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‘A economia de Franca vai recuperar graças a muito trabalho’, diz Luiza Helena

Empresária francana concedeu entrevista especial para a ACIF em Revista. Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza pede que empresários deixem pânico de lado e busquem alternativas para as vendas

MARCO FELIPPE

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Presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, é uma das empre- sárias mais admiradas e respeitadas no País quando se fala em gestão, varejo, inovação e empreendedorismo. Com a ascensão da crise do coronavírus, Luiza se tornou referência sobre o que fazer para minimizar os impactos do fechamento das lojas e passou a ser constante- mente requisitada pela mídia para analisar o cenário socioeconômico atual.

Com exclusividade para Franca, Luiza Helena atendeu a ACIF em Revista para uma entrevista especial e falou diretamente aos empresários locais sobre os efeitos dessa pandemia na economia. Líder nata, ela pede calma aos empreendedores e que evitem demissões. Aconselha os colegas empresários a fazer parcerias nesse momento e a criar soluções criativas para vender. Uma das pioneiras no comércio virtual, ainda na década de 90, a empresária diz que quem ainda não aderiu ao digital “está extremamente atrasado” e sofrerá mais consequências com a crise.

Luiza Helena também antecipa uma mudança no comportamento do consumidor e na forma como os empresários irão lidar com a administração dos negócios. Por fim, tranquiliza os francanos dizendo que a cidade já passou por grandes crises nacionais e locais e, mais uma vez, irá se recuperar com muito trabalho.

O Magazine Luiza

Fundado em 1957 pelo casal Luiza Trajano e Pelegrino José Donato, tios de Luiza Helena, o Magazine Luiza surgiu da pequena loja de presentes “A Cristaleira”. Passados 63 anos, o Magazine se tornou rede e possui hoje 900 lojas físicas localizadas em 17 estados do Brasil com 22 mil funcionários e 12 centros de distribuição.

ACIF em Revista - O que deve ser feito pelos empresários para continuar com as portas abertas?

Luiza Helena Trajano - Tenho repetido para todos neste momento: calma. É preciso sair do estado de pânico e acompanhar as medidas que estão sendo tomadas para evitar demissões e auxiliar o fluxo de caixa das empresas, inclusive, pequenas e médias. Os empresários precisam, ao máximo, procurar preservar os empregos por enquanto e ver nas soluções que estão sendo apresentadas quais se enquadram em seu negócio.

ACIF em Revista - Como você enxerga a economia e o comércio varejista de Franca após o período de quarentena?

Luiza Helena - Em todo o Brasil o comércio varejista irá sofrer pelo período parado e com a queda de poder aquisitivo que certamente ocorrerá. Será necessário muito foco em vendas e parcerias, e esperamos que o dinheiro que está sendo injetado pelo governo chegue rapidamente às famílias, incentivando o consumo e a retomada econômica.

ACIF em Revista - Quais medidas deverão ser prioridade para os empresários locais?

Luiza Helena - Buscar o entendimento das medidas emergenciais do governo para auxílio ao fluxo de caixa e foco na venda, ampliando sua atuação em todas as plataformas possíveis, buscando parcerias e procurando sempre conquistar a confiança e a segurança do consumidor, pois haverá uma nova relação a partir de agora.

ACIF em Revista - O mercado online poderá ser uma saída?

Luiza Helena - O mercado online não é uma saída apenas agora. Se alguém ainda não estava absolutamente ativo no digital antes da crise, já estava extremamente atrasado e certamente sairá mais enfraquecido da crise. Ainda dá tempo, mas é necessário, já neste período de quarentena, avançar rapidamente para que o mercado online seja uma parcela significativa de seu faturamento.

ACIF em Revista - Quais estratégias você recomendaria aos pequenos e microempreendedores da cidade que não possuem recursos para renovar estoque ou criar um e-commerce?

Luiza Helena - Existem fórmulas de participar de diversos marketplaces existentes, sem necessidade de investimentos. Tanto o Magazine Luiza, com o parceiro Magalu, como outras plataformas existentes permi

ACIF em Revista - Você acredita na mudança de comportamento do cliente em relação ao modelo de compra e ao valor do ticket médio?

Luiza Helena - O brasileiro é um povo que gosta de comprar, mas algumas características devem mudar, tanto no ponto de venda como no aumento da compra em canais digitais. Quanto ao valor do ticket médio, depende muito de cada segmento. O primeiro desafio será a retomada da confiança do consumidor.

ACIF em Revista - Em relação a gestão financeira do negócio, o que não será mais tolerado?

Luiza Helena - O que nunca foi possível, para qualquer empresa, é má administração do fluxo de caixa. Falta de lucro não quebra uma empresa, fluxo de caixa sim, por isso, é momento de foco total, de observar linha a linha da planilha e, especialmente para os micro e pequenos, não ceder à tentação de retirar dinheiro da empresa para as contas pessoais.

ACIF em Revista - Promoções e queimas de estoque podem ser uma solução para criar fluxo de caixa?

Luiza Helena - Não existe uma fórmula mágica, é preciso analisar com calma e avaliar todas as possibilidades. Como comentei, abertura de venda em marketplaces e diversas outras atividades devem ser analisadas. Acredito que é fundamental envolver a equipe nas decisões, e dessa soma de QIs devem surgir soluções criativas e inovadoras.

ACIF em Revista - Trabalhar em parceria com grupos, associações e cooperativas pode ajudar nesse momento?

Luiza Helena - Sim. Como disse, é hora de soluções criativas e inovadoras. Qualquer união e parceria podem fazer a diferença.

ACIF em Revista - Como você vê a economia de Franca no pós-crise?

Luiza Helena - Não é a economia de Franca que vai sofrer, é a economia do mundo inteiro. Certamente, vamos passar momentos de recessão, mas nessas horas surgem grandes alternativas e parcerias mais duradouras. Franca já viveu dezenas de outras crises nacionais e locais, e tenho certeza de que a economia da cidade irá se recuperar graças a muito trabalho.