JornalCana — Edição 266 / Março 2016

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TECNOLOGIA AGRÍCOLA

Março 2016

Mecanização do plantio exige cuidado redobrado com o raquitismo Disseminação da doença pode se agravar se não forem adotadas medidas preventivas adequadas RENATO ANSELMI, DE CAMPINAS, SP

Em processo acelerado de transformação, os canaviais brasileiros correm o risco de enfrentar “epidemias” e suas consequências, assumindo a versão agrícola de um roteiro nada desejado – que é inclusive muito sério – de saúde urbana devido aos transtornos causados pelo mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika vírus. Nos dois casos, existe pelo menos uma semelhança: a falta de prevenção. E isto ocorre, no setor sucroenergético, principalmente em relação ao raquitismo da soqueira, doença sistêmica disseminada pela falta de sanidade das mudas e toletes. E o problema tem gerado maior preocupação, principalmente a partir da expansão da cultura, nos últimos anos, que utilizou até mesmo cana de segundo e terceiro corte no plantio. Existem outros fatores que podem contribuir para o aumento dessa doença, caso não sejam adotadas medidas preventivas adequadas – alerta o professor Alfredo Seiiti

Alfredo Seiiti Urashima, professor da UFSCar

Urashima, da UFSCar – Universidade Federal de São Carlos. O fim da queimada da cana e a mecanização do processo de produção agrícola – colheita e plantio – estão interferindo na ocorrência e manejo de doenças nas lavouras de cana-de-açúcar. O uso de mudas pré-brotadas, como as MPB do IAC – Instituto Agronômico (com trabalho mais adiantado nessa área) e de empresas que utilizam conceito semelhante, está criando condições para o aumento do plantio mecanizado, constata o professor da UFSCar. A tendência é o desaparecimento do uso de toletes nessa operação – observa. Do ponto de vista da fitopatologia, o plantio mecanizado com mudas pré-brotadas vai exigir que a matriz tenha uma sanidade perfeita para que seja evitada a disseminação do raquitismo da soqueira – enfatiza. A única forma de propagação dessa doença é por meio de mudas – ou mesmo toletes – contaminadas. “O raquitismo não tem nenhum inseto vetor”, afirma. “Haverá necessidade de uma matriz muito boa, porque se ela tiver doente, o raquitismo da soqueira será disseminado mais facilmente com a mecanização”, ressalta. Essa doença ainda existe na Austrália, Estados Unidos, África do Sul, que possuem uma área de cana muito menor do que a do Brasil e têm uma tecnologia muito mais avançada – diz. No caso do setor sucroenergético brasileiro, com uma área de cana de nove milhões de hectares, os cuidados devem ser muito maiores – enfatiza.


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