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A HORA DA REINVENÇÃO NOS NEGÓCIOS

Conheça histórias inspiradoras de empresários de Franca que não cruzaram os braços e inovaram na forma de trabalho para sobressair durante esse período de pandemia

MARCO FELIPPE

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Reinvenção no dicionário significa ação ou efeito de reinventar, sinônimo de recriar, refazer, reproduzir e recompor. Com a propagação do novo coronavírus e a aplicação de medidas de isolamento social e paralisação das atividades comerciais, os empresários precisaram se reinventar para dar continuidade aos negócios e, em Franca essa movimentação não foi diferente.

Com o objetivo de minimizar os efeitos de uma crise, empresários de diferentes setores da economia deixaram a acomodação e o negativismo de lado e foram em busca de alternativas para fisgar o cliente que agora está dentro de casa.

Professora e coordenadora do curso de comunicação social com habilitação em publicidade e propaganda do Uni-Facef, Fúlvia Nassif, acredita que esse tem sido o melhor momento para a classe empresarial se reinventar e criar alternativas visando o que cada um faz de melhor. “É preciso focar no que somos melhores, principalmente em um momento que concorrência está acirrada e o consumidor com o orçamento apertado”.

E foi com esse pensamento que a proprietária da Central Escola, especializada em cursos de cabeleireiro, Janaina Andréa Ubiali resolveu se lançar na produção de vídeos aulas para repassar aos alunos que ficaram sem o curso presencial após a suspensão das atividades. “Com as aulas suspensas, decidi começar a gravar os vídeos caseiros com aulas de corte para enviar aos alunos pelo WhatsApp. Essa foi a forma que consegui de contato com eles”.

Janaina Andréa Ubiali, da Central Escola

Janaina Andréa Ubiali, da Central Escola

Janaina confessa que inicialmente ficou apavorada com o que estava acontecendo e por ter que fechar a escola e deixar os alunos sem aula. “Foi quando comecei a buscar na internet vídeos sobre como fazer, cursos online e passei a participar de palestras, inclusive uma de inteligência emocional oferecida pela Acif. Lembrei que já havia montado DVD’s de cortes masculino e feminino e aí com ajuda do meu filho, lançamos nas redes sociais e depois separei as aulas que seriam dadas e comecei a gravar”.

A empresária conta que os vídeos são rápidos e sem produção e foi a melhor opção diante da possibilidade de também poder fazer live, pois eles podem ser assistidos pelos alunos em qualquer momento. “Comecei a filmar sem qualquer habilidade, mas acreditando que o importante era passar a mensagem. É tudo muito simples, mas feito de coração, pois acredito que o aluno também está em busca de um rumo e dessa forma consegui estar presente na vida deles”.

Veja as principais dicas da professora Fúlvia Nassif, do Uni-Facef, especialista em comunicação, com ênfase em planejamento estratégico avançado:

1- Analise o seu segmento e a aderência com o momento

2- Pense em formas de ajudar o seu público que não prejudiquem sua empresa

3- Fale com seu público, as respostas estão nesta relação de entendimento

3.1- Seja interessante e, não, interesseiro

4- Não force a venda de nada, o momento é sensível e requer muita cautela de todos os lados

5- Invista se o seu segmento estiver aquecido e se tiver caixa para isso, do contrário, reduza os custos e trabalhe a sobrevivência da melhor forma que encontrar

6- Pense com a cabeça dos seus clientes, o que será que eles precisam neste momento ou vão precisar após a pandemia?

7- Foque no que você faz melhor, o resto repense, reinvente, delegue, terceirize ou até mesmo, abandone. Após a pandemia garanta o seu lugar na excelência do que se propõe

Geiza Duarte Noronha, Mayra Guerra e Maik Braian, da 775

Geiza Duarte Noronha, Mayra Guerra e Maik Braian, da 775

Após 30 anos de loja física, a empresária Geiza Duarte Noronha, da 775, também viu a necessidade de ficar mais digital para chegar até seus clientes. Sem possibilidade de abrir seu negócio, teve que recorrer a um projeto de trabalho que estava parado para continuar a vender. “Fiquei a primeira semana fechada, mas estava na loja avaliando a situação, observando as pessoas e foi quando conclui que a loja física não venderia e precisava ir para o online”. Com o auxílio de uma funcionária com experiência na área, Geiza montou o e-com- merce, começou atuar em mais plataformas digitais de venda e adotou um drive-thru para atender os clientes locais das redes sociais. “Atendemos um público jovem, que é rápido nesse universo e nossa equipe começou a interagir com várias postagens. Estamos indo atrás dos clientes, acompanhando e auxiliando no que é preciso”.

Geiza sabe que poderia ter feito todo esse trabalho antes, mas releva a cobrança ao reconhecer, que dife- rente de muitos empresários, não ficou parada e conse- guiu buscar soluções.

“O empresário investe muito em produção, maquinário, equipe, em treinamentos e aperfeiçoamen- tos, mas não na construção de uma imagem de sua empresa e de sua marca. O empresário infelizmente não tem o hábito de pensar em planejamento de marca e de fazer investimentos na área da comunicação”, justifica a professora de publicidade e propaganda do Uni-Facef, que também dá aulas na Escola Prática de Negócios da ACIF (Associação do Comércio e Indústria de Franca). Graduada em Propaganda e Marketing e mestre em administração de empresas com foco em Gestão Empresarial, Fúlvia, defende que nesse momento o empresário deve pensar em maneiras de ajudar o seu público de uma forma que não prejudique sua empresa.

Mudança na gestão

Juliana Ramos, da JR Uniformes Profissionais

Juliana Ramos, da JR Uniformes Profissionais

Diretora da JR Uniformes Profissionais, Juliana Ramos, diz que antes da pandemia a empresa vinha em um bom momento com aquecimento gradual dos pedidos o que para ela era sinônimo de contratação por parte das empresas. A indústria com dez funcionários produzia uma média de 5 mil peças mês. “A pandemia chegou e pegou todos de surpresa. Tivemos que parar tudo para cumprir a quarentena e isso trouxe consequência como encurtamentos e até cancelamentos de pedidos”, explica. Como a positividade sempre esteve presente em seu trabalho como gestora, Juliana decidiu começar a conversar com os clientes individualmente e, assim, passou a negociar prazos, retirar juros e ver formas possíveis de liquidação das dívidas. “Com o caixa se tornou uma preocupação, entendi que deveria conversar com os clientes e facilitar os pagamentos. Ao mesmo tempo fiz contato com os meus principais fornecedores para buscar parcerias, pedindo a eles que me ajudasse a vender”. Ciente da importância de criar oportunidades nesse momento, a empresária também fez questão de manter a equipe de vendas motivada para atacar novos ramos e analisar o mercado. “A equipe precisa estar com a cabeça boa, energizada, pois no nosso setor há um leque grande de oportunidades”, disse Juliana que aconselha outros empresários a não ter medo e ir para o ataque. “É indispensável nesse momento rever custos, enxugar o que for preciso e atacar sem desânimo, conhecendo a realidade de cada empresa”.

Mudança na produção

Rúbia Sousa, da Mellinda Cosméticos

Rúbia Sousa, da Mellinda Cosméticos

Fabricante de cosméticos para diversas marcas no mercado interno e externo, Rubia Sousa, da Mellinda Cosméticos, ao se deparar com as medidas causadas pela pandemia de coronavírus resolveu buscar soluções ao invés de só clamar. Como muitos dos pedidos cessaram, Rubia decidiu aproveitar toda a estrutura e a equipe de colaboradores para acelerar um projeto que já estava a caminho e produzir sua própria linha de cosméticos. “Sempre produzi para terceiros e agora aproveitei o momento para ter marca própria. É uma linha para cabelos que devo lançar em breve com cinco a sete produtos e a intenção é depois a continuar a fazer lançamentos”, revelou.

A empresária disse que o fato de ter um caixa controlado e uma gestão segura permitiu dar continuidade ao projeto dos produtos de marca própria e ainda atender uma demanda pela produção de álcool gel. Este, inclusive, está à disposição do mercado para todas as empresas que retornarem suas atividades e tiverem o interesse de adquirí-lo.

Com o retorno ao trabalho, Rubia também passou a fazer novos contatos, conseguiu pedidos da Europa e descobriu que há outros empreendedores querendo lançar marca própria. “Não sou daquelas de ficar com medo, pelo contrário. Nessa crise, alguns vão quebrar, outros sobreviver e terá aqueles que irão crescer. Quero estar nesse último grupo”.

Geração de emprego

Caio César Ferreira e Júnior César Rosa, da Matriz Imobiliária

Caio César Ferreira e Júnior César Rosa, da Matriz Imobiliária

Sócios na Matriz Imobiliária, os empresários Caio César Ferreira e Júnior César Rosa viram nesse momento de isolamento social que era a hora de fazer uma restruturação na parte operacional interna e, consequentemente estar mais conectado com os clientes. “No ramo imobiliário, o contato presencial sempre foi fundamental. O cliente gosta de ir até o imóvel, conhecer com quem está fazendo o negócio e ter uma proximidade com o intermediador e com essa pandemia tudo isso ficou mais difícil”, detalha Caio.

Diante desse cenário, os sócios resolveram investir nas redes sociais e na reformulação do site da imobiliária e com isso, contratar colaboradores para a área. “Estamos nos adaptando, investindo em tecnologia porque nossos clientes estão mais tecnológicos e por esse motivo tivemos que buscar profissionais que entendem dessas ferramentas para inovar”, disse Júnior. “Acredito que de agora para frente, haverá mais reuniões online, as relações irão mudar e o empresário precisa se qualificar, estudar, buscar conhecimento e evoluir”.