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Qual área profissional os estudantes de Contabilidade pretendem seguir? Eis a questão

Por Iago França Lopes, Alison Martins Meurer

Inserção no mercado de trabalho, oportunidades de crescimento profissional e ampla oferta de emprego. Essas, possivelmente, serão algumas das respostas ditas por alunos de qualquer curso de Ciências Contábeis ao serem questionados sobre quais motivos os levaram a optar por essa área de formação. Isso mostra que a área contábil é promissora e aflora expectativas naqueles que decidem ingressar nesse ramo profissional.

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Recentemente, uma matéria divulgada na Revista EXAME (2017) apontou a profissão de contador como uma das mais estáveis do Brasil. Contudo, ser contador não pode ser confundido com sinônimo de estagnação, visto que as inúmeras alterações nas legislações, demandas de mercado, competitividade, obrigações burocráticas e infinitas outras tarefas exigem destes profissionais uma educação contábil continuada. Esse cenário já é reconhecido pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), o qual fomenta o desenvolvimento e a execução de projetos que visem aprimorar os conhecimentos e as habilidades dos profissionais da contabilidade.

Em face do mercado dinâmico e das oportunidades de trabalho, é válido que o acadêmico de Ciências Contábeis, desde o seu ingresso no ambiente universitário, possa direcionar esforços na área a qual pretende se especializar e seguir na sua carreira profissional. Diante de tantas opções e do cenário exposto, qual área profissional os estudantes de Contabilidade pretendem seguir? Há preferência por e

Simone Bernardes Voese

desempenhar suas funções em entidades públicas ou tais expectativas se voltam para o mercado privado? Quais fatores os alunos consideram na prospecção de carreira?

Resolvemos desenvolver uma discussão com base nessas perguntas questionando aqueles que possuem maior propriedade para respondê-las, ou seja, os próprios acadêmicos. No final de 2017, enviamos um questionário para 142 Instituições de Ensino Superior (IES) públicas que ofertavam o curso de Ciências Contábeis; solicitamos às coordenações dos cursos que encaminhassem o link para os alunos dos dois últimos anos do curso, sendo obtidas 309 participações válidas.

Em relação à área que os estudantes de Contabilidade pretendem atuar, 31,07% indicam interesse pelo campo da Auditoria como a principal preferência, seguidos pela Controladoria (11,97%), Analista Contábil e/ou Tributário (11,33%), Contador Comercial (10,36%), Contador Público (9,39%), Professor Universitário (3,88%) e Perito (3,56%). Contudo, 9,39% mostram um comportamento indeciso e os demais (9,06%) indicaram prospecções de carreiras voltadas para as áreas de Análise de Custos, Recursos Humanos, Consultoria, entre outros. As áreas elencadas pelos estudantes mostram-se alinhadas com as demandas atuais do mercado de trabalho, à medida que a atividade de controller e analista contábil estão entre as profissões mais promissoras para o ano de 2018, conforme levantamento elaborado pelas consultorias Michael Page, Page Personnel e Page Executive.

Quanto a seguir carreira na área pública ou privada alguns dados interessantes foram obtidos. Primeiro, exercer a profissão na carreira pública está nos planos de 39,81% dos respondentes do questionário, seguido pela carreira privada, com 33,01%. Já os indecisos com a carreira aproximam-se a 26,54% e os que buscam atuar no Terceiro Setor representam um pouco mais de 0,65%. Apesar de o cenário econômico atual estar voltado para o mercado privado, devido à diminuição do aparato e interferências do Estado na economia, nota-se que a maioria dos acadêmicos almejam ingressar na carreira pública.

Quanto aos elementos considerados na escolha de carreira, foram elencados oito fatores que deviam ser atribuídas notas de 1 a 7 conforme o grau de importância para a tomada de decisão. Por meio de agrupamento estatístico, verificamos que podiam ser formados dois grandes grupos de fatores para a escolha de carreira, sendo o primeiro composto de estabilidade no emprego, remuneração fixa, alta atividade rotineira e alto nível de exigência dos superiores; e o segundo formado por autonomia, flexibilidade, desafio e oportunidades de crescimento profissional.

Ao observar a propensão de carreira, percebemos que aqueles que assinalaram preferência pela carreira pública atribuíram maior pontuação para os fatores do grupo 1, enquanto os acadêmicos voltados para a área privada indicaram maior pontuação aos elementos do grupo 2. Dessa forma, quem opta pela área pública tende a preferir correr menos riscos, como baixa variação salarial e estabilidade no emprego, enquanto os acadêmicos que apontaram para a área privada como de interesse atribuem maior importância para os desafios, oportunidades de crescimento e condições flexíveis e autônomas no ambiente de trabalho.

Assim como exposto em matérias e estudos divulgados em mídias especializadas em carreiras profissionais, os acadêmicos de Contabilidade também percebem o mercado de trabalho como promissor e que oferta inúmeras oportunidades de desenvolvimento profissional, além das atividades tradicionais da área. Prova disso está no fato de as atividades de contador comercial e/ou contador público não figurarem entre as três opções de carreira com maior número de respondentes. Sabe-se que, independente da área que se deseja atuar ou dos fatores considerados na prospecção de carreira, a educação profissional continuada é essencial. Por fim, cabe às IES estarem atentas ao perfil e expectativas dos acadêmicos de Contabilidade para oferecerem ensino de qualidade, adequado às necessidades do mercado de trabalho e que auxiliemos estudantes na busca pela realização profissional.