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Cantinho da História

Antonieta Silva Professora de História A luta das mulheres pela igualdade

No mês de março celebra-se o Dia Internacional da Mulher. Em 1975, o dia 8 de março foi instituído como Dia Internacional das Mulheres, pelas Nações Unidas. Atualmente, a data é comemorada em mais de 100 países. No começo do século XX, as mulheres eram ainda consideradas intelectualmente inferiores. Eram muito raras as mulheres que chegavam à Universidade. A primeira a tornar-se professora da Sorbonne, em Paris, foi Marie Curie, em 1906. Todavia, apesar de lhe terem sido atribuídos dois prémios Nobel, a sua entrada como membro da Academia das Ciências francesa foi recusada por ser mulher. A primeira mulher a lecionar numa universidade portuguesa, na Universidade de Coimbra, foi Carolina Michäelis de Vasconcelos, em 1911. As mulheres estavam excluídas da vida cívica e política: não tinham direito de voto e, portanto, não podiam eleger nem ser eleitas. Todavia, desde o século XIX que se levantaram vozes de numerosas mulheres, conscientes da injustiça da condição feminina. Passaram a exigir a igualdade de direitos na família, no acesso à educação, no trabalho e, sobretudo, na vida política, reclamando para a mulher

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o direito de voto e a plena cidadania. Em França, em finais do século XIX, no seu jornal La Citoyenne, Hubertine Auclert exigia igualdade de direitos cívicos, políticos e sociais para a mulher francesa. O movimento feminista francês, dinamizado por Hubertine Auclert e outras mulheres, envolveu-se em frequentes ações de protesto a favor do sufrágio universal. Também no Reino Unido, sobretudo pela voz de mulheres inconformistas e ousadas como Emmeline Pankhurst, foi exigida a igualdade de direitos, particularmente a concessão do direito de voto à mulher. Sobretudo nas primeiras décadas do século XX, o movimento sufragista americano teve uma força enorme, com manifestações e propaganda em todas as grandes cidades. Este movimento encontrou muita resistência, tanto masculina como feminina. Pouco a pouco, o movimento feminista foi alcançando alguns dos seus objetivos: o direito de voto feminino foi obtido, em primeiro lugar, na distante Nova Zelândia, em 1893. O voto feminino foi depois sendo alcançado noutros países. Mas a luta pela emancipação feminina não se resumia ao direito de voto. Depois da I Guerra Mundial, deram-se importantes transformações na condição feminina. Quando, em 1914, começou a I Guerra Mundial, foram mobilizados milhões de homens e boa parte dos trabalhos que desempenhavam tiveram de ser entregues a mulheres. Depois da guerra, sobretudo nos anos 20, cresceu o número de mulheres a desempenhar as mais variadas profissões, lado a lado com os homens. Altera-se profundamente o aspeto da mulher, sobretudo nos meios urbanos: no vestuário, no penteado e nos hábitos de vida. No entanto, a luta pela igualdade de direitos apenas tinha começado. Em muitas regiões do mundo, a mulher continuava (e continua até hoje) a ter um estatuto de inferioridade. Mesmo no mundo ocidental, a luta foi demorada. Alguns direitos só lentamente foram reconhecidos em muitos países (por exemplo, o direito de voto das mulheres em Portugal só foi aceite em 1968 e na Suíça em 1971). Mantiveram-se, para as mulheres trabalhadoras, diferenças de salário e no acesso a posições de chefia.