Revista Alimentação Animal n.º 115

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ALIMENTAÇÃO ANIMAL OPINIÃO

CONVENCIONAL VS BIOLÓGICO: O CONSUMIDOR É QUEM DECIDE

Manuel Chaveiro Soares Engenheiro Agrónomo, Ph. D.

Desde sempre que defendo a liberdade individual –

quilíbrio da nossa balança comercial de produtos

de pensar, de expressão e de religião – de imprensa

agrícolas e agroalimentares (atualmente eleva-se a

– associada à noção de responsabilidade – e o direito

3,7 M €), o que implicaria maior volume de impor-

à propriedade, tudo concorrendo para a prosperi-

tação de alimentos, provavelmente provenientes

dade da comunidade e para a felicidade humana.

de outros continentes, correspondendo-lhes uma

Na esfera económica, a história revela-nos que é nos países com iniciativa privada e economia de mercado que maiores avanços científicos e tecnológicos se

uma maior perda de soberania alimentar da UE-27. Mas, conforme demonstrado por Carvalho & Mar-

povos de todo o Mundo. De salientar que a liber-

ques (2021), a agricultura de conservação (viz. sem

dade individual está na base dessa prosperidade.

mobilização do solo) contribui para aumentar o teor

neada centralmente, com relevo para União Soviética e a República Popular da China, os resultados obtidos foram extraordinariamente calamitosos – muito em especial no setor agrícola, tendo morrido à fome dezenas de milhões de pessoas – devido principalmente ao excessivo peso da burocracia, à ausência de incentivos para aumentar a produtividade e inovar, e ainda à corrupção. Estas economias estatais só sobreviveram graças ao apoio de forças políticas totalitárias – sem respeito, portanto, pela liberdade individual, considerada pelo insigne humanista Hans Rosling o objetivo primeiro do desenvolvimento económico. Atualmente, o referido modelo económico ainda é adotado em Cuba e na Coreia do Norte, proporcionando pobreza e falta de liberdade à população.

de carbono orgânico do solo a um ritmo de 0,1% ao ano – muito superior ao desafio proposto no âmbito dos acordos para o combate às alterações climáticas de Paris. De salientar que a matéria orgânica, além de constituir a base da fertilidade dos solos, é o segundo maior sumidouro de carbono, a seguir aos oceanos; de facto, o carbono da atmosfera absorvido pelas plantas através da fotossíntese é em parte um constituinte das suas raízes e, se não for perturbado (e.g. pela mobilização do solo), fica armazenado durante milhares de anos e, deste modo, contribui para mitigar as alterações climáticas. Cabe notar que a moderna biotecnologia pode dar um contributo relevante neste domínio (DeLisi et al., 2020), o que exige uma maior recetividade às novas técnicas por parte da UE. Importa ter em atenção que se estima que a alu-

Estas considerações vêm a propósito do recente

dida expansão da área cultivada em M.P.B. corres-

dirigismo de Bruxelas, nomeadamente ao propor

ponderia a uma redução global da produção agrí-

que 25% dos solos agrícolas da UE-27 sejam explo-

cola da UE-27 de 56,13 Mt (Carvalho & Marques,

rados em modo de produção biológica (M.P.B.) e,

2021), o que me suscita as seguintes observações:

concomitantemente, se reduza a utilização de pro-

(i) no mundo ainda vive em pobreza extrema (com

dutos fitofarmacêuticos e de fertilizantes (a título

menos de 1,9 dólares por dia) o dobro da população

de curiosidade, assinale-se que, segundo Roser &

da UE-27, que todos os dias se deita com fome,

Ritchie (2013), sem a aplicação de adubos azotados

pelo que considero um dever moral dos países

a população mundial estaria reduzida a metade

ricos ajudarem a alimentar estas populações, pois

por falta de alimentos); acresce que a UE-27 tem

como pertinentemente alertou o Secretário-Geral

denotado uma atitude refratária relativamente à

das Nações Unidas, António Guterres, «a dignidade

aplicação da moderna biotecnologia no melhora-

humana e o direito à vida deviam ser indiscutíveis»;

mento de plantas.

(ii) neste âmbito recordo que o Prémio Nobel da

Em Portugal, a área ocupada com agricultura biológica representa 6% da superfície agrícola, correspondendo a maioria (60%) a pastagens permanentes, em grande parte abandonadas.

ALIMEN TAÇÃO AN IMAL

transporte – marítimo, rodoviário e aéreo. Acresce

têm alcançado, proporcionando prosperidade aos

Ao invés, nos países que praticaram a economia pla-

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forte pegada de carbono, associada ao respetivo

Paz de 2020 foi atribuído ao Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM), pela liderança desta agência humanitária no combate à fome, no apoio às populações que vivem em zonas de conflito ou afetadas por fenómenos climáticos extremos

Devido à sua baixa produtividade, a expansão do

(de salientar que a contribuição dos EUA repre-

M.P.B. no nosso País iria agravar o já forte dese-

sentou 43% do total das contribuições de todos


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