dentre os diversos imóveis encontrados, “deveria ser adquirido o dos irmãos Wilson e Franklin Wagner, localizado no cruzamento das ruas Comendador Miró e Coronel Dulcídio”. A aquisição seria efetuada por cem mil cruzeiros – sendo que a metade quitada à vista e o restante parcelado em cinco vezes.

Quatro anos depois, a nova sede começou a ser efetivamente concebida: no dia 14 de março de 1977 foi formada uma comissão interna para discutir a construção do novo espaço. Integraram a comissão os associados Sérgio Renato Schiffer, Luiz Alberto Motti e Ernesto José Moro Martins.

Durante o mês de outubro, a ACIPG recebeu orçamentos dos projetos arquitetônicos para a construção do prédio. Já no dia 10 de outubro do ano seguinte – 1978 – foi assinado o contrato para a edificação do imóvel. Já em 16 de abril de 1979, foi lida

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Mesa de comemoração da inauguração da Sede da ACIPG, na Rua Comendador Miró. No momento usava a palavra o Dr. José Olímpio de Paula Xavier, então presidente da associação. Acervo: Associação Comercial Industrial de Ponta Grossa. Autor desconhecido.

em assembleia uma proposta para a venda da então sede da entidade, que ainda se situava na Rua XV de Novembro, 354 – a nova ainda não estava concluída.

A ACIPG havia publicado um “edital de venda do imóvel” na imprensa local. No dia 3 de setembro surgiu uma nova proposta: representantes do Sindicato dos Contabilistas da cidade foram até a entidade para discutir a aquisição do imóvel. Uma semana depois, no dia 10, a venda foi concretizada, sendo estabelecido um prazo para que a Associação deixasse o local após a conclusão do novo espaço. Fato que ocorreu no dia 29 de maio de 1981, quando a nova sede foi oficialmente inaugurada. Trata-se da mesma edificação situada na esquina do local onde a Associação permaneceria até o início de 2022. Nesse dia, o assunto foi abordado pelos jornais locais. O Jornal da Manhã publicou que a sede era “há muito aguardada” e o Diário dos Campos destacou que o prédio teria 1,6 mil metros quadrados e “três espaçosos pavimentos”. No entanto, vale destacar que o espaço já vinha sendo utilizado por membros da diretoria da ACIPG desde o ano

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anterior. A primeira reunião oficial dos diretores e associados na nova sede foi realizada no dia 27 de outubro de 1980, conforme foi ressaltado na própria ata que especifica que aquele encontro foi “a primeira reunião a ser realizada nas dependências da nova sede”.

Mesmo inaugurada a nova sede não estava 100% pronta. O então presidente José Olympio de Paula Xavier confidenciou à imprensa que em 1981 a sede estava ainda com três quartos do projeto concluído. No começo, não tinha nem cadeiras para todos os associados. A mesa de reuniões da sede da XV de Novembro estava em boas condições e foi levada para a sede nova, mas as cadeiras estavam velhas e deterioradas. Diante disso, os próprios diretores compraram as suas cadeiras.

Inicialmente o terceiro andar do prédio ficou vazio, pois a aquisição do mobiliário foi realizada de modo gradativo. Tanto que em ata de 22 de março de 1982, a diretoria debateu sobre o fim das obras da sede social da ACIPG. Para o término das obras foram realizados empréstimos junto aos empresários a fim dar ao prédio o acabamento que faltava. A cada mês, sorteavam-se os empresários que seriam ressarcidos, mas muitos renunciavam o recebimento do recurso. Foi justamente nesse ano que começaram a ser implantados os primeiros computadores na entidade.

LEODGAR PEDRO CORREIA (1968-1970)

Ele, que nasceu em 1935, foi um empresário de destaque na cidade. Além da presidência da ACIPG, assumiu o cargo de presidente do Sindicato Empresarial de Hotelaria e Gastronomia dos Campos Gerais (SEHG), foi diretor do extinto Banco do Estado do Paraná (Banestado) e diretor do Guarani Esporte Clube. Leodgar também foi diretor da antiga TV Esplanada, sócio-fundador do Hotel Vila Velha e produtor rural em uma fazenda de reflorestamento, na cidade de Imbituva, região dos Campos Gerais. Faleceu em 2021.

CARLITO MORO (1970-1972)

Nascido em 1924, Carlito Moro começou a trabalhar como locutor de rádio aos 18 anos na então recém-inaugurada Rádio Clube de Ponta Grossa, onde ficou por três anos. Depois foi morar em São Paulo durante um ano e em 1946 passou pela Rádio Marumbi em Curitiba. Depois dessas experiências no mundo radiofônico, voltou a Ponta Grossa. Isso porque desde 1930 existia a Antônio Moro & Irmãos com a finalidade de comercializar pedras para calçamento em paralelepípedos em vias públicas. Em 1943, Antônio Moro & Filhos criou sua própria empresa com a participação dos filhos João e Wilson, sendo o embrião da atual empresa que, a partir de 1958, recebeu os filhos Walter e Carlito Moro e passou a se chamar Antônio Moro & Cia Ltda.

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Serviço de informação do SCPC quando ainda era manual em 1987. Acervo: Associação Comercial Industrial de Ponta Grossa. Autor desconhecido.

Projeto Telefônico

Em 1973, a ACIPG também procurou viabilizar a implantação de linhas telefônicas para tentar realizar um método que permitisse a ligação direta entre as empresas e o SEPROC/SPC. A Companhia Ponta-Grossense de Telecomunicações informou, em julho daquele ano, que a medida era viável. No mês de agosto, foram apresentadas quais empresas da cidade estariam interessadas em contar com o serviço. Foi informado, posteriormente, que seria necessário implantar uma central telefônica e instalar uma linha privativa “para cada firma interessada”, segundo a ata do dia 13 de agosto. Era necessário, no entanto, que pelo menos 20 empresas se interessassem pelo projeto – número que não foi alcançado.

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MANOEL MACHUCA JÚNIOR (1972-1974)

Era filho de Manoel Machuca, um grande empresário da cidade e um dos fundadores da Rádio Clube de Ponta Grossa, a mais antiga do interior do Paraná e a segunda mais antiga do Estado. Empresário nato, Maneco – como era conhecido – foi um dos gestores responsáveis pelo Grupo Machuca, o qual era proprietário da Rádio Clube, da Autonal e da Policom, entre outras empresas. Antes, ainda jovem, começou a trabalhar como auxiliar de contabilidade na própria rádio. Manoel Machuca Júnior faleceu em 2001. Em 2018, foi homenageado pelo poder público de forma póstuma: seu nome batizará o Parque de Confecções da cidade.

Educação

Já em novembro de 1974, a ACIPG, com o apoio da UEPG, da Prefeitura Municipal e da Associação Médica do Paraná, criou um curso de formação de profissionais especializados em Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho. A medida visava adequar o setor às portarias do Ministério do Trabalho, que obrigava as empresas a terem esses profissionais no seu quadro de empregados. Durante o ano de 1975, foi a vez de o ensino superior ganhar atenção da instituição. A ACIPG apoiou a luta do Sindicato dos Contabilistas para a abertura do curso de Ciências Contábeis na UEPG. Em 12 de novembro daquele mesmo ano, por meio da Resolução n.º 010/75, foi autorizado o início do curso de graduação a partir de março de 1976. Ainda sobre ensino superior, a entidade pleiteou, em 1977, a inclusão de noções gerais sobre o funcionamento do SEPROC em disciplinas de cursos na UEPG. Neste ano, inclusive, foi instalado um equipamento de Telex na ACIPG. O Telex foi um sistema internacional de comunicações escritas muito usado até o final do século XX. Consistia em uma rede mundial com um plano de endereçamento numérico, com terminais únicos que poderiam enviar uma mensagem escrita para qualquer outro terminal. A entrega das mensagens era imediata na autenticação dos terminais.

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Casa ipê e Floricultura na rua Augusto Ribas, onde é possível observar o edifício Vila Velha, a Farmácia Minerva, a poupança Banestado e o cruzamento da avenida Vicente Machado. Acervo da Associação Comercial Industrial de Ponta Grossa. 1970. Acervo da Associação Comercial Industrial de Ponta Grossa. Autor desconhecido.

Melhorias na Cidade

Durante esta época a preocupação da entidade em atuar e cobrar o poder público para melhorias na cidade não cessou. Em 21 de março de 1977, por exemplo, a ACIPG solicitou obras junto ao Departamento de Estradas de Rodagens (DER) para aperfeiçoar a sinalização e a manutenção do Trevo Vendrami, na BR-376, um dos principais pontos de entrada de Ponta Grossa.

Também foi encaminhado um ofício à superintendência do então Instituto Nacional de Previdência Social do Brasil (INPS) para que fossem liberados, com urgência, recursos financeiros aos hospitais de Ponta Grossa, “visando normalizar a situação difícil pela qual estão passando”. Em agosto de 1977, foi realizado um debate sobre o anteprojeto do novo Código Tributário do Município. Durante o encontro, os associados da ACIPG apontaram os tópicos que precisariam ser detalhados e melhorados. As reivindicações foram protocoladas na Câmara Municipal de Vereadores e na Prefeitura.

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Autonal Carros usados, auto-escola, consórcios e locadora, década de 1970. Acervo: Associação Comercial Industrial de Ponta Grossa. Autor desconhecido.

EDILSON LUIZ CARNEIRO BAGGIO (1974-1976)

Economista, Edilson Baggio fez parte das três gestões do prefeito Pedro Wosgrau Filho (1989-1992; 2005-2008; e 2009-2012), ocupando o cargo de Secretário Municipal de Assistência Social de Ponta Grossa nos dois últimos mandatos de Wosgrau à frente da Prefeitura. No primeiro mandato, Baggio foi Secretário Municipal de Indústria e Comércio. Como empresário, foi diretor da Comercial EB de Produtos Automotivos, aberta em 1986. Faleceu em junho de 2020.

HÉLVIO FREDERICO HESS (1976-1978)

Tomou posse do cargo de presidente da ACIPG em março de 1976 e foi justamente sob o seu mandato que se registrou o ponto alto da década de 70 para a ACIPG: o início dos trabalhos que culminaram com a construção de outra sede própria da entidade. Nessa época, era gerente da indústria Imasa, empresa situada na região do Jardim Los Angeles e que produzia implementos agrícolas. Tornou-se, mais tarde, um importante empresário do ramo moveleiro, com a loja chamada de HS Comércio de Móveis.

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Dia da Indústria

Anualmente é celebrado, no dia 25 de maio, o Dia da Indústria. Foi em 1977 que a ACIPG passou a homenagear e a ofertar, nesta data, o “Troféu da Indústria” às empresas, como reconhecimento aos serviços prestados para o desenvolvimento socioeconômico de Ponta Grossa.

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Fábrica de Cervejas Antarctica, que antigamente era conhecida como "Adriática". Ao fundo loja de Ricardo Kossatz. Década de 1980. Acervo Jouber Miara. Autor desconhecido.

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Anos 80

A postura combativa da ACIPG a fim de contribuir para impulsionar o crescimento econômico na cidade se fez presente – especialmente – durante a primeira metade da década de 80. Em paralelo, a entidade permaneceu atenta às demandas da sociedade. Em 1980, a Associação debateu melhorias estruturais para o Corpo de Bombeiros do município, discutindo doação de terrenos para a construção de módulos e a implantação de hidrantes. Diante desta mesma lógica, em 1982, a ACIPG promoveu debates sobre a segurança pública com a presença de autoridades da época e realizou uma campanha para a arrecadação de recursos para a Santa Casa de Misericórdia de Ponta Grossa. Em maio desse mesmo ano, foi debatida a formação de uma biblioteca na ACIPG. Para tanto, foi pleiteada, junto a algumas editoras, a doação de livros técnicos sobre assuntos que fossem ao encontro dos interesses da classe empresarial. A preocupação com a segurança pública se manteve constante no ano seguinte, conforme atestam as atas do período. Em 15 de abril, autoridades do Estado e do Município estiveram presentes na sede da ACIPG debatendo o crescimento da violência e possíveis soluções que poderiam ser efetuadas, como a destinação de mais recursos para o setor por meio da instituição de uma “taxa de segurança a nível municipal”. Também se debateu a deficiência da Cadeia Pública e, ainda, foi relatada a ausência de ambulâncias na cidade. No dia 29 de abril de 1983, um novo encontro questionou a segurança pública na cidade. Na oportunidade, debateu-se a falta de policiais que estavam atuando em Ponta Grossa. Já em dezembro de 1984 foi a vez de a entidade discutir o setor de saúde pública, com a presença de autoridades municipais – inclusive do diretor do Departamento de Saúde Pública da Prefeitura.

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Apae

Em outubro de 1984, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) encaminhou um ofício à ACIPG, no qual relatou estar passando por uma crise financeira e que estava com dificuldades para receber recursos financeiros de convênios já firmados. Com isso, dificultava-se “continuar com a manutenção daquele estabelecimento”.

No documento, a Apae solicitou apoio da classe empresarial ponta-grossense para cobrar o cumprimento dos convênios. Diante do apelo, a ACIPG definiu que iria enviar uma mensagem de Telex para as autoridades competentes a fim de buscar uma solução para o caso. Já em maio de 1985, foi realizada uma discussão acerca de uma campanha promocional executada pelo comércio local em prol do Hospital Evangélico da cidade.

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Inauguração da Cervejaria Kaiser em Ponta Grossa, cinco meses depois do início das atividades. Jornal O Bravo. Data: 21/03/1997.

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Fortalecimento da Industrialização

A luta para se investir na industrialização de Ponta Grossa foi um dos principais objetivos desse período. Logo no começo de 1982, por exemplo, a direção da ACIPG definiu que iria conversar com a UEPG a fim de que, unidas, as instituições apontassem caminhos para o desenvolvimento econômico do município. Em março daquele mesmo ano, foi debatida a necessidade de a Associação manter contatos com os órgãos públicos, como o então Banco de Desenvolvimento do Paraná (Badep), para buscar incentivos a fim de trazer investimentos estrangeiros na cidade, especialmente para o setor industrial. Em 1984, a ACIPG começou, inclusive, a negociar a instalação da então cervejaria Kaiser (atual Heineken) na cidade. Os primeiros encontros, em parceria com o poder público municipal, foram realizados no final daquele ano. Em ata do dia 3 de dezembro, foi comunicado que membros da diretoria da ACIPG – incluindo o então vice-presidente Paulo Roberto Godoy – estiveram em Curitiba visitando a diretoria da Kaiser em companhia do então prefeito Otto Cunha. Durante a reunião na capital paranaense, os diretores da empresa afirmaram que “aguardam a visita de sua diretoria de São Paulo para posteriormente determinarem se a pretensa fábrica será implantada em Ponta Grossa”. O “namoro” com a cidade de Ponta Grossa avançou por mais de uma década: a unidade da Kaiser na cidade começou a produzir e distribuir cerveja em outubro de 1996.

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Ainda em 18 de dezembro de 1984, foi realizada uma reunião entre a diretoria da Associação e o prefeito para debater a industrialização na cidade. Nos meses de abril, julho e setembro de 1985 a ACIPG organizou e realizou reuniões com sindicatos, lideranças políticas, empresários e clubes de serviço para debater possibilidades de ações para desenvolver a economia local. Nessa época também foi sugerida a criação de uma Secretaria Municipal de Indústria e Comércio. A ideia foi acatada pelo poder público e, em 1985, foi oficializado o início dos trabalhos da nova pasta. Em encontro realizado em 3 de junho ressaltou-se que a secretaria “nasceu de um encontro que tivemos com o prefeito e alguns secretários municipais”. Em setembro, durante uma assembleia ordinária da ACIPG, o então secretário de Indústria e Comércio, Luiz Vicente Pavão, esteve presente e debateu, juntamente com os empresários, caminhos para impulsionar a industrialização na cidade. Foram relatadas, na oportunidade, diversas reuniões e visitas realizadas com várias indústrias, para se instalarem no município ou, no caso das que já estavam fixadas em Ponta Grossa, para ampliarem as suas fábricas.

Conscientização

Em 1984, a Copel alertou a ACIPG sobre os prejuízos que as empresas paranaenses estavam tendo devido à utilização inadequada da energia elétrica em suas atividades produtivas. A Associação trabalhou com uma campanha de conscientização do empresariado local para passar a usar a energia elétrica de modo adequado.

JOSÉ OLÍMPIO DE PAULA XAVIER (1978-1982)

Foi professor de Direito da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e ocupou o posto de Secretário Estadual da Administração entre março de 1983 e maio de 1986. Posteriormente, assumiu até março de 1987 o cargo de Secretário Chefe da Casa Civil do Governo do Estado do Paraná. Como empresário, era diretor-presidente do Grupo Xavier e destacou-se por ser um dos idealizadores da construção do primeiro shopping da cidade, o Mitaí, localizado na Rua Balduíno Taques.

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Conselho Empresarial da Mulher

O mês de setembro do ano de 1985 entrou para a história da ACIPG. Foi no dia 11 desse mês que começou a ser debatida a criação do Conselho Empresarial da Mulher Executiva (CEME). Na oportunidade foi realizada uma reunião especial, com um “grupo de senhoras executivas para estudar a fundação do Conselho da Mulher Executiva”.

Nove empresárias ponta-grossenses participaram desse encontro. Também esteve presente a então presidente do Conselho da Mulher Executiva do Paraná, La Aun Engel, a primeira presidente do órgão criado na Associação Comercial do Paraná, em 1983. Durante a reunião, ela explanou sobre a experiência de ocupar o cargo e das atividades desenvolvidas na capital paranaense a favor da classe empresarial. Ela também ressaltou “a necessidade de se fundar os conselhos congêneres nas associações do interior e conclamou as presentes a participarem desses movimentos que só vem valorizar a mulher no mundo atual”. La Aun detalhou ainda a importância da participação da mulher no desenvolvimento econômico.

No dia 23 do mesmo mês, foi realizada uma nova reunião com as empresárias na qual se definiu que seria criado o Conselho Permanente da Mulher Executiva. A partir de então, as participantes debateram sobre a criação de um Regimento Interno para o Conselho e a forma como este órgão seria organizado. Em 14 de outubro, um novo encontro deu prosseguimento à formulação do regimento do Conselho e, ainda, se debateu caminhos que poderiam ser traçados para impulsionar a economia local.

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Na semana seguinte, mais um encontro para acertar a divisão de cargos para o Conselho Permanente da Mulher Executiva: um grupo trabalharia na redação do Regimento Interno e outro em propostas visando o desenvolvimento do município.

O Conselho, enfim, foi oficialmente constituído em 28 de outubro daquele ano, com a tomada de posse da diretoria provisória, que teve como presidente a empresária Marilda Silveira.

A partir de então, o Conselho da Mulher Executiva da ACIPG se mostrou bastante atuante junto à comunidade. Em 1986, por exemplo, atuou para implantar a Delegacia da Mulher. Nesse ano, conforme atesta a pesquisadora e delegada Paula Nunes, também foram criadas as Delegacias da Mulher de Londrina, de Maringá, Cascavel e Foz do Iguaçu. O Conselho ainda foi responsável por promover um debate entre os candidatos a prefeito da cidade em 1988. Mas, ainda em novembro de 1985, o recém-criado Conselho se reuniu mostrando preocupação com o patrimônio do Município. Discutiu a ampliação das praças da cidade, a reforma da Concha Acústica e debateu a preservação de patrimônios antigos e históricos de Ponta Grossa.

Também foi debatido um projeto para criação de um Comitê Municipal em prol da condição feminina, o qual visava criar mecanismos de igualdade social entre homens e mulheres, “enfrentar as várias formas de discriminação a que a mulher é submetida” e “efetuar denúncias sobre a discriminação e a violência contra a mulher”. A atividade atuante do Conselho prosseguiu durante o restante da década. Coube ainda ao CEME, por exemplo, promover em 1988 debates e estudos sobre o setor de confecções, a fim de formar um departamento específico na ACIPG.

' Novos Executivos'

Em 1985 também foi criado o Conselho Empresarial de Novos Executivos (Cene), que reunia jovens empresários da cidade – muitos eram filhos de associados mais antigos da ACIPG. Em 1987, esse Conselho foi responsável, por exemplo, por promover um debate sobre o reajuste do IPTU. Em 2018 houve uma mudança de nomenclatura: o Conselho da Mulher Executiva passou a se chamar ACIPG Mulher e o Cene tornou-se ACIPG Jovem.

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Em Prol do Desenvolvimento

Durante a segunda metade da década de 80, as ações em prol do desenvolvimento econômico da cidade não tiveram trégua. Lutas para intensificar a industrialização e o comércio se tornaram uma constante no período, incluindo a realização de parcerias no setor.

No dia primeiro de setembro de 1986, por exemplo, representantes da Câmara do Comércio e Indústria Brasil-Japão do Paraná estiveram presentes na ACIPG onde apresentaram dados do setor de exportação e ainda firmaram um acordo de mútuo interesse das relações comerciais e industriais. Dois anos depois, em junho de 1988, “tendo em vista o convênio entre a ACIPG e a Câmara do Comércio Brasil-Japão”, discutiu-se a necessidade de incrementar a relação entre as entidades. Foi agendada a realização de um Simpósio Econômico Brasil – Japão para o mês de outubro daquele ano, com apoio da associação ponta-grossense. Simultaneamente, a entidade permaneceu atuando para debater o contexto da economia nacional. Em março de 1986, após o governo federal lançar um pacote econômico que congelou salários e preços, a ACIPG foi palco de amplo debate entre os associados. Tratava-se do Decreto n.º 2.283/1986, o chamado “Plano Cruzado”, que foi o nome da moeda que substituiu o “cruzeiro”. Segundo Fernando de Holanda Barbosa, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), de maneira sucinta, as principais medidas do Plano Cruzado foram as seguintes: introdução da nova moeda; congelamento de preços; e indexação dos salários (os salários foram indexados de

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acordo com uma escala móvel, que reajustaria automaticamente o salário toda vez que a inflação acumulada alcançasse 20%). No dia 20 de maio, com a presença dos empresários ponta-grossenses, foi realizado um encontro na sede da ACIPG com representantes da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) para debater o novo pacote econômico do governo federal. Ao passo que as mudanças econômicas atingiam toda a nação, a ACIPG permaneceu lutando para viabilizar o desenvolvimento da cidade. Em abril de 1986, foi proposto um estudo detalhado para melhorar os pontos fracos da cidade no quesito “industrialização”. No mesmo ano foi lançado o projeto “Ponta Grossa Ano 2000”, que objetivava atrair novos investidores, especialmente a partir de melhorias na infraestrutura do município. A meta era conseguir “sensibilizar todos os segmentos da nossa comunidade para cooperarem com este plano”. Em março de 1988, um encontro da ACIPG debateu os rumos para a intensificação da industrialização e a necessidade de se investir em cursos técnicos específicos para o setor. Além disso, comentou-se a respeito da criação de “departamentos de apoio aos setores industriais e comerciais”. No dia 20 de junho do mesmo ano, foi discutida a criação de um departamento específico voltado às micro e pequenas empresas, visando o fortalecimento desse segmento na cidade. Nesse mesmo ano, uma comitiva formada por seis associados foi até Brasília e entregou nas mãos do então presidente da República, José Sarney, um manifesto no qual reivindicava melhorias na área econômica.

DAVID PILATTI MONTES (1986-1988)

Empresário renomado na cidade. Como vereador, ele foi aclamado como presidente da Câmara Municipal de Ponta Grossa de 1989 a 1990. Também ocupou o posto de presidente da Academia de Letras dos Campos Gerais. Foi Chefe de Gabinete da prefeitura de 2005 a 2008. Em 2008, passou a ocupar a Secretaria Municipal de Qualificação Profissional. Industrial e líder classista, foi membro de várias diretorias da ACIPG. Foi também Secretário Municipal de Indústria, Comércio e Turismo (entre 1993 e 1996, durante a gestão Paulo Cunha Nascimento) e, também, de Administração e Negócios Jurídicos (na gestão Amadeu Puppi, de 1975 a 1977). Também foi presidente da Associação das Câmaras Municipais dos Campos Gerais.

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Cuidados com a Cidade

Diversas outras ações fizeram parte do rol de atividades realizadas pela ACIPG nesse período. A Associação conseguiu recursos para serem doados para a Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa em 1986, participou de discussões sobre a reforma da Rodoviária e a respeito de mudanças no sistema viário da cidade.

Em agosto de 1986, foi debatida a necessidade de se criar uma instituição filantrópica para menores carentes. Já em novembro foi debatida a situação agrária na cidade com a presença da então recém-criada União Democrática Ruralista (UDR). Em 1987 a ACIPG assinou uma moção de apoio às causas da UDR. Porém, antes, uma luta não cessava: melhorias no aeroporto da cidade. Em junho de 1986 foi realizado um convite a Rio Sul Transportes Aéreos para debater sobre as melhorias no aeroporto local e a “colocação de aviões maiores”, especialmente para os voos com destino a São Paulo. Também solicitavam mudanças nos horários de ida e volta, a fim de permitirem a realização de viagens de negócio em um mesmo dia. Vale destacar, como curiosidade, que o Aeroporto Sant’Ana recebeu o seu primeiro voo comercial no ano de 1963, com a Real Aerovias operando aviões Douglas DC-3, que tinham capacidade de 21 a 32 passageiros. Outras cinco companhias operaram rotas para São Paulo e cidades do Paraná – como foi o caso da Rio Sul. Também começaram neste período, mais especificamente em 1988, as tratativas para viabilizar a construção de um shopping center – a cidade ganhou o seu primeiro shopping em 1994, quando o Mitaí foi inaugurado, segundo relata a pesquisadora Lauren Lima.

Parceria com a Uepg

A parceria com a UEPG cresceu na década de 80, com a realização de diversas palestras e cursos. Mas a grande aliança entre as duas instituições foi celebrada em 1986, quando a ACIPG manifestou o desejo de criar um Banco de Dados Econômicos do Município. No dia 2 de junho foi debatida em assembleia a “pretensão da ACIPG em incentivar e colaborar na criação de um Banco

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de Dados Econômicos do Município” e a “forma de conseguirmos recursos para o financiamento do projeto”. Foi proposto, na oportunidade, “firmar convênio” com a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio.

Mas quem acabou encampando o projeto foi a universidade, que chegou a ceder professores e estudantes para a sua execução. Em contrapartida, a ACIPG buscou recursos junto aos empresários e ao próprio poder público para viabilizar a construção do Banco de Dados.

Na esteira dessa parceria, uma reunião entre a diretoria da ACIPG e o Centro de Desenvolvimento Empresarial da UEPG, realizada em junho de 1986, debateu o projeto para a criação do Centro Regional de Estudos Socioeconômicos. As conversas para colocar em prática prosseguiram até 1987, quando a Associação conseguiu apoio da Prefeitura e do Governo Estadual. Conforme consta em ata do dia 22 de junho de 1987, a “criação do Centro Regional de Estudos Socioeconômicos já é do conhecimento da Prefeitura Municipal, da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio e da Secretaria do Estado da Indústria e Comércio”.

Um dos reflexos dessa ação aconteceu na década seguinte, mais especificamente em 1992, quando foi criado, na UEPG, o Centro de Estudos e Pesquisas Rouger Miguel Vargas, que se tornou referência em indicadores econômicos na região dos Campos Gerais.

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Cursos

A década de 80 foi marcada pela realização de diversos cursos e palestras para atualizar os membros da ACIPG. Essa prática se tornou mais corriqueira entre 1987 e 1989.

Um dos eventos, por exemplo, foi a palestra com Antônio Carlos Romanovski, em 1987, que atuou como executivo de uma das maiores fabricantes de eletrodomésticos do Brasil, a Refrigeração Paraná (Refripar).

Somente no ano de 1988 foram diversos os cursos realizados, tais como: Comunicação criativa e estratégias de vendas (ministrada pelo professor Maurício Góes, do Núcleo de Desenvolvimento Empresarial); Palestra CCQ – uma realidade no Paraná (parceria com a UEPG); Primeira Semana de Estudos Tributários (parceria com a WSW Advogados); palestra Plano Verão (dada por Luiz Antônio Fayet); palestra sobre automação gráfica nas indústrias; curso Organização e Métodos (parceria UEPG); curso de técnica de comunicação empresarial e palestra O Plano Econômico: alterações no sistema bancário e econômico (ministrada também por Fayet). Além disso, nomes consagrados como o do jornalista especializado em economia Luiz Nassif e do empresário Antônio Ermírio de Moraes também ministraram palestras em Ponta Grossa. Ambos os eventos ocorreram em 1989.

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