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MERCADO
Agosto 2017
Milho: a nova fronteira do etanol Biocombustível feito com o grão representa hoje 1% do produzido com a cana-de-açúcar, mas novas unidades e oferta em escala sinalizam que o cereal veio para ficar como matéria-prima
Ampliar a fronteira dos biocombustíveis nacionais, aumentar a produção de etanol em 80% nos próximos 13 anos e agregar valor à produção de milho brasileira são alguns dos fatores que alavancam o mercado do etanol do grão no Brasil. A produção ganhou força na última década no País e, segundo a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), saiu de 37 milhões de litros na safra 2013/2014 para 234 milhões em 2016/2017 na região Centro-Sul do País. Somente na última safra, houve um salto de 66% na produção de etanol de milho, principalmente no Mato Grosso. Segundo o Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras do Estado de Mato Grosso (Sindalcool/MT), o estado é destaque porque produz milho em larga escala, capaz de abastecer plantas industriais que transformam o grão em biocombustível. A entidade destaca as três unidades produtoras (Libra, Usimat e Porto Seguro), que já fazem o etanol de milho no estado -junto com o de cana-de-açúcar-, e a inauguração de uma nova unidade exclusiva para produção de etanol de milho, em agosto deste ano, no município de Lucas do Rio Verde. E na safra atual, até levantamento da segunda quinzena de junho, o etanol de milho já representava aproximadamente 1% da produção do Centro-Sul do Brasil, com 52 milhões de litros. É uma produção pequena, mas só tende a crescer. Segundo o ministro da Agricultura, Abastecimento e Pecuária, Blairo Maggi, o Brasil “não deve ter medo de defender o etanol de milho”. Em discurso durante a abertura do Fórum Mais Milho, no dia 1º de junho, em Castro (PR), Maggi ressaltou que a inauguração da unidade produtora específica na cidade
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ILUSTRAÇÃO GASPAR MARTINS
RAISSA SCHEFFER, DE RIBEIRÃO PRETO (SP)
de Lucas do Rio Verde (MT) deverá valorizar o cereal produzido no Mato Grosso. Maior produtor brasileiro do grão, o cultivo no Mato Grosso muitas vezes não traz retorno ao agricultor. Potencial Para Murilo Aguiar, consultor em
Gerenciamento de Risco - Açúcar e Etanol da consultoria INTL FCStone, há potencial para ampliação do mercado no Brasil. “A produção de etanol de milho está em desenvolvimento e apresenta para o país um mercado potencial para incremento de produção”, diz. E uma das principais demandas
vem com o acordo do clima celebrado em dezembro 2015 na França, durante a 21ª Conferência das Partes (COP21). Conforme a Unica, com o acordo celebrado o Brasil pretende atingir, nos próximos 14 anos, a participação de 18% de biocombustíveis na matriz energética, entre etanol e biodiesel.
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