CARTA 10
marco 2015 Quaresma
(Inspirado na carta do nosso querido Papa Francisco para a Quaresma que podes ler aqui)
Era o fim tarde daquele dia de inverno, a Ana Joaquina e o Francisco iam a caminho de casa no fim das aulas, a Ana ia meia confusa com o tema da Quaresma e tudo o que a professora de Moral lhe tinha dito sobre jejum e abstinência. Decidiu perguntar ao Francisco: - Ó Chico, o que é que te vem à cabeça quando pensas em Quaresma? - Quaresma?! A primeira coisa que me lembro é daquele último golo de trivela, foi genial. - Respondeu o Francisco - Deixando-me de piadas secas, a quaresma é um tempo de parar, é um tempo de ser protagonista, é um tempo de reencontro! - Estou a perceber. Mas ser protagonista não significa olhar só para mim, querer ser o centro das atenções, esquecer os que nos rodeiam? - voltou a perguntar a Ana. - Não exactamente - respondeu o Francisco, começando a entusiasmar-se com a conversa. - Significa sem dúvida ser o centro das atenções, mas noutro sentido, é um tempo propício para parar, dedicarmo-nos a nós próprios, cuidarmo-nos e redescobrirmo-nos. - Então e nesse tempo deixamos os outros de lado, centramo-nos mesmo só em nós? Isso não faz sentido… - Claro que não faz sentido, concordo perfeitamente! - e continuou o Francisco Hoje em dia vivemos num mundo de indiferença. Quando estamos bem, esquecemo-nos dos outros, não nos interessam os seus problemas e tribulações; e, assim, o nosso coração cai na indiferença. Isto, Deus Pai nunca o faz, Ele não nos olha com indiferença; conhece-nos pelo nome, cuida de nós e vai à nossa procura, quando O deixamos. - Percebo tudo o que disseste mas parece-me um pouco contraditório, afinal devemos centrarmos em nós próprios ou dar prioridade aos outros? - ripostou a Ana meia confusa. - Desculpa se não fui claro. Todo o trabalho interior que devemos fazer neste tempo só faz sentido se nos tornar pessoas mais abertas e atentas à realidade à nossa volta e dispostas a torná-la melhor. - Não é uma tarefa fácil! Como é que o posso fazer? - Para superar a indiferença devemos viver este tempo de Quaresma como um percurso de formação do coração. Talvez aqui entre o jejum que tanta gente relaciona com este tempo. Se nos abstivermos de fazer coisas que normalmente fazemos, para nos podermos dedicar mais a nós próprios conseguimos que o nosso coração seja cada vez mais forte, firme, fechado às nossas pequenas tentações mas que não tem medo de deixar Deus entrar e fazer das suas. - Estou mais esclarecida, obrigado. Vou viver esta Quaresma a sério!
OUVIR ATRÁS DA PORTA
A música “Uma Viagem, uma Aventura”, que tu bem conheces, transmite-nos a ideia de que nesta vida, nesta nossa grande caminhada, é necessário pararmos. O parar não é sinónimo de fraqueza, muito pelo contrário, é das coisas mais preciosas que podemos fazer. Ajuda-nos a entender como é que os nossos companheiros de caminho estão e também como nós nos sentimos. Certamente te faz lembrar muitos momentos de oração e momentos de ser aqui na marcha, ou não? A música desta carta vai ao encontro desses momentos. Que na nossa vida são muito importantes os tempos dedicados ao silêncio, ao simples “planar”, ao segredar com Ele, à interioridade. És capaz de abrir esta porta?
Ao teu redor
psssst!
Mafalda Veiga
Clica na nuvem das chaves para ouvires a música no Youtube
Enquanto esta cidade adormece Recolhe a casa e por momentos esquece As cores de guerra de que se pintam os olhares
Vais-te deixando, no vazio, Planar até sentir que tudo acalma Ao teu redor
Enquanto tu te abraças ao teu mundo Com o coração quente e vagabundo Aceso pelo brilho dos luares
Enquanto nestas ruas anoitece E a vida intensa e louca te acontece A dar-te tudo o que jamais te prometeu
A noite traz No sabor fugidio do escuro Um abraço de que ainda sentes o calor E devagar
Agora que já deste a volta ao mundo Já sabes, não há mais longe nem mais fundo Do que por dentro onde guardaste o que foi teu
NEM ÉS DA MARCHA, NEM ÉS NADA Leva-nos contigo. Àquele lugar onde tu podes ser sempre tu, a salvo da tempestade. Esse sítio que te ajuda a ver melhor, a respirar fundo e a voltar a juntar as peças. Esse sítio que te conhece como se fosse gente e, de alguma forma, é só teu. Talvez seja o baloiço do jardim público, o quarto de hóspedes, a casa dos avós ou uma árvore especial. São lugares, exteriores a ti, que te levam para dentro ou, como canta a Mafalda Veiga “pequenos abrigos, para onde podemos sempre fugir”. É esse o desafio que te propomos nesta carta. Fala-nos desse lugar! A partilha podes fazê-la – como sempre – no grupo “Marcha Vouzela” no Facebook ou através do e-mail mboamae@gmail.com, usando as hashtags #olugar e #desafiosmarcha.
Atreve-te a viver intensamente esta Quaresma, mantendo a Marcha bem viva dentro de ti. Até já!
#desafiosmarcha #olugar