Nona Arte | junho 2020

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NONA ARTE Revista da Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas nº 55 | Edição junho 2020 | ISSN 1646 - 7787

Especial : Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa NONA ARTE | JUNHO 2020


Propriedade e edição: FPCG Rua Dr. Armando Gonçalves, nº11 3140-574 Tentúgal e-mail: fpcg.geral@gmail.com site: http://fpcggeral.wix.com/fpcg Diretora: Olga Cavaleiro Depósito Legal 261621/07 ISSN: 1646-7787

NONA ARTE | JUNHO 2020


EDITORIAL

Neste ano de 2020 em que o nosso quotidiano foi importunado pela insegurança sanitária tivemos que pensar diferente o Dia Nacional da Gastronomia. Na impossibilidade que o tempo nos trouxe, preparámos um programa de evocação com o propósito de lembrar a importância da gastronomia no desenvolvimento económico e social e preservar a memória associada a tão importante património cultural. Foi também nosso propósito (e continuará a ser) contribuir para a recuperação da economia nacional através do incentivo a produtos nacionais e ao turismo local.

No dia 31 de Maio contámos com todos nesta evocação da gastronomia portuguesa continuaremos a contar com todos para ajudar a recuperar Portugal.

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CONTEÚDOS

Especial Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa

Maio - Memórias das Confrarias

5 - 31

31 de Maio - Dia Nacional da Gastronomia

32-34

À mesa nos Museus

35-48

CTT

49

Bibliotecas Municipais sugerem…

50-52

Balanço

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53


Alho da Graciosa

"Entre o fresco da água e do verde que domina a paisagem de Sever do Vouga encontramos uma gastronomia rica e diversificada, fruto da presença de produtos tão distintos como os peixes de rio, a vitela, o porco e os frutos vermelhos onde se destaca a produção do mirtilo. O Rio Vouga e seus afluentes, Rio Mau, Rio Lordelo, Rio Teixeira atravessam o concelho e A Confraria dos Gastrónomos dos Açores assinalou o DNG, dedicado ao Alho da Graciosa, com emissão de

permitem uma vegetação luxuriante e vários locais de aprazível bem-estar.“

selo dos CTT, e ao queijo Ilha Branca, como forma de dar conhecimento dos vasto património alimentar e

Olga Cavaleiro

divulgar a diversidade da oferta açoriana.

Vitela de Sever do Vouga

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Gastronomia do Montemuro "Cedo o sol raiou sobre a fogueira com as panelas de

Matrucos

ferro, uma forma de saudar este território - Castro Daire.

O Montemuro parece surpreendido por estas vivências e as nuvens também vieram saudar-nos. Estamos de mãos dadas com a Natureza, neste dia de grande importância para a Gastronomia Nacional. Saudamos

a

Senhora

Presidente

da

Federação

Portuguesa das Confrarias Gastronómicas, na Pessoa da Dra Olga Cavaleiro, todas a Entidades, Confrarias e Confrades que se associaram assinalando este dia. Do Montemuro saudamos também os Castrenses e demais

Portugueses.“ Confraria

Gastronómica

Gastronomia de Montemuro

do

Bolo

Podre

e

da

Em

Ervedal

Beira

encontramos

estes

matrucos, uns bolos que seguem a tradição do azeite e da aguardente e que se encontram na faixa interior desde Trás os Montes até à Beira Baixa. Chamados matrucos.

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da

de

económicos,

sodos...

ou


"A origem do bolo de Ançã perde-se no tempo, tendo

Bolo de Ançã

o segredo do seu fabrico sido transmitido de pais para filhos. O bolo é de confeção simples, com ingredientes vulgares, mas de reconhecida qualidade, e tem como

Bodo

base um processo artesanal de fabrico. Este processo, mantido durante gerações de boleiras, tornou-o num produto típico dessa Vila, conhecido e apreciado

“Sendo esta uma história bonita onde a dádiva, sempre a dádiva é a forma de retribuir a graça da divindade é também o resultado do entrecruzar da história, de protagonistas que deram um pouco de si à localidade e transformaram a sua paisagem cultural. Amplamente

ligado à devoção e à crença na divindade, a Festa do Bodo de Pombal traduz na sua essência a vontade do povo em agradecer o feito divino dividindo, repartindo, partilhando o bolo, pão de trigo com farinha não levedada.” Olga Cavaleiro

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sobretudo na Beira Litoral. Há muito que os viajantes e os turistas os compram às boleiras, que com os seus

açafates recheados de bolos dourados se tornaram uma imagem típica da Vila, sendo também presença habitual em mercados e feiras. Este bolo recolhia admiradores também de Lisboa, “que no regresso à Capital levam os carros carregados da esplêndida lambarice”, conforme testemunho de Jaime Cortesão, no ano de 1933.“ Confraria do Bolo de Ançã


“No recolhimento do Mosteiro de Odivelas

Bucho Raiano

nasce uma receita que se distingue das demais,

“Na verdade, a gastronomia de Riba Côa reflete

não só pelo afamado sabor, mas sobretudo pela

a provação em que o povo vivia na maior parte

cor, a cor branca da Marmelada de Odivelas.

do ano. A escassez de recursos e a pouca

Famosas

variedade de produtos fez o homem raiano

abundância dos ingredientes que nunca faltavam,

parco no manjar. As tradições gastronómicas

as freiras bernardas da Ordem de Cister para

centram-se nos enchidos feitos a propósito de

sempre ficaram na memória do gosto pela sua

matança do porco, momento de grande regozijo

doce marmelada. Oferecida aos convidados e

pela

abundância

alimentar

que

o

total

Marmelada de Odivelas

pela doçaria que

praticavam, na

aos visitadores que frequentavam os outeiros ou

aproveitamento do animal sugere. No fumeiro

comercializada na roda, certo é que esta

tradicional

marmelada

do

Sabugal,

sobressai

com

ganhou

reputação

tornando-se

naturalidade a tradição do bucho raiano que

motivo de ida ao Mosteiro. Esta doce relíquia

apenas se reproduz por estas terras.”

era, por isso, sobremesa apetecida, desejada e

Olga Cavaleiro

consentida

de

paladares

reais

nobres,

tornando-se, no rol dos doces ali produzidos, num dos que maior procura tinha.” Olga Cavaleiro

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e


HOMENAGEM AO CHEFE SILVA

A Confraria Enogastronómica Sabores do Botaréu partilhou a propósito da Evocação do Dia Nacional da

Sou da bela vila termal de Caldelas Humilde da terra nascido e criado Órfão de pai em idade prematura De estudos feliz e ao fogão prendado.

Gastronomia Portuguesa 2020 esta magnífica mesa de Sabores do Botaréu.

Volvido a Lisboa ainda moleque E depois sonhando para além do mar Haveria chefe com a bênção de Deus Me fazer por mim mesmo sem fraquejar. De retorno à Pátria por amor de mãe Cursando e criando receitas distintas Convencido fui e grato me empenhei Navegando alegre entre minhas quintas.

Sabores do Botaréu

Chefe Silva

Chefe Silva sou escrevendo e cozinhando Em frente ao ecrã de sorriso cheio Compadre e Confrade em terras de Lafões Já me não faz caso tanto regateio. Humilde e sincero no trato e na língua Homem quase tanto de amor e defeito Deixo esta lembrança a quem ousar escutar A melhor receita é a que levo ao peito. Carlos Almeida maio 2020 Confraria de Lafões NONA ARTE | MARÇO 2020 - 9

Cabrito Estonado de Oleiros


A Confraria das Almas Santas da Areosa e do Leitão

Velhotes

partilha a propósito das Celebrações do Dia Nacional

Feitos com farinha de trigo, ovos, açúcar, manteiga,

da Gastronomia Portuguesa 2020 esta mesa de Águeda

sal, água, limão (sumo e raspa), canela e açafrão, deixa

fruto da parceria entre as várias confrarias da cidade:

na boca o bom sabor dos doces mais antigos, pois

Confraria das Almas Santas da Areosa e do Leitão;

em tempos remotos eram os pães doces feitos em

Confraria Enogastronómica Sabores do Botaréu e

ocasiões de festa que faziam as maravilhas de

Confraria da Pateira.

crianças e adultos.

Àgueda à mesa…

Caldeirada de Enguias Uma

Caldeirada

confecionada

pela

de

Enguias

Confraria

da

Pateira e saboreada nas margens da Pateira de Fermentelos.

Velhotes NONA ARTE | MARÇO 2020 - 10


"Pelas delicadas mãos das religiosas do Mosteiro de Jesus de Aveiro nasceu, há cerca de cinco séculos atrás, um dos ícones

da doçaria conventual portuguesa: os ovos-moles de Aveiro. Pelo que se conhece da história, pressupõe-se que a junção do doce de ovos à folha de hóstia acontece numa fase posterior, talvez por iniciativa de alguma religiosa com vontade de o tornar mais manuseável. No entanto, sabemos que naquele mosteiro surge um dos doces que marca a doçaria nacional e imortaliza, a par de muitos outros factos, a cidade de Aveiro. É que atrás do sabor vem a recordação do palato que se imiscua no gosto, vem a vontade de regressar ao sítio onde fomos felizes, vem a certeza de encontrarmos os amigos que nos deram a conhecer uma parte da sua alma, a sua gastronomia." Olga Cavaleiro

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"A tradição vinícola do povo português é bem notória em todo o território. Como atividade principal ou complementar a produção de vinho assume-se, sobretudo, como vocação e desígnio de todos os que encontram neste produto um pouco das suas raízes. Antes de mais, o vinho está associado a uma tradição cultural e religiosa muito forte. Na Antiguidade Clássica,

era líquido sagrado, sangue de Baco oferecido ao mundo como uma dádiva. Na tradição cristã é “fruto da videira e do trabalho do homem” transformado em sangue de Cristo, transmutação divina que ocorre no altar sagrado pelas mãos do sacerdote. Através do pão e do vinho, corpo "Em Arouca, atrevemo-nos a dizer, que não é só a carne bovina da Raça Arouquesa que é uma preciosidade, os doces onde se destacam as castanhas de ovos e o pão-de-ló,

e sangue de Cristo, os homens e as mulheres fazem o seu encontro com a divindade, comungam do mesmo pão e do mesmo vinho, numa união simbólica perfeita."

Olga Cavaleiro Foto: Cubas romanas

a imponência do Mosteiro cuja história que se estende desde o século X nos obriga a uma demorada visita, muitos

são os motivos que nos devem obrigar a penetrar neste território onde todo o conjunto permite uma experiência de turismo natural, histórico, cultural e gastronómico sem igual." Olga Cavaleiro

Raça arouquesa NONA ARTE | MARÇO 2020 - 12

Vinho de Lamas


“(…) numa vida de pachorra e de boa mesa, com alguns “As azeitonas, que nos dão o azeite, Negras e unidas, entre verdes folhos, São tranças dum cabelo que se ajeite; E os nabos - ossos nus, da cor do leite,”

companheiros

desembargador

Nuno

de

emigração

Velho, o

conde

Que dizer da diversidade gastronómica de

Azeitonas e Azeite

Viseu, destacam-se o forte e retemperador rancho de Viseu (grão de bico estufado com massa e diversas carnes), o cabrito assado no forno, os viriatos (doce tradicional de Viseu), as castanhas de ovos, tudo isto acompanhado com os vinhos do Dão. E o curioso Pão Leve com sardinha (uma

curiosa história a descobrir).

Gastronomia de Viseu NONA ARTE | MARÇO 2020 - 13

Gastronomia do Alentejo

ou o

engenho e arte de transformar o pouco em muito, muito sabor...

de

Rabacena, outros menores), até que morreu de indigestão, duma lampreia de escabeche que lhe mandara o seu procurador de Montemor. (…)” Eça de Queiroz,A Cidade e as Serras

in 'O Livro de Cesário Verde”

(o

Lampreia de Penacova


Vinho do Porto “Nunca se pode contemplar a beleza desta paisagem e esquecer a epopeia de trabalho humano, quase escravo, que lhe está subjacente. “No Portugal telúrico e fluvial, não conheço outro drama assim, feito de carne e de sangue”, resumiu Miguel Torga. “Port Wine” é o vinho dos Ingleses. Chamam-lhe sol engarrafado, mas só os Durienses sabem o preço das tragédias e heroísmos que viveram para criar esse sol”, escreveu Alves Redol. (…)” “Quando Teixeira serviu o Vinho do Porto, Afonso fez uma saúde ao Vilaça. O velho procurador ficou tão comovido que mal podia erguer o cálice na mão. (…) toda a alva toalha adamascada desaparecera sob a confusão da sobremesa, onde os tons dourados do Vinho do Porto brilhavam entre as compoteiras de cristal” "Vinhedo Vermelho" Vincent Van Gogh

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Eça de Queiros, Os Maias


Gastronomia Poveira “O Maior Arroz de Sardinhas do Mundo” está oficialmente inscrito no “Guiness Book of Records”. A Confraria dos Sabores Poveiros, depois de muitos meses de trabalho, inscreve assim no famoso livro de recordes, um prato típico da gastronomia poveira e nacional.

Doces de Ovar

Maranho da Pampilhosa da Serra

“Sobejamente conhecido, o pão-de-ló de Ovar

“Alimento tradicional deste concelho é relatado

distingue-se dos demais pelo seu interior fofo, quase

pelos antigos como o principal elemento da mesa

cru, de sabor intenso e de textura delicada. É uma

dos banquete dos casamentos, das festas sagradas

gastronomia diversificada que integra o peixe, mas

ou profanas, enfim dos momentos importantes da

também a carne e possui um dos ícones da doçaria

vida da comunidade.”

nacional, talvez o símbolo maior de Ovar, o seu pão-

Olga Cavaleiro

de-ló da categoria dos húmidos, mas inconfundível.

Falar da gastronomia de Ovar é salivar, sobretudo, por este pão-de-ló, sem dúvida.“

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“A origem das papas de abóboras realizada anualmente

em honra do mártir S. Sebastião já se perde na memória. O ritual mantém-se ao longo dos anos, pois decorre de

“Com convicção podemos dizer que a divulgação do

uma promessa feira pelas mães dos soldados na II

chícharo

grande Guerra para os proteger da guerra, que tantos

aparecimento da Confraria do Chícharo, não só pelas

guerreiros tinham já morrido. Por isso todos os anos

atividades por aquela desenvolvidas, mas também pela

nos sete dias que antecedem o sábado 20 de janeiro a

divulgação entre outras confrarias do chícharo e das

promessa renova-se e repetem-se as novenas cantadas

suas utilizações. A partir de 2010, iniciou-se um

ao Mártir para nos livrar não só da guerra mas também

trabalho que enriqueceu o Portugal gastronómico pois

da fome e da peste. No nono dia são oferecidas papas

recuperou-se um produto que estava esquecido ou

de abóbora a todos quantos se deslocam a Soza para

era subvalorizado na alimentação tradicional da região

honrar o Mártir. É feita uma grande fogueira, que

de Alvaiázere. É por isso, trabalho bem meritório

também serve para aquecer pois em Janeiro as noites

aquele que tem sido desenvolvido pelos incansáveis

são sempre muitas frias . Os visitantes já trazem a tigela

confrades desta confraria.”

e a colher, para lhe ser servidas as referidas papas.”

Olga Cavaleiro

mereceu

particular

Confraria dos Sabores da Abóbora

Papas de Abóbora

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Tarte de Chícharo

destaque

com

o


"A cultura vaguense tem nas suas tradições gastronómicas um valor imenso e heterogéneo, que muito tem contribuído para a valorização do nosso concelho. O património gastronómico vaguense é reconhecido e apreciado, por todos, pela sua diversidade, pelos sabores únicos e qualidade dos produtos com que os pratos são confecionados. Sendo uma das missões da

Confraria Gastronómica "As Sainhas" de Vagos, a divulgação e promoção da gastronomia do nosso concelho, seguem alguns registos que esperamos espelhar quem somos e para onde queremos ir. Adoramos a nossa gastronomia! Adoramos a cozinha tradicional portuguesa do nosso lindo país!" Confraria Gastronómica "As Saínhas" de Vagos

o l i v e i r a

O

Azeite

sempre

presente

na

nossa

Gastronomia e claro na nossa literatura. “Oliveiras por toda a parte. Algumas têm o tronco oco, há-as que quatro homens não podem abranger, e há as pequeninas como

arbustos. É a árvore do martírio. Podada e repodada todos os dez anos, envelhece. Não se

Azeite

pode desenvolver: torce-se. E quanto mais sofre mais azeite dá – melhor azeite dá. Às vezes reduz-se só à casca e a um raminho mas não morre… Ocas, torcidas, pobres como os pobres

Gastronomia Vaguense

de pedir, só com aquele braço com uma folhinha cinzenta ( e a candeia pendurada) dão azeite até ao fim da vida.” Raúl Brandão

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“Em particular por terras do Vale do Vale do Sousa, a "Galinha Branca" apresenta-se como uma entrada de uma refeição de teor mais substancial, normalmente acompanhada de um prato de pequenos nacos de presunto e de fatias de broa de milho, sempre regados com um vinho verde fresco. É também motivo principal

para uma lauta merenda, sobretudo nas tardes estivais, desejavelmente entre amigos, sendo que para além de uma refeição de invocar o poder divino, embala o palato em mil sensações de sabores únicos. A sua preparação é simples, tal como são simples os elementos que a adornam. Pega-se na cebola garrafal e corta-se em cruz. De seguida preenchem-se os golpes com sal grosso e aperta-se exercendo-se alguma pressão com as mãos, para que se tome do sal. Corta-se a cebola aos gomos e espalha-se de modo uniforme num prato. Depois, rega-se

generosamente com um verde tinto carregado. Seguidamente salpica-se com um pouco de vinagre de vinho tinto e com um pouco de azeite. Para finalizar, envolve-se, mexendo muito bem, a cebola neste molho. E pronto. A nossa "Galinha Branca" está para a parceria com o presunto, a broa de milho e o verde bem

fresco.”

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Gastronomia de Penafiel

Tem séculos a "Feira das Cebolas em Penafiel". Neste interessante artigo publicado na Gazeta das Aldeias, da autoria do Dr. Manuel

Pinto Ferreira de Sousa, é-nos explicado o seu aparecimento, a sua evolução ao longo dos tempos, bem como as sucessivas alterações dos locais da sua comercialização. Ainda hoje se continuam a vender cebolas das mais variadas espécies e formatos na Feira de S. Bartolomeu, aproveitando-se a evocação ao santo que acontece nos dias 23 e 24 de Agosto, sendo uma romaria que junta muitos milhares de pessoas. Números recentes, apontam para a venda de mais de 400 toneladas durante a feira. Há cerca de cinco anos a CPCTS - Confraria do Presunto e da

Cebola do Tâmega e Sousa, empreendeu na divulgação, promoção e apoio à produção, de uma espécie particular de cebola, a "garrafal" (piriforme, como é descrita no último parágrafo da segunda folha). Para já, a sua semente já foi qualificada e é um dos produtos constantes do CNV - Catálogo Nacional de Variedades e do Catálogo Europeu de Produtos Agrícolas e Hortícolas. Está em fase final a atribuição do selo europeu IGP - Indicação Geográfica Protegida. Agradecimento: Biblioteca Municipal de Penafiel


“A uniformidade gastronómica, que a designação Bairrada faz pressupor, leva-nos a um equívoco de que rapidamente nos arrependemos. (…) É o todo que se abre em mil possibilidades que nos dão outros aromas, outros sabores, outras texturas.

Assim, ao arrepio de uma monotonia sustentada somente num só padrão, a Bairrada é uma mescla de territórios, de tradições, de gentes, de sabores que vão da gastronomia aos vinhos e que nos enchem o palato e a alma. Texto e foto da Confraria dos Rojões da Bairrada com grelo e

batata à Racha

B r o a d ´ A v a n c a

Bairrada “A Broa de Avanca revela-se uma descoberta pela simplicidade da experiência sensorial que nos transporta para os alimentos mais simples que começam por fazer parte da nossa alimentação quando deixamos o leite materno. Por isso, quando se prova se sente aquele sabor que nos remete para uma memória que não se identifica no tempo e no espaço, mas que se reconhece no aconchego do que nos saciava a fome.”

Olga Cavaleiro

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O Município de Ferreira do Zêzere partilha a propósito do Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa a sua gastronomia regional, onde o leitão à ferreirense, o cabrito assado no forno e o

peixe do rio ocupam um lugar de destaque, quase sempre acompanhados com o azeite de produção local e pelo bom vinho regional. Para terminar a refeição não deixe de provar as belas sobremesas locais. Recomendam-se também para um lanche animado os bolos regionais “Bons Maridos” (finalista das 7 maravilhas de Portugal), as “Boas Esposas” e as famosas “Tigeladas de

BOLINHOL DE VIZELA

Ferreira do Zêzere”, que sempre foram um doce de eleição a nível local, presentes todo o ano e

Há mais de 130 anos que o Bolinhol faz parte do património gastronómico de

que são rainhas, em cenário de inícios de século XX,

Vizela, concentrando em si caraterísticas históricas, culturais e económicas

na tradicional Mostra/Feira de S. Brás, que ocorre anualmente no início de fevereiro.

relevantes que merecem ser protegidas, preservadas, valorizadas e

Texto e Fotos: Município de Ferreira do Zêzere.

promovidas. O início da sua confeção remontará ao ano de 1880, sendo que em 1884 este doce esteve já presente na Exposição Industrial Concelhia de Guimarães. O Bolinhol é um tipo de pão-de-ló que se apresenta com uma suave cobertura de açúcar, resultante da preparação de uma cuidada calda. Esta conjugação atribui ao Bolinhol um sabor inigualável. Ao longo dos tempos, o reconhecimento da referida arte e da qualidade do produto materializou-se na atribuição de diversos prémios, dos quais se

destaca o título de vencedor do concurso 7 Maravilhas Doces de Portugal em 2019, atribuição do Troféu Internacional Estrela de Ouro à Qualidade em 2004 e atribuição do Troféu Tradição e Prestígio Portugal em 1986. NONA ARTE | MARÇO 2020 - 20

Créditos da foto e Texto: CM de Vizela


E os Queijos, tão diversos e deliciosos.

(…) É aqui que mora o Sr.Alves? Era a empada, o fiambre, o queijo da serra, todas as boas coisas que ele comprara. Uma onda de tristeza afogou-lhe o coração.

Teve

de

se

segurar

ao

corrimão

para não

desfalecer.” Eça de Queiroz,Alves e Cia

-

“Eu te digo… Cada Queijo, um desses

queijinhos redondos, como o Camembert ou o Rabaçal (…)” Eça de Queiroz,A cidade e as Serras

NONA ARTE | MARÇO 2020


"Assim a gastronomia característica do concelho de

Caldeirada

Miranda do Corvo nasce com o modo de vida e criatividade das monjas do Mosteiro de Santa Maria de

“só

uma

ocasião,

nesta

especialidade

Semide, importante núcleo religioso e administrativo; no

considerável, o vi plenamente satisfeito. Foi

contexto político, social e económico da 3ª Invasão

numa taberna da Mouraria (onde eu o levara)

Francesa; condicionada pela presença de um complexo

diante de um prato complicado e profundo de

industrial de oleiros do barro vermelho e uma boa

bacalhau, pimentos e grão-de-bico. Para gozar

produção vinícola."

com coerência, Fradique despiu a sobrecasaca

Texto e foto da Real Confraria da Cabra Velha

(…) E como um de nós lançara casualmente o

Confraria da Caldeirada de peixe e do camarão de Espinho

nome de Renan, ao atacarmos o pitéu sem igual, Fradique, protestou com paixão: - Nada de

ideias!

Deixem-me

saborear

esta

bacalhoada, em perfeita inocência de espírito

Bacalhau

(…) Eça de Queiróz, A correspondência de Fradique Mendes, Livro: A Epopeia do Bacalhau, Edição dos CTT

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 22

Chanfana


“ (…) sentido-se exaustos de deliberar – e o deliberar

Paul Cezanne, "Apples and oranges".

é verdade que exaure – quando foi ali pela tarde, tinham mandado vir da próxima bodega um alentado prato de saborosas tripas, e que honra da invicta cidade o

tinham

alojado

todo

em

seus

M a ç ã

capacíssimos

abdómenes, diluindo a espessa e glutinosa decocção em

sendos pichéis de vinho maduro” Almeida Garrett

Tripas à moda do Porto

Produzida por quase todo o Portugal, a produção de maçã assume particular importância e destaque num vasto território situado no Douro Sul, local agreste onde a terra parece ter sido substituída pela penedia cinzenta

deixando pouco espaço para o cultivo. Aquilino Ribeiro fala de “Terras do Demo”, território inóspito onde “nem Cristo” “nem El-Rei” passaram fazendo dele local onde o esquecimento encontra lugar, mas onde a cultura da macieira conseguiu lugar de destaque nas economias de vários concelhos do Douro Sul como Moimenta da Beira,Armamar, Lamego,Tarouca, Sernancelhe,Tabuaço, Penedono e S. João da Pesqueira.

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"A castanha era ainda por meados do século XX um alimento de regular presença na mesa dos lavradores nesse frio tempo que levava de Novembro a Março. Servia-se logo de manhã aos homens rogados para os específicos trabalhos da estação invernosa e, à noite, a panela de ferro ou a púcara avantajada dos oleiros de Santa Comba ou da Barreira (Meda) oferecia a deleitosa ceia das castanha tostadas, dulcíssimas nesse estimável paladar que sempre recordará quem alguma vez assim as apeteceu. Por um lado, ainda havia quem as levasse até ao tarde nessa reserva de ancestrais saberes, a cova aberta na areia ou a grande talha vidrada onde se guardava uma rasa de frutos. De outro modo se levava até ao

Verão esse alimento de valia, outra vez rasas de castanhas secas no “caniço”, essa servil construção de ripas ou canas armada sobre o lar de onde subia, manso, o calor cujo efeito se despejava depois, descascadas de seu jeito, as muitas malgas de castanhas secas, ditas piladas muitas vezes, distribuídas aos punhados pela criançada ou saboreadas, estio fora, como caldo suculento, nas ceifas e malhas, antes ainda na cava das vinhas ou das regadas." Texto: Dr.Alberto Correia Foto: Confraria da Castanha

NONA ARTE | MARÇO 2020


As palavras da nossa Associada Confraria Queirosiana:

Broa de Avintes

“A Gastronomia Portuguesa tem tanto de exclusividades (certas carnes, peixes, fumeiros, queijos e vinhos), como de universalidades e capacidade de incorporação de fatores exógenos, de que o maior exemplo é o bacalhau. E por isso

tem enormes capacidades para criar e satisfazer apetites "A tradição da Broa de Avintes faz-se desde há muito e a sua história remonta a uma decisão de D. Dinis que, preocupado com o crescente número de incêndios que grassavam na cidade de Porto, decidiu que as padarias deveriam ser afastadas da cidade. Assim, no decorrer desta decisão, para Valongo foram os padeiros que utilizavam a farinha de trigo como ingrediente na feitura do pão (moletes e regueifas). Para Avintes foram deslocados os padeiros que utilizavam a farinha de milho até pela proximidade do afluente do Rio Douro, o Rio Febros, onde se situavam muitos moinhos adequados à moagem do milho. Por este decreto que visava, sobretudo, evitar a propagação fácil e

em escala do fogo no interior da cidade, D. Dinis dividiu a feitura do pão entre as “Terras Quentes” e as “Terras Frias”. Olga Cavaleiro

Exclusividade e Universalidade NONA ARTE | MARÇO 2020 - 25

em qualquer latitude.”


“(…) Depois, parei nas serranias do Douro, (…) onde fiquei dois

dias

a

descansar, (quase

diria

convalescer)

do

tremendíssimo almoço com que o meu rendeiro me honrou, logo na manhã da chegada, às dez horas de uma doce manhã! O prato mais ligeiro era um anho assado. Na Cabidela entrava toda uma capoeira. Sobre a mesa, em vez de uma garrafa,

pousava um pio! Honrei o festim: […]” Eça de Queiroz,

“A gastronomia madeirense,

imenso raiar de cores que caracterizam os tecidos madeirenses. Que dizer dos peixes e frutos do mar que derivam de uma alimentação muito baseada na dieta atlântica? Que dizer da utilização do milho e do trigo numa cultura que é também o resultado do cruzamento de muitas culturas e de muitos povos que ali aportavam no trânsito de rotas marítimas? Que dizer do bolo de mel que nasce por razões específicas associadas ao cultivo da cana do açúcar naquele território? Que

dizer do “Vinho da Madeira” ou para quem não sabe a história dos vinhos de “torna-viagem”? Em suma, apetece dizer que no arquipélago da Madeira cabe um mundo de sabores que não se encontram em mais lado nenhum do mundo.”

c a b i d e l a

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 26

é como dizer que representa apenas uma cor no

Olga Cavaleiro


“Havia uma crença muito grande no pão. As mulheres, especialmente as grávidas, não podiam

tirar dois de cada vez, porque depois quando tivessem filhos podiam ter gémeos. Por exemplo os folares quando se metem ó forno, eu tenho a tendência a metê-los atravessados mas não, não se deve. Dizem, dizia a lenda, que depois ao ter um filho, vinha a criança atravessada. E a toalha, ó meter-se o pão tem que se sacudir logo, isto e arrumar porque se mantiver aí estendido, se alguém estiver para parir diz que não consegue parir. Enquanto isto estiver estendido o bebé não nasce. Há assim muitas lendas. (...) mas eu tenho o cuidado, assim que meter o pão enrolar logo isto para... ás vezes a minha sogra quando está aqui e me ajuda a meter o último, diz-me sempre: -

enrola lá isso, s’alguém estiber p’ra parir que se despache. E as pessoas agora muitas já não ligam, antigamente ligavam muito a isto.” (Inquéritos no âmbito do Projecto Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do concelho de Boticas, Câmara Municipal de Boticas, 2005) NONA ARTE | MARÇO 2020


“O porco, criado e cevado com desvelos de que gozam poucos humanos, lá está a sangrar no banco do sacrifício. Berra que espanta a penumbra da madrugada, mas o seu sofrimento não encontra eco nos ouvidos de ninguém. Quanto mais barulhenta for a agonia, mais escoado ficará o seu corpo no chambaril."

Impressionou-me sempre na vida aldeã este cerimonial doméstico, que acaba por deixar um morto de pernas para o ar, pendurado na trave da casa. Na manjedoira vai nascer o Salvador; à lareira vai-se juntar a família; e à entrada da porta simbólica renovação do Ano Novo, o espantalho do cadáver que há-de

G a l o

alimentar o futuro!” Miguel Torga Diário Vol V

Porco

“Faziam escolta aos capões assados rodelas olorosas de paio e chouriços de cerdo, engordado a castanhas. Riram-se os olhos dos cónegos.” Aquilino Ribeiro

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 28


Na Murtosa, a boa gastronomia é celebrada durante todo o ano. A Ria marca a vida das suas gentes e claro da sua gastronomia, um brinde permanente aos nossos sentidos: as enguias servidas, ora fritas com molho de escabeche, ora em sopa ou em caldeirada chamam os amigos que os

confrades da Confraria Gastronómica "O Moliceiro" vão conquistando pelo país. A lampreia tem a honra de ser servida em arroz ou à bordalesa e o sável serve-se frito com molho de escabeche. Uma festa de cores e sabores para celebrar o Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa 2020.

G a s t r o n o m i a d a M u r t o s a

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 29

O Fumeiro "(…) ocupa lugar fundamental no cardápio carnal transmontano o fumeiro, nome genérico que designa os produtos de salsicharia que compreendem as diferentes formas de enchidos e de presuntos. “… A trindade tradicional do reino: os presuntos, as alheiras e os salpicões. (…) Quem não comeu ainda desses manjares ensacados, prove… E há-de encontrar neles o sabor das invernadas passadas ao borralho enquanto a neve cai, (…) e uma ciência infusa de

temperar, que vem desde que a primeira nau chegou da Índia”, assevera Miguel Torga. Iluminura do Livro de Horas de D. Manuel I, Século XVI


Sopa da Pedra

Celebrar a Gastronomia portuguesa é também lembrar as nossas raças autóctones - A Raça Barrosã A obtenção da Denominação de Origem Protegida pela Associação de Produtores de Carne Barrosã foi uma das medidas essenciais que

permitiram o desaparecimento ou abastardamento desta importante raça que constitui a Dieta Continental, integrante da Gastronomia Portuguesa. A alimentação destes animais feita em pastos próprios ou em baldios é constituída por forragens verdes e conservadas .como erva, palha e feno sendo que, em períodos de crescimento é

dada a farinha de milho como suplemento. Todo o controlo efetuado sobre a criação destes bovinos resulta numa carne muito suculenta, tenra e extramente saborosa.

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B a r r o s ã

Dia Nacional da Gastronomia Sopa da Pedra Hoje fizemos diferente, utilizámos as carnes do cozido barrosão que nos chegaram de Boticas. Diferente, mas tão boa como a original. Hoje é dia de festejar a gastronomia, as confrarias e o mais importante, a amizade!!!

Folar de Vouzela


“[…] Destapamos o cesto de D. Esteban de onde surdiu um bodo grandioso, de presunto, anho, perdizes, outras viandas frias que o ouro de duas nobres garrafas de Amontilado, além de duas garrafas de Rioja, aqueciam com um calor de sol Andaluz. […]” Eça de Queirós in A Cidade e as Serras “[…]Indra só o escutará, só concederá os benefícios rogados, quando em torno ao seu altar certos velhos, de certa casta,

vestidos de linho cândido, lhe erguerem cânticos doces, lhe ofertarem libações, lhe amontoarem dons de fruta, mel, e carne de anho […]” Eça de Queirós in A cidade e as Serras “[…] e a quinta depois, com sua latadas de sombra macia, a dormente sussurração das águas regantes, os ouros claros e foscos ondulados nos trigais, oferece, mais que nenhum outro paraíso humano ou bíblico, o repouso acertado para quem emerge, pesado e risonho, deste arroz e deste anho […]” Eça de Queirós in A correspondência de Fradique Marques

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“A Gastronomia e a restauração no atual contexto”

“Gastronomia e Território”

“A Filatelia na Gastronomia Portuguesa” NONA ARTE | MARÇO 2020 - 32


OPTIMUS CONVIVA

Num elogio à produção nacional, Ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, recebe a distinção OPTIMUS

CONVIVA das Confrarias de Portugal. Gastronomia portuguesa é também produção nacional.

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OPTIMUS CONVIVA

Fausto Airoldi recebe distinção OPTIMUS CONVIVA das Confrarias de Portugal. Na sua breve passagem por Lisboa,

uma oportunidade para lhe mostrar o reconhecimento pelas conquistas que trouxe à gastronomia portuguesa.

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O Museu da Chapelaria foi desafiado pela Federação Portuguesa das Confrarias Gastronómicas a selecionar, no seu acervo, uma peça que representasse a gastronomia nacional. O chapéu “bacalhau com grão de bico” foi produzido pelo

designer de chapéus israelita Maor Zabar, em 2017, exclusivamente para o Museu.

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O Museu

Municipal de Ourém associa-se

às comemorações do Dia Nacional da Gastronomia de 2020 com a peça: "Recipiente para cozinhar alimentos século XIX-XX Matéria Barro Descrição Panela em cor de barro escurecida. De abertura larga, com duas asas colocadas horizontalmente. Apresenta um ligeiro formato bojudo,

Museu Convento dos Lóios

estreitando novamente junto à base. Foi acrescentado

O

(Santa Maria

um arame que desempenha as funções de uma asa."

da Feira), associa-se ao DNG 2020 partilhando esta peça

Crédito do texto e fotos: Museu Municipal de Ourém.

MASSEIRA "A masseira era utilizada no fabrico tradicional da fogaça,

Museu de Lamego

para conter, preparar e levedar a massa. Na primeira fase

Natureza-morta com frutos, doces, licores e

da confeção deste pão doce, os ingredientes (farinha, água,

pássaros numa paisagem

fermento de padeiro, açúcar, sal, canela, ovos, raspa e sumo

Seguidor de Pietro de Navarra

de limão e manteiga) eram colocados na masseira e

Roma (?), séc. XVIII

misturados com a pá, depois eram amassados à mão até

Óleo sobre tela

se obter a massa com a consistência desejada para as fases

Proveniente do antigo Paço Episcopal de Lamego

seguintes de levedação, preparação do formato e

Créditos da imagem e legenda: Museu de Lamego

cozedura." Créditos do texto e imagem: Museu Convento dos Lóios.

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A evocação do DNG 2020 do Museu

de Aveiro / Santa Joana

acontece pelo destaque da obra do Séc. XVIII, proveniente do Convento de Jesus de Aveiro - "Cristo servido pelos anjos ou Ceia no deserto"

"Quando as tentações terminaram, a narrativa conta que o diabo partiu e Jesus foi "servido" por anjos, expulsando o mal. Nesta composição podemos observar quer anjos que levam pratos cobertos (usualmente para manter quente o que transportam),quer a mesa com a respetiva toalha de renda, guardanapo, os talheres (colher, garfo e faca), uma tijela de cerâmica decorada a azul (a influência do “azul” da China, através das porcelanas Ming de importação). Como elemento principal, um prato em metal no qual podemos observar um pão, que da pedra miraculosamente se transformou em mantimento para o Homem, assumindo uma dupla significação: o pão,

alimento por excelência na evolução da Humanidade para satisfação da fome, e do pão como alimento espiritual, após a Última Ceia, o “Pão da Vida”. No fundo podendo ler-se esta obra como uma (quase) alegoria à importância do pão!" Crédito das fotos e texto: Museu de Aveiro / Santa Joana

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O Museu

da Cidade de Aveiro associa-se às celebrações do DNG 2020 com a obra: Carapaus

"Aveiro esteve, desde sempre, ligada a atividades económicas relacionadas diretamente com o elemento água, tanto pelo comércio naval, como pela produção de sal ou pelas atividades piscatórias. Estas formas de vida da população aveirense e as fontes de onde derivava o seu sustento mantiveram-se permanentes até meados do século XIX. Porém, as tradições

gastronómicas chegaram aos dias de hoje. A obra Carapaus é um verdadeiro registo dessas tradições gastronómicas aveirenses, especialmente do Bairro da Beira Mar, onde residia a comunidade pescadores. Obra do conceituado pintor Lauro Corado, esta pintura repleta de detalhes apreende com mestria, à semelhança de tantas outras do autor, o espírito da vivência da comunidade local. Trata-se de uma natureza-morta tão exemplar deste artista em que, sobre uma superfície matizada em tons de salmão e ao centro da composição, figura uma travessa de inox com três carapaus colocados em sentido inverso e sobrepostos. Lauro Corado, professor e artista plástico, nasceu em Aveiro em 1908 e faleceu em Lisboa a 1 de Setembro de 1977. Estudou em Aveiro (Escola Industrial de Fernando Caldeira) e depois na Escola Superior de Belas Artes do Porto onde concluiu o Curso Superior de Pintura. Foi discípulo de António Carneiro e de Joaquim Lopes. Fez concurso de provas

públicas para professor de Pintura da Escola Superior de Belas Artes, tendo ficado aprovado em «mérito absoluto» (1933). Ao longo da sua vida conquistou diversos prémios e participou em inúmeras exposições, em Portugal e no estrangeiro. Esta obra é um exemplo do seu extenso espólio que faz parte da coleção do Museu da Cidade tendo integrado recentemente a exposição “Lauro Corado: Retrospetiva”, na Galeria da Antiga Capitania do Porto de Aveiro." Crédito do texto e foto: Museu da Cidade de Aveiro

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O

Museu Militar de Elvas

deu destaque a propósito

Museu Arte Nova

do DNG 2020 a esta magnifica peça.

Anúncios de confeitarias de Aveiro

COZINHA RODADA DE CAMPANHA m/948

Almanak Aveirense para o ano de 1898

Cozinha rodada (adotada pelo Exército Português em 1948) constituída por três panelas de pressão, dois tachos e

"A crescente circulação de publicações impressas, nos finais do século

simultaneamente frigideiras, uma caldeira para aquecimento de

XIX, traz consigo a promoção de serviços e de produtos, dando alma

todo o conjunto, uma gaveta para recolha de cinzas e dois cestos

à publicidade e a uma sociedade de consumo que se está a formar. Os

para a palamenta. O aquecimento destes recipientes, era efetuado

dois anúncios a confeitarias da cidade presentes em Almanak

por intermédio de combustão de lenha. Esta cozinha tem a

Aveirense são um exemplo dessa nova realidade, funcionando, ainda,

particularidade de poder confecionar alimentação durante o

como uma montra da tradição gastronómica de Aveiro traduzida em

deslocamento das tropas.

ovos-moles, peixe de escabeche e mexilhões.

Créditos da informação e foto: Museu Militar de Elvas

A modernidade dos anúncios não se revela, apenas, na difusão dos produtos e dos estabelecimentos, mas também pelo grafismo que ostentam. As formas curvilíneas e os motivos vegetalistas das cercaduras refletem a novidade do movimento Arte Nova que se

começava a fazer sentir e que, em Aveiro, terá maior expressão a partir de 1900 associando-se não tanto aos materiais gráficos, mas às fachadas dos edifícios que são, hoje, a coleção do Museu Arte Nova." Créditos das fotos e texto: O Museu Arte Nova NONA ARTE | MARÇO 2020 - 39


Museu Nacional do Azulejo

associa-se

às celebrações do DNG 2020 através do envio desta magnifica imagem dos azulejos do restaurante do referido Museu: Cozinha de Fumeiro. Azulejos produzidos em Lisboa no 3º quartel do século XIX. Faiança a azul sobre branco. Conjunto

de

mais

de

2000

azulejos

com

representações de vários alimentos utilizados na culinária portuguesa tradicional: legumes, peixes,

galináceos, enchidos e peças de caça, bem como de uma cena campestre. Adquiridos no mercado

Museu da Luz (Alqueva)

antiquário em 1982 depois de terem estado aplicados

Alguidar | Bowl

na cozinha de um edifício situado na Rua da Senhora

"Dezembro é o mês em que ocorre o solstício de inverno. É no inverno, em especial nos

da Glória, à Graça, em Lisboa. Desconhece-se o local

meses de dezembro e janeiro, que se realiza a matança do porco na Luz.

de aplicação original.

Apresentamos um alguidar da nossa coleção de etnografia que serviu em tempos para

Informação: Serviços do Museu Nacional do Azulejo

preparar os enchidos de porco. O alguidar é um objeto de barro vidrado na face interior,

Créditos fotográficos: Arquivo de Documentação

apresentando forma troncocónica de base invertida com bordo virado na boca."

Fotográfica / DGPC

Créditos da informação e foto: Museu da Luz (Alqueva)

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Museu Municipal de Torres Vedras destacou as peças: CALDEIRO DE CERÂMICA Vaso grande e alto, reconstituído.

Tipo de «vaso de provisões» (contentor), de aspecto grosseiro e que talvez fosse usado, também como uma grande panela ou caldeiro para cozinhar. Apresenta o fundo queimado por vestígios de fogo e na sua parede interior existem indícios de utilização de um utensílio (colher) ao mexer o seu conteúdo. Peça originária do Castro do Zambujal. COLHER Colher de cerâmica, reconstituída, com um cabo curto. Utilizado como utensílio de cozinha, nomeadamente para mexer. Peça originária do Castro do Zambujal. Exposição temporária: Historias do Zambujal – 50 anos de trabalhos do Instituto Arqueológico Alemão em Torres Vedras

Créditos das fotos: Instituto Arqueológico Alemão

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 41

O

Museu Etnográfico da Madeira,

uma vez

mais, associou-se ao Dia Nacional da Gastronomia Portuguesa, com uma peça da sua coleção: a pedra do bolo do caco. Antigamente o chamado “bolo do caco”, pão tradicional madeirense, era cozido num “caco”, abafado de cinza ou em lume vivo, dando-lhe a forma de um bolo redondo e achatado. Atualmente, em algumas unidades domésticas, ainda se amassa

à mão e coze-se o bolo do caco em cima de uma pedra de “tufo”, aquecida no “lar” (“tufo lapili”, é uma rocha piroclástica muito porosa, conhecida localmente por cantaria mole vermelha).


Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso

deu destaque à obra de Diogo Alcoforado, um desenho a aguada/tinta da china sobre papel,

datada de 1965. Eduardo Alcoforado formou-se em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e em Filosofia, tendo, inclusive, um doutoramento nesta área. Lecionou ao

longo de vários a disciplina “Estética” na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A obra escolhida, uma natureza morta, uma mesa onde estão expostos objetos relacionados com a gastronomia, em particular garrafas, que se deduz de vinho, um importante acompanhante na maioria das refeições. Ora, pertencendo a cidade de Amarante à região dos Vinhos Verdes, achamos natural a escolha desta obra representativa do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, nesta iniciativa em particular. A mesma pode ser vista na sua exposição permanente acompanhada de muitas outras obras paradigmáticas do Modernismo português, em especial do patrono do museu:Amadeo de Souza-Cardoso. Créditos fotográficos: Luís Ferreira Alves, Créditos da informação:“Propriedade do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso/Câmara Municipal”.

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 42


O

Ecomuseu Marinha da Troncalhada | Aveiro, associa-se

às celebrações do DNG dando

destaque a esta curiosa peça: Salineira Domingueira - Zé Augusto, década de 1970 (Cerâmica artística) "A Salineira domingueira envergava chapéu preto de feltro, forrado a seda e debruado e ornamentado com pequena fivela de latão e fita preta de veludo, lenço de cabeça de algodão estampado, xaile traçado estampado de algodão, saia e blusa estampada de algodão, meias lisas de algodão e chinela de calfe. Esta figura popular é um dos ícones representativos da indústria salícola aveirense. A primeira referência a esta atividade tradicional remonta ao ano de 959, ao testamento da Condessa D. Mumadona

Dias, Senhora então proprietária de terras e marinhas de sal nesta região. José [Zé] Augusto, o conceituado ceramista e barrista de Aveiro imortalizou a profissão da salineira numa homenagem a esta mulher que, no seu dia-a-dia, durante a safra do sal, ajudava o marnoto a transportar o sal à cabeça, em canastras de 50 ou mais quilos, dos tabuleiros das marinhas de sal para as eiras e destas para os barcos saleiros. Na falta de mão-de-obra substituía, ainda, os tradicionais moços na sua árdua função de ajudar a fazer nascer o sal. Dado o prestígio deste ceramista aveirense e a simbologia desta figura popular colorida, identificativa de Aveiro, esta peça faz hoje parte, da coleção do Museu da Cidade de Aveiro." Créditos do texto e foto: O Ecomuseu Marinha da Troncalhada

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 43


Museu de Cerâmica de Sacavém PRATO DE COZINHA Fábrica de Loiça de Sacavém Marca estampada GILMAN & Cta - MCS 444 Peça moldada com 31 cm de diâmetro e decorada com o motivo nº 708, um dos mais emblemáticos da Fábrica de Loiça de Sacavém, sempre associado a pratos de cozinha e a malgas. Sendo também, popularmente, identificado por saladeira é, porém, como prato de cozinha que aparece nas Tabelas de Preços das décadas de 40 e 50 do século XX. À semelhança do que se verificava com as peças decoradas com o motivo Estátua, mais conhecido por “Cavalinho”, também os pratos de cozinha e as malgas com esta decoração eram (e são) uma

presença constante na maioria das casas portuguesas. E a sua função doméstica evoluiu, nos nossos tempos, para uma função meramente decorativa. Enquanto utilitário, o prato de cozinha poderia ter inúmeras funções, sendo a mais corrente, a mesma de uma travessa, ou seja, apresentar e servir alimentos. A loiça portuguesa está, em muitos casos, associada à gastronomia tradicional portuguesa. As memórias trazem-nos não só lembranças das “iguarias” cozinhadas pelos nossos antepassados, como também dos recipientes onde eram servidos.» Créditos do texto e foto: Museu de Cerâmica de Sacavém

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 44


A Rede

Museológica do Município de Peniche

associa-se ao DNG partilhando esta magnifica ânfora e

respetiva contextualização histórica. "Peniche tem um passado piscatório e conserveiro que remonta à época romana. A descoberta, em 1998, dos vestígios de uma antiga olaria romana permitiu conhecer que, há dois mil anos, existia, na então ilha de Peniche, um importante complexo industrial ligado à produção de conservas de peixe. O seu proprietário era um

romano, proveniente da península itálica: Lúcio Arvénio Rustico. Esta olaria terá funcionado durante quase dois séculos, entre os finais do séc. I a. C e a segunda metade do séc. II, produzindo 12 formas diferentes de ânforas, os contentores por excelência do comércio da Antiguidade. Nas ânforas, eram envasadas conservas de peixe produzidas em Peniche, recebendo uma marca com o nome do produtor, como garantia de qualidade da mercadoria. Nestas ânforas teriam sido transportadas várias produções conserveiras, com destaque para o célebre garum, condimento gastronómico muito apreciado à época, produzido a partir de espécies pelágicas abundantes nestas águas, como a cavala ou a sardinha. Hoje, sabemos que estas conservas, transportadas por mar, chegaram a locais tão distantes como Braga, Lugo ou Mérida, na atual Espanha." Fotografia: Ânfora tipo Peniche 3, com marca de Lúcio Arvénio Rustico. Autoria: Guilherme Cardoso. Museu Municipal de Peniche. Texto: Rede Museológica – Município de Peniche

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O Museu

Dr. Joaquim Manso - Nazaré

“Mulheres da Nazaré transportando peixe seco”, 1973.

“As mulheres da seca do peixe lá andam na faina.Vão transportando à cabeça os tendais de madeira e rede metálica para os armazéns. Andam agora naquela lida sem fim". Alves Redol, “Uma fenda na muralha” (1959). Raimundo Ventura (1917-2002) pintou duas nazarenas com paneiros de peixe seco à cabeça, transportando-os para a cabana ou armazém, depois de terem estado ao sol. A pequena pintura deste artista local testemunha o costume de secar o peixe na praia da Nazaré, prática ainda realizada e que se reflete nos hábitos gastronómicos da região. A ação de secar o peixe é uma das mais tradicionais formas de conservar o pescado. Tradicionalmente, assegurava o sustento das famílias quando o peixe escasseava, mas também permitia conservá-lo para ser vendido nos mercados da região. Inicialmente, secava-se o peixe em juncos, estendidos sobre a areia da praia. Em meados do século XX, começaram a ser usados os “paneiros”, tabuleiros retangulares de rede e vigas de madeira que, dispostos de forma inclinada, facilitam a circulação do ar e, assim, aceleram a

secagem. Os paneiros eram apoiados à porta das cabanas, nas embarcações ou no “estindarte” (estendal), na praia. Hoje, cerca de uma dezena de mulheres continua a secar o peixe no “estindarte”, requalificado pelo Município da Nazaré recentemente e convertido em Museu do Peixe Seco. As espécies mais utilizadas são o carapau, sardinhas, batuques ("verdinhos"), petinga, cação e o polvo e distinguem-se duas formas de secagem, com preparação e consumo diferentes: o “peixe seco” (dois a três dias ao sol) e o “peixe enjoado” (apenas duas a quatro horas ao sol). O “peixe seco” pode ser comido cru (desfiado), mas é normalmente cozido, acompanhado com batata com pele e regado com azeite (vinagre, alho picado ou pimenta, ao critério do consumidor). O polvo é também muito apreciado cozido, em arroz e saladas, ou grelhado. Quanto ao “carapau enjoado”, é grelhado e acompanhado de batata cozida, temperado com azeite. Os nazarenos continuam a incluir o peixe seco e enjoado nos seus hábitos alimentares, assim como os concelhos limítrofes de Alcobaça, Caldas da Rainha, Leiria, Porto de Mós. Domesticamente, em caso de excesso, é ainda vulgar secar o peixe, em pequenos paneiros colocados à janela ou à porta de casa.

Assiste-se a uma tendência para utilização “gourmet” do peixe seco, numa oferta cada vez mais qualificada, nomeadamente por parte de hotéis e restaurantes da vila. Créditos do Texto e foto: Museu Dr. Joaquim Manso

NONA ARTE | MARÇO 2020


Museu Municipal de Alcochete que nos envia esta magnifica e curiosa peça. Formas para confeção de pães de sal, quadrada e retangular, constituídas por quatro partes laterais e quatro chavetas de aperto. As formas, utilizadas na confeção de pães de sal, resultavam do aproveitamento de folhas de rodo inutilizadas, eram produzidas pelos salineiros que com um canivete desenhavam e esculpiam os lavramentos. Os pães de sal – blocos de sal enformado e artisticamente decorados – eram feitos pelos salineiros para oferecerem a quem tinham grande estima. Na sua confeção era utilizado o sal de embate, uma camada de espuma gomosa, vidrada e muito fina, que as aragens do vento Norte empurram, fazendo-a embater junto aos cantos da baracha, formando o que os

salineiros chamam de flor de sal. Essa flor, depois de apanhada à mão, era colocada dentro de uma canastra ficando a escorrer vários dias, até ficar um pó muito fino, branco, brilhante e gomoso. Ao sal de embate ou flor de sal era adicionada água-mãe e amassava-se, até ganhar a consistência ideal, para ser colocado, comprimido e batido na forma. Este procedimento permitia que o sal ficasse bem apertado, aderisse à forma e gravasse os lavramentos esculpidos na mesma. Depois de bem batido e com o sal já suficientemente apertado, retiravam-se

as chavetas da forma, desenformava-se o pão iniciando-se o processo de secagem, que adquiria mais consistência depois de alguns dias ao relento. Data: séc.XX (2ª met.) Material: madeira Proveniência: Salina do Brito Proprietário: Museu Municipal de Alcochete Créditos da informação e foto: Museu Municipal de Alcochete

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 47


A Casa-Museu Anselmo

Braamcamp Freire - Santarém

"Pintura a óleo s/tela, de Josefa de Ayalla e Cabrera (conhecida como Josefa de Óbidos) assinada e datada de 1676, em exposição permanente na Casa-Museu Anselmo Braamcamp Freire, em Santarém. Nesta pintura de Josefa de Óbidos é possível observar-se à esquerda, uma salva em metal retangular e gomada, contendo vários tipos de doces: queijadas, quadrados de pão-de-ló, misturados com tronco de jasmim e alfinetes decorados por arabescos e laços. Os doces e a

salva estão parcialmente cobertos por pano de cor vermelha contornado por renda dourada. Ao centro, observa-se um prato de pé alto em metal, sobre o qual repousa uma taça de cerâmica armoriada, contendo doce. Em frente, visualiza-se púcaro invertido em cerâmica vermelha, com bojo decorado por motivos elípticos e asa adornada com laço de fita. À direita, observa-se uma pequena caixa aberta, em madeira contendo doces, em forma de concha de

cor branca e vermelha (similares aos ovos moles de Aveiro?), decorados por alfinetes rematados por arabescos. Atrás da caixa e do prato de pé alto, observa-se uma bilha em cerâmica vermelha com o bojo decorado por motivos ovalados moldados. A asa e o bico são ornamentados por laços de fita e o colo adornado por grinalda de flores. Sobre o tampo da mesa estão espalhados doces e flores." Créditos da foto e texto: Casa-Museu Anselmo Braamcamp Freire - Santarém

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 48

Natureza Morta com Doces e Barros


CTT Quem conheça bem a alma lusa não estranhou que fossem os CTT Correios de Portugal a fazerem pela primeira vez em todo o mundo – em 1996 – uma série de selos postais comemorativos sobre a «Cozinha Tradicional Portuguesa, coordenada por José Quitério, o mais respeitado crítico de gastronomia do nosso País. Logo se seguiu uma série dedicada aos «Doces Conventuais», de mestre Alfredo Saramago, e outra, à faina maior da «Pesca do Bacalhau, e mais tarde, em 2004, uma emissão em louvor da «Viticultura Portuguesa» debaixo da batuta de João Paulo Martins. Mais perto de nós, evocámos em selos o «Pão Tradicional Português», os «Queijos Portugueses», os presuntos e enchidos típicos, com a emissão «Sabores do Ar e do Fogo», «O

Café» das nossas ex-colónias, a «Dieta Mediterrânica», os Sabores dos Países Lusófonos e os da Europa, e por aí fora. Muitos destes temas deram origem a livros com selos dentro, também editados pelos CTT, alguns dos quais são hoje raridades bibliográficas, vendendo-se em alfarrabistas por muitas vezes o preço original. Texto Dr. Raúl Moreira – Diretor de Filatelia dos CTT

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 49


Bibliotecas Municipais

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NONA ARTE | MARÇO 2020 - 51


NONA ARTE | MARÇO 2020 - 52


Sinalização DNG 2020, sabemos que esteve connosco OBRIGADO! 10 000 seguidores da página DNG 52 000 pessoas alcançadas 12 500 visualizações Confrarias, Museus, Cozinheiros, Bibliotecas Municipais,

Restaurantes,

Consumidores, Investigadores. Portugal esteve connosco!

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 53

Produtores,


Créditos das fotos pp. 5 Confraria dos Gastrónomos dos Açores e Confraria Gastronómica de Sever do Vouga pp.6 Confraria Gastronómica do Bolo Podre e da Gastronomia de Montemuro Olga Cavaleiro pp.7 Confraria do Bodo e Confraria do Bolo de Ançã pp. 8 Confraria do Bucho Raiano e Confraria da Marmelada de Odivelas pp.9 Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões Confraria Enogastronómica Sabores do Botaréu pp. 10 Confraria das Almas Santas, Olga Cavaleiro, Confraria Gastronómica Os Velhotes pp.11 Confraria dos Ovos Moles de Aveiro pp.12 Confraria da Raça Arouquesa e Confraria do Vinho de Lamas pp.13 Confraria da Moenga e Confraria da Lampreia de Penacova e Olga Cavaleiro pp.15 Real Confraria do Maranho, Confraria dos Sabores Poveiros, Confraria Gastronómica do Concelho de Ovar pp.16 Confraria dos Sabores da Abóbora e Confraria do Chícharo pp. 17 Confraria As Sainhas e Olga Cavaleiro pp.18 Confraria do Presunto e da Cebola do Vale do Sousa pp.19 Confraria dos Rojões da Bairrada e Confraria da Broa d´Avanca pp. 21 Confraria do Queijo Serra da Estrela pp. 22 Confraria da Caldeirada de Peixe e do Camarão de Espinho e Real Confraria da Cabra Velha pp.23 Confraria das Tripas à moda do Porto pp. 24 Confraria da Castanha pp.25 Confraria da Broa de Avintes e Olga Cavaleiro pp.26 Olga Cavaleiro e Turismo da Madeira pp.27 Confraria da Carne Barrosã pp. 28 Real Confraria da Matança do Porco e Olga Cavaleiro pp.29 Confraria Gastronómica O Moliceiro pp. 30 Confraria da Carne Barrosã, Confraria Gastronómica de Almeirim e Confraria de Lafões pp. 31 Confraria do Anho assado

NONA ARTE | MARÇO 2020 - 54


FEDERAÇÃO PORTUGUESA DAS CONFRARIAS GASTRONÓMICAS

NONA ARTE | JUNHO 2020- 55


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