Caderno de Resumos 2º Colóquio de Estudos Saramaguianos

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Levantado do chão: a saga dos oprimidos Conceição Flores*

Os acontecimentos políticos ocorridos em Portugal em 1976 — o “Verão Quente” e a “Crise de 25 de Novembro” — responsáveis pelas mudanças de rumo da Revolução de 25 de Abril de 1974, interferiram na vida profissional de José Saramago. Em decorrência de ter ficado desempregado, decidiu ser o momento propício para a escrita de um romance sobre o campo e os trabalhadores rurais. Para tal, foi para Lavre, no Alentejo, onde ouviu camponeses e teve acesso ao manuscrito “Uma família alentejana”, do camponês João Serra, considerado essencial, segundo Saramago, para a escrita do romance. Este trabalho analisa Levantado do chão (1980) à luz dos conceitos: pedagogia do oprimido (FREIRE, 2013) e aparelhos ideológicos do estado (ALTHUSSER, 1985), articulando-os com a perspectiva analítica da Nova História (DUBY, 1994), a fim de refletir sobre a história da família Mau-Tempo, camponeses alentejanos, e sobre os acontecimentos políticos ocorridos em Portugal no século XX. Tem-se, portanto, um romance dialógico, em que a ficção e a história constroem uma narrativa na qual às vozes dos oprimidos e às dos opressores se soma o discurso da história, para revelar a saga dos oprimidos. Palavras-chave: Levantado do chão. Pedagogia do oprimido. Aparelhos ideológicos do estado.

* Conceição Flores é doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), foi professora de Literatura Portuguesa da Universidade Potiguar de 1999 a 2018. Publicou: Do mito ao romance: uma leitura do evangelho segundo Saramago (2001); As aventuras de Teresa

Margarida da Silva e Orta em terras de Brasil e Portugal (2006); em coautoria com Constância Lima Duarte e Zenóbia

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