Revista Petro & Química n°388

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Editorial

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Sumário

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Editorial

Dodô ou fênix? Em 2004, o documento Who Cares Wins, criado pelo Pacto Global da ONU em conjunto com o Banco Mundial, provocou as 50 principais instituições financeiras do mundo a refletirem sobre formas de integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais – e nasceu o conceito ESG, que abrange impactos sociais, ambientais e de governança. Mas é mais que boas intenções, é um conjunto de ações, que possibilita mudanças voltadas para um futuro sustentável e igualitário. E, como nasceu no colo dos bancos, tem tido grande influência nos rankings e notas, que se refletem em maior ou menor acesso a financiamentos. A diretiva é clara: minimizar os impactos negativos e potencializar os positivos, mas, ao se apropriar dessas ideias, pode expor práticas diametralmente contrárias, como mostrou o Reclaim Finance, através de sua ferramenta Oil and Gas Policy Tracker, que inclui 104 bancos, 30 seguradoras e 235 investidores, de 32 países. Dentre as quase 400 instituições financeiras avaliadas, menos da metade implementou políticas de exclusão de petróleo e gás, e “a maioria dos bancos, seguradoras e investidores continuam apoiando empresas com planos de expansão implacáveis”. Não apenas o sistema financeiro é acusado dessa divergência entre discurso e prática; algumas petroleiras também têm sido apontadas fazendo greenwashing, ainda que afirmem estar apenas realinhando portfólios, para se adequar à transição energética. Recente pesquisa, publicada por uma revista científica, mostra que quatro majors são responsáveis por 10% das emissões de carbono, desde 1965 e, até 2020, aumentaram sua atividade de exploração, ao mesmo tempo em que palavras como ‘clima’, ‘baixo carbono’ e ‘transição’ apareceram muito mais em seus relatórios. O estudo lembra que, apesar da Agência Internacional de Energia afirmar, em maio de 2021, que não podem haver novos desenvolvimentos de combustíveis fósseis se o mundo chegar a zero líquido, até 2050, uma análise financeira das majors estudadas revelou certa “dependência contínua do modelo de negócios de combustíveis fósseis, juntamente com gastos insignificantes e opacos em energia limpa”. Durante muito tempo, as principais decisões corporativas foram motivadas por dinheiro. Em todos os segmentos. Talvez para as indústrias químicas e petroquímicas, por conta de seu programa responsible care – que surgiu em 1985, depois do acidente de Bhopal (Índia) –, o movimento ESG foi quase um “adaptar-se” à sigla, mas ainda assim, estão alocando muitos de seus recursos e capital na sustentabilidade. As químicas também estão sob o escrutínio dos críticos, já que qualquer indústria pode melhorar seu desempenho ambiental, ao alienar operações mais sujas para outras empresas. Fato é que as preocupações ESG agora são impossíveis de serem ignoradas. Larry Fink, CEO da BlackRock, empresa que possui trilhões em ativos, é um dos líderes do movimento ESG e, em sua carta anual, afirma que a descarbonização da economia vai criar uma grande oportunidade de investimento. Ele pergunta: “à medida que a indústria se transforma pela transição energética, você seguirá o caminho do dodô ou da fênix?” Esta edição traz muita reflexão sobre a parte ambiental do movimento ESG, e um pouco do noticiário do período – completando nossa conversa diárias, pelas mídias sociais e semanais pelas newsletters. Ressalte-se que, até o final das eleições, é de lei evitar palavras de governos e estatais. Boa leitura O editor Colaboraram com informações e fotos as assessorias de imprensa

Próxima Edição: Inovação e Segurança www.editoravalete.com.br DIRETOR RESPONSÁVEL Waldir Rodrigues Freire DIRETORIA editoravalete@editoravalete.com.br

ASSINATURAS comercial@editoravalete.com.br DEPTO. COMERCIAL/ANÚNCIOS publicidade@editoravalete.com.br FINANCEIRO financeiro@editoravalete.com.br

ENDEREÇO Rua Siria,. 90 Pq. São Jorge São Paulo - SP CEP: 03086-040 Tel/Fax: (11) 2292.1838 / 3798.1838

REDAÇÃO Teresinha Cehanavicius Freire - Diretora redacao@editoravalete.com.br ISSN: 0101-5397

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Sumário

Índice Matérias de capa

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Compromissos na prática

Petróleo & Gás Matérias de capa

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Compromissos devem ser transparentes e mercado deve estar atento a greenwashing

70 Sustentabilidade no centro de tudo

40 Descomissionamento ganha relevância em tempos de ESG

Artigo 74 O impacto do ESG nas políticas de sustentabilidade e inovação em pequenas médias e grandes empresas

Notícias

Abiquim trabalha para o Brasil dos sonhos

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Artigos 45 48 49 50

ESG como valor compartilhado à sociedade “Sem engajamento, o Compliance fracassa”, diz especialista ESG é uma oportunidade de humanização Um mundo sem petróleo é o mito da atualidade

Especial 33 Analitica Latin America trouxe inovação para laboratórios e controle de qualidade 34 ABRAFATI SHOW debateu sustentabilidade e inovação

Seções 6 10 24 49

Agenda/Gente Jornal Empresas & Negócios Produtos e Serviços

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75 Altera&Ocyan assina com a 3R Petroleum para manutenção e operação dos ativos de Papa Terra 76 Unidade experimental de forno de craqueamento eletrônico 76 Navio Amazon de última geração McDermott 77 Maersk Supply Service construirá embarcação pioneira de instalação eólica para Equinor e bp 78 ANP realiza audiência pública sobre comunicação de incidentes 78 Shell assina contrato de partilha de produção para o campo de Atapu no Brasil 79 Aumenta número de poços exploratórios perfurados 79 ABS explora o potencial de segurança do FPSO da Digital Technologies 80 Equinor e Naturgy se unem para explorar o desenvolvimento eólico offshore na Espanha 81 RenovaBio: redução das metas 82 Início da produção da primeira fase de desenvolvimento de Mero 82 Consórcio de Libra iniciou produção do FPSO Guanabara, em Mero 83 Chevron e BP se unem ao Centro Global para Descarbonização Marítima 84 Idemitsu reestrutura e fecha refinaria 84 Mitsubishi Power assina acordo de descarbonização com a egípcia ANRPC 85 Repsol Sinopec Brasil divulga Plano de Sustentabilidade 2021 86 ANP aprova consulta e audiência públicas para adoção de medida preventiva em relação a estoques de diesel A S-10


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Agenda / Gente

2022

julho

www.intermach.com.br

Metalurgia 2022 05 a 08 de julho – Joinville-SC www.metalurgia.com.br

Rio Oil & Gas 26 a 29 https://www.riooilgas.com.br/

agosto

outubro

13ª. MecShow 02 a 04 – ES www.mecshow.com.br

K´22 19 a 26 – Alemanha www.k-online.com

Fenasucro & Agrocana 16 a 19 – Sertãozinho-SP www.fenasucro.com.br

EXPO IAS 2022 – Conferência do Aço 25 a 27 – Argentina www.siderurgia.org.ar/conf22/

Argentina Frac Sand Logistics 29 e 30 – www.argentina.frac-sand-conference.com

29º Congresso Internacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore 25 a 27 – Rio de Janeiro https://eventos.galoa.com.br/sobena-2022/page/1703-home

setembro AOG Patagônia 07 a 09 – Argentina www.aogpatagonia.com.ar

novembro

OGAD – AUTOMATION AND DIGITALIZATION CONFERENCE 2022 12 a 14 – evento digital www.ogad-conference.com FPSO World Congress 12 a 15 – Singapura https://www.fpsonetwork.com/events-fpsoworldcongress 33ª. Fenasan – Feira de Saneamento 13 a 15 – SP www.fenasan.com.br Intermach 13 a 16 – Joinville-SP

DIGITAL TRANSFORMATION 2022 01 e 02 – evento digital www.digital-transformation-conference.com FPSO Brazil Congress 2022 7-9 – Rio de Janeiro, Brasil https://www.fpsonetwork.com/events-fpsobrazilcongress

2023

setembro Congresso Mundial de Petróleo 17-21 – Calgary, Canadá www.24wpc.com

* Mais notícias e eventos nas nossas redes sociais

OEC tem novo diretor financeiro

Gente

O Conselho de Administração da OEC aprovou o nome de Lucas Cive Barbosa, para assumir a função de Diretor de Finanças e Tecnologia da Informação da construtora. Ele assume o cargo a partir do dia 6 de junho, substituindo o atual CFO, Jayme Fonseca, que conclui seu ciclo de 29 anos de importantes serviços prestados ao Grupo Novonor. A escolha do novo diretor teve validação da consultoria norte-americana Russell Reynolds, após realização de assessment. Lucas é formado em Administração de Empresas pela USP, e possui mestrado pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology). Nos últimos quatro anos, ocupou os cargos de Diretor Executivo na consultoria Alvarez & Marsal, Diretor Geral no Banco BBC Digital, Diretor Financeiro na Simpar, e Diretor de Planejamento Estratégico, na holding JSL S.A. Entre os anos de 2005 e 2018, já havia atuado em empresas do Grupo Novonor, como Braskem, Odebrecht Participações e Investimentos, Concessionária Rota das Bandeiras, CNO e OEC. 6

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Elkem tem novo vice-presidente para divisão de Silicones

Larry Zhang foi nomeado novo vice-presidente sênior da divisão de Silicones da Elkem, um player global líder em fabricação de silicone, totalmente integrada. Ele ficará baseado em Xangai, na China. O Sr. Zhang era Vice-Presidente de Operações na divisão de Silicones da Elkem, e Diretor da região Ásia-Pacífico. Ele tem uma experiência de liderança significativa na China National Bluestar, e é formado em engenharia pela Central South University. Isso segue a nomeação anunciada anteriormente de Frederic Jacquin, como vice-presidente sênior de estratégia e desenvolvimento de negócios da Elkem, a partir de 1º de março de 2022.


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Jornal

Sudeste registra alta histórica no frete rodoviário, após escalada do diesel Após sucessivos aumentos no diesel, o preço do frete rodoviário finalmente começa a dar indícios de alta, porém, sem acompanhar a escalada de preço do combustível. É o que aponta a edição de maio do Índice Fretebras do Preço do Frete (IFPF). Entre maio de 2021 e maio de 2022, o custo do transporte, por quilômetro rodado, por eixo, no Sudeste, atingiu alta recorde de 7,20%, desde fevereiro de 2021, quando o índice começou a ser divulgado, enquanto o preço do diesel S500, no mesmo período, subiu 51,16%. Com a nova alta de 14,26%, anunciada em 17 de junho pela Petrobras, a expectativa da Fretebras é de que os caminhoneiros autônomos intensifiquem as negociações dos fretes, para tentar compensar a escalada no custo do transporte. Diante deste cenário, a Fretebras realizou uma enquete com mais de 1.300 motoristas, no dia 17/06, e o resultado mostra que 44,8% dos participantes diz que considera deixar a profissão em breve, devido ao aumento nos custos do transporte. “Apesar das iniciativas do governo de gerar mudanças positivas, neste cenário de diesel muito alto, como o teto do ICMS e a redução do gatilho nos ajustes da tabela de preço mínimo, a verdade é que o principal fator que influencia no valor dos fretes é a lei de oferta e demanda. Se os caminhoneiros não aceitarem mais viajar a um preço que não compensa, naturalmente, o valor do frete vai aumentar. Está nas mãos dos próprios caminhoneiros a força para influenciar o preço no curto prazo, porém, para isso, eles precisam saber calcular bem os custos do trajeto”, explica o diretor de Operações da Fretebras, Bruno Hacad. Segundo o executivo, o cenário é de desafio, no dia-a-dia dos caminhoneiros, que cada vez mais precisam estar atentos e fazer as contas, para entender quando um frete vale a pena ou não. Eles são os maiores impactados, e tudo indica que o motorista autônomo tem negociado mais e melhor, usando mais informações como referência para a sua negociação. “Nós entendemos a real dificuldade do caminhoneiro em fazer o cálculo dos gastos. Por isso, incluímos, no nosso aplicativo, uma calculadora de custo do frete, que permite a qualquer motorista saber a despesa do trajeto, antes de ne-

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gociá-la. Outro fator que dá mais poder de negociação para o motorista é ter muitos fretes à disposição. Nós notamos que nossos caminhoneiros parceiros têm rodado com mais lucro, justamente porque podem escolher entre milhares de fretes, que temos disponíveis na nossa plataforma. É um reequilíbrio na balança das negociações”, completa. A região Sudeste apresentou um dos valores mais altos do frete no mês de maio: R$ 1,04 por km rodado, por eixo, acima da média nacional, que foi de R$ 1,02. Entre abril e maio deste ano, o preço do frete subiu apenas 0,91% na região, enquanto o valor do diesel teve crescimento de 3,35% no Sudeste, reforçando essa disparidade entre os reajustes. No cenário nacional, entre maio de 2021 e maio de 2022, o custo do transporte por quilômetro rodado, por eixo, atingiu alta recorde de 3,79%, enquanto o preço do diesel S500, no mesmo período, subiu 53,11%. De abril para maio de 2022, também houve um maior aumento do diesel (+3,67%), em relação ao preço do frete, que ficou praticamente estável (+0,98%). A região Sul apresentou a segunda maior alta no frete rodoviário, de 4,10%, outro recorde registrado pelo índice no comparativo anual. O setor que puxou a alta no valor do frete foi o de transportes de produtos industrializados (+4,17%), não à toa as regiões mais industrializadas do País acompanharam essa tendência. Os dados que compõem o Índice Fretebras de Preço do Frete (IFPF) têm base na análise de cerca de 4 milhões de fretes cadastrados, até maio de 2022. A plataforma conta com mais de 700 mil caminhoneiros cadastrados, e 18 mil empresas assinantes. Os fretes publicados cobrem 95% do território nacional. Foram analisados também os preços de combustíveis publicados pela ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis –, principal índice de preço de combustíveis no Brasil.


Jornal

Bayer vende seu negócio Environmental Science Professional A Bayer e a Cinven firmaram um acordo definitivo sobre a venda do negócio de Environmental Science Professional da Bayer, por um preço de compra de US$ 2,6 bilhões (2,4 bilhões de euros). “Este desinvestimento representa um preço de compra muito atraente, e nos permite focar em nosso negócio agrícola principal e na implementação bem-sucedida de nossa estratégia de crescimento da Divisão Crop Science”, disse Rodrigo Santos, Membro do Conselho de Administração da Bayer AG e Presidente da Crop Divisão de Ciências. A Environmental Science Professional é líder global em soluções ambientais para o controle de pragas, doenças e ervas daninhas em áreas não agrícolas, como controle de vetores, manejo profissional de pragas, manejo de vegetação, silvicultura, grama e plantas ornamentais. Em 2021, a empresa tinha aproximadamente 800 funcionários apoiando operações e vendas, em mais de 100 países. Está sediada em Cary, Carolina do Norte, EUA. A Bayer anunciou sua decisão de alienar o negócio em fevereiro de 2021. “Impulsionada por uma crença compartilhada em pessoas e propósitos, a Cinven permitirá que o negócio Environmental Science Professional avance, em direção à sua visão de ambientes saudáveis para todos, em todos os lugares. Esta-

mos convencidos do foco da Cinven e seu compromisso com o potencial de crescimento de longo prazo para o negócio e seu pessoal”, disse Santos. A transação deverá ser concluída no segundo semestre deste ano, sujeita ao cumprimento das condições habituais de fechamento. Seus recursos líquidos serão usados para reduzir a dívida financeira líquida da Bayer. “O negócio Environmental Science Professional da Bayer é líder global em um setor altamente atraente e crítico. Agradecemos à Bayer pela confiança que depositaram na Cinven, e planejamos construir sobre as bases sólidas estabelecidas pela Bayer, investindo significativamente nela”, disse Pontus Pettersson, sócio e chefe industrial da Cinven. “Como uma empresa de investimento global estabelecida há muito tempo, a Cinven está bem-posicionada, para continuar a impulsionar a inovação, e acelerar o crescimento da Environmental Science Professional, incluindo a entrega de soluções digitais e habilitadas para dados, além de tornar os negócios mais ágeis na resposta às necessidades únicas de seus mercados e clientes”. O BofA Securities atuou como consultor financeiro da Bayer, enquanto Hengeler Mueller atuou como consultor jurídico.

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Jornal

Cresce oportunidade de universalização do saneamento básico Desde a aprovação do Projeto de Lei (PL) 14.026/2020, conhecido como o novo Marco Legal do Saneamento Básico, os investimentos na melhora da qualidade de água e do esgoto aumentaram em 1.000%. Esse dado foi disponibilizado e publicado pelo Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR), como forma de calcular os impactos do marco no incentivo à melhora do resultado, encontrado ano passado pelo Instituto Trata Brasil. Na época, a instituição identificou 100 milhões de brasileiros sem esgoto tratado, e 35 milhões sem água tratada. O projeto de lei estabeleceu como uma de suas prioridades a definição de metas para a universalização dos serviços de saneamento básico até 2023. O mesmo texto também considera necessário garantir que 99% da população tenha acesso à água potável, e 90% à água tratada e à coleta de esgoto. Entretanto, segundo o Ministério, são precisos R$ 70 bilhões de investimentos, por ano, para alcançar essa meta. Segundo Gislaine Zorzin, diretora administrativa da Zorzin Logística, transportadora especializada em produtos químicos e perigosos, o Marco Legal do Saneamento tem, como proposta, o incentivo à inclusão de novos atores na movimentação do mercado de tratamento de água. “Para que o direito básico ao saneamento básico seja alcançado, além de tempo, precisamos de incentivo aos setores envolvidos, sobretudo na garantia de segurança jurídica e de competitividade entre eles, fator implementado após a aprovação do marco”, afirma a gestora. A universalização do acesso à água de qualidade é uma pauta, não apenas para o desenvolvimento social, mas econômico também. De acordo com Organização das Nações Unidas (ONU), cada dólar investido em água e em esgoto gera em torno de 3 a 34 dólares de retorno à economia nacional. O fornecimento de água potável envolve a participação e a fiscalização do padrão de qualidade de outros setores. O processo de limpeza nas estações de tratamento necessita do cloro e de seus derivados, o que, por sua vez, demanda o trabalho da indústria química, assim como de suas associações e de seus órgãos fiscalizadores, para manter a frequência de atividade nessas localidades. A indústria de cloro-álcalis tem crescido no Brasil, devido à retomada da construção civil. Levantamento realizado pela Abiclor mostra que, em 2021, a produção de cloro atingiu a marca de 936,4 mil toneladas. Além disso, a construção civil registrou, no mesmo período, uma taxa de crescimento

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de 7,6%, a maior em 10 anos, segundo estimativa da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). “Fora o retorno do setor de construção, teremos um aumento do consumo e da distribuição de cloro e de soda cáustica, motivado pelo avanço da fiscalização para o cumprimento das metas de saneamento instituídas no novo marco legal. Prevemos um ano de muitas oportunidades para o transporte rodoviário de cargas, tanto para os nossos clientes, quanto para nós”, afirma Gislaine. “Por outro lado, esse benefício vem acompanhado da responsabilidade de estar preparado para cumprir todas as exigências de segurança dessa classe de mercadorias”, complementa a diretora da Zorzin Logística. As transportadoras e os operadores logísticos que operam nesse nicho de mercado precisam trabalhar em conjunto com os embarcadores, para se manter atualizados em relação à documentação ambiental necessária para certificar a qualidade do seu serviço. Além disso, a empresa precisa realizar, periodicamente, treinamentos de conscientização com os seus colaboradores, para evitar acidentes nas estradas e deixar os seus equipamentos de proteção individual (EPIs), sempre renovados e em boas condições de uso. São muitos fatores para administrar, e cada um deles deve ser analisado com muita atenção pelos envolvidos na cadeia produtiva. Para nos ajudar com a produção e com a difusão de conhecimentos relacionados a esse tipo de operação, as transportadoras contam com o suporte ativo de terceiros. Gislaine, como integrante da Comissão de Manuseio e Transportes da (CMT) da Abiclor, conta que o trabalho desenvolvido pelas associações do setor é determinante para o estabelecimento dos procedimentos na Zorzin. “Procuramos estar sempre atentos aos acontecimentos do mercado, e a participação em entidades é uma das melhores formas de estarmos atualizados dessas novidades. Além de proporcionarem um extenso leque de serviços de treinamento, elas têm um grupo de consultores experiente, para nos ajudar com a melhora da nossa credibilidade. Neste ano, para exemplificar, assinamos, junto à Abiclor, o protocolo de intenções da Cetesb, afirmando o nosso compromisso na redução da quantidade de carbono na atmosfera. Mesmo que o segmento no qual trabalhamos tenha muitos desafios e exigências a cumprir, contamos com a ajuda de pessoas engajadas em auxiliar, uns aos outros, na garantia de segurança da carga e na prevenção de acidentes com pessoas e animais”, finaliza Gislaine.


Jornal

Vallourec na iniciativa norueguesa de pesquisa energética HYDROGENi

Dando continuidade ao seu compromisso de desenvolver soluções e expandir o conhecimento para a transição energética, a Vallourec se orgulha de participar do HYDROGENi da Noruega: um novo centro de pesquisa de energia, amiga do meio ambiente (FME), dedicado a hidrogênio limpo e transportadores de energia baseados em hidrogênio. Os transportadores de energia limpos à base de H2, como a amônia (NH3), são cruciais para atingir emissões líquidas zero, até 2050, e é necessário um grande aumento em termos de pesquisa e inovações para atingir essa meta. Este é o principal objetivo do centro de pesquisa HYDROGENi na Noruega, que recentemente recebeu o apoio do investimento do Conselho de Pesquisa da Noruega. A proposta HYDROGENi recrutou um forte grupo de mais de 50 parceiros industriais e acadêmicos em toda a Europa, para reunir forte conhecimento e experiência em todo o campo, a fim de preencher as lacunas técnicas atuais, e contribuir para o desenvolvimento de novas inovações para o mercado de hidrogênio. É neste contexto que a Vallourec decidiu participar do projeto, fornecendo à HYDROGENi suporte técnico e empresarial, bem como resultados de estudos independentes e de pesquisas relacionadas ao projeto. O centro HYDROGENi será liderado por Nils Røkke, do SINTEF, uma das maiores organizações independentes de pesquisa

do norte da Europa. “O forte apoio da indústria demonstra a relevância das atividades temáticas do centro, com sua rede e links internacionais inigualáveis. Nosso objetivo é estabelecer o HYDROGENi como um farol para a pesquisa europeia na área de hidrogênio, com base em nosso portfólio considerável de programas e iniciativas financiados pela UE, que criam um verdadeiro valor agregado”, diz Røkke. O trabalho do centro para construir uma economia sustentável de hidrogênio se concentrará em quatro áreas principais de pesquisa: produção econômica e escalável; transporte e armazenamento na Noruega e na Europa; tecnologias de uso final; e segurança e integridade material. A Vallourec já está profundamente engajada em trabalhos de pesquisa e teste em aplicações de hidrogênio, com foco principal em segurança e integridade de materiais. Em particular, o grupo está validando materiais para transporte e armazenamento seguro de hidrogênio, e qualificando a estanqueidade das conexões VAM 21 para garantir o armazenamento subterrâneo seguro de hidrogênio. “Estamos orgulhosos de contribuir para o trabalho de pesquisa da HYDROGENi, promovendo conhecimento e inovações que beneficiarão toda a indústria e o futuro da energia na Europa”, afirma Vincent Designolle, Diretor de Cluster de Hidrogênio na Vallourec.

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Detecção de fogo

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RCGI garante espaço em fóruns internacionais de normatização

Não basta desenvolver tecnologias que ajudem a diminuir os impactos das mudanças climáticas: é preciso estar atento ao processo de regulamentação técnica que, entre outros aspectos, envolve a criação de normas e legislação. Isso é necessário para atestar a eficiência da inovação, e garantir sua inserção no mercado internacional. “Nesse movimento regulatório, quem sai na frente tem a prerrogativa de ditar as regras e o RCGI tem tudo para competir em nível de igualdade com seus pares internacionais”, afirma o engenheiro Alberto J. Fossa, coordenador de um projeto que tem o objetivo de elaborar propostas de marcos legais, regulatórios e de normatização internacional, para as tecnologias que vem sendo desenvolvidas pelo Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI). Os pesquisadores trabalham em duas frentes no projeto. Uma delas envolve normatização e cenário internacional. Assim, desde o ano passado, a equipe comandada por Fossa vem mapeando os fóruns de discussão, comitês técnicos e grupos de trabalho envolvidos com normatização mundo afora. “Precisamos construir uma base operacional para entender e começar a articular possibilidades de participação do RCGI na área técnica normativa, em nível mundial”, justifica. A outra frente do projeto envolve a esfera legal. “Observamos todo o cenário e a infraestrutura regulatória de leis, decretos e portarias, que pode ser utilizada para facilitar a introdução no mercado externo de determinada tecnologia ou serviço que estamos desenvolvendo no RCGI”, prossegue Fossa. De acordo com o pesquisador, há uma série de lacunas de normalização técnica e legislação, no mundo, em torno de tecnologias voltadas ao combate de mudanças climáticas, a exemplo daquelas empregadas na captura, utilização e armazenamento de carbono. “Nossa meta é fazer com que o RCGI chegue a esses fóruns de discussão internacionais como um centro robusto, capaz de articular e ditar regras em determinadas áreas, para influenciar inclusive os outros países.” De acordo com o pesquisador, é fundamental ser ágil nesses quesitos, para obter competitividade no cenário internacional. “Vamos supor que o Brasil esteja desenvolvendo determinada tecnologia, a exemplo dos países A e B. O país B chega a uma solução interessante e, sem perder tempo, leva esse achado para ser discutido em fóruns mundiais de normatização. Essa norma, validada a partir de consenso internacional, pode passar a valer para todos os países”, aponta. O especialista lembra que, além das barreiras tarifárias, uma inovação tecnológica se depara com outro obstáculo. “Uma forma sutil de proteger o mercado interno é por meio da regulação técnica. É por isso que os países desenvolvidos se preocupam tanto com essa questão, e querem deter o domínio normativo de uma descoberta científica”. Segundo ele, os países da comunidade europeia costumam organizar blocos temáticos para participar dos fóruns e demais discussões no cenário internacional. “O Mercosul também poderia fazer isso, mas não se vê essa articulação entre os países da 12

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América do Sul”, lamenta. Entrar nesses espaços não é tarefa fácil. “Há uma série de trâmites burocráticos, e a participação de uma instituição do nosso país em fóruns internacionais precisa ser aprovada pela ABNT, associação independente que faz a ponte entre o Brasil e a comunidade que discute a regulamentação técnica no mundo”, diz Fossa. Essa comunidade não é apenas composta por cientistas. “As grandes companhias encaram o aspecto regulatório de forma estratégica. Infelizmente, isso não acontece no Brasil. O resultado é que acabamos adotando soluções e demandas tecnológicas que, por vezes, não tem a ver com a realidade do país”. De acordo com o pesquisador, a despeito das dificuldades e barreiras enfrentadas em termos de normatização, o país tem sido protagonista no debate internacional em determinadas áreas. É o caso do ESG, sigla em inglês que significa environmental, social and governance, e corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. “A ISO – International Organization for Standardization – acabou de criar um fórum, para definir de forma detalhada os preceitos e as metodologias organizacionais que envolvem esse conceito. E o Brasil, por meio da ABNT, está como um dos principais participantes desse fórum”, conta. “Porém, de forma geral e tendo em vista o amplo espectro de possibilidades nesse sentido, nossa participação ainda é muito tímida. O país ainda precisa avançar muito nesse sentido, e o RCGI pode contribuir para isso”, defende. Hoje pesquisador visitante do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), Fossa começou a se especializar em normalização técnica nos anos 1990, quando trabalhava para empresas multinacionais. Na década de 2000, tornou-se chefe da delegação brasileira do grupo de discussão voltado à gestão de energia, dentro do Fórum Internacional de Normalização da ISO, onde, no momento, é vice coordenador geral. “Trata-se do principal fórum no mundo, voltado ao fomento de gestão de energia vinculado ao combate de mudanças climáticas”, explica. Entre os anos de 2015 e 2020, Fossa participou do Projeto sobre estudos de benchmark sobre abatimento de CO2 na Indústria do Gás Natural – Normalização, Metodologias de cálculo e protocolos para economia de energia e abatimento de CO2 –, também realizado no âmbito do RCGI, sob coordenação de Edmilson Moutinho dos Santos, professor do IEE-USP. “Na época, nossa meta foi elaborar um arcabouço regulatório normativo, que ajudasse a promover a eficiência energética da cadeia de petróleo e gás no Brasil, e analisasse os impactos da gestão de energia na contabilização de redução de emissão de gases de efeito estufa”, conta Fossa. A ideia se desdobrou no programa Advocacy, do RCGI, criado no ano passado e coordenado por Santos. “O objetivo do programa Advocacy é justamente oferecer aos projetos de pesquisa do RCGI suporte nas áreas regulatória, legal e normativa”, explica o especialista.


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Avanço de Concessões e PPPs exigirá obras de infraestrutura A agenda de leilões municipais e estaduais no saneamento e as novas regras de concessão para as ferrovias devem concentrar boa parte das oportunidades de novos negócios em infraestrutura, no biênio 2022/2023. De olho nessa movimentação de mercado, a Telar Engenharia, uma das pioneiras da iniciativa privada em concessões de serviços públicos no país, está em busca de parcerias estratégicas. A expectativa da Telar é ampliar seu faturamento em 20% até o final de 2022, exclusivamente no segmento privado. Para conquistar essa fatia maior de mercado, a Telar aposta em alta performance e custo competitivo. Somente na aquisição de equipamentos tecnológicos de última geração, foram investidos, em 2021, mais de R$ 20 milhões. Nos últimos meses, a Telar ganhou concorrências que ampliaram sua carteira de contratos . O grupo de engenharia sediado em São Paulo foi contratado para executar obras da Companhia de Água e Esgoto do Ceará – Cagece, em Juazeiro do Norte, e para obras no trecho entre Brás e Barra Funda, na linha 13 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – CPTM, em São Paulo. Em 2021, a Telar já havia construído a estação João Dias, da Linha 9 Esmeralda da CPTM, após ter vencido concorrência realizada pelo grupo Brookfield, que custeou a maior parte do projeto, em uma inédita parceria da iniciativa privada com a esfera pública. Desde setembro último, o equipamento público está a serviço da população. Ainda no saneamento, a Telar está executando, na Colômbia, obras de drenagem urbana, necessárias à implantação de linha de Metrô da cidade de Bogotá. No segmento de PPPs de habitação, a Telar já possui uma parceria com a Engeform Engenharia Ltda. Ambas são acionistas únicas da SPE (Sociedade de Propósito Específico) Teen Imobiliário. A concessionária é titular de dois contratos na PMSP – Prefeitura da Cidade de São Paulo. No escopo destes compromissos, serão construídos mais de 3,8 mil apartamentos, a maior parte enquadrada como moradia de interesse social, destinados a pessoas com renda mensal a partir de um salário-mínimo e cadastradas na Cohab, Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo, empresa da Prefeitura da capital paulista. Com mais de 440 obras entregues, a Telar dispõe de sólido acervo técnico, que a qualifica, tanto para participar de licitações

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@Divulgação

de grandes obras de infraestrutura, como para disputar conces@Divulgação sões em sociedade com outras empresas. Além disso, o Grupo já foi acionista de concessões de serviços de produção de água potável, construção e operação de unidades de Poupa Tempo; assim como acionista, por mais de 10 anos, de concessionária de rodovias no interior do estado de São Paulo. Esta última operação vendida para a CCR, em 2010. “Acreditamos que o mercado de obras de infraestrutura vai crescer muito, em futuro próximo, especialmente se houver expressiva evolução das concessões e PPPs de serviços públicos”, avalia Marco Botter, CEO da Telar. Botter considera que a aproximação entre público e privado se tornou uma necessidade, em função da crise fiscal e da restrição de recursos das empresas públicas para investir em infraestrutura. Essa tendência fez com que o investimento contratado em concessões, apurado pelo Ministério da Infraestrutura, atingisse R$ 89 bilhões, entre 2019 e 2021, e a perspectiva do próprio governo é a de alcançar mais R$ 165,5 bilhões, este ano. Na área de ferrovias, pretende-se contratar R$ 55,79 bilhões. Sancionado em dezembro, o novo Marco Legal do setor permite a concessão por autorização, para a construção de novos trechos ferroviários. Com o novo regime, espera-se uma expansão que há muito tempo não acontece em obras de ferrovias. Publicado em julho de 2020, o Marco Legal do Saneamento já está proporcionando uma alta de investimentos, num setor que apresenta grande déficit de cobertura dos serviços essenciais de água e esgoto. Somente no ano passado, os investimentos comprometidos em leilões alcançaram R$ 46 bilhões.


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Adecoagro realiza a primeira emissão de certificados GAS-REC no Brasil A Adecoagro, uma das principais empresas de alimentos e produção de energia renovável da América do Sul, anuncia a primeira transação de Certificados de Gás Natural Renovável, os chamados GAS-REC, neste mês de março, para a Metso Outotec. Com sede na Finlândia e atuação em 50 países, a empresa compradora é pioneira em tecnologias sustentáveis, soluções e serviços para os setores de processamento de minerais, agregados e refino de metais em todo o mundo. Ao todo, foram emitidos 25 mil certificados nesta primeira negociação, que correspondem a 1 milhão de BTU por certificado (equivalentes a 29,4 Nm3 de metano). A planta de biogás da Adecoagro, instalada na Usina Ivinhema no Mato Grosso do Sul, em parceria com a Methanum, foi a primeira unidade do Brasil a ser certificada pelo Instituto Totum no Programa de Certificação de Gás Natural Renovável. Este programa realiza o sistema de rastreamento por meio de entradas e saídas, e assegura que não existe dupla-contagem, nem duplo beneficiário, do atributo ambiental do biogás ou biometano. Para Renato Junqueira Santos Pereira, Vice-presidente de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro no Brasil, além de ser um importante pilar de ESG da Companhia, a comercialização do GAS-REC é uma estratégia para potencializar alternativas e novos modelos de negócios, pautados pela produção sustentável. “Realizamos a primeira transação de Créditos de Descarbonização, os CBIOs, na B3 e, agora, a primeira comercialização de certificados de GAS-REC. Além do potencial de expansão do Programa, que, neste momento, utiliza cerca de 4% da produção de biogás da unidade, desenvolvemos uma estratégia que contribui diretamente com a proposta assinada por mais de 100 países, incluindo o Brasil, na COP26, de reduzir em até 30% as emissões de metano (CH4), entre 2020 e 2030”, ressalta o executivo. A fabricação de biogás da Adecoagro é realizada através da vinhaça concentrada, destinada a um aquecedor, que troca calor com a água da turbina de condensação, gerando menor consumo de vapor, e uma exportação de energia adicional de 6 mil MWh/ano. A Companhia conta ainda com um acordo com a GEF Biogás Brasil – liderado pelo Ministério

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da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) – e implementado pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, com foco em iniciativas de interesse da área agroindustrial, relacionadas à produção de biogás. “Empresas consumidoras de gás estão em busca de certificados de origem que atestem sua contribuição para a produção de biocombustíveis, e o GAS-REC tem esse objetivo: diminuir a pegada de carbono das empresas consumidoras”, indica Fernando Giachini Lopes, Diretor do Instituto Totum, idealizador do Programa e responsável pela certificação. “Em linha com nossas metas e iniciativas globais relativas à redução de CO2, decidimos dar início ao processo de aquisição de Certificados de GASREC junto a Adecoagro para nossas operações do Brasil. Atualmente, temos 90% do nosso consumo global de eletricidade coberto por Certificados de Energia Renovável (REC, iREC e GO), porém, essa se trata da primeira iniciativa da Metso Outotec referente ao GAS-REC. A expectativa é muito positiva, considerando as reduções das nossas emissões globais de CO2, bem como a possibilidade de ampliarmos a quantidade de certificados e abrangência desta iniciativa para outras operações do Brasil”, comenta Felipe Maldonado Antunes, Diretor de Meio Ambiente – Metso Outotec Finland.


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Brasil e Guatemala estreitam cooperação para uso do etanol “A Guatemala está pronta para aderir a um programa de etanol, e se juntar a mais de 60 países no mundo, que já utilizam o biocombustível em sua matriz de transportes. Criaremos, assim, um mercado mundial para o etanol, e transformarmos o biocombustível em commodity com valor global”, destacou a embaixadora do Brasil na Guatemala, Vera Cíntia Álvarez, na abertura da primeira edição do Sustainable Mobility: Ethanol Talks Guatemala. O evento, promovido pela UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar –, em parceria com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA), e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), reuniu, na Cidade da Guatemala, especialistas, autoridades e pesquisadores, do Brasil e da Guatemala, para discutir os benefícios e os desafios relacionados à implementação de uma mistura de 10% de etanol na gasolina pelo país da América Central. Durante a abertura, o ministro de Energia e Minas da Guatemala, Alberto Pimentel, destacou que o Ethanol Talks possibilita uma oportunidade de aprendizado com a experiência brasileira e contribui para o desenho de uma política de utilização e mistura de etanol na Guatemala. “Produzimos etanol, mas não o utilizamos. Deveríamos tirar mais proveito dos benefícios do biocombustível, mas acredito que o futuro na Guatemala será muito mais verde, num curto espaço de tempo”, reforçou o ministro. A Guatemala discute atualmente a implementação de um nível de mistura de 10% de etanol na gasolina. A realização dos seminários Ethanol Talks no país tem como objetivo contribuir com a experiência brasileira na produção, distribuição e uso do etanol nas mais diversas áreas, como política pública, tecnologia, meio ambiente e saúde pública. “Estamos vendo que, mais uma vez, esse formato do Ethanol Talks traz ganhos impressionantes. Para nós, brasileiros, fica reforçado o grande ativo que temos no país, que é a produção, o consumo e o incremento desses parques de bioenergia em que nossas usinas estão se transformando. Por outro lado, é fantástico ver como a gente pode contribuir com os países que desejam elevar ou implementar a participação do etanol na sua matriz de transportes”, ressaltou o presidente da UNICA, Evandro Gussi.

Emissões evitadas Atualmente, mais de 60 países no mundo já possuem mandatos que estabelecem algum nível de mistura de etanol na gasolina. No Brasil, o uso de etanol por quase 50% dos carros do Ciclo Otto (veículos leves) evitou a emissão de 600

milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Na Guatemala, com uma política efetiva que implemente a mistura de 10% de etanol na gasolina, é possível evitar a emissão de aproximadamente 250 mil toneladas de CO2 anualmente. A medida contribuiria para o país centro-americano atingir os compromissos assumidos no Acordo de Paris. A meta dos guatemaltecos é diminuir 11% de suas emissões globais de CO2, até 2030. “A Guatemala é uma país que está pronto para iniciar um programa de etanol. Há muito interesse do governo em ter uma matriz energética, uma matriz de transportes mais limpa. Este evento que estamos organizando aqui tem tido um resultado muito positivo, e deve redundar em um processo contínuo de colaboração entre os dois países, de estreitamento e fortalecimento da nossa relação. Hoje, é o início de uma longa caminhada, que esperamos que será muito bem-sucedida”, ressaltou Eduardo Leão de Sousa, diretor-executivo da UNICA. De acordo com a diretora-executiva da Associação de Combustíveis Renováveis da Guatemala (ACR), Aída Lorenzo de Juaréz, o potencial para implementação de mistura é evidente, e o Brasil pode contribuir para tornar essa política uma realidade. “Acredito que esse evento é muito importante para nosso país, porque abre os olhos de muitas pessoas que não conhecem o tema, abre os olhos para todos os benefícios que poderíamos ter, e que hoje em dia não estamos tendo”, disse Juaréz. O cultivo de cana-de-açúcar é um dos principais motores da economia guatemalteca, com exportação de 70% da produção de açúcar – o país é o sexto maior exportador do produto. A capacidade instalada para etanol é de 246 milhões de litros, por ano. Para misturar 10% de etanol na gasolina do país, são necessários 238 milhões de litros, por ano. Há um excedente de melaço, que atualmente não é transformado no biocombustível.

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Unipar anuncia a construção de nova fábrica na Bahia

A Unipar vai construir uma nova fábrica, com capacidade instalada de cerca de 10 mil toneladas/ ano de cloro, devendo investir cerca de R$ 140 milhões na nova planta, que será implementada no Polo Petroquímico de Camaçari (Bahia). “Seguimos buscando oportunidades de crescimento em três eixos: expansão do negócio principal (cloro e derivados, soda cáustica e PVC); ampliação em negócios adjacentes, e entrada em novos negócios na química básica e petroquímica”, conta Mauricio Russomanno, CEO da Unipar. A empresa planeja começar as obras no segundo semestre deste ano, e estima que a unidade produtiva estará pronta em até 24 meses. Após a implantação do projeto, a Unipar passará a contar com quatro plantas industriais: uma na Argentina e três no Brasil – duas em São Paulo e a nova unidade na Bahia. A Abiclor aponta que o novo Marco Legal do Saneamento Básico (Lei 14.026/2020) está provocando uma reestruturação dos setores produtivos ligados aos serviços de saneamento, desde a indústria de máquinas, até a indústria química. Isso ocorre porque a meta de universalização do saneamento básico, até 2033, vai ampliar consideravelmente a demanda por equipamentos e produtos. O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – elaborou estudo para quantificar a importância do setor químico neste cenário. Como exemplo, estima-se que serão necessários pelo menos 410 mil km de tubos (PVC, PEAD, concreto e ferro fundido), o equivalente a 64 vezes a extensão da costa brasileira. O movimento da Unipar é consequência dessa expectativa, o que implica a ampliação da produção de cloro, químico presente em processos de tratamento de água, e fabricação dos tubos de PVC, cujo peso é composto por 57% de cloro (Cl), e 43% de eteno (C2H4). 18

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Equipamentos garantem segurança, agilidade e aumento de produtividade durante as operações logísticas Considerados ambientes de extrema importância para um negócio, as docas são responsáveis pelas operações logísticas, tanto no recebimento quanto no descarregamento de materiais e produtos dos veículos de transporte. Estimase que um colaborador atravesse a doca mais de 100 mil vezes ao ano, devido ao fluxo intenso e à velocidade dos processos, exigindo o máximo de segurança nesses locais. O desnivelamento entre os pisos, por exemplo, principalmente com relação ao baú do caminhão, é uma das principais causas de acidente. “Com o desnível, os colaboradores precisam fazer muito esforço para manusear os produtos, podendo acarretar doenças ocupacionais. Além disso, o chamado choque de docas, quando empilhadeiras atravessam extremidades desiguais, compromete a saúde do colaborador, com lesões na coluna, por exemplo, que podem ser caracterizadas como graves”, explica Giordania R. Tavares, CEO da Rayflex, maior referência nacional na fabricação de portas rápidas no Brasil e América Latina para a indústria. As docas também possuem a função de estoque – mesmo que por um curto período de tempo, devido às constantes movimentações –, por isso, é fundamental que todos os produtos também estejam seguros, e cheguem aos seus devidos destinos com qualidade. Para contribuir com a segurança e melhores resultados nesta área, como aumento de produtividade e maior agilidade, a especialista oferece três dicas, quanto aos equipamentos mais indicados para esses ambientes: portas industriais que são ideais para docas: Seccional e a Dockdoor; Niveladora de Doca EletroHidráulica robusta; e Abrigo de Docas, para promover a vedação do espaço entre a parede do prédio e o baú do caminhão.


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Nova Resolução atualiza obrigações para prestação de serviço

RBE e AES Brasil fecham PPA de energia de dez anos

A ANTAQ publicou a Resolução nº 75, de 02 de junho de 2022, que trata das obrigações para prestação de serviço adequado por parte do setor regulado. Nela, também estão estabelecidas as infrações administrativas para as administrações dos portos organizados, arrendatários, operadores portuários e os autorizatários de instalações portuárias. As novas regras foram publicadas no Diário Oficial da União do dia 06/06, e entraram em vigor em 1º de julho. Com a medida, a Agência atualizou e consolidou as normas das Resoluções nº 3.274/2014 e 442/2005, atendendo o Decreto nº 10.139 de 2019, que trata da revisão e a consolidação dos atos normativos da ANTAQ. Com isso, a autarquia reduziu o fardo regulatório, por meio da supressão de algumas obrigações impostas sobre os regulados, e que não refletiam a prática observada pelos fiscais, como a cobrança de alguns relatórios. Além disso, a nova resolução vai favorecer a fiscalização responsiva, que tem sido utilizada pela Agência. Outra mudança foi o desmembramento das infrações, tornando-as mais específicas, e refletindo melhor a realidade de cada fato infracional. A nova resolução também manteve a obrigatoriedade dos entes regulados manterem uma placa indicativa dos meios de comunicação dos usuários com a ANTAQ, de acordo com os padrões estabelecidos na norma, que deve ser afixada no portão principal de acesso à sede da Administração Portuária, no portão principal de acesso ao porto, e no portão principal de acesso ao terminal portuário autorizado ou arrendado. Com a nova norma, foram revogadas a Resolução ANTAQ nº 3.274/2014, que tratava sobre a fiscalização da prestação dos serviços portuários e estabelecia infrações administrativas; a Resolução ANTAQ nº 442/2005, que determinava a todos os portos marítimos e fluviais, e terminais portuários de uso privativo, a afixação de placa, com o objetivo de informar aos usuários os meios comunicação com a ANTAQ; e a Resolução ANTAQ nº 2.969/2013, que definia a classificação dos portos públicos, terminais de uso privado e estações de transbordo de cargas em marítimos, fluviais e lacustres.

A RBE, empresa do Grupo H. Carlos Schneider (Grupo HCS), e referência em gestão de energia no mercado livre, concluiu a negociação de um contrato de energia de longo prazo. O acordo foi firmado com um dos maiores geradores do mercado mundial de energia elétrica renovável, a AES Brasil, por meio de um Power Purchase Agreement (PPA), formato que vem crescendo, no Brasil e no mundo. O volume negociado foi de 20 MW médio, pelo período de 10 anos. Segundo Álvaro Garske Scarabelot, diretor-executivo da RBE, “o negócio reforça o posicionamento do Grupo HCS em investimentos no segmento de energia elétrica. (...)A aquisição está em sintonia com nosso planejamento de longo prazo, que prevê um forte crescimento da carteira de clientes nos próximos anos, acompanhando a abertura do mercado livre de energia, além de estar alinhada com a nossa pauta ESG”, enfatiza Scarabelot. “Dentre as estratégias, a aquisição garante o suprimento de energia para os clientes de uma futura plataforma varejista em desenvolvimento”, revelou. Além de aquisições no formato PPA, a RBE também está investindo em projetos de geração. Há pelo menos 1.000 MW em projetos de energia limpa, como solar, eólica e de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), em estudos de viabilidade pela empresa. “Todos esses temas estão de acordo com as estratégias traçadas após a última reestruturação realizada no ano passado”, explica Scarabelot. Desde então, a empresa tem feito investimentos fortes em processos, automatizações, digitalização, e em uma nova política de risco. Para Rogério Jorge, VP Comercial da AES Brasil, “a assinatura deste PPA de venda de energia Convencional de longo prazo com a RBE consolida a nossa parceria com o Grupo HCS, e está em linha com a estratégia da Companhia de crescimento em geração de energia renovável e diversificação de fontes”. “A AES Brasil busca criar soluções customizadas com foco no cliente, o que tem permitido sermos uma plataforma referência para clientes varejistas, ampliarmos as nossas operações com comercializadoras e desenvolver os nossos projetos Greenfield”, complementa.

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A ESPERA TERMINOU 26 A 29 DE SETEMBRO | BOULEVARD OLÍMPICO - RJ Estão abertas as inscrições para a 20ª edição da Rio Oil & Gas, um dos maiores eventos de óleo e gás do mundo. A Rio Oil & Gas está de volta, e você já pode fazer parte desta edição histórica, que este ano acontece em um novo local: o Boulevard Olímpico. Serão quatro dias de congresso, exposição e eventos paralelos, reunindo as maiores empresas e líderes da indústria. E você ainda poderá assistir ao congresso por meio de transmissão ao vivo na nossa plataforma exclusiva. Confira os tipos de ingressos disponíveis:

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Acesso ao ambiente digital do evento com transmissão ao vivo de toda programação do congresso e visitação dos estandes virtuais.

Acesso presencial aos estandes dos expositores, além dos eventos paralelos. Ingressos por dia ou passaporte com acesso a todos os dias.

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Atvos e Sebrae fomentam cadeia produtiva da cana no MS A Unidade Costa Rica, da Atvos, recebeu um grupo de cerca de 20 empresários, para apresentar as possibilidades de negócios com a segunda maior produtora de etanol do país. O encontro é mais uma ação como parte do acordo firmado em fevereiro deste ano com o Sebrae/MS e as prefeituras de Costa Rica e Chapadão do Sul/MS, para promover o desenvolvimento de micro e pequenas empresas da região norte de Mato Grosso do Sul. Segundo o gerente de Pessoas e Administração do Polo Taquari da Atvos, Chafick Fair Luedy (à direita na foto), a Unidade Costa Rica já conta com fornecedores locais devidamente cadastrados, mas o objetivo é ampliar ainda mais essas parcerias. “Somos uma das maiores empresas do município e temos muitas demandas que podem ser atendidas por micro e pequenos empresários da região. A assinatura do convênio certamente contribuirá ainda mais com o crescimento do segmento sucroenergético de Costa Rica e seu entorno”, afirma. Para o Sebrae/MS, é fundamental que os fornecedores estejam devidamente qualificados e com as documentações em dia, para que se encontrem aptos para fornecer para as grandes empresas. “Esse tipo de acordo é importante, porque fortalece a cadeia produtiva da cana-de-açúcar, e promove maior distribuição de riquezas nas regiões”, relata o diretor de operações do Sebrae/MS, Tito Estanqueiro. Nessa mesma linha, a prefeitura de Costa Rica enxerga com bons olhos a parceria, pois, fomentará ainda mais a movimentação econômica do município. “Ao mesmo tempo que a Atvos, grande consumidora de produtos e serviços, apresenta suas principais demandas, os empresários entendem melhor o que precisam fazer para atender a essas necessidades. É o tipo de iniciativa que promove o desenvolvimento socioeconômico local, gerando oportunidades e riquezas para todos”, declara o prefeito de Costa Rica, Cleverson Alves dos Santos. O evento também contou com a presença da presidente da Câmara de Vereadores de Costa Rica, Manuelina Martins da Silva Arantes Cabral, e ainda teve apresentações de representantes da área de Suprimentos da Atvos, que comentaram sobre o processo de homologação para participar das concorrências da companhia, e da equipe do Sebrae/MS, que explicou mais sobre o projeto Cidade Empreendedora, que tem como objetivo a transformação local pela implantação de políticas de desenvolvimento em eixos estratégicos. 22

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ADNOC L&S adquire mais embarcações para atender à crescente demanda por GNL

A ADNOC Logistics & Services (ADNOC L&S), braço de transporte e logística marítima da ADNOC – Abu Dhabi National Oil Company –, anunciou a compra de três navios adicionais de gás natural liquefeito (GNL). A ADNOC L&S é a maior empresa de transporte e logística integrada da região, e as novas embarcações de última geração reforçarão a capacidade da empresa, à medida que ela responde à crescente demanda global por GNL. As novas embarcações de GNL, cada uma com capacidade de 175.000 m3, são significativamente maiores do que a atual frota ADNOC L&S, que tem capacidade de 137.000 m3, cada. A ADNOC L&S anunciou anteriormente, em abril de 2022, que adquirirá duas embarcações de GNL, o que eleva o número total de novas embarcações de GNL encomendadas para cinco, com as embarcações programadas para entrega em 2025 e 2026. Capitão Abdulkareem Al Masabi, CEO da ADNOC L&S, disse: “A ADNOC é um participante ativo no cenário global de energia em evolução, onde o gás natural e o GNL estão desempenhando um papel cada vez mais importante. A aquisição estratégica da ADNOC L&S de cinco navios de GNL de última geração apoiará os negócios de GNL existentes da ADNOC, como bem como seus significativos planos de crescimento. Várias dinâmicas estão fortalecendo o mercado de GNL, o que torna o momento dessas aquisições particularmente significativo. Isso inclui uma ênfase renovada no acesso e segurança à energia, bem como novas regulamentações ambientais que favorecem embarcações mais eficientes em termos de combustível, como as novas construções que estamos comprando.” Todos os cinco novos navios de GNL serão construídos no estaleiro Jiangnan, na China, que também foi contratado pela ADNOC L&S, em 2020, para construir cinco Very Large Gas Carriers (VLGC) para a AW Shipping, empresa de joint venture da ADNOC L&S com o Wanhua Chemical Group da China. A aquisição de embarcações maiores e com maior eficiência energética permitirá que a ADNOC L&S atenda à crescente demanda dos clientes, ao mesmo tempo que melhora a pegada ambiental de sua frota. A tecnologia dos motores das novas embarcações reduzirá as emissões (CO2, NOX e SOX) e, em combinação com o inovador Sistema de Lubrificação a Ar, reduzirá ainda mais o consumo de combustível em pelo menos 10%. A ADNOC L&S possui a maior e mais diversificada frota do Oriente Médio, com mais de 200 navios transportando petróleo bruto, produtos refinados, granéis sólidos, carga em contêineres, gás liquefeito de petróleo (GLP), e GNL para mercados globais. Quando combinado com sua base de logística integrada de 1,5 milhão de m2, em Mussafah, e suas abrangentes capacidades logísticas de ponta a ponta, a ADNOC L&S se torna a fornecedora líder da região para soluções integradas de logística marítima. Nos últimos 24 meses, a ADNOC L&S adquiriu 16 embarcações de alto mar, incluindo oito Very Large Crude Carriers (VLCC) em 2021, que adicionaram 16 milhões de barris de capacidade. Além disso, a empresa adquiriu seis navios-tanque de produtos, o que expandiu a capacidade da frota de navios-tanque de produtos para mais de 1 milhão de toneladas métricas, bem como cinco VLGC para AW Shipping.


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Emerson anuncia objetivos Net Zero em relatório ESG A Emerson anunciou sua estratégia de sustentabilidade para atingir zero emissões de gás de efeito estufa (GHG), Escopo 1, Escopo 2, e Escopo 3, até 2045. A empresa explicou o seu objetivo de atingir Net Zero, e seu progresso de meio ambiente, social e de governança, no seu relatório ESG 2021. “Podemos ajudar a transição para baixo-carbono de algumas das maiores empresas e indústrias mais críticas do mundo. Nosso objetivo Net Zero é um passo vital adiante, para evoluir nosso negócio e contribuir para um mundo mais sustentável”, disse Lal Karsanbhai, presidente e diretor geral da Emerson. A Emerson alinhou a sua abordagem da sustentabilidade ao padrão Net Zero, estabelecido pela Science Based Target intiative (SBTi), a organização líder em impulsionar a adoção de objetivos baseados na ciência. Até 2030, a Emerson planeja atingir zero emissões em todas suas operações para emissões de Escopo 1 e Escopo 2, e impulsionar uma redução nas suas emissões de Escopo 3 de sua cadeia de valor, comparado com uma base de 2021. Esses objetivos de curto prazo foram aprovados pelo SBTi, como consistentes com a trajetória 1,5°C, requerida para atingir os objetivos do Acordo de Paris. A Emerson também se comprometeu a validar o seu objetivo no longo prazo de Net Zero, até 2045, de acordo com o padrão Net Zero da SBTi. “Além da profundidade do nosso plano de sustentabilidade, os produtos, software e serviços da Emerson

permitem que os nossos clientes, fornecedores e parceiros atinjam os seus objetivos de sustentabilidade”, disse Mike Train, vice-presidente sênior e diretor de sustentabilidade, da Emerson. “Encarando o aquecimento global, nós acreditamos que impulsionar a adoção de soluções de transição energética pode transformar o futuro Net Zero em realidade.” O relatório ESG 2021 da Emerson também destaca o progresso social e de governança. A Emerson contratou a sua primeira diretora de pessoas, continuou expandindo o uso de métricas ESG em seus programas de compensação, e avançou os seus objetivos e programas para empregados de diversidade, equidade e inclusão. “O apoio e energia do Conselho administrativo e da gerência está estabelecendo o tom para a direção e a cultura futuras da Emerson”, disse Elizabeth Adefioye, vice-presidente sênior e diretora de pessoas da Emerson. “Eu estou emocionada pelos nossos objetivos ESG e o progresso que estamos conquistando em muitas fronteiras.”

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Indorama Ventures conclui aquisição da Oxiteno A Indorama Ventures Public Company Limited (IVL), companhia química global sustentável, concluiu a aquisição total da Oxiteno S.A. Indústria e Comércio, se tornando um fornecedor mundial líder no mercado de tensoativos de alto valor. Anunciada em agosto de 2021, a compra da antiga subsidiária da Ultrapar Participações S.A. passou a vigorar a partir de 1º de abril de 2022, após a aprovação da transação pelo Cade – Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Com a aquisição, a IVL amplia seu perfil de crescimento para mercados altamente atrativos na América Latina e nos EUA, se tornando a principal produtora de surfactantes nas Américas, com potencial adicional de expansão na Europa e Ásia. Para D. K. Agarwal, CEO da IVL, a compra está alinhada à Visão 2030 da empresa, de aumentar a liderança no setor em sustentabilidade, e ao objetivo contínuo de dobrar o EBITDA a cada cinco anos. “Com base em nossa experiência de concluir cerca de 50 aquisições em 20 anos, a qualidade das pessoas da Oxiteno e nossos valores compartilhados foram considerações importantes. A Oxiteno traz uma excelente equipe de gestão, forte relacionamento com clientes no Brasil, Uruguai e México, expertise em inovação em sustentabilidade, e um forte programa ESG/sustentabilidade. Damos as boas-vindas aos novos membros da família IVL, e esperamos cumprir nosso propósito de ‘reimaginar a química juntos, para criar um mundo melhor”, ressalta. A Oxiteno passa a fazer parte do segmento de negócios Integrated Oxides and Derivatives (IOD) da IVL, desenvolvido, em 2020, com a compra de ativos da norte-americana Huntsman (transação Spindletop). A frente de negócio é uma impulsionadora de crescimento de alta margem, ao lado da de PET Combinado (CPET) e de Fibras. Juntos, os três segmentos da IVL criam uma plataforma integrada mais forte e resiliente, ao longo da cadeia de valor petroquímica da empresa. A aquisição inclui 11 fábricas da Oxiteno na América Latina e nos EUA, 5 centros de P&D, uma equipe de gestão experiente, forte histórico de governança ambiental, e experiência em inovação em química verde. Por meio da Oxiteno, o segmento de IOD assume uma posição de liderança em tecnologias que atendem a soluções de surfactantes de alto valor agregado (HVA), lideradas pela inovação em atraentes mercados de cuidados pessoais e domésticos, soluções agrícolas e mercados de revestimento e recursos. Esses fatores, somado ao crescimento consistente do mercado de surfactantes na úl24

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tima década – impulsionado por tendências de crescimento populacional, urbanização e crescente conscientização sobre higiene, em meio à Pandemia global – aumentam a estabilidade e a resiliência dos lucros. “Esta aquisição, altamente complementar, impulsiona o potencial de crescimento de IOD, e deixa o nosso portfólio global integrado mais premium. O negócio de tensoativos da Oxiteno amplia nosso perfil para produtos de marcas de maior margem, e mais próximos do consumidor final, em mercados em crescimento e muito atrativos. São tempos emocionantes para o segmento de IOD, e dou as boas-vindas aos nossos novos colegas da Oxiteno para nossa jornada, juntos. Essa é uma oportunidade para que as pessoas talentosas da Oxiteno alcancem todo o seu potencial como parte da maior companhia petroquímica, que compartilha dos mesmos valores e do compromisso mútuo com a sustentabilidade”, diz Alastair Port, presidente executivo de IOD na IVL. Para João Parolin, CEO de IOD América do Sul (ex-CEO da Oxiteno), a transação é uma oportunidade para a Oxiteno continuar crescendo, impulsionando a transformação, e contribuindo para o bem-estar das pessoas, por meio da química. “Estamos muito confiantes em nosso futuro, especialmente considerando que a visão da IVL está 100% alinhada com a nossa. Juntos, continuaremos a impulsionar a inovação, liderada pela sustentabilidade, para construir portfólios perenes, que deixam um legado positivo para a sociedade” comenta. Ainda segundo o executivo, a oferta de produtos da Oxiteno permanece a mesma, e é aprimorada por estar vinculada a uma empresa complementar com forte presença global, um portfólio de produtos integrado e inovador, e profundo conhecimento em toda a cadeia de valor petroquímica. A transação da Oxiteno tem um valor empresarial de 6,3x EV/EBITDA, com base nos resultados de 2021, e tem ganhos imediatos. É totalmente financiado por fluxos de caixa livres, incluindo um pagamento diferido de US$ 150 milhões, em abril de 2024, ativos de capital de giro de curto prazo e dívida com juros. A IVL espera gerar uma economia de US$ 100 milhões, por meio de ajustes de portfólio, otimização de ativos e excelência operacional.


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Projeto Santa Quitéria vai reduzir a dependência de fertilizantes importados

O Projeto Santa Quitéria, que prevê a construção e a operação de um complexo mineroindustrial para extrair fosfato e urânio, está em fase de licenciamento ambiental. Em junho, serão realizadas audiências públicas sobre o empreendimento, nos dias 7, 8 e 9 em Santa Quitéria, Itatira (no Distrito Lagoa do Mato), e Canindé, respectivamente. A operação do empreendimento irá aumentar a oferta de fertilizantes (adubo) para as lavouras. Mais de 85% dos fertilizantes consumidos no Brasil são importados. Com a plena operação do projeto de Itatira, serão produzidos cerca de 1,05 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados anualmente. Somada a produção atual da Galvani, que forma o Consórcio Santa Quitéria junto à INB – Indústrias Nucleares do Brasil –, o volume representará 25% da demanda das regiões Norte e Nordeste. Além disso, o Projeto Santa Quitéria produzirá anualmente 220 mil toneladas de fosfato bicálcico para ração de gado, 50% da demanda atual desses insumos nas regiões Norte e Nordeste.

O Projeto contribuirá com o desenvolvimento regional, trazendo benefícios socioeconômicos, como a criação de empregos, aumento da renda e oportunidades de negócios em toda a região. Serão criados mais de 8 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, durante as obras, e 2.800, na fase de operação. O investimento para instalação do empreendimento será de R$ 2,3 bilhões. O Projeto Santa Quitéria tem papel importante no Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), e Plano Nacional de Energia (PNE), estando enquadrado na Política Pró-Minerais Estratégicos. O Projeto da usina de urânio e fósforo em santa Quitéria foi debatido em audiências públicas, em junho, com o Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – promovendo discussões sobre o EIA/Rima (Estudo e relatório de Impacto Ambiental) do empreendimento, nas três cidades impactadas diretamente por ele – Santa Quitéria, Itatira (Lagoa do Mato) e Canindé. As audiências foram presenciais, com transmissão online pelo canal do Youtube do Consórcio.

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Gerdau e Universidade Federal de Ouro Preto fecham parceria para pesquisa de aço de alta performance A partir de um acordo técnico-científico, as centenárias Gerdau e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) desenvolvem uma linha de pesquisa de aços ultra resistentes de alta performance. A parceria é um marco importante, na aproximação de instituições consideradas referência em metalurgia, para o desenvolvimento tecnológico-científico do Brasil. O estudo está sendo realizado pelo Grupo de Estudos Sobre Fratura de Materiais (GEsFraM), dentro do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (DEMET) da Escola de Minas da UFOP. Os pesquisadores do GEsFraM fornecem apoio no desenvolvimento de produto e processo junto à Gerdau, tendo como foco principal o estudo da transformação bainítica, constituinte do aço, que atribui ao material tenacidade e resistência mecânica, permitindo força e flexibilidade, ao mesmo tempo. Ela pode ser obtida a partir de condições termomecânicas, incluindo resfriamento acelerado, adequadas ao material. A princípio, este estudo se concentra em material para a fabri-

cação de tubos de grande diâmetro para o setor de Óleo e Gás. Ricardo José de Faria, Especialista de Produtos da Gerdau em Ouro Branco, afirma que o acordo celebra a expertise da UFOP, em metalurgia, e a experiência prática da Gerdau, no setor de aço. “A ideia é fazermos um intercâmbio entre as demandas da usina e o conhecimento da UFOP, para a obtenção de um produto diferenciado. A partir dos resultados, pretendemos abrir frente para a aplicação do aço bainítico em outros setores, como a indústrias naval, eólica, por exemplo.” As linhas de pesquisa aplicadas em produtos de alta performance fazem parte da estratégia de Pesquisa e Desenvolvimento da Gerdau. Além de unir empresa e universidade, as pesquisas buscam soluções para o mercado e para formação de acadêmicos e futuros profissionais para indústria. “Dessa forma, podemos contribuir juntos para o desenvolvimento de materiais fundamentais para o crescimento da infraestrutura do país”, pontua o assessor.

Petrofac recebe grande contrato de descomissionamento A Petrofac recebeu um importante contrato de descomissionamento do governo australiano, anunciando o início de uma era de descomissionamento no setor de petróleo e gás offshore daquele país: a equipe australiana da Petrofac, com sede em Perth, WA, foi contratada para concluir a Fase 1 do descomissionamento da instalação do FPSO da Northern Endeavor. O contrato, concedido pelo Departamento Federal de Indústria, Ciência, Energia e Recursos, segue um rigoroso processo de seleção e due diligence, do Governo da Austrália. O valor para a Petrofac da Fase 1 tem potencial para ser de até AUD$ 325 milhões (US$ 236 milhões). O contrato prevê a Petrofac como Operadora Terceirizada, responsável pelo descomissionamento e desconexão do FPSO de seus equipamentos submarinos, e pela suspensão temporária dos poços. A desconexão do FPSO deve ocorrer em aproximadamente 18 meses. O Northern Endeavor é uma instalação FPSO de 274 me-

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@Northern Endeavor em 2018/Anon

tros de comprimento, atualmente sem produção de petróleo, ancorada entre os campos de Laminaria e Corallina, cerca de 550 km a noroeste de Darwin, no Mar de Timor. Um elemento crítico será a qualificação da força de trabalho local para enfrentar os desafios de bilhões de dólares de trabalho de descomissionamento na Austrália. O contrato reconhece as credenciais da Petrofac para o descomissionamento, e se baseia no histórico de operador de poço e gerenciamento de projeto para clientes em todo o mundo, tendo entregue, com sucesso, várias campanhas de descomissionamento, de vários poços. Juntos, a Petrofac e seus parceiros da cadeia de suprimentos garantirão a remoção segura e econômica do FPSO do campo, de acordo com as boas práticas da indústria. Todas as atividades serão realizadas em estreita consulta com a Autoridade Nacional de Gestão Ambiental e de Segurança do Petróleo Offshore (NOPSEMA), para garantir que as proteções ambientais e de segurança estritas estejam em vigor.


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Baker Hughes adquire a Mosaic Materials para avançar na captura carbono

A Baker Hughes adquiriu a Mosaic Materials Inc., o que inclui a tecnologia de estrutura metal-orgânica (MOF) da Mosaic, um material adsorvente proprietário, que atua como uma esponja molecular de alta capacidade, para capturar CO2 seletivamente. A Baker Hughes aproveitará seus recursos avançados existentes, incluindo design modular e ciência de materiais, para desenvolver e dimensionar a tecnologia inovadora da Mosaic, permitindo a captura direta de ar (DAC), com uma solução que requer significativamente menos energia para operar, e oferece menor custo total de propriedade. Tanto a captura de carbono das emissões de energia e instalações industriais, quanto a remoção de dióxido de carbono, como o DAC, serão necessárias para cumprir as metas climáticas e as metas de redução de emissões. A criação de sistemas DAC econômicos, escaláveis e energeticamente eficientes, que possam capturar efetivamente o CO2 da atmosfera, é importante para o fornecimento ao mercado de utilização de CO2, incluindo eFuels. “A remoção de carbono por meio de uma abordagem multifacetada, incluindo captura direta de ar, é fundamental para superar as mudanças climáticas. É por isso que estamos investindo em várias tecnologias emergentes, incluindo Mosaic Materials, para desenvolver um portfólio abrangente e diversificado, que pode reduzir significativa e eficientemente, bem como eliminar o CO2, em vários setores, incluindo setores difíceis de reduzir”, disse Rod Christie, vicepresidente executivo de Turbomachinery & Process Solutions da Baker Hughes. A tecnologia da Mosaic é a mais recente adição ao portfólio de soluções de utilização e armazenamento de captura de carbono da Baker Hughes, que inclui captura pós-combustão, compressão, armazenamento subterrâneo e integridade e mo-

nitoramento de longo prazo. A tecnologia Mosaic DAC pode atender a uma variedade de setores em toda a cadeia de valor industrial e de energia, incluindo refino, aviação, transporte, municípios, siderurgia e fabricação de cimento. O DAC pode trabalhar em conjunto com os controles de emissões para reduzir a quantidade agregada de CO2 emitida. Embora a captura de emissões e a eficiência energética aprimorada em locais industriais possam reduzir os gases de efeito estufa atuais, o DAC também pode reduzir as emissões herdadas na atmosfera. “Juntar-se à Baker Hughes fornece à Mosaic Materials os meios e conhecimentos adicionais de engenharia, necessários para dimensionar e comercializar nossa tecnologia de captura direta de ar, com custo competitivo”, disse Nathan Gilliland, CEO da Mosaic Materials. “Acreditamos que nossa tecnologia pode permitir uma captura direta de ar mais eficiente em comparação com outras ofertas de DAC. Juntamente com a Baker Hughes, agora podemos acelerar o desenvolvimento deste sistema compacto, mas poderoso.” A estrutura metal-orgânica da Mosaic, com sede em Alameda, Califórnia, também tem acordos em andamento com a Marinha dos EUA e a NASA, para que sua tecnologia seja usada para melhorar a qualidade do ar respirável em espaços confinados, como submarinos e missões espaciais. no 388

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E.ON e Tree Energy Solutions anunciam parceria para importação de hidrogênio verde Além da eletrificação verde, gases verdes como o hidrogênio são uma parte insubstituível de uma transição energética bem-sucedida. Eles são necessários para substituir os combustíveis fósseis no cenário energético do futuro, e para cumprir as metas climáticas de Paris. A E.ON está apoiando o desenvolvimento de uma economia de hidrogênio na Ale- TES Wilhelmshaven Green Energy Hub manha e na Europa de forma ativa, planejando envolver-se em eletrolisadores, infraestrutura de rede e energias renováveis, para produzir hidrogênio verde perto de nossos clientes, bem como em investimentos ao longo de toda a cadeia de valor do hidrogênio. Para enfatizar a relevância do tema, uma nova unidade E.ON Hydrogen foi estabelecida no final de 2021. E.ON e Tree Energy Solutions (TES) querem impulsionar o ramp-up da futura economia do hidrogênio, em conjunto, e concordaram em uma parceria estratégica para importar hidrogênio verde em escala, para a Alemanha. Dentro da estrutura da parceria, as empresas investigarão possíveis compromissos conjuntos, ao longo de toda a cadeia de valor do hidrogênio, para construir uma fonte de fornecimento seguro e de longo prazo de hidrogênio verde. A TES está desenvolvendo um centro de energia verde, no porto alemão de Wilhelmshaven. O hub de energia contará com um terminal de recebimento, instalações de armazenamento e uma usina de combustão de oxi-combustível, limpa e com zero emissões. Além disso, a TES está desenvolvendo a produção de hidrogênio verde nos países do cinturão solar, e investindo na cadeia de suprimentos e infraestrutura relevante. A empresa transportará com eficiência hidrogênio verde, produzido a partir de eletricidade solar, na forma de gás verde livre de fósseis (CH4) para a Europa, onde está investindo em infraestrutura para reciclar o CO2. “O aumento de uma economia de hidrogênio em funcionamento deve ter prioridade máxima na Alemanha e na Europa. A parceria com a TES é um passo importante, no caminho para um cenário de energia sustentável, garantindo a

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segurança e nos aproxima um passo de zero líquido; sem o uso de gases verdes, como o hidrogênio, será impossível evitar completamente as emissões de CO2,” afirma Patrick Lammers, COO da E.ON. “Esta é uma parceria emocionante de longo prazo, que nos permitirá combinar experiências relevantes para acelerar a descarbonização da cadeia energética”, disse Paul van Poecke, fundador e diretor administrativo da TES. “Nossa ambição é transformar Wilhelmshaven em um centro para o comércio internacional de hidrogênio, e atualizar a infraestrutura de acordo. Por meio desse hub, a TES fornecerá uma mistura de energia verde e limpa, para levar a Europa a atingir economicamente suas ambições líquidas zero. Estamos empolgados em fazer parceria com a E.ON para atingir zero líquido no mercado alemão, e apoiar a E.ON em sua estratégia de descarbonização.”


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Air Liquide e Sogetran desenvolvem soluções de transporte marítimo para gestão de carbono

A Air Liquide e a Sogetran assinaram um acordo para formar uma joint venture para fornecer soluções de transporte e CO2 líquido em grande escala, adaptadas às necessidades de futuros projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS), na Europa. Esta joint venture fortalecerá a oferta da Air Liquide na cadeia de valor de gestão de carbono, incluindo captura, agregação, processamento e transporte para locais de armazenamento permanente. A CCS representa uma das ferramentas fundamentais no processo de descarbonização, em particular para os setores industriais mais intensivos em carbono. Neste contexto, o transporte marítimo será essencial para transportar o CO2 das plantas industriais com grandes emissões de CO2, onde o carbono é capturado, para os locais de sequestro, onde será armazenado permanentemente. Combinando a experiência da Air Liquide em CO2 com a experiência da Sogetran, no transporte de mercadorias de alto valor agregado, a joint venture transportará CO2 em sua forma líquida, graças a soluções de transporte e barcaças recémprojetadas, investidas e operadas por meio desta colaboração. “Temos o prazer de fazer parceria com a Sogetran, para oferecer soluções inovadoras no novo mercado de transporte de CO2 de grande volume. Esta iniciativa complementa nossas tecnologias de gestão de carbono para apoiar nossos clientes

industriais, em suas estratégias de descarbonização, e ilustra o compromisso da Air Liquide em contribuir ativamente para o surgimento de uma sociedade de baixo carbono”, disse Emilie Mouren-Renouard, membro do Comitê Executivo da Air Liquide, supervisor de Inovação e Desenvolvimento. Pascal Girardet, CEO da So@Divulgação gestran, disse: “A Air Liquide e a Sogetran construíram uma forte relação, ao longo dos últimos anos, trabalhando em soluções viáveis para este mercado emergente, em linha com a nossa estratégia corporativa, baseada na inovação. Nossas equipes trabalharam lado a lado, para projetar navios e barcaças capazes de transportar CO2 líquido, com segurança e eficiência. Esta joint venture estará em ótima posição para oferecer ao mercado soluções que causarão um impacto positivo significativo no meio ambiente.” A criação da joint venture está sujeita à liberação das autoridades antitruste relevantes, e deverá ser concluída em meados de 2022.

Atlas Copco em temporada de compras A Atlas Copco comprou os ativos da Shandong Jinggong Pump Co., Ltd. que desenvolve e fabrica bombas e sistemas de vácuo de anel líquido, usados principalmente na indústria química e outras indústrias gerais. A Shangdong Jinggong Pump, que opera sob a marca Chinco, foi fundada em 1998, e tem 100 funcionários. A sede está localizada em Zibo, na província chinesa de Shandong. O preço de compra não foi divulgado, e a aquisição deve ser concluída durante o quarto trimestre de 2022. A Chinco passará a fazer parte da Divisão de Vácuo Industrial, dentro da Área de Negócios de Técnica de Vácuo. A Atlas Copco concluiu a aquisição da Pumpenfabrik Wangen GmbH – anunciada em 21 de fevereiro de 2022. A Wangen é um fabricante alemão de bombas de cavidade progressiva, usadas para transferir fluidos, principalmente nos

setores de biogás e águas residuais. A empresa também fabrica bombas de parafuso duplo, usadas em setores como alimentos e bebidas e cosméticos. A Pumpenfabrik Wangen GmbH está sediada em Wangen, Alemanha, e tem 265 funcionários. O preço de compra também não foi divulgado, e o negócio fará parte da divisão Power and Flow, dentro da área de negócios Power Technique da Atlas Copco. O negócio deve ser finalizado no segundo semestre 2022. Mas, ainda antes desses movimentos, a Atlas Copco já havia comprado a Lewa, a Geveke, e as subsidiárias da japonesa Nikkiso, em um acordo de € 670 milhões. A alemã Lewa fabrica bombas dosadoras de diafragma, bombas de processo e sistemas de dosagem completos. A holandesa Geveke distribui compressores e projeta instalações complexas de bombas de processo. no 388

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Contrato de combustíveis de baixo carbono vence no nordeste da Inglaterra

@Divulgação

O projeto Lighthouse Green Fuels, da Alfanar, converterá resíduos sólidos residuais em combustível de aviação sustentável (SAF) e nafta verde. O projeto processará cerca de um milhão de toneladas de resíduos sólidos por ano – como resíduos sólidos urbanos, combustível derivado de resíduos ou combustível sólido recuperado –, em cerca de 3.200 bbl/dia de SAF e nafta verde. “Nosso trabalho com a Alfanar neste importante projeto contribuirá para a descarbonização do transporte aéreo e rodoviário”, explicou Bradley Andrews, presidente da Worley (sentado, à direita, na foto). “O projeto visa a produzir combustível que produza 80% menos gases de efeito estufa do que os atuais combustíveis fósseis, o que poderia economizar mais de 300.000 toneladas por ano de emissões a cada ano. Quando combinada com a tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS), a planta pode atingir mais de 750.000 toneladas, por ano.” A planta deverá entrar em operação comercial em 2027, após o início programado do primeiro cluster de carbono do Departamento de Negócios, Energia e Estratégia Industrial (BEIS) em Teesside. A Worley vai fornecer serviços de FEED, desenvolver o pacote de engenharia de front-end existente, e integrar o escopo do licenciador, para fornecer um maior nível de definição ao projeto. O trabalho será liderado pelo escritório no Reino Unido, com suporte de especialistas em todo o mundo. “O Reino Unido tem a oportunidade de estar na vanguarda do setor SAF, com acesso a matérias-primas adequadas e infraestrutura planejada de captura de carbono. A Alfanar se comprometeu com a próxima grande fase da planta Lighthouse Green Fuels, concedendo à Worley o contrato FEED. Escolhemos a Worley por causa de seu compromisso em apoiar projetos sustentáveis, e experiência significativa na entrega de megaprojetos complexos”, disse Noaman Aladhami, gerente de país do Reino Unido, Alfanar Energy Ltd (na foto, sentado à esquerda). “Combustíveis de baixo carbono são uma prioridade estratégica para a Worley. Estamos ansiosos para apoiar Alfanar em sua jornada de transição energética, mantendo-nos alinhados com nosso propósito de entregar um mundo mais sustentável”, disse Andrews.

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Em parceria com a Flora Energia, empresas reduzem toneladas de CO2 por ano

@Divulgação

Além de levar energia renovável diretamente ao consumidor, a energytech Flora Energia une forças a empresas, para que elas possam oferecer esse benefício aos funcionários. As parcerias geram economia na conta de luz de milhares de colaboradores, e 8,6 mil toneladas de redução na emissão de CO₂ ao meio ambiente, por ano. Assim, as companhias participam de um ecossistema sustentável, e reforçam o compromisso ESG e ajudam o Brasil a cumprir o compromisso feito na COP 26 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – de mitigar 50% das emissões de gases de efeito estufa, até 2030. “A Flora nasceu para tornar a energia limpa acessível a todos @Divulgação os lares brasileiros. Conectamos usinas geradoras de energia ao cliente residencial, oferecendo energia renovável e economia na conta de luz, sem a necessidade de investimento ou obras na residência. Nossos parceiros somam, ao acelerar a adoção de sustentabilidade ao seu ecossistema, ganham visibilidade ESG no mercado, e são valorizadas pelo consumidor e pelos colaboradores”, diz Guilherme Verdi, sócio-fundador da startup. Rodobens, Sonepar, Venturis, DHL, Tirolez, IBM, Amil, PetroRio, 99 e MRV são alguns dos 82 parceiros ativos. Não há custos para aderir ao programa: a Flora cria um código promocional para a empresa, para que a base de funcionários, fornecedores e/ou clientes possa se cadastrar e receber um desconto diferenciado na conta de luz – agregando valor, refletindo na saúde financeira, e até mesmo na qualidade de vida e bem-estar destes. Já o impacto ambiental gerado pode ser acompanhado em tempo real através da plataforma digital. Uma companhia parceira da Flora, com 100 colaboradores, em São Paulo, por exemplo, proporciona redução de cerca 23 ton de CO₂ – um dos grandes vilões do aquecimento global e do efeito estufa – na atmosfera, por ano. É o equivalente a 1.035 árvores plantadas – além de economia de mais de R$ 35 mil no bolso dos participantes, segundo a simulação disponível no site da energytech. Criada em 2020, a Flora Energia funciona através do sistema de Geração Distribuída, conectando os consumidores residenciais aos geradores de energia renovável, na modalidade compartilhada. A startup atua em mais de 1.120 cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, abastecidas pelas distribuidoras CPFL Paulista, CPFL Santa Cruz, Light e CEMIG. “Nosso foco é ter parceiros nacionais e acelerar a expansão”, conta Verdi. A previsão é triplicar a base de clientes, e atingir R$ 360 milhões em conta de luz, até o final de 2026.


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Aker, Cognite e Telenor estabelecem empresa de segurança de software Martin Fjellanger

A Aker, via Aker Capital, Cognite e Os serviços que a Omny está desenvolvendo Telenor, estão estabelecendo uma emprefortalecerão ainda mais nossa capacidade sa de segurança de software para atender de fornecer serviços de segurança abranà indústria e à tecnologia operacional. A gentes em TI e tecnologia operacional. Nos empresa chamada Omny preencherá uma últimos 5 a 6 anos, a Aker desempenhou um lacuna no mercado de segurança ciberpapel ativo no estabelecimento e desenvolnética, onde há uma grande necessidade vimento de empresas de software industrial. não atendida de software que impeça ataAo unir forças com parceiros tão capazes, ques cibernéticos, e proteja as operações poderemos fornecer serviços de segurança das empresas. O objetivo é construir uma que atualmente não estão disponíveis no John Markus Lervik (esq), Sigve Brekke and empresa de software norueguesa, que mercado”, diz Brekke. Øyvind Eriksen. será um player global em segurança inA propriedade final da Omny será de dustrial operacional. 50% da Telenor; da Aker, de 44,2%; e da Cognite, que desen“A Telenor tem a experiência em segurança e os recurvolveu o software até agora, de 5,8%. sos de mercado”, diz Øyvind Eriksen, presidente e CEO da “Omny representa a continuação natural do investimento Aker. “A Aker oferece know-how industrial, enquanto a Cogda Aker em empresas de software industrial que constituem nite traz expertise em software e inovação para a mesa”, diz uma área de crescimento. Somos conhecidos por refinar nosSigve Brekke, presidente e CEO da Telenor. A dupla acredita sas empresas. Cognite e Aize se concentram em seus negóque, como parte da mesma equipe, eles se complementam, e cios principais. Juntamente com a Telenor, a Aker tem amestarão em uma posição única para resolver os desafios de sebições globais, e quer transformar a Omny em uma empresa gurança, que empresas e atores do setor público enfrentam. líder em segurança de software industrial. É reconfortante Aproximadamente 90% dos dados disponíveis hoje não ter a Telenor a bordo, devido à sua compreensão única de existiam, há apenas dois anos atrás. A necessidade de proteameaças avançadas, e sua ampla experiência na proteção de ger dados e informações mantidas em serviços baseados em infraestrutura crítica”, diz Øyvind Eriksen. nuvem está crescendo rapidamente. A digitalização e a InterO monitoramento de rede é uma solução de segurança net das Coisas estão tornando as empresas mais eficientes, tradicional, que aciona o alarme no caso de um ataque cibermas também as estão tornando mais vulneráveis àqueles que nético, mas os alertas não dizem nada sobre quais sistemas procuram ameaçá-las. A partir disso, cresceu um mercado industriais estão sob ataque e não fornecem detalhes sobre a significativo para soluções que evitam a sabotagem digital gravidade do ataque para produção e tempo de atividade. de empresas e processos produtivos, que estão conectados à “A singularidade do nosso produto é sua capacidade de internet e sistemas de controle. contextualizar o alerta em termos digitais e físicos. No caso A Omny desenvolverá software que ajuda a proteger opede um indivíduo não autorizado tentar envolver-se em saboradores industriais e infraestrutura crítica, como produtores tagem digital contra uma empresa, o software usará seus rede petróleo e gás, fornecedores de energia, atores do setor púcursos de monitoramento e compreensão de consequências blico e hospitais. Este produto será desenvolvido em estreita para detalhar com precisão quais sistemas serão afetados, e parceria com clientes piloto do setor industrial, e será baseado quão críticos são para o cliente. Para se proteger de intrusos, na plataforma Cognite Data Fusion. O Cognite Data Fusion as empresas devem ter uma visão geral de todas as vulneraajuda empresas industriais a coletar e conectar grandes vobilidades potenciais em seus próprios sistemas e operações. lumes de dados, para permitir que monitorem tendências e Criamos, com antecedência, um gêmeo virtual da operação melhorem seus negócios. No mundo da segurança cibernétifísica, que nos permite identificar fatores de risco, ações e ca, isso oferece oportunidades para a prevenção de ataques, e consequências”, diz o novo presidente da empresa, John Mapermite que sejam tomadas decisões baseadas em dados, que rkus Lervik, cofundador da Cognite, junto com a Aker. limitem os danos e mantenham funções críticas. Sigve Brekke e Øyvind Eriksen se juntarão ao Conselho A empresa lançará um produto comercial no mercado de Administração, e o processo de recrutamento para um CEO norueguês, em 2023, por meio da organização de vendas da foi iniciado. Omny será lançado com 15 funcionários, mas Telenor. O objetivo é lançar o produto internacionalmente, planeja expandir significativamente durante seu primeiro ano em 2024. de vida e. A transação está sujeita à aprovação da Autoridade “Com uma das maiores operações de segurança de TI da Noda Concorrência da Noruega e da Autoridade da Concorrênruega, vários de nossos clientes empresariais solicitaram nosso cia e do Consumidor da Dinamarca, que deve ser confirmada suporte, para proteger suas próprias tecnologias operacionais. durante o segundo trimestre de 2022. no 388

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Empresas & Negócios

Basf e Henkel se concentram em matérias-primas renováveis

@Divulgação

A Basf e a Henkel uniram forças, e comprometeram-se a substituir as matérias-primas fósseis por matérias-primas renováveis, na maioria dos produtos, na Europa, de Laundry & Home Care e Beauty Care da Henkel, nos próximos quatro anos. Esta parceria surge na sequência de um projeto piloto bem-sucedido, com a marca de detergentes e limpeza da Henkel Love Nature, em 2021. Através da cooperação das duas empresas, as 110.000 toneladas de matérias-primas fósseis serão substituídas por matéria-prima renováveis, utilizando a abordagem de equilíbrio de biomassa certificada da Basf. Como resultado, a Henkel reduzirá a sua Ralph Schweens, presidente de Care Chemicals da Basf (esquerda), e Bertrand Conqueret, CSVP de compras da pegada de carbono e alcança- Henkel, assinando a carta de intenção para cooperação rá, com as suas marcas principais, uma redução de cerca uma pegada de carbono reduzide 200.000 toneladas de emissões de CO2, no total. da”, refere Dr. Martin Bruder“Estamos muito satisfeitos müller, Presidente do Conselho em cooperar com a Basf, e aude Administração da Basf. “Esmentar significativamente a partamos também muito felizes em ticipação de biomassa na nossa apoiar uma empresa tão inovacadeia de valor, na qual milhões dora e pioneira a disponibilizar de pessoas, em todo o mundo, aos seus consumidores soluções utilizam os nossos produtos, mais sustentáveis em uma escatodos os dias”, disse Carsten la global. Este projeto destaca Knobel, CEO da Henkel. “Para o compromisso das nossas empromover um planeta regenepresas na criação de um futuro rativo, devemos transformar o sustentável”. nosso modelo de negócio a nível A substituição de matérias-primas fósseis é possível através ambiental. Na Henkel, tentamos da abordagem de equilíbrio de biomassa da Basf: são usados melhorar diariamente os nossos recursos renováveis nas primeiras etapas de produção química. processos e produtos, e é por isso que queremos apostar na A quantidade de matéria-prima de base biológica é então alocautilização de matérias-primas renováveis, e utilizar os reda a produtos específicos, através do método certificado. cursos de forma eficiente, para viver num mundo neutro em A Basf estabeleceu uma cadeia fechada de custódia, desde carbono. Integrar a abordagem de equilíbrio de biomassa da a matéria-prima renovável que utiliza, até ao produto final. Basf, na nossa cadeia de abastecimento, é um marco que nos A TÜV Nord, um organismo de certificação independente, aproxima um pouco mais do futuro sustentável em que queapoia a implementação prática, e confirma, de acordo com o remos viver”. esquema de certificação REDCert2, que a Basf substitui as “Estou muito orgulhoso de que a Henkel reconheça os esquantidades necessárias de recursos fósseis para o produto de forços que a Basf está fazendo, para fornecer produtos com biomassa equilibrada por matérias-primas renováveis. 32

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Especial

Analitica Latin America trouxe inovação para laboratórios e controle de qualidade

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epois de quase três anos, o setor de tecnologia para laboratórios, análises, biotecnologia e controle de qualidade se reuniu na Analitica Latin America, e recebeu 6.686 mil pessoas. A última edição da Analitica Latin America tinha sido em 2019. Em função da Pandemia, em 2020 ela foi adiada e, em 2021, foi apresentada apenas como um pavilhão, dentro da FCE Pharma e FCE Cosmetique, feiras dos setores farmacêutico e cosmético, respectivamente. Mas, a sua importância demanda um espaço exclusivo: só na rodada de negócios realizada este ano, no primeiro dia do evento, a feira movimentou R$ 19 milhões. Foram cerca de 190 reuniões, entre 15 expositores e 50 possíveis compradores, durante duas horas. A indústria química analítica representa um dos mais im-

portantes e dinâmicos setores da economia brasileira. É uma das 10 maiores participações no PIB industrial do país. A 16ª edição da Analitica Latin America contou com uma parceria inédita, com o ENQA – Encontro Nacional de Química Analítica – e promoveu, no São Paulo Expo, uma prévia do encontro marcado para setembro, no Rio Grande do Sul; as palestras abordaram os desafios do segmento de Química Analítica. O 8º Congresso Analitica Latin America apresentou cerca de quatro horas de conteúdo, com debates que incluíram discussões sobre o Controle de Qualidade de Vacinas e Nanotecnologia aplicada a Fármacos e Cosméticos. Ao fim da 16ª edição da Analitica Latin America, a NürnbergMesse Brasil já anunciou a data da 17ª edição: será de 26 a 28 de setembro de 2023.

A Yokogawa apresentou o novo analisador por partícula – FlowCam –, o sushi Sensor, o Rotamass, o sistema para monitoramento ambiental, e apresentou uma palestra sobre como aumentar a eficiência e a qualidade de análises de partículas por imagem, com Eduardo Ishikawa, Gerente de Negócios, e Natália Pravatta, Executiva de Negócios. no 388

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Especial

ABRAFATI SHOW debateu sustentabilidade e inovação

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17º ABRAFATI SHOW reuniu o Congresso Internacional de Tintas, um dos principais realizados no mundo, e a Exposição Internacional de Fornecedores para Tintas, de maneira presencial depois de quase três anos. Foi o primeiro realizado com a coorganização da NürnbergMesse Brasil, e da Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas (ABRAFATI). Durante três dias, mais de 9 mil visitantes, das principais empresas do mercado mundial, e especialistas, estiveram juntos para falar sobre o setor, e destacaram as matérias-primas de fonte renovável. Cerca de 140 expositores puderam mostrar as novas tendências e tecnologias do setor, além de fechar parcerias, abrir novas oportunidades e discutir projetos. Neste ano, o ABRAFATI SHOW contou, pela primeira vez, com a rodada de negócios, que movimentou em duas horas R$ 15,1 milhões. Foram 224 reuniões, nas quais 75 empresas convidadas puderam conversar em um espaço reservado e propício à consolidação de contratos. Paralelamente à exposição, foi realizado o Congresso Internacional de Tintas, um dos mais importantes do mundo, que contou com 22 patrocinadores, todos players importantes do mercado. Nos três dias de evento, foram 90 conferências técnicas, divididas em 15 sessões, que aconteciam simultaneamente em cinco diferentes salas. O foco principal deste ano para a escolha das palestras que compuseram a programação foi: inovação, sustentabilidade, produtividade e a qualidade dos produtos. Com base nesses critérios, os temas foram selecionados por um Conselho Técnico-Científico, que trouxe muitas palestras sobre ESG e sustentabilidade, que abordaram, por exemplo, materiais de fontes renováveis. Na edição deste ano, participaram profissionais do Brasil, bem como dos Estados Unidos, México, Colômbia, Argentina, Espanha, Alemanha, Holanda e Suécia, entre diversos outros países. “Nossa equipe técnica acompanhou o congresso, e foi muito positivo, conseguimos atualizar-nos

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sobre a indústria global”, explicou Fábio Barbosa, diretor para solventes da Braskem (terceiro da esquerda para a direita na foto). A Braskem enriqueceu o debate no Congresso, falando sobre a implementação da química verde na indústria de tintas, para o desenvolvimento de solventes sustentáveis. Além das palestras técnicas, todos os dias, o Congresso foi marcado por uma sessão plenária de abertura, que discutiu os temas e tendências mais relevantes para a indústria de tintas no país.


Especial @Divulgação

No primeiro dia, Marcos Allemann, presidente do Conselho Diretivo da Abrafati – Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas e vice-presidente de Tintas Decorativas da BASF, destacou o desempenho do setor, nos últimos dois anos, quando houve forte crescimento e as oportunidades existentes. Em 2021, a produção cresceu 5,7%, e foram fabricados 1,72 bilhão de litros de tintas.

A ABRAFATI lançou seu programa inédito de ESG, apresentado por Daniel Campos, chairman do Comitê de Sustentabilidade da associação, e Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu. Trata-se da primeira iniciativa de uma associação de empresas para mensurar práticas Ambientais, Sociais e de Governança. Um marco para o setor. O sistema de avaliação de ESG da entidade terá cerca de 40 indicadores, que irão abranger quatro temas – governança e liderança, capital social, capital humano e meio ambiente.

O presidente da Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química –, Ciro Marino, chamou atenção para o potencial de crescimento da indústria química brasileira, e disse que o segmento tem espaço para dobrar de tamanho, nos próximos 25 anos, se houver um projeto robusto de investimento em educação, infraestrutura e saúde.

“O congresso foi sensacional. Excelente trabalho nestes três dias, com uma grade muito bem-feita. Tivemos mais de 1.500 participantes. É um público bastante significativo e gabaritado. Tínhamos sempre, na abertura de cada dia, um palestrante de destaque”, disse o presidente-executivo da Abrafati, Luiz Cornacchioni. no 388

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Matéria de Capa

Compromissos na prática

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Braskem, como muitas companhias, há mais de década, mantinha ações de qualidade, saúde, segurança e meio ambiente, regularmente publicadas nos relatórios aos diferentes públicos, incluindo o GRI (Global Reporting Initiative), e o IIRC (International Integrated Reporting Conuncil). Com a formalização e aumento de visibilidade da sigla ESG – ou ASG –, e a organização de suas estratégias, ela decidiu inovar, e criou um único documento para todos os seus públicos de interesse, com informações que abrangem toda a estratégia de negócios, focada nos pilares sociais, econômicos e de meio ambiente. Assim, desde 2021, o mercado tem acesso a um material enxuto, com todas as informações relevantes, de acordo com diretrizes internacionais de prestação de contas, como GRI (Global Report Iniciative), IIRC (International Integrated ReportIIRC (International Integrated Reporting Council), e SASB (Sustainability Accounting Standards Board). “A Braskem, desde sua fundação, tem atuado e cria36

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do práticas de desenvolvimento sustentável, que dão suporte para que a performance em ESG continue crescendo constantemente, em nosso modelo de negócios. Tem como ambição ser reconhecida mundialmente como uma empresa comprometida com o desenvolvimento sustentável, tendo como propósito melhorar a vida das pessoas, criando soluções sustentáveis da química e do plástico, com o envolvimento de toda a cadeia de valor. Estamos comprometidos com o fortalecimento dessas práticas, e em relações duradouras com diferentes públicos, como clientes, integrantes (colaboradores), fornecedores e parceiros, adotando iniciativas globais, com foco em ESG, para conectar, engajar e promover o desenvolvimento sustentável em sua totalidade. Para isso, no último ano, anunciamos nossos novos compromissos, estruturados em sete dimensões que direcionam nossa estratégia no longo prazo, e nossos investimentos e atividades”, conta Jorge Soto, Diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem.


Matéria de Capa

Prontos para uma nova mudança.

A circulação de recursos, o COVID-19 e o aquecimento climático vêm desempenhando um papel importante em nossas vidas e, nós da Yokogawa, estamos prontos para uma nova mudança: para os novos tempos em que criamos valor no presente e para um futuro de economia simbiótica. É por isso que utilizamos nossa capacidade de medir e conectar não apenas para perceber o mundo hoje, mas também para abordar questões sociais com um compromisso único, e unir todas as empresas e setores em uma escala global. Mudar para melhor não pode ser feito sozinho, então vamos nos empenhar em harmonia sinérgica para realizar uma sociedade sustentável e resiliente por gerações, onde diversas comunidades possam viver com segurança e proteção. Desta forma, cumprimos nossas responsabilidades para o futuro de nosso planeta e ajudamos a Terra a permanecer verde e saudável. Yokogawa. Prontos para uma nova mudança.

yokogawa.co.jp/planet/ $P JOOPWBUJOH UPNPSSPX ¨ VNB NBSDB SFHJTUSBEB PV NBSDB DPNFSDJBM EB :PLPHBXB &MFDUSJD $PSQPSBUJPO

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Matéria de Capa

https://www.braskem.com.br/nossoscompromissos As dimensões que Soto aponta são saúde e segurança, resultados financeiros e econômicos, eliminação de resíduos plásticos, combate às mudanças climáticas, ecoeficiência operacional, responsabilidade social e direitos humanos, e inovação sustentável. E a estratégia e compromissos da Braskem foram construídos incluindo entrevistas com líderes de todas as regiões onde ela atua, para capturar as necessidades específicas das diversas culturas e geografias abraçadas pela Braskem. E ainda, para garantir a transparência, a Braskem fez uma campanha global para dar visibilidade ao seu portal (www.braskem.com.br/macroobjetivos), onde fornece todas as informações sobre o cumprimento de nossas metas, em cada uma dessas dimensões. “Na Braskem, entendemos que o desenvolvimento sustentável exige também o envolvimento de todos os elos da cadeia de valor. Nesse sentido, construímos parcerias com foco em iniciativas para promover práticas cada vez mais sustentáveis, que vão da cadeia produtiva ao consumo, pósconsumo e descarte adequado dos resíduos plásticos. Com isso, visamos a diversas ações que contribuam de forma efetiva na agenda contra as mudanças climáticas, para reduzir as emissões de carbono, diminuir o consumo de energia e o uso de recursos naturais, e promover a disseminação 38

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de boas práticas ambientais e sociais, que já são adotadas pelas companhias. O projeto de eteno verde é uma das frentes que contribui para a nossa estratégia de longo prazo em mudanças climáticas, removendo carbono da atmosfera, por meio da cadeia de produção do plástico verde, proveniente da cana-de-açúcar, matéria-prima renovável, que remove a emissão de 3kg de CO2, para cada kg de plástico fabricado. Além disso, o projeto também desenvolve nossa agenda de inovação, que vem sendo conduzida para substituir insumos fósseis por matérias-primas renováveis, na produção de químico”, pontua Jorge Soto, destacando que um dos temas materiais permanentes da política global de desenvolvimento sustentável da Braskem é o engajamento da cadeia de fornecimento, com o intuito de fortalecer a atuação deste elo na agenda ESG. Como passo inicial e fundamental para relacionamento da Braskem com seus fornecedores, existe o Código de Conduta para Terceiros, que deve ser assinado no processo de contratação. Este Código estabelece condutas fundamentais, esperadas dos nossos parceiros, em termos de ética e integridade, direitos humanos, gestão ambiental, entre outros tópicos do desenvolvimento sustentável. Dependendo do fornecedor, também é feita uma avaliação de mídias, para identificar se há algum impacto socioambiental apre-


Matéria de Capa sentado em seu modelo de negócio. Os fornecedores já contratados são periodicamente avaliados, a partir da matriz de criticidade de compras, que identifica se o parceiro fornece insumos que apresentam riscos socioambientais e operacionais, de acordo com a nossa matriz de materialidade. Aqueles considerados críticos participam de diversos programas engajamento, para identificação e mitigação de riscos, sendo que o principal deles é o CDP Supply Chain. A Braskem envolve seus fornecedores neste programa desde 2012, para o tema Clima, e desde 2016, para o tema água, tendo sido reconhecida como empresa líder no ranking, pela 6ª vez consecutiva, em 2021. Para incentivar a sustentabilidade em toda cadeia, a Braskem reconheceu 24 empresas por boas práticas em ESG, na segunda edição do prêmio “Braskem Supplier Sustainability Recognition”. Os fornecedores foram avaliados em cinco categorias, envolvendo melhor performance socioambiental, direitos humanos e trabalhistas, meio ambiente, ética e compras sustentáveis. Para o reconhecimento, foram utilizadas as avaliações realizadas pelas organizações Ecovadis, plataforma global de avaliação, quanto aos aspectos de sustentabilidade, e CDP (Carbon Disclosure Project), organização sem fins lucrativos, que avalia e analisa organizações quanto aos seus impactos nas questões relacionadas a clima e água. Ambas possuem critérios de avaliação eficientes para o setor privado, e são reconhecidas por sua credibilidade. Na categoria “trabalhista e direitos humanos”, foram premiadas Arkema e Oxiteno – que também ganhou na “categoria ética”, e dividiu a premiação na “categoria ambiental”, com Air Liquide, Arkema, Basf, Ecolab, Ernst & Young, Hitachi, Kobe Steel, KPMG, Linde, Raízen, Ricoh, SAP, Sasol, Schneider Electric, SGS, Siemens, Solvay, Spirax Sarco, Yokogawa. Na categoria “compras sustentáveis”, Basf e Deutsche Post – DHL foram as vencedoras, enquanto na categoria “ESG best performance”, destacaram-se Solenis, Evonik e IMCD. “Especificamente para a produção de eteno verde, possuímos um programa de conduta e auditoria para fornecedores de etanol, em função do risco socioambiental identificado nesta cadeia, incluindo subfornecedores. Para certificar a adesão ao código, são realizadas auditorias in loco nos fornecedores, e em uma amostra de subfornecedores. Adicionalmente, buscamos cada vez mais a compra de etanol com a certificação Bonsucro, para a qual temos um procedimento de custódia que garante a destinação correta da matéria-prima certificada para o produto final”, afirma o Jorge Soto. Construída entre 2008 e 2010 pela Tenenge para a Braskem, a planta de Eteno Verde, localizada na cidade de Triunfo/RS, vai ser ampliada pela mesma construtora, este ano. O objetivo da obra será adicionar 30% à atual capacidade de produção, de 200 mil toneladas/ano, passando para 260 mil toneladas/ano, atendendo à

alta demanda do produto em nível global, o que significa um investimento em torno de US$ 61 milhões. Esta foi a primeira planta no mundo a produzir polímeros, a partir de uma fonte renovável. O Eteno Verde é produzido a partir do etanol extraído da cana-de-açúcar. O polietileno verde e o EVA, ambos desenvolvidos a partir da matéria-prima sustentável, são utilizados para a produção de sacolas, tampas, calçados, itens do setor automotivo, entre outros. As resinas renováveis capturam gás carbônico da atmosfera, um dos elementos responsáveis pelo efeito estufa. A ampliação da fábrica faz parte da estratégia sustentável da Braskem, que estabeleceu a meta de diminuir sua pegada de carbono em 15%, até 2030, e se tornar uma empresa carbono neutro, até 2050. O polímero feito na planta captura, ao longo de sua cadeia produtiva, 3,1 toneladas de gás carbônico para cada tonelada produzida. Estima-se que, desde 2010, quando começou a ser produzido, o polietileno verde tenha evitado a emissão de 5,5 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. A Tenenge possui uma Política de Sustentabilidade, estruturada através da norma ISO 14001 – Sistema de Gestão Ambiental –, certificação concedida pelo Bureau Veritas. Neste sentido, a prioridade da empresa é o uso racional de recursos naturais, redução e reuso dos resíduos gerados, e mitigação dos impactos ambientais decorrentes de sua operação. Consequência direta desta ação é o fato de a empresa ter recebido, pelo oitavo ano consecutivo, o Selo Ouro do Programa GHG Protocol – ferramenta utilizada por empresas e governos para entender, quantificar e gerenciar emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Dois exemplos de boas práticas avaliadas pelo GHG Protocol são as ações voltadas ao reuso de efluentes, e ao reaproveitamento e reciclagem de resíduos sólidos. A empresa realiza o inventário de suas fontes emissoras de GEE em todas as obras, e os verifica externamente, tendo tornado-se referência em sua área nos debates sobre baixo carbono. Além disso, no campo da Integridade, a companhia conquistou recentemente o selo ISO 37001 para todas as suas operações. A certificação concretiza o alinhamento da empresa às melhores práticas internacionais de compliance. De acordo com Marcelo Hofke, diretor-geral da Tenenge, esta será uma obra desafiadora, pois, ocorrerá com a unidade em plena operação, e haverá apenas uma curta parada para interligações das novas instalações. “Estamos muito animados com mais esta oportunidade de trabalhar para um cliente tão qualificado como a Braskem, que compartilha conosco de conceitos sustentáveis em sua operação. Por termos sido os realizadores da primeira etapa desta planta, temos, dentro de casa, toda a expertise necessária para entregar o projeto requerido pelo cliente, com a qualidade que uma iniciativa desta merece”, afirma.

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Sustentabilidade no centro de tudo

“Unir-se é colocar a sustentabilidade no centro de tudo o que fazemos e, em 2020, vivemos isso todos os dias, e aceleramos nossa transição energética e nossos compromissos.” Ilham KadriCEO da Solvay

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ara a Solvay / Rhodia, ESG é um tema sistematicamente incorporado no dia-a-dia desde 2007, com o programa na época denominado “Rhodia Way”, focado em atender às expectativas das diversas partes interessadas – clientes, empregados, planeta, fornecedores, acionistas e comunidades. “Desde então, vem evoluindo e hoje nosso programa ESG se chama “Solvay One Planet”, composto por 3 pilares: Clima, Recursos e Qualidade de Vida. O programa possui 10 objetivos para 2030, tendo como referência o ano base de 2018. O “Solvay One Planet” é um elemento essencial da nossa estratégia G.R.O.W., e se baseia em nossas conquistas anteriores de sustentabilidade. O programa é inspirado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, e inclui dez compromissos mensuráveis em três áreas de foco principais, a serem alcançados até 2030. Ele é o nosso plano para um futuro sustentável, que oferece valor 40

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compartilhado para todos”, conta a Dra. Ronia Oisiovici, Gerente Sênior de Sustentabilidade e Inovação do Grupo Solvay na América Latina, engenheira química com mestrado e doutorado em Controle de processos pela Unicamp, auditora ISO9001 e 14001, GreenBelt (certified) e Black Belt (trained) pela Du Pont do Brasil. Quando a sigla ESG ganhou visibilidade, encontrou, na Rhodia / Solvay políticas de meio ambiente e inovação de sucesso. Ronia conta que a Rhodia sempre teve um forte compromisso com SSMA (Segurança, Saúde e Meio Ambiente) e Inovação, na sua história. “A visão ESG veio confirmar que esses temas são cada vez mais estratégicos para a nossa empresa, para a sociedade, o Planeta e para as partes interessadas com as quais interagimos. Hoje, por exemplo, através da ferramenta SPM (Sustainable Portfolio Management), avaliamos o Ciclo de Vida de todos os nossos produtos comercializados e do pipe de P&D, quantificando os impactos ambientais, não somente da nossa


Matéria de Capa operação, mas também da cadeia. Também avaliamos cada produto nas suas mais diversas aplicações, identificando os pares Produto/Aplicação que são Soluções Sustentáveis. Essas análises, em conjunto com os interesses e expectativas das nossas partes interessadas, são bem importantes para alimentar a nossa visão estratégica. Hoje, a área de Sustentabilidade está integrada na estrutura de Pesquisa & Inovação, identificando e fortalecendo cada vez mais as sinergias, em prol da química sustentável”. As políticas da Rhodia incluem o correto descarte de materiais industriais e corporativos e, além do descarte correto de resíduos, busca minimizar a geração de resíduos, maximizar o reuso e a reciclagem, tudo alinhado aos conceitos de Economia Circular. “Em adição ao objetivo de aumentar as vendas de produtos advindos de fonte renovável ou reciclados, trabalhamos em projetos para redução do envio de resíduos para aterro, energia renovável e reuso/aproveitamento de embalagens – elementos importantes para a circularidade”, acrescenta Ronia. Os cases são muitos, mas é de se destacar o programa de Logística reversa de Embalagens desenvolvido junto aos clientes, focado nas caixas, tampas, pallets, cintas, e outras embalagens, que, além de garantir a correta destinação dos descartados, reduz o impacto dos custos de produção das embalagens, e de alguma falta de material para sua elaboração.

ocupação não é de agora, afinal, os polímeros são a base de produção dos fios têxteis na fábrica da Rhodia Brasil em Santo André/SP, que, desde a década de 1960, implantou um processo industrial sustentável com o objetivo de utilizar o resíduo de produção da poliamida PA 6.6 (Nylon 6.6), e assim valorizar o material, e reduzir o impacto negativo do seu descarte no meio ambiente. Na época, quando isso nem era chamado de economia circular, a Rhodia Brasil, já enxergava o benefício da reciclagem e buscava usar todos os recursos disponíveis para criar seus produtos. A fábrica da Rhodia Brasil em Paulínia/SP produz o Sal Nylon – matéria-prima para os polímeros e fios de poliamida – que passa pelos processos de polimerização, fiação e texturização na fábrica de Santo André. A polimerização, fiação e texturização geram resíduos que são destinados à reciclagem química, por meio de uma Polimerização Descontínua, compreendendo uma despolimerização, seguida por uma etapa de repolimerização. O resultado é um polímero reciclado, em formato granulado, que pode ser utilizado em aplicações, como plástico de engenharia ou fibras, proporcionando valorização do refugo, em aplicações nobres. Mesmo com todas as dificuldades técnicas, a Rhodia Brasil nunca desistiu de buscar alternativas para a reciclagem, aumentando a eficiência e a qualidade do seu processo produtivo.

A Solvay/Rhodia mantém programa de logística reversa de embalagens Destaque-se também o fio de poliamida biodegradável da Rhodia (BioAmni), feito parcialmente de fontes renováveis, alinhando conforto à sustentabilidade. Mas, essa pre-

Diversos projetos foram desenvolvidos para melhorar a qualidade e aumentar o volume de produção na fábrica, como no 388

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Matéria de Capa instalação de novos digestores, alteração do processo de polimerização, preparação das cargas, obedecendo a receita de cada tipo de polímero, instalação de silos homogeneizadores, implantação da automação para controle de processo, elevando assim a capacidade de produção dos polímeros reciclados. Integrada ao ODS 12 (Consumo e produção responsáveis), a Rhodia Brasil, por meio do projeto de reciclagem dos polímeros, faz o manejo adequado desse material, evitando o descarte no meio ambiente, e reciclando 100% dos resíduos oriundos da polimerização, fiação e texturização. A iniciativa está alinhada às metas do ODS12. Com uma visão ampla da importância do que hoje denominamos ESG, já em 2006, a Rhodia implantou, no site de Paulínia/SP, o Angela – Abatement N20 Gas Emissions Latin America que elimina, por ano, aproximadamente 4,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente, construído dentro do escopo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto – e mesmo com o fim da vigência desse protocolo. Note-se que, sozinho, o Angela responde pelo abatimento de cerca de 40% do total de emissões do grupo Solvay, no mundo: 130 unidades industriais em 64 países! Ainda assim, em 2018, a Rhodia montou um grupo para elevar esse percentual e, depois de 57 melhorias implantadas, em 2019 e 2020 o Angela alcançou novo patamar de eficiência, que significou redução adicional de 100 mil toneladas de CO2 equivalente por ano. Ao longo das últimas décadas, a Rhodia vem trabalhando para melhorar a vida de seus colaboradores e da sociedade, por meio do gerenciamento de materiais nocivos, da segurança de pessoas, processos e produtos; por meio de iniciativas de diálogo social, e por meio do portfólio de produtos; perseguindo o nível zero de acidentes e incorporando diversidade, equidade e inclusão em suas posturas, sendo uma das primeiras empresas a incorporar em seus benefícios 16 semanas de licença- maternidade, paternidade e co-parental. Só que isso tudo está/estava sob outras siglas que não ESG, mas os ideais estão lá. E isso não é importante apenas para os clientes e a sociedade; é também para o grupo Solvay, porque seus acionistas, bancos e investidores do mundo procuram empresas com boas pontuações ESG: a mudança em direção ao investimento ético reflete a crescente importância de incorporar dados ESG na estratégia de qualquer empresa, para criar valor de longo prazo. E o Grupo Solvay também está comprometido em obter classificações fortes nos índices financeiros e de sustentabilidade, para manter a confiança dos stakeholders. Por isso, reco42

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nhece que a classificação das agências é importante para medir pontos fortes e possíveis áreas que precisem de mais atenção. Entre os pontos fortes que as agências encontraram, está a Metodologia de Gestão Sustentável de Portfólio (SPM), e seu uso para tomar decisões. O SPM é uma análise de riscos e oportunidades para cada produto em cada mercado, de acordo com múltiplos critérios de sustentabilidade. Outro ponto destacado foi a estrutura de referência de sustentabilidade Solvay Way, que


Matéria de Capa permitiu que cerca de 50% dos funcionários estivessem ativamente envolvidos nos planos de ação de sustentabilidade, em 2020 – as agências elogiam a forte análise de materialidade do Relatório Anual Integrado, classificado entre os 10 melhores pelo Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD), pelo 3º ano consecutivo. Mais importante: o Grupo leva a sério os comentários das agências de classificação sobre áreas de melhoria – como reduzir as emissões mais rapidamente. Estamos fazendo isso por meio de nossos compromissos Solvay One Planet, com foco na redução de emissões e efluentes, que podem impactar a biodiversidade.

O Grupo pode ostentar bons índices na avaliação MSCI ESG Ratings: em 2020, recebeu uma classificação de AAA (em uma escala de AAA-CCC); está no top 1% das empresas químicas, avaliadas pela EcoVadis; é um componente de longa data do Índice BEL 20, com sede em Bruxelas; é “Prime Company”, com nota B, pelo ISS-ESG, posicionando-se entre as líderes em produtos químicos; a Solvay está no índice FTSE4Good; está classificada como “B” pelo CDP no questionário Climate Change 2020; foi confirmada como constituinte do Ethibel Sustainability Index (ESI) Excellence, em 2020; faz parte do Euronext Vigeo World 120 Index, ocupando o 2º lugar no setor químico, no final de 2020.

Solvay ©2021 Relatório Integrado 2020 Última atualização

1: O crescimento orgânico exclui a conversão cambial e os efeitos de escopo. 2: Fluxo de caixa livre para os acionistas da Solvay é o fluxo de caixa livre após o pagamento de juros líquidos, cupons de títulos híbridos perpétuos e dividendos para não controladores. Isso representa o fluxo de caixa disponível para os acionistas da Solvay, para pagar seus dividendos e/ou reduzir a dívida financeira líquida. 3: Retorno sobre o Capital Empregado, 4: Recomendado à Assembleia Geral de 11 de maio de 2021, 5: Emissões totais de gases de efeito estufa, escopos 1 e 2, 6: em número de espécies animais ou vegetais potencialmente impactadas em um ano. Método reCiPe, para avaliação de impacto na biodiversidade, 7: Os indicadores de economia circular ainda estão em fase de desenvolvimento, no âmbito do Circulytics abordagem, co-desenvolvida com a Ellen MacArthur Foundation, 8: Taxa de acidentes com tratamento médico, com ou sem paralisação do trabalho; funcionários e contratados no 388

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Matéria de Capa

Abiquim trabalha para o Brasil dos sonhos

A

Abiquim apresentou ao governo uma agenda de sustentabilidade para setor químico brasileiro, que leva em consideração frentes como gás natural, energia renovável, saneamento, bioprodutos e saúde. O trabalho foi dividido em cinco frentes no escopo de ESG – Governança ambiental, social e corporativa. A visão apresentada ganha importância, quando analisada à luz dos dados do Conselho Internacional das Indústrias Químicas, que mostram que, até 2050, as soluções geradas pela química poderão reduzir as emissões totais de dióxido de carbono de outros setores. André Passos Cordeiro, Diretor de Relações Institucionais da Abiquim, reforça que a agenda ESG é “central na Abiquim e é ela que orienta as pautas da entidade. Já temos, inclusive, posicionamento público, sobre Mercado de Carbono e Economia Circular, temas endereçados exclusivamente pelo Comitê para o Desenvolvimento Sustentável da associação. Temos uma visão de que o futuro caminha para um mundo organizado sob os princípios de ESG, ao ponto de interferir no processo produtivo”. A agenda da Abiquim já é estruturada a partir desses conceitos e princípios e, entre as suas ações, podemos destacar: a interlocução com o Ministério do Meio Ambiente, na questão dos planos setoriais de redução de emissões de carbono; o avanço na discussão do PL 528/21 no Congresso Nacional, que procura estabelecer um mercado de carbono cap and trade no Brasil; e a discussão com outros setores industriais, sobre um modelo de economia circular, sob a liderança da CNI. “Ou seja, estamos avançando no sentido do desenho de políticas públicas que, cada vez mais, aprofundem a ideia de que o nosso país se una, para organizar-se pelos prin44

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cípios de ESG. Nossa intenção é que o país promova um ‘ESG Made in Brazil’, e a química é fundamental, como setor produtivo, para viabilizar um modelo de produção sustentável, com baixa ou nula emissão de carbono, e com o princípio da circularidade”, conta André. O que a Abiquim desenha é o Brasil do futuro, de 2050: quarta maior indústria química global, líder mundial em química de renováveis e biocombustíveis, gerador de soluções sustentáveis para todas as cadeias de produção; é um país com economia circular — o que significa que resíduos se tornaram insumos – , emissões de gases de efeito estufa, zeradas; um país capaz de gerar energia limpa em abundância; o Brasil é finalmente um país sem fome, com um sistema de saúde eficiente e acessível, com água limpa abundante, e florestas preservadas; com uma infraestrutura de educação, ciência e tecnologia pujante, e nos tornamos um país rico; de geradores de 2% da riqueza mundial, passamos para 15%. Algumas empresas já estão engajadas com essa visão. Mas, para chegar lá, é preciso que todos se comprometam. @Braskem


Artigo Técnico

ESG como valor compartilhado à sociedade Victor Venâncio Head of Digital Transformation LatAm – IHM Stefanini / Invited professor MIT and UC Berkeley (Digital Transformation) , Cambridge Business School (Strategy for CXO) (by Emeritus) + PUC-RJ (Master Digital Transf). Dois tópicos fundamentais para qualquer organização, estão há algum tempo figurando como prioridades absolutas na agenda dos C-levels do setor de energia, óleo e gás: a transformação digital e o ESG ( Environmental, Social & Governance ) Tanto a estratégia operacional, como de negócios e corporativa, precisam considerar o impacto da transformação digital em toda cadeia de valor, e o ESG como um fator preponderante para a imagem e reputação da empresa perante a sociedade. A sustentabilidade deixou de ser uma característica presente em alguns modelos de negócios, para se tornar mandatória em empresas que possuam visão de médio e longo prazo, e que compartilham valor com a sociedade. No setor de energia, onde o óleo & gás está inserido, a questão ambiental se torna ainda mais evidente na medida que a agenda Global de redução de emissões de gases de efeito estufa estabelecida no acordo de Paris, trazem desafios enormes às empresas. O conceito de ESG, ainda sem este termo, foi ventilado pela primeira vez em 2005, quando o então secretário geral da ONU, Kofi Annan, juntou 23 das maiores empresas do mundo para alertar sobre a importância de uma atuação mais incisiva com os pilares socioambientais. Em 2019, durante o Fórum Econômico Mundial de Davos daquele ano, 181 CEOs das maiores empresas do mundo, decidiram adotar os fatores de desenvolvimento sustentável e responsabilidade socio-corporativa em seus balanços anuais e planejamentos estratégicos. Mas foi em 2020, com o anúncio da BlackRock, maior fundo de investimento do mundo, indicando que somente investiriam em organizações com compromissos claros em ESG, e que venderiam 500 milhões de dólares em ativos relacionados a geração de energia por meio de combustíveis fósseis, que o mercado ligou a luz de alerta e as empresas, não somente do setor de óleo e gás,

passaram a considerar a temática de ESG como prioritária, focando ainda mais nas energias renováveis em suas carteiras de investimentos, e também como direcionadores estratégicos de médio e longo prazo. Um artigo seminal escrito por Michael Porter (à esquerda na foto, com Victor Venâncio) e Mark Kramer, publicado na Harvard Business Review em 2011, com o título de “Criando Valor Compartilhado”, já trazia uma análise entre economia e progresso social das nações através das empresas fomentando ondas de inovação e crescimento sustentável. O valor seria gerado e compartilhado com a sociedade por reconceber novos produtos e mercados, prover um realinhamento e redefinição das cadeias de valor e pelo desenvolvimento de clusters locais. O crescimento econômico, sem o acompanhamento do progresso social, acaba por gerar custos que impedem a evolução das organizações e das nações. “Valores compartilhados não são responsabilidade social, filantropia ou mesmo sustentabilidade, mas sim, um novo jeito de atingir o sucesso econômico” (M.Porter e M.Kramer). E isso pode ser visto pelo valor das aões das empresas que adotaram claras iniciativas de ESG, conforme estudo da Morgan Stanley, XP Investimentos e Bloomberg.

o sucesso econômico” (M.Porter e M.Kramer). E isso pode ser visto pelo valor das ações das empresas que adotaram claras iniciativas de ESG, conforme estudo da Morgan Stanley, XP Investimentos e Bloomberg. Fonte: Bloomberg, XP Investimentos, MSCI

O conceito de valor compartilhado pode ser definido como políticas e práticas operacionais que elevam a competitividade das empresas enquanto, simultaneamente, melhoram as condições econômicas e sociais nas comunidades onde as empresas operam. A criação de valor compartilhado tem foco na identificação e extensão das conexões entre o social e o progresso econômico. Tanto o progresso econômico como o social devem ser abordados usando princípios de valor. O valor é definido como benefícios em relação aos custos envolvidos, não apenas aos benefícios. A criação de valor é uma ideia presente no mundo dos negócios, onde o no 388

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Artigo Técnico lucro é a receita auferida com os clientes, extraindo-se os custos to-tais incorridos nas operações de produção, logística e vendas. Quando falamos da área social, pensar em termos de valor é menos comum. Não é à toa que, entre os três pilares da sigla ESG, o Social seja o que apresente menos importância entre as organizações, conforme demonstrado pela pesquisa condu-zida pelo Itaú BBA.

Fonte: Stefanini Group

Fonte: Itau BBA

As empresas raramente abordaram questões sociais em uma perspectiva de valor, as tratando de forma periférica nas estratégias corporativas das empresas. Entretanto, com a temática ESG, as conexões entre preocupações econômicas, ambientais e sociais, estão cada vez mais presentes nas organizações. Neste contexto, e alguns anos depois do artigo de Michael Porter, o ESG se tornou a resposta das empresas que possuem esta visão de sustentabilidade ambiental e dos negócios, preocupação com o progresso social, e primam por uma governança corporativa que garanta a integridade em suas operações. As empresas compartilham valor com a sociedade além do que é notadamente percebido por funcionários, acionistas e demais partes interessadas (salários, impostos, dividendos e filantropia), e também compartilham valor quando reduzem as emissões de gases de efeito estufa e demais poluentes, quando otimizam o uso de insumos e recursos naturais, quando reduzem o consumo de água ou usam energias renováveis, inovando e gerando crescimento através de novos produtos e/ou serviços aos mercados existentes, ou mesmo criando novos mercados, assim como já vislumbrava Michael Porter, em seu artigo lá em 2011, quando não se falava sobre o termo ESG ainda. A sociedade valoriza organizações que são responsáveis e mitigam seus impactos no meio ambiente e nos negócios. Os cidadãos querem ser tratados como uma parte interessada ativa, com poderes para dirigir e decidir os rumos das comunidades onde vivem. Não é à toa que o IDH (índice de Desenvolvimento Humano), das áreas de influência onde as empresas atuam, é um dos KPIs usados para medir a efetividade de uma agenda de ESG. E o mercado e a sociedade premiam essas atuações. Empresas e instituições que seguem boas práticas ambientais, sociais e 46

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de governança são mais estáveis, e podem gerar mais valor no longo prazo. As iniciativas de ESG precisam ter uma perspectiva abrangente, que partem de uma simples ação de filantropia e caridade, até o compartilhamento efetivo de valor perante a sociedade e partes interessadas.

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Ter estratégias de geração e compartilhamento de valor, através da agenda ESG, é um imperativo para todas as organizações atuantes em setores extrativistas e de processos industriais de transformação, devido ao grande impacto de suas operações em toda sociedade, seja pelo ponto de vista ambiental, social e de governança. É requerida uma visão 360o da organização, que abrange o back office (área industrial), o middle office (área corporativa) e o front office (área de negócios) das empresas, impactando toda cadeia de valor onde ela está inserida.

Fonte: Stefanini Group

Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) estabelecidos pela ONU, indicam os pontos em que as organizações impactam a sociedade, e que devem ser monitorados constantemente, para cumprir a agenda de ESG, servindo, entre outros fatores, como direcionadores para iniciativas concretas perante a sociedade, constando nos respectivos relatórios anuais de sustentabilidade e ESG. Estamos vivendo um momento de transição, da terceira para a quarta revolução industrial. Estes movimentos trans-


Artigo Técnico formacionais que temos visto com a transição energética, a eletro mobilidade, a própria transformação digital, entre outras, exigem que as organizações estejam preparadas para superar enormes desafios, e se manterem perenes em seus mercados. O sucesso das organizações exige que as empresas operem num ambiente de inovação aberta, colaboração, e cooperação entre ecossistemas, mudando a forma como as empresas e concorrentes trabalham, para alcançar o progresso social e dos negócios. Atuar nos pilares de tecnologia, processos, cultura e estrutura organizacional, preparando-os para o período da quarta revolução industrial, e uma sociedade 5.0, é o que possibilitará a manutenção e geração de vantagens competitivas sustentáveis, e compartilhamento de valor. A cultura exerce um papel fundamental nesta transformação, e precisa ser ajustada para um ambiente de negócios completamente distinto do que estávamos acostumados durante o período da terceira revolução industrial.

Fonte: Stefanini Group

Mudanças na forma como geramos, transportamos e consumimos energia estão impactando modelos de negócios por cadeias de valor de diversos segmentos de mercado. Isto exigirá investimentos em fontes de energias renováveis, afetando a forma sobre como pensamos o uso dos recursos naturais e os impactos que as externalidades das operações geram ao meio ambiente e à sociedade. A transição energética não se limita apenas às empresas de energia ou petróleo e gás. Há necessidade de termos uma visão isenta e abrangente sobre o tema. O hidrogênio é uma fonte muito interessante, mas, se a eletricidade utilizada no processo for gerada através de fontes limpas. O setor de mineração também deve considerar sua pegada de Carbono gerada nos processos de extração dos minérios, como o lítio, essencial para tecnologias aplicadas nas baterias de armazenamento de energia e fundamentais nas estratégias de descarbonização. Com o processo de eletrificação por que estamos passando, a demanda por este tipo de minério tende a crescer ainda mais, e precisamos todos sermos críticos, e termos uma visão mais abrangente sobre o tema, já que as metas de emissões de carbono incluem os escopos 1, 2 e 3, e as emissões para extração e processa-

mento destes minérios também impactam o meio ambiente e a sociedade. Os investimentos em energias renováveis, como eólica e solar, continuarão a crescer exponencialmente, nos próximos anos. A energia gerada através do gás natural desempenha um papel vital neste momento de transição, fornecendo soluções flexíveis, energia despachável, acessível e confiável, com pegada de Carbono inferior à do carvão. A energia nuclear continuará a ser uma fonte a ser considerada na jornada de descarbonização, com desenvolvimento de pequenos reatores modulares, reduzindo os custos operacionais, e com sistemas de segurança cada vez mais confiáveis. O avanço no desenvolvimento de tecnologias e soluções de armazenamento de energia potencializam os investimentos em energias renováveis. A descarbonização do setor de energia exige uma abordagem holística, considerando todo o sistema e as cadeias de valor, que são impactadas com suas operações, desde a geração, distribuição, armazenamento e consumo de energia. É é nesse momento que a transformação digital entra em cena para agilizar as agendas de ESG e de descarbonização das empresas de energia, óleo e gás! As empresas precisarão integrar e otimizar seus ativos, usando estrategicamente os dados que já são disponíveis em suas operações, ou obtendo novos dados, através da adoção massiva de sensores, impactando, tanto o back, como o middle e o front offices das empresas do setor. A convergência OT-IT é o primeiro passo na execução da jornada de transformação digital em organizações de base industrial, e esta convergência de dados dos sistemas OT (Operational technologies) e IT (Information Technologies), tem potencial de acelerar as agendas de ESG por toda organização. A transformação digital desempenha um papel vital para melhorar a produtividade e a confiabilidade das operações e dos ativos das empresas geradoras de energia, promovendo o compartilhamento de valor de forma mais ágil, efetiva e num menor espaço de tempo. É um dos fatores que impactam a competitividade das organizações e das nações. A Pandemia impactou a mentalidade das pessoas, empresas e toda sociedade, trazendo a temática do ESG à tona com ainda mais notoriedade, e acelerando a transformação digital. Neste contexto, vimos que ESG e Transformação digital, embora administrados por profissionais e departamentos distintos na maioria das empresas, precisam atuar de forma integrada, para que o compartilhamento do valor seja o mais efetivo possível. Não é à toa que figuram como prioridade absoluta nas agendas dos C-levels. Uma jornada fundamental para toda a sociedade e para os negócios. Na sua empresa, estes assuntos estão integrados ou continuam atuando em seus silos organizacionais?

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“Sem engajamento, o Compliance fracassa”, diz especialista Sem o envolvimento dos funcionários, os programas de ética e integridade dificilmente terão sucesso nas empresas

*Wagner Giovanini Desde o boom de investigações, gerado pela Operação Lava Jato, muito se fala em Compliance no Brasil. Mas, o sistema, que visa a garantir a ética e a integridade nas empresas públicas e privadas, ainda é pouco compreendido por quem mais se beneficia dele: o empresário e os seus colaboradores. Na prática, contar com um Programa de Integridade – o Compliance – traz resultados, tanto para a empresa, quanto para os profissionais que dela fazem parte, mas o sucesso das ações depende das duas partes. “O engajamento começa com a alta direção. Além de apoiar, ela deve dar o exemplo, liderando os demais funcionários para se envolverem no Compliance. Essa é a primeira medida, pois, sem esse apoio, nenhum sistema se sustenta”, aponta o especialista Wagner Giovanini. Segundo o expert, sem o envolvimento dos funcionários, o Compliance está fadado ao fracasso. “Após implementado, o engajamento interno passa a ser preocupação constante do responsável pelo Sistema de Compliance. A comunicação e a sensibilização devem ser práticas regulares para manter a chama acesa desse programa. É como regar uma planta. Se deixá-la por conta própria, ela pode morrer”, garante Giovanini.

Como transformar profissionais em agentes de Compliance Não há ninguém melhor que os funcionários para disseminar a Cultura de Integridade em uma empresa. No entanto, é preciso que, antes, eles também sejam atraídos para o tema, e realmente entendam do que se trata na prática. Por isso, os treinamentos e a comunicação adequada são fundamentais para que o Compliance funcione. Assim, a reação em cadeia é certa: os próprios colaboradores se colocarão como agentes de Compliance, ao cobrarem dos colegas uma conduta ética, transparente e responsável. “As empresas são formadas por pessoas, e são elas que fazem o certo ou o errado”, lembra Giovanini, que é um dos fundadores da tríade de empresas Contato Seguro, Compliance Total e Compliance Station, com sede em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

De acordo com o especialista, basta fazer com que os profissionais enxerguem soluções, para problemas que eles mesmos enfrentam em suas rotinas, como exposição a condições humilhantes, exigência de metas inatingíveis, desrespeito, ofensas públicas e sobrecarga de trabalho. Se, ao explicar as medidas de Compliance, os cenários apresentados forem familiares para os funcionários, mais facilmente eles conseguirão entender a importância do Programa de Integridade, que impacta diretamente na sua saúde e desempenho profissional. Para tanto, é preciso citar situações próximas à sua realidade, para que eles consigam se enxergar nas transformações que virão pela frente. Só assim – apontando e validando os benefícios do Compliance – será possível criar uma atmosfera de confiança e de credibilidade no ambiente interno.

Compliance: mudança de dentro para fora O que se espera, no cotidiano profissional, é que as próprias equipes se oponham a sinais de bullying, abuso de autoridade, discriminação, assédio moral ou sexual, fraudes, desvio de verbas, conflitos de interesses e qualquer outra irregularidade ou conduta inapropriada. Não há dúvida: as correções começam no interior das empresas. Do contrário, o Programa de Integridade tem grandes chances de se tornar uma iniciativa para “inglês ver”, e não existe lógica em adotar um Compliance de fachada, não é mesmo? Afinal, os resultados advindos das boas práticas só serão alcançados se elas estiverem acontecendo, de fato. E, para isso, é imprescindível que todas as esferas da organização estejam alinhadas com os mesmos princípios – desde a alta direção, até o nível operacional, por exemplo.

Sobre o Compliance Station Uma plataforma 100% digital, fácil e desenvolvida para as pequenas e médias empresas. Com essa invocação tecnológica, elas terão acesso a todos os benefícios oferecidos pelos Programas de Integridade que, até então, eram usufruídos somente pelas grandes empresas. E o mais importante: cabe no bolso de cada um!

* Wagner Giovanini é engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da USP, com pós-graduação em Gestão Ambiental. Atuou por 29 anos na Siemens, e há noves anos se dedica ao Compliance Total como sócio-diretor. Especialista em Compliance, é autor de livros como: “Compliance – a excelência na prática”, e “Compliance, Gestão de Riscos e Combate à Corrupção”. Desenvolveu a Compliance Station, plataforma inovadora para a implementação e execução de sistemas de integridade em pequenas e médias empresas.

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ESG é uma oportunidade de humanização Por Felipe Maciel*

O avanço das discussões e implementação dos critérios de ESG na indústria de petróleo e gás são uma oportunidade sem precedentes para a indústria. Mais do que uma oportunidade de negócios, se trata de uma oportunidade de evolução, humanização e sobrevivência. É uma oportunidade para a indústria de óleo e gás se tornar mais diversa e inclusiva. Abrir espaço para toda comunidade LGBTQIA+ é um caminho natural para as empresas que pretendem ter um papel social, a partir da sua governança, e ajudar a acabar com o preconceito que existe em nossa sociedade. No começo de maio, a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios, realizada pela Companhia de Planejamento dos Distrito Federal (Codeplan), mostrou que 3,8% da população do Distrito Federal se declara como gay, lésbica, bissexual e transexual, entre outros (LGBTQIA+). Incluir o negro é outro desafio que a indústria de óleo e gás precisa tomar para si, no Brasil. Depois de 134 anos de abolição da escravidão, os negros ainda lutam por direitos e protagonismo no Brasil. E poucos, muitos poucos, são os casos de negros no comando de empresas ou em cargos de direção na área de óleo e gás, no país. Você que está lendo esse artigo,

pense quantos negros você conhece comandando uma empresa de óleo e gás, no Brasil? Foi difícil, né? E vale lembrar que, de acordo com dados do IBGE, os negros representam 54% da população brasileira. E a disparidade não é menor, quando falamos de mulheres negras, que, de acordo com dados do IPEA, ganham, em média, 70% menos que mulheres brancas, no país. O ESG também é uma oportunidade para a indústria de óleo e gás consolidar as discussões sobre clima, em suas atividades diárias. É somente a partir desse movimento que a indústria conseguirá atrair jovens talentos, que atualmente se preocupam e muito com o impacto da empresa em que trabalham sobre o ambiente global. Empresas são feitas de pessoas, e a diversidade e pluralidade certamente contribuirão para corporações evoluírem e melhorarem, processo que – mesmo com todas as dificuldades e percalços momentâneos – está acontecendo no mundo. Olhar problemas de forma diferente para os mesmos problemas pode ser uma saída estratégia. O mundo está passando por mudanças, e o mercado de petróleo e gás está inserido nelas. Na era dos acionistas ativistas, a sociedade está demandando mudança na forma de produzir e consumir energia. E essa mudança não é apenas operacional. É também de gestão.

* Felipe Maciel é jornalista e acompanha há 20 anos o mercado de petróleo e gás no Brasil. Atualmente é diretor executivo da agência epbr, primeira agência de notícias focada em política energética do país. no 388

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Um mundo sem petróleo é o mito da atualidade José Alexandre Altahyde Hage* Começamos este texto dizendo que, nestes dias, o princípio de se ter descarbonização da economia internacional é hipótese distante, um mito mesmo. Porém, isso não significa dizer que um dia não haja menos uso de petróleo, gás natural e carvão mineral na produção mundial de mercadorias, transporte e no processamento de recursos naturais. Tudo depende do andamento que a ciência pode dar aos combustíveis sintéticos. Quem sabe um dia haverá a era para o barateamento do hidrogênio e a massificação do etanol. Os fundamentos do mito não são, obrigatoriamente, simples inspirações ou desejos desenraizados. No decorrer da história, das investigações políticas sobre a natureza do homem, o mito foi encontrado no Cristianismo, como força motivadora em um mundo no qual os(as) fiéis pudessem ser elevados(as) ao encontro do Pai Eterno, desde que não fugissem de determinados mandamentos – princípio também visto no Islamismo e Judaísmo. Da mesma forma, o mito foi encontrado no movimento comunista, ao findar o século XIX. A salvação da classe operária estaria na revolução proletária, contra a ordem capitalista – uma transformação total da vida socioeconômica sobre a Terra, que teria o poder de reiniciar a história sob novos valores. Mas, o importante a sublinhar nesse assunto é que para se realizarem os objetivos do mito não pode haver data marcada ou esperar resultados no curto prazo. O mito, para ser concretizado, necessita de trabalho de longo prazo, sem data pré-determinada, e não aceita voluntarismo. Em outras palavras, não são convenientes ações individuais, de governantes, militantes, burocratas, intelectuais ou empresários(as), que não estejam relacionados com a prática da vida, da realidade propriamente dita. Decisões desse tipo são contraproducentes e seus resultados, geralmente, atrasam ou bloqueiam os desejos do mito. Pois bem, esse descompasso, de caráter político e econômico, vem ocorrendo desde abril de 2020, quando se percebeu que a Pandemia de coronavírus vinha para ficar por um bom tempo, e provocaria efeitos nas relações internacionais que perturbariam nossa compreensão sobre essa questão. Logo de início, a economia internacional parou em grande parte dos países, inaugurando um período cuja compreensão ainda está aberta para análises.

Até a China, chamada a “fábrica do mundo”, teve de aceitar a premissa de que se a produção estacionasse e se o(a) trabalhador(a) ficasse em casa, por certo tempo, isso poderia ajudar o mundo a sair das complicações da Pandemia. Na verdade, o que a China havia feito nada mais era que seguir, ainda que a contragosto, sugestões dos Estados Unidos e, principalmente, da União Europeia, que rapidamente determinaram os lockdowns como possíveis instrumentos de política sanitária, confiáveis e urgentes para os novos desafios da humanidade. Como se houvesse uma lei da natureza, a relativa paralisação da economia internacional promoveu, mesmo sem propósito, a premissa (o mito), de que a descarbonização viria para ficar. Se a produção mundial parou em grande parte no mundo, nada mais crível e inteligente do que suspender voluntariamente o consumo de hidrocarbonetos: petróleo, gás natural e carvão mineral – embora o carvão não seja hidrocarboneto para o pessoal da Geologia; mas o encaremos assim para fins de nosso argumento. Em decorrência disso tudo, a produção de hidrocarbonetos também descera bastante, por falta de consumo. Então, aproveitando o ensejo, a descarbonização seria nosso Santo Graal da questão ambiental planetária: menos queima de combustíveis fósseis, menos emissão de CO2 na atmosfera. Portanto, um passo a mais no combate ao aquecimento global, que se tornou o problema número um da humanidade, ao menos na percepção de setores mais intelectualizados e cosmopolitas do Ocidente. Nessa toada, a premissa da descarbonização, de usar menos hidrocarbonetos, na medida do possível, passou a ser também a agenda dos países industrializados, do Hemisfério Norte. Os Estados Unidos, sob o governo democrata de Joe Biden, praticamente haviam posto o petróleo como elemento nocivo da sociedade norte-americana. A parcial diminuição

* José Alexandre Altahyde Hage é professor no Departamento de Relações Internacionais da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (Eppen) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), campus Osasco 1 Trata-se do governo Gerard Schroder, do Partido Social-Democrata Alemão, que permaneceu na Chancelaria entre 1998 e 2005. Cumprimos dizer que a adoção das políticas green power foram implementadas, em variados graus, tanto por partidos socialistas e trabalhistas, quanto por conservadores e da democracia cristã.

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Artigo de novas prospecções no Golfo do México e no Alasca, e a maximização do gás de xisto (das jazidas de Marcellus em território estadunidense e do Canadá) seriam as boas novas daquela administração que pensara combater o aquecimento global com a marginalização dos combustíveis fósseis. Do outro lado do Atlântico houve a mesma manifestação carregada de virtude. Bruxelas, centro da integração regional europeia, havia privilegiado o desejo alemão, para que a Europa entrasse no processo do green power, da energia renovável. Duas explicações: o país atuou a favor da Alemanha, por conta da decisão que Berlim tivera, nos primeiros anos do atual século, para que as usinas nucleares fossem paulatinamente desligadas como resultado dos acordos entre o Partido Verde e o Social-Democrata, que havia adentrado no comando da Chancelaria[1]. Devemos também explicar que usamos o termo ‘processo’, em virtude de a Alemanha não ter apresentado nada como suficiente em substituição a hidrocarbonetos ou à energia nuclear. O que o governo poderia fazer em alto grau, e fez, foi empregar o gás natural russo, de Vladmir Putin, para movimentar a maior economia da Europa. O energético do Leste seria considerado meio de transição para algo mais avançado, ao se tratar de qualidade ambiental; um insumo que liberaria menos CO2, apesar de ser carburante. O que o Velho Continente tencionava fazer, dentro do processo de substituição das antigas energias, era contar com nova tecnologia de energias renováveis, que tivesse condições de dar conta da grande quantidade de insumos necessários para potências industrializadas. Energia eólica, solar, álcool combustível de beterraba branca e biodiesel se haviam tornado os energéticos da vez, com promessa de lograrem segurança energética à Europa. Enquanto essa nova era não chegasse, o gás natural russo deveria ser importado em grande quantidade. Além da questão ambiental, o objetivo da União Europeia poderia ser, também, pois, não o declarou efetivamente, escapar da dependência de petróleo proveniente do Oriente Médio. Por ser região altamente instável politicamente, e por concentrar mais de 60% das reservas mundiais de óleo, os países europeus pensaram trocar uma dependência mais complexa por outra, menos difícil, por se tratar de país governado por plataforma estável, apesar de tudo: a Rússia. O plano empregado por governos revisionistas, do sistema internacional de energia, baseado em hidrocarbonetos, conseguiu manter-se até este primeiro semestre de 2022, com o desdobramento da guerra entre Ucrânia e Rússia. A iniciativa do governo Putin, para blindar seu ‘estrangeiro próximo’ dos assédios da Otan, o que envolve a Ucrânia como Estado-tampão, abriu a caixa de Pandora da geopolítica europeia, com irradiação, tanto para a América, quanto para a Ásia. Estados Unidos e China seriam envolvidos, mesmo que indiretamente. Nessa guerra por procuração, na qual Washington procura enquadrar a Rússia, ao jogar mais armamentos na Ucrânia, da mesma forma que a Otan apoia o governo de Kiev, passou a haver, aos poucos, aquecimento da economia internacional, que teve seu retorno na China, como era de se esperar. Por vez, a crescente necessidade energética chinesa impele para

que os grandes produtores de petróleo aumentem a produção o mais rápido. O problema é que no período de paralisia da economia internacional, em função da Pandemia, parte da infraestrutura petrolífera ficara em desuso, e perdera condições de ser acionada em ritmo de urgência. É como se houvesse uma letargia no mundo do petróleo, e agora tivesse de ser despertado com água na cabeça. Depois de meses sem alta produção de óleo, a infraestrutura tem de recomeçar a bombear o produto, para dar conta da crescente necessidade apontada pela China, Índia e demais países de recém-industrialização do sudeste asiático. A suspensão de energia exportada da Rússia, devido aos boicotes ocidentais, a marginalização de novas explorações de óleo em território norte-americano, e a animação econômica da Ásia, revelaram que os planos green power não passariam de inocências carregadas de virtude em busca de um mundo melhor, capitaneados por elites governamentais, intelectuais e empresariais, que não mais pensavam as relações internacionais sob o signo do poder. A ironia disso tudo é que a própria Europa, lar intelectual da geopolítica e da realpolitik, se havia prestado a ser a fonte dos desejos inalcançáveis. Seria, então, o green power pressuposto de gente mais que moderna e rica? Os países malvistos de antes, grandes produtores de petróleo do Oriente Médio ampliado, com extensão para a Venezuela, de Nicolas Maduro, passaram a ter imagem melhorada pelo peso exercido pelo petróleo na economia global. Seus nomes foram limpos pela crise de energia. Os grandes centros financeiros apelam para que Arábia Saudita, a começar, prospecte mais carburantes para não matar os países industrializados de inanição. Uma das consequências de tais manifestações de bondade foi a reativação de usinas termoelétricas a carvão. Matériaprima que outrora fora amaldiçoada pelo alto teor poluente e, por isso, deixada de lado, entrara em atividade na Europa para dar conta das carências que não podem ser cobertas somente com energia verde, renovável. Será que a questão ambiental, tão cara para União Europeia e Estados Unidos, perdeu a importância que exercia até 2021? Isso porque um traço conveniente do carvão mineral é que ele pode ser bem encontrado na Europa e nos Estados Unidos, cortando um pouco a dependência dos carburantes importados. Esse elemento ainda é o mais numeroso de todos, e o mais barato para se explorar. Dessa forma, caso a importância ambiental se mantenha, dirão que o problema deve ser do Brasil, porque desmata a Amazônia, e não daqueles que usam a pedra poluente. Enquanto isso, por não haver alta produção de petróleo, os preços dos combustíveis aumentam muito. Sobe o custo de vida nos países mais pobres, e até para a classe média europeia e norte-americana, acostumada com o conforto promovido pela energia barata do petróleo, gás natural e carvão. Aumenta o custo da alimentação, por conta dos transportes e dos insumos agrícolas que dependem de petróleo para sua confecção: diesel e fertilizantes. Assim, se a promessa de um mundo melhor pela descarbonização estava ao alcance das mãos, o que se conseguiu até agora foi instalar o desânimo e a desconfiança na ideia de que a pobreza tem salvação. Aliás, no atacado, quem perde mais é o pobre. no 388

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O caminho da economia verde

Investir na implementação de uma economia verde no Brasil significa pavimentar um caminho de imenso potencial para o país, ancorado no crescimento econômico, geração de empregos verdes, na exportação de créditos de carbono, energia e combustível verde. Em 03/06/22, foi encerrado, na capital da Suécia, a Estocolmo+50, um encontro promovido pela Assembleia Geral das Nações Unidas, para comemorar os 50 anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em junho de 1972, em Estocolmo. Representante do Governo Federal para o encontro, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, ao discursar para representantes de 146 países, disse que o Brasil trabalha para ocupar uma posição de destaque nos assuntos relacionados ao meio ambiente – e isso está diretamente ligado ao fortalecimento de uma economia verde no país. “O Brasil pretende ser um protagonista, na solução global para combater a mudança do clima, acelerando políticas de redução de carbono, metano e poluição plástica, saneamento e tratamento de resíduos, agricultura de baixa emissão, energia renováveis e hidrogênio verde”, afirmou Joaquim Leite. A criação de um mercado regulado de crédito de carbono no Brasil foi selada com a publicação, no dia 19 de maio, do Decreto Nº 11.075. O documento possibilita a negociação global do crédito de carbono, e traz elementos inovadores e modernos, como o mercado de metano, carbono de vegetação nativa e carbono do solo, alinhado com o modelo produtivo brasileiro, além do carbono azul, relacionado à indústria naval. O Decreto Nº 11.075 é um marco, porque também instituiu o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa, que terá o papel de ser uma central única de registros, e um instrumento de gestão ambiental que promova a redução das emissões nacionais. Em novembro do ano passado, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – COP26, realizada em Glasgow, no Rio Unido, o governo brasileiro apresentou uma nova meta, de redução de 50% das emissões dos gases associados ao efeito estufa, até 2030, e a neutralização das emissões de carbono, até 2050. O Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa permitirá garantir a rastreabilidade, trazendo segurança digital, além de possuir critérios mínimos de qualidade e integridade ambiental, com compromissos setoriais e empresariais de neutralidade climática, até 2050. O decreto que estabeleceu os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas, e instituiu o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa, representa a abertura rumo a uma nova era. E o país faz história, ao avançar nesta regulamentação. Ao permitir que mecanismos econômicos verdes sejam implantados com solidez, o Brasil avança, rumo a um

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futuro no qual as emissões sejam neutralizadas. Isso permitirá ao país se tornar fornecedor global de créditos de carbono. Um dos passos neste sentido foi o Congresso Mercado Global de Carbono — Descarbonização e Investimento Verdes, realizado em maio, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pelo Banco do Brasil e Petrobras, com apoio do MMA e BACEN, evento que reuniu lideranças empresariais e ambientais, que apresentaram 24 ações corporativas, e 100 cases de empreendedores, sobre diversos temas. Entre as ações adotadas pelo Brasil para diminuir a emissão de poluentes e o combate a crimes ambientais, está a criação do mercado regulado de crédito de carbono, com elementos inovadores e modernos, como o conceito de crédito de metano, e possibilidade de registrar a pegada de carbono dos produtos e atividades, carbono de vegetação nativa, o carbono no solo, e o carbono azul, presente na área marinha e fluvial. Também é importante o Programa de Redução de Emissões “Metano Zero”, que prevê isenção de impostos federais, financiamentos específicos, e criação do crédito de metano, com foco exclusivo em resíduos orgânicos, e poderá reduzir as emissões totais de tipo de gás do Brasil em mais de 30%; e o Marco do Saneamento, que garantiu liberdade de concorrência, e já atraiu US$ 10 bilhões em investimentos contratados, seguindo a meta de universalizar os serviços de tratamento de água e esgoto, para todos os brasileiros, até 2033; já o Programa Lixão Zero, de acordo com o ministro, desde 2019, encerrou 20% dos lixões a céu aberto e o Recicla+, criou o inovador crédito de reciclagem, medidas que contribuem para redução da poluição do plástico. O ministro destacou ainda o Plano Agricultura de Baixo Carbono, que pretende reduzir a emissão de carbono em 1,1 Gton, até 2030, da geração de energias renováveis, que chega a 85% de matriz elétrica brasileira, e da produção de energia eólica offshore, em alto mar, que tem potencial para chegar a 700 Gwatts. “O Brasil segue pronto para engajar-se, de maneira


construtiva e solidária, em uma discussão transparente e inclusiva, sobre como podemos avançar, a passos largos e seguros, na direção de fornecer comida e energia limpa a todos, e garantir uma transição responsável e justa da economia global, rumo à neutralidade climática, até 2050”, concluiu o ministro. O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, fez um apelo “ao fim da guerra sem sentido e suicida contra a natureza”, durante seu discurso na abertura da Conferência Estocolmo+50 sobre os 50 anos de criação da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, que deu início ao movimento ambientalista. No encontro, Guterres explicou que os recursos naturais não estão conseguindo atender a demanda da população mundial, que está consumindo a uma taxa de 1,7 planeta por ano. “O bem-estar global está em risco – e é em grande parte porque não cumprimos nossas promessas sobre o meio ambiente”, disse o secretário-geral da ONU, lembrando que, embora tenha havido sucessos na proteção do planeta desde 1972, incluindo o resgate da camada de ozônio, Guterres alertou que “os sistemas naturais da Terra não podem atender as nossas demandas”. Ele renovou seu apelo contra a “tripla crise planetária”, causada pela emergência climática – “que está matando e deslocando cada vez mais pessoas a cada ano” –, pela perda de biodiversidade – que ameaça “mais de três bilhões de

ONU / Divulgação

pessoas” –, e pela poluição e lixo, “que está custando cerca de nove milhões de vidas por ano”. “Tirem-nos desta confusão”, ele pediu aos delegados na cúpula sueca, convocada pela Assembleia Geral da ONU. Para o secretário-geral, parte da solução está em dispensar o Produto Interno Bruto (PIB) como um indicador econômico dos países, que ele escreveu como um sistema de contabilidade “que recompensa a poluição e o desperdício”. Guterres disse que essa lógica precisa mudar. “Não esqueçamos de que, quando destruímos uma floresta, estamos criando PIB. Quando pescamos em excesso, estamos criando PIB. O PIB não é uma forma de medir a riqueza na situação atual do mundo”, acentuou. Depois de pedir a todas as nações que se comprometam ainda mais com a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e seguindo o Acordo de Paris de 2015 para enfrentar essas ameaças, Guterres insistiu que são necessários maiores esforços para reduzir as emissões a zero, até 2050. “O ar quente nos está matando”. A reunião internacional foi concluída com uma declaração dos anfitriões Suécia e Quênia, com várias recomendações para uma agenda acionável, destacando colocar o bem-estar humano no centro de um planeta saudável e próspero para todos, além de instar para mudanças sistêmicas na forma como o sistema econômico funciona.

Abiquim lança posicionamento sobre Economia Circular A indústria química é provedora de soluções que contribuem para o desenvolvimento sustentável de diversos setores. Soluções sustentáveis geradas na química, sendo uma indústria de base, permeiam diferentes cadeias produtivas, irradiando e difundindo progresso técnico por toda a economia. Dentre essas ações, estão soluções para circularidade de produtos e processos, apoiando a utilização de recursos e materiais em ciclos contínuos, eliminando desperdícios e resíduos, gerando desta forma valor para todos os elos das cadeias. Para a indústria química, a Economia Circular não é um tema novo. O setor tem um longo histórico de avanços no aprimoramento de suas operações. Alinhado ao Programa Atuação Responsável, que, em 2022, completa 30 anos no Brasil, o esforço das empresas associadas da Abiquim para o desenvolvimento e aplicação de novas tecnologias que atuam no controle e monitoramento de processos, na melhoria da eficiência, no reuso de recursos e na automação, em uma visão alinhada com as melhores estratégias internacionais, voltadas para a gestão segura de produtos, são elementos que produziram resultados de excelência, que apoiam a ideia da revalorização de resíduos, para que retornem aos ciclos de produção como matéria-prima valiosa, e não sejam tratados

ou descartados como resíduos sem valor. A ABIQUIM vem reforçando seu compromisso com o desenvolvimento dos princípios e conceitos da Economia Circular na indústria química no Brasil, e compromete-se a promover o debate e construir uma agenda de defesa da economia circular no Brasil, que possa alavancar soluções circulares para os insumos e produtos químicos brasileiros, trazendo mais inovação e competitividade para a indústria química brasileira. no 386

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Reciclagem química de plástico

@Alterra Energia

A Neste comprou os direitos europeus da tecnologia de liquefação da Alterra Energy, solidificando os esforços da empresa para avançar na reciclagem química. A norte-americana Alterra Energy desenvolveu uma solução termoquímica proprietária para liquefação de plástico difícil de reciclar e, em Akron, Ohio, a empresa está operando uma instalação em escala industrial, que transforma plásticos em fim de vida em um produto intermediário, que pode ser refinado em matéria-prima para novos plásticos e outros produtos petroquímicos. Em 2020, a Neste adquiriu uma participação minoritária na Alterra Energy, e processou ainda mais resíduos plásticos liquefeitos provenientes, em uma série de testes em sua refinaria na Finlândia. Juntamente com a Ravago, a Neste também planeja estabelecer uma joint venture para implantar a tecnologia Alterra Energy em Vlissingen, na Holanda. Além disso, para aumentar as capacidades de proces- Unidade de liquefação de resíduos plás cos em escala industrial da Alterra samento de resíduos plásticos liquefeitos em Energy em Akron, Ohio. sua refinaria de Porvoo, na Finlândia, a Neste está realizando um estudo de viabilidade para O desenvolvimento tecnológico conjunto entre a Neste e examinar o investimento em recursos proprietários de préa Alterra Energy, e o processamento contínuo de misturas de tratamento e atualização. Por meio da reciclagem química, a plástico nas instalações de Akron, deram à Neste a confiança empresa visa a reduzir a de que a tecnologia Alterra Energy está entre as soluções vendependência de recursos cedoras para a liquefação de resíduos plásticos. fósseis virgens, e acelerar “Estamos satisfeitos que a Neste, líder global em sustena circularidade na produtabilidade, tenha escolhido a tecnologia de reciclagem avanção de polímeros e produçada da Alterra Energy, para acelerar ainda mais seus estos químicos. forços para a circularidade de plásticos em toda a Europa”, “Adquirir os direitos diz Frederic Schmuck, CEO da Alterra Energy. “Em todo o da tecnologia da Altermundo, continuaremos a apoiar os players da indústria pera Energy na Europa nos troquímica, no cumprimento de seus compromissos de suspermite oferecer uma sotentabilidade com proprietários de marcas e consumidores.” lução holística aos nossos Embora a Neste tenha adquirido os direitos europeus da parceiros”, diz Heikki tecnologia, a Alterra Energy continuará operando de forma Färkkilä, vice-presidente independente no resto de Reciclagem Química da Neste Renewable Polymers do mundo, com o objeand Chemicals. “A Neste poderá fornecer o pacote tivo de comercializar a completo de reciclagem química: do plástico residual tecnologia por meio de ao produto, oferecendo rações drop-in de alta qualilicenciamento. Como dade para a produção de novos polímeros e produtos parceiro e acionista, a químicos.” Neste está empenhada Com o objetivo de processar mais de um milhão em apoiar o desenvolvide toneladas de resíduos plásticos, por ano, a partir de mento contínuo da tecno2030, a Neste continua a se envolver com empresas ao logia da Alterra Energy, longo da cadeia de valor do plástico. Isso inclui parestabelecendo-a como ceiros upstream, como empresas de reciclagem e deuma das soluções líderes senvolvedores de tecnologia, mas também parceiros de em reciclagem química produção de produtos químicos e proprietários de marde resíduos plásticos, em cas que buscam soluções circulares mais sustentáveis. nível global.

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Rede de carregador de EVs mais rápido do mundo A ABB E-mobility e a Shell anunciaram planos para lançar a primeira rede do Terra 360, o carregador de carro elétrico completo mais rápido do mundo. Com mais de 200 carregadores Terra 360 a serem lançados em toda a Alemanha, nos próximos 12 meses, as empresas ajudarão a garantir maior disponibilidade e velocidade de carregamento, para mais de 1,7 milhão de motoristas de carros elétricos alemães. István Kapitány, (à direita na foto) vice-presidente executivo global da Shell Mobility, comentou: “Na Shell, nosso objetivo é sermos o líder em carregamento de veículos elétricos, oferecendo aos nossos clientes carregamento, quando e onde for conveniente para eles. Para motoristas em movimento, especialmente aqueles em viagens longas, a velocidade de carregamento é fundamental, e cada minuto de espera pode fazer uma grande diferença em sua jornada. Para os proprietários de frotas, a velocidade é importante para a recarga, durante o dia, que mantém as frotas de veículos elétricos em movimento. É por isso que, por meio de nossa parceria com a ABB, temos o prazer de oferecer aos nossos clientes o carregamento mais rápido disponível, primeiro na Alemanha e, em breve, em outros mercados.” A rede nacional Shell Recharge de carregadores Terra 360, alimentados por eletricidade 100%

Reciclagem de Plástico

A TotalEnergies e a New Hope Energy anunciaram um acordo comercial, sob o qual a New Hope Energy construirá uma usina de reciclagem avançada no Texas, para transformar resíduos plásticos, em fim de vida, em uma matéria-prima reciclada, que a TotalEnergies comprará parcialmente, e converter em polímeros de qualidade virgem, que podem ser usados para embalagens de grau alimentício. A planta da New Hope Energy deve iniciar a produção em 2025, e usará uma tecnologia de pirólise patenteada, que foi desenvolvida em parceria com a Lummus Technology para processar e converter mais de 310.000 toneladas por ano de resíduos plásticos mistos que, de outra forma, seriam destinados a aterros sanitários ou incineração. A TotalEnergies usará 100.000 toneladas de matéria-prima de polímero reciclado (RPF) em suas unidades de produção, sediadas no Texas, para fabricar polímeros de alta qualidade, adequados para aplicações de grau alimentício, como recipientes de embalagem de alimentos flexíveis e rígidos. “Temos o prazer de fazer parceria com a New Hope Energy, que oferece uma tecnologia promissora e capacidade de escala. Este novo projeto é mais um passo concreto e significativo que a TotalEnergies está dando, para enfrentar o desafio da

renovável, ajudará a atender à crescente demanda alemã por infraestrutura de carregamento de veículos elétricos, tanto de consumidores quanto de frotas, e acelerará ainda mais a adoção futura de mobilidade elétrica em todo o país. O Terra 360 está disponível em diferentes configurações que podem carregar vários veículos simultaneamente. Seu design modular garante a máxima utilização da estação de carregamento com distribuição dinâmica de energia. O novo carregador também tem uma potência máxima de 360 kW, e é capaz de carregar totalmente um carro elétrico em 15 minutos ou menos “Como líder global em infraestrutura de carregamento de veículos elétricos, acreditamos no poder da união; que, quando a inovação e a colaboração se unem, podemos contribuir coletivamente para mitigar os impactos das mudanças climáticas e possibilitar uma sociedade de baixo carbono. Com o setor de transporte sozinho responsável por aproximadamente 29% do total de gases de efeito estufa em todo o mundo, a importância de trabalhar de forma colaborativa para impulsionar a mudança nunca foi tão crítica, e estamos muito satisfeitos por fazer parceria com a Shell neste lançamento histórico,” acrescentou Frank Muehlon, (à esquerda na foto), CEO da ABB E-mobility.

reciclagem de plástico, e cumprir nossa meta de produzir 30% de polímeros circulares, até 2030”, disse Valérie Goff, vicepresidente sênior de polímeros da TotalEnergies. “A TotalEnergies entende a necessidade de aumentar a reciclagem nos EUA e no exterior, e sua meta de polímero renovável para 2030 é uma prova de seu compromisso com a economia circular. Nossa parceria com a Lummus nos permitiu fornecer a escala e a confiabilidade necessárias para apoiá-los nesta missão”, disse Rusty Combs, CEO da New Hope Energy. “A capacidade de converter, de forma eficaz e econômica, resíduos plásticos em óleo de pirólise para uso posterior, é um passo crítico para alcançar uma verdadeira economia circular”, disse Leon de Bruyn, presidente e diretor execu vo da Lummus Technology. “Apoiar a TotalEnergies no alcance de suas metas de sustentabilidade é exatamente o que nossas soluções de processamento integradas são projetadas para fazer.”

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Novos padrões de sustentabilidade ambiental no mar aceleram jornada para net zero Ao entrar na fase final de seu processo de construção, o MSC World Europa deve tornar-se o navio mais ecológico e eficiente da frota da MSC Cruzeiros, quando for entregue, em outubro de 2022. A MSC Cruzeiros divulgou informações sobre as credenciais ambientais do navio, incluindo células de combustível de óxido sólido, um sistema de redução catalítica seletiva, e capacidade aprimorada de energia de terra para navio. Ele também será o maior navio de cruzeiro movido a GNL do mundo, quando for lançado, ainda este ano. Ele será o primeiro navio de cruzeiro contemporâneo do mundo a apresentar a nova tecnologia de célula de combustível de óxido sólido (SOFC), movida a gás natural liquefeito (GNL), desenvolvida pela MSC Cruzeiros, Chantiers de l’Atlantique e Bloom Energy. O navio incluirá um demonstrador SOFC, de 150 quilowatts, que gerará energia auxiliar, para fornecer ganhos de eficiência e reduções significativas de emissões de CO2, em comparação com os motores de combustão interna tradicionais. Será um teste para acelerar o desenvolvimento da tecnologia de células de combustível para navios de cruzeiro contemporâneos, e oferece um potencial para permitir soluções de propulsão híbrida, no futuro. “Estamos comprometidos com um futuro net-zero, e é por isso que estamos investindo pesadamente no desenvolvimento de combustíveis de baixo carbono e soluções, que irão acelerar a descarbonização do setor marítimo. O MSC World Europa será nosso navio mais eficiente, até agora, e nos ajudará a provar e refinar tecnologias ambientais para o futuro de nossa frota. Com este projeto, também estamos avançando em parcerias com fornecedores de tecnologia, empresas de energia, academia e órgãos reguladores. Todos devemos aprofundar nossa colaboração, para desbloquear um futuro de emissões zero,” disse Linden Coppell, Diretora de Sustentabilidade da MSC Cruzeiros. Comparado aos combustíveis marítimos padrão, o GNL praticamente elimina as emissões de poluentes do ar, incluindo óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio e partículas finas, e atinge uma redução de CO2 de até 25%. O GNL também permitirá o desenvolvimento de combustíveis e soluções de baixo carbono, como hidrogênio verde, bio-LNG e células de combustível. Combustíveis marítimos 56

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tradicionais não podem suportar essas soluções futuras. O MSC World Europa possui um sistema de redução catalítica seletiva (SCR), que reduz as emissões de NOx em 90%, quando o GNL não está disponível, e o navio deve funcionar com gasóleo marítimo. À medida que o combustível GNL atinge uma redução semelhante, o MSC World Europa sempre atenderá os padrões de emissões de NOx Tier III da Organização Marítima Internacional (IMO). Além disso, a conectividade de energia terra-navio permite que o MSC World Europa minimize o uso do motor, nos portos onde a infraestrutura necessária está disponível. Tal como acontece com todos os novos navios da MSC Cruzeiros, o MSC World Europa também apresenta a mais recente tecnologia de tratamento de águas residuais, em conformidade com a Resolução MEPC 227(64) da IMO, totalmente alinhada com os requisitos regulamentares mais rigorosos do mundo – o chamado ‘Baltic Standard’. O navio inclui um sistema avançado de tratamento de água de lastro, que impede a introdução de espécies invasoras no ambiente marinho, através de descargas de água de lastro, em conformidade com a Convenção de Gerenciamento de Água de Lastro da IMO. O MSC World Europa incorpora uma ampla gama de equipamentos para otimizar o uso de energia, em todo o navio. Estes incluem ventilação inteligente e sistemas avançados de arcondicionado, com circuitos automatizados de recuperação de energia, permitindo uma distribuição eficaz de calor e frio, em todo o navio. O navio usa iluminação LED, controlada por sistemas de gerenciamento inteligentes, para melhorar ainda mais o perfil de economia de energia. Em parceria com o estaleiro, o MSC World Europa foi projetado com um formato de casco inovador, para minimizar a resistência na água. Também será equipado com sistemas aprimorados de coleta automática de dados, para monitoramento remoto de energia e análise avançada, permitindo suporte em terra, em tempo real, para otimizar a eficiência operacional a bordo. Esses avanços de eficiência e o uso de GNL permitirão um desempenho operacional muito superior aos critérios de projeto de energia, exigidos pela IMO para novos navios. O MSC World Europa foi projetado para ter um desempenho 47% melhor do que o necessário Índice de Design de Eficiência Energética (EEDI). E ainda o casco e a sala de máquinas do MSC World Europa foram projetados para minimizar o impacto acústico do som subaquático, reduzindo o impacto potencial em mamíferos marinhos nas águas circundantes.


Mercado de carbono: a caminho da regulamentação Leo Cesar Melo, CEO do Grupo Allonda, comenta que a publicação do Decreto nº 11.075, de 19 de maio de 2022, que estabelece os procedimentos para a elaboração dos Planos Setoriais de Mitigação das Mudanças Climáticas, e institui o Sistema Nacional de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa, ainda que não estabeleça de fato um mercado regulado de carbono, deve ser considerada como um avanço do país, rumo à necessária descarbonização do Brasil. Outros movimentos também apontam que estamos caminhando para a regulamentação desse mercado, estimulado também pelas compensações voluntárias. Caso, por exemplo, do anúncio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de sua primeira compra de créditos de carbono. A expectativa para os próximos dois anos é destinar até R$ 300 milhões para o desenvolvimento do mercado nacional de compensações voluntárias de emissões. Já de início, cinco companhias desenvolvedoras adquiriram R$ 8,7 milhões em créditos de carbono, sendo que os dois maiores volumes dizem respeito exatamente a projetos de conservação de florestas, modalidade que é a principal fonte de créditos de carbono no Brasil, hoje – chamada de REDD+. Ou seja, o que se constata, a partir dessas primeiras

aquisições, é que há bastante interesse por parte das companhias por compensações de carbono. Entretanto, para que essa transição para baixo carbono evolua como se espera, é necessário haver regras mais claras, sobre como será o funcionamento desse mercado, especialmente para que não haja nenhum tipo de insegurança jurídica. A publicação do Decreto certamente trouxe ainda mais visibilidade ao tema, e é notório o anseio que isso já provocou às empresas de diversos setores da economia, que há tanto tempo esperam por essa regulamentação. Vale lembrar que, pelo Acordo de Paris, até 2025, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gás carbônico em 37%, em relação às emissões de 2005. A meta depois será chegar a 50%, até 2030. E em 100%, até 2050. O Decreto é sem dúvida um importante começo, estrutural, para o tema mudanças climáticas em nosso país. Ao que tudo indica, se seguirmos avançando para o caminho da regulamentação, há plenas condições de cumprirmos esse acordo. “Como diria Ariano Suassuna: ´o otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso´. Então, sigo como o realista esperançoso que sou, ansioso para que, em um futuro breve, a regulamentação do mercado de carbono seja uma realidade no Brasil.”

Indústria de cloro-álcalis, uma usina de hidrogênio verde A indústria brasileira de cloro-álcalis tem potencial de ser a principal fonte de hidrogênio verde, considerada a energia do futuro no mundo. Durante o processo de produção de cloro, chamado de eletrólise (passagem de uma corrente elétrica através de uma solução de salmoura), além da soda cáustica, é gerado também hidrogênio. O hidrogênio gerado nas plantas de cloro-álcalis no Brasil é produzido a partir da quebra da molécula de água proveniente de fontes limpas, ou seja, é um “hidrogênio verde”. No Brasil, vale lembrar, 83% da matriz elétrica é renovável. Para cada tonelada de cloro, são produzidos 28 kg de hidrogênio durante a eletrólise. Hoje, na indústria, esse hidrogênio é utilizado como matéria-prima ou fonte térmica, substituindo o gás natural, e reduzindo a emissão de gás carbônico. Como a indústria prevê um aumento da capacidade de produção de cloro em 700 mil toneladas, considerando a meta de universalização do saneamento até 2033, haveria uma disponibilidade nas plantas brasileiras de cloro-

álcalis de gerar 18 mil toneladas de hidrogênio verde, por ano (a estimativa considera um rendimento de 90% do processo). Essas 18 mil toneladas de hidrogênio verde/ano que serão produzidas poderiam, por exemplo, substituir 60 mil toneladas de gás natural, o que representaria uma redução na emissão de gás carbônico para a atmosfera de 160 mil toneladas. Segundo dados de mercado, cerca de 4% do hidrogênio consumido no mundo já é originado em plantas de eletrólise, especialmente de cloro-álcalis. “A mudança para uma matriz energética mais sustentável no mundo coloca alguns desafios como o armazenamento de energia de fontes intermitentes e a eletrificação de processos. O hidrogênio será um dos principais fatores para essa mudança, tanto para o armazenamento como para células de combustível. A indústria de cloro-álcalis está pronta para produzir ou vender hidrogênio, e hidrogênio verde”, afirma o presidente-executivo da Abiclor, Milton Rego. no 388

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Como converter etanol em eletricidade e hidrogênio por meio de reforma eletroquímica Entre as fontes de produção de hidrogênio no mundo está a reforma eletroquímica, que trabalha com a oxidação de álcoois e redução da água. Essa novidade, que passou a ser usada de forma sistemática no mundo, há cerca de dois anos, está sendo empregada no projeto Uso eficiente de etanol para produção de hidrogênio e eletricidade, desenvolvido no âmbito do Research Centre for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), centro de pesquisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e pela Shell. “O hidrogênio é o combustível do futuro, mas o etanol não fica atrás nessa corrida. Juntos, eles podem dar ao Brasil um papel de protagonismo na luta por um combustível verde”, diz o engenheiro químico Hamilton Varela, coordenador do projeto e diretor do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IQSC-USP). Segundo o químico Germano Tremiliosi Filho, vice-coordenador do projeto, uma das vantagens desse tipo de reação é reduzir o custo de energia elétrica ao longo do processo. “Na produção de hidrogênio em escala comercial por eletrólise da água, aplica-se uma voltagem no sistema da ordem de dois volts. Já no caso da reforma eletroquímica, esse potencial energético é muito mais baixo, entre 0,6 e 0,7 volts. Ou seja, trabalha-se com uma quantidade energética 1/3 menor do que a exigida pela eletrólise da água”, afirma o especialista, que também é professor do IQSC-USP. O projeto começou em agosto do ano passado, e reúne quatro professores do IQSC-USP, que se dividem pelas diversas etapas do processo. Varela cuida do chamado mecanismo de reação, onde se debruça sobre as equações do passo a passo da reação de oxidação do etanol, que é a fase mais complexa que ocorre no reformador. “Por meio de simulações, a ideia é descobrir quais catalisadores favorecem a quebra da molécula do etanol, como é o caso do catalisador de platina, o mais utilizado para essa reação”, aponta o pesquisador. “É uma etapa inicial, mas primordial para o desenrolar das outras fases. Essas informações contribuem para que os demais colegas consigam desenvolver células a combustível e reformadores eletroquímicos mais eficientes, ao longo do projeto”. Na reforma eletroquímica, os catalisadores desempenham papel fundamental, pois, provocam tanto a oxidação do etanol quanto a redução da água, e assim fazem com que a célula de reforma eletroquímica gere hidrogênio. “Estamos desenvolvendo catalisadores para a redução da água, tanto a base de sulfetos 58

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quanto de metais de transição, como níquel e ferro, que, por sinal, são materiais mais baratos do que a platina, por exemplo”, esclarece Tremiliosi Filho. No decorrer do projeto, os pesquisadores pretendem desenvolver uma célula de membrana polimérica que, por meio da reforma eletroquímica, possa converter etanol e água em hidrogênio, para abastecer células a combustível. “A ideia é que, no futuro, as residências possuam células a combustível estacionárias, aos moldes do que acontecia no passado com os geradores a óleo diesel”, prevê Varela. “Essas células a combustível vão alimentar os veículos, bem como fornecer eletricidade para a casa. Tudo com hidrogênio”. Em um motor elétrico operado por célula a combustível do tipo hidrogênio/oxigênio, a eficiência do veículo supera em muito os motores de combustão interna. “O hidrogênio é o combustível consagrado para esse tipo de motor elétrico”, aponta Varela. De qualquer forma, os pesquisadores do projeto também estão interessados em entender como seria utilizar etanol diretamente nesse tipo de motor. “Mas, ainda existe um grande desafio, que consiste em romper a molécula de etanol para gerar eletricidade de forma eficiente em um cenário de baixa temperatura, como é o caso do motor operado por célula a combustível direta de etanol”, observa Tremiliosi Filho. No momento, os integrantes do projeto buscam compreender como as diferenças de temperatura o impactam. “Uma hipótese nesse caso seria instalar a bordo do veículo um reformador eletroquímico, que processaria etanol e água em hidrogênio, antes de jogá-lo na célula a combustível para operar o motor elétrico. Mas, o desenvolvimento do reformador ainda demanda muita pesquisa, inclusive em nível mundial”, diz Tremiliosi Filho. “Ou seja, a célula a combustível direta de etanol é uma proposta de longo prazo”. Os pesquisadores não escondem o entusiasmo pelo projeto. “O Brasil é um país privilegiado em relação ao etanol. Temos uma ótima infraestrutura de distribuição, por exemplo”, constata Varela. Por sinal, o Grupo de Eletroquímica (GE), do


IQSC-USP, cumpre um papel importante nessa história: desde a fundação, em 1973, realiza uma série de pesquisas, voltadas à interconversão entre energias químicas. “O Brasil evoluiu muito, nesse sentido. Se antes era preciso deixar o carro a etanol esquentando antes de circular com ele, hoje isso faz parte do passado. Sem contar que atualmente boa parte de nossa frota é flex, ou seja, aceita tanto etanol quanto gasolina, e suas misturas em todas as proporções. Não se pode esquecer de que é uma tecnologia desenvolvida no país”. Atualmente, dentre outras iniciativas, o GE-IQSC-USP abriga o projeto do RCGI. “É uma honra fazer parte desse grupo, reconhecido internacionalmente”, diz Varela. “Aqui, fazemos, da ciência básica, para entender desde a complexidade de uma reação eletrocatalítica, até a ciência aplicada. No momento, temos células a combustível em plena atividade no laboratório. Graças a isso, nossos alunos adquirem uma

visão mais ampla do processo”. Segundo Varela, embora os motores elétricos sejam tendência, os motores a combustão movidos a etanol deverão permanecer no futuro. “A eletrificação do sistema é importante, sobretudo, para países que dependem exclusivamente de combustíveis de origem fóssil, mas esse não é o caso do Brasil”, observa o pesquisador. A questão é o baixo rendimento do motor a combustão, que não ultrapassa os 30%. Nesse sentido, os pesquisadores nada podem fazer. “É uma limitação termodinâmica impossível de ser mudada, pois, trata-se de uma lei da Física, regida pelo ciclo de Carnot. Entretanto, os motores elétricos apresentam eficiência de até 90%. É isso o que nos estimula a desenvolver reformadores eletroquímicos associados a células a combustível, para operar esse tipo de motor”, conclui Tremiliosi Filho. “De qualquer forma, no futuro, a matriz energética será múltipla, e todas as alternativas para brecar o aquecimento global são bem-vindas”.

Basf conquista certificação I-REC de energia renovável As mudanças climáticas são o maior desafio do nosso tempo. Para reverter essa situação, é indispensável a contribuição da sociedade civil, na adoção de medidas que ajudem a mitigar esses efeitos no planeta. Diante desse cenário, e ciente de seu compromisso para com os princípios do ESG (sigla em inglês para Social, Ambiental e Governança), a Basf, cada vez mais, vem trabalhando em diversas frentes, com foco na sustentabilidade, de processos produtivos a criação de soluções e produtos que desempenham papel crucial na redução das emissões. Frente a isso, a companhia dá mais um passo em direção à sustentabilidade, e obtém um dos mais importantes certificados globais sobre matriz de energia renovável: I-REC. Emitido no Brasil pelo Instituto Totum, o International Renewable Energy Certificate (I-REC) é uma plataforma internacional, que possibilita a transação de certificados de utilização de energia renovável, sistema por meio do rastreamento de características ambientais relacionadas à energia. No Brasil, seis das oito unidades produtivas da Basf já possuem essa acreditação, além do site de Concón, no Chile. As unidades fabris passam a ter o selo de consumo de energia renovável em seus processos, incentivando a produção de energia elétrica na região com menor emissão de CO₂. As demais operações no Brasil e na Argentina seguem o mesmo caminho para obtenção dessa importante certificação. “A obtenção do certificado I-REC, por meio de uma das ações da iniciativa da empresa, que busca o alinhamento da América do Sul com as metas globais de emissão, chamada Energy Transformation, assegura que estamos consumindo energia renovável para continuar crescendo em linha com nosso comprometimento, em direção à neutralidade climática”, afirma Vera Felbermayer, Vice-presidente de Gestão de Sites, Operações e Suporte Digital para a Basf América do Sul. Em 2021, as energias renováveis representaram 16% da demanda mundial de energia da BASF. Até

2030, a empresa estima que 100% de sua demanda global de energia será obtida a partir de fontes renováveis, e tem como meta reduzir suas emissões de gases do efeito estufa em 25%, em comparação a 2018, mantendo sua outra meta de emissões líquidas de CO2 zero, globalmente, até 2050. Para vivenciar na prática seu propósito de criar química para um futuro sustentável, a companhia se desafia diariamente, para estabelecer e perseguir grandes e desafiadoras metas globais, em toda a cadeia de valor. Frente a isso, 40% do investimento anual global da Basf em pesquisa e desenvolvimento é direcionado para evitar e reduzir emissões de gases de efeito estufa, melhorar a eficiência energética e de recursos e otimizar processos. Entre as diversas iniciativas internas implementadas pela Basf na América do Sul para promover a eficiência energética, está o programa Triple E (Excellence in Energy Efficiency), cujo objetivo é melhorar os níveis de consumo energéticos e de sustentabilidade, além de aumentar a competitividade da companhia. Essa iniciativa interna levou a empresa a ser a primeira indústria química certificada pela ISO 50.001 de Eficiência Energética no Brasil, e a primeira grande indústria química do Chile. “Já está em nosso DNA, o foco em consumo consciente de energia. Sob o Triple E, foram mais de 450 oportunidades de melhoria identificadas, resultando num expressivo aumento de eficiência energética; agora, com o certificado I-REC, reforçamos nosso compromisso ambiental, e asseguramos que o consumo de energia para os demais sites na América do Sul seja oriundo de fontes 100% renováveis”, reforça Patrick Silva, diretor industrial do Complexo Químico de Guaratinguetá & Infraestrutura para a Basf América do Sul. no 388

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Açúcar Guarani vai comercializar créditos de energia renovável com festival João Rock O Açúcar Guarani – marca de varejo da Tereos – firmou parceria inédita com o festival João Rock, para comercialização de I-RECS, que são certificados de energia renovável com acreditação internacional do I-REC. A parceria garantiu que toda a energia utilizada durante o evento, realizado em junho, em Ribeirão Preto/SP, foi obtida por meio de uma fonte limpa, renovável e certificada. Os créditos são gerados a partir da certificação I-REC, sistema reconhecido por cerca de 70 países, que permite a rastreabilidade da origem da energia, e comprova a geração a partir de fonte limpa e renovável. A transação é inédita e reforça o compromisso da Guarani e da Tereos com ações sustentáveis, e que promovam as iniciativas em ESG da marca e da empresa. “A sustentabilidade está no centro de nossas estratégias de negócio. É muito importante contar com um parceiro engajado, como o festival João Rock, para, juntos, darmos mais um passo

para garantirmos um futuro melhor para as futuras gerações. É uma honra estarmos lado a lado nessa iniciativa inédita, que chega para mostrar como grandes eventos podem apoiar cada vez mais a agenda de sustentabilidade, e sempre ir além nas práticas de ESG”, comenta Gustavo Segantini, diretor comercial da Tereos. Ao adotar 100% de energia limpa para a realiza@Divulgação ção do evento, os organizadores do João Rock, em parceria com o Açúcar Guarani, conseguiram reduzir o impacto ambiental, por meio de adoção de energia limpa, renovável e segura. Na safra 21/22, a Tereos produziu 1.200 GWh de energia elétrica. Esse montante é utilizado para abastecer suas unidades industriais, e o restante é comercializado ou doado para instituições parceiras, como o Hospital de Amor, em Barretos/SP. Para esta safra, a projeção da empresa é de produzir 1.400 GWh de energia.

Maior terminal de contêineres da América do Sul reduz emissão de CO2 com o uso de energia renovável e opções logísticas menos poluentes Celebrado em 05 de junho, o Dia Mundial do Meio Ambiente busca convocar toda a população para uma ação coletiva para celebrar, proteger e restaurar o ecossistema do planeta. Tendo como um de seus valores a sustentabilidade, a TCP – empresa que administra o Terminal de Contêineres de Paranaguá – vem trabalhando para ofertar alternativas menos poluentes a seus clientes, e tornar sua operação ambientalmente sustentável. Dentre as iniciativas realizadas no último ano, com este objetivo, está a logística multimodal ferroviária, realizada em parceria com a Brado, através da qual os clientes da opção reduziram 61.865,79 toneladas de CO2 emitidas somente em 2021. Além disso, no início deste ano foi firmada uma parceria com a EDP para compra de energia elétrica 100% renovável, destinada ao abastecimento total das operações do terminal, a qual irá evitar a emissão de cerca de 10 mil toneladas de dióxido de carbono, em 2022. A TCP é o único terminal no Sul do Brasil com operação ferroviária dentro de zona primária, conectando exportadores de todo o Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Paraguai através dos ramais que chegam em Cascavel, Cambé e Ortigueira. O uso do sistema multimodal (trem + caminhão), realizado em parceria com a Brado Logística, se tem destacado entre as opções oferecidas aos clientes, seja pelo prazo e custo, mas, também, como uma solução menos poluente. O modelo de base ferroviária diminui a emissão de CO2 no ar e,

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somente no ano passado, evitou que mais de 60 mil toneladas do gás fossem despejadas na atmosfera – equivalentes à quantidade de dióxido de carbono que 442 mil árvores retiram do ar, em 1 ano. “Por meio da parceria com a TCP, oferecemos aos nossos clientes as melhores soluções multimodais logísticas com base ferroviária, conectando com sustentabilidade importantes regiões produtoras com os maiores mercados consumidores do mundo”, afirma Andréa Ramos, Diretora Comercial, MKT e CX da Brado. Segundo dados divulgados pela TCP em 2022, um em cada cinco contêineres exportados por Paranaguá utilizam a ferrovia. “São vários os fatores que nos têm levado a optar pelo transporte de trem, dentre eles o fator ambiental. Além da excelência na prestação de serviços, a TCP também se preocupa com o impacto ambiental gerado na região na qual atua, que faz parte de todo um bioma. Sendo signatários do Pacto Global da ONU, promover ações que reduzam este impacto e mirem em objetivos ESG está entre as premissas do terminal, que possui mais de 60 projetos socioambientais em andamento”, afirma Thomas Lima, diretor comercial e institucional do terminal.


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Novo compressor centrífugo Turbo-Air NX 2500

A Ingersoll Rand Inc. (NYSE:IR) lança no mercado o compressor centrífugo Turbo-Air NX 2500. O novo modelo da família NX é totalmente isento de óleo, e pode ser usado em operações com ar ou nitrogênio. A solução NX 2500 foi desenvolvida para uso nos mais diversos locais e setores, como alimentos, automobilístico, bebidas, eletrônico, energia, farmacêutico, papel e celulose, petróleo e gás e químico, entre outros. Com faixa de vazão entre 2.300 cfm (pés cúbicos por minuto) e 4.800 cfm, pressão manométrica de descarga entre 39 psig (libras por polegada quadrada manométrica) e 210 psig, e faixa de potência de 450 hp a 900 hp, suas dimensões e design foram feitos para facilitar a instalação e a manutenção periódica. Produzido com elevado grau de sofisticação, o modelo NX 2500 reúne todo a expertise da Ingersoll Rand acumulada em décadas de atuação, no desenvolvimento de soluções, o que confere alta eficiência e confiabilidade ao equipamento.

Bombas de vácuo ecológicas e certificadas

A Atlas Copco oferece bombas a vácuo verificadas quanto a traços de óleo pela TÜV Rheinland, de acordo com a norma ISO 8573-1. Desde outubro de 2018, três diferentes tipos de bombas de vácuo isentas de óleo foram medidas e certificadas: a bomba de vácuo sem óleo DZS, a bomba de vácuo sem óleo DHS VSD + e a nova bomba de anel líquido isenta de óleo LRP VSD +. Os três tipos de bombas atendem os mais rigorosos requisitos de qualidade, e foram classificados pela TÜV como totalmente isentos de óleo na melhor “Classe 0”, ou seja: Certificado de amigável ao meio ambiente, risco zero de contaminação por óleo, segurança para aplicações e pessoas. Nenhum traço de óleo de aerossol (Concentração abaixo de 0,01 mg / m³) pode ser detectado no fluxo de ar de exaustão. 62

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Aplicativo para acompanhar o desenvolvimento de poços

A Kongsberg Digital lançou o SiteCom Go – um aplicativo móvel, que permite aos usuários acessar informações de perfuração e poços, em tempo real, a qualquer momento. O ecossistema SiteCom é a superfície de trabalho industrial para operações de poços, e oferece agregação de dados em tempo real, e solução de visualização para todas as fases de construção e operação de poços. Ele foi projetado para permitir que equipes distribuídas tomem decisões de perfuração e operação de poços, com base nas informações mais atualizadas, e façam a ponte entre diferentes fornecedores. O sistema mostra dados históricos e em tempo real, e permite que os usuários gerenciem seus dados remotamente. O novo aplicativo oferece aos usuários esses dados na ponta dos dedos, a qualquer momento que eles precisarem. Ele utiliza o poder do SiteCom Global Mnemonics, para integrar e exibir automaticamente os dados de todos os fornecedores, e as informações mais recentes podem ser exibidas para uma visão geral imediata da situação atual. Os usuários têm fácil acesso a uma lista completa de poços, e podem receber notificações ativas de novos desenvolvimentos nos poços. O SiteCom Go tem uma interface simples e intuitiva e é um software baseado na web, com foco na experiência do usuário. Ele é construído no padrão HTML5, tornando-o independente de plataforma e navegador, e utiliza a transferência de dados ETP e conexões criptografadas ao obter dados do SiteCom. Para dispositivos portáteis, o aplicativo pode ser baixado e usado para dispositivos iOS e Android, ambos com aparência nativa.


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Cilindros pneumáticos inteligentes ACP301 – o Atuador Cilindro Pneumático desenvolvido pela Smar é o equipamento que atende às crescentes necessidades da indústria, principalmente relacionadas às aplicações em controle de cilindros pneumáticos. O ACP301 combina a força dos cilindros pneumáticos com as potencialidades do posicionador microprocessado inteligente FY, que permite aplicações de controle modulado. A estrutura modular ACP permite a sua montagem nos mais diversos tamanhos de cilindros, utilizando uma única versão de suporte de montagem. O Atuador de Cilindro Pneumático (ACP301) está disponível em vários tamanhos, de acordo com a função necessária e o curso. Existem dois tipos de modelos: linear ou rotativo, para diferentes viagens de operação. Através da ação do posicionador FY301, a posição do cilindro pneumático de dupla ação é controlada com o uso do sistema magnético linear ou rotativo, via efeito Hall. Este sistema de posicionamento supera uma das maiores desvantagens da ação pneumática, a saber, a obtenção de batentes

Metrologia industrial

Na metrologia industrial, a calibração dos instrumentos de medida e de controle de processos visa a garantir a confiabilidade das medições e, em consequência, a qualidade dos produtos acabados. A calibração é compreendida pela comparação entre os valores indicados por um instrumento de medição e os valores indicados em um instrumento padrão de classe superior, a calibração proporciona uma série de vantagens, como garantir a rastreabilidade das medições, isto é, sua relação a referências estabelecidas por padrões, nacionais ou internacionais, através de uma cadeia de comparações; reduzir as variações de especificações técnicas dos produtos; prevenir defeitos, como parte da manutenção preventiva, e compatibilizar as medições; pa• • • • • • •

Ponto Fixo da Prata (961,78 ºC) para sensor termopar com incertezas de até 0,10 °C. Ponto Fixo do Alumínio (660,323 ºC) com incertezas de até 0,015 °C. Ponto Fixo do Zinco (419,5270 ºC) com incertezas de até 0,0051 °C. Ponto Fixo do Estanho (231,9280 ºC) com incertezas de até 0,0038 °C. Ponto Fixo do Gálio (29,7646 ºC) com incertezas de até 0,0013 °C. Ponto Triplo da Água (0,0100 ºC) com incertezas de até 0,0010 °C. Ponto Fixo do Mercúrio (-38,8290 ºC) com incertezas de até 0,0019 °C.

intermediários dos cilindros. Mais do que simplesmente levar o microprocessamento para o cilindro, o ACP301 é apresentado em suas versões linear e rotativa, o que dá ao usuário liberdade de aplicação em diversos elementos de controle final, como amortecedores (para controle de lote de fornos), barragens de água, grandes válvulas e outras aplicações que requerem controle de movimento. O ACP301 recebe um sinal no protocolo padrão de 4 mA a 20 mA emitido pelo controlador que ativa e direciona o cilindro para sua posição exata, conforme necessário, e em conformidade com a estratégia e sintonia da malha de controle em que é aplicado. Ao incluir inteligência no cilindro, o ACP301 permite ao usuário configurar o recurso de abertura do cilindro com o sinal de controle recebido. Além disso, o uso fácil do protocolo de comunicação HART em poucos minutos fornece uma interface simples entre o campo e a sala de controle, e vários recursos que reduzem os custos de instalação, operação e manutenção.

dronizar os trabalhos. O Laboratório de Calibração Prymelab da Presys é acreditado pela CGCRE (sob o n° CAL 193 – ABNT NBR ISO/IEC 17025:2017), pertencente à rede Brasileira de Calibração, e segue o sistema de gestão da qualidade, em conformidade com a norma NBR ISO9001:2015. O Prymelab realiza certificação de instrumentos de pressão na faixa de 2Pa até 1600 psi (1100 bar), nos modos manométrico, absoluto e vácuo com incertezas de até 80 ppm (manômetro digital), até 100 ppm (manômetro analógico), e até 150 ppm (transdutor de pressão); de instrumentos de temperatura.

Faixa de -55 até 660 °C para sensor termorresistivo/termômetro digital com sensor termo resistivo com incertezas de até 0,01 °C. Faixa de -55 até 1100 °C para sensor termopar/termômetro digital com sensor termopar com incertezas de até 0,10 °C. Faixa de -200 até 800 °C para indicador/controlador/simulador de termo resistências com incertezas de até 0,03 °C. Faixa de -250 até 2300 °C para indicador/controlador/simulador de termopares com incertezas de até

0,02 °C. Faixa de -55 até 420 °C para banho termostático com incertezas de até 0,04 °C. • Faixa de -80 até 1100 °C para calibrador de temperatura com bloco seco com incertezas de até 0,20 °C E instrumentos de eletricidade: • Faixa de 1 mV até 100 Vcc com incertezas de até 0,8 μV. • Faixa de 10 μA até 100 mAcc com incertezas de até 8 nA. • Faixa de 1 Ω até 100 kΩ com incertezas de até 0,18 mΩ. •

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Novo medidor de vazão OpreX Vortex

A Yokogawa Electric Corporation lançou o medidor de vazão OpreX Vortex Série VY, em conformidade com os principais padrões à prova de explosão (IECEx, ATEX, FM, FMc) e certificação SIL2. A Medidor de vazão OpreX Vortex Série VY nova série de produtos, que faz parte da família OpreX Field Instruments, tem lançamento previsto para depois da certificação de conformidade com os padrões de cada país. Quando usado em combinação com software especializado vendido separadamente, o OpreX Vortex Flowmeter Série VY suporta funções de manutenção remota, que permitem manutenção planejada e eficiente, baseada em condições. Em comparação com outros tipos de medidores de vazão, os medidores de vazão de vórtice podem lidar com uma ampla variedade de tipos de fluidos, temperaturas e pressões. A Yokogawa desenvolveu o primeiro medidor de vazão de vórtice do mundo em 1969, e introduziu a série YEWFLO de medidores de vazão de uso geral no mercado em 1979. Até agora, vendeu mais de meio milhão de unidades, em todo o mundo. Esta nova série foi desenvolvida com o objetivo de apoiar a implementação da transformação digital (DX) em grandes plantas, na forma de manutenção baseada em condições eficiente e planejada. Utilizando leituras de um sensor de temperatura integrado, dados de medidores de pressão, e outros instrumentos externos, a Série VY de medidores de vazão de vórtice pode realizar cálculos precisos de temperatura e compensação de pressão e cálculos de energia, eliminando a necessidade de dispositivos de cálculo externos. A digitalização de sinais internos é levada adiante na Série VY, permitindo que o autodiagnóstico cubra todos os componentes, incluindo a barra de separação de vórtices e o elemento sensor. Isso melhora a confiabilidade e qualifica esses medidores de vazão para uso em circuitos instrumentados de segurança (em conformidade com SIL2). Com a série VY, também é possível rastrear os parâmetros de integridade do dispositivo, e usar esses dados para indicar o quando a capacidade do sensor deve deteriorar-se. Utilizando a ferramenta de software de verificação de integridade FSA130 e o aplicativo de ajuste, configuração e gerenciamento do dispositivo FieldMate (ambos vendidos separadamente), a integridade dos medidores de vazão da Série VY pode ser facilmente verificada, a partir de qualquer PC em um local remoto, como uma sala de instrumentação, eliminando a necessidade ir ao local para realizar verificações de manutenção. Embora os medidores de vazão de vórtice da Yokogawa tenham uma reputação bem estabelecida, de serem livres de manutenção, o autodiagnóstico aprimorado e a capacidade de manutenção remota permitem uma abordagem de manutenção eficiente e planejada. 64

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Precisão e repetibilidade

Controlar a proporção da matéria-prima nos reatores durante o processo produtivo na Indústria Química é uma tarefa que exige precisão e repetibilidade incontestáveis. Os medidores mássicos Coriolis, da Metroval, se utilizam deste princípio físico para medir, diretamente em massa, a vazão de líquidos ou gases, sem a necessidade de compensação de pressão, temperatura, viscosidade ou densidade. Diversas opções de materiais e construções permitem sua aplicação em uma ampla gama de processos. Possuem aprovação de modelo pelo Inmetro, para medição fiscal e transferência de custódia. Algumas vantagens do Medidor Mássico AXIOM MMF: materiais de ligas resistentes; pode ser aplicado em sistemas de carregamento de caminhões, enchimento de ISSO TANK, bombonas, etc; proporciona maior controle de receitas de insumos líquidos.

Gerenciamento de segurança

A Hikvision lançou o aplicativo Hik-ePartner, uma plataforma de gerenciamento onde os usuários (incluindo distribuidores, sub-distribuidores, integradores, instaladores entre outros), podem obter acesso fácil a todas as informações dos produtos da Hikvision. Com o aplicativo, que atua como um assistente de segurança empresarial, o usuário recebe as últimas notícias da Hikvision, lançamentos de produtos, soluções para pequenas e médias empresas, folhetos de marketing, incluindo todos os tipos de infográficos e One Swipes (guias de vendas intuitivos), documentos e vídeos de como configurar, tudo isso para auxiliar no funcionamento dos negócios de segurança. Além disso, possui um programa de recompensas que permite aos instaladores escanear código dos produtos a cada compra, juntar pontos, e trocar por novos produtos e descontos, de forma simples e rápida. As contas Hik-ProConnect – aplicativo que oferece serviço de segurança baseada em nuvem – e HikePartner podem ser integradas entre si, aumentando a eficiência e flexibilidade de gerenciamento. O Hik-ePartner busca oferecer suporte para facilitar, dia a dia, eficiência e agilidade, para um melhor gerenciamento.


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Compromissos devem ser transparentes e mercado deve estar atento a greenwashing

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ESG não é uma evolução da sustentabilidade empresarial, mas sim a própria sustentabilidade empresarial. No Brasil, devido ao aquecimento do tema, muitos falam em uma transição de um termo para outro, como se fossem coisas distintas, mas não são. ESG nada mais é do que a visão do mercado de capitais sobre a sustentabilidade. É o mesmo objeto, visto e trabalhado por diferentes atores”. Assim Carlo Pereira, CEO do Pacto Global Brasil, resume o assunto, no estudo que a rede Brasil do Pacto Global desenvolveu com a STILINGUE – plataforma de monitoramento digital com Inteligência Artificial brasileira – analisando milhões de conteúdos, e mais de 300 respostas de membros da Rede. As empresas brasileiras têm acelerado suas práticas sustentáveis e, segundo estudo feito pela Morningstar, a pedido da Capital Reset, no Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões, em 2020, sendo que mais da metade da captação veio de fundos criados nos últimos 12 meses. Os investidores, cada vez mais, direcionam seus investimentos a companhias com práticas ESG; também consumidores de todas as idades revelam uma forte tendência em investir, consumir ou até mesmo trabalhar em empresas sustentáveis. Segundo o próprio Carlo, esse é um movimento que mostra a busca pelo propósito, um olhar mais humano e consciente. Mas, propósito e lucro são indissociáveis: dados da B3 mostram que os investimentos socioambientais e de governança corporativa estão ligados a uma melhor performance financeira. No levantamento, os analistas dividem o setor Óleo & Gás entre empresas que após desastres, buscam um reposicionamento e usam a Petrobras; e a Vale, como exemplo, que defendem um novo planejamento estratégico com práticas mais sustentáveis a longo prazo. Do outro lado, colocam empresas como Braskem e Shell, com comunicados de resultados gerados, como redução

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de emissão de gases do efeito estufa, ações de reciclagem, e transição para energias de baixo carbono. Os analistas reconhecem que, para o setor de energia, o termo ESG não era novidade: 93% dos respondentes apontaram que são incentivados a criar ações que impactem positivamente o meio ambiente, Sempre ou Frequentemente. As três iniciativas mais comuns para o setor foram a diminuição da emissão de gases do efeito estufa (22%), a gestão de resíduos (20%) e a proteção à biodiversidade (19%). Na esfera social, registrou-se o maior índice de ‘Pouco estimulados’, dia a dia, a promoverem soluções positivas para as comunidades afetadas diretamente pelo negócio (21%). Ainda assim, para este setor, apoio às comunidades do entorno (23%), e apoio emergencial à Covid-19 (21%), se revelaram as ações práticas mais realizadas pelas empresas; e 56% dos respondentes do setor Energia reforçaram ser ‘Frequentemente estimulados’ a colocar em prática soluções com impactos de governança mais positivos. De forma concreta, com empate técnico, desenvolvimento de mecanismos internos de compliance (38%), e criação de instâncias e comitês para garantir a integridade da organização (36%), foram as mais trabalhadas.


Matéria de Capa O termo ESG, as ideias e práticas que ele carrega têm se tornado, assim, uma variável importante para o mercado financeiro classificar os tomadores de financiamento. A Global Sustainable Investment Alliance (GSIA), fórum internacional que reúne informações das principais organizações de investimentos sustentáveis do mundo para aprofundar a visibilidade dos IS em nível global, publica, a cada 2 anos, um relatório Linha do Tempo de Criação de Índices Sustentáveis – Pfitscher, Guilherme da Costa, “O impacto com informações sobre investinos preços das ações classificadas como “ESG” na bolsa de valores de São Paulo frente ao seu mentos sustentáveis, e mantém benchmark nos últimos 10 anos métricas sobre o crescimento desStanford, de Soh Young In e Kim Schumacher, de julho de sa visão. 2021, Carbonwashing: A New Type of Carbon Data-related A Anbima – Associação Brasileira das Entidades dos ESG Greenwashing , onde é analisada a fraqueza do sistema, Mercados Financeiro e de Capitais – identificou 167 fundos em um mercado de rápido crescimento contra o movimencom algum foco em investimento sustentável ou ESG, emto lento das instituições, e que a alocação de investimento bora menos da metade tenha de fato um selo verde; desse sustentável depende de sua confiabilidade e utilidade, que, total, 44 foram criados em 2019. (SILVA, 2020) por sua vez, incita investidores a pressionar outras emprePara diferenciar as empresas já classificadas como sas a melhorar seu desempenho de carbono. O trabalho pede ESG, o Morgan Stanley (2021) criou um ranking chamado atenção para quaisquer ambiguidades no processo de conta“MSCI ESG Fund Ratings” no qual classifica as empresas bilização de carbono. Por exemplo, as emissões do Escopo 3 e fundos ESG, dos mais atrasados (CCC), até os líderes no são geralmente opcionais sob regimes voluntários, e a parceconceito (AAA). É considerado o melhor parâmetro de mela de empresas relatoras apresentou apenas cerca de 22% de dição ESG do mundo, conta com uma cobertura de mais suas emissões totais de Escopo 3, em média (Blanco, Caro, de 8.500 companhias, e utilizam mais de 200 métricas para & Corbett, 2016). Essa falta de relatórios, combinada com o suas avaliações. fato de que, para muitas empresas, essas emissões do Escopo 3 representam uma parcela significativa de sua pegada total, cria potencial para algumas empresas apresentarem um relatório impreciso de seu verdadeiro desempenho de carbono (Mercereau, Neveux, Sertã, Marechal, & Tonolo, 2020). O artigo cita ainda que existe preocupação de que algumas emJá Melissa Velasco Schleich, em seu mestrado (FGV) presas terceirizem suas emissões de carbono para sua cadeia Do ESG metrics impact financial performance in Brazil?, de suprimentos. (In, Park, & Monk, 2019; Blanco, Caro, & de 2021, analisou, com base em um score de ESG selecioCorbett, 2016; Bowen & Aragon-Correa, 2014). nado, se as práticas e reportes de âmbito do ESG poderiam Em uma apresentação da conferência sobre leis de do afetar os resultados de companhias negociadas em bolsa Institute for Energy Law, em 15 de setembro de 2021, afirde valores, no Brasil. Para tanto, coletou ESG scores (do mou-se que a instituição de valores e métricas ambientais, sistema Refinitiv ESG) de 106 companhias no Brasil, negociadas na bolsa brasileira. Observou que as práticas de ESG afetaram negativamente um ranking em cerca de 16%, ao passo que a reputação das empresas (auferida por meio de indicador de controvérsias) correspondeu a um impacto positivo nos resultados, da ordem de 25%. Mas, também ressaltou a incipiência do assunto no Brasil. Ela não cita, porém, essas diferenças podem relacionar-se a questões levantadas por um trabalho da Universidade de Crescimento de Estratégias de Investimento Sustentável 2016-2020 sociais e de governança (ESG) é uma revolução na forma no 388

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Matéria de Capa como as corporações são gerenciadas, medidas e operadas. E essa mudança vai afastar as empresas da tradicional busca por lucros no curto prazo, em direção a um sucesso que não é medido apenas pela lucratividade, mas também por sua contribuição sustentável para o mundo – que precisa ser mensurável. Ter um foco em ESG é agora um imperativo ético, mas é preciso perspectiva. A BlackRock, por exemplo, é a maior gestora de investimentos do mundo, com cer- Cenários de lavagem de carbono e matriz de materialidade da cadeia de fornecimento de dados ca de US$ 10 trilhões de ativos sob ela acaba por melhorar as condições de trabalho e sua gestão. De acordo com a S&P a produtividade, seja de forma direta ou indireGlobal, em fevereiro de 2021, petróleo e gás ta, pelo agregado de externalidades positivas”, representavam 2,55% de seus investimentos comenta Emanuel Pessoa, Mestre em Direito totais, e carvão e combustíveis consumíveis pela Harvard Law School, Doutor em Direirepresentavam 0,36% – pode parecer pouco, to Econômico pela Universidade de São Paumas essas pequenas porcentagens represenlo, Certificado em Negócios de Inovação pela tam cerca de US$ 255 bilhões e US$ 36 biStanford Graduate School of Business, além de lhões, respectivamente, no setor de energia. ser Bacharel e Mestre em Direito pela Universida“À medida que as políticas de ESG se tornam de Federal do Ceará. mais difundidas entre as empresas, particularmente De qualquer forma, os movimentos ambientalistas e a em função do posicionamento crescente de investidores, de tomada de consciência sobre a necessidade de agir sobre os somente aportarem em empresas que adotem práticas ESG, ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – para os planos de sustentabilidade e reciclagem passam a enacabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima, contrar um cenário mais propício para serem executados. e manter as pessoas seguras, estão garantindo investimentos O primeiro ponto a se considerar é que os custos de se inem recursos renováveis, e a maioria das grandes empresas vestir em sustentabilidade e reciclagem costumam ser caros de energia está no caminho certo para estabelecer políticas no curto prazo, e um número maior de empresas fazendo e programas ESG, já tendo iniciado esforços para reduzir e isso tende a reduzir os custos no médio prazo, pois, implica minimizar seu impacto no meio ambiente. em reduzir os custos, à medida que mais prestadores de A sócia de ESG da KPMG, Nelmara Arbex, serviços entram no mercado para atender as deressalta que o fato de que todos os países do munmandas. Claro que, inicialmente, isso deve forçar do têm uma data para chegar a emissões liquios custos para cima, já que há carência de pesdas zero, para os gases de efeito estufa, coloca soas que verdadeiramente entendam de ESG. uma data também para empresas de todos os Todavia, a demanda estimulará a oferta, com setores. “No caso do Brasil, estamos falanmais pessoas se aperfeiçoando no segmento. do de 2050. Parece longe, mas vale lembrar O segundo ponto a se considerar é que, de cara, que empresas de energias fazem investimentos as empresas que investem em sustentabilidade e enormes para criar estruturas planejadas, para reciclagem acabam por arcar com os custos, mas serem utilizadas por várias décadas. E, se depois os benefícios são colhidos em menor escala, já que decide-se por desativá-las, precisamos de outras décaeles são externalidades que beneficiam a comunidade como das para fazer isso. Vale reforçar que, muito diferentemente um todo, colhendo a empresa apenas uma fração do ganho do que muitas vezes se discute, a agenda climática não é gerado. Só que, se mais empresas fazem isso, os benefícios uma agenda ambiental. Ela tem impacto negativo enorme indiretos crescem, e se tornam mais palpáveis, já que todas se na economia, portanto em empregabilidade, assim como beneficiam de um volume maior de externalidades positivas. na qualidade de vida de populações, em todas as regiões No que tange à inovação, as políticas de ESG abrem novos do país, em relação à segurança alimentar, acesso à água flancos para investimento em melhoria, produtividade, e de qualidade, mobilidade e moradia. Então, não é um acanovos produtos e serviços, de modo que acabam por estiso que as empresas deste setor tenham de repensar vários mular a inovação corporativa. Ainda que em muitas empreaspectos de suas operações, considerando aspectos ESG sas essa inovação não seja em seus produtos ou serviços, (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), 68

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Matéria de Capa quando decidem sobre as diretrizes para inovações, descomissionamento e a adoção dos princípios da economia circular (resíduo zero) em suas operações. Podemos sim dizer que os aspectos ESG estão cada vez mais presentes nas decisões que as empresas destes setores tomam, em todas as áreas”, conta a executiva. O “Nosso Plano de Impacto” da KPMG descreve como toda a organização global está se unindo, para apoiar melhorias nos seguintes pilares: planeta, pessoas, prosperidade e governança. Além disso, o documento mapeia o progresso realizado em relação às métricas do Fórum Econômico Mundial, nas quais a empresa desempenhou um papel fundamental na definição. De fato, a KPMG foi uma das primeiras empresas de auditoria a catalogar publicamente os compromissos de ESG e reportá-los. Mas tudo começa nas pequenas ações, como a que a Tereos e a BP Bunge Bioenergia, dois dos maiores players na produção de açúcar, etanol e energia a partir da biomassa da cana, anunciaram, sobre a troca de peças industriais, sobretudo as de reposição automotiva para tratores e colhedoras: serão cerca de seis toneladas de materiais funcionais, em plena vida útil, no valor de R$ 260 mil, envolvidos na negociação. Idealizado em 2018, e batizado de Surplus, o projeto é liderado pela CH Master Data, responsável pelo processo de cadastro de materiais das empresas parceiras. A iniciativa identifica oportunidades de sinergia, para dar uma nova destinação aos materiais: por meio de sua base de dados, que já conta com cerca de 3 milhões de itens mapeados, a plataforma da CH Master Data faz um cruzamento dos dados, e localiza quais itens de um cliente podem agregar valor a outro e vice-versa. A troca é feita seguindo padrões de compra e venda convencionais das companhias e de suas respectivas áreas de atuação. Bom para o meio ambiente, sem esquecer os impactos financeiros: os valores dos itens são mais competitivos, vendidos a custo médio de mercado, com alguns materiais chegando a custar até 70% do preço de peças novas. É um processo inovador que gera valor e otimiza a cadeia de suprimento da Tereos. Na BP Bunge, o foco da área de suprimentos está na otimização de seu estoque, para garantir um fluxo de reposição permanente. “Uma gestão de materiais eficiente atua na busca contínua por otimizações, que visam à alta disponibilidade de itens com baixo valor de estoque (baixa cobertura), sem excesso de gastos”, explica André Monteiro, diretor de Suprimentos da BP Bunge Bioenergia. “O Surplus é um complemento a esse modus operandi, e está em linha com os conceitos de economia circular e de produção sustentável, que fazem parte de todas as nossas atividades produtivas, e da nossa cadeia de suprimentos que praticamos diariamente na BP Bunge”, afirma. Assim que concluir o processo de troca com a BP Bun-

ge, a Tereos vai levar essa solução para outras empresas parceiras do programa, gerando um potencial de cerca de R$ 200 milhões com as trocas. André Monteiro conta que o principal benefício da troca e reutilização de materiais está relacionado ao meio ambiente. Ao otimizar os recursos, atuamos dentro de um modelo de economia circular, movimentando e incentivando toda nossa cadeia de fornecedores e parceiros a atuar na redução de impactos ambientais. É uma relação com efeitos positivos para todo nosso ecossistema, com benefícios focados na pegada ambiental. Em outras palavras, compreender a relevância dos impactos ambientais, e realizar uma gestão para mitigá-los, é fundamental para a criação de valor de longo prazo, não apenas econômico, mas também social e ambiental. “Tudo pensado sob as políticas de ESG, presentes desde a formação da empresa, em dezembro de 2019. A BP Bunge Bioenergia está engajada em reduzir os impactos de suas atividades sobre o meio ambiente, e melhorar a qualidade de vida das pessoas, contribuindo com energia sustentável para a transição energética, e gerando valor à sociedade. Essa premissa, aliás, integra a agenda da companhia que chamamos de ‘Nossos Compromissos 2030’, criada a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Nesse documento, estabelecemos um total de 15 metas para um período até 2030, relacionadas a mudanças climáticas, eficiência energética, biodiversidade, capital humano e desenvolvimento econômico. Entre os compromissos, estão a redução de emissões de CO2, plantio de mudas nativas, eficiência energética, taxa zero de acidentes com afastamento, e desenvolvimento de comunidades”, conta André. Importante reforçar que a BP Bunge Bioenergia segue avançando em sua agenda de sustentabilidade e, desde maio de 2022, a passou a integrar o Pacto Global das Nações Unidas (ONU). Uma iniciativa que mobiliza a comunidade empresarial, na adoção e promoção de princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio ambiente e engajamento na agenda mundial dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, ODS. O Pacto conta com mais de 17 mil participantes, em quase 170 países, sendo 1.300 membros só no Brasil. Apesar de parecerem invulneráveis das pressões que as companhias internacionais de petróleo enfrentam, as estatais de petróleo podem parecer menos vulneráveis à pressão pública, mas não à legislação. A precificação de carbono e o desincentivo aos combustíveis fósseis são dois fatores-chave para que o setor de petróleo e gás contribua efetivamente para o “E”, da sigla ESG. Mesmo com as dificuldades criadas pela guerra da Ucrânia, os países signatários do Acordo de Paris devem cumprir as metas de emissões, reforçando a alta dos preços. Como acusações de greenwashing são desastres publicitários, pois, sugerem não apenas negligência ambiental, mas desonestidade, elas devem ser poucas – e os ativistas estarão atentos.

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Matéria de Capa

Retirada de instalações de plataforma fixa/www.gov.br/anp/pt-br/arquivos/palestras/VI-SOMA/Descomissionamento-Shell.pdf/Arquivo Petrobras

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Descomissionamento ganha relevância em tempos de ESG

setor de petróleo e gás prevê uma atividade cresmandas dos acionistas, sem contar que uma operação de cente em descomissionamento, operações de abanabandono mal feita será cara para remediar, cobrando um dono de poços, e desmantelamento de plataformas. preço ambiental e outro, talvez pior, para a reputação das Boas práticas, normas e técnicas sólidas de abandono são empresas envolvidas. essenciais para a proteção ambiental – o que ganha relevânO abandono de poços isola para sempre as formações cia, em tempos de ESG. O avanço das tecnologias trouxe um novo significado ao “permanente”. O abandono de poços está tornando-se cada vez mais frequente à medida que campos atingem seus limites produtivos e econômicos – o custo do descomissionamento de cerca de 6.500 plataformas offshore do mundo é estimado entre US$ 29 a US$ 40 bilhões, ao longo das próximas três décadas. Sem contar as dezenas de milhares de poços onshore, que devem ser abandonados algum dia. Operadores responsáveis buscam equilibrar responsabilidades ambientais com o lucro das de- Ciclo de Vida de um Projeto de exploração e produção de petróleo

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Matéria de Capa subterrâneas. Produtores de petróparcialmente? Para decidir, conleo e gás reconhecem que, para um sideram os riscos à segurança dos abandono tranquilo, tudo começa trabalhadores, impactos sobre a com o desenho do poço e sua cinavegação local e sobre o meio mentação primária. O abandono de ambiente, entre outros, cada qual campo, que normalmente envolve com um custo. Em muitos casos, mais de um poço, requer coordeinclusive no Brasil, há indicação nação de operações diferentes para de não remoção, porque a permagarantir o isolamento de subsunência de sistemas submarinos perfície de cada poço, remoção no leito marinho, quando devidade equipamentos e instalações, e mente tratados, evitaria o impacrestauração da superfície para uma to ambiental do recolhimento de condição original. estruturas instaladas há décadas, Vale lembrar que, além das nore já incorporadas ao ambiente; mas locais e internacionais, há reem outros casos, mesmo quangras transnacionais, que fazem parte do as estruturas e equipamentos do sistema para o setor a montante ainda não foram incorporados, – que influenciaram o processo norexiste a possibilidade e mesmo a mativo do petróleo e do Pré-sal nesindicação da permanência para a sas operações, e mesmo nos contraformação de recifes artificiais. tos de E&P adotados no Brasil. Mas Há também a possibilidade de destaque-se que as regras transnareaproveitamento das estruturas e cionais são adotadas para interpretar equipamentos, e uma das regiões e fazer cumprir as regras nacionais; onde a reutilização é muito empremuitas normas internacionais tamgada é o Golfo do México: segundo bém foram utilizadas como referêna consultoria Twachtman, Snyder e cia nas normas para descomissionaAfundando uma plataforma no lugar. Estas fotografias Byrd, 30% dos topsides e 20% das mento offshore. de lapso de tempo mostram o afundamento controlado jaquetas desativados no Golfo do Luciana Palmeira Braga, em de uma plataforma, que levou 37 segundos do primeiro México são reutilizados. sua tese The Brazilian regulatory As normativas internacionais movimento à completa submersão – Oilfield review systems for unitization and offshosobre desmantelamento estão conWinter 2001/2002 re decommissioning: an analysis templadas na Convenção de Hong of the transnational legal order Kong – para Reciclagem Segura e – Economics and Finance, destaca as palavras de WeAmbientalmente Adequada de Navios – e na Convenção de aver (2017): “a boa regulamentação é a melhor amiga Basiléia – que busca reprimir o tráfego de resíduos perida indústria”. Em outras palavras, uma regulamentação gosos para países em desenvolvimento. E a resolução da adequada é essencial para assegurar o equilíbrio entre IMO MEPC.2010 aborda a reciclagem de navio de forma a proteção do interesse público e a atração de invessegura. timentos. E, ao lidar com setores transnacionais, tais como a indústria do petróleo, a regulação assume um nível mais elevado de complexidade, composto por regras elaboradas por uma pluralidade de atores, estatais e não estatais. As normas ajudam a fazer, bem-feito, o inevitável, o descomissionamento vai acontecer. E a partir dessa constatação, é preciso decidir o que fazer – desmantelar e abandonar tudo? Remover apenas Desmonte de uma plataforma – Able Seaton Port (UK) – GetechGroup (2020)

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Matéria de Capa Legislação aplicável ao descomissionamento de instalações de petróleo e gás natural – TCU

Idade das plataformas no Brasil As normas não restringem possibilidades, apenas exigem cuidados e aprovações dos órgãos reguladores. A Resolução nº 817/2020 da ANP define que “quaisquer instalações deverão ser removidas da área sob contrato” e que “a remoção parcial ou a permanência definitiva in situ de instalações poderá ser admitida em caráter de exceção, desde que atendidos os requisitos normativos aplicáveis, e devidamente justificada”. A Petrobras já concluiu a remoção de várias plataformas e FPSOs, e seu plano de negócios 2021-25 previa o descomissionamento de 18 plataformas no período – planos que são revisados anualmente – e pontualmente. Então, para se ter uma ideia atualizada do status de quantas e quais plataformas estão nesse processo de desmonte, a ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustível elaborou um painel dinâmico que pode ser consultado em https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiZjFlMWI0MDgt NWNiNC00OTZlLWI3NGQtOGM3MjQwODhjMTMwI iwidCI6IjQ0OTlmNGZmLTI0YTYtNGI0Mi1iN2VmLTE yNGFmY2FkYzkxMyJ9

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O número de plataformas em processo de descomissionamento ou em análise é de tão grande que chamou a atenção do TCU – Tribunal de Contas da União. Em novembro de 2021, o TCU analisou a situação, e produziu um sumário sobre sua fiscalização, Descomissionamento de instalações de petróleo e gás natural offshore, sobre arcabouço jurídico relacionado ao descomissionamento de instalações de petróleo e gás offshore (TC 039.462/2019-6) que resultou no Acórdão 1.740/2021-TCU-Plenário. Esse sumário comenta que os riscos já intrínsecos às atividades de descomissionamento se somam ao elevado dispêndio pelas operadoras em projetos não mais rentáveis. O relatório foca nos riscos, no arcabouço regulatório existente e na conduta dos principais atores públicos que atuam no processo, bem como dos operadores dos campos. A auditoria operacional “surgiu a partir da percepção da existência de um desalinhamento de opiniões entre operadores e o órgão ambiental, que aumentava a percepção de riscos intrínsecos ao processo de descomissionamento de instalações de produção de óleo e gás offshore”.


Matéria de Capa Realizada a auditoria, o TCU constatou insegurança jurídica relativa às análises ambientais que subsidiam a autorização o processo de descomissionamento; falha de governança no Ibama no processo de descomissionamento; fragilidades de coordenação interinstitucional; medidas de mitigação insuficientes contra o risco de bioinvasão por coral-sol na costa brasileira. Há ainda a questão dos NORMs – Naturally Occuring Radioactive Materials – cuja gestão e deposição segura, em longo prazo, são muito complexas, pedem o estabelecimento de regulação específica e requisitos de segurança e de proteção radiológica – e estão sob a responsabilidade da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear. A preocupação tem fundamento. Há muito dinheiro envolvido e, sem pensar na segurança do fornecimen-

to, existe, no Brasil, a criação de um mercado novo, que vai movimentar, segundo a ANP, mais de R$ 31 bilhões, entre 2021 e 2025, recursos que vão, em sua maioria, para as atividades de Abandono e Arrasamento de Poços (R$ 21 bilhões), e Retirada de Equipamentos (R$ 9 bilhões). Estima-se que, entre 2019 e 2018, foram gastos US$ 85 bilhões com descomissionamento, globalmente. Nesse mercado, o Brasil, atrás apenas do Reino Unido e Estados Unidos, corresponde a 11% dos gastos globais. As atividades de descomissionamento podem gerar serviços, que vão, da remoção de grandes estruturas e de instalações submarinas, a abandono de poços, remoção, logística operacional, destinação adequada de materiais, resíduos e rejeitos e recuperação ambiental. É um mundo de oportunidades, num mercado estimulado pelas ambições climáticas, ESG e Economia Circular.

Desmontando o passado Uma plataforma do sul do mar do norte pode ser menor, se comparada àquelas típicas. Também estão em águas mais rasas. Mas isso não diminui a importância de um descomissionamento. A Petrofac desativou a Hewett – instalação composta por um cluster de ativos, com um complexo central e três plataformas satélites, seis jaquetas, seis topsides, quatro helipontos, toda a infraestrutura submarina de conexão, e cerca de 40 slots de poços. Do ponto de vista regulatório, cada um dos ativos é tratado separadamente. Foi descoberto em 1966, desenvolvido pela Philips Petroleum, e começou a produzir em 1969, tempo em que modularização e fabricação externa eram conceitos estranhos, ou seja, as plataformas foram construídas em grande parte in situ, usando os materiais e metodologias da época, com muito amianto, para isolamento e resistência ao fogo. Para complicar, a produção de alguns dos poços deveria continuar até o último momento possível, em parte para gerar receita, e em parte para fornecer combustível para as próprias turbinas do campo – que eventualmente serão substituídas por geradores temporários a diesel. E veio a Covid, reduzindo o pessoal envolvido. É uma história interessante, que a Petrofac conta em https://www.petrofac.com/petrofacts/Removing-every-trace/

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Artigo

O impacto do ESG nas políticas de sustentabilidade e inovação em pequenas médias e grandes empresas Por Marcos Bruno Machado*

Já faz algum tempo que as estratégias ligadas a sigla ESG, Governança Socioambiental e Corporativa, estão no foco de muitas empresas, nos diferentes setores. A prática do ESG nos diferentes setores se tem tornado cada vez mais requisitada, olhando por um aspecto global, mas, olhando para outro ângulo, considerando o tamanho das empresas, é possível observar o diferente comportamento em relação as práticas de ESG. As grandes empresas distribuídas nos diversos setores sempre demonstraram muito apreço por garantir um ambiente interno e externo, relacionado às práticas de ESG. De forma global, este comportamento sempre foi muito admirado por empresas de menor porte, e bem avaliado por investidores de forma geral. Com o passar dos anos, foi possível observar uma grande inovação, não somente nas estratégias de Governança Socioambiental e Corporativa, mas também a necessidade de se garantir que de fato essas práticas estavam sendo executadas de forma ampla nas corporações. Um grande ponto que devemos observar é o que os investidores, de forma geral, esperam muito mais das empresas que praticam ESG, além de políticas estabelecidas, sendo um exemplo claro a bolsa de valores brasileira, a B3, que criou o Índice Brasil ESG, logo, o principal objetivo deste índice é auxiliar os investidores a definir onde alocar os seus recursos, e induzir as empresas a seguirem no aprofundamento das práticas de ESG. Essa nova carteira, formada por este índice, reuniu incialmente 39 empresas, que totalizavam R$ 1,8 trilhão de valor de mercado, sendo este montante algo próximo a 38% do valor total de mercado das empresas com ações negociadas na B3. Este foi um dos principais indicativos da mudança do mercado, quando se fala em investimentos em empresas de inovação e sustentabilidade, não só levando em consideração os fatores financeiros, mas também o posicionamento das empresas em relação ao ESG. Aprofundando um pouco mais, é possível ver os diferentes comportamentos, quando comparamos os tamanhos das empresas. Empresas de grande porte estão focadas, atualmente, não somente em mostrar ao mercado que possuem políticas de Governança Socioambiental e Corporativa, isso * CEO da Morethansales

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sempre existiu, mas, devido a uma demanda de mercado liderada por índices da Standard Post Down Jones, passaram a ser obrigadas a garantir a implementação dessas políticas de forma prática e ampla. Um bom exemplo não é comprovar que a empresa realiza coleta seletiva para reduzir o impacto ambiental, mas sim garantir o que está sendo realizado com os itens descartados na coleta seletiva. Isto vai muito além do que as tradicionais políticas, já conhecidas. Olhando para as empresas de médio e pequeno porte, é possível ver outro comportamento em relação ao ESG, sendo uma reação em cadeia, nos casos onde a empresa de médio e pequeno porte é uma fornecedora para uma grande empresa, sendo obrigada a seguir os mesmos requisitos. Em outros casos, sendo uma necessidade latente a implementação da Governança Socioambiental e Corporativa com impacto direto no valuation das empresas de médio e pequeno porte que, em algum momento, estarão buscando investimentos para sustentar o crescimento esperado. Com a Pandemia, o foco das empresas dentro do ESG também foi alterado, aumentando ainda mais o direcionamento para melhora da Governança Social, olhando para a diminuição da pobreza e impactos sociais, e diminuindo o foco nos demais temas abordados no ESG. Este item foi amplamente verificado nas diversas ações dos grandes grupos, sendo algo pontual necessário para o momento em que estávamos vivendo. Contudo, o ESG veio para ficar e, independente do tamanho da empresa, em algum momento, o caminho da Governança Socioambiental e Corporativa será o único para quem necessita inovar garantindo a sustentabilidade.


Altera&Ocyan assina com a 3R Petroleum para manutenção e operação dos ativos de Papa Terra A Altera&Ocyan, joint venture entre a Ocyan e a Altera Infrastructure, assinou contrato com a 3R Petroleum, para a manutenção e operação das plataformas P-61 e P-63, no campo de Papa-Terra, no Sul da Bacia de Campos/RJ. O contrato tem duração de cinco anos, podendo ser estendido por até cinco anos, em múltiplos períodos de um ano. “Essa é a primeira vez que vamos assumir a operação de ativos de outra empresa, sem a propriedade do bem, ampliando o escopo de serviços que oferecemos ao mercado. A conquista desse novo contrato é o reconhecimento do mercado da alta performance dos serviços realizados pela Altera&Ocyan. O projeto garantirá, para a Altera&Ocyan, um aumento do nível de atividade no Brasil, e ampliará a sinergia de recursos da joint venture, o que trará benefícios para o nosso novo cliente, e para as nossas unidades operacionais próprias, o FPSO Cidade de Itajaí e FPSO Pioneiro de Libra. Será uma ótima oportunidade de crescimento para a nossa equipe e nossa empresa”, celebra Marcelo Nunes, Diretor Geral da Altera&Ocyan. A 3R adquiriu o campo PapaTerra da Petrobras, juntamente com dois ativos (P-61 e P-63). O FPSO P-63 possui capacidade instalada para processar até 140 mil barris/dia de petróleo, e 1 milhão de m³ de gás natural, e iniciou a produção em 2013. Já a plataforma P-61, única do tipo Tension Leg Wellhead Platform (TLWP) instalada no país, começou a produção dois anos depois, em 2015. Os poços da P-61 são do tipo completação seca, ou seja, as válvulas de controle do poço ficam na plataforma, em vez de serem instaladas no fundo do mar. Toda a geração de energia é produzida pela P-63, e fornecida à P-61 que, por sua vez, exporta a sua produção por meio de bombas multifásicas e linhas de transferência de fluidos, sendo que tanto o óleo como o gás produzido são transferidos da P-61 para a P-63, onde então é realizado o processamento em sua própria planta. “Papa-Terra, ativo em águas profundas da Bacia de Campos, é a maior operação da 3R no Offshore brasileiro. O contrato com a Altera&Ocyan está dentro do nosso modelo de negócios de trazer grandes parceiros estratégicos para coordenar a gestão de alguns processos em nossas operações, neste caso, a gestão da Operação e Manutenção das duas

@Petrobras

plataformas do ativo”, comenta o CEO da 3R Petroleum, Ricardo Savini. O novo contrato com a 3R está sujeito à aprovação, pelo Cade-Conselho Administrativo de Defesa Econômica, da ampliação da joint venture entre a Ocyan e a Altera. A Altera&Ocyan atua como operadora e afretadora de dois FPSO: o Cidade de Itajaí, para a australiana Karoon; e o FPSO Pioneiro de Libra, para o consórcio de Libra. O Cidade de Itajaí foi a primeira unidade de produção operada pela joint-venture, iniciada em 2013. Em 2017, foi a vez do Pioneiro de Libra iniciar suas operações. “Nossos ativos têm excelência operacional, e altos índices de marcos de segurança. Agora, vamos partir para uma nova etapa, que permitirá ampliar os caminhos da companhia”, comemora Nunes. “A Altera e a Ocyan já operam dois projetos de sucesso no Brasil, e essa cooperação de longa data, agora, nos permite expandir ainda mais nossas forças combinadas, em um novo e empolgante projeto que criará valor e oportunidades significativos para a indústria e a sociedade”, comenta Jorge Mitidieri, Vice-Presidente Executivo da Ocyan, e Conselheiro da Altera&Ocyan. “Estamos muito empolgados com este novo projeto em um segmento tão crescente e dinâmico de petroleiras independentes no Brasil e estamos muito confiantes de que replicaremos o sucesso e os altos padrões das outras parcerias que Altera e Ocyan mantêm no Brasil”, destaca José Elias, Diretor Geral da Altera. no 388

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Unidade experimental de forno de craqueamento eletrônico A Shell e a Dow iniciaram uma unidade experimental para aquecer eletricamente fornos de crackers a vapor, no Campus de Transição Energética de Amsterdã, na Holanda. Isso representa um marco importante no programa de tecnologia conjunta das empresas, para eletrificar fornos de craqueamento a vapor, aproximando as empresas da descarbonização de um dos aspectos mais intensivos em carbono da fabricação petroquímica. Ao longo do próximo ano, a unidade experimental será usada para testar um modelo teórico de eletrificação, desenvolvido para modernizar os atuais fornos de craqueamento a gás. Os dados gerados pela unidade serão utilizados para validar o modelo, e permitir que o programa de eletrificação avance para a próxima fase; o projeto e a construção de uma planta piloto de vários megawatts, com potencial startup em 2025, sujeito a apoio ao investimento. “Hoje, demos um grande passo à frente para ajudar a descarbonizar um dos processos centrais de nossa indústria, ao mesmo tempo em que apoiamos a meta da Shell, de ser um negócio de energia de emissões, até 2050. Estou ansioso pelos resultados da unidade experimental e continuar esta colaboração vital com a Dow”, disse Thomas Casparie, vice-presidente sênior de negócios de produtos químicos e produtos da Shell, na Europa. “Este marco demonstra que as tecnologias de fabricação de baixas emissões de carbono estão ao nosso alcance”, disse

Keith Cleason, vice-presidente de negócios de Olefinas, Aromáticos e Alternativos da Dow. “A colaboração com a Shell tem o potencial de reformular a forma como nossa indústria fabrica produtos nas próximas décadas.” À medida que a rede de energia se torna cada vez mais liderada por fontes renováveis, o uso de eletricidade renovável para aquecer fornos de cracker a vapor pode tornar-se uma das rotas para descarbonizar a indústria química. Os fornos de craqueamento eletrônico operados com eletricidade renovável têm o potencial de reduzir 90% das emissões do escopo1, a custos economicamente competitivos com os craqueadores convencionais. No ano passado, o programa recebeu € 3,5 milhões (US$ 4,2 milhões), em financiamento do governo holandês, e incorporou a Organização Holandesa de Pesquisa Científica Aplicada (TNO) e o Instituto de Tecnologia de Processos Sustentáveis (ISPT). A colaboração entre várias empresas traz conhecimento técnico e um compromisso comum com um futuro de baixo carbono. Além disso, a colaboração visa a apoiar as reduções de emissões necessárias para cumprir as metas da Shell e da Dow, de atingir emissões líquidas zero, até 2050.

Navio Amazon de última geração McDermott Como parte da estratégia global de águas profundas da McDermott, a embarcação passou por uma conversão sofisticada. As especificações atualizadas permitem operações altamente automatizadas, a produção de juntas hexagonais a partir de juntas simples ou duplas usando uma instalação de juntas múltiplas a bordo e uma capacidade de retenção de tubos de 10.000 toneladas métricas. Seu maior nível de automação também permite uma redução significativa no número de tripulantes necessários para realizar as operações de assentamento de dutos com segurança. “Clientes em todo o mundo estão olhando para esta embarcação revolucionária para entregar seus projetos

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@ Susie Landes

em águas ultraprofundas”, disse Mahesh Swaminathan, vice-presidente sênior de instalações submarinas e flutuantes. “O sistema de tubulação de classe mundial, a versatilidade de instalação e a tecnologia avançada por trás da atualização elevam significativamente sua capacidade de fornecer resultados seguros e de qualidade com eficiência.” A embarcação foi projetada para ser autossuficiente, permitindo uma fácil transição de projeto para projeto e oferecendo oportunidades para o restante da frota submarina da McDermott.


Maersk Supply Service construirá embarcação pioneira de instalação eólica para Equinor e bp Desde 2019, a Maersk Supply Service vem desenvolvendo um conceito inovador para a instalação de turbinas eólicas offshore, usando um novo design para um navio de instalação eólica. Este método de ponta será 30% mais eficiente do que o uso de navios jack-up convencionais, devido às capacidades exclusivas de alimentação do navio de instalação eólica.

Apoiando o investimento da nova construção, a Maersk Supply Service recebeu um contrato firme com a Empire Offshore Wind, uma joint venture entre a Equinor e a bp, para a instalação de parques eólicos offshore dos EUA (Empire 1 e 2). Para o transporte e logística, a Maersk Supply Service fez uma parceria com a Kirby Offshore Wind, uma subsidiária da Kirby Corp., uma das maiores operadoras de barcaças offshore e rebocadores dos EUA, que fornecerá o spread da barcaça alimentadora, em conformidade com o Jones Act. “Ao assinar este contrato com a Equinor e a bp, estamos prontos para investir no primeiro navio de instalação eólica da Maersk Supply Service, e estabelecer firmemente a Maersk como uma empreiteira eólica offshore. A energia eólica offshore continua a desempenhar um papel cada vez mais importante para a Maersk Supply Service – tanto eólica flutuante quanto fixa no fundo. Com nosso legado de gerenciamento de projetos complexos e operações em águas ásperas, a experiência e as capacidades da Maersk Supply Service são bem compatíveis com a indústria eólica offshore”, diz Steen S. Karstensen, CEO da Maersk Supply Service. O conceito de instalação combina um novo projeto de Wind Installation Vessel com um sistema patenteado de transferência de carga, que permitirá a transferência segura de carga. O conceito utilizará dois rebocadores e barcaças recém-construídos, para transportar os componentes da turbina eólica para o local de instalação, enquanto o próprio navio de instalação eólica permanecerá no local para realizar instalações sucessivas. Os rebocadores e barcaças serão construídos e operados nos EUA pela Kirby Offshore Wind. Os rebocadores e barcaças recém-construídos criarão ainda mais oportunidades de emprego para os cidadãos dos EUA – tanto

durante a fase de construção da embarcação, quanto nas operações subsequentes da Equinor e da bp. O navio de instalação eólica será construído em Singapura pela SembCorp Marine, com a cerimônia de corte de aço marcada para o quarto trimestre de 2022. As unidades de elevação, sistema de transferência de carga e guindaste, serão fornecidos pela NOV, e o trabalho de projeto foi apoiado pela sociedade de classe ABS. A entrega da embarcação nas águas dos EUA está prevista para 2025. A Empire Wind é um projeto de desenvolvimento eólico emblemático nos EUA para o estado de Nova York, e a Maersk Supply Service orgulha-se de apoiar a Equinor e a bp na construção desses projetos. “A nova solução de alimentação equipa a Maersk Supply Service com uma metodologia que garante uma instalação radicalmente mais eficiente, o que, por sua vez, permitirá que os desenvolvedores liberem suas cadeias de suprimentos mais rapidamente, e levem a uma geração de receita mais rápida de seus parques eólicos. Tudo isso contribuirá para reduzir os custos nivelados da energia eólica offshore. A solução também é menos dependente do clima, permitindo a instalação durante todo o ano. A metodologia do alimentador foi projetada internamente e patenteada pela Maersk Supply Service, e é um verdadeiro crédito à inovação e ao trabalho árduo das equipes envolvidas”, diz Jonas Munch Agerskov, diretor comercial da Maersk Supply Service. Com a posição de liderança da APMøller-Maersk em metanol verde, a Maersk Supply Service e a Kirby Offshore Wind estão procurando tornar possível que o Wind Installation Vessel, rebocadores e barcaças operem com combustíveis neutros, em termos de clima. Este é o primeiro investimento de nova construção da Maersk Supply Service dedicado inteiramente à indústria eólica offshore. Com isso, a empresa faz um avanço significativo na transição, para se tornar uma grande empreiteira em energia eólica offshore, uma indústria que deve crescer substancialmente, nas próximas décadas.

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ANP realiza audiência pública sobre comunicação de incidentes

A ANP realizou audiência pública sobre a proposta de revisão da Resolução ANP nº 44, de 22/12/2009, que regulamenta a comunicação de incidentes e o envio do Relatório de Investigação Detalhado (RDI) de incidentes ocorridos nas atividades reguladas pela Agência. Na abertura, a Diretora Symone Araújo afirmou que a nova resolução está inserida em um ambiente de aprimoramento regulatório. “É um grande esforço de simplificação e de padronização, tanto para a Agência, quanto para o mercado. Uma regulação singular e multidisciplinar, porque contempla vários elos da cadeia de agentes regulados. Esperamos que, ao final dessa revisão, possamos obter uma resolução simples, concisa e relevante, de forma que tornemos cada vez mais clara a comunicação desses incidentes, e a forma como esse processo se dará”, afirmou. A Diretora ressaltou ainda os esforços da indústria, que forneceu subsídios à Agência para a revisão, não só pela participação na consulta pública, como em consulta prévia sobre o tema realizada pela ANP. A revisão busca modernizar o arcabouço regulatório, adequando o instrumento a conceitos internacionais, além de simplificar e uniformizar a abordagem entre os segmentos. Entre os destaques, são propostos prazos firmes para comunicação inicial, priorizando eventos de maior criticidade, incluindo situações de risco ao abastecimento nacional de combustíveis. Além disso, pretende-se ampliar o prazo de envio do Relatório Detalhado de Investigação de Incidentes, de 30 para 90 dias. O conceito atual de divulgação, pelo regulador, de manuais orientativos, passa a ser formalmente previsto na resolução. As inovações propostas se baseiam na experiência adquirida ao longo dos anos na regulação da segurança operacional pela ANP, e é mais uma ação da Agência para simplificação administrativa e equilíbrio das obrigações estatuídas aos agentes, visando à segurança das operações, e o tratamento antecipado de eventos adversos. O processo de revisão contou com a participação de diversas áreas da ANP, e envolveu agentes de toda a cadeia de petróleo, gás natural e biocombustíveis. A minuta de resolução passou por consulta pública de 45 dias, na qual foram recebidos 100 comentários. As contribuições recebidas na consulta e na audiência serão avaliadas pela área técnica, para alteração ou não da minuta original. O texto consolidado passará por análise jurídica da Procuradoria Federal junto à ANP, e por aprovação da diretoria colegiada da Agência, antes de sua publicação.

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Shell assina contrato de partilha de produção para o campo de Atapu no Brasil

A Shell Brasil Petróleo Ltda. assinou em abril o Contrato de Partilha de Produção para adquirir formalmente uma participação de 25% no campo de Atapu. A Shell pagou US$ 1,1 bilhão à Petrobras, pelo aumento da participação no campo. Com o contrato agora assinado, a Shell passará a receber sua parcela adicional de óleo do campo. “Esta transação é a mais recente prova de nosso compromisso, de fortalecer ainda mais nossas posições vantajosas em águas profundas, no Brasil”, disse Zoe Yujnovich, Diretor de Upstream da Shell. “Com um portfólio líder global em águas profundas, essa participação no campo de Atapu apoia diretamente nossa estratégia Powering Progress, para fornecer os recursos de energia estáveis e seguros que o mundo precisa hoje, enquanto investe na energia do futuro.” A estratégia Powering Progress, da Shell, inclui o aumento do investimento em soluções de energia de baixo carbono, enquanto continua a buscar os investimentos Upstream mais resilientes, competitivos, e de maior retorno para sustentar a entrega de dinheiro material até a década de 2030, para apoiar nossos dividendos e financiar a transformação da Shell. Nosso portfólio global de águas profundas representa duas posições principais em nosso negócio de Upstream com bacias prolíficas, nos EUA e no Brasil, juntamente com um portfólio de exploração de fronteira empolgante no México, Suriname, Argentina e África Ocidental. Em dezembro de 2021, no leilão de Cessão de Direitos, a Shell, juntamente com os parceiros Petrobras (52,5%, operadora) e TotalEnergies (22,5%), adquiriram os direitos de volumes do campo de Atapu – campo de petróleo do Pré-Sal na Bacia de Santos, localizado em lâmina d’água de cerca de 2.000 metros. A produção começou em 2020, por meio da unidade de Flutuação, Produção, Armazenamento e Descarga (FPSO) P-70, que tem capacidade para produzir 150 mil barris de óleo equivalente (boe), por dia.


Aumenta número de poços exploratórios perfurados A ANP realizou, online, o 2º Seminário Instrumentos de Divulgação de Informações sobre Exploração de Petróleo e Gás Natural. Durante o evento, foram apresentados dados sobre exploração de petróleo e gás no país, disponíveis no Relatório Anual de Exploração 2021 e no Painel Dinâmico da Fase de Exploração. Entre as informações apresentadas, destaca-se o aumento de aproximadamente 38% no número de poços exploratórios perfurados em 2021, quando foram perfurados 22, na comparação com 2020, quando foram perfurados 16. O número de blocos sob contrato manteve-se estável, totalizando 246, tanto no final de 2020, quanto no final de 2021. Entre 2016 e 2021, foram efetivadas 27 declarações de comercialidade, com destaque para as dez na Bacia do Recôncavo, e as sete na Bacia de Santos. Em 2021, foram efetivadas três declarações de comercialidade, sendo uma na Bacia do Parnaíba e duas na Bacia do Recôncavo. Durante a abertura, o Diretor da ANP Fernando Moura apresentou ainda dados de investimentos previstos para 2022, consequência, em parte, de medidas da Agência para incentivar o setor. “A ANP se encontra permanentemente atenta aos impactos conjunturais sobre o segmento de exploração. Os esforços da ANP para que fossem gerados mecanismos de natureza regulatória que viabilizassem aos contratados a faculdade de prorrogação da fase de exploração dos contratos confirma que não interessa à Agência e ao país que contratos sejam extintos, investimentos compromissados cancelados e empregos, perdidos. Como será possível verificar no Rela-

tório Anual, apenas para o ano de 2022, estão previstos investimentos em atividades exploratórias que superam R$ 3,3 bilhões”, afirmou. O Diretor ressaltou ainda a importância dos instrumentos de divulgação da ANP. “O Relatório Anual de Exploração é uma importante fonte de informações e de análises sobre o desempenho do segmento de exploração do nosso país. Também pode contribuir para auxiliar no planejamento e nas decisões futuras sobre os investimentos a serem realizados. E, em linha com o objetivo de divulgação periódica, simples e de fácil acesso dos dados custodiados pela ANP, recentemente a Agência disponibilizou também uma nova versão do Painel Dinâmico da Fase de Exploração. Esse é mais um esforço da Agência, de se manter continuamente conectada com o desenvolvimento de ferramentas que agreguem valor à informação, e com os anseios da sociedade de informação de qualidade e conhecimento”, disse.

ABS explora o potencial de segurança do FPSO da Digital Technologies O potencial das mais recentes tecnologias digitais para melhorar o desempenho de segurança da frota global de armazenamento e descarga de produção flutuante (FPSO) é explorado nas mais recentes orientações da ABS para indústria offshore. Em seu whitepaper Aprimorando a segurança em FPSOs: alavancando tecnologias digitais, a ABS considera como tecnologias a forma como inspeção remota e gêmeos digitais estão dando à indústria uma oportunidade de repensar os métodos para realizar inspeções de ativos, e coletar e avaliar dados de condição. E explora as mais recentes ferramentas de Inteligência Artificial, usadas para auxiliar na detecção e medição

de corrosão, e o potencial de um modelo de condição digital preciso, ou gêmeo digital para dar suporte a técnicas modernas de inspeção baseadas em risco. “A frota FPSO está no meio de uma mudança geracional na tecnologia disponível para apoiar as operações offshore. Por 50 anos, o gerenciamento de manutenção e a avaliação de condições têm sido um exercício análogo e trabalhoso. Como uma organização focada em segurança operando na vanguarda dessas tecnologias, a ABS pode compartilhar o conhecimento que aprendemos com a indústria, para apoiar a adoção de novas ferramentas e sistemas que melhoram a segurança e o desempenho”, disse Matt Tremblay, vice-presidente para Global Offshore da ABS. no 388

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Equinor e Naturgy se unem para explorar o desenvolvimento eólico offshore na Espanha

@ Parque Eólico Offshore Dudgeon na costa de Norfolk. Foto: Ole Jørgen Bratland / Equinor ASA

O governo espanhol pretende transformar seu mix de energia, e planeja desenvolver até 3 GW de energia eólica offshore, até 2030. O primeiro leilão eólico offshore espanhol deve ocorrer na região das Canárias, em 2023, e aqui a Equinor e a Naturgy estão avaliando conjuntamente a oportunidade de desenvolver e construir um projeto eólico offshore flutuante. A cooperação está alinhada com a ambição conjunta das duas empresas, de utilizar suas capacidades complementares para desenvolver energias renováveis na Espanha, começando com projetos eólicos flutuantes comerciais. Com mais de 90% das áreas eólicas offshore espanholas em águas profundas, a Espanha tem uma excelente oportunidade de liderar a próxima onda de vento offshore flutuante na Europa. A empresa de energia espanhola contribuirá com sua experiência em energia eólica onshore na Espanha, e a Equinor com suas capacidades comprovadas em tecnologia e desenvolvimento de energia eólica offshore flutuante. “Estamos muito satisfeitos com o acordo alcançado com a empresa norueguesa de energia Equinor, porque nos permite promover o compromisso com as energias renováveis, contribuindo com nossa experiência no desenvolvimento, construção e operação de energia eólica onshore, além de amplo conhecimento do mercado espanhol”, afirma Jorge Barredo, diretor geral de Renováveis, Novos Negócios e Inovação, na Naturgy. “É ótimo ver a implantação da energia eólica offshore na Espanha. 3GW, até 2030, é uma meta ambiciosa, com eólica offshore flutuante é factível. A Equinor tem uma longa história na Espanha, e a Naturgy é uma parceira conhecida da Equinor. Juntos, agora queremos contribuir no longo prazo para os planos de energia renovável do país, e começar desenvolvendo o primeiro parque eólico offshore flutuante comercial na Espanha”, diz o vicepresidente sênior de desenvolvimento de negócios em Renováveis da Equinor, Jens Økland.

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A Espanha desempenha um papel fundamental na cadeia de fornecimento de energia eólica offshore no resto da Europa, e a Equinor tem uma longa história de trabalho em conjunto com a indústria espanhola de fornecimento offshore. Componentes-chave, como subestrutura flutuante, torre e ancoragem no parque eólico flutuante Hywind Scotland da Equinor foram produzidos na Espanha. “Como operador e desenvolvedor de parques eólicos offshore flutuantes, sabemos que a tecnologia funciona e acreditamos que nossa experiência em flutuação nos torna exclusivamente qualificados para contribuir para o desenvolvimento de parques eólicos offshore flutuantes na Espanha, de maneira segura, sustentável e eficiente, juntamente com nosso parceiro. Estamos ansiosos para colaborar ainda mais com a indústria espanhola. A colaboração com os usuários do oceano é importante para garantir a coexistência com esta indústria em desenvolvimento”, diz Sonja Chirico Indrebø, vice-presidente Floating Offshore Wind. “O desenvolvimento do vento flutuante abre uma janela de oportunidade para a Espanha, permitindo-lhe aproveitar locais afastados da costa, com excelentes recursos eólicos, atuando como um trator da economia através de setores-chave como naval ou civil. É uma oportunidade energética e industrial, por isso a Espanha aproveitaria isso através da conciliação de todos os interesses ligados às atividades marítimas”, diz Barredo.


RenovaBio: redução das metas

A Diretoria da ANP aprovou a realização de consulta e audiência públicas sobre alteração na Resolução ANP nº 791/2019. O objetivo é incluir dispositivos que tratarão da sistemática de redução das metas individuais dos distribuidores, em hipótese, autorizada pelo CNPE – Conselho Nacional de Política Energética – através do art 2º da Resolução CNPE nº 08/2020, relativa à aquisição de biocombustíveis por meio de contratos de fornecimento de longo prazo. O CNPE autorizou, através dessa norma, a redução das metas individuais dos distribuidores de combustíveis, mediante a aquisição de biocombustíveis por meio de contratos de fornecimento de longo prazo, acrescentando que essa redução deveria ocorrer na forma do regulamento da ANP. Assim, a minuta de resolução que entrará em consulta pública tem por objetivo atender à determinação do CNPE, e é resultado de intensos estudos e discussões com os agentes do mercado sobre o tema. A proposta prevê, em suma, condições e sistemática de redução das metas anuais individuais, atribuídas aos distribuidores de combustíveis, pela aquisição de biocombustíveis, através de contratos de fornecimento celebrados entre tais agentes econômicos, e produtores de biocombustíveis detentores do Certificado da Produção Eficiente de Biocombustíveis. Entre os principais pontos da nova resolução, estão a fixação de prazos mínimos contratuais para fins de aplicação da redução, estabelecidos de forma diferenciada para cada biocombustível, considerando suas peculiaridades e nível de maturidade dos mercados; a escala de redução para diferentes prazos contratuais, privilegiando com maiores descontos aqueles com maior duração: poderão ser abatidos das metas dos distribuidores 50% dos CBIOs gerados a partir de volumes de biocombustível, contratados e retirados em contratos com prazo mínimo; 75% dos CBIOs gerados a partir de volumes de biocombustível contratados e retirados em contratos com prazo de um ano superior ao mínimo; e 100% dos CBIOs gerados a partir de volumes de biocombustível contratados e retirados em contratos com prazo de dois anos superior ao mínimo; a incidência dos percentuais de redução sobre a quantidade de CBIOS equivalente ao volume contratado e retirado pelo distribuidor, que deve ser calculado utilizando-se o fator de emissão de CBIO (tCO2eq/L) do Certificado da Produção Eficiente de Biocombustíveis de cada unidade produtora contratada no momento da geração de lastro para emissão de CBIOs, por nota fiscal submetida pela unidade produtora contratada na Plataforma CBIO; a limitação da redução da meta individual

do distribuidor a 20%, em respeito ao disposto no art. 7º do Decreto nº 9888/2019, independentemente do quantitativo de contratos e volume; e a apuração anual do cumprimento do contrato para fins de abatimento da meta, de acordo com a data das notas fiscais eletrônicas enviadas através da Plataforma CBIO no período de contrato, de modo que os distribuidores poderão usufruir do abatimento das metas anualmente, ainda que o contrato tenha duração de vários anos. No começo deste ano, o MME reafirmou a meta de 35.976.348 CBIOs para 2022, a qual será posteriormente desdobrada aos distribuidores de combustíveis pela ANP. Além disso, o Comitê RenovaBio deve monitorar o mercado, e fixar a meta de 2023; ainda deverão ser estabelecidas as metas de 2024-2032, segundo o cronograma: A realização de consulta e audiência públicas tem como principal objetivo obter dos agentes econômicos envolvidos/ afetados, consumidores ou usuários de bens e serviços da indústria do petróleo, gás natural e biocombustíveis, contribuições e sugestões de aprimoramento da minuta de resolução.

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Início da produção da primeira fase de desenvolvimento de Mero A TotalEnergies anuncia o início da produção da primeira fase de desenvolvimento do gigante campo de Mero, no bloco Libra, a mais de 150 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, na prolífica área do Pré-sal de Santos Bacia. Lançada no final de 2017, esta primeira fase (Mero-1) inclui uma FPSO com capacidade de produção de 180.000 barris de petróleo por dia. Esta primeira fase será seguida por três fases adicionais de desenvolvimento, com os FPSOs Mero-2, Mero-3 e Mero-4, cada um com capacidade de produção de 180.000 barris por dia e startups de produção programados entre 2023 e 2025. “O início da produção do primeiro FPSO permanente no bloco Libra é um novo marco para a TotalEnergies no Brasil. Este start-up, juntamente com a entrada nos campos de Atapu e Sépia, assinado oficialmente em 27 de abril, aumentará a produção da TotalEnergies no pré-sal da Bacia de Santos, uma área chave de crescimento para a Companhia, em 30.000 barris por dia no segundo trimestre e em 60.000 barris por dia no quarto tri-

mestre de 2022 para atingir 120.000 barris por dia até o final de 2022. disse Patrick Pouyanné, presidente e CEO da TotalEnergies. “Este desenvolvimento continuará com a adição de três FPSOs nos próximos anos, todos já em construção, que entregarão uma produção de mais de 650.000 barris de óleo equivalente por dia em 2026. Com grandes recursos e uma produtividade de poços entre as melhores do mundo, este desenvolvimento ilustra a estratégia da TotalEnergies de focar em ativos de baixo custo e baixas emissões.” O campo de Mero está em préprodução desde 2017 com os 50.000 barris de óleo por dia FPSO Pioneiro de Libra. O campo unitizado de Mero é operado pela Petrobras (38,6%), em parceria com a TotalEnergies (19,3%), Shell Brasil (19,3%), CNPC (9,65%), CNOOC Limited (9,65%) e Pré-Sal Petróleo SA PPSA (3,5%), representando o Governo na área não contratada. Por favor, encontre a versão completa do comunicado de imprensa em anexo e no site da TotalEnergies.

Consórcio de Libra iniciou produção do FPSO Guanabara, em Mero A Shell Brasil Petróleo Ltda. iniciou a produção do FPSO Guanabara, no Campo de Mero, na Bacia de Santos. O FPSO Guanabara, que durante a construção também era conhecido como Mero-1, tem uma capacidade instalada de produção de 12 milhões de metros cúbicos de gás natural e de 180 mil barris diários de óleo por dia. Inicialmente, a unidade tem seis poços produtores e sete poços injetores conectados ao campo. “É mais uma demonstração da força de nossa posição em Águas Profundas no Brasil com ativos de classe mundial, numa bacia prolífica e um portfólio sólido,” afirmou a diretora de Upstream da Shell, Zoe Yujnovich. “Mero é parte central da nossa posição em Upstream, que é pedra fundamental da nossa estratégia Impulsionando o Progresso, que visa entregar os recursos energéticos que o mundo precisa nos dias

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de hoje, de maneira estável e segura, enquanto investimos na energia do futuro.” Localizado a cerca de 150 km da costa do Rio de Janeiro, numa profundidade que atinge 1.930 metros, Mero receberá mais três FPSOs entre os anos de 2023 e 2025. A estratégia Impulsionando o Progresso inclui ampliar os investimentos em soluções energéticas de baixo carbono, e também perseguir os investimentos mais resilientes, competitivos e de maior retorno em Upstream para sustentar a entrega de caixa da companhia rumo à década de 2030, para apoiar nossos dividendos e financiar a transformação da Shell. Nosso portfólio global em águas profundas representa duas posições centrais em nosso negócio de Upstream, com bacias prolíficas nos EUA e no Brasil, além de um portfólio promissor no México, Suriname, Argentina e África Ocidental.


Chevron e BP se unem ao Centro Global para Descarbonização Marítima A Chevron anunciou acordo para ingressar no Centro Global para Descarbonização Marítima(GMD). O envolvimento da Chevron visa ajudar a apoiar os esforços da GCMD para desenvolver tecnologias de baixo carbono potencialmente escaláveis – incluindo aquelas que permitem o uso de amônia como combustível marítimo – e os meios comerciais para permitir sua adoção. O GCMD é uma organização independente, sem fins lucrativos, criada com o apoio da Autoridade Marítima e Portuária de Cingapura que colabora com a indústria marítima, planeja realizar projetos-piloto e ensaios e defende políticas e padrões climáticos bem projetados. “Para o transporte marítimo tem sido difícil atingir as metas climáticas; é necessária a colaboração em toda a cadeia de valor. Esperamos trabalhar com Chevron capitalizando sua experiência como produtor, fornecedor e usuário final de combustível para operacionalizar pilotos, que acreditamos reduzirão o tempo de implantação e adoção de soluções de descarbonização. Essa parceria permitirá que ambas as organizações trabalhem de perto nos combustíveis do futuro, bem como nas tecnologias de captura de carbono, que são facilitadores críticos que devem ajudar o setor a atingir suas ambições líquidas zero,” disse a professora Lynn Loo, CEO do CMD. Como parte de sua busca por um futuro com menos carbono, a Chevron continua a explorar novas tecnologias, dispositivos de economia de energia e combustíveis com baixo teor de carbono e está colaborando com organizações do setor nessas soluções potenciais. “Reduzir a intensidade de carbono do transporte marítimo requer mudanças fundamentais em toda a cadeia de valor marítima”, disse Mark Ross, presidente da Companhia de Transporte Chevron. “Esta é uma tarefa verdadeiramente complexa que requer colaboração, inovação e políticas bem projetadas em todo o setor. A GCMD reúne conhecimento e experiência para ajudar a enfrentar esse desafio. Estamos ansiosos para trabalhar com nossos parceiros para progredir em nossas ambições compartilhadas de baixo carbono.” Em 2021,ChevronlançadoChevronNovas Energias (CNE) para acelerar negócios de baixo carbono em hidrogênio; captura, utilização e armazenamento de carbono; compensações; e oportunidades de energia emergentes, bem como apoiar o foco contínuo da Chevron em combustíveis e produtos renováveis. Como parte de sua estratégia, a CNE está focada em clientes de setores da economia com emissões mais difíceis de reduzir. “A Chevron está alavancando nossas capacidades, ativos e relacionamentos com clientes para identificar oportunidades para reduzir as emissões de nossas próprias operações, ao mes-

mo tempo em que identifica maneiras pelas quais setores essenciais da economia, como a indústria marítima, podem atingir suas metas de redução de carbono”, disse Austin Knight, vice-presidente de Hidrogênio para Chevron Novas Energias. “Ao lado da Chevron Shipping, estamos ansiosos para colaborar com a GCMD e seus parceiros nesse esforço.” Cerimônia de assinatura do GCMD: (da BP esquerda) Andreas Sohmen-Pao, presidente do conselho do GCMD; Lynn Loo, executiva-chefe da GCMD; vice-presidente sênior da BP para gás e energia de baixo carbono Federica Berra; e Eugene Leong presidente da BP Cingapura e diretor executivo de comércio e transporte para a Ásia-Pacífico e Oriente Médio A BP também se juntou ao Centro Global de Descarbonização Marítima (GCMD) como um parceiro estratégico no movimento que adiciona US$ 7,4 milhões em financiamento à organização. O grupo sem fins lucrativos com sede em Cingapura foi para ajudar a Organização Marítima Internacional a cumprir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para 2030 e 2050, apoiando a colaboração entre setores. “Um futuro líquido zero para o setor marítimo exige colaboração da indústria, e a GCMD está trazendo à tona as conversas que mais importam. Como parte do GCMD, estamos ansiosos para trabalhar com os principais players do setor para avançar nas soluções no ritmo e na escala necessários para ajudar nessa transição do setor com uso intensivo de carbono”, disse Carol Howle , vice-presidente executiva de comércio e transporte da BP. A BP planeja usar as descobertas da GCMD com clientes por meio de seus negócios de gás e energia de baixo carbono e Lambros Klaoudatos, vice-presidente sênior de transporte marítimo da BP, se juntará ao conselho da GCMD. A BP aumentou seus esforços para descarbonizar a indústria marítima, recentemente em parceria com o Global Maritime Forum e a Blue Sky Maritime Coalition nos EUA; também trabalhou com a Maersk para testar biocombustíveis marinhos. “Juntamente com a BP e nossos outros parceiros, pretendemos promover a colaboração para enfrentar os desafios e desvendar as complexidades da descarbonização do transporte marítimo”, disse Lynn Loo, CEO da GCMD.

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Idemitsu reestrutura e fecha refinaria O Conselho da Idemitsu Kosan Co., Ltd., dentro do planejamento de reduzir sua capacidade em 13% em menos de dois anos, aprovou aquisição de ações da Seibu Oil Company Limited para torná-la uma subsidiária, para rescindir seu contrato de compra de produtos (contrato de venda de produtos) com a Seibu Oil, supondo que o término das operações da refinaria na Refinaria Yamaguchi da Seibu Oil em março de 2024. A Idemitsu detém uma participação de 66,9% na Seibu Oil. De acordo com a visão corporativa da Idemitsu para 2030, a empresa está engajada em inovação tecnológica e reestruturação de negócios visando alcançar uma sociedade neutra em carbono e, ao mesmo tempo, cumprir sua missão social de fornecer energia estável. Espera que a demanda doméstica de produtos petrolíferos diminua ainda mais devido a questões estruturais, como o envelhecimento e a diminuição da população, o impacto da pandemia e as tendências globais de descarbonização. À luz desse ambiente operacional em evolução, a Companhia determinou que uma reformulação da estrutura de fabricação e fornecimento do grupo Idemitsu é inevitável e que tornar a Seibu Oil uma subsidiária, rescindir o contrato de compra de produto e encerrar as operações da Refinaria Yamaguchi é o melhor curso de ação para a Idemitsu. Até o término das operações da refinaria, a Companhia continuará a contribuir para estabilizar o fornecimento de energia regional e garantir que a Seibu Oil opere com segurança. O desenvolvimento de novos negócios usando o antigo

local da Refinaria Yamaguchi será considerado após o término das operações da refinaria, ao mesmo tempo em que continuam os negócios de tanque de óleo, armazenamento e geração de energia solar.

Mitsubishi Power assina acordo de descarbonização com a egípcia ANRPC A Mitsubishi Power assinou contrato com a empresa egípcia de O&G Alexandria National Refining & Petrochemicals Company (ANRPC) para fornecer soluções avançadas de tecnologia de conversão de combustível de hidrogênio, apoiando a empresa a atingir suas metas de descarbonização. A solução será instalada na refinaria da ARNPC em Alexandria, que fornece 30% da gasolina do Egito para consumo doméstico. De acordo com os termos do contrato, a Mitsubishi Power será responsável pelo projeto, engenharia, aquisição, construção e comissionamento de soluções de conversão de combustível para a caldeira de 100 ton/ hora existente, permitindo que acione até 100% de hidrogênio até o final de 2023. Isso inclui a instalação de tecnologia de queima de hidrogênio de última geração e solução de controle avançada para garantir operações eficientes e seguras. Modernizar as caldeiras convencionais existentes, permitindo a conversão de combustível, é um marco prático e importante para permitir que o Egito cumpra suas ambiciosas metas de eficiência energética e descarbonização sob a 84

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Estratégia Nacional Integrada de Energia Sustentável. A tecnologia de queima de hidrogênio da Mitsubishi Power permite que os proprietários de sistemas de energia térmica descarbonizem suas plantas existentes com modificações mínimas. Isso faz parte da missão da Mitsubishi Power de trabalhar com os clientes para criar um roteiro sustentável para reduzir as emissões de CO ₂ .


Repsol Sinopec Brasil divulga Plano de Sustentabilidade A Repsol Sinopec Brasil (RSB) divulgou em abril o balanço de seu planejamento de Sustentabilidade 2021. Entre os principais marcos, estão o desenvolvimento de soluções inovadoras, como o projeto de captura de CO2 para produção de hidrocarbonetos sustentáveis, e o avanço na produção e comercialização de gás natural no Brasil, que tem se consolidado como país estratégico para o grupo Repsol em nível mundial. “As recentes conquistas reforçam nosso patamar de excelência em gestão sustentável, com objetivo de avançar na descarbonização das atividades de E&P e impulsionar nossos negócios no Brasil, especialmente no mercado de gás natural”, destaca o CEO Mariano Ferrari. Desde 2014, a empresa desenvolve planos anuais de sustentabilidade, com base nas diretrizes do Grupo Repsol, na Agenda Global 2030 da ONU e no Acordo de Paris. A governança e a gestão ambiental e social são eixos norteadores deste processo, reforçando ainda mais a incorporação dos princípios ESG em sua política de atuação. O Plano 2021 mostra que a igualdade de gênero é um dos pilares da política ESG da companhia, tida como um diferencial para aumentar sua competitividade e inovação. Neste sentido, a RSB adota o processo de seleção às cegas, estabelecendo a paridade nos processos de contratação. Como resultado, a empresa se destaca com números acima da média do setor, com 44% de mulheres entre seus colaboradores, sendo 34% em posições de liderança e 54% na liderança executiva. Em outra recente conquista, a RSB, que está inserida no Programa Empresa Cidadã, ampliou, por iniciativa própria, a licença-paternidade de 20 dias para quatro meses, além de já ter estendido a licença-maternidade para seis meses. A Repsol Sinopec investe em ações voltadas a uma economia de baixo carbono e à redução de emissões, em compromisso com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e os objetivos globais do Grupo Repsol, que foi o primeiro do setor no mundo a adotar a meta ambiciosa de zerar suas emissões líquidas até 2050. Nesta linha, ao longo dos últimos cinco anos, a empresa investiu mais de R$ 185 milhões em projetos de P&D, em parceria com universidades e startups, para a construção de

modelos energéticos mais sustentáveis e competitivos, avançando no caminho da transição energética. Um exemplo é o projeto CO2CHEM. Considerado pioneiro no país, ele atua no desenvolvimento de tecnologias inovadoras de captura de CO2 para produção de hidrocarbonetos sustentáveis, obtidos através de processos industriais que não emitem gases de efeito estufa. Estes hidrocarbonetos podem se tornar combustíveis ou até parafinas especiais, que servem para a fabricação de vários produtos utilizados no dia a dia. A companhia também se destaca pela participação ativa no processo de abertura do mercado de gás natural, como um meio essencial para embasar a transição energética. Além da descoberta de Pão de Açúcar, no bloco BMC-33, uma das fontes com maior potencial de fornecimento de gás do país, a RSB firmou, em dezembro de 2021, contratos de venda de gás do campo de Sapinhoá Norte com a Petrogal, que começou a ser comercializado em 1º de janeiro deste ano. A medida representa um marco para o setor, ao permitir uma oferta mais diversificada dos produtores de gás do Pré-sal, possibilitando à sociedade uma fonte de energia confiável e de baixa emissão de carbono. A empresa já elaborou seus planos com as metas para 2022, com vistas a 2030, mas sempre com a visão de que o Plano Global de Sustentabilidade é um documento dinâmico e que é importante a cada ano prestar contas do grau de cumprimento dos objetivos e linhas de ação que o compõem. Por outro lado, dado que as expectativas ou questões que dizem respeito nossos stakeholders estão mudando e estão sujeitos à evolução de eventos ocorridos ao longo do ano, o plano será atualizado com novas ações ou reformulação para adaptá-lo às novas situações.

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ANP aprova consulta e audiência públicas para adoção de medida preventiva em relação a estoques de diesel A S-10 A Diretoria da ANP aprovou a realização de consulta pública, pelo prazo de cinco dias úteis, seguida de audiência pública, sobre proposta de resolução que visa mitigar riscos ao abastecimento do mercado brasileiro com diesel A (sem mistura de biodiesel) do tipo S-10 (com menor teor de enxofre), no segundo semestre de 2022, em função das incertezas geradas pela situação geopolítica mundial e pela previsão de aumento de demanda no segundo semestre de 2022. A proposta de minuta de resolução prevê que, de 1/9 a 30/11/2022, produtores e distribuidores que tiveram participação igual ou superior a oito por cento na comercialização de óleo diesel no segundo semestre de 2021 deverão manter estoques semanais médios de diesel A (sem mistura de biodiesel) S-10 (com menor teor de enxofre) iguais ou superiores a nove dias do volume comercializado no mesmo mês do ano anterior. Com essa medida se prevê que todos os produtores e distribuidores de combustíveis irão possuir cerca de 1.650 mil m³ de estoque de óleo diesel A S10, suficiente para suprir o déficit da demanda em aproximadamente 45 dias, caso haja uma disrupção nos fluxos logísticos internacionais de importação. No momento, o abastecimento ocorre com regularidade no país. O objetivo da Agência é atuar de forma preventiva. A linha de corte de oito por cento foi adotada por contemplar os produtores que contam com unidades de hidrotratamento de óleo diesel necessárias para retirar o enxofre do diesel e os distribuidores que atuam em nível nacional, com capacidade instalada de armazenamento e comercialização de produtos em quase todas as regiões brasileiras. A comprovação dos estoques deverá se dar no período de 1/9 a 30/11/2022 por serem os meses de maior demanda histórica nacional, decorrente do período de safra agrícola, e da temporada de furacões na região do Golfo do México, Estados Unidos, de onde se origina a maior parte das importações brasileiras de S-10. A extensão da medida após esse período dependerá de avaliação da ANP. O prazo de cinco dias úteis para consulta pública visa dar celeridade ao rito regulatório, a fim de que os agentes econômicos tenham tempo hábil para complementar seus estoques de diesel A S-10, em especial por meio de importações, quando necessário. Atualmente, o consumo de diesel A S-10 representa em torno de 61% do mercado de óleo diesel no Brasil. Com o cumprimento das regras do PROCONVE P7 (Programa de

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Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) esse percentual poderá chegar a 65% em 2023, devido à substituição gradual que vem sendo feita do diesel A S-500 pelo S-10 utilizado em motores de caminhões fabricados a partir de 2012. A nova resolução vai ao encontro das atribuições legais da ANP de garantir o abastecimento nacional de combustível e é fruto de estudos realizados pela Agência, de monitoramento do mercado nacional, pelo acompanhamento de fatores como estoques dos agentes, importações, capacidade da infraestrutura de armazenamento de combustíveis, bem como do cenário internacional. A ANP é um dos órgãos que integram o Comitê Setorial de Monitoramento do Suprimento Nacional de Combustíveis e Biocombustíveis (CMSNC), instituído em 10/3/2022 pelo Ministério de Minas e Energia (MME) com os objetivos de gerenciar as questões inerentes ao suprimento nacional de combustíveis e biocombustíveis, relacionados aos mercados interno e externo de petróleo, gás natural e derivados, e de intensificar o monitoramento da conjuntura energética corrente, em face da situação geopolítica mundial, com impacto nos fluxos e nas cotações desses energéticos. Na reunião de Diretoria (30/6) também foi aprovada a realização de consulta pública, seguida de audiência pública – paralelamente à que trata dos estoques do diesel A S-10, também pelo prazo de cinco dias úteis – sobre minuta que altera a Resolução ANP nº 53/2015, relativa à declaração do sobreaviso, pela ANP, no mercado de combustíveis. O objetivo é estabelecer os procedimentos de formação de estoques, quando se mostrar necessário, permitindo que a ANP possa estabelecer a manutenção, pelos agentes econômicos, de volumes de combustíveis líquidos, de gás de botijão (GLP) e de combustíveis de aviação em níveis superiores ao estabelecido em regulamentação específica da ANP sobre o tema, quando declarada situação de sobreaviso no abastecimento. Para reforçar o acompanhamento diário do mercado, também deverá ser publicado, em breve, pela ANP, novo Sobreaviso no Abastecimento de Combustíveis solicitando mais informações sobre estoques e importações por produtores de derivados de petróleo e gás natural e distribuidores de combustíveis líquidos que, desde março de 2022, já vinham cumprindo essa determinação em função do sobreaviso declarado pela Agência em março de 2022. As consultas públicas têm início a partir de publicação de aviso no Diário Oficial da União.


Notícias da Petrobras

P-71 tem licença concedida

Paes de Andrade é nomeado conselheiro e novo presidente da Petrobras

@Michel Jesus/Câmara dos Deputados

O Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente – concedeu a licença de instalação para a plataforma P-71, que será instalada no campo de Itapu. A unidade faz parte da família das plataformas replicantes, e terá capacidade de produção de 150 mil barris, por dia. Conforme noticiamos, a Petrobras havia solicitado a licença de instalação da plataforma em setembro do ano passado. A P-71 seria alocada inicialmente no campo de Tupi, no Pré-sal da Bacia de Santos; Itapu receberia outra plataforma, a ser contratada. Mas, em outubro de 2021, a Petrobras cancelou a licitação para contratação da plataforma de Itapu, e realocou a P-71 para o campo. Naquela ocasião, a Petrobras chegou a um acordo de US$ 353 milhões com Shell e Petrogal – suas sócias em Tupi – para comprar suas participações na P-71. Também foi acordada a elaboração de um novo Plano de Desenvolvimento (PD) para o campo de Tupi, onde o FPSO seria originalmente utilizado. A P-71 está no Estaleiro Jurong, no Espírito Santo, em fase final de construção.

Em maio, Petrobras utiliza 93% das refinarias

@Petrobras/Andre Motta de Souza

A Petrobras atingiu 93% do fator de utilização do seu parque de refino – foram 92% em abril – e está operando na capacidade máxima, em condições de segurança e rentabilidade. O diretor executivo de Refino e Gás Natural, Rodrigo Costa, disse, durante teleconferência com investidores, que a companhia estava operando na capacidade máxima disponível. Na ocasião, o diretor executivo de Comercialização, Cláudio Mastella, frisou que o Brasil não tem capacidade de refino para atender toda a demanda, e que o país precisa de importações, sejam elas de quem for.

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou a nomeação de Caio Mário Paes de Andrade como novo conselheiro, elegendo-o em seguida para a presidência da estatal. Seu mandato vai até 13 de abril de 2023. É a quarta troca de comando na estatal, durante o mandato presidencial de Jair Bolsonaro. Formado em comunicação social pela Universidade Paulista, Paes de Andrade possui pós-graduação em administração e gestão, pela Universidade de Harvard, e mestrado em administração de empresas, pela Duke University. Segundo currículo divulgado pela Petrobras, ele acumula experiências como empreendedor em tecnologia de informação, mercado imobiliário e agronegócio. A nova troca de comando foi anunciada em 23 de maio, pelo Ministério de Minas e Energia. A pasta informou que o governo federal, como acionista controlador da Petrobras, tinha decidido pela indicação de Paes de Andrade. José Mauro Ferreira Coelho pediu demissão no dia 20, pouco mais de dois meses após assumir o posto. Ele havia sido empossado em 14 de abril. Desde a sua renúncia, a presidência vinha sendo exercida de forma interina por Fernando Assumpção Borges.

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Notícias da Petrobras

Lucro da Petrobras atinge R$ 44,5 bilhões A disparada nas cotações do petróleo, acentuada após a invasão da Ucrânia pela Rússia, turbinou os resultados financeiros da Petrobras no primeiro trimestre. A estatal teve lucro líquido de R$ 44,561 bilhões no período, um salto de 3.718%, frente ao igual período de 2021. A receita total, incluindo, de vendas de combustíveis no mercado nacional, às exportações de petróleo, somou R$ 141,641 bilhões, 64,4% a mais do que no primeiro trimestre de 2021. A Petrobras converteu 31,6% de suas receitas em lucros, no 1º trimestre de 2022, e é a segunda petroleira mais lucrativa entre as grandes, segundo resumo do Poder360, perdendo apenas para a chinesa CNOOC. Mas, a Petrobras tem o maior lucro do ranking: US$ 8,6 bilhões ou R$ 44,6 bilhões, registrados de janeiro a março, superando todas as outras.

O lucro líquido da estatal de petróleo teve um salto de 3.718% a mais do que no primeiro trimestre de 2021; a receita total aumentou 64,4%, no mesmo período. A Petrobras pagou quase R$ 70 bilhões em impostos, royalties e participações governamentais, nos primeiros três meses do ano – e que pagará R$ 48,5 bilhões em dividendos (a parte do lucro que cabe aos acionistas), referentes tanto a valores remanescentes do lucro de 2021, quanto a uma antecipação da remuneração de 2022. O pagamento é antecipado porque, pela legislação, poderia ser feito só em 2023, quando os resultados deste ano serão fechados. A estatal informou que os dividendos serão pagos em duas parcelas iguais, em junho e julho. Além da União, em torno de 700 mil acionistas brasileiros receberão os valores. A companhia informou que o a distribuição dos lucros está alinhada à política de remuneração aos acionistas, que prevê que, em caso de endividamento bruto inferior a US$ 65 bilhões, a Petrobras poderá direcionar, para os detentores de 88

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ações, 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e as aquisições de ativos imobilizados e intangíveis (investimentos). Além disso, a política prevê a possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários, desde que a sustentabilidade financeira da companhia seja preservada. “Por anos”, a companhia deixou de pagar dividendos para União e demais acionistas, e “praticou investimentos que não geraram resultados”. “Agora, vivemos uma nova realidade, com foco em eficiência.” Foram palavras do então presidente José Mauro Coelho. Nos comentários sobre os resultados, a companhia afirmava que as receitas cresceram no primeiro trimestre, devido a uma alta de 27% nas cotações do petróleo tipo Brent, ao aumento das exportações e das vendas da matéria-prima bruta – agora que a Petrobras fornece para uma refinaria privada, com a venda da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, concluída em 30 de novembro de 2021. No total, a estatal produziu 1,1% mais petróleo e gás no primeiro trimestre, ante um ano antes. No mês passado, a companhia informou que a exportação líquida (vendas externas, menos importações) atingiu 411 mil barris diários no primeiro trimestre, alta de 18,4%, em relação a igual período de 2021. O balanço mostra que a alta nas cotações do petróleo e o aumento nas vendas do insumo bruto compensaram a queda em volume nas vendas de combustíveis – em parte porque a capacidade total de produção de óleo diesel e gasolina diminuiu, com a venda da Rlam. Foram R$ 38,875 bilhões de receita líquida com o óleo diesel, alta de 54,5%, ante o primeiro trimestre de 2021, e R$ 19,404 de receita com a gasolina, salto de 75,3%, na mesma base de comparação. Já o lucro líquido foi impulsionado também pelo alívio nas cotações do dólar. Uma taxa de câmbio mais baixa, na média do trimestre, teve efeito sobre a dívida da estatal, boa parte dela em dólares. Segundo a Petrobras, a exposição cambial terminou o primeiro trimestre em US$ 17 bilhões, ante US$ 34,8 bilhões, em igual período de 2021.

Em virtude das Eleições Gerais 2022 e em cumprimento às normas aplicáveis, ficarão inativos, temporariamente, os conteúdos de natureza institucional publicados pela Petrobras. O período eleitoral se inicia em 02 de julho e termina em 02 de outubro, podendo se estender até o final do segundo turno.


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