Allen Ginsberg: poemas

Page 1

ALLEN GINSBERG

POEMAS

1


2


3


4


5


6


ALLEN GINSBERG

POEMAS Tradução: Cesar Kiraly

7


8

7faces caderno-revista de poesia


9


10


13 mais nunca é do mesmo Guilherme Gontijo Flores 19 America / 22 América 25 Song / 28 Canção 31 Hymmnn IV / 33 Hinnno IV 35 [Here I am naked without identity] / 36 [Aqui estou nu sem identidade] 37 Mescaline / 40 Mescalina 43 Magic psalm / 46 Salmo mágico 49 The reply / 51 A resposta

11

53 On Burroughs' work / 54 Sobre a obra de Burroughs 55 Scribble / 56 Garatuja 57 Tears / 58 Lágrimas 59 Fun ny death/ 60 Tida diver – morte 61 Please master / 64 Por favor mestre 69 A prophecy / 70 Uma profecia 71 On neal's ashes / 72 Sobre as cinzas 73 After thoughts / 74 Pensamentos posteriores


75 Hum Bum! / 77 Hum Bum! 79 [bony human september] / 80 [osso humano setembro] 85 Ayers rock Uluru song / 86 A rocha (Ayers) canção Uluru 87 Xmas gift / 88 Presente de Natal 89 [I shit out my hate thru my asshole] / 90 [Eu cago meu ódio pelo cu] 91 Under the world there's a lot of ass, a lot of cunt / 93 No submundo há muita bunda, e muita boceta 95 Sweet boy, gimme yr ass / 97 Menino doce, dê-me sua bunda 99 Sickness blues / 101 Blues da tristeza 103 Come all Ye Brave Boys / 105 Venham vossos moços indômitos 107 Father death blues / 109 Blues do pai Morte

12


mais nunca é do mesmo

13

ó, esse maníaco, verborrágico, místico, profético, sexólogo, sexômano, demente, dopado, veado, batido, beático, jazzístico, alucinante allen, i.e. ginsberg, i.e., poeta dos mais importantes — há quem diga, o mais importante, o maior — da poesia norte-americana da segunda metade do século XX. se foi o maior, a pergunta me parece besta, desnecessária, antiginsgergiana mesmo; mas certamente foi a figura mais influente do movimento beat nestas terras brasílicas: influenciou piva (anos 60), leminski (70), britto (80), garcia lopes (90), calixo (2000), cavalodada (2010) etc. foi traduzido & retraduzido & recriado & transcriado & muito mais, por muita gente de tantas partes. & não obstante & no entanto & contudo, há mais ginsberg ali & acolá, como há mais ginsberg nesta revista.


& em verdade, em verdade vos digo. nada mal, hein? nada mal. o velho AG, porque múltiplo em sua vida-obra, bem se merece múltiplo em outras línguas como a nossa. então não me perguntem pra que mais ginsberg? ora, porque é mais ginsberg, está dito, está claro como o sol que arrebenta as pupilas de qualquer bêbado que atravessa a noite insone em busca de alguma luz na sarjeta, nas vias mais banais do corpo, nos delírios da mente que se anunciam — talvez, & sempre & só talvez — como abertura das percepções, para então nos dar uma abertura da existência. nada de plenitude, meu amigo; nada de plenitude. pelo contrário, é ver-se inacabado, imperfeito, & frágil, num mundo muito maior do que a nossa subjetividade, mas que só pode se dar por nossas subjetividades. mas um de vocês insiste, pra quê mais ginsberg? pra quem mais ginsberg? ora, pra todos. pros poetas, é claro, que já estão lá atrás do sumo que mais importa nessa clareira da linguagem; mas é pra todos, sobretudo para os piores adictos. perdoem-me a citação longa, mas vejam o que o — ainda jovem? — allen dizia para a revista playbloy em 1968: O problema principal seria como secar os drogados que têm grana e posses. Tente tirar os homens endinheirados-cheios-depoder de seus hábitos e eles irão agir como viciados — mentirão, roubarão, gritarão, furtarão, viverão em sua casa e levarão seu último tanja tibetano para botá-lo na penhora e comprar para si mesmos um pouco mais de estados reais de percepção, vão verder o chão debaixo de pés não nascidos, cortar as florestas, destruir colinas, fazer casas-caixotes inabitáveis. Tais atos literalmente destroem o delicado equilíbrio de relações entre homem e natureza no planeta em tantos aspectos que hoje o maior problema tecnológico é uma tentativa de calcular quais foram os efeitos da nossa intrusão no planeta. Esse é um problema tão vasto, científico e viril que escaloneis a imaginação da maioria dos operadores do mundo real. Negociantes de propriedades estão presos em pequenos cantos fazendo montes, mortalmente ignorantes de como as terríveis consequências de suas plantas contaminadas afetam toda a vida ao seu redor. Estou afirmando que este planeta está no meio de uma doença provavelmente fatal; os subprodutos dessa doença incluem não somente a política da violência de construtoras de estados reais, mas chega às fantasias gigantescas da Guerra Fria — a bruxa — a caças, à paranoia racial, às projeções de ameaça e condenação. A doença terá fim com nossa destruição de nosso planeta. Todos os tipos de avisos presidenciais e de alertas científicos provenientes de relatórios de comissões, livros sobre biologia e ecologia, provarão que estamos literalmente

14


destruindo a Terra devido à aplicação da tecnologia, irresponsavelmente planejada militarmente visando o consumo, a industrialização e o desgaste de nossos recursos naturais. Temos cerca de trinta anos para fazermos algo. A doença já pode ser irreversível; Burroughs acha que sim. Trata-se de um câncer ecológico. (trad. de Eclair Antonio Almeida Filho)

15

em 68! &, fora a menção à guerra fria, não há nada que impedisse essa fala de ter sido preferia há cinco segundos atrás, por qualquer poeta minimamente atento aos problemas de agora. então ginsberg é problema de agora, sobretudo porque num trecho assim ele é capaz de sair do espaço dos vícios subjetivos & individuais (usura et avaritia, dois ódios poundianos) para assim passar aos problemas de um modo econômico contemporâneo, às questões relacionadas ao bom ou mau uso das tecnologias no presente, tudo por implicação a um espaço maior, que é o da ecologia (algo aqui me faz pensar nas três ecologias, de félix guattari). o mundo de apresenta de modo extremamente complexo, caótico mesmo; o que não implica que, para um interessado no budismo & no seu desejo de aniquilação do ego, não haja aí uma profunda demanda por responsabilidade pessoal & coletiva perante o risco de aniquilação planetária da própria espécie (ginsberg, acho, usaria o conceito de carma). & pior: não haverá solução democrática simples, nem mera derrubada dos governos atuais: Acho que não há governo legítimo na América para ser derrubado. A indústria militar já o derrubou através da violência armada. Estamos vivendo em um estado anárquico. Logo, a estrutura de poder mantida por armas não é igual à lei. (ibidem) em outras palavras, qualquer chance de mudança radical em nossa habitação do mundo se dará não pela alteração de governos, modelos, estruturas; em outras palavras, não se dará de cima pra baixo, num passe de mágica das estruturas sociais. uma mudança significativa se dará sobre nós como grupo cindido por individualidades (ilusórias ou não, tanto faz) que se situam especificamente no mundo; daí o poder talvez redentor da poesia como proposição não apenas de uma estética, mas de uma ética, de um estar no mundo. o poeta, mesmo apagado diante dos jogos de mídia contemporâneos, pode permanecer sendo uma espécie de legislador secreto do mundo (já dizia percy bysshe shelley) capaz de alterar a percepção dos outros &, por isso, capaz de sugerir de fato umbrais de um novo mundo. alguém poderia se perguntar porque fico citando apenas entrevistas, & não os poemas em si: a resposta é simples — em ginsberg temos uma vida-obra (não vida & obra, mas vida-obra, tal como augusto de campos cunhou para falar de pagu), uma fusão entre criação & biografia, entre acontecimento mundano &


literatura, entre posições políticas, ecológicas, pessoais & poesia, estética, &c. por isso mais ginsberg, sempre mais ginsberg. ele é um antídoto, ainda fraco, contra a covardia geral. não é o único, felizmente, mas é dos mais eficazes. &, de fato, sob esse viés, a nossa vida anda boa: temos traduções de poemas em uivo, kaddish e outros poemas (por claudio willer), & a queda da américa (poe paulo henriques britto), além de uma penca de traduções poéticas esparsas em diversas revistas & blogs, como “ginseng-ginsberg” (uma série de transcurtições por fabiano calixto); temos uma HQ baseada em “uivo” (ilustrada por erik drooker); temos antologias de poesia beat em que podemos ver ginsberg entre seus contemporâneos, como quingumbo (com vários tradutores) & poesia beat (por sergio cohn); temos as entrevistas de mente espontânea, entrevistas 19581996 (por eclair antonio almeida filho); temos estudos por toda parte. & ainda cabe mais. se fosse pra reclamar de alguma coisa — apenas de chatice, de ranhice, de provocação pelo quero mais, pelo queremos & devemos sempre mais — sinto que falta ampliar nossa visão de ginsberg para além dos anos 50 & 60, para vermos sua poesia dos anos 70, 80, 90 até sua morte. este também nos faz falta, com suas experiências no campo da música, musicando blake & compondo poemas para serem cantados. esta antologia organizada & traduzida por cesar kiraly abarca mais de duas décadas de poesia, de 1954 até 1976, o período mais famoso da poesia de ginsberg, o período mais radical de abertura da consciência via drogas, sexo & poesia; o período mais instigaste dos cruzamentos entre espaço público & privado, entre poesia modernista (whitman, pound, williams, etc.), romântica (blake & wordsworth) & pensamento budista, rituais indianos, xamanismo, magia branca, primeiras incursões no canto, &c. além de retraduzir alguns clássicos como “america” (ouçam a gravação do poeta ao ler este poema), “song”, “on burroughs’ work”, ele também verte pela primeira vez outras obras importantes, como “tears”, “funny death” & os poemas do livro mind breaths (que recebeu pouquíssima atenção no brasil, até agora), que nos ajudam a ter uma imagem mais completa dessa figura complexa da poesia norte-americana & aponta para o que podemos encontras nas obras dos anos 80 & 90, quem sabe “com o brilho de milhares de corpos nus entrelaçados, fazendo amor, espalhando sêmen pelos jornalistas e as câmeras de TV e uns nos outros na grama, tudo ao acompanhamento deos mangras yab-yum e artistas do rock’n’roll pelados girando entre as árvores.”

Guilherme Gontijo Flores

16


17


18


AMERICA

19

America I've given you all and now I'm nothing. America two dollars and twentyseven cents January 17, 1956. I can't stand my own mind. America when will we end the human war? Go fuck yourself with your atom bomb. I don't feel good don't bother me. I won't write my poem till I'm in my right mind. America when will you be angelic? When will you take off your clothes? When will you look at yourself through the grave? When will you be worthy of your million Trotskyites? America why are your libraries full of tears? America when will you send your eggs to India? I'm sick of your insane demands. When can I go into the supermarket and buy what I need with my good looks? America after all it is you and I who are perfect not the next world. Your machinery is too much for me. You made me want to be saint. There must be some other way to settle this argument. Burroughs is in Tangiers I don't think he'll come back it's sinister. Are you being sinister or is this some form of practical


joke? I'm trying to come to the point. I refuse to give up my obsession. America stop pushing I know what I'm doing. America the plum blossoms are falling. I haven't read the newspapers for months, everyday somebody goes on trial for murder. America I feel sentimental about the Wobblies. America I used to be a communist when I was a kid I'm not sorry. I smoke marijuana every chance I get. I sit in my house for days on end and stare at the roses in the closet. When I go to Chinatown I get drunk and never get laid. My mind is made up there's going to be trouble. You should have seen me reading Marx. My psychoanalyst thinks I'm perfectly right. I won't say the Lord's Prayer. I have mystical visions and cosmic vibrations. America I still haven't told you what you did to Uncle Max After he came over from Russia. I'm addressing you. Are you going to let your emotional life be run by Time Magazine? I'm obsessed by Time Magazine. I read it every week. Its cover stares at me every time I slink past the corner candystore. I read it in the basement of the Berkeley Public Library . It's always telling me about responsibility. Businessmen are serious. Movie producers are serious. Everybody's serious but me. It occurs to me that I am America. I am talking to myself again. Asia is rising against me. I haven't got a chinaman's chance. I'd better consider my national resources. My national resources consist of two joints of marijuana millions of genitals an unpublishable private literature that goes 1400 miles an hour and twenty-five-thousand mental institutions. I say nothing about my prisons nor the millions of underprivileged who live in my flowerpots under the light of five hundred suns. I have abolished the whorehouses of France, Tangiers is the next to go. My ambition is to be President despite the fact that

20


21

I'm a Catholic. America how can I write a holy litany is your silly mood? I will continue like Henry Ford my strophes are as individual as his automobiles more so they-re all different sexes. America I will sell you strophes $2500 apiece $500 down on your old strophe America free Tom Mooney America save the Spanish Loyalists America Sacco & Vanzetti must not die America I am the Scottsboro boys. America when I was seven momma took me to Communist Cell meetings they sold us garbanzos a handful per ticket a ticket costs a nickel and the Speeches were free everybody was angelic and sentimental about the workers it was all so sincere you have no idea what a good thing the party was in 1835 Scott Nearing was a grand old man a real mensch Mother Bloor made me cry I once saw Israel Amter plain. Everybody must have been a spy. America you don't really want to go to war. America it's them bad Russians. Them Russians them Russians and them Chinamen. And them Russians. The Russia wants to eat us alive. The Russia's power mad. She wants to take our cars from out our garages. Her wants to grab Chicago. Her needs a Red Readers' Digest. Her wants our auto plants in Siberia. Him big bureaucracy running our fillingstations. That no good. Ugh. Him make Indians learn read. Him need big black niggers. Hah. Her make us all work sixteen hours a day. Help. America this is quite serious . America this is the impression I get from looking in the television set. America is this correct? I'd better get right down to the job. It's true I don't want to join the Army or turn lathes in precision parts factories, I'm nearsighted and psychopathic anyway. America I'm putting my queer shoulder to the wheel. Berkeley, January, 17, 1956. *Howl and Other Poems. p. 39-43.


AMÉRICA

22 América eu te dei tudo e não sou nada. América dois dólares e vintesete centavos Janeiro 17, 1956. Eu não suporto minha própria mente. América quando acabaremos a guerra humana? Vai se foder com sua bomba atômica. Eu não me sinto bem não me aborreça. Eu não vou escrever meu poema até que me sinta certo. América quando vai ser angélica? Quando vai tirar sua roupa? Quando vai se ver através da tumba? Quando estará a altura de seus milhões de trotskistas? América por que suas bibliotecas estão repletas de lágrimas? América quando vai mandar seus ovos para a Índia? Estou farto das suas exigências absurdas. Quando eu poderei ir a um supermercado e comprar o que preciso com a minha boa aparência? América no fim sou eu e você que não somos perfeitos para o novo mundo. Sua maquinaria é demais para mim. Você me fez querer ser santo. Mas deve haver alguma forma de resolver essa discussão. Burroughs está no Tânger e eu não penso que ele voltará


é sinistro. Você está sendo sinistra ou isso é um tipo de piada? Estou tentando chegar no ponto. Eu recuso desistir da minha obsessão. América me deixa eu sei o que estou fazendo. América as flores caem. Eu não leio os jornais há meses, todo dia alguém vai a julgamento por assassinato. América eu me sensibilizo pelos operários. América eu era comunista quando criança não me arrependo. Eu dou um tapa sempre que posso. Eu me sento em casa por dias e encaro as rosas no armário. Em Chinatown encho a cara e não fodo ninguém. A minha cabeça está feita vai ter problema. Você devia ter me visto lendo Marx. Meu psicanalista acha que estou bem. Eu não vou dizer as preces do Senhor. Eu tenho visões místicas e vibrações cósmicas. América eu ainda não te disse o que aprontou com o tio Max depois que ele voltou da Rússia.

23

Eu estou falando com você. Vai mesmo deixar a sua vida emocional ser conduzida pela Revista Time? Eu a leio toda semana. Sua capa me encara ao mesmo tempo em que escapulo pela doceria da esquina. Eu leio no porão da Biblioteca de Berkeley. Ela sempre me fala sobre responsabilidade. Homens de negócios são sérios. Produtores de filmes são sérios. Todo mundo é sério menos eu. Me ocorre que eu sou a América. Falo sozinho de novo. A Ásia se levanta contra mim. Eu não tenho a munição de um chinês. É melhor eu contar com os recursos nacionais. Meus recursos nacionais consistem em dois baseados apertados milhões de genitálias uma impublicável literatura pessoal a 1400 milhas por hora e vinte-e-cinco-mil instituições psiquiátricas. Eu não digo nada sobre as minhas prisões nem dos milhões de desvalidos que vivem nos vasos de flores debaixo da luz de quinhentos sóis. Eu aboli os puteiros da França, Tânger é o próximo.


Minha ambição é ser Presidente apesar de que Eu sou Católico. América como eu posso compor uma ladainha é o seu tolo humor? Eu continuarei como Henry Ford minhas estrofes são tão únicas quanto seus automóveis mais todas são de diferente sexos. América eu vou te vender estrofes $2500 a unidade $500 de desconto nas suas estrofes velhas América liberte Tom Mooney América proteja os legalistas espanhóis. América Sacco & Vanzetti não devem morrer América eu sou os rapazes de Scottsboro. América quando eu tinha seis mamãe me levou a uma Comunista célula reunida eles nos vendiam grãos aos punhados por bilhete um bilhete custava um níquel e os discursos eram de graça todo mundo era angelical e sentimental por causa dos trabalhadores era tudo tão sincero você não tem idéia que coisa boa o partido era em 1835 Scott Nearing era um grande homem um verdadeiro mensch Mamãe Bloor me fez chorar Uma vez eu vi Israel Amter. Todo mundo deve ter sido espião. América você não quer ir à guerra. América são eles os russos do mal. Malditos russos malditos russos e malditos chineses. E malditos russos. A Rússia quer nos engolir vivos. O poder da Rússia louca. Ela quer pegar os carros das nossas garagens. Ela quer agarrar Chicago. Ela precisa de um Readers' Digest Vermelho. Ela quer nossas fábricas na Sibéria. Sua grande burocracia mandando nos nossos postos de gasolina. Isso não é bom. Ai. Ela faz os índios aprender a ler. Ela precisa de uns negões. Hah. Ela faz nós tudo trabalhar dezesseis horas por dia. Socorro. América isso é muito sério. América essa é a impressão que eu tenho de assistir a televisão. América isso tá certo? É melhor eu ir direto pro trabalho. É verdade que eu não quero ir pro exército ou apertar parafusos em fábricas, eu sou míope e psicopata mesmo. América estou colocando meu ombrinho pra ralar. Berkeley, Janeiro, 17, 1956.

24


SONG

25

The weight of the world is love. Under the burden of solitute, under the burden of dissatisfaction the weight, the weight we carry is love. Who can deny? In dreams it touches the body, in thought constructs a miracle, in imagination anguishes till born in human looks out the heart


burning with purity for the burden of life is love, but we carry the weight wearily, and so must rest in the arms of love at last, must rest in the arms of love. No rest without love, no sleep without dreams of love be mad or chill obsessed with angels or machines, the final wish is love - cannot be bitter, cannot deny, cannot withhold if denied: the weight is too heavy - must give for no return as thought is given in solitude in all the excellence of its excess. The warm bodies shine together in the darkness, the hand moves to the center of the flesh, the skin trembles in happiness and the soul comes joyful to the eye yes, yes,

26


that's what I wanted, I always wanted, I always wanted, to return to the body where I was born. San Jose, 1954

27

*Howl and Other Poems. p. 50-53.


CANÇÃO

28 O peso do mundo é amor. Sob o fardo da solidão, sob o fardo da insatisfação o peso, o peso que carregamos é amor. Quem pode negar? Em sonhos ele toca o corpo, em pensamento constrói um milagre em pensamento angustia até nascer no humano -


veja o coração queimando em pureza – para o fardo da vida é amor, mas carregamos o peso cansadamente, e então precisamos descansar nos braços do amor ao fim, precisamos descansar nos braços do amor.

29

Não há descanso sem amor, não há sono sem sonhos do amor – louco ou tépido obcecado com anjos ou máquinas, o último pedido é amor – não pode ser amargo, ou negado, não pode ser retido. se denegado: o peso é tanto – deve ser dado sem retorno como pensamento é dado na solidão em toda a excelência do seu excesso. Corpos quentes brilham juntos na escuridão, as mãos se movem para o centro da carne, a pele treme em felicidade e a alma vem alegre até o olho –


sim, sim, isso ĂŠ o que eu quis. Eu sempre quis, eu sempre quis, retornar ao corpo de onde nasci. San Jose, 1954

30


HYMMNN IV

31 O mother what have I left out O mother what have I forgotten O mother farewell with a long black shoe farewell with Communist Party and a broken stocking farewell with six dark hairs on the wen of your breast farewell with your old dress and a long black beard around the vagina farewell with your sagging belly with your fear of Hitler with your mouth of bad short stories with your fingers of rotten mandolins with your arms of fat Paterson porches with your belly of strikes and smokestacks with your chin of Trotsky and the Spanish War with your voice singing for the decaying overbroken workers


with your nose of bad lay with your nose of the smell of the pickles of Newark with your eyes with your eyes of Russia with your eyes of no money with your eyes of false China with your eyes of Aunt Elanor with your eyes of starving India with your eyes of pissing in the park with your eyes of America taking a fall with your eyes of your failure at the piano with your eyes of your relatives in California with your eyes of Ma Rainey dying in an ambulance with your eyes of Czechoslovakia attacked by robots with your eyes going to painting class at night in the Bronx with your eyes of the killer grandma you see on the horizon from the Fire-Escape with your eyes running naked out of the apartment screaming into the hall with your eyes being led away by policemen to an ambulance with your eyes strapped down on the operating table with your eyes with the pancreas removed with your eyes of appendix operation with your eyes of shock with your eyes of lobotomy with your eyes of divorce with your eyes of stroke with your eyes alone with your eyes with your eyes with your Death full of Flowers NY 1959

*Kaddish and Other Poems. p. 34-35.

32


HINNNO IV

33

Ai mãe o que eu deixei de fora Ai mãe o que eu esqueci Ai mãe adeus com uma bota preta adeus com o Partido Comunista e uma meia furada adeus com os seis fios negros no seu caroço do seio adeus com o seu vestido velho e a longa barba negra da sua vagina com sua barriga flácida com o seu medo do Hitler com sua boca de histórias curtas e tristes com seus dedos de bandolins podres com seus braços nos varandões de Paterson com sua barriga de greves e chaminés com seu queixo de Trotsky e Guerra Espanhola com sua voz cantando a decadência dos trabalhadores arruinados


com seu nariz de frustração com seu nariz de cheiro de picles de Newark com seus olhos com seus olhos da Rússia com seus olhos de sem grana com seus olhos de China falsa com seus olhos de titia Eleonora com seus olhos de Índia esfomeada com seus olhos de fazer xixi no parque com seus olhos de América levando tombo com seus olhos de fracasso ao tocar o piano com seus olhos de ter parentes lá na Califórnia com seus olhos de Ma Rainey a morrer na ambulância com seus olhos de Checoslováquia agarrada por robôs com seus olhos de ir para a aula de pintura de noite no Bronx com seus olhos da vovó assassina vista por você no horizonte pela escada de incêndio com seus olhos de correndo nua fora do apartamento aos berros no corredor com seus olhos de levada embora pelo policial a uma ambulância com seus olhos de amarrada àquela mesa de operações com seus olhos de pâncreas removido com seus olhos de sem apêndice com seus olhos de choque com seus olhos de lobotomia com seus olhos de divórcio com seus olhos de derrame com seus olhos sós com seus olhos com seus olhos com sua Morte cheia de Flores NY 1959

34


Here I am naked without identity with no more body than the fine black tracery of pen mark on soft paper

35

*Kaddish and Other Poems. p. 38.


Aqui estou nu sem identidade com não mais corpo do que um fino traço de caneta sobre o papel delicado

36


MESCALINE

37 Rotting Ginsberg, I stared in the mirror naked today I noticed the old skull, I'm getting balder my pate gleams in the kitchen light under thin hair like the skull of some monk in old catacombs lighted by a guard with flashlight followed by a mob of tourists so there is death my kitten mews, and looks into the closet Boito sings on the phonograph tonight his ancient song of angels Antino端s bust in brown photograph still gazing down from my wall a light burst from God's delicate hand sends down a wooden dove to the calm virgin Beato Angelico's universe the cat's gone mad and scraowls around the floor What happens when the death gong hits rotting ginsberg on the head what universe do I enter death death death death death the cat's at rest are we ever free of - rotting ginsberg Then let it decay, thank God I know


thank who thank who Thank you, O lord, beyond my eye the path must lead somewhere the path the path flint the rotting shit dump, thru the Angelico orgies Beep, emit a burst of babe and begone perhaps that's the answer, wouldn't know till you had a kid I dunno, never had a kid never will at the rate I'm going Yes, I should be good, I should get married find out what it's all about but I can't stand these women all over me smell of Naomi erk, I'm stuck with this familiar rotting ginsberg can't stand boys even anymore can't stand can't stand and who wants to get fucked up the ass, really? Immense seas passing over the flow of time and who wants to be famous and sign autographs like a movie star I want to know I want I want ridiculous to know to know WHAT rotting ginsberg I want to know what happens after I rot because I'm already rotting my hair's falling out I've got a belly I'm sick of sex my ass drags in the universe I know too much and not enough I want to know what happens after I die well I'll find out soon enough do I really need to know now? is that any use at all use use use death death death death death god god god god god god god the Lone Ranger the rhythm of the typewriter What can I do to Heaven by pounding on Typewriter I'm stuck change the record Gregory ah excellent he's doing just that and I am too conscious of a million ears at present creepy ears, making commerce too many pictures in the newspapers faded yellowed press clippings I'm going away from the poem to be a dark contemplative

38


trash of the mind trash of the world man is half trash all trash in the grave What can Williams be thinking in Paterson, death so much on him so soon so soon Williams, what is death? Do you face the great question now each moment or do you forget at breakfast looking at your old ugly love in the face are you prepared to be reborn to give release to this world to enter a heaven or give release, give release and all be done - and see a lifetime - all eternity gone over into naught, a trick question proposed by the moon to the answerless earth No Glory for man! No Glory for man! No glory for me! No me! No point writing when the spirit doth not lead

39

NY 1959

*Kaddish and Other Poems. p. 83-85.


MESCALINA

Putrescente Ginsberg, eu hoje nu olhei no espelho reparei no velho crânio, estou ficando mais careca minha cabeça brilha à luz da cozinha sob fino cabelo como o crânio de um monge nas catacumbas iluminado por um guarda com lampião seguido por uma multidão de turistas então há morte meu gato mia, e olha dentro do armário Boito canta na vitrola sua antiga música de anjos numa antiga fotografia o busto de Antínoo na minha parede ainda olha fixamente para o chão uma explosão de luz da delicada mão de deus manda uma pomba de madeira para a calma virgem universo de Beato Angelico o gato enlouquece e rabisca pelo chão o que acontece quando o gongo da morte acerta putrescente ginsberg na na cabeça em que universo entrei morte morte morte morte morte o gato descansa estaremos algum dia livres do - putrescente ginsberg? então deixe que decaia, obrigado Deus eu sei obrigado a quem

40


obrigado a quem Obrigado, Ó Deus, além do meu olho o caminho deve levar a algum lugar o caminho o caminho empedra a merda apodrecida, através das orgias d'Angelico Beep, ressoa a guitarra e silencia talvez essa seja a resposta, não saiba até que tenha um filho eu não sei, não tive um filho nunca terei neste ritmo Sim, eu deveria ser bom, deveria me casar descobrir do que se trata isso tudo mas eu não suporto essas mulheres em cima de mim cheiro de Naomi eca, estou preso a este familiar putrescente ginsberg não aguento mais garotos não aguento não aguento e quem quer tomar no cu, sério? Imensos mares passam sobre o fluxo do tempo e quem quer ser famoso e dar autógrafos como uma estrela de cinema

41

Eu quero saber Eu quero eu quero ridiculamente saber saber O QUÊ putrescente ginsberg eu quero saber o que acontece depois de apodrecido porque eu já estou apodrecendo meu cabelo está caindo eu tenho uma barriga estou cansado de sexo meu rabo engole o universo que eu sei demais e não é o bastante eu quero saber o que acontecerá quando eu morrer bem eu logo vou descobrir eu realmente preciso saber agora? isso tem uso algum uso uso uso morte morte morte morte morte deus deus deus deus deus deus deus o Cavaleiro Solitário o ritmo da máquina de escrever O que eu posso fazer ao Paraíso batendo na máquina de escrever eu estou preso toque o disco Gregory ah, excelente ele está fazendo justamente isso e eu estou consciente demais de um milhão de orelhas atualmente orelhas estranhas, fazendo comércio muitas imagens nos jornais esmaecidos recortes amarelos eu estou fugindo do poema para ser soturnamente contemplativo


lixo da mente lixo do mundo homem é meio lixo todo lixo na tumba O que poderia Williams pensar em Paterson, morte está muito nele tão cedo tão cedo Williams, o que é a morte? Você enfrenta a questão agora a todo momento ou você esquece no café da manhã olhando o rosto feio do seu amor está pronto para renascer? libertar este mundo para entrar no paraíso ou libertar, libertar e ter tudo feito - e ver toda vida - toda eternidade indo embora em nada, uma pergunta capciosa posta pela lua para a terra sem resposta Nada de Glória ao homem! Nenhuma Glória ao homem! Nenhuma glória para mim! Não para mim! Não vale a pena escrever quando o espírito não guia NY 1959

42


MAGIC PSALM

43

Because this world is on the wing and what cometh no man can know O Phantom that my mind pursues from year to year descend from heaven to this shaking flesh catch up my fleeting eye in the vast Ray that knows no bounds - Inseparable - Master Giant outside Time with all its falling leaves - Genius of the Universe - Magician in Nothingness where appear red clouds Unspeakable King of the roads that are gone - Unintelligible Horse riding out of the graveyard - Sunset spread over Cordillera and insect - Gnarl Moth Griever - Laugh with no mouth, Heart that never had flesh to die - Promise that was not made - Reliever, whose blood burns in a million animals wounded O Mercy, Destroyer of the World, O Mercy, Creator of Breasted Illusions, O Mercy, cacophonous warmouthed doveling, Come, invade my body with the sex of God, choke up my nostrils with corruption's infinite caress, transfigure me to slimy worms of pure sensate transcendency I'm still alive, croak my voice with uglier than reality, a psychic tomato speaking Thy million mouths,


Myriad-tongued my Soul, Monster or Angel, Lover that comes to fuck me forever - white gown on the Eyeless Squid Asshole of the Universe into which I disappear - Elastic Hand that spoke to Crane - Music that passes into the phonograph of years from another Millennium - Ear of the buildings of NY That which I believe - have seen-seek endlessly in leaf dog eye - fault always, lack - which makes me think Desire that created me, Desire I hide in my body, Desire all Man Know Death, Desire surpassing the Babylonian possible world that makes my flesh shake orgasm of Thy Name which I don't know never will never speak Speak to Mankind to say the great bell tolls a golden tone on iron balconies in every million universe, I am Thy prophet come home this world to scream an unbearable Name thru my 5 senses hideous sixth that knows Thy Hand on its invisible phallus, covered with electric bulbs of death Peace, Resolver where I mess up illusion, Softmouth Vagina that enters my brain from above, Ark-Dove with a bough of Death. Drive me crazy, God I'm ready for disintegration of my mind, disgrace me in the eye of the earth, attack my hairy heart with terror eat my cock Invisible croak of deathfrog leap on me pack of heavy dogs salivating light, devour my brain One flow of endless consciousness, I'm scared of your promise must make scream my prayer in fear Descend O Light Creator & Eater of Mankind, disrupt the world in its madness of bombs and murder, Volcanos of flesh over London, on Paris a rain of eyes - truckloads of angelhearts besmearing Kremlin walls - the skullcap of light to New York myriad jeweled feet on the terraces of Pekin - veils of electrical gas descending over India - cities of Bacteria invading the brain - the Soul escaping into the rubber waving mouths of Paradise This is Great Call, this is the Tocsin of the Eternal War, this is the cry of Mind slain in Nebulae, this is the Golden Bell of the Church that has never existed, this is the Boom in the heart of the sunbeam, this is the trumpet of the Worm at Death, Appeal of the handless castrate grab Alm golden seed of Futurity thru the quake & vulcan of the world Shovel my feet under the Andes, splatter my brains on the Sphinx, drape my beard and hair over Empire State Building,

44


cover my belly with hands of moss, fill up my ears with your lightning, blind me with prophetic rainbows That I taste the shit of Being at last, that I touch Thy genitals in the palmtree, that the vast Ray of Futurity enter my mouth to sound Thy Creation Forever Unborn, O Beauty invisible to my Century! that my prayer surpass my understanding, that I lay my vanity at Thy foot, that I no longer fear Judgment over Allen of this world born in Newark come into Eternity in New York crying again in Peru for human Tongue to psalm the Unspeakable, that surpass desire for transcendency and enter the calm water of the universe that I ride out this wave, not drown forever in the flood of my imagination that I not be slain thru my own insane magic, this crime be punished in merciful jails of Death, men understand my speech out of their own Turkish heart, the prophets aid me with Proclamation, the Seraphim acclaim Thy Name, Thyself at once in one huge Mouth of Universe make meat reply. 1960

45

*Kaddish and Other Poems. p. 92-95.


SALMO MÁGICO

Porque esse mundo está por um fio e o que virá ninguém pode saber Ó Fantasma perseguido pela minha mente ano a ano descende do paraíso até essa carne sacudida captura o meu escorregadio olho no vasto raio sem limites - Inseparável - Mestre Gigante fora do Tempo com todas as folhas caídas - Gênio do Universo - Mágico no Nada onde aparecem nuvens vermelhas Inefável Rei das estradas perdidas - Ininteligível Cavalo guiado para fora do túmulo - Sol posto espalhado sobre Cordilheira e inseto - Mariposa Torvelinho Enlutado - Risada sem boca, coração sem carne para morrer - Promessa que não foi feita - Apaziguador, cujo sangue queima num milhão de animais feridos Ó Misericórdia, Destruidor do Mundo, Ó Misericórdia, Criador de Ilusões Achadas, Ó Misericórdia, cacofônico peixe voador, Venha, invada o meu corpo com o sexo de Deus, sufoque minhas narinas com a infinita carícia da corrupção transfigure-me em pequenos vermes de pura transcendência Eu ainda vivo, faça minha voz coaxar mais feio do que a realidade, um tomate paranormal falando Tuas milhões de vozes,

46


Lambida-miríade minha alma, Monstro ou Anjo, Amor que vem para sempre me comer - branco vestido na Lula Caolha cu do Universo no qual desapareço - Mão elástica que falou com Crane - Música que passa no fonógrafo dos anos de outro milênio - Orelha dos prédios de NY Aquele em que eu acredito - tendo visto-vendo infinitamente na folha cachorro olho - falha eterna, falta - o que me faz pensar Desejo que me criou, Desejo que escondo em meu corpo, Desejo que todos os homens saibam a morte, Desejo ultrapassador do mundo babilônico possível que faz a minha carne tremer orgasmo no Teu Nome que eu não sei nunca saberei nunca direi Falar para a humanidade para dizer que o grande sino dobra um tom dourado em grades de ferro em todos os universos, Eu sou Teu profeta volte à casa esse mundo grita um nome insuportável pelos meus 5 sentidos hediondo sexto que conhece Tua mão sobre o invisível phallus, coberto de lâmpadas elétricas da morte Paz, Resolvedor das minha confusas ilusões, Vagina Carnuda que entra na minha mente por cima, Pomba de Noé com um ramo da morte.

47

Deixe-me louco, Deus estou pronto para a desintegração da minha mente, desgrace-me no olho da terra, ataque meu coração peludo com terror devore meu pau coaxar Invisível sapo da morte pula em mim matilha pesada salivando luz, come meu cérebro Um fluxo de interminável consciência, estou assustado com sua promessa deve fazer a minha oração gritar de medo Descenda Ó Luz Criadora & Devoradora da Humanidade, afete o mundo com a sua loucura de bombas e assassinato, Vulcões de carne sobre Londres, sobre Paris um raio de olhos - caminhão repleto de corações angelicais sujando as paredes do Kremlin - o solidéu de luz para New York miríade de jóias adornando os terraços de Pequim - véus de gás elétrico descendo sobre a Índia - culturas de bactérias invadindo o cérebro - a alma escapando na borracha acenando bocas do paraíso Esse é o Grande Chamado, esse é o Alarme da Eterna Guerra, esse é o choro da Mente morta em nebulosa, esse é o Sino de Ouro da Igreja que nunca existiu, essa é a explosão do coração do raio de luz, essa é a trombeta do Verme na Morte, Apelo do castrado maneta recolhendo a semente de ouro do Futuro através do terremoto & vulcão do mundo Enterre meus pés sob os Andes, ondule meu cérebro na Esfinge, pendure minha barba e cabelos sobre o Edifício Empire State,


cubra minha barriga com mãos de barro, encha meus ouvidos com sua luz, cegue-me com arco-íris proféticos que eu prove a merda de existir, que eu toque a Tua genitália na palmeira, que o grande raio do futuro entre na minha boca para soar a Tua Criação Eternamente Não Nascido, Ó beleza invisível para o meu Século! que minhas preces ultrapassem minha compreensão, que eu deite minha vaidade a Teus pés, que eu não mais tema o Julgamento sobre Allen deste mundo nascido em Newark vindo à Eternidade em New York novamente chorando no Peru por uma Língua humana para rezar o Inefável que ultrapasse o desejo por transcendência e entre nas calmas águas do universo que eu conduza esta onda, não me afogue eternamente em minha inundada imaginação que eu não seja morto na minha insana magia, esse crime seja punido nas misericordiosas prisões da Morte, homem entenda minha palavra mesmo fora do seu coração Turco os profetas me ajude com Proclamação o Serafim aclame Teu Nome de uma vez na grande Boca do Universo fazendo da carne resposta. 1960

48


THE REPLY

49

God answers with my doom! I am annulled this poetry blanked from the fiery ledger my lies be answered by the worm at my ear my visions by the hand falling over my eyes to cover them from sight of my skeleton my longing to be God by the trembling bearded jaw flesh that covers my skull like monster-skin Stomach vomiting out the soul-vine, cadaver on the floor of bamboo hut, body-meat crawling toward its fate nightmare rising in my brain The noise of the drone of creation adoring its Slayer, the yowl of birds to the Infinite, dog barks like the sound of vomit in the air, frogs croaking Death at trees I am a Seraph and I know not whither I go into the Void I am a man and I know not whither I go into Death - Christ Christ poor hopeless lifted on the Cross between Dimension to see the Ever-Unknowable! a dead gong shivers thru all flesh and a vast Being enters my brain from afar that lives forever None but the Presence too mighty to record! the Presence in Death, before whom I am helpless makes me change from Allen to a skull Old One-Eye of dreams in which I do not wake but die hands pulled into the darkness by a frightful Hand


- the worm's blind wriggle, cut - the plough is God himself What ball of monster darkness from before the universe come back to visit me with blind command! and I can blank out this consciousness, escape back to New York love, and will Poor pitiable Christ afraid of the foretold Cross, Never to die Escape, but not forever - the Presence will come, the hour will come, a strange truth enter the universe, death show its Being as before and I'll despair that I forgot! forgot! my fate return, tho die of it What's sacred when the Thing is all the universe? creeps to every soul like a vampire-organ singing behind moonlit clouds poor being come squat under bearded star in a dark filed in Peru to drop my load - I'll die in horror that I die! Not dams or pyramids but death, and we to prepare for that of ants and wind, & our souls to prepare His Perfection! The moment's come, He's made His will revealed forever and no flight into old Being further than the starts will not find terminal in the same dark swaying port of unbearable music No refuge in Myself, which is on fire or in the World which is His also to bomb & Devour! Recognize His might! Loose hold of my hands - my frightened skull - for I had chose self-love my eyes, my nose, my face, my cock, my soul - and now the faceless Destroyer! A billion doors to the same new Being! The universe turns inside out to devour me! and the mighty burst of music comes from out the inhuman door 1960

*Kaddish and Other Poems. p. 96-98.

50


A RESPOSTA

51

Deus responde com a minha ruína! Eu estou anulado esta apagada poesia do livro ardente minhas mentiras respondidas pelo verme em minha orelha minhas entre vistas pela mão caída para o cobrir os olhos da visão do meu esqueleto meu desejo de ser Deus pela encarnada mandíbula de barba tremulante que cobre meu crânio como a pele de um monstro Estômago vomitando a alma-videira, cadáver sobre o chão da cabana de bambu, corpo-carne rastejando até seu destino pesadelo ascendente em meu cérebro O ruído da criação adorando seu Portento, o uivo dos pássaros ao infinito, o cachorro late como o som do vômito no ar, sapos coaxando Morte nas árvores Eu sou um Serafim e não sei para onde Eu adentro o Vazio Eu sou um homem e não sei para onde Eu adentro a Morte - Cristo Cristo pobre desesperançoso levantado na cruz entre Dimensão para ver o Eterno-Incognoscível! um gongo morto arrepia a carne e um vasto Ser de longe penetra meu cérebro que vive para sempre Apenas a Presença toda poderosa se inscreve! a Presença na morte, diante da qual estou indefeso muda-me de Allen em crânio Velho Caolho dos sonhos nos quais não acordo senão morto -


mãos puxam para a escuridão por uma temível mão - os vermes cegos contorcem, corte - o arado é ele mesmo Deus que baile de monstra escuridão de onde o universo vem de volta para me visitar com comando cego! e eu posso apagar essa consciência, retornar para o amor New York, e vou Pobre lamentável Cristo medroso na antevista Cruz, Nunca Morrer Escapar, mas não para sempre - a Presença virá, a hora chegará, uma estranha verdade vem ao universo, morte mostrará seu Ser como antes e me desesperarei porque eu esqueci! esqueci! meu destino retorna, para morrer disso O que é sagrado quando a Coisa é todo o universo? assusta toda alma com um órgão-vampiro cantando atrás de nuvens enluaradas pobre ser venha agachado debaixo duma estrela barbuda numa escuridão posta no Peru para soltar minha carga - Morrerei de tanto medo de morrer! Sem barragens ou pirâmides mas morte, e nós preparados para ela das formigas e vento, & nossa alma para preparar Sua Perfeição! O momento chega, ele revela para sempre sua vontade e nenhum vôo ao velho Ser vai além das estrelas encontrar por fim no mesmo velho trêmulo pórtico de música insuportável Nenhum refúgio em mim, que estou em chamas ou no mundo que é dele também para bombas & devoração! Reconhece Seu poder! Escapa das minhas mãos - meu apavorado crânio - eu tinha que escolher amor-próprio meus olhos, meu nariz, meu rosto, meu pau, minha alma - e agora o Destruir sem Rosto! Um bilhão de portas para o novo Ser! O Universo vira do avesso para me comer! e o poderoso estrondo da música vem sai da porta inumana 1960

52


ON BURROUGHS' WORK

53 The method must be purest meat and no symbolic dressing, actual visions & actual prisons as seen then and now. Prisons and visions presented with rare descriptions corresponding exactly to those of Alcatraz and Rose. A naked lunch is natural to us, we eat reality sandwiches. But allegories are so much lettuce. Don't hide the madness. San Jose 1954

*Reality Sandwiches. p. 40.


SOBRE A OBRA DE BURROUGHS

O método deve ser carne pura e nenhum tempero simbólico, prisões reais & visões reais como se viu antes e agora. Visões e prisões apresentadas com descrições raras correspondentes exatas àquelas de Alcatraz e Rosa. Um almoço nu nos é natural, comemos sanduíches de realidade. Mas alegorias são apenas verduras. Não esconda a loucura. San Jose 1954.

54


SCRIBBLE

55 Rexroth's face reflecting human tired bliss White haired, wing browed gas mustache, flowers jet out of his sad head, listening to Edith Piaf street song as she walks the universe with all life gone and cities disappeared only the God of Love left smiling. Berkeley, March 1956

*Reality Sandwiches. p. 59.


GARATUJA

O rosto de Rexroth's reflete a cansada benção humana Cabelos brancos, asa-délticas sobrancelhas bigode boquirroto flores escapolem da sua triste cabeça, ouvindo as canções citadinas da Edith Piaf enquanto ela caminha no universo com toda a vida ida e cidades desaparecidas apenas o Deus do amor restou sorrindo. Berkeley, Março 1956

56


TEARS

57

I'm crying all the time now. I cried all over the street when I left the Seattle Wobbly Hall. I cried listening to Bach. I cried looking at the happy flowers in my backyard, I cried at the sadness of the middle-aged trees. Happiness exists I fell it. I cried for my soul, I cried for the world's soul. The world has a beautiful soul. God appearing to be seen and cried over. Overflowing heart of Paterson. Seattle, February 2, 1956

*Reality Sandwiches. p. 63.


LÁGRIMAS

Agora eu choro todo o tempo. Eu chorei por toda a rua quando saí do Seattle Wobbly Hall. Eu chorei ouvindo Bach. Eu chorei diante das sorridentes flores do meu jardim, eu chorei da tristeza das árvores de meia idade. Sinto que a felicidade existe. Eu chorei pela minha alma, chorei pela alma do mundo. O mundo tem uma linda alma. Deus surge para ser visto e chorado. Transbordante coração de Paterson. Seattle, Fevereiro 2, 1956

58


FFFFF U U F U U FFFFF U U F U U F U U F UU

NN N N N N N N N N N N N NN N N

NY

DEATH

The music of the spheres - that ends in Silence The Void is a grand piano a million melodies one after another silence in between rather an interruption of the silence Tho the music's beautiful

Bong Bong Bon _______ gnob gnob

gno _______

59

Bong Bong Bong o n n o g b b g o n n o obgnobgnobgno The circle of forms Shrinks and disappears back into the piano. New York, September 25, 1958

*Reality Sandwiches. p. 75.


T T TTTTT T T T

I I I I I I

DDD AA D D A A D D A A D D AAAA DIVER - MORTE D D A A DDD A A

A musica das esferas - que acaba em Silêncio O Vazio é um piano de cauda um milhão de melodias uma depois da outra silêncio entre elas mais uma interrupção do silêncio apesar da bela música

Bong Bong Bon_______ gnob gnob

gno _______ Bong Bong Bong o n n o g b b g o n n o obgnobgnobgno

60

O círculo das formas Encolhe e desaparece em piano. New York, Setembro 25, 1958


PLEASE MASTER

61

Please master can I touch your cheek please master can I kneel at your feet please master can I loosen your blue pants please master can I gaze at your golden haired belly please master can I gently take down your shorts please master can I have your thighs bare to my eyes please master can I take off my clothes below your chair please master can I kiss your ankles and soul please master can I touch lips to your hard muscle hairless thigh please master can I lay my ear pressed to your stomach please master can I wrap my arms around your white ass please master can I lick your groin curled with blond soft fur please master can I touch my tongue to your rosy asshole please master may I pass my face to your balls, please master, please look into my eyes, please master order me down on the floor, please master tell me to lick your thick shaft please master put your rough hands on my bald hairy skull please master press my mouth to your prick-heart please master press my face into your belly, pull me slowly strong thumbed till your dumb hardness fills my throat to the base


till I swallow & taste your delicate flesh-hot prick barrel veined Please Master push my shoulders away and stare in my eye, & make me bend over the table please master grab my thighs and lift my ass to your waist please master your hand's rough stroke on my neck your palm down my backside please master push me up, my feet on chairs, till my hole feels the breath of your spit and your thumb stroke please master make me say Please Master Fuck me now Please Master grease my balls and hairmouth with sweet vaselines please master stroke your shaft with white creams please master touch your cock head to my wrinkled selfhole please master push it in gently, your elbows enwrapped round my breast your arms passing down to my belly, my penis you touch w/ your fingers please master shove it in me a little, a little, a little, please master sink your droor thing down my behind & please master make me wiggle my rear to eat up the prick trunk till my asshalfs cuddle your thighs, my back bent over, till I'm alone sticking out, your sword stuck throbbing in me please master pull out and slowly roll into the bottom please master lunge it again, and withdraw to the tip please please master fuck me again with your self, please fuck me Please Master drive down till it hurts me the softness the Softness please master make love to my ass, give body to center, & fuck me for good like a girl, tenderly clasp me please master I take me to thee, & drive in my belly your selfsame sweet heat-rood you fingered in solitude Denver or Brooklyn or fucked in a maiden in Paris carlots please master drive me thy vehicle, body of love drops, sweat fuck body of tenderness, Give me your dog fuck faster please master make me go moan on the table Go moan O please master do fuck me like that in your rhythm thrill-plunge & pull-back-bounce & push down till I loosen my asshole a dog on the table yelping with terror delight to be loved Please master call me dog, an ass beast, a wet asshole, & fuck me more violent, my eyes hid with your palms round my skull

62


& plunge down in a brutal hard lash thru soft drip-fish & throb thru five seconds to spurt out your semen heat over & over, bumming it in while I cry out your name I do love you please Master. May 1968

63

*The Fall of America. p. 84-86.


POR FAVOR MESTRE

Por favor mestre posso tocar seu rosto? por favor mestre posso ajoelhar aos seus pés? por favor mestre posso afrouxar suas calças azuis? por favor mestre posso olhar para os pelos dourados da sua barriga? por favor mestre posso gentilmente abaixar o seu calção? por favor mestre posso ter as suas coxas nuas à altura dos meus olhos por favor mestre posso tirar a minha roupa debaixo da sua cadeira? por favor mestre posso beijar sua alma e tornozelos? por favor mestre posso com os meus lábios tocar na sua coxa musculosa e lisa? por favor mestre posso deitar a minha orelha sobre seu abdômen? por favor mestre posso abraçar sua bunda branca? por favor mestre posso lamber sua virilha com seus enrolados cabelos louros? por favor mestre posso tocar o seu cu rosado com a minha língua? por favor mestre posso esfregar meu rosto nas suas bolas?, por favor mestre, por favor, olhe nos meus olhos, por favor mestre me mande deitar no chão, por favor mestre me diga para lamber seu pau grosso por favor mestre ponha suas mãos grossas na minha cabeça sem cabelos por favor mestre aperte minha boca contra seu coração de canalha por favor mestre aperte meu rosto na sua barriga, empurre-me lentamente mas firme até eu engolir & provar pelando sua pica delicada e cheia de veias carne de foder

64


65

por favor Mestre empurre meus ombros e me olhe nos olhos, & me faça inclinar na mesa por favor agarre minhas coxas e empine a minha bunda por favor mestre sua mão áspera no meu pescoço a palma nas minhas costas por favor mestre me faça dizer Por Favor Mestre Me Coma agora Por Favor Mestre engome minhas bolas e pelos com doce vaselina por favor mestre unte sua rola com creme branco por favor mestre toque com a ponta do seu pau no meu buraco enrugado por favor mestre empurre por gentileza, seus cotovelos me envolvendo seus braços passando até meu umbigo, meu pênis você toca com seus dedos por favor mestre enfia em mim de pouquinho, pouquinho, pouquinho por favor mestre afunda sua coisa em mim & por favor mestre me faz mexer a bunda para engolir sua rola até meu rabo acariciar suas coxas, minhas costas inclinadas, até eu estar sozinho, mole, sua espada latejante presa em mim por favor mestre tire um pouco e devagar enfie até o fundo por favor mestre mais uma estocada, e retire até a ponta por favor por favor mestre me coma de novo com o seu ser, por favor me coma por favor Mestre diminua a velocidade até me ferir a suavidade a suavidade por favor mestre faça amor com o meu cu, entre corpo a dentro, & me fode gostoso como a uma menina, segure-me ternamente por favor mestre eu me levo a ti & conduza na minha barriga aquele quente e doce crucifixo você tocou solitário Denver ou Brooklyn ou fudeu uma donzela nos estacionamentos de Paris por favor mestre me conduza ao teu veículo, gotejamento de amor, foda quente corpo de ternura, me coma forte de quatro por favor mestre me faça gemer em cima da mesa Gema Ó por favor mestre me foda assim no seu ritmo mergulho-emoção & empurra-volta-ajeita & tira pra fora até meu cu soltar um cão ganindo sobre a mesa terror delícia de ser amado Por favor mestre me chame de cachorra, um bichano, um cu molhado, & me coma mais nervoso, meus olhos escondidos por suas palmas envolvendo minha cabeça & mergulhe num chicote duro e brutal numa macia gota de peixe & pulse por cinco segundos derramando seu sêmen quente mais & mais, socando-o enquanto choro seu nome eu


te amo por favor, mestre. Maio 1968

66


67


68


A PROPHECY

69

O Future bards chant from skull to heart to ass as long as language lasts Vocalize all chords zap all consciousness I sing out of mind jail in New York State without electricity rain on the mountain thought fills cities I'll leave my body in a thin motel my self escapes through unborn ears Not my language but a voice chanting in patterns survives on earth not history's bones but vocal tones Dear breaths and eyes shine in the skies where rockets rise to take me home May 1968 * The Fall of America. p. 87.


UMA PROFECIA

Ó futuros bardos cantem do crânio ao coração ao cu enquanto a linguagem perdure Vocalizem todos os acordes frequentem toda a consciência Eu canto além da prisão da mente no Estado de Nova Iorque sem eletricidade chove sobre a montanha pensamento inunda cidades Vou deixar meu corpo num hotel caro eu me escapo por ouvidos não nascidos Não minha linguagem mas uma voz cantando em padrões sobrevive na terra não ossos históricos mas tons vocálicos hálitos olhos amados brilham nos céus amplos de foguetes preparados para me levar para casa Maio 1968

70


ON NEAL'S ASHES

71

Delicate eyes that blinked blue Rockies all ash nipples, Ribs I touched w/ my thumb are ash mouth my tongue touched once or twice all ash bony cheeks soft on my belly are cinder, ash earlobes & eyelids, youthful cock tip, curly pubis breast warmth, man palm, high school thigh, baseball biceps arm, asshole anneal'd to silken skin all ashes, all ashes again. August 1968

*The Fall of America. p. 99.


SOBRE AS CINZAS

Delicados olhos que piscavam um azul montanhoso tudo cinza mamilos, Costelas que toquei com o meu polegar são cinza boca pela minha língua tocada uma ou duas vezes tudo cinza maçãs do rosto suave na minha barriga são cinza, cinza lóbulos & pálpebras, pênis jovem, púbicos encaracolados peito quente, palma de homem, coxas de colegial, bíceps de tenista, cuzinho enrugado em pele sedosa todos cinza, todos cinza de novo. Agosto 1968

72


AFTER THOUGHTS

73

When he kissed my nipple I felt elbow bone thrill When lips touched my belly tickle ran up to my ear When he took my cock head to tongue a tremor shrunk sphincter, joy shuddered my reins I breathed deep sighing ahh! -

-

-

-

-

Mirror looking, combing grey glistening beard Were I found sharp eyed attractive to the young? Bad magic or something Foolish magic most likely. November 1969 *The Fall of America. p. 139.

-


PENSAMENTOS POSTERIORES

Quando ele beijou meu mamilo senti meu pau ficar duro Quando lábios me tocaram a barriga tive cócegas até a orelha Quando ele pegou meu caralho a cabecinha na língua um tremor me contraiu o esfíncter, alegria estremeceu meus rins Eu respirei fundo suspirando ahh! -

-

-

-

-

Olhando no espelho, penteando barba cinza cintilante era Eu encontro olhos penetrantes atraente para o jovem? Mágica ruim ou algo assim Mágica tola mais provável. Novembro 1969

-

74


HUM BUM!

75

Whom bomb? We bomb them! Whom bomb? We bomb them! Whom bomb? We bomb them! Whom bomb? We bomb them! Whom bomb? You bomb you! Whom bomb? You bomb you! Whom bomb? You bomb you! Whom bomb? You bomb you! What do we do? Who do we bomb? What do we do? Who do we bomb? What do we do? Who do we bomb?


What do we do? Who do we bomb? What do we do? You bomb! You bomb them! What do we do? You bomb! You bomb them! What do we do? You bomb! We bomb them! What do we do? You bomb! We bomb them! Whom bomb? We bomb you! Whom bomb? We bomb you! Whom bomb? You bomb you! Whom bomb? You bomb you! May 71

76

*The Fall of America. p. 181-182.


HUM BUM!

77 Quem bomba? Nós os bombamos! Quem bomba? Nós os bombamos! Quem bomba? Nós os bombamos! Quem bomba? Nós os bombamos! Quem bomba? Você se bomba! Quem bomba? Você se bomba! Quem bomba? Você se bomba! Quem bomba? Você se bomba! O que fazemos? A quem bombamos? O que fazemos? A quem bombamos? O que fazemos?


A quem bombamos? O que fazemos? A quem bombamos? O que fazemos? Você bomba! Você os bomba! O que fazemos? Você bomba! Você os bomba! O que fazemos? Você bomba! Nós os bombamos! O que fazemos? Você bomba! Nós os bombamos! Quem bomba? Nós a ti bombamos! Quem bomba? Nós a ti bombamos! Quem bomba? Você se bomba! Quem bomba? Você se bomba! Maio 71

78


bony human September on Jessore Road ends as mantric lamentation rhymed for vocal chant to western chords F minor B flat E flat B flat

79

*The Fall of America. p. 189.


osso humano Setembro na Estrada Jessore termina como mantra lamurioso rimado para canto coral nos acordes ocidentais Fรก menor Si bemol Mi bemol Si bemol

80


81


82


83


84


AYERS ROCK ULURU SONG

When the red pond fills fish appear When the red pond dries fish disappear.

85

Everything built on the desert crumbles to dust. Electric cable transmission wires swept down. The lizard people came out the rock. The red Kangaroo people forgot their own song. Only a man with four sticks can cross the Simpson Desert. One rain turns red dust green with leaves. One raindrop begins the universe. When the raindrop dries, worlds come to their end. Central Australia 23 March 1972 *Mind Breaths. p. 1.


A ROCHA (AYERS) CANÇÃO ULURU

Quando a lagoa vermelha fica cheia os peixes aparecem Quando a lagoa vermelha seca os peixes desaparecem. Tudo o que é construído no deserto em pó se desintegra. Fios de alta tensão varridos. O povo lagarto brotou das rochas. O povo canguru vermelho esqueceu sua própria canção. Apenas um homem de quatro bastões pode atravessar o Deserto de Simpson. Uma chuva torna vermelha a poeira verde que vai. Uma gota de chuva inicia o universo. Quando a gota de chuva seca, mundos chegam ao fim. Austrália Central 23 Março 1972

86


XMAS GIFT

87

I met Einstein in a dream Springtime on Princeton lawn grass I kneeled down & kissed his young thumb like a ruddy pope his face fresh broad cheeked rosy "I invented a universe separate, something like a Virgin" "Yes, the creature gives birth to itself," I quoted from Mescaline We sat down open air universal summer to eat lunch, professors' wives at the Tennis Court Club, our meeting eternal, as expected, my gesture to kiss his fist unexpectedly saintly considering the Atom Bomb I didn't mention. 24 December 1972 *Mind Breaths. p. 2.


PRESENTE DE NATAL

Eu conheci Einstein em um sonho Primavera no gramado de Princeton Ajoelhei-me & beijei seu jovem polegar como um papa enrubescido seu largo rostinho de bochechas rosadas "Eu inventei um universo separado, algo como uma Virgem" – “Sim, a criatura dá à luz a si mesma,“ Eu citei de Mescalina Sentamos ao ar livre do verão universal para almoçarmos, esposas dos professores no Tênis Clube, nosso encontro eternizado, como esperado, meu gesto para beijar sua mão inesperadamente santa se considerarmos a Bomba Atômica que não mencionei. 24 Dezembro 1972

88


I shit out my hate thru my asshole, My sphincter loosens the void, all hell's legions fall thru space

89

*Mind Breaths. p. 6.


Eu cago meu ódio pelo cu, Meu esfincter libera o vazio, todas as legiões do inferno caem no espaço

90


UNDER THE WORLD THERE'S A LOT OF ASS, A LOT OF CUNT

91

a lot of mouths and cocks, under the world there's a lot of come, and a lot of saliva dripping into brooks, There's a lot of Shit under the world, flowing beneath cities into rivers, a lot of urine floating under the world, a lot of snot in the world's industrial nostrils, sweat under the world's iron arm, blood gushing out of the world's breast, endless lakes of tears, seas of sick vomit rushing between hemispheres floating toward Sargasso, old oily rags and brake fluids, human gasoline Under the world there's pain, fractured thighs, napalm burning in black hair, phosphorus eating elbows to bone insecticides contaminating oceantide, plastic dolls floating across Atlantic, Toy soldiers crowding the Pacific, B-52 bombers choking jungle air with vaportrails and brilliant flares Robot drones careening over rice terraces dropping cluster grenades, plastic pellets spray into flesh, dragontooth mines & jellied fires fall on straw roofs and water buffalos, perforating village huts with barbed shrapnel, trenchpits filled with fuel-gas-poison'd explosive powders -


Under the world there's broken skulls, crushed feet, cut eyeballs, severed fingers slashed jaws, Dysentery, homeless millions, tortured hearts, empty souls. April 1973

92

*Mind Breaths. p. 16-17.


NO SUBMUNDO HÁ MUITA BUNDA, E MUITA BOCETA

93 um monte de bocas e rolas, no submundo há muita porra, e muita saliva pingando em riachos, Há muita Merda no submundo, fluindo sob as cidades em rios, muita urina flutuando debaixo do mundo, muito muco nas narinas industriais do mundo, suor sob o braço de ferro do mundo, sangue jorrando do seio do mundo, intermináveis lagos de lágrimas, oceanos de vômito doente entre hemisférios flutuando para Sargasso, velhos trapos de óleo e fluidos de freio, gasolina humana Debaixo do mundo há dor, coxas fraturadas, napalm queimaando em negro cabelo, phosphorus comendo cotovelos ao osso inseticidas contaminam as marés, bonecas de plástico flutuam pelo Atlântico, Soldados de brinquedo tumultuam o Pacífico, bombardeiros B-52 sufocam o ar da selva com trilhas de vapor e chamas brilhantes Zangões robôs adernam sobre terraços de arroz derrubando cachos de granadas, spray de pelotas de plásticos na carne, minas terrestres & gelatinas incendiárias sobre telhados de palha e búfalos, perfurando cabanas com estilhaços, trincheiras


preenchidas com combustível-gás-envenenado de efeito explosivo No submundo há crânios partidos, pés esmagados, olhos cortados, dedos ceifados mandíbulas laceradas, Disenteria, milhões de desabrigados, corações torturados, almas vazias. Abril 1973

94


SWEET BOY, GIMME YR ASS

95 lemme kiss your face, lick your neck touch your lips, tongue tickle tongue end nose to nose, quiet questions ever slept with a man before? hand stroking your back slowly down to the cheeks' moist hair soft asshole eyes to eyes blur, a tear strained from seeing Come on boy, finger thru my hair Pull my beard, kiss my eyelids, tongue my ear, lips light on my forehead - met you in the street you carried my package Put your hand down to my legs, touch if it's there, the prick shaft delicate hot in your rounded palm, soft thumb on cockhead Come on come on kiss me full lipped, wet tongue, eyes open animal in the zoo looking out of skull cage - you smile, I'm here so are you, hand tracing your abdomen from nipple down rib cage smooth skinn'd past belly veins, along muscle to your silk-shiny groin across the long prick down your right thigh up the smooth road muscle wall to titty again -


Come on go down on me your throat swallowing my shaft to the base tongue cock solid suck I'll do the same your stiff prick's soft skin, lick your ass Come on Come on, open up, legs apart here this pillow under your buttock Comme on take it here's vaseline the hard on here's your old ass lying easy up on the air - here's a hot prick at yr soft mouthed asshole - just relax and let it in Yeah just relax hey Carlos lemme in, I love you, yeah how come you came here anyway except this kiss arms round my neck mouth open your two eyes looking up, this hard slow thrust this softness this relaxed sweet sigh? 3 January 1974

96

*Mind Breaths. p. 34-35.


MENINO DOCE, DÊ-ME SUA BUNDA

97

deixe-me beijar seu rosto, lamber seu pescoço tocar seu lábios, língua cócegas língua finda nariz no nariz, silenciosas questões já dormiu com um homem antes? mão acarinhando lentamente suas costas até os suaves cabelos das bochechas úmidas do seu cu borrão de olhos nos olhos, uma lágrima tensa de ver Venha menino, seus dedos nos meus cabelos Puxe minha barba, beije minhas pálpebras, lamba minha orelha, lábios úmidos na minha testa - conheci-o na rua você carregou meu embrulho pouse a mão na minha perna, toque se aí estiver, o delicado pau curvo quente em sua redonda palma, macio polegar na cabecinha Venha, venha me beijar cheio, língua molhada, olhos abertos animal no zoológico olhando para fora da gaiola - você sorri, Estou aqui e também você, mão desenhando seu abdômen do mamilo até o peito pele suave até as veias da barriga, ao longo do músculo até a sua virilha de seda brilhante por todo seu comprido pau até a sua coxa direita de volta à delicada estrada da parede de músculos até o peito de novo Vai até lá embaixo em mim sua garganta


engolindo meu cacete até a base da língua consistente chupada de cacete Eu vou fazer o mesmo à pele macia do seu pau duro, lamber seu cu Venha, Venha, abra-se, pernas separadas aqui neste travesseiro sob seu bumbum Venha tome aqui a vaselina o pau duro está aqui seu velho traseiro deitado todo fácil ao ar - aqui a pica quente no seu bumbum macio - apenas relaxe e deixe entrar Sim, apenas relaxe, ai Carlos, me deixe entrar, eu te amo, sim, como come você gozou de qualquer forma exceto esse beijo braços em torno do pescoço boca aberta seus dois olhos olhando para cima, esse duro lento jorrar essa delicadeza esse leve e doce suspiro? 3 Janeiro 1974

98


SICKNESS BLUES

99

Lord Lord I got the sickness blues, I must've done something wrong There ain't no Lord to call on, now my youth is gone. Sickness blues, don't want to fuck no more Sickness blues, can't get it up no more Tears come in my eyes, feel like an old tired whore I went to see the doctor, he shot me with poison germs I got out of the hospital, my head was full of worms All I can think is Death, father's getting old He can't walk half a block, his feet feel cold I went down to Santa Fe take vacation there Indians selling turquoise in dobe huts in Taos Pueblo Square Got headache in La Fonda, I could get sick anywhere Must be my bad karma, fuckin these pretty boys Hungry ghosts chasing me, because I been chasing joys Lying here in bed alone, playing with my toys I musta been doing something wrong meat & cigarettes Bow down before my lord, 100 thousand regrets All my poems down in hell, that's what pride begets


Sick and angry, lying in my hospital bed Doctor Doctor bring morphine before I'm totally dead Sick and angry at the national universe O my aching head Someday I'm gonna get out of here, go somewhere alone Yeah I'm going to leave this town with noise of rattling bone I got the sickness blues, you'll miss me when I'm gone July 19, 1975

100

*Mind Breaths. p. 63-64.


BLUES DA TRISTEZA

101 Deus, Deus, Peguei o blues da tristeza, Eu devo ter feito algo errado Não há Deus para chamar, agora que a minha juventude se foi. Blues da tristeza, eu não quero mais trepar Blues da tristeza, meu pau não vai levantar Lágrimas nos meus olhos, me sinto uma puta velha a gritar Fui num doutor, ele me atingiu com germes venenosos Saí do hospital, minha cabeça repleta de vermes leprosos Só consigo pensar na morte, meu pai envelhecendo Não pode andar meio quarteirão, seus velhos pés morrendo Fui a Santa Fé para ter férias contadas Índios vendendo turquesa em cabanas armadas Dor de cabeça em La Fonda, minhas mazelas lá destinadas Deve ser o meu karma ruim, por foder tantos meninos Fantasmas famintos me perseguem, por ter hábitos indignos Mentindo aqui na cama só, brincando com os arbítrios de Minos Devo ter feito algo errado carne e cigarros Curvo diante do meu senhor, 100 mil velhos pigarros


Todos meus poemas ardem no inferno, velho orgulho, velho catarro Doente e irado, deitado na cama de hospital Médico Médico traga morfina antes do meu suspiro final Doente e irado, minha cabeça doendo, no universo nacional Um dia eu saio daqui, vou a algum lugar sozinho Sim, vou abandonar esta cidade com o ruído dos ossos do caminho Peguei o blues da tristeza, vai sentir minha falta, seu velho mesquinho Julho 19, 1975

102


COME ALL YE BRAVE BOYS

103

Come all you young men that proudly display Your torsos to the Sun on upper Broadway Come sweet hearties so mighty with girls So lithe and naked to kiss their gold curls Come beautiful boys with breasts bright gold Lie down in bed with me ere ye grow old, Take down your blue jeans, we'll have some raw fun Lie down on your bellies I'll fuck your soft bun. Come heroic half naked young studs That drive automobiles through vaginal blood Come thin breasted boys and fat muscled kids With sturdy cocks you deal out green lids Turn over spread your strong legs like a lass I'll show you the thrill to be jived up the ass Come sweet delicate strong minded men I'll take you thru graveyards & kiss you again You'll die in your life, wake up in my arms Sobbing and hugging & showing your charms Come strong darlings tough children hard boys Transformed with new tenderness, taught new joys We'll lie embrac'd in full moonlight till dawn Whiteness shows sky high over the wet lawn


Lay yr head on my shoulder kiss my lined brow & belly to belly kiss my neck now Yeah come on tight assed & strong cocked young fools & shove up my belly your hard tender tools, Suck my dick, lick my arm pit and breast Lie back & sigh in the dawn for a rest, Come in my arms, groan your sweet will Come again in my mouth, lie silent & still, Let me come in your butt, hold my head on your leg, Let's come together, & tremble & beg. 25 Aug '75 4 AM

104

*Mind Breaths. p. 63-64.


VENHAM VOSSOS MOÇOS INDÔMITOS

105 Venham todos os moços que exibem sem dilema Vossos torsos ao sol forte de Ipanema Venham queridinhos tão habilidosos com as meninas Tão lépidos e nus para beijar as madeixas amarelas Venham moços bonitos com brilhantes peitos de ouro Deitem à cama comigo enquanto mantêm ares de nascituro, Deitem fora vossos jeans, teremos algumas travessurinhas Deitados sobre o umbigo! Vou comer as vossas bundinhas Venham heróis seminus jovens marmóreos Guiadores através dos fluidos vaginais subterrâneos Venham meninos de magro peitoral e crianças musculosas Com picas robustas aprontem vontades fogosas Terminem por esticar vossas fortes pernas de moças de segunda Deixem que eu mostre a excitação de ser fodido na bunda Venham doces delicados fortes mancebos Eu vos guiarei por tumbas & vos beijarei soberbos Morrerão vossas vidas, acordados em meus braços firmes Soluçando e abraçando & entregando vossos charmes Venham fortes doçuras crianças rebeldes jovens sevícias Transformados por novas ternuras, ensinados por novas delícias Restaremos abraçados da lua cheia até a aurora


A brancura mostra o céu sobre a úmida flora Deitem a cabeça no meu ombro beijem minha sobrancelha & umbigos colados acendam agora minha centelha Venham cuzinhos apertados & cacetes saudáveis jovens viris & abriguem na minha barriga vossas ferramentas duras e gentis Chupem meu pau, lambam minha axila e peito Deitem & suspirem à madrugada no instante do leito Gozem em meus braços, gemam vossos doces desejos Gozem de novo na minha boca, restem silenciosos e rijos, Me deixem gozar em vossas costas, a cabeça em vossas pernas pousar, Vamos gozar juntos, & tremer & implorar. 25 Agosto '75 4 horas

106


FATHER DEATH BLUES

107

Hey Father Death, I'm flying home Hey poor man, you're all alone Hey old daddy, I know where I'm going Father Death, Don't cry any more Mama's there, underneath the floor Brother Death, please mind the store Old Aunty Death Old Uncle Death O Sister Death

Don't hide your bones I hear your groans how sweet your moans

O Children Deaths go breathe your breaths Sobbing breasts'll ease your Deaths Pain is gone, tears take the rest Genius Death your art is done Lover Death your body's gone Father Death I'm coming home Guru Death your words are true Teacher Death I do thank you For inspiring me to sing this Blues


Buddha Death, I wake with you Dharma Death, your mind is new Sangha Death, we'll work it through Suffering is what was born Ignorance made me forlorn Tearful truths I cannot scorn Father Breath once more farewell Birth you gave was no thing ill My heart is still, as time will tell. July 8, 1976 (over Lake Michigan)

108

*Mind Breaths. p. 66-67.


BLUES DO PAI MORTE

109 Ei, Pai Morte, Estou voando pra casa Ei, homem pobre, você está sozinho Ei, pai velho, Eu sei meu caminho Pai Morte, não chore não Mamãe lá está, debaixo do chão Irmão Morte, por favor, cuide do cão Velha Tia Morte Velho Tio Morte Ó irmã Morte

Não esconda seus ossos Eu ouço seus gemidos quão doce seus murmúrios

Ó Crianças Morte respirem seus fôlegos Soluço convulso vai aliviar suas Mortes A dor foi embora, as lágrimas lavam os rasgos Gênio Morte sua arte acabou Amante Morte sua carne findou Pai Morte Estou indo pra casa Guru Morte suas palavras são verdade Professor Morte eu te agradeço


Por me inspirar a cantar este Blues Buda Morte, acordo contigo Darma Morte, sua mente é nova Sangha Morte, seremos amigos Sofrimento é o nosso fado Ignorância me deixou desamparado às Verdades tristes não terei desprezado Pai Fôlego mais uma vez amanhã virá Nascimento dado não mentirá Meu coração permanece, como o tempo dirá. Julho 8, 1976 (Lago Michigan)

110


111


Selo Letras in.verso e re.verso 7faces caderno-revista de poesia ISSN 2177 0794

Editores Pedro Fernandes de Oliveira Neto Cesar Kiraly Conselho editorial Eduardo Viveiros de Castro Ésio Macedo Ribeiro Maria Filomena Molder Nuno Júdice Encarte Allen Ginsberg – Poemas Tradução: Cesar Kiraly www.revistasetefaces.com Editoração e diagramação Pedro Fernandes de Oliveira Neto Capa e ilustrações internas © Helton Souto. Fotografia de Allen Ginsberg © Marc Gantier/ Gamma-Rapho Allen Ginsberg, 1990.

Para esta coletânea foram utilizadas as seguintes edições: Ginsberg, Allen. Howl and Other Poems. San Francisco: City Lights, 1959. ______. The Fall of America. San Francisco: City Lights, 1972. ______. Kaddish and Other Poems. San Francisco: City Lights, 2010. ______. Reality Sandwiches. San Francisco: City Lights, 2013. ______. Mind Breaths. San Francisco: City Lights, 2010. Agradecimentos a Helton Souto pela composição das ilustrações e a Guilherme Gontijo Flores pela primeira leitura destes poemas e a escrita do texto de apresentação.

112


113


114

7faces

Caderno-revista de poesia

Encarte Allen Ginsberg – Poemas Tradução Cesar Kiraly Este material foi composto em Cambria, 12, entrelinhas 1pts, para publicação eletrônica pelo Selo Letras in.verso e re.verso. Redação do caderno-revista 7faces revistasetefaces@ymail.com


115


116


117


118


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.