Jornal UEG | Edição 25 | outubro-novembro| 2017

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jornal UEG Jornal da Universidade Estadual de Goiás I Ano 5 - Nº 25 | outubro-novembro / 2017

U�G na rota �� �e�u�iado� �� G�iá� Diante da complexa crise humanitária mundial, a UEG cumpre seu papel na política de assistência e integração dos refugiados, por meio da democratização do acesso ao ensino superior

UEG em Contexto

UEG em Contexto

pág. 4 e 5

pág. 3

Terapia sobre quatro patas Com técnicas que resultam no desenvolvimento motor e na sociabilidade, Projeto Equoterapia, do Câmpus Quirinópolis, proporciona mais qualidade de vida a pacientes

Seu currículo você define Componente da nova estrutura curricular, o Núcleo Livre permite ao estudante explorar seus objetivos e ampliar o alcance de sua formação. Aluno define os créditos a cursar

Gestão

Fortalecimento e qualificação regional pág. 9

Programa Educando e Valorizando a Vida envolve estudantes de escolas públicas em concurso sobre o trânsito. Objetivo é formar cidadãos conscientes nas ruas e estradas


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EDITORIAL

Anápolis, outubro-novembro de 2017

Oportunidades para todos Por José Carlos Araújo É praticamente impossível ficar indiferente ao drama de milhões de pessoas que se veem obrigadas a deixar seu país de origem, o que se configura como a mais grave crise humanitária desde a fundação da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1945. País aberto aos estrangeiros e signatário dos principais tratados internacionais de direitos humanos, o Brasil se tornou alternativa viável para milhares de refugiados, que sonham com a oportunidade de construir uma nova vida. Atenta a essa realidade, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) iniciou, em 2016, seu Programa de Acesso à Educação Superior para refugiados e portadores de visto humanitário, que inclui o Processo Seletivo Especial e o curso Português para Estrangeiros. Tratase de mais uma ação de altíssima relevância social realizada pela UEG, instituição consolidada como protagonista na construção de uma sociedade menos desigual, ao abrir a todos as portas de acesso a um ensino público, gratuito e de qualidade. Essa busca pelo tratamento igualitário se destaca no Processo Seletivo Especial, ao se oferecer aos refugiados a opção de concorrerem entre eles mesmos, da mesma forma que acontece com os portadores de cotas especiais que disputam entre si as vagas na Universidade. Esse princípio é baseado na máxima aristotélica, segundo a qual é preciso dar tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais, na medida de suas desigualdades.

Trata-se do Projeto de Equoterapia, realizado no Câmpus Quirinópolis. Lá professores oferecerem um atendimento terapêutico e educacional baseado em técnica utilizada no Brasil há quase 30 anos, com o auxílio de cavalos. Em uma abordagem que envolve áreas de saúde, educação e equitação, a Equoterapia tem alcançado, com excelentes resultados, o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais. É um projeto que, segundo os próprios pais de pacientes atendidos, destaca-se pela grande relevância social. O Projeto Equoterapia é mais uma das muitas ações que a UEG realiza junto às comunidades dos municípios goianos em que está inserida, levando benefícios importantes às populações locais e destacando uma de suas importantes missões, que é a extensão. Assim, ao formar cidadãos, profissionais e pesquisadores, a UEG leva melhorias talvez impensáveis ao interior do Estado, num processo de mútuo conhecimento e conquistas. Este é o compromisso da UEG: ampliar a todos os goianos o acesso ao conhecimento e aos benefícios que dele advêm. Esse compromisso se concretiza ano a ano, com a ampliação do número de jovens goianos na graduação, na pós-graduação e em centenas de ações extensionistas. Fortalecimento e qualificação

Dessa forma, a UEG amplia o leque de beneficiados por sua missão de formar cidadãos e transformar (para melhor) a vida de milhares de goianos – de nascimento e adotados. Esses objetivos certamente povoam os sonhos de pessoas como o sírio Nassim Moussa e o haitiano Ezechiel D´Or, que conquistaram vaga na UEG e contam um pouco de suas histórias em terras brasileiras, conforme mostra a reportagem de capa desta edição, UEG na rota de refugiados, assinada pela jornalista Adriana Rodrigues. Mais que citar números e destacar relatos emocionantes, a reportagem ressalta a esperança que os entrevistados depositam neste novo lar e a alegria do recomeço de vida, ao qual a UEG tem sido importante aliada. Equoterapia em Quirinópolis

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Outro trabalho importante de inclusão mostrado nesta edição está descrito na reportagem Movimentos rumo à qualidade de vida, do jornalista Fernando Matos.

O futuro aponta para a evolução contínua, dessas e de outras propostas, estruturadas, por exemplo, no Projeto de Fortalecimento e Qualificação da Presença Regional, tema da reportagem Em busca do fortalecimento regional, assinada pela jornalista Nubia Rodrigues. O projeto – que ainda depende de aprovação de emenda propositiva no Legislativo Federal – prevê investimentos da ordem de R$ 100 milhões, a serem divididos em quatro áreas, a fim de fortalecer o alcance da educação superior e do desenvolvimento científico e tecnológico oferecido pela UEG aos municípios goianos. Enquanto aguarda as decisões de Brasília, a Instituição trabalha – no ensino, na pesquisa e na extensão. Uma minúscula fração desse trabalho pode ser vista, de forma sintética, nesta 25ª edição do Jornal UEG. Boa leitura!

EXPEDIENTE

jornal UEG Anápolis - Goiás, outubro-novembro de 2017 Ano 5, Nº 25

CENTRO DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL

REITOR Haroldo Reimer

DIRETOR DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL Marcelo Costa

CHEFE DE GABINETE Juliana Oliveira Almada PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO Maria Olinda Barreto PRÓ-REITOR DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO Ivano Alessandro Devilla

EDITOR José Carlos Araújo REDAÇÃO Fernando Matos Adriana Rodrigues Núbia Rodrigues

PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO, CULTURA E ASSUNTOS ESTUDANTIS Marcos Antônio Cunha Torres

REVISÃO Amélia Faleiro

PRÓ-REITOR DE GESTÃO E FINANÇAS Lacerda Martins Ferreira

DIAGRAMAÇÃO E ARTE Alyne Lugon Camila Morais Lucas Gomes Graziano Magalhães

PRÓ-REITOR DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL Christiano de Oliveira e Silva

FOTOGRAFIA Fernando Matos Marcos Rogério Nabyla Carneiro Adriana Rodrigues DISTRIBUIÇÃO Jacqueline Pires Universidade Estadual de Goiás CeCom - Reitoria da UEG Rod. BR-153, Quadra Área, Km 99 CEP: 75.132-903 / Anápolis - GO Tel. geral: (62) 3328-1403 www.ueg.br Impressão: Gráfica UEG Tiragem: 3.000 exemplares Universidade Estadual de Goiás Coordenação de Jornalismo Tel: +55 62 3328-1403 E-mail: jornalismo.ueg@gmail.com

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UEG EM CONTEXTO

Anápolis, outubro-novembro de 2017

Outros horizontes

Núcleo Livre, componente da nova estrutura curricular da UEG, leva estudantes da Instituição a explorarem objetivos pessoais e a ampliarem o alcance de suas formações Por Fernando Matos

“Eu entrei no curso de Educação Física com a perspectiva de me tornar personal trainer, mas o fato de ser licenciatura não contemplaria essa questão. Foi quando me informei sobre o Núcleo Livre e decidi – por já trabalhar na área – me inscrever na disciplina. Não poderia estar mais feliz ”, afirma. Foi justamente para expandir as percepções dos estudantes sobre os rumos de suas formações que o NL foi criado durante as discussões sobre a implantação da nova estrutura curricular da Universidade Estadual de

“A EXPERIÊNCIA É MUITO GRATIFICANTE. ÀS PESSOAS QUE AINDA NÃO FIZERAM EU ACONSELHO FAZER E SUGIRO QUE NÃO VEJAM O NL COMO UMA MATÉRIA A MAIS NO CURSO, E SIM COMO UMA EXPERIÊNCIA A MAIS”

Foto: Arquivo pessoal

Liliane Cardoso da Silva, que se transferiu do curso de Educação Física para o de Estética e Cosmética

Goiás (UEG) em 2014. No NL, a escolha de quais créditos cursar é exclusiva dos discentes.

Foto: Arquivo pessoal

Liliane Cardoso da Silva, 29 anos, estava no segundo período de Educação Física do Câmpus Eseffego quando escolheu Colorimetria como crédito de Núcleo Livre (NL) de seu currículo. A disciplina oferecida no curso de Estética e Cosmética do Câmpus Goiânia - Laranjeiras acabou se revelando mais que uma alternativa para integralizar sua matriz: Liliane se encontrou nesse lugar e optou pela mudança de curso.

“O Núcleo Livre foi pensado como espaço para que o estudante monte parte de seu currículo”, lembra Renato Dias de Souza, assessor pedagógico da Coordenação Geral da Pró-Reitoria de Graduação (PrG). Segundo ele, a ideia de montagem de parte do currículo agrega à formação do aluno aspectos de outras áreas e demais especificidades. “Como a vida do estudante é muito mais complexa que apenas sua área de formação, nós percebemos que é importante agregar essas questões ao seu conhecimento”, acrescenta Renato.

Formação ampla e cidadã

Para a professora Sueli Cavalcante, coordenadora de ensino da PrG, o NL permite que o estudante explore diversos aspectos durante a graduação. Para ela, a Universidade cumpre o papel de educar para além da formação profissional. “Uma das questões mais interessantes do desenvolvimento curricular é pensar o estudante como sujeito em seu processo de formação. É para ele que a Universidade existe”, observa. Sair das “caixinhas” e explorar outros espaços e realidades da Universidade foi a ideia que norteou as discussões sobre a formação do NL, espaço em que o estudante pode experimentar e escolher o que efetivamente irá contribuir para suas formações pessoais e/ou profissionais. “Me sinto feliz por enxergar que a Universidade abre um leque de possibilidades inovadoras, chances de crescimento pessoal e profissional, oportunidades de conhecer pessoas e de me colocar à frente na exploração de um mundo antes desconhecido”, atesta Daniella Nunes de Oliveira Alves, 21, estudante do quarto período de Design de Moda do Câmpus Trindade. Desenvolver aptidões e explorar áreas sobre as quais se tem curiosidade são práticas defendidas pela professora Maria Olinda Barreto, pró-reitora de Graduação. Ela faz questão de reforçar que o NL não é disciplina de aprofundamento de curso. “É preciso pensar o NL como espaço em que o estudante vai buscar conhecimento além de sua formação. São locais para exploração de zonas de interesses e que podem ser acessados no ambiente acadêmico”, diz Maria Olinda, entusiasta de que os estudantes devem buscar alargar, ao máximo, essa escolha. “É interessante que eles aproveitem o NL para suas formações humanas. É ir além. É buscar experiências que somem a suas formações”, analisa.

Samara Leandro de Oliveira, estudante do sexto período de Letras, do Câmpus Morrinhos

“O NÚCLEO LIVRE NÃO SE CARACTERIZA COMO ‘CARGA ACADÊMICA’. PELO CONTRÁRIO, É UM RESPALDO A TODOS NÓS, ACADÊMICOS, INDEPENDENTE DE CURSO, EM TODOS OS SENTIDOS” 3 Foi justamente isso que Samara Leandro de Oliveira, 20, do sexto período do curso de Letras do Câmpus Morrinhos, levou em consideração para a formação de seus créditos de NL. “Foi maravilhoso relativizar as religiões com a Língua Portuguesa e incluir a história dos africanos, justamente por sermos seus descendentes. Sempre é bom descobrir algo novo ou do nosso passado. Acredito que seja isso que me instigou a escolher essas disciplinas”, opina. As estudantes ouvidas pelo Jornal UEG são categóricas ao afirmar que o NL lhes deu uma visão completamente diferente daquela que tinham sobre a Universidade e aconselham quem ainda não obteve os créditos a não encarar o NL como obrigação de carga horária. “Pesquise o que realmente é interessante para você no momento, o que se sente à vontade em fazer, porque não adianta fazer uma coisa só por fazer, só para ganhar horas. Núcleo Livre também serve para abrir nossa percepção do que realmente gostamos”, aconselha Daniella.


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UEG EM CONTEXTO

Anápolis, outubro-novembro de 2017

Movimentos rumo à qualidade de vida

Fotos: Marcos Rogério

Projeto de Equoterapia, do Câmpus Quirinópolis, oferece atendimento terapêutico com auxílio de cavalos. Técnica propicia ganhos no desenvolvimento motor e na sociabilidade dos pacientes Por Fernando Matos

Há quase 30 anos, a Equoterapia vem sendo utilizada como método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo numa abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais. “Os resultados com o Augusto foram perceptíveis de uma aula para a outra”, afirma Lucília Viviane Brito de Oliveira Soares, mãe de Augusto Valente Brito de Oliveira Soares, que, há um ano e meio, frequenta o Projeto de Equoterapia, oferecido pelo Câmpus Quirinópolis da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

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“Ele possui a Síndrome de Cornélia de Lange, em que o autismo é muito característico. Ele não socializava com ninguém e, já na segunda aula, abriu os braços para ir ao encontro do cavalo”, lembra. Para ela, esse

é um projeto de grande relevância social. “Esse tipo de terapia, em outros centros, possui valor elevado, e aqui nós temos o acompanhamento de bons profissionais gratuitamente”, diz.

Desenvolvimento em diversos aspectos Valdenir Roberta Damascena Souza, professora do curso de Pedagogia e psicóloga, é uma das idealizadoras do projeto, que começou em 2002, no Centro de Ensino Especial Dr. Alfredo Mariz da Costa. Essa parceria, que continua até hoje, tornou-se Projeto de Extensão, em 2003. “Junto à professora Maria Alice Giovanni, soubemos do projeto em Brasília e fomos conhecê-lo. Quando voltamos, veio junto a vontade de montar um aqui também”, diz. A professora explica que os ganhos da Equoterapia para os pacientes se dão em multiplicidade. “Nós trabalhamos a questão motora, mas os resultados da terapia podem ser observados também em ganhos psicológicos, cognitivos e sociais”, analisa. “O cavalo faz a perfeita ligação entre o praticante e o terapeuta”, completa. Para a professora, os resultados se mostram positivos, porque a Equoterapia estimula o participante em um ambiente extra consultório. “Aqui eles se sentem mais livres para fazer os movimentos. A atividade se torna menos monótona”, atribui.

Duas turmas semanais Já na segunda sessão, Lucília, mãe do Augusto, notou mudanças significativas no comportamento do filho

Atualmente, coordenado pelo professor Wellington Oliveira dos Santos, professor de Psicologia da

Pioneira da técnica em Quirinópolis, a professora Valdenir conheceu a terapia em Brasília no ano de 2002

Educação, e composto por uma equipe de 15 pessoas – entre docentes e discentes da UEG, guias dos animais e profissionais da educação municipal –, o projeto atende 20 pacientes, divididos em duas turmas semanais, com três horas de duração, e é realizado na sede do Sindicato Rural de Quirinópolis. Também conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás. “O projeto conta com excelentes resultados, confirmados pelos profissionais envolvidos no trabalho, por pais de praticantes, por professores e, especialmente, pelos próprios praticantes”, analisa o professor.


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NA HIStóRIA Indícios mais antigos apontam que a domesticação dos cavalos data de aproximadamente 6 mil anos, quando os primeiros animais foram domesticados nas estepes, entre o noroeste do Cazaquistão e a Ucrânia. Desde então, os animais são empregados em diversas atividades humanas. Transporte, tração e esportes são algumas das práticas em que se pode contar com o auxílio de cavalos. Mas o porte dos equinos e os seus movimentos têm sido, como apontam registros históricos, utilizados também como ferramenta terapêutica no tratamento de enfermidades físicas e mentais, desde antes da cristandade, como demonstram diversas obras médicas. Em tempos atuais, o primeiro trabalho sobre o tema remonta a 1972, em Paris, França. No Brasil, a Equoterapia, como ficou conhecida a técnica, surgiu em 1989, com a criação da Associação Nacional de Equoterapia (Andes-Brasil), que regulamenta e orienta a atividade. Posteriormente, em 1997, a terapia foi reconhecida e legalizada pelo Conselho Federal de Medicina.

Cíntia Verônica Soares compartilha dessa visão. Com esclerose múltipla, ela explica que passou por vários tipos de terapias até conhecer a Equoterapia. “Eu soube do Projeto quando praticava Pilates. E tem sido ótimo. Minha vida mudou bastante desde que comecei o tratamento. Meus movimentos, equilíbrio e disposição, tudo está diferente”, afirma. Para Cíntia, não restam dúvidas da melhoria em sua qualidade de vida. Ela, inclusive, compara o período em que a atividade é desenvolvida àqueles em que a atividade precisa ser interrompida. “Quando entramos de férias, o meu cansaço aumenta muito. O Projeto foi um divisor de águas em minha vida”, afirma. “Os pacientes apresentam melhoras significativas nos aspectos físico-motores, emocionais e de sociabilidade. O processo de educação e reabilitação na Equoterapia privilegia o aspecto lúdico, de modo integrado. Ao vincular esses dois aspectos, a terapia se torna uma modalidade que favorece altos índices de interesse e motivação”, afirma Wellington.

Equipe do Projeto durante atividade com os pacientes: os movimentos dos cavalos auxiliam no desenvolvimento físico e mental dos participantes


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UEG EM CONTEXTO

Anápolis, outubro-novembro de 2017

Na rota de refugiados

Programa de Acesso à Educação Superior da UEG abre novos horizontes a refugiados e portadores de visto humanitário, propiciando interação cultural ao partilhar suas experiências e histórias de vida, relatadas ao Jornal UEG Por Adriana Rodrigues

Graças ao Programa, cidadãos refugiados tiveram a oportunidade de ingressar na UEG e partilhar suas histórias. Confira algumas delas:

Longe da guerra, esperança Com um português fluente e repleto de expressões goianas, o estudante do curso de Sistemas da Informação do Câmpus de Ciências Exatas e Tecnológicas (CCET), Nassim Moussa, de 23 anos, deixou a Síria, seu país natal, em razão da guerra civil. O jovem lembra que, após completar 21 anos e terminar a faculdade, seria obrigado a se alistar no serviço militar sírio. “Enquanto você está estudando, eles adiam o seu alistamento. Então, quando eu formei, tive seis meses pra sair do país ou me alistar. Por causa da guerra, eu escolhi sair”.

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Ele está no Brasil há dois anos e meio e, diferentemente de milhares de seus conterrâneos, não trouxe na bagagem experiências em campo de refugiados, em prisões, não vivenciou fugas de bombardeios ou o drama das travessias marítimas. Mas perdeu alguns conhecidos. Prefere não falar sobre a guerra. Acha melhor contar sobre a chegada ao Brasil e a mudança de realidade. Nassim veio com o irmão Hanna e não teve dificuldade de entrar no país. Seus parentes que aqui viviam enviaram a eles uma carta convite, que os ajudou na hora de solicitar o visto na embaixada do Brasil no Líbano. Chegando ao Brasil, eles conseguiram o registro de refugiado na Polícia Federal. Pouco tempo depois, sua irmã Lílian e o marido Alaa vieram também.

Uma nova vida Logo que chegou, Nassim começou a trabalhar na área de informática – sua formação na Síria – numa empresa de embalagens, pertencente aos seus parentes, no Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA). Por meio de uma funcionária da empresa, Nassim conheceu a UEG e o Vestibular Especial para refugiados

Ele e a irmã mantêm contato com os pais e amigos, mas não pensam em retornar ao país de origem. “Infelizmente, ainda tem guerra. Mas vai acabar logo, se Deus quiser”, Lílian afirma confiante.

Para o jovem, sua adaptação no Brasil foi fácil porque ele já tinha familiares aqui. “Tinha meus tios e primos, aí os amigos dos meus primos viraram meus amigos. Fui convivendo com as pessoas e agora estou 100% acostumado”.

“Eu não gosto muito de pensar no futuro, porque, como lá na Síria a gente vivia num contexto de guerra, aprendemos a viver um dia de cada vez. (...) Não gosto muito de planejar pra longe”, reflete Nassim e completa: “Por causa do serviço militar, mesmo que eu quisesse, eu não poderia voltar no momento. E, para ser sincero, não pretendo”. Mesmo sem ter lutado como soldado, o jovem sírio carrega feridas da guerra.

Para Nassim, o mais difícil foi aprender a língua portuguesa. Durante os primeiros quatro meses no Brasil, só se comunicava em inglês. Ele não fez nenhum curso de português, aprendeu o novo idioma no dia a dia. “Houve situações que não teve como escapar, e tive que falar português”, recorda.

O plano imediato de Nassim é se formar. Ele acredita nas oportunidades de trabalho no Brasil e nas portas que a graduação na UEG podem abrir.

Um sonho haitiano

A falta de domínio do português também foi uma barreira para Lílian. No início, a jovem teve que aprender a língua sozinha. “Depois fiquei sabendo, pela minha tia, do curso Português para Estrangeiros da UEG. Fui lá me matricular e então soube do Vestibular Especial”, conta.

– Vamos experimentar comigo o hino nacional do Haiti. A turma toda fica de pé, e, orgulhoso, o jovem haitiano entoa um trecho do canto. Arquivo pessoal

Idealizado a partir do interesse da UEG em proteger os direitos humanos, em atender as comunidades de refugiados existentes na região de abrangência da Universidade e em promover a interação cultural no ambiente acadêmico, o Programa oferece gratuitamente o Processo Seletivo Especial e o curso Português para Estrangeiros.

e portadores de visto humanitário. “Um dia eu estava entrando no meu trabalho, e a recepcionista me mostrou uma publicação no site da UEG sobre o Vestibular Especial”, relata.

Agora Lílian é estudante do 2° período do curso de Letras do Câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas (CCSEH) e não só tem aprendido, como também, ensinado. No primeiro semestre de 2017, ministrou aulas de inglês no Centro de Idiomas da UEG. Neste, está dando aulas de árabe e trabalhando como secretária no Programa. “A experiência no curso de Letras é muito boa, eu estou gostando. O Centro de Arquivo pessoal

A Universidade Estadual de Goiás (UEG) desenvolve, desde 2015, o Programa de Acesso à Educação Superior para refugiados e portadores de visto humanitário.

Ezechiel D’or durante sua aula magna sobre a cultura haitiana.

Foi assim que Ezechiel D’or iniciou sua aula magna na disciplina de Psicologia dsa Organizações, da turma do 2º período do curso de Administração do Câmpus Aparecida de Goiânia.

Lílian ministra aulas de árabe no Centro de Idiomas da UEG.

A proposta do dia foi realizar uma troca cultural, de experiências e de informações sobre o Haiti, também sobre Goiás, estado que Ezechiel escolheu para viver.

Um dia por vez

Um amigo que morava em Goiás há um tempo lhe falou das oportunidades que teria se viesse para o País. Ezechiel conseguiu o visto humanitário para o Brasil, comprou a passagem aérea e desembarcou aqui em junho de 2016, trazendo muitos sonhos na bagagem.

A mãe e o pai dos irmãos Moussa ainda estão na Síria. Eles moram em uma cidade pequena, perto da fronteira com o Líbano, numa área que não oferece perigo. “O efeito da guerra lá é a questão financeira”, destaca Nassim.

“Eu tenho grandes objetivos e, para poder realizálos, tive que procurar um lugar mais tranquilo, que oferecesse mais oportunidades. Eu deixei meu país para viver, estudar e trabalhar aqui em Goiás”.

Idiomas agora é como minha segunda casa”.


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Anápolis, Anápolis, outubro-novembro outubro-novembro de de 2017 2017

Para a professora Rosane Maria de Castilho, é preciso corrigir a ideia de o Brasil ser apenas uma nação generosa e acolhedora. Para ela, o País tem muita sorte de refugiar pessoas com tanto a oferecer, com tanto capital cultural, que pode ser agregado ao nosso.

Segundo Marcus Vinicius Ribeiro, professor do curso de História do Câmpus Quirinópolis, as universidades públicas brasileiras e a UEG têm papel fundamental na recepção, estabilização e integração dos sujeitos refugiados no Brasil. Isso vai além da prestação do serviço humanitário, ainda que esse aspecto seja central.

“São muito mais do que vítimas. São sujeitos que possuem conhecimentos em diversas áreas e que podem contribuir para o progresso de nossa economia, mesmo em tempos de crise”, endossa Marcus Vinicius.

“O desafio é conectar as experiências dos refugiados com os aspectos formativos que delimitam a prestação de serviços que a Universidade pode e deve devolver à comunidade”, pontua o professor.

Integração Com pouco mais de um ano no Brasil, Ezechiel ainda não é fluente em português, mas conta com a ajuda dos colegas do curso para superar esse obstáculo.

Arquivo pessoal

O primeiro plano de Ezechiel, ao chegar ao Brasil, foi estudar. Assim, quando soube do Vestibular Especial da UEG pelo noticiário de televisão e, com a ajuda da comunidade haitiana de sua igreja, descobriu como funcionava, logo se inscreveu. Por quase não conhecer a língua, passar no vestibular não foi tarefa fácil.

Papel fundamental das universidades

Arquivo pessoal

Ezechiel veio sozinho, sem conhecer nada, sem saber português e foi aprendendo tudo de maneira autodidata. E faz questão de destacar que quem tem vontade de fazer alguma coisa sempre procura um jeito, não importam as dificuldades. “Eu procurei um jeito e passei no vestibular!”.

– Pode me corrigir, gente, se eu falar a palavra errada. Assim, eu aprendo – Ezechiel notifica a turma durante a conversa na aula magna. E, entre risos, exclamações e perguntas, o jovem apresenta a política, a culinária, as danças típicas, o clima e as línguas do Haiti, sempre convidando os colegas a experimentar sua cultura, por meio de seu relato e das imagens projetadas na parede da sala. Ele também fala da pobreza e dos desastres naturais que assolam o país. “Eu era sozinho, o único estrangeiro, mas consegui entrosar bem com meus colegas de sala. Também obtive o apoio da direção da Universidade e dos professores, enfim, da família UEG”, afirma Ezechiel, com sentimento de gratidão. “Tem sido uma experiência muito boa. O Ezechiel já está ensinando palavras em francês e em crioulo haitiano pra gente, trocando saberes e enriquecendo o nosso vocabulário”, conclui Rosane Maria de Castilho, professora da disciplina Psicologia das Organizações. Ezechiel é artista plástico, mas hoje trabalha com impressão numa fábrica de embalagens plásticas em Goiânia. O sonho dele é se formar em Administração, capacitar-se e voltar ao Haiti para ajudar o seu povo, que tem sofrido muito. Segundo ele, o país tem padecido pela falta de conhecimento em gestão por parte daqueles que ocupam cargos administrativos. “Mas eu quero mudar isso. Lá no Haiti, a gente acredita muito nas pessoas que têm alguma formação no exterior. Chegando ao Haiti, eu vou ter outro valor, vou levar experiências culturais, sociais e intelectuais para poder ajudar meu povo”, assegura.

O sonho de Ezechiel é ajudar o seu povo com o conhecimento adquirido no curso de Administração

Os irmãos sírios Nassim e Lílian Moussa

Haiti

Síria

De 2010 – ano em que o Haiti foi devastado por um terremoto – a 2016, 49.882 haitianos solicitaram refúgio no Brasil. Em 2015, o governo brasileiro concedeu residência permanente a 43.781 haitianos. Fonte: Polícia Federal e Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), 2016.

A Síria, por causa da guerra civil iniciada em 2011 no contexto da Primavera Árabe, agravada pela atuação do grupo extremista Estado Islâmico, é o local de origem da maior parte dos refugiados do mundo – 5,5 milhões. Fonte: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur|ONU), 2016.


UEG EM CONTEXTO

Prêmio pela paz no trânsito Programa Educando e Valorizando a Vida, da UEG, incentiva estudantes de escolas públicas a debaterem o trânsito, por meio de concurso cultural Por Fernando Matos

Focar nas gerações mais jovens e garantir um trânsito mais humano e seguro é o propósito de projetos de educação para o trânsito promovidos pelo Programa Educando e Valorizando a Vida da Universidade Estadual de Goiás (EVV|UEG), em parceria com o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran). Um desses projetos, desenvolvido com o apoio da Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Esportes (Seduce), foi o 1º Prêmio da Semana Nacional de Trânsito.

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Com o tema Minha Escolha Faz a Diferença, o Prêmio foi voltado para estudantes dos ensinos fundamental e médio de Goiânia e da Região Metropolitana, com o objetivo de despertar nos futuros motoristas as noções de responsabilidade e cidadania no trânsito, e premiou os ganhadores nas categorias Crônica, Desenho Livre, História em Quadrinhos, Redação e Escola Cidadã. “Nossa meta é fazer com que essa geração se torne cidadãos mais responsáveis no trânsito”, justifica Hugo Paraguassu Serradourada, coordenador geral do EVV. Ele enxerga a educação como uma ferramenta eficaz para a mudança de postura frente aos números alarmantes do trânsito. Segundo dados oficiais, o Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) pagou 42.500 indenizações por morte e amparou mais de 500 mil vítimas de invalidez no trânsito no ano de 2015. Tais números colocam o País em quarto lugar no ranking mundial de mortes no trânsito. “São números de uma problemática coletiva que não pode ser ignorada”, avalia Odália Bispo, coordenadora pedagógica do EVV e responsável pelo concurso. “Isso se reflete no trabalho desenvolvido e pode ser medido pelos relatórios da categoria Escola Cidadã”, avalia.

Adesão significativa Apesar de 2017 ser oficialmente o ano da primeira edição, o concurso já é realizado há sete anos. No entanto, nos anos anteriores, era voltado apenas para escolas da rede pública de Goiânia. Com a ampliação, o número de participantes deu um salto. “Nós tivemos uma adesão significativa de escolas municipais e estaduais de 18 municípios”, afirma Odália. Foram mais de 1.200 inscrições. Um dos trabalhos inscritos é o de João Vitor Oliveira Florentino Ângelo, 16 anos, estudante do 1º ano do ensino médio do Colégio Estadual da Polícia Militar Arlindo Costa, em Anápolis, e autor da crônica vencedora, inspirada no Sermão da Planície, de Carlos Drummond de Andrade. “A professora estava trabalhando crônica com a turma. Um dia antes de a professora falar sobre o tema do trânsito, ela nos apresentou o Sermão da Planície, de Carlos Drummond de Andrade. Resolvi fazer uma mistura entre o Sermão da Planície com o trânsito”, explica o estudante, que já havia assistido à palestra O que é educação para o trânsito: como aplicá-la de verdade.

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Anápolis, outubro-novembro de 2017

Fragmento do trabalho vencedor da categoria Desenho Livre, de autoria do estudante José Felipe Santos, de 10 anos, aluno do 4º ano da Escola Estadual João Lobo Filho, em Inhumas

“Bem-aventurados os que não furam o sinal vermelho, pois não provocarão colisões e nem receberão multas para pagar. Bem-aventurados os que vão para balada e não voltam dirigindo alcoolizados, porque esses não colocarão a própria vida e a vida de outros em risco. Bemaventurados os que fazem revisão periódica em seus carros, esses diminuirão os riscos de acidentes. Bemaventurados os que não estacionam na faixa de pedestres e os que respeitam quando o pedestre quer passar” Trecho da crônica Por Causa de Drummond, de João Vitor Oliveira Florentino Ângelo

Protagonismo juvenil

A professora, que é estudante de pós-graduação na Universidade Estadual de Goiás (UEG), explica que a participação em uma ação como essa traz benefícios para todos, o que justifica o empenho da comunidade escolar no processo. “Fizemos palestras, seminários, charges, cartoons. Verdadeiramente, discutimos a importância de uma escolha no trânsito. A escola toda se mobilizou. Sinto-me motivada a colaborar com novas produções e feliz em saber que os alunos podem contribuir para a construção de um trânsito mais seguro e exercer o seu protagonismo juvenil”, analisa.

Maria José da Silva Paiva, professora que orientou João e outros alunos em seus trabalhos, explica que a participação da escola no Prêmio foi pano de fundo para uma atuação muito mais ampla. “Assim que recebemos o edital do concurso, começamos a trabalhar o tema, por sua relevância e importância. Não nos limitamos aos gêneros do edital e nem só ao Prêmio”, relata.

Para Hugo Paraguassu, a expressiva participação de crianças e jovens de escolas públicas revela a importância do Prêmio e a necessidade de que essa discussão seja cada vez mais presente no cotidiano escolar. “Além disso, esse é um trabalho em que o engajamento da UEG foi muito importante e mostra que ela está cumprindo o seu propósito, que é formar cidadãos e mudar a realidade”, declara.


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GESTÃO

Anápolis, outubro-novembro outubro-novembro de de 2017 2017 Anápolis,

Em busca do fortalecimento regional

Professor Haroldo Reimer, reitor da UEG, durante reunião com a bancada federal de Goiás, na Câmara dos Deputados, em Brasília

UEG pleiteia, com a bancada federal goiana, emenda parlamentar que garanta R$ 100 milhões para educação superior e desenvolvimento científico e tecnológico Por Núbia Rodrigues Um conjunto de equipamentos para a implantação de uma TV Educativa, um laboratório móvel, materiais de construção para um Centro de Inovação Tecnológica. O que tudo isso pode ter em comum? Todas são ações previstas no Projeto de Fortalecimento e Qualificação da Presença Regional da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Pró-Infra UEG, na aquisição de veículos, equipamentos e na construção de 34 obras, distribuídas em 25 câmpus. Serão construídas bibliotecas, prédios de aulas, laboratórios, quadras poliesportivas, entre outros. Além disso, o projeto prevê a aquisição de equipamentos e recursos logísticos que auxiliarão nas atividades de ensino, pesquisa e extensão nos 41 câmpus.

O projeto tem como objetivo fortalecer o alcance da educação superior e do desenvolvimento científico e tecnológico nos municípios goianos. Para isso, a UEG, por meio do reitor Haroldo Reimer, tem pleiteado, com a bancada parlamentar federal goiana, a propositura de uma emenda parlamentar impositiva, ou seja, com execução obrigatória, que garanta à Universidade os recursos necessários para que o projeto seja desenvolvido em toda a sua amplitude.

De acordo com a gerente de Convênios da UEG, Neusa Ravaroto, o Inova Câmpus investirá R$ 4 milhões na estruturação do Centro de Empreendedorismo, Tecnologia e Inovação da UEG. “Com a iniciativa, a Universidade estimulará o ambiente de inovação regional e empreendedorismo inovador em Goiás, potencializando pesquisas, novas tecnologias e a transferência de conhecimento técnico-científico para o desenvolvimento do Estado”, destaca Neusa. Entre outras ações, o Inova Câmpus integrará a Agência de Inovação e Transferência de Tecnologia da Universidade, o Programa de Incubadoras, o Núcleo de Empresas Juniores e o Clube de Empreendedorismo.

“Esperamos conseguir cerca de R$ 100 milhões para executarmos as quatro frentes do projeto”, destaca o reitor. O projeto é dividido em ações específicas: Pró-Infra UEG, Inova Câmpus, Pró-Lab Multi e UEG Conectada. “Nossa gestão tem se unido à bancada federal goiana, a fim de alcançar essa emenda. Neste ano, visitei, individualmente, quase todos os parlamentares mais de uma vez. As expectativas são boas e, caso a emenda não seja aprovada para o orçamento de 2018, será a primeira da fila para o orçamento de 2019”, destaca. Desde 2012, graças aos esforços demandados na busca de outros recursos financeiros, além dos estaduais, para a aplicação na Universidade, já foram recebidos mais de R$ 5 milhões em emendas individuais dos parlamentares. Os valores foram aplicados a diversas áreas, como infraestrutura, transporte e tecnologia.

Ações dos projetos Para a elaboração do projeto, foram consideradas as principais demandas e potencialidades de cada um dos câmpus da Instituição. As áreas priorizadas são as de infraestrutura, laboratórios e equipamentos para apoio e incentivo às atividades acadêmicas, inovação, tecnologia da informação e comunicação. Dos R$ 100 milhões pleiteados, mais de R$ 73 milhões serão investidos no

o Estado, devem ser estimuladas políticas públicas para a superação de assimetrias historicamente construídas. O objetivo principal do Pró-Lab Multi é investir cerca de R$ 12 milhões na estruturação de Laboratórios de Pesquisa Multiusuários em todos os câmpus da UEG. Além disso, serão adquiridos equipamentos de pesquisas aplicadas às áreas de medicina, enfermagem, fisioterapia e medicina veterinária, de acordo com as demandas dos programas de pós-graduação stricto sensu da Universidade. Já o UEG Conectada prevê o investimento de R$ 10 milhões em Tecnologia da Informação e Comunicação. As aquisições compreendem soluções de armazenamento e gerenciamento de dados e equipamentos para educação a distância, estúdios, salas de videoconferências, biblioteca digital, entre outros. A iniciativa modernizará e dará suporte à presença remota ou semipresencial das atividades de ensino, pesquisa e extensão da UEG em todos os municípios de Goiás.

Interiorização da pesquisa “O Pró-Lab Multi será a maior estratégia de estímulo à interiorização da pesquisa e da pós-graduação da UEG em escala, no interior de Goiás”, explica o reitor Haroldo Reimer. Ele destaca que, para existir um desenvolvimento mais ou menos equilibrado em todo

9 Inova Câmpus UEG Conectada R$ 10 milhões em Tecnologia da Informação e Comunicação

O PROJETO O Projeto de Fortalecimento e Qualificação da Presença Regional da Universidade Estadual de Goiás (UEG) é divivido em quatro áreas: Pró-Infra UEG, Inova Câmpus, Pró-Lab Multi e UEG Conectada. Após a aprovação da emenda parlamentar, os recursos serão divididos em cada área, da seguinte forma:

Pró-Infra UEG R$ 73 milhões na aquisição de veículos, equipamentos e na construção de 34 obras, distribuídas em 25 câmpus

Pró-Lab Multi R$ 12 milhões em estruturação de Laboratórios de Pesquisa Multiusuários em todos os câmpus

R$ 4 milhões em estruturação do Centro de Empreendedorismo, Tecnologia e Inovação


jornal UEG

UNIVERSIDADE

EM MOSAICO

Anápolis, outubro-novembro de 2017

Em Pirenópolis, a ciência que transforma

4º Cepe estimula a comunidade universitária a refletir sobre formas de transformar a sociedade a partir da inclusão, da formação e da produção de conhecimento Por Adriana Rodrigues Inserida no rol de Instituições de Ensino Superior (IES) que participam da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a Universidade Estadual de Goiás (UEG) realizou, entre os dias 18 e 20 de outubro, em Pirenópolis, o 4º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe). O evento contou com a participação de aproximadamente 2 mil pessoas, sendo 1.188 bolsistas, e com a apresentação de 1.200 trabalhos. Com o tema Inclusão, formação e produção de conhecimento: como você transforma o mundo?, a proposta do Congresso foi discutir a inserção da UEG, enquanto universidade pública, no cenário estadual e nacional, bem como seu compromisso de promover ensino, pesquisa e extensão de qualidade e, assim, impactar vidas e transformar realidades.

Sobre como transformar Para a professora Regina Henriques, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), se quisermos mudar a realidade a partir da universidade, é preciso pensar uma nova concepção de extensão e de articulação com outros setores da sociedade. É importante, ainda, “lutar pelos recursos que garanta a qualidade das ações”, acentuou a professora em sua participação na mesa redonda de abertura do 4º Cepe, defendendo a educação superior pública.

de 2016 para 2017, houve um aumento significativo de bolsistas, tanto de iniciação científica quanto de iniciação à docência, o que, segundo ela, “mostra que a Universidade está investindo em bolsas, no fomento da produção científica e na construção do conhecimento”. Para a professora Maria Olinda Barreto, pró-reitora de Graduação, o 4º Cepe foi bastante produtivo e se consolidou como evento referencial da UEG. “Os objetivos foram plenamente alcançados. Estamos satisfeitos com o envolvimento e a presença significativa dos professores orientadores que acompanharam a apresentação de trabalhos de seus alunos”.

Centro de convivência Outro cenário que marcou o Congresso foi o centro de convivência, que, segundo a professora Ana Paula da Costa de Oliveira, foi elaborado para ser espaço de cultura, entretenimento e sustentabilidade e um local favorável à interação. O ambiente foi montado com materiais reciclados, retalhos de tecidos e lonas de painéis e, ao final do evento, todo o material foi transformado em novos produtos.

Aquilo que não pôde ser aproveitado foi levado para catadores de recicláveis. Além da praça de alimentação, o centro de convivência contou com uma área de jogos, uma estação de carregamento de celulares, um totem fotográfico, um simulador de direção veicular e um espaço para roda de conversa, oficinas e o estúdio móvel da Rádio UEG Educativa, que foi lançada no evento. As Pró-Reitorias de Graduação (PrG), de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis (PrE) e de Pesquisa e Pós-Graduação (PrP) desenvolveram oito oficinas, que abordaram temas como fotografia, o corpo e a mente, sistema de informação geográfica, além de trabalhar a confecção de instrumentos musicais, entre outros. O centro de convivência também foi palco para a Feira de Experiências, onde professores, alunos e servidores expuseram suas ações e projetos que modificam o mundo. Durante o Congresso, os estudantes também puderam fazer minicursos e participar de palestras.

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Por fim, a professora chamou a atenção para a ruptura dos muros que cercam a ciência dentro da universidade e impedem o seu impacto na sociedade. “É preciso deixar o pensamento egocêntrico e isolacionista que a universidade ainda tem e pensar de forma mais coletiva”.

Futuro docente

Foto: Adriana Rodrigues

Além disso, de acordo com Regina Henriques, os pilares do ensino, pesquisa e extensão devem se apoiar mutuamente para que, de fato, a formação e o conhecimento transformem não apenas a vida dos estudantes, mas também as comunidades onde eles vão atuar como profissionais.

Mobilização Nacional no Dia C da Ciência

Foi a terceira vez que Lauro Bian, bolsista de monitoria do curso de Geografia do Câmpus Morrinhos, participou do Cepe. Para ele, um dos pontos mais interessantes do evento foi o tema Como você transforma o mundo. “É algo que nos leva a pensar sobre as questões sociais, sobre as questões do meio ambiente e sobre meu papel, enquanto futuro docente, na nossa sociedade”.

Outro evento integrante da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que a Universidade Estadual de Goiás ajudou a promover no Estado, foi o Dia C da Ciência. Realizado em todo o País, no dia 25 de outubro, essa mobilização teve como objetivo divulgar a produção científica e seu impacto na sociedade.

O estudante também observou como positivo o método de avaliação dos trabalhos científicos. “Este ano, os avaliadores trouxeram uma forma diferente de fazer questionamentos sobre os trabalhos. Percebi que houve uma interação maior entre os apresentadores e os avaliadores”.

A UEG marcou presença em duas atividades do evento. O primeiro momento foi a abertura oficial do Dia C, em que a Universidade e outras Instituições de Ensino Superior participaram de audiência pública na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em Goiânia.

Thamilis Tatylla Avelino, bolsista de iniciação científica no curso de Letras do Câmpus Formosa, notou que,

À tarde, a UEG promoveu, no Parque Ambiental Ipiranga, em Anápolis, uma exposição de trabalhos científicos e pesquisas desenvolvidos na Instituição. Na oportunidade, Divina Aparecida Leonel Lunas, professora e assessora da PrP, lembrouse da série de cortes de recursos públicos destinados à ciência e tecnologia no País e advertiu que “a ideia equivocada de que ciência é gasto precisa ser combatida. A ciência altera os rumos de uma sociedade. Ciência é investimento!”.


jornal UEG Anápolis, outubro-novembro de 2017

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jornal UEG

UEG EM FOCO

Anápolis, outubro-novembro de 2017

Por José Carlos Araújo

Campanha solidária Campanha realizada de 30 de setembro a 21 de outubro, em Planaltina de Goiás, por estudantes do curso de Pedagogia Modular da Universidade Estadual de Goiás (UEG), arrecadou 25 cestas básicas, com 17 kg cada uma. As cestas, que totalizaram 425 kg de alimentos, foram doadas para famílias carentes do município. A ação foi coordenada pelas professoras Tatiane Araújo de Melo, também coordenadora do curso, Andréa Pereira Alves, secretária acadêmica, e Célia Pires Moreira, que ministra a disciplina Sociologia da Educação.

Curso pioneiro em braile O Câmpus de Ciências Exatas e Tecnológicas Henrique Santillo, em Anápolis, formou sua primeira turma em braile, no fim de setembro. As aulas foram ministradas pela voluntária Renata Vieira Pires, que é pedagoga e deficiente visual. Fabiana Maria da Silva, estudante do quarto ano de Pedagogia e também deficiente visual, gostou muito do curso. “Sinto que fez uma grande diferença na minha vida”, disse. De acordo com a coordenadora do Núcleo de Orientação ao Discente, Sandra Valéria de Paula Bento, as expectativas foram superadas. Ela fez questão de elogiar o empenho e o comprometimento da professora Renata e dos participantes, e previu nova turma para 2018.

Rádio UEG no ciberespaço

Professora da USP no 4º Selt

Está no ar a Web Rádio UEG Educativa, lançada em outubro, no Câmpus Pirenópolis, durante o 4º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Estadual de Goiás (Cepe|UEG). O canal está ancorado no Laboratório de Pesquisas Criativas e Inovação (CriaUEG), sediado no Câmpus Goiânia Laranjeiras. O objetivo é ser mais um importante canal de comunicação entre a Universidade e seus públicos, particularmente estudantes e candidatos às vagas nos cursos de graduação e pós-graduação. Confira a programação em www.radio.ueg.br/.

A professora Walkyria Maria Monte Mor, da Universidade de São Paulo (USP), foi a conferencista de abertura do 4º Seminário de Educação, Linguagem e Tecnologias (Selt), realizado no Câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas da UEG, em Anápolis. Com o tema Letramentos, línguas e linguagens: o papel da formação crítica, o seminário foi realizado de 26 a 28 de setembro e contou ainda com mesas-redondas, minicursos e grupos temáticos. O Selt é iniciativa do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Educação, Linguagem e Tecnologias (PPG-Ielt) e dos Cursos de Letras e Pedagogia do Câmpus Anápolis de Ciências Socioeconômicas e Humanas (CCSEH) da UEG.

Palestra em João Pessoa 12

A professora do curso de Arquitetura e Urbanismo do Câmpus Henrique Santillo Anelizabete Alves Teixeira ministrou palestra no 2º Workshop de Engenharia Civil do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), no dia 16 de outubro, na capital paraibana. Ela falou sobre uso de materiais sustentáveis na construção, com ênfase na utilização dos bambus na arquitetura, para cerca de 1.100 pessoas. “É extremamente gratificante saber que nossas pesquisas estão sendo divulgadas e disseminadas na academia e no meio técnico”, avaliou a professora ao destacar que o bambu é conhecido como a madeira do futuro.

Professores homenageados Os docentes da Universidade Estadual de Goiás (UEG) Sebastião Rafael Gontijo e Valtuir Moreira da Silva foram homenageados na sessão solene pelo Dia do Professor, realizada na Assembleia Legislativa, em Goiânia. A exemplo dos demais, Sebastião e Valtuir – ao centro na foto com a deputada estadual Adriana Accorsi, que propôs e presidiu a sessão, com o deputado federal Rubens Otoni – receberam certificados em reconhecimento à dedicação ao ensino. “Foi uma honra representar a UEG entre tantos professores do Estado”, agradeceu Valtuir, que é docente de História e diretor do Câmpus Itapuranga. Sebastião Gontijo é professor de Letras no mesmo câmpus.


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