Leituras Diárias das Crônicas de Nárnia

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Editado por Julia L. Roller

Traduzido por

Gabriele Greggersen


LEITURAS DIÁRIAS DAS CRÔNICAS DE NÁRNIA – UM ANO COM ASLAM Categoria: Devocional / Espiritualidade / Ficção

Copyright © C. S. Lewis Pte Ltd 2010 Título original em inglês: A Year with Aslan Publicado em português sob licença de C. S. Lewis Company Ltd. As Crônicas de Nárnia®, Nárnia® e todos os títulos dos livros, personagens e lugares originais de Crônicas de Nárnia são marcas registradas de CS Lewis Pte Ltd e o seu uso é expressamente proibido sem autorização. Primeira edição: Outubro de 2016 Coordenação editorial: Bernadete Ribeiro Tradução: Gabriele Greggersen Revisão: Lilian Rodrigues Diagramação: Bruno Menezes Capa: Ana Cláudia Nunes Ilustração: James Andrew Gilbert

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Lewis, C. S., 1898-1963. Leituras diárias das crônicas de Nárnia : um ano com Aslam / C. S. Lewis ; editado por Julia L. Roller ; traduzido por Gabriele Greggersen. — Viçosa, MG : Ultimato, 2016. Título original: A year with Aslan ISBN 978-85-7779-156-9 1. Conduta de vida - Citações, máximas etc. 2. Lewis, C. S. (Clive Staples), 1898-1963 - Calendários 3. Lewis, C. S. (Clive Staples), 1898-1963 - Citações 4. Lewis, C. S. (Clive Staples), 1898-1963. Crônicas de Nárnia I. Roller, Julia L.. II. Título. 16-07057

CDD - 823.912

Índices para catálogo sistemático: 1. Autores ingleses : Biografia 823.912

Publicado no Brasil com autorização e com todos os direitos reservados Editora Ultimato Ltda Caixa Postal 43 36570-000 Viçosa, MG Telefone: 31 3611-8500 Fax: 31 3891-1557 www.ultimato.com.br


Sumรกrio AB Prefรกcio

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Janeiro

9

Fevereiro

49

Marรงo

85

Abril

125

Maio

159

Junho

203

Julho

243

Agosto

283

Setembro

323

Outubro

367

Novembro

407

Dezembro

445



Prefácio

Há livros que são divertidos de ler. Mais raros são aqueles que continuamos a ler com prazer na segunda leitura. Depois há aquela espécie rarefeita de livros que lemos e lemos repetidas vezes sem nunca parar de ler. Na verdade há aqueles entre nós que nunca de fato saem da história. Eles se fundem à geografia das nossas almas, tornando-se pontos de referência de acordo com os quais mapeamos e orientamos nossas vidas. Pelo menos essa tem sido a minha experiência com os livros de Nárnia. Ao contrário da maioria das pessoas, não pude usufruir deles na idade adequada para começar e só os descobri no ensino superior. Foi lá que o ciclo de leituras começou. Fui especialmente compensado pelo fato de ter duas filhas que suplicavam todas as noites que eu lesse os livros para elas. “Bem, já que insistem”. E desde então e para todo o sempre, sem que ninguém me peça, vejo Eustáquio lutando com as suas escamas de dragão, Digory dilacerando-se entre a obediência a Aslam e a salvação de sua mãe; Lúcia controlando-se para seguir em frente com o grupo, mesmo depois de ter visto Aslam; Edmundo encarando o vexame depois de ter sido


resgatado das garras da Feiticeira Branca; ou Tirian e Precioso subindo a montanha de Aslam a toda e às gargalhadas, enquanto os anões achavam que estavam numa cabana escura. O livro em suas mãos foi escrito para pessoas que sofrem desse tipo de neurose. Cada dia do ano traz um episódio de algum lugar das sete crônicas, uma história ou cena isolada capaz de trazer não apenas prazer, mas também inspiração, uma oportunidade para refletir e aprofundar a experiência de desfrutar dessa paisagem cheia de encanto (com questões, ao final de cada texto, selecionadas para aqueles que apreciam um empurrãozinho para a reflexão). A tradição na qual eu fui educado incentivava o exercício espiritual diário da reflexão a partir da leitura, e éramos muitas vezes advertidos sobre os motivos por que deveríamos querer sinceramente superar a resistência natural contra essa prática vital. (Em outras palavras, esse era o equivalente espiritual de “coma os seus legumes”.) Entretanto, isso me fez levantar a pergunta inesperada: “E se eu acabar gostando da coisa?”. Essa é precisamente a lógica e o propósito deste livro. Temos que abrir um espaço aqui para agradecer a Julia Roller, que fez a seleção das leituras e formulou as questões; a Cynthia DiTiberio, a editora da HarperOne que encabeçou o projeto, da mesma forma que Drinian capitaneou o Peregrino da Alvorada; e, finalmente, a C. S. Lewis Company, que graciosamente nos deu a permissão de concretizar esse projeto. E, agora, convido a todos: “Mais para cima e mais para dentro!”. Michael G. Maudlin

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janeiro



1 de janeiro

AB

A criação de Nárnia Lá ao longe, perto da linha do horizonte, o céu começou a acinzentar.

Uma brisa muito leve e fresca começou a soprar. O céu, naquele ponto exato, tornava-se lento e gradualmente mais pálido. Já se viam formas de colinas recortadas contra ele. E a Voz continuava a cantar...

O céu oriental passou de acinzentado para rosa, e de rosa para dourado.

A Voz foi ficando mais alta, até que todo o ar estava vibrando ao seu som.

E, quando atingiu o mais potente e glorioso som que já havia produzido, o sol nasceu.

Digory nunca havia visto um sol assim. Os sóis no alto das ruínas de

Charn pareciam mais velhos do que o nosso: esse parecia mais jovem. Tinha-se a impressão de que ele ria de alegria enquanto ia subindo. E, à medida que os seus raios invadiam o campo, os viajantes puderam ver pela

primeira vez em que tipo de lugar se encontravam. Tratava-se de um vale

por onde serpenteava um grande e caudaloso rio, que corria para o leste, na direção do sol. Ao norte, colinas suaves; ao sul, montanhas altas. Mas era um vale apenas de terra, rocha e água; não havia uma única árvore, arbusto ou folhinha de capim.

A terra tinha muitas cores – cores novas, quentes e brilhantes, que

faziam a gente exaltar... Isso enquanto o próprio Cantor não entrasse em

foco. Aí, todo o resto seria esquecido.

Era um leão, enorme, peludo e radiante. Lá estava ele, ereto, encaran-

do o sol nascente. Sua bocarra estava bem aberta para cantar e estava a menos de trezentos metros de distância.

— O Sobrinho do Mago

Como você imagina que deve ser a experiência de presenciar uma cena como essa que Digory e Polly encararam? Você já presenciou uma cena tão maravilhosa que era difícil de acreditar? Como você reagiu?

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2 de janeiro

AB

Seu próprio país secreto A nossa história começa numa tarde em que Edmundo e Lúcia aproveitavam alguns minutos preciosos na companhia um do outro. É claro que eles falavam sobre Nárnia, que era o nome do seu país secreto. Penso que muitos de nós tenham um país secreto, mas para a maioria trata-se apenas de um país imaginário. Edmundo e Lúcia tinham bem mais sorte quanto a isso do que outros. O seu país secreto era real. Eles já o haviam visitado duas vezes; não de brincadeira ou em sonho, mas de verdade. É claro que eles foram parar lá por magia, que é o único meio de se chegar a Nárnia. E lá tinham recebido uma promessa, ou algo muito próximo disso, de que voltariam algum dia. Então você pode imaginar que eles falavam sobre isso sempre que tinham oportunidade. — A Viagem do Peregrino da Alvorada

O que significa para você ter um lugar com o qual sonha, seja ele real ou imaginário? Você foi capaz de preservar esse senso imaginativo e esse tipo de sonho mesmo na vida adulta?

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3 de janeiro

AB

Por dentro do guarda-roupa E, pouco depois disso, eles entraram num recinto que estava vazio, exceto por um imenso guarda-roupa, aqueles que têm um espelho na porta.

Não havia nada mais na sala além de uma mosca morta no peitoril da janela.

– Nada por aqui! – disse Pedro, e todos trotaram para fora de novo – to-

dos menos Lúcia. Ficou para trás, pois para ela valia a pena experimentar abrir a porta do guarda-roupa, por mais que suspeitasse que ela estivesse

trancada. Para a sua surpresa, abriu fácil, deixando cair duas bolinhas de naftalina.

Quando olhou para dentro, viu um monte de casacos dependurados –

a maioria sobretudos longos de pele animal. Não havia nada que Lúcia gostasse mais do que o cheiro e contato com peles de animais. Ela entrou

imediatamente e se meteu entre os casacos roçando o rosto neles. É claro que deixou a porta do guarda-roupa aberta: sabia muito bem que seria uma tolice trancar-se dentro de um guarda-roupa. Logo ela penetrou mais

fundo e descobriu que havia uma segunda fila de casacos pendurados por trás da primeira. Estava quase escuro lá dentro e ela manteve os braços estendidos na sua frente para não dar de cara com o fundo do guarda-roupa.

Deu mais uns passos, esperando sempre tocar no fundo com as pontas dos dedos. Mas nada encontrava.

“Esse guarda-roupa deve ser simplesmente enorme”, pensou Lúcia con-

tinuando a entrar e afastando os casacos para passar. Então ela percebeu

que estava pisando em qualquer coisa que se desfazia debaixo de seus pés e fazia um barulho característico. “Seriam mais bolinhas de naftalina?”,

pensou, abaixando-se para examinar com as mãos. Mas, ao invés de sentir

o fundo liso e duro do guarda-roupa, deu com algo macio e gelado, que

se esfarelava nos dedos. “É muito estranho”, pensou, e deu mais um ou dois passos.

No momento seguinte, ela se deu conta de que o seu rosto e as mãos

não estavam mais roçando as peles macias, mas algo duro, áspero e que a espetava.

– Ora essa! Parecem ramos de árvores! – exclamou Lúcia.

E então viu que havia uma luz em frente, não a dois palmos do nariz,

onde deveria estar o fundo do guarda-roupa, mas lá ao longe. Alguma coisa gelada e macia caía em cima dela. Um minuto depois, percebeu que 13


estava no meio de uma floresta, à noite, e que havia neve sob os seus pés, enquanto flocos de neve caíam sobre ela.

Lúcia estava um pouco assustada, mas ao mesmo tempo entusiasmada e

cheia de curiosidade. Olhando para trás, lá no fundo, por entre os troncos sombrios das árvores, viu ainda a porta aberta do guarda-roupa e também

ainda conseguia distinguir a sala vazia de onde havia saído. (É claro que ela havia deixado a porta aberta, porque bem sabia que é uma estupidez

fechar-se num guarda-roupa.) Lá longe ainda parecia divisar a luz do dia. “Qualquer coisa, posso perfeitamente voltar”, pensou. E ela começou

a caminhar devagar sobre a neve, fazendo aquele barulho característico, na direção da luz distante.

– O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa

O que nos diz sobre Lúcia o fato de ela ter avançado sozinha para dentro do guarda-roupa e descoberto algo de tão inesperado dentro dele? Você tem esse tipo de curiosidade? Se sim, como isso afeta a sua vida? Em caso negativo, o que isso significa para a sua vida?

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4 de janeiro

AB

A sensação de encanto – Dizem que Aslam está a caminho – quem sabe ele já tenha atracado. E agora uma coisa muito curiosa aconteceu. Nenhuma das crianças

sabia mais do que você sabe sobre quem era Aslam; mas, no momento em

que o castor pronunciou essas palavras, todo mundo teve um sentimento

diferente. Quem sabe já tenha lhe acontecido em um sonho que alguém diz algo que você não entende, mas no sonho parece que tem um sentido grandioso – ou um sentido terrível, que torna todo o sonho em um pesadelo,

ou então, um sentido adorável demais para se transpor em palavras, que

torna o sonho tão lindo que você se lembra dele a vida toda e tem o desejo

de voltar a ter o sonho. Foi assim que aconteceu. Ao ouvirem o nome de Aslam, cada uma das crianças se sentiu tocada à sua maneira. Edmundo

teve uma sensação de horror misterioso. Pedro de repente se sentiu cheio

de coragem e disposto a todo tipo de aventuras. Susana sentiu como se um aroma delicioso ou um trecho de música prazerosa pairasse no ar. E Lúcia teve o sentimento que se tem quando se acorda na primeira manhã de férias ou no começo da temporada de verão.

– O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa

Quando foi a última vez que você sentiu o senso de expectativa e encanto que as crianças [menos Edmundo] sentiram ao ouvir o nome de Aslam?

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