JORNAL AMPARE - Ano XVII | nº 54 | EDIÇÃO ESPECIAL DE FIM DE ANO – 2018

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AMPARE Ano XVII | nº 54 | EDIÇÃO ESPECIAL DE FIM DE ANO – 2018

Pag. 3 Artigo:

Perdão: libertar-se, libertando Marcos A M Bittencourt

Pag. 5 Ampare: Quem somos e o que fazemos...

e Luz... d e it o n a t s e “E n Amor... e d e z a P e Noite d Céu... A o n s o m e r e v Todos Te peço, .. r. o d a lv a S Estrela do JESUS, ponha MENINO uém, o que esse alg na mesa de re quis e não tem: p alguém sem de também!” Felicida

Pag. 10 Sala de Leitura:

Lembranças de uma noite de Natal

Socorro Capiberibe

rlos Roberto Ca

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EDITORIAL

PAZ PELA PAZ

seja a todos e d E R A P A AM L DE LUZ A T A N m u NOVO e um ANO E PAZ!!! D O T E L P RE

Música de Nando Cordel

“A Paz do mundo começa em mim... Se tenho Amor, com certeza sou feliz. Se faço o bem ao meu irmão, tenho a grandeza dentro do meu coração. Chegou a hora da gente construir a Paz... Ninguém suporta mais o desamor... Paz pela Paz, Pelas crianças... Paz pela Paz, Pelas florestas... Paz pela Paz, Pela coragem de mudar... Paz pela Paz, Pela Justiça... Paz pela Paz, À Liberdade... Paz pela Paz, Pela beleza de Amar!”

EXPEDIENTE AMPARE – Associação dos Amigos dos Pacientes de Pânico em Recife Fundada em 23 de abril de 2001. CNPJ: 10.429.193 /001-54. Rua Oswaldo Cruz, 393, Boa Vista, Recife/PE – CEP: 50555-220. Fones: (81) 3222.6252 | 8517.1057 www.ampare-pe.com.br / ampare_pe@hotmail.com DIRETORIA PRESIDENTE: Wagner Saldanha Maia (Sócio Fundador) VICE-PRESIDENTE: Wilson De Oliveira Jr. (Médico / Idealizador da AMPARE) DIRETORA CULTURAL: Socorro Capiberibe (Sócia Fundadora) DIRETORA ADMINISTRATIVA: Ana Paula Hawatt (Psicóloga) DIRETORA TÉCNICA: Jane Lemos (Psiquiatra) DIRETORA FINANCEIRA: Francisca Modesto (Psicóloga) CONSELHO FISCAL Titulares: Amanda Britto Lyra, Maria Helena Baltar e Marcos Antonio Bittencourt Suplentes: Edson Rodrigues, Jaidete Almeida e Maria do Carmo Nigro Jornalista responsável: Maria Cândida Capiberibe Maia Cavalcanti | DRT/PE 3036 Revisão e assessoria de comunicação: Mariana Capiberibe Maia Fotografias: Maria Capiberibe Jung, Mariana Capiberibe Maia e Wagner Maia Impressão: Gráfica ArtFast Tiragem: 5.000 exemplares

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ARTIGO

Perdão: libertar-se, libertando Marcos A M Bittencourt (Psicólogo Clínico, CRP 002/15.799)

O fim do ano chegou e, com ele, a reflexão em torno do tempo que se passou sem que tivéssemos feito o que pretendíamos no início do ano. Muitos de nós chegamos carregados de culpa por não sabermos lidar com a diferença entre o desejável e o possível, mas também chegamos carregando pesos de relações turbulentas que nos deixaram com mágoas e até mesmo, ódio, cuja conta se instala não apenas na “psique” mas no corpo de forma patológica. É nessa hora que paramos pra pensar na (im) possibilidade de perdoar. O perdão é uma questão muito desafiadora porque parece significar que o agressor escapa impune. Ele pode ter agido de propósito e talvez não esteja arrependido. Ele pode fazer o mesmo novamente sem ser punido. Parece não haver nenhuma motivação para que uma pessoa ofendida tome este rumo. Entretanto, embora o perdão não seja fácil, ele é necessário para o bem da pessoa ferida. As pessoas que foram magoadas e não perdoam continuam a sofrer pressão e feridas emocionais por estarem a segurar a raiva e a amargura. É interessante pensar sobre perdão a partir da etimologia do termo, preferencialmente na língua grega (άφίήμι) - “afiemi” - que significa “quebrar grilhões” “soltar”, “cancelar”, “liberar”, “perdoar”. Desde já, se vê a natureza dessa atitude que, pelos seus significados, parece ter mais relação com quem tem o desafio de perdoar do que quem é perdoado. Muitas vezes, o perdão é mal compreendido. Ele consiste na decisão de soltarmos a nossa mágoa e o nosso ressentimento. Perdoar não significa que negamos ou aprovamos a ofensa. Perdoar não é esquecer. Perdoar é lembrar sem sofrer. Aludimos aqui à diferença entre “memória declarativa” e “memória afetiva”. A primeira se refere à capacidade de verbalizar um fato. Já a segunda tem mais a ver com os afetos e como a lembrança de alguns fatos da vida trazem sofrimento à pessoa. Também não quer dizer que a ofensa não tenha consequências ou ainda que ao perdoar devamos nos reconciliar com a pessoa que nos magoou. Nem todo perdão opera para a reconciliação. Certa mulher religiosa, depois de ter vivido anos sendo magoada pelo marido com constantes atos de traição, decidiu que deveria deixa-lo. Ao ser questionado por ele por essa decisão que aparentemente não condizia com a sua religiosidade, ela lhe disse: “porque te amo, te perdôo; porque me amo não

posso mais viver com você”. Assim, o perdão opera para a liberação, o cancelamento de algo dentro de nós que nos consome por inteiro e nos agrilhoa. Como foi dito na introdução desta reflexão, perdoar não é simples, dói muito junto com a dor que já se sente. Para o psicanalista Jose Luis Caon (Entrevista a Márcia Junges, Revista do Instituto Humanitas Unisinos, Edição On Line, nro. 388 de 09/04/2012. Disponível em <http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=4340&secao=388> acesso em 22 out 2018) podemos ser capazes de atos de perdão, mas não o perdão como um ato total e perene. Quem se descobre disposto a perdoar uma ofensa em geral vive um drama emocional. Afinal, perdoar implica passar a limpo a história de vida com a outra pessoa e a sua própria história. Um dos maiores desafios, então, é rever os próprios conceitos e até a auto-imagem. Mas nem tudo é consciência. Quase sempre estruturas poderosas do inconsciente nos travam tanto para a tarefa do perdão quanto podem nos “pulsionar” para uma espécie de “falso perdão”, uma espécie de ódio recalcado, um perdão que mais parece uma vingança. Nesse sentido existem ganhos secundários para alguns que reatam relacionamentos sob a alegação de terem perdoado a ofensa. A manutenção de uma confortável situação financeira, o argumento de não ter que enfrentar a vida sozinho(a), a preocupação com os filhos, a manutenção de um certo status moral familiar, por exemplo. Existe também uma espécie de “prazer perverso” de algumas pessoas em “aceitar” a convivência do ofensor para poder exercer um certo poder sobre ele, o qual volta, de uma certa forma, em dívida para com o ofendido. O ofensor fica na mão do ofendido. Aparentemente foi perdoado, mas na verdade não o foi. Quando aparecer uma dificuldade na relação a ofensa será lançada em rosto. A psicanalista Melanie Klein (“Amor, culpa e reparação”, 1937) disse que se formos capazes de eliminar, nas profundezas do nosso inconsciente, os sentimentos de rancor em relação aos nossos pais e de perdoá-los pelas frustrações que tivemos que suportar, então seremos capazes de amar os outros no verdadeiro sentido da palavra. Muitas vezes a pessoa que deseja perdoar sente-se traída pela própria cabeça. Acha-se fraca, boba, enganada por si mesma, comportando-se de modo contrário ao que sem-

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Música

Ampare recomenda

pre disse e em que acreditou. Alguns acham que, se perdoar, o(a) outro(a) nunca mais irá lhe respeitar.” Mas isso depende como cada um perdoa posto que perdoar os outros não significa que nos tornaremos fracos, ingênuos ou alvos fáceis dos predadores deste mundo. Não significa que não tomaremos providências para nos proteger de maneiras saudáveis ou para impor limites bem claros àqueles que continuam a tentar nos vitimizar. Contrariando essa ideia por mais defendida pelo senso comum, o perdão faz com que a pessoa abandone o papel de vítima e tome posse de seu desejo fazendo furos em suas fantasias e enxergando a situação de tal forma que possa conscientizar-se da tarefa de não cometer os mesmos erros do passado. Quem perdoa, olha para trás através de um retrovisor não para ficar fixo no passado, pois aí poderá colidir o seu veículo. Olha pra trás apenas para fazer, com segurança, uma ultrapassagem necessária. Para quem quer perdoar e reconciliar-se com o(a) outro(a) torna-se necessário um reencontro que vá muito além das emoções. No fogo da paixão, aceita-se, de cara, a promessa do tipo “nunca mais farei isso novamente”. Com o tempo, a casa cai de novo. Por isso, torna-se necessário a revisão do contrato que não se manteve de pé. É preciso conversa, reflexão sobre as vulnerabilidades passadas e novos acordos. Não adianta “empurrar a relação com a barriga”, caindo numa espécie de rigidez emocional que se escora em expressões do tipo “os homens são todos iguais” e “as mulheres são assim mesmo”. Isso é apenas uma tentativa inconsciente de aliviar a dor da solidão. O fundamental é a parte ofendida poder recuperar o verbo “confiar”, o que dependerá em parte do ofensor. Se isso não acontecer, não tem como resgatar a relação. Enfim, como se percebe, o perdão é uma possibilidade que não deve confundir-se com a experiência religiosa. Perdoar torna-se uma necessidade orgânica e estruturante do sujeito para que possa despojar-se de pesos que, sem querer teve que carregar mas que, por resistir, insiste em continuar carregando. É como se arrancássemos o nosso próprio coração de dentro de nós e o entregássemos nas mãos de um(a) outro(a). É preciso pegá-lo de volta. É preciso reconciliar-se com as possibilidades e erros de nossa história como parte integrante e até necessária dela. Como disse Hannah Arendt, “perdoar é libertar-se da irreversibilidade do passado”.

ANDRÉ RIEU - DREAMING ‘Dreaming’, é o novo DVD do maestro e violonista holandês Andre Rieu. Ele é um dos maiores vendedores de discos do mundo, incluindo o Brasil, e tornou-se famoso por suas grandiosas performances.

GIOVANNI MARRADI - PIANO RELAX

ROMANCE IN VENICE - MÚSICA ITALIANA

Filmes TEORIA DE TUDO Hawking recebe um arrasador diagnóstico aos 21 anos de idade, bem quando conhece e se apaixona por Jane Wilde. Com Jane a seu lado, Stephen inicia seu mais ambicioso trabalho científico, estudando aquilo que pouco lhe resta - o tempo. Juntos, eles realizam muito mais do que alguém seria capaz de imaginar. DENTRO DO MAR TEM RIO Um dos mais belos espetáculos de maria Bethânia. Fundamental nesta que já é uma das mais relevantes, enriquecedoras e emocionantes carreiras dessa grande artista brasileira. Poética visão do Brasil através das águas, Bethânia traz um modo muito especial de pensar e revelar o país, sua gente e sua natureza. A ÚLTIMA MÚSICA Aos 17 anos, Ronnie vê sua vida mudar quando seu pai decide se mudar para a praia de Wrightsville. Três anos depois, ela continua magoada com o pai, quando sua mãe manda ela e seus irmãos passarem férias de verão com ele. Ressentida, Ronnie rejeita toda tentativa de reaproximação e ameaça voltar para Nova York. É quando ela conhece Will e apaixona-se por ele.

Livros MEU FILHO ME ADORA Autor: Laura Pigozzi Analisa de modo agudo e lúcido os mais diversos tipos de família, desde a tradicional, a ampliada, a homossexual, a monogenitorial - todas tendem a um tipo de convivência definido pela autora como ‘claustrofílica’, que gera necessidade de sobreviver ao amor exagerado dos pais. SAPIENS - UMA BREVE HISTORIA DA HUMANIDADE Autor: Yuval Noah Harari Um relato sobre a aventura de nossa extraordinária espécie. O que nos possibilitou subjugar as demais espécies? O que nos torna capazes das mais belas obras de arte, dos avanços científicos mais impensáveis e das mais horripilantes guerras? O FANTASMA DO PÂNICO OU O FUNDO DO POÇO Autor: Socorro Capiberibe Idioma: Português Editora: Socorro Capiberibe Assunto: Psicologia Edição: 4ª Ano: 2003

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AMPARE

Quem somos e o que fazemos...

“Jamais despreze uma pessoa deprimida. A Depressão é o último degrau do sofrimento emocional. É o momento exato em que a alma dói!” AMPARE! AMPARE: DESDE 2001 À SERVIÇO DA SAÚDE MENTAL AMPARE SEMPRE PENSANDO EM VOCÊ Seja bem-vindo!!! Conheça nossa associação. Fique por dentro das nossas atividades. Seja um associado!!!

Imagem da Internet

“Faze com alma o que na vida te for dado fazer, mas não te esqueças de integrar-te nos grandes planos de Deus”. (D. Hélder Câmara)

Fundada em 23 de Abril de 2001, por um grupo de portadores do transtorno do pânico e idealizada pelo médico pernambucano Wilson Alves de Oliveira Jr., a Ampare existe para “amparar” pessoas como você, que estão precisando de ajuda. E, apesar de criada inicialmente para os pacientes com pânico, hoje a Ampare acolhe também os pacientes com Depressão, TOC, Transtorno Bipolar, Hiperatividade, Déficit de Atenção e outros transtornos de ansiedade e do humor. Trabalhamos por uma Medicina mais humana e eficaz, que tem por base uma causa social, que visa sobretudo a acessibilidade dos pacientes, a um tratamento digno, adequado, e com melhor qualidade de vida para quem sofre de transtornos Emocionais: Psicológicos / Psiquiátricos. Temos um site informativo sobre o nosso trabalho, com artigos de médicos e psicólogos abordando sobre o Pânico, outros transtornos de ansiedade, depressão e seus tratamentos; além de entrevistas e depoimentos de pacientes, dicas de livros, agenda de palestras, cursos para estudantes e profissionais da área. Visite, fique por dentro e indique aos amigos: www.ampare-pe.com.br. Além do nosso site, a AMPARE também conta com uma página oficial no Facebook: www.facebook.com/AMPARE.oficial. E agora a Associação também está no Instagram: ampare.oficial Temos ainda um JORNAL de periodicidade trimestral com uma tiragem de 5.000 exemplares, que circula com êxito pelos meios médicos e demais meios sociais, levando a todos uma visão ampla de nossas atividades. Contamos com excelentes Profissionais: Médicos e/ou Psicólogos - que abraçando a causa humanista da AMPARE, prestam atendimento aos sócios dessa Associação, nos Consultórios da AMPARE, seguindo a nossa proposta eficiente e digna, que respeita os diferentes níveis sócio-econômicos dos pacientes. Para isso A AMPARE criou o “SPPA” (Serviço de Psicologia e Psiquiatria AMPARE) na própria Sede, que dispõe de 8 salas/consultórios, funcionando todos os dias, das 7:30 às 19:30h, com valores compatíveis ao nível sócio-econômico de cada um. O valor da consulta com os Psiquiatras para este ano de 2018 é de R$100,00. (Nos consultórios da AMPARE). Quanto às sessões de psicoterapia com os Psicólogos, por serem semanais, tem o valor flexível: entre R$50,00 e R$100,00 - ajustado diretamente entre o profissional e o paciente, mediante avaliação sobre reais condições financeiras do paciente - (Nos consultórios da AMPARE). Com uma mensalidade simbólica de apenas R$20,00, você se torna associado da AMPARE e pode usufruir dos serviços prestados por esta associação; basta comparecer à AMPARE portando um documento com foto, ler e assinar o Regulamento da Instituição e preencher o cadastro de Associado. Associe-se já! Promovemos palestras em empresas, faculdades, colégios, igrejas etc., para divulgar os transtornos emocionais e o nosso trabalho. Para solicitar uma palestra fale conosco. Nossos contatos: (81)3222-6252 (Fixo) / 98517.1057 (oi) / 99504.0782 (Tim) / 989910240 (Claro) Nosso E-mail: ampare_pe@hotmail.com Nosso site: www.ampare-pe.com.br Nossa página oficial no Facebook: www.facebook.com/AMPARE.oficial Instagram: ampare.oficial Grupo/comunidade vinculado à página do Facebook: AMPARE.oficial Nosso endereço: Rua Oswaldo Cruz, 393, Boa Vista, CEP 50050-220, Recife - PE (Térreo e 1º Andar do Prédio Anexo da Associação Médica de PE). Nosso horário de atendimento: de 2ª à 6ª feira, das 7:30h às 19:30h e aos Sábados das 8:00 as 13:00h.

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PERFIL DO SEU MÉDICO

Rafael Braga

1. O QUE A LEVOU A ESCOLHER A PROFISSÃO? Creio que seja o encantamento por essa área da medicina, assaz humanizada, a qual requer o “saber ouvir”, além da empatia, isto é, conseguir se imaginar no ligar do outro e, a partir daí, procurar ajudá-lo da melhor forma possível. 2. COMO PSICÓLOGA CLÍNICA, COMO VOCÊ VÊ O USO DA MEDICAÇÃO NO TRATAMENTO DO TRANSTORNO DO PÂNICO E OUTROS TRANSTORNOS DE ANSIEDADE? Medicação no tratamento da síndrome do pânico está formalmente indicada, conforme estudos científicos apontam, sendo os ISRS( inibidores de recaptação de serotonina) a classe de antidepressivos de primeira escolha. Importante, contudo, ressaltar a busca de uma aliança terapêutica psiquiatriapsicologia, em um tratamenro com vistas a uma maior eficácia e mais bem sucedido. 3. NA PRÁTICA CLÍNICA, O QUE CONSIDERA MAIS IMPORTANTE PARA A EFICÁCIA DO TRATAMENTO? O fator mais decisivo reside no comprometimento do paciente com seu próprio tratamento. Sem o seu protsgonismo, creio que cerca de 70% do processo terapêutico pode vir a ser inviabilizado e não lograr o êxito esperado, por conseguinte. 4. QUE SUGESTÕES VOCÊ DARIA PARA UMA FORMAÇÃO ACADEMICA MAIS QUALIFICADA NO PAÍS? Acredito que uma formação acadêmica de qualidade é resultado de uma ação conjunta, entre professores e alunos, engajados na busca saudável e e incessante pelo conhecimento, respaldados, evidentemente, por investimentos

que se fazem necessários, na seara científica. No que tange a saúde mental, deve ser estimulado o intercâmbio, desde cedo, entre as áreas da psiquiatria e psicologia que, ao meu ver, são complementares e proporcionam um maior entendimento no processo de adoecimento psíquico e determinam, quando atuantes de modo concomitante, uma maior probabilidade de sucesso terapêutico. 5. EM SUA OPINIÃO, O TRANSTORNO DE PÂNICO TEM CURA OU CONTROLE? A síndrome do pânico é um transtorno cada vez mais prevalente dentre as patologias psiquiátricas. Decorre de experiências, muitas vezes, extremamente traumáticas e ansiogênicas e interpretadas pelo sistema nervoso central como real risco à integridade do indivíduo, levando-o à manifestação de sintomas físicos ditos clássicos, tais como aumento das frequências cardíaca e respiratória, calafrios, tremores e, muitas vezes, sensação iminente de morte, devido a quadro que muito se assemelha a um infarto e/ou insuficiência respiratória, que acabam por levar o paciente, inicialmente, a uma emergência clínica/ cardiológica, prara só então ser encaminhado a um serviço psiquiátrico. Particularmente, advogo que tal síndrome é um transtorno de caráter crônico e, consequentemente, requer a vigilância do paciente para manutenção do controle sintomático, seja com o uso regular dos medicamentos acrescidos de psicoterapia, seja com o acompanhamento apenas do tratamento psicológico, após descontinuação do tratamento medicamentoso e constatação da sustentação dodesaparecimento dos episódios de crise/ataque de pânico. 6. UMA PESSOA QUE ADMIRA: Eu me obrigo a citar, em verdade, duas pessoas, que são os meus pais, por conta do amor incondicional que eles têm para comigo- e vice-versa- e que se

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traduz em incentivo cotidiano de busca pelo conhecimento, evolução, além de valores essenciais, como honestidade, empatia, cuidados com o elo mentecorpo e amor à vida e àqueles que me rodeiam ou com quem me deparo,sem quaisquer distinções e isenção de preconceitos e/ou pré-julgamentos. 7. UM HOBBY: Ir ao cinema e frequentar a praia, sempre que possível. 8. UM SONHO: Os indivíduos em sociedade respeitando uns aos outros, independente de cor, credo, gênero e/ou orientação sexual. 9. UM FILME: Histórias Cruzadas, filme protagonizado de forma magistral pela atriz Viola Davis, que é ambientado na década de 60, nos sul dos EUA(Mississipi) e escancara a segregação racial e suas nefastas consequencias... 10. UMA MÚSICA: “Esquadros”, de Adriana Clacanhotto. 11. UMA REALIZAÇÃO: Ser, no exercício da medicina e da psiquiatria, um instrumento de assistência e melhora clínica para aqueles que tanto necessitam. 12. UMA FRASE: “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”, do escritor francês Jean Cocteau. 13. UMA MENSAGEM: Saber que a felicidade é fruto do esforço individual de cada um de nós, depende de mente sã e corpo são (portanto, pratique atividade física e estimule seu cérebro!!!) e que não deve ser encarada como uma obrigatoriedade diária, mas com a suavidade dos dias que se sucedem. Haverá dias de grandes conquistas, gratas surpresas e excelentes momentos, assim como também ocorrerão aqueles de maior sofrimento, permeados por situações estressoras e reveses. Cabe a nós, portanto, a aceitação, entendimento e convivência com os dias “cinzas” e com os “policromáticos”.


ARTIGO

Relacionamentos amorosos *Ana Paula Hawatt

A felicidade é um desejo para a maioria das pessoas; todos nós de alguma forma vivemos para sermos felizes, e um componente fundamental para isso são os relacionamentos interpessoais e sobretudo o relacionamento amoroso. Amar e ser amado parece ser um objetivo, ou mais que isso, uma necessidade para a maioria das pessoas, e isso muitas vezes implica em conviver de forma intima com uma pessoa, casar, construir uma família, dividir um espaço físico ou até mesmo uma vida com outra pessoa; porém alguns indivíduos tem uma enorme dificuldade de realizar esse sonho. Quem não quer vivenciar um relacionamento amoroso saudável, feliz e duradouro? Por que isso na maioria das vezes é tão difícil? Uma condição importante para isso é a autoestima, que é a capacidade que o individuo tem de se relacionar bem com ele mesmo, aceitar as próprias dificuldades e limitações, querer sempre ser melhor, ter autoconfiança, evitar transferir para os relacionamentos atuais pendências de relacionamentos anteriores. Pessoas

com boa autoestima tem inteligência emocional, habilidade social, essas características se formam a partir do autoconhecimento. Uma relação amorosa saudável se fundamenta no respeito, no amor e na cooperação. Já as relações difíceis são permeadas pelos sentimentos de competitividade, inveja e etc. Mas não quero me estender em pontos negativos ou problemas nos relacionamentos, prefiro focar nos pilares importantes para que os relacionamentos sejam felizes e prósperos. Ter relacionamentos saudáveis é quase a fórmula da felicidade. A todo momento estamos construindo nosso bem estar através de nossas atitudes, e para isso devemos: Investir e priorizar o tempo de dedicação ao outro. Demonstre empolgação e interesse pelo que o outro fala, faz e sente. Construa intimidade, corra o risco de se expor, de se conhecer e ser conhecido fisicamente e emocionalmente. Mostre sua fragilidade e ofereça suas forças, aprecie o positivo na relação, faça elogios, cultive gentileza e delicadeza na forma de se comunicar, valide o comportamento da pessoa que está a seu lado. Todos nós gostamos de saber que somos importantes para o outro, que alguém cuida da gente.

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Permita alguns conflitos; reconhecer que eles existem é necessário para alinhar a relação. Demonstre o valor e respeito na relação. Em casamentos felizes e fortes há cumplicidade, um apoia as aspirações do outro, eles tem um mesmo propósito de ser e fazer o outro feliz, porém isso só é possível quando entendemos a linguagem de quem amamos, e de quem nos cerca, ou seja, quando detectamos o que é importante e faz a diferença nas relações, paramos para refletir e revisar alguns comportamentos disfuncionais que temos que mudar, inserir novos hábitos para atender a necessidade do outro. Conseguiremos alcançar felicidade desejada quando soubermos magistralmente nos relacionar bem conosco mesmo e com todos aqueles que amamos e são importantes para as nossas vidas; pois relacionamentos felizes são preditores de felicidade... Ou seja, o foco em ter relações saudáveis é um exercício psicológico capaz de garantir a felicidade na vida. *Ana Paula Hawatt - Psicóloga e Dir. Adm. da AMPARE com abordagem CognitivaComportamental e formação em Psicologia Positiva realizada no centro Sofia Bauer em Belo Horizonte /MG.


SALA DE LEITURA

Lembranças de uma

noite de Natal Socorro Capiberibe

“O ÚLTIMO ESPETÁCULO... OU O COMEÇO DO FIM.” Era uma tarde luminosa de dezembro... O vento soprava brando, vindo do mar. A praça principal do lugarejo com a igreja, a Prefeitura, o colégio municipal e um pequeno comercio, pararam para ver a chegada do circo na cidade. ‘BOA TARDE MINHAS SENHORAS, MEUS SENHORES, JOVENS E CRIANÇAS DE SÃO JOSÉ DO PORTO... O GRANDE CIRCO TABAJARA TEM A GRATA SATISFAÇAO DE CONVIDAR A TODOS PARA ESTREIA DE NOSSA TEMPORADA NESTE DOMINGO ÀS DEZESSETE HORAS. NÃO FALTEM. CONTAMOS COM TODOS VOCÊS E LEMBREMSE: ENQUANTO EXISTIR O CIRCO, O SONHO TAMBÉM VIVERÁ... A música soou forte pelo alto-falante, ecoou pela praça, penetrou nas casas, mexeu com os corações e fez surgir pessoas de todos os lugares, de todas as cores, crenças e idades. Era a magia do circo despertando as fantasias e invadindo a alma daquele povo simples do lugar. A cidade se encheu de alegria. A meninada era um alvoroço só. Os portões do colégio se abriram e os alunos correram para a rua. Todos queriam ver o desfile da bicharada:

elefante, leão, tigre, onça, macaco... SÃO JOSÉ DO PORTO parou para ver o circo chegar. Canduca largou sua carrocinha de pipoca no meio da praça, e correu desabalado, camisa aberta ao peito e pés descalços, coração explodindo de emoção. Correu, fazendo toda sorte de piruetas e cambalhotas, atrás dos caminhões enfeitados e coloridos do GRANDE CIRCO TABAJARA, que entrava glorioso naquele lugarejo simples, naquele ponto esquecido do mapa, aguçando a curiosidade dos moradores e mexendo com a rotina tão pacata da cidade. Canduca era um menino sozinho, sem pai nem mãe ou irmãos. Vendia pipoca na praça, na praia, na porta do colégio, na frente da igreja, nas quermesses... Onde houvesse gente, Canduca estava lá. Fora criado pelos padrinhos, um casal pobre e sem filhos, que o adotou ainda criança quando seus pais morreram e lhe deram o ofício de pipoqueiro, para ajudar na despesa da casa. Quando o padrinho morreu, encharcado pela bebida, a madrinha o arrastou para morar com ela num abrigo público, onde tinham um colchão para dormir e um prato de sopa todas as noites. Sobrevivia da carrocinha de pipoca e era conhecido por todos do lugar. Tinha dezesseis anos, o curso primário e a paixão pelo circo. Cada circo que chegava e partia, mexia com a cabeça do rapaz, enchia de esperanças o coração de Canduca. No último caminhão seguiam os artistas: mágicos, palhaços, trapezis-

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tas, malabaristas... O palhaço avistou Canduca atrás da caravana, correndo, gritando, fazendo piruetas, virando cambalhotas, ao som contagiante da música... Tirou o chapéu, sorriu e acenou para o menino... Canduca ficou emocionado. Fez mais estripulias. Mostrou seu talento. Ganhou aplausos. Sentiu-se um artista. Tocou o coração do palhaço. O circo fez sua estréia no domingo às dezessete horas, para uma platéia lotada e esfuziante de alegria. Foi um sucesso. O espetáculo foi maravilhoso, todos os bilhetes foram vendidos. Lá na frente estava Canduca... Na primeira fila... Feliz... Coração saltando do peito... Olhos brilhando de tanta emoção. Mais uma vez esquecera a carrocinha de pipoca e fora se juntar à platéia, aplaudindo, gritando, se permitindo ser feliz. Naquele instante Canduca era gente simplesmente... Podia viajar nos seus sonhos... Podia mergulhar na ilusão. Prestou o máximo de atenção aos mínimos detalhes de cada apresentação, mas foi na vez do palhaço que Canduca ficou mais empolgado. O velho palhaço, o artista mais antigo da Companhia, deu um show de alegria. Fez toda sorte de brincadeiras, contagiou as crianças, levou a platéia ao delírio. DISTRAÇÃO avistou Canduca, ali juntinho do picadeiro e repetiu o gesto com o qual saudou o garoto do alto do caminhão, quando o circo entrou na cidade... “Tirou o chapéu, sorriu e acenou para ele...” Canduca ficou de pé e aplaudiu, enquanto


seus olhos se enevoaram de lágrimas. O palhaço estendeu a mão para o rapaz e o convidou a subir ao palco, para participar de uma brincadeira. Distração entregou-lhe um balde cheio de papel celofane transparente picado e segredou-lhe ao ouvido... Canduca soltou uma gargalhada marota, fez uma pirueta e fingiu um tropeço, derrubando o balde em cima da platéia. Foi um rebuliço só... Aquele susto... Um pula-pula sem fim. Todos queriam se livrar do banho. Depois o UUUHHHHHHH!... A risada... O aplauso. Canduca foi aplaudido com entusiasmo pela platéia. Curvou-se diante do público, num cumprimento solene, apertou a mão de Distração, o palhaço amigo, e desceu do picadeiro ao som de “vivas, assobios e palmas”. Seu coração parecia querer saltar do peito... Prendeu o choro... Forçou um sorriso... De volta à sua cadeira, Canduca chorou. O circo demorou-se um mês em São José do Porto. A pequena cidade litorânea era simpática e hospitaleira, o clima agradável, o povo acolhedor e amigo. Durante trinta dias a cidade teve sua rotina modificada... A fantasia andava solta... O riso pairava no ar. Existia um clima de festa, o circo estava sempre lotado. Todos se deram o direito de sonhar. Canduca esteve presente em todos os espetáculos. Tinha lugar marcado na primeira fila. Tornara-se grande amigo do palhaço e ganhara a simpatia de todos do circo. O jovem pipoqueiro levou seu amigo a conhecer todos os recantos da pitoresca cidade: O porto, a praia, o abrigo público onde morava com a

madrinha, a igreja, o colégio municipal, a praça... Em todos os lugares onde sua carrocinha de pipoca pudesse chegar. Em troca, Distração ensinou ao rapaz muitas brincadeiras, truques e segredos do mundo mágico do circo. Canduca escutava atento, maravilhado, boquiaberto, cada vez mais apaixonado pelas aventuras do picadeiro. Assimilava fácil, aprendia rápido, mostrou-se excelente aluno. Distração o olhava comovido e orgulhoso... “O menino tinha talento; tinha futuro; o circo não podia acabar...” E ele, Distração, o velho palhaço, o artista mais antigo do circo... – Cinquenta anos de picadeiro - sentiu o peso dos anos pousarem sobre seus ombros. Sentiu-se velho. Sentiu que era chegada a hora de parar, guardar a fantasia, ter um pouso certo. Tinha diante dele Canduca, um jovem de dezesseis anos, cheio de garra, esbanjando talento e se perdendo com uma carrocinha de pipoca, naquele lugarejo tão distante. Canduca tinha um futuro promissor... Tinha um caminho a percorrer... Era como uma pedra bruta a ser lapidada. Tinha a esperança a sua frente... Para ele, Distração, existia o passado, as lembranças da juventude, a saudade dos anos de glória, das noites de festas, do circo lotado, do aplauso da platéia, do riso solto da garotada, de todas as cidades que conhecera e de todos os amigos que ganhara, ao longo daqueles Cinqüenta anos de circo. Era uma grande bagagem... Iria sentir saudade... Mas era hora de parar. Chegara o momento de “passar a faixa” para outro palhaço e Distração viu em Canduca um excelente candidato para substituí-lo.

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Veio a noite de Natal... Durante a ceia com seus companheiros, Distração falou do seu desejo de preparar o rapaz para ser seu substituto. Todos ficaram perplexos, mas o palhaço disfarçou a emoção e prosseguiu com tranqüilidade e firmeza... Estava cansado, não agüentaria por muito tempo as longas viagens de caminhão, por tantas estradas, dormindo em acampamentos. Era chegada a hora de fechar com “chave de ouro” sua carreira. Seria um palhaço aposentado, faria parte de platéia. Todos o ouviram em silêncio, pesarosos, solidários. Sabiam que aquele dia chegaria para todos eles. Formavam uma grande família. Houve lágrimas e brindes, mas também houve compreensão. Um artista sempre sabe a hora de: “descer o pano... fechar a cortina... despedir-se do palco”. Programaram uma linda despedida para Distração. O espetáculo da passagem do ano seria a última apresentação do palhaço e também a despedida do circo em São José do Porto. Convidariam Canduca para seguir com a companhia e Distração iria se recolher no Retiro dos artistas - “o acampamento sede” - moradia de todos os artistas veteranos que se aposentavam. Distração faria parte da platéia e contaria a história do circo a outras gerações. O palhaço, também escutou silencioso, a proposta dos seus companheiros, sorriu com tristeza e ficou pensativo... “Talvez fosse melhor assim...” Agradeceu a todos e saiu. Aquela noite, depois da ceia, Distração foi com Canduca visitar o abrigo público... Levou sua fantasia de pa-


lhaço e fez uma apresentação especial, única, inesquecível, para todas aquelas pessoas: homens, mulheres e crianças, que usavam o abrigo como moradia. Olhou com ternura os diversos rostos à sua volta e ficou comovido. Lembrou-se de uma frase inscrita no caminhão do circo: “Enquanto existir o circo, o sonho também viverá...”. Aquele povo pobre... Cansado e maltrapilho, que só tinha de certo um colchão para dormir e um prato de sopa para tomar, também guardava dentro de si um resto de esperança, vestígios de alegria, um pouco de criança, o direito de sonhar. E Distração esmerou-se. Deu o melhor de si. Fez seu melhor espetáculo. Repetiu com Canduca aquela brincadeira do balde que fizeram na estréia e a cena se repetiu: susto, gargalhada e aplauso. Todos pareciam crianças naquele momento... O abrigo teve uma noite feliz... Uma noite de festa... Uma noite de paz. Distração compartilhou com eles sua noite de Natal. Um Natal simples e humilde como foi o do Menino Jesus em Belém. De volta ao acampamento, diante dos letreiros luminosos do circo, Distração olhou comovido nos olhos do jovem e fez o convite para ele seguir com a caravana e fazer parte da companhia. Canduca quase não acreditou... Abraçou forte o palhaço, recostou a cabeça em seu ombro e chorou. Aquele convite era tudo o que queria na vida. Para Canduca aquele momento representava o começo... Para o palhaço, o começo do fim. Chegara finalmente o grande dia! O dia da despedida! Canduca dormia tranqüilo, sorriso nos lábios, sonhando talvez com os

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aplausos e os fogos do último espetáculo do Circo na passagem do ano... Foi um espetáculo emocionante. Maravilhoso. Inesquecível. Era a despedida de Distração do palco, a despedida do circo em São José do Porto, o ingresso de Canduca na Companhia e a passagem do ano. Era muita coisa de uma só vez... Havia um misto de alegria e de saudade. Houve uma linda homenagem de todos os artistas ao companheiro, que após Cinqüenta longos anos dedicados ao circo, fazia sua última apresentação... Distração foi aplaudido de pé... Emocionou-se... Emocionou. Falou aos amigos, acenou à platéia, agradeceu a Deus, chorou. Houve entrega de presentes, retratos, beijos e abraços... Lá fora o céu estrelado e o espocar dos fogos que saudavam o ano novo. No “trailer”, Distração contemplou mais uma vez o rapaz adormecido, o novo artista do Grande Circo Tabajara, que sonhava sereno com o futuro que o esperava e sorriu. Tinha sido uma excelente escolha. Canduca seria certamente um grande palhaço e ele, Distração, sentiria saudade. O velho palhaço acariciou de leve os cabelos encaracolados do jovem, depositou um envelope fechado sobre sua mesa, debaixo de uma foto sua e saiu silencioso, com uma mochila na mão, pelo acampamento adormecido. Tinha outros planos para ele... Passara toda uma vida sendo apenas palhaço... Agora, que já não lhe restava tanto tempo, queria ser simplesmente gente... Aquele espetáculo no abrigo público, na Noite de Natal, mudou seus planos... Antes de se re-

colher ao “Retiro dos artistas”, ainda queria conhecer um lado da vida que não conhecera. E Distração deixou para trás os companheiros e seguiu pela cidade deserta rumo ao abrigo. Todos dormiam... Apanhou um colchão enrolado que se encontrava junto de uma carrocinha de pipoca, estendeu no chão e deitou-se. O abrigo ganhou um novo hóspede e no dia seguinte haveria também um novo pipoqueiro na praça. O grande Circo Tabajara deixou São José do Porto incompleto, faltando um pedaço, triste e saudoso do velho palhaço... Mas respeitaram o desejo do companheiro e sabiam que um dia todos se encontrariam. Na hora em que a caravana partiu, Canduca avistou Distração com a carrocinha de pipoca na porta do Colégio Municipal, cercado de crianças... O rapaz fez menção de gritar, de mandar parar a caravana... Mas um nó apertou-lhe a garganta quando o velho amigo tirou o chapéu, sorriu e acenou-lhe, pedindo com a mão para prosseguirem... Canduca silenciou. Permaneceu imóvel, olhando a cidade que ficava para trás... No caminhão a inscrição: “ENQUANTO EXISTIR O CIRCO, O SONHO TAMBÉM VIVERÁ.”

Do livro da autora: A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS - 50 MELHORES CONTOS & CRÔNICAS) // À venda na Livraria IDÉIA FIXA ( No Largo do Parnamirim) e na AMPARE (Pça Oswaldo Cruz, 393, Boa Vista, Recife/Pe) www.socorrocapiberibe.com.br

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A VIDA É UMA PASSAGEM GLORIOSA DE UMA OPORTUNIDADE IMPERDÍVEL Quando iniciei esse texto pensei na aventura empreendida por todos nós entre o nascer e o morrer, que é a Vida. Nela temos a chance de viver de verdade, ou seja, de prestar mais atenção em como estamos vivendo. Em uma sociedade habituada a valorizar ganhos materiais, boniteza e felicidade a qualquer custo, traçar um roteiro para nossa vida parece complicado. Cuidar do corpo só não basta. Estar atento às finanças é importantíssimo para assegurar uma aposentadoria estável num país de economia tão imprevisível como o Brasil. Somos uma das sociedades mais imediatistas do planeta, onde o aqui e agora costuma importar muito mais do que o amanhã . Ser saudável não é apenas ficar livre de doenças mas estar em harmonia em diversos aspectos da vida. O mundo não vai parar para você ter tranquilidade. A tão sonhada paz é você que produz e espalha por aí. Sair do nosso centro nos gera um vazio muito grande, uma angústia que vai criando um caos interior. E o que nos empurra para longe de nós? O que nos tira o foco? - A vida corrida, O excesso de atividades, o estresse e a falta de tempo ou disposição para a prática espiritual. Como construir sua paz e transmiti-la ao redor de si, nas suas relações? Convenhamos, o mundo anda carente disso. Parece impossível? Acredite: é possível ter uma vida mais genuína, equilibrada, gentil e prazerosa no lugar agitado onde você vive.

qualquer idade uma pessoa pode decidir levar uma vida mais saudável. Sempre há ganhos com isso e é uma boa estratégia que pode lhe render ótimos frutos. Guarde seus sonhos com carinho, porque sempre é possível colocá-los em prática. A felicidade se constrói no dia a dia. Cabe a você decidir qual caminho deve seguir para se tornar uma pessoa mais feliz em qualquer etapa da vida.

Fazer planos para o futuro ajuda a encher nossa vida de motivação. Planejamento é equilíbrio. É viver bem o hoje para viver bem o amanhã. Pratique o otimismo. Se você procura motivos para ter uma vida cheia de insatisfação, o mundo está cheio deles, claro, mas também está repleto de boas histórias e razão para encher o peito de esperança.

Diga-me o que sou hoje, não o que fui ontem. Adoro a vida! Agora é sua vez de dar o primeiro passo. Tenha sempre em mente:

“A vida é uma passagem gloriosa de uma oportunidade imperdível!”

Sua vida deve ser voltada para atitudes positivas além do seu próprio eixo. O significado de evolução é trazer o Amor para todas as suas ações. Isso já fará uma grande diferença para você e todos os outros que compartilham o planeta.

Maria Helena Baltar Psicóloga da AMPARE desde 2001.

Afinal, nossa história é construída por pequenas estrofes compostas passo a passo durante toda uma vida. Em

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“Voa coração, A minha força te conduz, Que o Sol de um novo amor em breve vai brilhar. Vara a escuridão, Vai onde a noite esconde a luz... Clareia seu caminho e acende seu olhar... Vai onde a aurora mora e acorda um lindo dia, Colhe a mais bela flor que alguém já viu nascer... E não esqueça de trazer força e magia, o sonho, a fantasia, e a alegria de viver. Voa coração, Que ele não deve demorar... E tanta coisa a mais quero lhe oferecer... O brilho da paixão, pede a uma estrela pra emprestar... E traga junto a fé num novo amanhecer... Convida as Luas Cheia, Minguante, Crescente... E de onde se planta a Paz, da Paz quero a raiz... E uma casinha lá onde mora o Sol poente, pra finalmente a gente simplesmente ser feliz...”

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Flávia Rocha

Psicóloga Clínica

Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental 81. 991523231

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