Jornal UEG | Edição 12 | outubro-novembro | 2014

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jornal UEG jornal UEG Anápolis, outubro-novembro de 2014

Jornal da Universidade Estadual de Goiás I Ano 2 - Nº 12 | outubro - novembro / 2014

UEG em Contexto Cárceres rompidos pág. 4 Em São Luís de Montes Belos, professora e estudantes da UEG levam produção escrita e prazer da leitura à Unidade Prisional

Universidade em Mosaico UEG integrada pág. 7 Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão reúne bolsistas dos 42 câmpus da UEG, levando produção acadêmica e científica à sociedade

Arte Nossa Poesia em Cordel pág. 11 A peleja do homem entre campo e cidade é narrada no cordel do estudante Antônio Alexandre da Cunha, do câmpus Luziânia

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MEU NOME, MEU ESPELHO

Eu-Mulher trans Duas alunas do câmpus Formosa narram caminhos e mostram que ser “mulher” não é desígnio da natureza, mas construção cotidiana, e que a transexualidade é uma existência legítima – pág. 8


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EDITORIAL

Anápolis, outubro-novembro de 2014

Do nome à existência Por Luana Borges O Jornal UEG, em sua 12ª edição, dá espaço a uma pauta que há muito discutimos em nossas rotinas de produção, criando condições de envolvimento para viabilizar escrita e imagens: para traduzir um trato ético e estético da palavra e, muito mais que isso, um trato ético das vidas que a palavra traz. Pois, sim, toda palavra é potência de vida. Somos seres humanos articulados e sociáveis pela linguagem e, portanto, a marginalidade discursiva – o “não ser ouvido” ou o “não poder livremente se expressar pelo corpo e pela fala” – traz-nos uma inexistência social. Há, diante de tal margem no discurso, um apartheid em um mundo privado que, como não se dá a conhecer ao outro pela expressão, resvala-se em si mesmo em processo de quase morte. É pela escrita a um só tempo engajada e autoral do repórter Fernando Matos que vem à tona o perfil das estudantes Eduarda Alckmin e Lorenna Raquelly, que cursam História na Universidade Estadual de Goiás (UEG) câmpus Formosa. Na reportagem, surgem as existências a partir das transexualidades das duas mulheres, surgem os modos de vida a partir dessa inserção corporal trans no mundo. O intuito é mostrar, à comunidade acadêmica, que a população travesti e trans está cada dia mais presente no cotidiano institucional e que já é momento de se repensar o trato com relação a essas identidades, reconhecendo-as e respeitando-as em suas existências legítimas. Importante salientar que o Ministério da Educação (MEC) expediu ofício, em 2010, aos diversos Conselhos Estaduais de Educação de todas as unidades federativas do país, bem como às associações ligadas ao ensino formal no Brasil, indicando a adoção do nome social de travestis ou trans nos registros e procedimentos cotidianos de escolas e universidades. O ofício do MEC visa contribuir para a superação de preconceitos que atingem aqueles que possuem um nome, em seus registros de nascimento, que não reflete suas identidades de gênero. Na prática, a medida faz com que travestis e transexuais possam ser chamados e chamadas pelos nomes que reflitam o gênero escolhido e vivido por eles: nas chamadas em classe, nos documentos internos que circulam no meio acadêmico, nos diplomas obtidos. É curioso também que Goiás, por meio de seu Conselho Estadual de Educação (CEE), determinou, pela

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resolução CEE/CP nº 5, de 3 de abril de 2009, que o nome social fosse adotado nas escolas do sistema educativo do Estado. No texto, que teve como um de seus signatários o professor Marcos Torres, pró-reitor de Extensão e Cultura da UEG, há a determinação para que as escolas incluam o nome social em respeito “à diversidade, ao pluralismo e à dignidade humana”. Ora, um nome nunca é só um nome. Advém da palavra – escrita e dita e repetida – o reconhecimento da existência. Isso porque advém, da palavra, o exame que o sujeito faz de si mesmo pelo olhar, e pelo chamado, do outro. Só assim nos reconhecemos, somos identificados, somos reconhecidos e somos denominados por nossa comunidade: só assim nossa vida, por se dar ao olhar do outro, ocorre para nós mesmos. Vale dizer que a UEG é exemplo, em seus 15 anos de atuação, de inclusão social: ela abriga 56,62% de alunas e alunos que vêm de famílias com renda entre dois e três salários mínimos. Além disso, do total de seus estudantes que ingressaram no primeiro processo seletivo de 2014, 76,95% cursaram seus estudos somente na rede pública de ensino. Então por que não atrelar ao viés inclusivo, profundamente caracterizador de nossa Universidade, discussões e projetos para a inclusão das identidades trans? Nestas páginas, a UEG dá espaço à população trans, sabendo-se Instituição fundamental, em terra goiana, para a pluralidade de vivências e de possibilidades de inserção social. Cabe a uma Universidade ser pioneira no processo de respeito mútuo e no fortalecimento da cidadania com a garantia de direitos às populações minoritárias. É também a partir do poder libertador do texto que o Jornal UEG traz as vivências de um grupo de presidiários, na reportagem de Alisson Caetano. Eles, a partir do projeto de extensão “Leitura e Produção de Texto no Centro de Inserção Social de São Luís de Montes Belos”, orientado pela professora Elizete Beatriz Azambuja, passaram a escrever suas autobiografias na cela. A partir de escrituras, eles se viram como sujeitos autores de uma vida que, se palavrada na página, pode sim ser tecida e reerguida no real. É a extensão universitária chegando a um ambiente de exclusão social, trazendo-lhes perspectivas. É o texto modificando o contexto. Por fim, com a força de nos sabermos existentes pela linguagem, desejamo-lhes uma boa leitura!

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Anápolis - Goiás, outubro-novembro de 2014 Ano 2, Nº 12 REITOR Haroldo Reimer VICE-REITORA Valcemia Gonçalves de Sousa Novaes CHEFE DE GABINETE Juliana Oliveira Almada PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO Maria Olinda Barreto PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Ivano Alessandro Devilla PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTIS Marcos Antônio Cunha Torres PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO, GESTÃO E FINANÇAS José Antonio Moiana

COORDENADOR GERAL DE COMUNICAÇÃO Marcelo Costa EDITORA Luana Borges REDAÇÃO Alisson Caetano Bárbara Zaiden Fernando Matos Luana Borges Stephani Echalar REVISÃO Alisson Caetano Luana Borges DIAGRAMAÇÃO E ARTE Lia Bello FOTOGRAFIA Lia Bello José Afonso Viana

DISTRIBUIÇÃO Walmir Ramos Universidade Estadual de Goiás CGCOM - Reitoria da UEG Rod. BR – 153, Quadra Área, Km 99 CEP: 75.132-903 / Anápolis – GO Tel. Geral: (62) 3328-1404 www.ueg.br Impressão: Elite Gráfica Tiragem: 11.250 exemplares Universidade Estadual de Goiás

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GESTÃO

Anápolis, outubro-novembro de 2014

Cultura em movimento Nova política cultural da Universidade busca o incentivo e a valorização das manifestações regionais Por Stephani Echalar Um festival de cultura, um coral, um grupo de teatro e a valorização dos talentos regionais. Esses são alguns dos objetivos da nova gestão da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PrE), por meio da sua Coordenação de Cultura. O plano de ações para o desenvolvimento da área cultural dentro da Universidade no próximo ano quer integrar a comunidade interna da Universidade Estadual de Goiás e aproximar as diversas comunidades que a cercam. Segundo o coordenador de Cultura da UEG, Emerson Adriano Sill, o foco para 2015 é o Mapeamento Cultural. A ação busca identificar as potencialidades culturais de cada região. O ponto de partida para a criação do Mapa foi a aplicação do Censo Cultural, realizado em todos os câmpus da UEG para apontar as demandas de atividades relacionadas à cultura da Universidade.

Festival e espaço próprio

Além de traçar o panorama cultural da Universidade, a Coordenação de Cultura também tem planos práticos para incrementar a área dentro da Instituição. Um exemplo são os balés folclóricos Brasil Central e Negras Raízes - sendo o último uma parceria com o Centro de Educação Profissional (CEP) em Artes Basileu França – que terão mais espaço para apresentações nos câmpus do interior goiano. Essas apresentações serão complementadas com oficinas, ministradas pelos membros dos balés. “A ideia é que a gente possa divulgar a cultura do Estado com base nas apresentações e com as oficinas”, explica Emerson.

A UEG irá focar, em 2015, em dois grandes marcos da sua nova política cultural. Até o fim de 2014 deve ser inaugurado o Espaço UEG Cultural, localizado em Anápolis, que irá atender os estudantes, servidores e professores dos câmpus da cidade. A expectativa é de que o Espaço ofereça, às comunidades interna e externa da Instituição, atrações e aulas de diversas manifestações artísticas.

Para criar as oficinas, e também suas coreografias, os dois balés terão o apoio teórico dos docentes que pesquisam folclore na UEG. “Nós pretendemos popularizar as pesquisas desses professores por meio das releituras dos Balés Folclóricos”, conta o coordenador. A PrE ressalta, ainda, a criação do Coral e da Companhia de Teatro da UEG, ambos abertos a todos os membros da comunidade acadêmica, assim como os grupos de dança. Todos os grupos culturais da Universidade terão orientação técnica por meio de parcerias com o CEP Basileu França e o Centro Cultural Gustav Ritter.

Foto: Lia Bello

Emerson explica que as ações que serão realizadas no próximo ano têm a função de formar um panorama atualizado do que acontece no âmbito cultural em nosso Estado. “Verificaremos quais são as vocações de cada região e a partir dessas vocações nós implantaremos atividades específicas para cada uma delas”. Segundo ele, conhecer o que vem sendo desenvolvido no Estado, dentro e fora dos câmpus da UEG, é essencial para que a PrE pense as ações que serão postas em prática e apoie as manifestações culturais pertencentes à identidade de cada região.

Conhecer e construir

Gilson Scharnik, coordenador geral de Relações Institucionais e Internacionais da UEG, é o responsável pela estruturação do Espaço. Ele conta que a criação do local foi resultado de uma pesquisa realizada com estudantes dos dois câmpus da UEG situados em Anápolis. O levantamento constatou o interesse dos discentes em participar de atividades culturais e, ao mesmo tempo, a carência de um local próprio e bem estruturado para desenvolvê-las. Depois de oficialmente inaugurado, esse espaço irá abrigar os grupos artísticos da Instituição – os dois balés e os futuros Coral e Companhia de Teatro. Com o objetivo de diversificar as atividades do Espaço UEG Cultural, serão oferecidos cursos de formação para atividades ligadas à cultura, tais como Produção Cultural, Fotografia ou Produção de Adereços. Gilson Scharnik conta que esses cursos serão frutos de parcerias com a Secretaria Estadual de Cultura (Secult Goiás), com o CEP Basileu França e com a Secretaria de Estado da Ciência e Tenologia (Sectec), por intermédio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “A ideia é utilizar as potencialidades que nós temos dentro da Academia, dos nossos estudantes, fazendo com que eles possam trabalhar a multiplicidade da cultura e das artes”. O Festival de Cultura da UEG é o segundo grande destaque para 2015. O evento será realizado de 16 a 18 de abril, no aniversário da Instituição, em Pirenópolis.

O objetivo do Festival é unir ambiente acadêmico e tradições regionais, com espaços para diversas frentes artísticas: música, teatro, dança, literatura e outras manifestações. As inscrições estão abertas e podem ser feitas a partir do mês de novembro pelo site do Festival: www.festivaldecultura.ueg.br. Balé Folclórico Negras Raízes será estimulado a partir de parcerias com o Centro de Educação Profissional em Artes Basileu França

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UEG EM CONTEXTO

Anápolis, outubro-novembro de 2014

Com escrita,

sem margem

UEG câmpus São Luís de Montes Belos leva para dentro de uma unidade prisional as possibilidades de se ver cidadão por meio da leitura e da produção de texto. A imersão no universo da escrita rompe as barreiras da marginalização Por Alisson Caetano

Andando pela unidade prisional, Elizete me contou que, a priori, existia um receio em relação ao trabalho com os reeducandos, tanto por parte dela quanto por parte dos alunos da UEG. Ela descreveu a insegurança dos primeiros contatos. E, confesso, senti o mesmo. Para os envolvidos com o projeto, esse sentimento não durou. O convívio entre a professora, os acadêmicos e os reeducandos foi marcado por uma relação de respeito e amizade que ela mesmo não sabia que conseguiria construir. “O mais bonito de ver foi o interesse deles. Podíamos pensar que eles nem se importariam com as oficinas, mas vimos um interesse difícil de se encontrar até mesmo nas salas de aula de educação infantil”, comenta Elizete ao relembrar os exercícios de escrita das autobiografias e de como foi emocionante vê-los se expressando em texto. “Mostrar o que eles pensam e suas histórias. Por isso foi importante trabalhar a autobiografia. Para vê-los colocar no papel alguma coisa que fizesse sentido para suas vidas”, conta Elizete, antes que eu pudesse conhecer uma reeducanda que participou do projeto. Falar com Gislayne Lúcia Peres Maciel quebrou de vez minha insegurança com as entrevistas. Ela me disse que entende sua relação com as oficinas levadas pela

UEG como um aprendizado que veio somar ao que ela já conhecia do Português. Ela gosta da Língua e de suas formas de expressão. Ela já tinha, inclusive, experiência de sala de aula, quando foi professora com formação em um curso técnico de magistério. “Eu reaprendi muita coisa. Várias palavras mudaram e esse aprendizado foi importante para voltar a conhecer o Português mais a fundo”, ela me disse. Gislayne sempre gostou da leitura e acha que poder escrever ali dentro funciona como um desabafo. Ela está ali há mais de três anos e colabora com as atividades de serviços gerais da unidade. Vaidosa, extrovertida e sorridente, Gislayne destoa daquilo que se imagina do cárcere: silêncio e retração. Mas nem todos ali conseguiam ficar tão à vontade quanto ela diante de um repórter com um gravador e de uma fotógrafa. Theylon Pereira dos Santos conversou comigo de forma bem tímida. Mas seu sorriso e suas falas eram sinceras ao relembrar que o projeto da professora Elizete despertou nele a vontade de voltar a estudar. “Aqui dentro a gente fica muito parado e fica pensando em ter uma oportunidade melhor de estudar lá fora. Eu vou terminar o Ensino Médio e minha mãe, que mora na Bahia,

Elizete Beatriz Azambuja, professora de Letras da Universidade Estadual de Goiás de São Luís, vem construindo uma relação muito próxima com as possibilidades de reeducação existentes naquela unidade. Desde 2006, ela assumiu a missão de levar a extensão universitária a um ambiente de exclusão social. Primeiro, Elizete levou o projeto ‘Educação Ambiental: Fazendo nossa parte’, com oficinas de reutilização de materiais recicláveis. Com o término desse projeto a professora se dedicou a elaborar um outro, “Leitura e produção de texto no Centro de Inserção Social de São Luís de Montes Belos”. Para entender como seu projeto tocou a vida dos que participaram dele, Elizete me levou até a unidade prisional para que eu pudesse conversar com seus ex-alunos. “Começamos em 2013 e terminamos em junho deste ano. Dezoito estudantes da UEG participavam das oficinas, nas quais a gente trazia textos para estimular a leitura e fazia exercícios de produção textual de gêneros significativos para eles, como autobiografia, crônica e acróstico”, explica a professora.

Fotos: Lia Bello

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Um alto muro branco e um estreito portão azul delimitam o universo daqueles que, pela lei, precisaram se afastar do convívio social pleno. Os homens e as mulheres que se encontram detidos ali na 5ª Gerência Regional Prisional Centro Oeste não podem mais ver, no dia a dia, o cenário coberto por cerrado que circunda São Luís de Montes Belos, mas se enganam os que acham que a vida desses reeducandos está pausada, inerte. Parece inocente e clichê dizer que a maioria deles busca um recomeço, mas nos olhos e nas falas daquelas pessoas enxerguei o interesse por um novo sentido para a vida. É em decorrência das atividades oferecidas ali dentro que existe suporte para que eles sonhem com uma nova configuração de realidade para além das grades daquela unidade prisional.

Autores e suas histórias

Atividades cotidianas tornam os dias mais curtos e aproximam os reeducandos de suas liberdades


jornal UEG Fotos: Lia Bello

Anápolis, outubro-novembro de 2014

falou que se eu sair dessa vida de ‘coisa errada’ vai pagar meus estudos. Eu quero estudar Fisioterapia”, contou-me o jovem de 26. O interesse pela Fisioterapia nasceu ali dentro da unidade. Em um incidente, Theylon quebrou o braço esquerdo e durante as atividades fisioterápicas viu a possibilidade de uma futura profissão. Pedi a ele para fotografá-lo lendo. Acanhado, mas com a nítida excitação em se ver nessas páginas, ele aceitou e escolheu ser fotografado com um livro de Jorge Amado. Ele apontou para a coleção do autor na estante e me contou que suas obras se tornaram uma de suas leituras preferidas. A ideia de fotografá-los ali dentro era a de mostrar o que eles faziam no dia a dia e o que faziam de melhor. Por esse motivo, eu e Lia Bello, fotógrafa da UEG, fomos até a sala de artesanato conhecer o reeducando Welington Martins Cardoso, um artesão tão hábil com as mãos quanto com as palavras. Assim que chegamos, ele exibiu um grande tapete vermelho que, segundo ele, demora pouco mais de um dia para terminar. “Quem não concorda com as atividades que a gente faz aqui dentro é gente que não quer nada com a vida. Com as aulas você aprende a ter mais noção das coisas, a conhecer as palavras. Lá fora eu não curtia e nem tentava escrever direito, mas com a professora eu fiz até poemas”, me contou Welington, enquanto uma agulha de crochê e um grossa linha rosa dançavam coreografadamente em suas mãos. Ele ressaltou, o tempo todo, a afinidade que existia entre os reeducandos e a professora Elizete, que, inclusive, leva para ele as linhas com as quais ele trabalha. “Quem não der certo com a Elizete não dá certo com ser humano nenhum”, afirma ele, que está “pagando cadeia” há 16 anos, num vai e volta, e que conhece a professora da UEG desde seu antigo projeto na unidade.

A Unidade traz à tona vivências e aprendizagens de seus reeducandos por meio do texto escrito e, assim, valoriza-lhes a cidadania

A visão da educação Sentado ao lado de Welington ouvi o reeducando contar sobre o início das oficinas, quando os alunos se apertavam, sentados no chão, em uma pequena sala sem ventilação. O último encontro do projeto, no entanto, foi realizado em uma sala equipada com computadores e ar condicionado. Welington comentou que o diferencial daquela unidade prisional era a visão de seu atual diretor, Josimar Pires.

desse eu-cidadão. “Ali dentro estão pessoas estigmatizadas. O que eu quis mostrar aos meus alunos é que essas pessoas também podem ser o foco da educação que estamos vendo na Academia”, conta a professora Elizete acrescentando que o projeto prevê dois produtos finais, uma coletânea de autobiografias e a construção de uma biblioteca na 5ª Gerência Regional Prisional Centro Oeste.

Na figura de Josimar temos mais um pouco da contribuição da UEG para a transformação da realidade daqueles reeducandos. Josimar é egresso de Pedagogia do câmpus São Luís de Montes Belos e participou, como aluno, do antigo projeto de educação ambiental da professora Elizete. Ele já foi professor e, agora, como diretor da unidade, vê que sua bagagem acadêmica o ajuda a enxergar algo que vai além da reeducação daquelas pessoas. “Não é só pensar em reeducação, mas na ideia de crescimento pessoal. Aqui damos a chance de eles se perceberem humanos, se sentirem cidadãos. Essa é a missão que nós temos com as atividades que eles têm aqui dentro”, conta ele. Diante dessa fala, perguntei se ele achava que a formação acadêmica na área da Educação deveria se tornar um pré-requisito para o cargo que ele ocupa. Ele me disse que pensar a educação naquele ambiente não deveria ser um diferencial, mas uma realidade em todas as unidades, o que, infelizmente, não acontece.

Orgulhosa dos frutos de seu trabalho, Elizete conta que apresentou a coletânea à Editora UEG e que, depois de mais um trabalho de revisão, as autobiografias dos reeducandos poderão ser publicadas. “É importante que eles tenham acesso a suas produções e que suas histórias possam circular”, fala.

Poder ler o mundo das páginas escritas e poder se expressar em texto foi a forma com a qual a professora e os alunos de Letras da UEG conduziram o despertar

Depois de quase uma manhã inteira em contato com o universo dos reeducandos, fui convidado pela professora a conhecer a turma de estudantes que participou do projeto. Ela organizou uma confraternização para a entrega dos certificados de participação na tarde daquela quarta-feira. Nessa oportunidade, falei com Amanda Moreira, aluna que está elaborando um projeto de Trabalho de Conclusão de Curso baseado na produção textual de um dos reeducandos. No trabalho, ela vai explorar como ele dinamiza a gramática aprendida com a oralidade em sua autobiografia. “Os traços da fala eram muito claros nas escritas, principalmente dos alunos não alfabetizados. Me interessei em fazer esse trabalho porque a gente entende tudo o que ele escreve, mesmo sem o domínio da língua culta”, explica a estudante.

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O projeto resultou em uma coletânea de autobiografias

Antes de deixar o câmpus São Luís de Montes Belos a professora Elizete me mostrou as autobiografias escritas pelos reeducandos. Lendo-as, me deparei com textos tão honestos quanto maduros. Por puro preconceito, estranhei o tamanho grau de emoção e elaboração daquelas autobiografias. Diante delas, portanto, saí dali com a impressão de que a missão do projeto não foi a de gerar, nas pessoas, o gosto pela escrita ou leitura, mas de mostrar a esses homens e mulheres que, quando eles estiverem diante de um papel com uma caneta às mãos, eles são, sim, capazes de se colocarem no mundo e de serem autores de suas próprias histórias.


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PESQUISA

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Fronteiras Portáteis Entre vindas e idas, até sua fixação em território, a presença da comunidade cigana em Ipameri foi matriz propícia para pesquisas etnicorraciais na região Por Fernando Matos Nos anos de 1980 a cidade de Ipameri, no sudeste do Estado, ao longo da Estrada de Ferro Goiás, foi ímã migratório para grupos de diversas nacionalidades. Entre os grupos que fizeram parte dessa onda um se destacava por suas idas e vindas à cidade. Montados em suas tropas de cavalos, eles se moviam ao longo da ferrovia, escolhiam um local e armavam suas barracas. Assim, os ciganos estavam prontos para mais uma temporada em Ipameri. Mesmo com o constante fluxo entre cidades, Ipameri hospedou cerca de 15 famílias ciganas que transitavam pela região. Na década de 1990, parte do grupo se fixou na cidade. Tal cenário não passou despercebido ao ipamerino Ademir Divino Vaz, professor do curso de Geografia no câmpus Pires do Rio da Universidade Estadual de Goiás (UEG), que anos depois, levado pela curiosidade em entender a organização dessa comunidade, realizou uma pesquisa pioneira sobre o assunto. “Quando criança eu presenciei vários acampamentos ciganos no bairro em que morava. Próximo à escola onde eu estudava havia um espaço livre que era utilizado pela comunidade cigana para sua estadia. Mais tarde, após minha graduação e especialização, percebi que a Geografia possibilitava a inserção dessa temática em uma pesquisa. Foi aí que parti para o campo da Geografia humanística cultural”, rememora. No livro José, Tereza, Zélia... e sua comunidade – um território cigano em Ipameri (2003), fruto de sua pesquisa, o professor investiga, a partir da história oral, a trajetória desse grupo sobre o qual se constrói um universo envolvido em preconceito e exclusão. O processo de formação de um espaço de fixação da população cigana na localidade também vem à tona nos estudos. O momento em que essas famílias saem de um processo de nomadismo, baseado em deslocamentos que atendem às suas demandas, para um processo de sedentarismo em terras ipamerinas é o mote utilizado pelo pesquisador para pensar a categoria território. Assim, ele busca montar um cenário sobre a organização e os modos de vida desse grupo étnico.

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Ademir busca entender a relação estabelecida pelos ciganos e os locais que eles ocupam. “A fixação não pode ser pensada como processo estável. É possível que, de acordo com os cenários, o nomadismo seja retomado. Aliás, os integrantes de comunidades que se encontram fixas ainda empreendem viagens para a prática do comércio. Percebemos, então, que a dinâmica cultural entre os ciganos, assim como em qualquer outro grupo étnico, se mantém em constante transformação. Com tomadas e retomadas”, analisa.

Os ciganos no Estado Segundo dados obtidos junto à superintendente de Promoção de Igualdade Racial, Marta Ivone de Oliveira Ferreira, da Secretaria

de Estado de Políticas Públicas para Mulheres e Igualdade Racial (Semira), o Estado de Goiás possui uma comunidade formada por aproximadamente 40 mil ciganos, principalmente pelos ciganos denominados Calons. A região com maior concentração da comunidade é a de Trindade, na área metropolitana de Goiânia. “Goiás é um dos estados com maior número de ciganos no País. É muito interessante destacar que nosso Estado foi pioneiro no debate sobre as especificidades dessa população, na formulação de uma agenda, da aproximação com o poder público e, principalmente, na organização interna do próprio grupo”, observa Marta Ivone. A formação do território cigano em Ipameri também perpassa essa aproximação com as políticas públicas. A área destinada ao grupo, no fim da década de 1990, foi disponibilizada devido ao diálogo empreendido entre representantes ciganos e figuras políticas da cidade. Entretanto, a área, que se encontrava em perímetro urbano, era próxima a um terreno pertencente a um promotor que, descontente com os novos vizinhos, entrou com uma ação contra a prefeitura para barrar a doação do terreno. Esse fato teve como desdobramento a doação de um outro terreno para os ciganos. Era um espaço longe do perímetro urbano. Eles foram para a periferia da cidade. Segundo Ademir, é importante perceber que contribui para a manutenção da exclusão o fato de esses grupamentos urbanos de comunidades ciganas sedentárias se estruturarem nas zonas periféricas das cidades. “A segregação contra ciganos começa pelas áreas destinadas a suas moradias. Soma-se a essa questão o fato de que os Calons são considerados os ‘ciganos pobres’. Isso gera um cenário de exclusão que alia preconceitos étnicos e sociais”, pontua o pesquisador.

Um berço para pesquisas etnicorraciais A partir de sua pesquisa, publicada pela Editora UEG, o professor percebeu a importância de um espaço que pudesse aglutinar os estudos etnicorraciais. Assim surgiu o Laboratório de Estudos Étnicos (Labeti), coordenado por ele e com sede no câmpus Pires do Rio da UEG. O objetivo do Laboratório é se tornar um espaço para pesquisadores de temáticas etnicorraciais de toda a UEG. “O Labeti se iniciou como um projeto de extensão que desenvolvia atividades junto às comunidades ciganas de Ipameri, Caldas Novas e Pires do Rio. Daí percebemos o quão importante seria fomentar pesquisas sobre etnicidade”, observa Ademir. O laboratório favorece a inserção e o fortalecimento da pesquisa na Instituição. Além de ser um braço de apoio aos pesquisadores, o Labeti também dará suporte às disciplinas que foquem nos estudos de etnicidades.

“Penetrar no invisível e torná-lo visível, mesclar o invisível com o visível em sua complexidade e buscar a compreensão desse grupo social culturalmente distinto em seu processo de territorialização foi o desafio assumido por Ademir.” Maria Geralda de Almeida, professora do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFG, sobre o livro José, Tereza, Zélia... e seu Território Cigano.


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UNIVERSIDADE

EM MOSAICO

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Bolsistas dialogam ciências

Foto: Lia Bello

I Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão, realizado em Pirenópolis, reuniu 1500 pesquisadores, entre estudantes, professores e palestrantes. Por Luana Borges O ensino superior aproximado das realidades das escolas públicas e dos contextos socioculturais. A apresentação de pesquisas que trazem como mote principal o estímulo às potencialidades regionais. Durante os três dias do I Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), realizado pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) entre os dias 14 e 16 de outubro, esses foram alguns dos temas que vieram à tona na cidade de Pirenópolis. Nos salões da Pousada dos Pireneus, lotados de estudantes e professores, e nas áreas externas do local, onde estavam dispostos pôsteres sobre os projetos de extensão e pesquisa da UEG, transitavam cerca de 1500 pessoas, entre professores supervisores, coordenadores de projetos, estudantes bolsistas e palestrantes convidados. No evento, alunas e alunos apresentaram trabalhos contemplados pelo Programa Próprio de Bolsas da UEG, nas modalidades de ações extensionistas; iniciação científica e tecnológica ou pós-graduação stricto sensu. Além desses, estudantes da UEG que recebem recursos oriundos de agências de fomento como a Capes, o CNPq e a Fapeg estiveram presentes e mostraram suas pesquisas. As ações desenvolvidas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) também foram apresentadas na programação: no dia 15 de outubro, 81 banners do Pibid foram expostos, acrescidos de 89 apresentações orais. No total, apenas neste espaço de Iniciação à Docência, o Cepe deu uma mostra da carta de 700 beneficiados pelo Programa, incluindo neste número professores supervisores e docentes coordenadores de área. São 621 alunos de licenciatura contemplados, que vão às escolas estaduais e têm a oportunidade

de vivenciar a realidade da sala de aula, além de aplicarem, ali, projetos inovadores.

Matemática doméstica Dentre esses projetos que inovam as rotinas na rede básica de educação, e mostram que a Academia muito colabora para modificação das estratégias de ensino, está aquele em que participa Hanna Maia Marques de Melo. Ela é estudante do terceiro ano do curso de Matemática na UEG câmpus Henrique Santillo, em Anápolis, e está no Pibid desde o início deste ano. Ali, há 20 alunos do Pibid na área de Matemática. Hanna e outras duas colegas realizam um projeto, junto à população anapolina, no Colégio Estadual Zeca Batista. O projeto, que tem a orientação da professora Ana Paula Magalhães, é realizado com alunos da segunda série do Ensino Médio. A ideia é ensinar números, contas e juros a partir do orçamento das famílias dos secundaristas, trazendo a matemática financeira à realidade econômica vivenciada por cada um em seus cotidianos. “Fizemos um questionário para entender a questão financeira deles: a tabela dos gastos e dos ganhos de suas famílias. O estudante fica curioso porque são os dados dele. Eles acabam aprendendo. Foi bem promissora, por exemplo, a aula que tivemos de porcentagem. É uma forma de tornar a matemática próxima. Há muita participação. Não temos problemas disciplinares”, conta a graduanda da UEG. As universitárias vão ao Colégio todas as quartasfeiras e ministram as oficinas no último horário de aula. Não há obrigatoriedade de participação dos secundaristas. “Fica quem quer, quem tem interesse”, diz Hanna. Em algumas ocasiões, as salas já atingiram um público de 40 estudantes.

Realidades locais O I Cepe foi a colaboração da UEG à programação da XI Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que ocorreu em várias cidades no Brasil. A Semana teve como tema a “ciência e a tecnologia para o desenvolvimento social”. À ocasião da abertura do evento, no dia 14 de outubro, esteve presente o ministro

de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Clélio Campolina Diniz. O ministro comentou que a ideia é trabalhar a capilaridade e o sentido da interiorização, levando a Semana a mais de mil municípios do país. “Há uma consciência clara de que educação, ciência e tecnologia são elementos centrais para o desenvolvimento e, portanto, é muito importante que eventos como esse sejam feitos e promovidos em várias cidades”, endossou o chefe do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. De fato, o Cepe articulou, apresentando à sociedade, pesquisas de várias regiões goianas. Antes mesmo dos discursos oficiais de abertura, 176 pôsteres já estavam expostos nas dependências da Pousada dos Pireneus. Jonathas Vilas Boas de Sant’Anna, por exemplo, mostrou a pesquisa “A invisibilidade do negro nos produtos culturais e a formação de um imaginário social racista.” Estudante de Pedagogia da UEG de Campos Belos e bolsista de iniciação científica, Jonathas passou a pesquisar a partir da realidade de sua região, onde há 78,54% de pessoas negras. “Focamos na formação dos professores para a diversidade étnico-racial do Nordeste goiano. Daí surgiu a ideia de pesquisar a representação dos negros nos produtos culturais. De mais de 6 mil imagens analisadas, apenas 505 são de pessoas negras. Dessas, encontramos 11 tipos de estereótipos”, explica o aluno. A ideia é que haja a positivação da imagem dos negros no ensino de base. Livros infantis como “O cabelo de Lelê” e “Menina Bonita do Laço de Fita” colaboram para esse intento.

Redes colaborativas No Cepe, pesquisas como as apresentadas por Jonathas ou Hanna, orientadas em prol das realidades locais e da consciência social, foram a força motriz. De acordo com o reitor da UEG, professor Haroldo Reimer, o evento foi fundamental e mostrou a articulação de diversas agências de fomento e instituições. “Devemos contribuir em redes colaborativas para ciência, tecnologia e inovação. Este é um evento pioneiro e que é direcionado na linha preconizada nas Universidades: de haver a indissolubilidade entre ensino, pesquisa e extensão”, disse o reitor.

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PERFIL

Anápolis, outubro-novembro de 2014

Pelo direito de ser quem se é Duas alunas da UEG câmpus Formosa se posicionaram, se mostraram e, com isso, ajudaram a comunidade acadêmica a entender que nome e corpo são partes construtoras de quem somos Por Fernando Matos Fotos: Lia Bello

Um nome não é simplesmente um nome. Ele é, também, uma história que se constrói. Assim também é o corpo. Nome e corpo: duas possibilidades de se inscrever no mundo. Deveria ser simples, mas não é. Há pessoas a quem o direito de carregar suas identificações, e de remodelar seus corpos, encontra barreiras no exercício de suas histórias. São sujeitos que, ao nascerem, foram assinalados como pertencentes a uma categoria de gênero em decorrência dos sexos que carregam entre as pernas. Mas ser “menina” ou ser “menino” se encontra além dos pretensos limites traçados pelas genitais circunscritas em nossos corpos.

Tornar-se, fazer-se. Existir - Oi, tudo bom? Eu sou o Fernando, aqui da Coordenação Geral de Comunicação. Após uma pausa para que as pessoas se identificassem, eu prosseguia: -Estou ligando para fazer uma pesquisa sobre estudantes que se identifiquem como travestis ou transexuais na UEG. No câmpus de vocês há alunas ou alunos trans?

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As reações eram as mais diversas. A resposta era sempre “não”.Depois de algumas tentativas já me perguntava se conseguiria encontrar travestis ou transexuais em algum dos câmpus da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Sabia de algumas ex-alunas travestis que já tinham se formado na UEG – uma delas, inclusive, hoje possui pós-graduação em uma instituição europeia. Seria possível que, em uma Universidade que se estende por todo o Estado, não encontraria uma aluna ou aluno trans atualmente? As respostas negativas se repetiram até a chamada telefônica ao câmpus Formosa. Fui atendido pelo diretor do câmpus, professor Fábio Santa Cruz. “Sim, temos alunas transgêneros estudando conosco”. O tom de sua voz era firme e contundente. E o uso da palavra transgênero me chamou a atenção. “Sim. Nós temos alunas transgêneros em nosso câmpus”, reafirmou. E o fez ao usar o substantivo “alunas”, no feminino. Em conversa posterior com o diretor fiz essa observação, sobre o uso do gênero na palavra, revelando minha surpresa. “A presença das meninas no câmpus foi um aprendizado para todos. Elas suscitaram o debate em Formosa e, a partir daí, começamos a entender a questão”, observou o diretor. Foi assim que cheguei à Eduarda, 26. Nosso primeiro contato foi por telefone. Marcamos um encontro na

semana seguinte, quando teria a oportunidade de conhecer, também, Lorenna Raquelly, 21, a outra aluna transexual do câmpus de Formosa. Eram 14 horas de uma tarde quente em Formosa quando a porta se abre. “Oi, tudo bom?”, perguntei-lhe. “Tudo. Entra”, Eduarda respondeu. Feitas as apresentações, seguimos – ela, a fotógrafa e eu – pelo gramado de seu local de trabalho. Lembramo-nos que já havíamos nos conhecido na Conferência Estadual de Igualdade Racial do Estado, que ocorreu no ano passado. Com a voz calma, ela começou a me relatar sua infância. Natural de Formoso de Minas, mudou-se ainda criança para a atual cidade em que mora. Estudante do 2º ano de História na UEG, optou pelo curso por sempre ser fascinada pela disciplina. Aos 18 anos, depois de se assumir, percebeu que sua diferença não era a homossexualidade. “Eu não me via como gay e não buscava gays para me relacionar”, observa. Foi quando o contato com travestis da cidade a fez perceber quem, de fato, ela era. “Nessa época eu conheci algumas travestis e comecei a usar roupas femininas para sair à noite”, revela. Mas as saídas com as roupas, que agora vestem o seu corpo diuturnamente, nessa época só eram possíveis com a ajuda de sua vizinha. “Era uma senhorinha. Quando eu ia para algum lugar à noite, levava minhas coisas para a casa dela. Deixava roupas, sapatos, maquiagem”, relembra entre risos. Nesse momento chega Lorenna Raquelly. Ela me conta que, desde muito jovem, sempre se encontrou na fronteira entre os gêneros. “Sempre fui andrógina, sabe? Cabelo comprido, lápis de olho, nunca tive muitos pêlos”, disse-me. A estudante de História se percebeu trans aos 16 anos. A primeira vez em que saiu com roupas femininas foi em uma festa em Sobradinho, no Distrito Federal, na casa de umas amigas. “Eu sempre fui vista como mulher. Mas era aquela coisa andrógina. Mas naquela noite foi diferente. Usei um vestidinho preto que peguei da minha irmã. Elas me maquiaram, eu coloquei salto”, lembra. Nos primeiros tempos essa situação era restrita a locais privados, entre amigos e contextos íntimos não familiares. As mulheres Eduarda e Lorenna, desde sempre, exitiam. Mas agora se mostram. Duda (como Lorenna chama a amiga) nunca conversou com a família sobre a questão. Apenas chegou em casa sendo ela própria. Lorenna fez sua aparição pública em um concurso – quando foi eleita Miss Gay da cidade. Era um novo começo.


jornal UEG Anápolis, outubro-novembro de 2014

A população travesti e trans está cada dia mais presente no cotidiano institucional e já é momento de se repensar o trato com relação a essas identidades

“Trans Autorizada” Em determinado ponto de nossa conversa chega ao local o presidente da Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais de Formosa. Interrompemos a prosa um minuto para que ele falasse com elas. Enquanto tomo um café, a conversa entre eles se desenrola até que Lorenna solta: “Eu sou transexual”, ao que ele pergunta: “Cadê o laudo?”, entre risadas. O laudo ao qual ele se referia é o emitido pelo Hospital Universitário de Brasília (HUB), local onde as duas fazem acompanhamento médico. Tal laudo atesta que elas se encontram em dieta de hormônios e cuidados médicos para que possam realizar suas cirurgias de transgenitalização, ou seja, as readequações das genitais. Aparentemente, a situação não passa de uma “tiração” de onda entre pessoas que se conhecem, mas Lorenna observa que ela é muito comum. Ela me diz que a vontade é fazer uma plaquinha com o tal laudo e colocar no pescoço, como um crachá, com a inscrição “Trans Autorizada”. E me explicou que essa história começou em um bar da cidade, onde elas tiveram que mostrar seus laudos para provarem que estavam em tratamento e, assim, que poderiam utilizar o banheiro feminino. Aliás, provar que são mulheres é um rotina na vida das duas. E o que é mais problemático: elas precisam, o tempo inteiro, ser autorizadas.

episódios nos quais foram chamadas de “veados”. São tentativas de humilhação e escárnio público. Entretanto, como apontam diversas estudiosas do assunto, a ideia de gênero é fruto de expectativas socioculturais para significar socialmente os sujeitos como “homens” e como “mulheres”. Já a sexualidade é a forma como as pessoas estabelecem laços afetivos-sexuais.

Cabelos, unhas, roupas e acessórios correspondem à ideia que Duda e Lorenna elaboraram sobre sua feminilidade. O que é bastante diferente para cada uma delas. Os seus corpos vêm sendo moldados para atender às suas expectativas. E suas histórias são construídas a partir dos seus nomes. Nomes que elas fazem questão de ressaltar. “Eu corrijo mesmo. Só a minha mãe me chama pelo outro nome”, me diz Eduarda. Nas suas vidas acadêmicas, essa parece já ser uma questão superada.

As experiências trans são questões de gênero. O senso comum indica que o fator determinante para se entender alguém como homem ou mulher seja o pênis ou a vagina. Todavia, ser homem ou ser mulher não é uma questão de atributos biológicos. É, sim, um construto social que varia de acordo com a cultura e diz respeito aos sentires dos sujeitos. Nesse sentido, ser homem ou mulher independe da genitália, ou da “autorização” de uma cirurgia.

“Lá na Universidade todos usam nossos nomes sociais. Com exceção de uma ou outra pessoa, principalmente professores novos, mas, mesmo esses, quando conversamos, passam a utilizar o nome correto”, observa Duda. Segundo o professor Fábio, essas questões foram superadas internamente com a comunidade acadêmica. “A cobrança e as demandas das meninas fizeram com que houvesse uma mudança de postura”, diz ele.

Pessoas que vivem a transexualidade podem ser homens ou mulheres. Vivem a hetero, homo ou bissexualidade. É por isso que Duda não é gay, pois se identifica como mulher e tem interesse por homens heterossexuais.

A reitoria da UEG é ciente de alunas travestis e transexuais na Instituição. Já se encontram em discussão, juntamente com a Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PrE), estudos para a formulação de ferramentas que garantam a permanência dessa população na UEG.

O corpo, como produto naturalizado em um processo político de controle, é plástico, mutável e sofre intervenções perpassadas pelo crivo social, sendo autorizadas ou não. E, novamente, se encontra a transexualidade no polo não autorizado das vivências possíveis o que leva ao entendimento de que relações com essas pessoas são moralmente rechaçadas. Fotos: Lia Bello

A confusão entre identidade de gênero e sexualidade é situação corriqueira. As duas me relataram

O corpo, o nome e o direito

Para Marcos Torres, pró-reitor da PrE, a garantia do nome social oportuniza a inserção dessas pessoas em ambientes nos quais o uso dos seus registros civis se tornam um fardo. “Tão importante quanto a garantia de direitos é o debate. A Universidade precisa colaborar para a superação dos preconceitos e para a inserção dessa comunidade em espaços dos quais se encontra excluída”, afirma. A responsabilidade social da Universidade envolve a criação de um ambiente seguro para que seus estudantes possam exercer, de maneira tranquila, suas cidadanias. Se a realidade para as pessoas trans é opressora, pois a elas é negado, cotidianamente, o direito primordial de ser quem se é, a UEG tenta modificar essa realidade.

Eduarda (acima) e Lorenna (abaixo) utilizam adereços, vestimentas e acessórios que caracterizam o gênero pelo qual se reconhecem

“Seria um descompasso se nossa Universidade não assegurasse à população trans o direito de se colocar enquanto pessoas com um nome e uma identidade de gênero que precisam ser respeitados. É dever da UEG trabalhar para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária”, observa o reitor da Instituição, professor Haroldo Reimer.

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jornal UEG

ENTREVISTA

Anápolis, outubro-novembro de 2014

Curso de Tecnologia de Design de Moda chega a Jaraguá Por Alisson Caetano Os câmpus Jaraguá, Pirenópolis e Itumbiara abriram vagas para novas graduações, ampliando, assim, o portfólio de cursos da Universidade Estadual de Goiás (UEG), bem como as conexões com as realidades socioeconômicas de onde esses câmpus se alojam. Em Jaraguá, o curso de Tecnologia em Design de Moda se insere na dinâmica econômica do município – que possui cerca de mil empresas do polo têxtil e de moda cadastradas na Junta Comercial do Estado de Goiás. Dessa forma, a graduação atende a uma demanda urgente de mão de obra qualificada na área, que atuará nas empresas da região. Fabiana Mendes Haddad foi professora do câmpus Trindade e assumiu a coordenação do novo curso do câmpus Jaraguá. Em entrevista ao Jornal UEG, Fabiana conta como se envolveu com o projeto de criação, fala da importância da UEG para a cidade e região e de como estão sendo desenvolvidas as perspectivas curriculares do curso de Tecnologia em Design de Moda.

Jornal UEG – O que aconteceu entre a motivação e o efetivo surgimento desta graduação? Fabiana Haddad (FH) – Minha experiência com o câmpus Jaraguá e com a realidade local do município começou com um curso sequencial de Estilismo e

Moda, do qual fui professora e coordenadora, realizado pela Universidade em parceria com a extinta Fundação Pró-Cerrado. Em 2008, com o encerramento deste módulo sequencial, eu e a direção do câmpus começamos a estruturar o curso tecnológico de Design de Moda, uma vez que a demanda por profissionais qualificados para a área é muito grande. Jaraguá tem potencial para, num futuro próximo, explorar a criação de moda, parar de reproduzir o que é proposto e começar a arriscar com produções novas e originais.

Jornal UEG – Diante das demandas por profissionais qualificados, como a senhora percebe que os egressos da UEG irão se inserir no mercado da região? FH – Quem conhece a realidade de Jaraguá sabe que os profissionais da área não ficam desempregados. A demanda é mesmo muito grande. Principalmente para atuar na criação de coleções, gestão de moda e desenvolvimento. É importante perceber que não são só as empresas têxteis e confecções que precisam desses profissionais. As lavanderias também absorvem quem tem formação técnica na área. As lavagens de jeans, por exemplo, precisam do cuidado e da formação de um profissional do Design de Moda.

Jornal UEG – Qual será o diálogo entre o curso de Jaraguá e o curso do câmpus Trindade? FH – Sou professora da UEG há 9 anos no curso de Tecnologia em Design de Moda do câmpus Trindade. Tenho uma história com o curso de Trindade e uma parceria com os docentes de lá. A nossa intenção é a de que os professores de Jaraguá sejam os mesmos do câmpus Trindade. A maioria dos professores já topou vir trabalhar conosco, o que resultará em um curso com o mesmo potencial e com a mesma estrutura do já existente no outro câmpus da UEG.

Jornal UEG – E a estrutura curricular do curso? Como tem sido desenvolvida? FH – É importante que estejamos atentos às demandas do município de Jaraguá. Mas, atreladas a essas demandas locais, pretendemos também uma formação que extrapole a atuação regional. O curso que estamos construindo deve ter um caráter amplo o bastante para que nossos egressos possam ainda ocupar cargos, na área de design de Moda, no Brasil e fora do país. Esse diálogo entre local e global é a orientação da estrutura curricular que estamos desenvolvendo.

OPINIÃO

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Jovens e crianças descobrindo o universo virtual Por Sheila Silva Araújo* A comunicação é uma atividade inerente ao ser humano. É por meio dela que as pessoas se conectam e transmitem seus conhecimentos e ideias. A internet reconfigurou os modos de comunicação, colocando-nos diante de uma nova forma de socialização, as redes sociais. Com a presença dessas redes e da virtualização das relações humanas surge uma preocupação com a formação das nossas crianças e dos nossos jovens. Estamos preparando-os, também, para o mundo virtual? Acompanhar, educar e informar, de maneira compreensiva e confiável, são as melhores formas de se evitar o contato com conteúdos e interações perigosas. Aos educadores é necessário entrar nesse mundo digital, para tornar o diálogo mais fácil e natural. Proibição rígida não é um bom caminho, mas existem limites e regras que visam a proteção.

Existem sites que procuram enganar, seduzir ou estimular crianças e adolescentes a acessar conteúdos inadequados, como pornografia. Esses ciberespaços encorajaram seus visitantes a enviar fotos e informações pessoais com finalidades duvidosas. Essas interações podem esconder intenções de abuso e exploração sexual, além de abrigar espaços para a incitação de violência e preconceito. Por esse motivo, formas de violência que vêm se tornando recorrentes, a partir do mau uso da internet, são o bullying (atos de violência física ou psicológica) e o vazamento de notícias privadas ou até mesmo falsas com o intuito de ferir a reputação da vítima. Outro ponto a ser ressaltado é a falta de segurança quanto ao acesso às informações pessoais nessas redes. Senhas podem ser facilmente copiadas por

hackers. Nesse sentido, todo cuidado é pouco. Não se deve expor dados pessoais, preferências, costumes, senhas e nem aceitar “pedidos de amizade” de desconhecidos. Cuidados com a publicação de fotografias e com os cliques em publicidades também podem assegurar sua integridade física, moral e a longevidade da sua máquina de acesso à internet. Antes, crianças e adolescentes eram orientados a não falar com estranhos. Com os aparelhos digitais chegando cada vez mais cedo às mãos de nossos pequenos cidadãos, é primordial que crianças e jovens se sintam seguros para compartilhar suas experiências virtuais com os pais, os professores e os familiares, aprendendo a utilizar a rede de forma saudável. *É professora do curso de Sistema de Informação da UEG câmpus Itaberaí e tem especialização em Gestão Estratégica em Marketing.


jornal UEG

ARTE

NOSSA

Anápolis, outubro-novembro Anápolis, agosto-setembro de 2014 2014

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...e a peleja do homem entre campo e cidade

O cordel é fruto da oralidade. Ele surgiu a partir de cantorias, contos e causos que eram ditos em feiras, mercados, praças... Por volta do século XVI, essas narrativas orais migraram para as páginas impressas. Desde então, o pensamento do povo em poesia popular aparece de forma rimada e rítmica em pequenos folhetos, às vezes expostos para venda em bancas, outras dispostos em barbantes e cordas para a apreciação geral do público. Os versos escritos, muito comuns no interior do Nordeste, costumam ser ilustrados a partir da técnica de xilogravura, como fizemos aqui. Nesta edição do Arte Nossa, nosso cordelista é Antônio Alexandre da Cunha, estudante na UEG câmpus Luziânia. Em seus versos bucólicos, surgem cidade e campo. Nas rimas é o camponês quem respira, abafado por prédios.

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Por Antônio Alexandre S. da Cunha Meus queridos amigos

Já lá no interior

Aqui na cidade

Aqui é em boate

Licença, desculpe a liberdade

Vou dizer o que eu acho

Barulho ensurdecedor

O som é Tum,Tum,Tum

Quero lhes falar da diferença

O povo vive feliz

É carro, é ônibus, é moto

De vez em quando tiros

Entre a roça e a cidade

Se come fruta no cacho

É trem e também metrô

Que no ouvido se faz zum

A vida lá na roça

E no final da labuta

Não sei se isso é vida

O que rola é droga e orgia

É morar numa palhoça

Bebe água na gruta

E o medo de bala perdida

É muito difícil um dia

E ter paz e tranquilidade

E se banha no riacho

Coitado do trabalhador

Que não morra mais um

Na cidade não é assim

A vida lá no campo

Na roça a festança

O povo aqui da cidade

Só se vive assombrado

É mesmo sem igual

É embaixo da latada

É meio fora do rumo

As casas parecem cadeias

O caboclo acorda cedo

Começa à boca da noite

É avião sem asas

São grades, alarmes e cadeados

E vai direto pro curral

Entra pela madrugada

É casa fora do prumo

Aqui tudo é diferente

Tira o leite da criação

Ao som do sanfoneiro

Eu não vivo satisfeito

Gente tem medo de gente

Quem mora lá no sertão

Que junto com o zabumbeiro

Viver assim desse jeito

Ninguém vive sossegado

Isso é fenomenal

Anima a rapazeada

Eu morro e não me acostumo

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jornal UEG

UEG EM

FOCO

Anápolis, outubro-novembro de 2014

Por Bárbara Zaiden

Software e programação O professor Roberto Felício de Oliveira, do curso de Sistemas de Informação do Câmpus Posse, desenvolve a pesquisa de doutorado “A eficácia de pares na identificação de anomalias de código: um experimento controlado”. No mês de setembro o professor foi até Manaus apresentar seus experimentos no Congresso Brasileiro de Software: Teoria e Prática (CBSoft).

Professor Roberto Felício de Oliveira participou de Congresso em Manaus

Para quem não é da área, o nome da pesquisa pode parecer complicado, mas Roberto contextualiza o tema para aqueles que utilizam computadores, smartphones, tablets e internet. “O objetivo é oferecer ferramentas que facilitem a manutenção dos softwares utilizados nestes dispositivos”.

A Universidade Estadual de Goiás (UEG) concedeu o título de Doutor Honoris Causa ao professor Vicente Pedatella Netto. A cerimônia de titulação foi realizada no auditório do câmpus Henrique Santillo, em Anápolis, como parte da programação do 87º Conselho Universitário (CsU), na noite de 4 de novembro. Pedatella desempenhou um papel fundamental na história da educação superior de Goiás. Enquanto esteve à frente da Faculdade de Ciências Econômicas de Anápolis (Facea), sua gestão propiciou o aumento da oferta de cursos da Instituição. A Facea se tornou a Universidade Estadual de Anápolis que, após junção com outras instituições, em 1999 ajudaria a formar a UEG.

Foto: José Afonso Viana

Professor Pedatella recebe título Doutor Honoris Causa

O câmpus de Ciências Sócio-Econômicas e Humanas da UEG foi fundado durante a gestão do professor Vicente como diretor da antiga Facea

Mais leitura Os estudantes do 4º ano do Curso de Letras do câmpus Jussara se envolveram com uma iniciativa que leva atividades de incentivo à leitura à UEG. Em outubro, o III Dia D da Leitura aproximou a Universidade das escolas de Ensino Fundamental da região. Na disciplina Literatura infanto-juvenil, os estudantes da UEG trabalham os autores, as obras e se aprofundam no estudo dos personagens. Tais atividades têm como intuito enriquecer o processo de interpretação textual. Monteiro Lobato, Ruth Rocha e Eva Furnari foram alguns dos autores abordados no III Dia D da Leitura. Monteiro Lobato, Ruth Rocha e Eva Furnari são discutidos no III Dia D da Leitura

Premiação internacional 12

Outra produção audiovisual de estudantes da UEG foi premiada. Desta vez, foi o curta-metragem “Atenção: isto pode ser um poema”, na categoria “Novos Talentos” do Film Festival Lisboa 2014. Áureo Rosa e Sthefano Vieira cursam Arquitetura e Urbanismo no Câmpus Henrique Santillo e dirigiram o filme. Esta é a segunda premiação do curta, que também recebeu o primeiro lugar no Festival Universitário de Seleção de Cinema de Arquitetura (Fusca). A produção apresenta diferentes formas de intervenção artística, abordando a relação entre arte e cidade. As filmagens foram feitas na capital goiana e a montagem na cidade baiana de Vitória da Conquista.

Curta-metragem de estudantes da UEG recebe premiação no Film Festival Lisboa 2014

Ciência e conscientização

III Seminário de Pesquisa e Extensão e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em São Luís de Montes Belos reuniram estudantes e comunidade local

O II Encontro de Pesquisa e Extensão e a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia ocorreram entre os dias 21 e 23 de outubro no câmpus São Luís de Montes Belos. Além de terem sido apresentados os projetos de pesquisa e extensão que o câmpus da UEG desenvolve na região, membros da Comissão Nacional de Energia Nuclear de Goiás abriram espaço para discutir a conscientização sobre o lixo radioativo. Estudantes de escolas do Ensino Médio da região também puderam participar das ações. O evento promoveu oficinas voltadas para o desenvolvimento social que incluem áreas como o turismo e o empreendedorismo.


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