Revista reviver 22ªedição

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Bimestral | Edição nº 22 | Novembro 2016 | Gratuita

REVIVER A velhice não passa de um estado de espírito

Faça você mesmo Relógios reciclados para a sua casa

Envelhecimento Saiba como atenuar o processo de envelhecimento do corpo

Sexualidade Conheça os 8 principais problemas na vida sexual depois dos 60

Caminhada Nórdica Descubra todos os benefícios para a sua saúde

Animais de Estimação A Merial explica-lhe os cuidados a ter com o seu gatinho

Na Esplanada com...

Catarina Avelar



REVISTA REVIVER Sumário Novembro de 2016 REVIVER n.º 22

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38

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Editorial

Desidratação nos Idosos

Massagem Ayurvédica

26 Descubra o porquê da

48 A massagem com conheci-

desidratação ser um perigo mortal

mento da vida Humana

Separador

Envelhecimento do Corpo

Caminhada Nórdica

06 Nunca é tarde para sermos

aquilo que devíamos ter sido.

30 Saiba como atenuar o processo 52 Conheça os benefícios para o corpo e a mente desta caminhada de envelhecimento do corpo

Faça você mesmo

Animais de Estimação

08 Relógios reciclados que irão

alegrar o seu lar.

35 A Merial explica-lhe como deve 57 Existem curiosidades que cuidar do seu gato no 1º ano de vida nos enriquecem culturalmente.

Atividades para idosos

Receitas da Terra

no interior e exterior.

receitas saborosas e simples de fazer.

do momento e inspire-se.

Projecto Ally Bally Bee

Na Esplanada com...

Fotorreportagem:

04 “Será a dependência uma epidemia?”por António Ramos

Sabia que...

Breves

12 Saiba que atividades pode fazer 36 Helena Ramos apresenta-lhe duas 58 Saiba quais são as breves

16 Descubra este projecto que explica 38 Catarina Avelar. Aos 77 anos con- A última Viagem!

a demência às crianças.

tinua no ativo e parar não é uma opção.

62

Contos para avós

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Quem foi...?

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Sexo depois dos 60

Separador

20 Conheça os 8 maiores problemas

42 Uma frase de António Lobo

na vida sexual depois dos 60 anos.

Antunes para si.

Agenda Cultural

68

Separador

Parque dos Encantos

Passatempos

70

24 Uma frase sobre a vida de Mia

44 Acompanhe-nos num passeio pelo

Couto para refletir.

encantador Parque da Pena.

Ficha Técnica

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editorial Será a Dependência Uma Epidemia? Por António Ramos

Como em tantas outras coisas vamos tapando aqui e remendando ali aquilo que devia ser "atacado" de forma conclusiva e não apenas temporária. Eventualmente os tão jeitosos remendos irão romper, demonstrando-se assim como simples soluções a curto prazo. É assim que Portugal e as suas políticas lidam com o envelhecimento, criando simples soluções de curto prazo naquela que se torna uma enorme camada de remendos. Até aos dias de hoje, os sucessivos governos e instituições não foram capazes de olhar para a problemática da dependência com a seriedade que ela exige. Parecemos a nação dos resignados e conformados em aceitar que a dependência tem de fazer obrigatoriamente parte da vida das pessoas idosas, encarando este problema como inevitável em vez de procurar evitar o problema. Se o assunto são idosos dependentes criamos serviços de apoio ao domicílio, lares, cuidados continuados, cuidadores de idosos, formações para cuidadores informais e tudo o que implica lidar com a dependência dessas pessoas, que bem merecem. Mas esse não é o meu problema. Acho muito bem que as pessoas dependentes recebam os melhores cuidados de forma a viverem esses anos com uma qualidade de vida superior àquela que de outra maneira viveriam. O que está em causa é a forma como olhamos para o problema. Esperamos que a dependência tome conta das pessoas idosas e então arranjamos soluções para lidar com essa dependência. O que não fazemos é procurar políticas de intervenção adequadas para a evitar, relegando toda a nossa fé para as Universidades Seniores, Centros de Dia e outras Instituições, na esperança de que o seu esforço, dedicação e boa fé consigam fazer aquilo que devia ser um dever primário do Estado. A dependência é uma epidemia. É claro como água que a dependência pode gerar mais dependência ainda. Já existem estudiosos, cursos, técnicos, testemunhos e exemplos suficientes para compreender isto. Mais um motivo para não existirem desculpas em lidar com um problema gravíssimo, que é a perda de capacidades de cuidar das mais básicas tarefas diárias do dia a dia, como a alimentação e a higiene pessoal. Basta imaginar a vergonha que passa uma pessoa que sempre foi capaz de cuidar dela própria, estar agora no final da vida dependente de alguém para comer, tomar banho, deslocar-se e fazer as necessidades. Mais que isso, imaginar o esforço e desgaste mental do familiar que cuida, que pode chegar a pontos de loucura e desespero numa preocupação infinita pelo bem-estar daquela pessoa que ama. Conheço um senhor de 86 anos, um poço de energia que cuida da sua mulher, com a mesma idade mas muito mais frágil. Tudo era tolerável até ao dia em que a senhora teve uma queda. Largou as muletas e ficou limitada à cama e à cadeira de rodas. Durante esses meses assisti com os meus próprios olhos à metamorfose deste homem cheio de vida e alegria, para um estado desesperado e preocupado, preso na sua própria casa para garantir que nada de mal acontecia à sua amada. Se ela perdeu quilos, também ele os perdeu e por vezes tudo o que ele queria era poder sair de casa, espairecer, apanhar ar, mas as únicas vezes que isso acontecia era quando ia ao supermercado para abastecer o frigorífico. Dependente da dependência da sua esposa, ia e vinha num ápice, preocupado lá está, não fosse a mulher precisar dele. Felizmente conseguiu arranjar forma de colocá-la nos cuidados continuados, onde foi bem cuidada, tratada ao ponto de poder voltar para casa, ainda numa cadeira de rodas, mas que permitiu ao senhor descansar e voltar a ser o mais aproximado do homem que era, alegre e enérgico. É por isso que considero a dependência uma potencial epidemia. Não é preciso muito para contagiar outras pessoas que, ao cuidarem, podem também elas ficar dependentes. Se as políticas de intervenção perante estas situações continuarem a remediar os males que já estão feitos, então meus caros, grande parte de nós estará condenado a um futuro de dependência. Eu pessoalmente espero que Portugal consiga evoluir para o patamar daqueles países que pretendem ser pioneiros nos cuidados aos cidadãos idosos. Em suma concluo com, cuidem dos que precisam de cuidados, fortaleçam os que ainda são capazes.



SEPARADOR

“Nunca é demasiado tarde para seres aquilo que devias ter sido.” George Sand


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Faça você mesmo Relógios reciclados

Funcionais ou decorativos, os relógios costumam estar sempre presentes nas habitações dos portugueses. Para além da sua funcionalidade, existem relógios que são peças decorativas impressionantes e que marcam a diferença no espaço onde estão inseridos. Porque não ocupar um espaço vazio na sua parede com um relógio reciclado feito por si? A REVIVER apresenta-lhe algumas sugestões e dicas para fazer um relógio reciclado que será um excelente pormenor na decoração do seu lar. Fazer um relógio reciclado não é uma atividade complicada apenas precisa de encontrar os materiais corretos para o seu projeto durar bastantes anos. Normalmente fazer um relógio reciclado não é um projeto dispendioso, pois para além de poder aproveitar o sistema e ponteiros de relógios antigos também pode juntar diversos materiais que podem ser reciclados e usá-los nesta peça.


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Relógio com tampas de garrafas PET Este relógio é de fácil execução e bastante económico. Para realizar este projeto vai precisar: - 12 Tampas de garrafas PET; 12 Pauzinhos de madeira (os que usamos nas espetadas) - 2 Círculos com o mesmo tamanho de madeira / MDF / ou até tampas de potes; - Se usar madeira ou MDF precisa de um berbequim, caso opte por tampas ou cartão pode usar pregos para furar o centro do círculo. Para além disso vai precisar de uma pistola de cola quente, uma lixa, tinta acrílica da cor que deseja e ainda do sistema e ponteiros de um relógio (pode comprar novos ou usar de outros relógios que já não quer em sua casa).

Como fazer o Relógio com tampas de garrafas PET? 1º Passo: Lixe as tampas das garrafas PET. De seguida faça um pequeno orifício na lateral de cada uma delas. Pode usar um prego quente para fazer o furo ou uma ferramenta com a ponta fina aquecida. Cuidado para não se queimar, use um alicate se necessário para agarrar a tampa. 2º Passo: Se escolheu os círculos de madeira ou MDF use o berbequim para fazer um furo no centro de cada um dos círculos. Caso tenha optado por as tampas de potes ou por cartão use um prego para conseguir o furo central nos círculos. Após este passo estar efetuado, chegou a altura de pintar com a tinta acrílica os 2 círculos e as 12 tampas. (Pode optar por usar mais do que uma cor, utilize a sua criatividade e as cores que deseja). Deixe a tinta secar. 3º Passo: No orifício lateral das tampas irá colocar a ponta em bico dos pauzinhos de madeira. Para não cair tudo mais tarde, deve colocar cola quente na ponta e deixar secar bem para este ficarem bem ligados. De seguida terá que colar os 12 pauzinhos num dos círculos na posição das horas de um relógio. Não tape o furo central que fez no seu círculo. Deixe secar bem. 4º Passo: Coloque o segundo círculo de forma a sobrepor o primeiro onde colou os 12 pauzinhos. Cole com cola quente se achar necessário. Na parte de trás do primeiro círculo coloque o sistema do relógio e encaixe os ponteiros pela parte de fora do segundo circulo. O seu relógio está pronto e funcional. Pode colá-lo diretamente na sua parede ou colocar uma pequena presilha/gancho para molduras para prender o seu relógio de forma firme na parede. Dica: É importante envernizar todas as peças antes de concluir o seu projeto.


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Relógio reciclado com revistas velhas Se é uma pessoa que guarda revistas antigas sem nenhum propósito e a única solução que encontra é deitá-las fora, guarde-as por mais uns tempos. Existem inúmeras formas de reciclar revistas velhas e transformá-las em lindos objetos decorativos. Até pode dar algum trabalho, mas ter um relógio reciclado com revistas é uma excelente forma de ter um pormenor delicioso na sua decoração. Para isso irá precisar: - Revistas velhas (também pode utilizar jornais) - Sistema e ponteiros de um relógio (novo ou usado) - Tesoura, gancho para pendurar na parede, uma agulha de tapeçaria com entrada para linha, linha (grossa) de uma cor a seu gosto, 2 CD´s transparentes ou com a cor que quiser aplicar.

Como fazer um relógio reciclado com revistas velhas? 1º Passo: Numa mesa coloque todo o material que irá necessitar. Se for pintar os CD´s faça-o em primeiro lugar para estes poderem secar e comece o projeto no dia seguinte. Se não optou por pintar nada, das folhas de revista que escolheu comece a enrolá-las em forma de canudo. Dobre esse canudo deixando um lado maior que o outro. Repita esse processo várias vezes para ter muitos canudos. De seguida pegue na linha que escolheu e passe na agulha, não se esqueça que no fim vai ter que rematar e unir tudo. Onde dobrou o canudo passe a agulha e a linha, dê a volta à dobra e posicione a linha para uni-la ao próximo canudo. 2º Passo: Com o primeiro canudo preso passe a linha na dobra do segundo canudo. Este 2º canudo deve ficar com a ponta maior ao lado da menor do 1º canudo. Este processo deve repetir-se até ter um círculo completo, sempre intercalado. No final só precisa rematar a linha. 3º Passo: Pegue nos dois CD´s e posicione um na parte da frente do seu círculo feito de revistas e um na parte de trás. Os ponteiros ficam na parte da frente e o sistema no CD de trás. Quando tudo tiver bem posicionado monte o que for necessário. Se achar que não está seguro o suficiente use um pouco de cola quente.

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4º Passo: Cole o gancho para fixar na parede no sistema do relógio na parte de trás. Deixe este secar bem pois será ele que irá suportar o peso da peça. Depois de tudo estar seco o seu relógio reciclado com revistas velhas está pronto a ser usado. Inspire-se em outros modelos de relógios feitos com revistas, pode fazer em leque, em pequenos círculos ou em canudos. Escolha a opção que mais gosta e dê uso à sua criatividade.

Relógio Reciclado criado na parede Este é um relógio para ocupar uma parede da sua casa. Ao contrário do que pode pensar, embora seja um projeto de grande dimensão é talvez o que dê menos trabalho a executar. Todavia é aquele que requer mais criatividade e imaginação. Para perceber melhor neste projeto só vai precisar fixar o seu sistema e ponteiros no centro do projeto, tirar medidas exatas onde vai ficar cada objeto que representa aquela hora específica e fixá-los de forma segura. Não existe um passo a passo para este relógio reciclado criado na sua parede. O sucesso do mesmo vai depender da sua precisão nas medidas e na sua imaginação. Exemplos de relógios reciclados criados na parede: - Horas substituídas por molduras com os ponteiros no centro. - Números de vários tamanhos com os ponteiros no centro. - Objetos iguais (espelhos, pequenos relógios, etc.) com os ponteiros no centro. Inspire-se na galeria de fotografias e crie o seu relógio reciclado. Divirta-se!

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Atividades para idosos Interior - Ar Livre - Jogos Um dos maiores desafios quando se lida com idosos é arranjar formas de os manter ativos e interessados nessas atividades. Conseguir encontrar atividades adequadas para idosos pode ser tanto satisfatório como frustrante. Alguns profissionais e instituições fazem-no perfeitamente, outras nem tanto assim, até àquelas que nem tentam. A noção fundamental a reter é a de que nenhuma pessoa é igual, e por isso mesmo ninguém deve ser obrigado a fazer o que não gosta, o que não quer ou que não se sente confortável a fazer. Um bom ponto de partida é conhecer as pessoas com quem se trabalha, o que gostam e o que as motiva. Desse modo será muito mais fácil encontrar alguma atividade que mantenha a pessoa ativa e interessada. O mundo moderno dá-nos oportunidades para inovarmos, mas por vezes complicamos demasiado, quando não há nada melhor do que uma mistura entre o moderno e o tradicional.

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Algumas Sugestões de Atividades Para Idosos Por tópicos vamos sugerir atividades de exterior e interior direcionadas aos seniores, e possíveis alternativas para quem não goste ou não possa fazê-las. As atividades sugeridas não são técnicas mas sim de contexto geral, focadas no lazer e em atividades simples do dia-a-dia que poderão não ser aplicáveis a pessoas com maior dependência. Dica: O primeiro bonsai serve para compreendermos como devemos cuidá-lo e como aplicar as técnicas. Não se preocupe extremamente com a sua aparência!

Atividades ao Ar Livre #1

– Piquenique + Jogos Tradicionais: Comida, bebida e ar livre, quem não gosta? Um piquenique é uma excelente forma de passar uma boa tarde de convívio. Se for um grupo institucionalizado poderá aproximá-los ainda mais como uma família, porque é tradicionalmente uma atividade familiar. Sugerimos que todos participem na organização do piquenique, que se distribuam responsabilidades e cargos para uma maior e melhor integração. Esta atividade pode ser acompanhada com jogos tradicionais como o bócia, a malha, damas, xadrez ou até jogos de cartas. #Alternativa: Normalmente ao piquenique ninguém se recusa, mas os jogos tradicionais podem ser substituídos ou complementados com outro tipo de atividades ou desportos, como por exemplo o badminton, o vólei, um passeio ou uma caminhada. São boas alternativas para quem as quiser fazer.

#2 – Caça Ao Tesouro: Uma caça ao tesouro ou um famoso peddy paper é mais uma excelente atividade ao ar livre que permite fortalecer o espírito de grupo, assim como criar uma competição saudável entre os participantes. É uma atividade bastante completa, pois permite trabalhar a capacidade lógica e cognitiva através das pistas dadas, e ainda fazer exercício ao caminharem à procura de mais pistas, até ao objetivo final. O ritmo dinâmico desta atividade torna-se numa aliciante capaz de convencer qualquer pessoa a participar. A ela pode juntar-se um prémio final que pode até ser escolhido pelo grupo de maneira a agradar a maioria. O bom do peddy paper é que permite a pessoas com menos mobilidade que não possam participar nela, também sejam integradas como intervenientes nas etapas da prova, por exemplo com pistas para os participantes.

#3 – Pesca:A pesca é uma excelente atividade porque permite passar tempo no exterior, conviver com amigos ou companheiros de pesca, apreciar as paisagens, envolver-se na natureza, e ainda a potencialidade de ir para casa com um jantar. Se o sitio escolhido for seguro, até é uma ótima atividade para pessoas em cadeira de rodas ou com menos mobilidade. #Alternativa: Para quem não gostar de pesca, ou não quiser fazê-lo, existem alternativas bastante boas como a jardinagem, o golfe ou minigolfe, ou até a fotografia de exterior. As possibilidades são imensas, é só uma questão de saber explorá-las.


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Atividades no Interior #1 - Festas Temáticas:

A falta de imaginação torna as festas para idosos sempre nos mesmos bailaricos em que grande parte fica sentada a olhar. Melhor do que repetir o que já foi feito e refeito é criarem as próprias festas temáticas. Envolver todos os participantes, para que todas as vozes e opiniões sejam ouvidas e as pessoas possam realmente desfrutar daquilo que elas próprias escolheram fazer. Festas temáticas abrem toda uma possibilidade a atividades paralelas como por exemplo, criar as roupas e acessórios, assim como incorporar e representar os personagens, dando asas à criatividade. #Alternativa: Organizar uma gincana dos saberes é sempre uma forma de criar uma vez mais um espírito competitivo saudável assim como criar estímulos físicos e cognitivos nos participantes e envolver aqueles que não podem na iniciativa.

#2 – Cozinhar:

Para quem gosta, pode e consegue, esta será sempre uma atividade prazerosa. Mas ainda que os cozinhados tradicionais tenham o seu espaço, porque não dar também espaço à inovação na cozinha? Por exemplo, gelados caseiros, sobremesas saudáveis e diferentes, pratos gourmet, algo criativo e original. #Alternativa: Para quem não gosta de cozinhar, pode ter como alternativa a criação de bouquets de flores, ou atividades artísticas como pintar quadros ou reportagens fotográficas.

#3 – Trabalhos Manuais Úteis: É comum, principalmente em instituições, que os trabalhos manuais não tenham uma finalidade útil para além do estímulo e da atividade por si só. Na Reviver achamos que não tem de ser assim, somos da opinião que os projetos podem ser de médio-longo prazo e ter uma finalidade. Olhe em volta para a sua casa ou para o seu quarto. Gostaria de alterar ou renovar alguma coisa? Arranje um projeto com um objetivo e dedique-se a ele. Não se esqueça que a secção "Faça Você Mesmo" tem excelentes sugestões neste sentido

Jogos & Diversão #1 - Jogos de Tabuleiro: Os jogos de tabuleiro são ótimos passatempos e muitos deles até incríveis desafios cognitivos, como é por exemplo o xadrez, o ginásio da mente. Mas entre os jogos de tabuleiro existem muitas opções, como o monopólio, o trivial pursuit, o scrabble, mahjong, pictionary e muitos outros.

#2 - Vídeo Jogos: Esta é das melhores formas para utilizar a tecnologia em prol do bem-estar dos seniores. Os vídeos jogos podem ajudar a manter ou melhorar tanto a parte física como cognitiva. Ao passo que consolas como a Wii implicam movimentos, existem excelentes jogos que são ótimos para o cérebro, como jogos de estratégia (p.e Age of Empires). Para além destes jogos, existem ainda jogos próprios para estimulação cognitiva que podem facilmente ser encontrados online. #3 - Quem Sou Eu: Este é um jogo divertido que não é de tabuleiro nem digital. Consiste em escrever nomes de pessoas ou personagens famosas em post-its ou papel autocolante e colá-los nas costas dos participantes. Cada pessoa fica com um nome, e tem de fazer perguntas aos restantes participantes até descobrir quem é a sua personalidade. É uma excelente atividade para complementar e animar uma festa temática ou um jantar de convívio.


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Para que possamos evoluir na forma como encaramos o envelhecimento precisamosde inovar. Porquê?

Projeto Ally Bally Bee A Dem ê ncia explicada à s Crian ç as A inovação é o que nos faz pensar fora da caixa, arriscar em novos conceitos e ideias, abordar as problemáticas de outras perspetivas e por fim, evoluir. Se pensarmos bem, há poucos anos a noção de envelhecimento ativo foi uma inovação. Até então, cada pessoa ficava ela própria à mercê da sua forma de encarar a velhice. Restava-lhes pouco mais que o associativismo ou os jardins. Foi a inovação que trouxe as universidades sénior, que deu novos conceitos aos lares de idosos e novas formas de lidar com a reforma, com pessoas acamadas ou com a demência. A Reviver anseia por projetos inovadores, para poder conhecê-los e divulgá-los. Foi essa vontade que nos levou a querer conhecer melhor o projeto Ally Bally Bee e a entrevistar Matthew, o seu criador. Sabendo o quanto a demência afeta os doentes, as famílias e também as crianças, a missão do Ally Bally Bee Project está bem definida. Criar livros infantis, personalizados, sobre a demência. "Imaginem explicar a demência da "Vovó" à pequena "Maria" com um livro onde a avó e a Maria entram como personagens principais" explica-nos o fundador do projeto. Pode uma ideia tão simples ser também genial? Desde os nomes próprios aos traços comportamentais de demência, o produto final vai ser um bonito livro ilustrado e personalizado sobre a demência na própria família. A origem de uma ideia como esta quase que exige um envolvimento emocional obrigatório e foi isso que pretendemos saber. Matthew, fundador do projeto explica-nos que era trabalhava numa organização de caridade para a demência quando se tornou pai. "Por volta da mesma altura a bisavó da minha mulher foi diagnosticada com Alzheimer. Ao reparar nos adultos da família a lutarem para compreenderem a situação, olhei para a minha filha e perguntei a mim próprio - como é que eu lhe explicaria o que é a demência se ela fosse um bocadinho mais velha?", conta-nos. Para responder a esta pergunta Matthew procurou todos os recursos disponíveis mas todos os livros infantis que encontrou eram sobre uma uma velhinha ou um velhinho e uma menina ou um menino. "A demência afeta todas as pessoas e famílias de formas diferentes. Como é que apenas um livro consegue refletir isso?".


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Foi esta noção, a de saber que a forma como a demência afeta as famílias e as pessoas não é igual e que a solução não passa por um livro que generalize problemas tão complexos. Nasceu assim a ideia de, contrariamente ao que já existia, criar livros infantis personalizados, que possam aproximar-se o mais possível da realidade de cada pessoa e de cada família. Matthew acredita que a maioria dos pais procuram explicar às crianças o que é a demência, mas que tais conversas podem ser complicadas. "Como pai, consigo imaginar muitos outros pais a debaterem-se para saber como deverão começar a conversa. Esperamos que os nossos livros ajudem os adultos nessa área, se eles não souberem bem como começar. Com um livro personalizado como o nosso, a informação pode ser aprendida de uma forma divertida e cativante" completa o fundador. Apesar de toda a influência dos aparelhos digitais nos dias de hoje, na opinião de Matthew os livros nunca vão perder o seu encanto com as crianças. "A minha filha adora livros. Ela tem apenas 20 meses mas apesar das tecnologias, que também adora, senta-se alegremente ao pé de mim e deixa-me ler para ela durante horas" diz-nos. Foi por isso que ao criar o livro e escolher a qualidade do papel, Matthew quis que o produto final pudesse ser amado tanto pelas crianças como pelos adultos. Não é só um livro infantil, é para toda a família. "Se eu tivesse optado por qualquer outro meio – website ou aplicação por exemplo – não acredito que tivesse o mesmo encanto emocional". No entanto o Projeto Ally Bally Bee vai permitir que os seus clientes possam fazer o download do livro em formato digital, se assim pretenderem. Ally Bally Bee é o nome de uma canção popular escocesa que as mães costumam cantar para os filhos. Matthew foi uma das crianças escocesas que ouviu essa música cantada pela mãe. Foi essa recordação que o levou a dar o mesmo nome ao projeto. A ele dedica-se de corpo e alma por pura paixão. "Não sou pago por isto. É um projeto de paixão, no qual eu trabalho nos meus tempos livres – há noite, de manhã cedo antes de ir trabalhar e aos fins de semana. Tenho de manobrá-lo entre um trabalho full-time e uma filha pequenina, por isso pode ser desgastante. Mas acredito plenamente no potencial do projeto" afirma. Segundo o fundador, o maior desafio deste projeto tem sido o financiamento. A sua execução depende dele e Matthew procura-o onde for possível. Apesar de existir imensa competição no que diz respeito ao financiamento, o projeto já venceu dois prémios, o que lhes permitiu pagar para já um ilustrador e um escritor. "Precisamos de mais um prémio para ajudar a pagar a funcionalidade do website, que irá permitir a personalização do livro" completa Matthew. Atualmente trabalham 5 pessoas no projeto. O fundador Matthew e Nina, a sua esposa finlandesa que é responsável pelo marketing e pelas redes sociais. Trabalham também no projecto a escritora Elvira Ashby, sueca e a inglesa Daisy Wilson, responsável pela ilustração. "A 5ª pessoa é a Lana – A "Big Boss". É a minha filha e da Nina. Ela diz-nos quando dormir, comer e trabalhar e não aceita um não como resposta!", completa Matthew.

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THE ALLY BALLY BEE PROJECT


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O projeto tem ganho apoiantes sobretudo nas redes sociais. Já contam com mais de 13 mil seguidores no twitter e com o instagram e o facebook a crescerem, têm sido estes apoiantes que têm ajudado a espalhar a palavra. Matthew acredita que no lançamento dos livros será o público online que ajudará o projecto a ter sucesso. Basta irmos à página de testemunhos do projeto para vermos as mensagens de apoio, onde também a Reviver deixou uma. Mensagens como "É bom ver ligações intergeracionais que combatam o estigma", "adoro a vossa ideia para livros infantis", "que ideia fantástica para comunicar com crianças prestes a viver com demência", "que excelente ideia. As crianças podem ser os melhores amigos de pessoas com demência", e muitas outras frases de apoio ao projeto. "Recebemos imensas mensagens de famílias afetadas pela demência e o nosso livro tem sido feito também com a sua ajuda. Enviamos esboços das histórias para as pessoas que lidam com a demência, cuidadores e médicos para nos assegurarmos da precisão do livro e de que é baseado nas suas experiências de vida reais. As mensagens que recebemos são por vezes muito emocionais e tristes, mas é bom saber que o nosso projeto vale apena" explica-nos. O lançamento está previsto para fevereiro de 2017. Nesse dia a versão inglesa do livro estará disponível para ser encomendada. No entanto o objetivo é disponibilizar os livros em várias línguas e o fundador garante-nos que a língua portuguesa é uma delas. Por agora Matthew afirma que querem focar-se apenas, porque não conseguem fazer tudo ao mesmo tempo. Mas garante para o futuro mais livros em vários idiomas que abranjam diversos tópicos complicados. A demência afeta muitas pessoas, crianças inclusive, mas a depressão, o cancro, o autismo e muitos outros problemas. Para além disso pretendem também angariar muito dinheiro para instituições de solidariedade que ajudam famílias pelo mundo fora. Aos leitores da Reviver Matthew quis deixar uma mensagem. "A demência transcende todas as idades e idiomas e o nosso livro vai refletir isso. Vamos esforçar-nos para criar uma opção em língua portuguesa em 2017 e esperamos que a considerem um recurso valioso. Se gostarem do nosso projeto por favor apoiem-nos da maneira que puderem. Visitem o nosso website, subscrever às nossas newsletters e sigam-nos nas redes sociais". Este foi um projeto ao qual a Reviver não conseguiu ficar indiferente. Se quiser conhecê-lo ainda melhor pode fazê-lo em www.allyballybee.org

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S EXO DEPOIS DOS 60 O problema da falta de informação A sexualidade depois dos 60 anos é um tema abordado diversas vezes, embora a informação ande sempre de mãos dadas com a palavra tabu e preconceito. E é aqui que reside o verdadeiro problema. A atividade sexual não existe ou deixa de existir por ser falada, não tem idade para começar ou para terminar. Com o avanço da idade existem mudanças que limitam a vida sexual, e a maioria dessas limitações deve-se à falta de informação. Desta forma a Reviver decidiu apresentar os problemas mais comuns na sexualidade depois dos 60 e o que se pode fazer para ultrapassa-los.

Os 8 principais problemas na vida sexual depois dos 60

#1– Não abordar os problemas da sua vida sexual com um médico:

Sem dúvida que este é o primeiro grande problema da vida sexual de muitas pessoas depois dos 60 anos. Segundo alguns estudos realizados, homens e mulheres com mais de 50 anos começam a notar pelo menos um problema sexual nesta fase da vida que pode facilmente ser ultrapassado com ajuda médica. No entanto, segundo os dados apurados, apenas um terço dos homens e um quinto das mulheres é que procuraram aconselhamento médico. Enquanto pacientes não devemos ter qualquer tipo de preconceito em abordar problemas relacionados com a vida sexual, seja em que idade for. Muitos desconhecem que por trás de uma vida sexual com dificuldades está normalmente um problema de saúde. Por isso é que é tão importante abordar o assunto com o seu médico, fazer exames e pedir aconselhamento. Doenças do coração, diabetes, medicações, depressão e ansiedade podem estar ligados à dificuldade de ter uma boa vida sexual nesta idade. Existem médicos que muitas vezes não deixam os seus pacientes confortáveis para abordar temas relacionados com a sexualidade. Se este é o seu caso não sinta vergonha ou inibição, o problema está no seu médico e não em si. Procure outro médico de clínica geral ou um médico especializado, como um ginecologista ou urologista. 20 REVIVER


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#2

- A quebra parcial ou total do desejo sexual: A quebra do desejo se-xual é um dos principais problemas relatados pelo sexo feminino a partir dos 60 anos. Ter uma vida sexual ativa é fundamental para a maioria das pessoas se sentirem equilibradas, felizes e realizadas. Por isso se começou a notar que está a perder o seu desejo sexual deve questionar-se sobre o que se está a passar consigo. Se não encontrar as respostas dentro de si procure a ajude de um médico. É normal nesta fase da vida existirem pequenas depressões ou problemas psicológicos que tendem a bloquear a mente, refletindo-se na quebra do desejo sexual. Muitos médicos acreditam que se a vida sexual continua boa, o paciente está bem de saúde. Caso contrário é preciso perceber o que está por detrás da quebra do desejo sexual. Mas cada pessoa ou casal são únicos. Existe uma pequena percentagem de casais que perde o interesse sexual com o passar dos anos, e não sente qualquer problema nisso. Faz parte da sua natureza e nem todos temos as mesmas necessidades. O que importa é o casal estar na mesma sintonia. Embora alguns homens demonstrem uma perda parcial do desejo sexual devido a problemas de ereção, que afetam a sua autoestima e confiança, preferindo por vezes abdicar do ato sexual, são as mulheres que mais sofrem com este problema e muitas vezes não encontram explicação para tal. O processo de envelhecimento nem sempre é fácil. A menopausa muitas vezes não é bem explicada, o corpo muda drasticamente se não o cuidarmos regularmente, a falta de realização a nível pessoal ou profissional, a quebra da intimidade com o parceiro, a ausência dos filhos e netos, entre outros aspetos, acabam por gerar alguns problemas a nível psicológico que devem ser vistos e acompanhados. O mais importante é ser honesto com o seu médico e certamente em conjunto irão encontrar a melhor solução para si.

#3

- Falta de Lubrificação: A falta de lubrificação juntamente com a perda do desejo sexual são os principais problemas de uma boa vida sexual ativa para as mulheres. É perfeitamente normal após o processo da menopausa existir uma grande mudança hormonal que pode afetar a lubrificação vaginal. O resultado desta falta de lubrificação é a penetração ficar extremamente dolorosa para as mulheres, o que acaba por levar muitas vezes à interrupção brusca da vida sexual de muitos casais. Hoje em dia existem diversas formas de ultrapassar este problema, sendo a mais simples de todas comprar um gel lubrificante à base de água, vendido em farmácias ou em sexshops. Se esta não for a melhor solução para si, consulte um/uma ginecologista que poderá fazer um tratamento de reposição hormonal ou recomendar outro tipo de gel ou lubrificante. Qualquer uma destas soluções irá mudar consideravelmente a sua vida sexual, tornando-a mais agradável e prazerosa. A masturbação é muito útil quando se começa a notar uma menor lubrificação vaginal, pois esta estimula as glândulas, mantém a lubrificação e evita a atrofia dos músculos vaginais. A nossa saúde deve estar sempre em primeiro lugar, por isso deixe os preconceitos de lado e pense no seu bem-estar hoje e a longo prazo. REVIVER 21


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#4 – Dificuldades de ereção: É normal que a partir dos 50 anos alguns homens sin-

tam uma perda significativa da capacidade de ereção. Este tema é diversas vezes abordado, com anúncios de medicamentos e diversas soluções, o que leva os homens a recorrer ao seu médico com mais facilidade do que as mulheres. O certo é que muitas vezes a perda parcial da capacidade de ereção está ligada a diversas doenças, como também ao estilo de vida levado pelo homem. E só um médico é que poderá avaliar a sua situação. Não tome qualquer tipo de medicação sem consultar o seu médico e este efetuar alguns exames. O que pode fazer para prevenir esta situação é adotar uma dieta equilibrada, fazer desporto, parar de fumar e beber bebidas alcoólicas. Uma vida saudável ajuda significativamente a melhorar o desempenho sexual. É importante também realçar que o homem com o aumento da idade demora mais tempo a excitar-se, ter uma ereção e um orgasmo. A ereção surge mais facilmente quando o pénis é diretamente estimulado, embora seja preciso compreender que a ansiedade dificulta bastante todo este processo. Quando a ereção surge é natural que esta não seja tão duradoura, embora muitas vezes seja possível ser mais longa devido a uma menor capacidade e necessidade de ter um orgasmo. Isto pode ser visto pelo casal como uma nova forma de prolongar todo o seu ato sexual, desde os preliminares, ao tempo juntos, aos carinhos que podem ser trocados em vez de estarem focados apenas na penetração.

#5 – Falta de Afeto e Intimidade origina quebra da vida sexual:

Este é um problema muito complicado de resolver. Pois quando falamos de casais que não trocam qualquer tipo de afeto, mantêm uma relação repleta de rancores e conflitos, e embora estejam juntos há 40 anos dificilmente irá existir vontade de uma vida sexual ativa e saudável. Se sempre foi assim é difícil arranjar uma solução para melhorar a vida do casal, pois para quem vê de fora não faz qualquer sentido a permanência numa relação onde as duas pessoas não são felizes. Mas existem diversos fatores que mantêm algumas pessoas juntas e só elas é que podem decidir que rumo querem dar às suas vidas. Caso a falta de afeto e intimidade tenha acontecido recentemente não desespere. Por vezes existem mal entendidos que levam a esta quebra de intimidade. Não há nada melhor nestes casos que uma conversa honesta de ambas as partes para resolver aquilo que não está bem. Outra questão importante na vida sexual quando um casal fala abertamente desta situação é chegar a uma conclusão sobre a regularidade da atividade sexual. Existem casais que vivem felizes com sexo 1 ou 2 vezes por mês, por isso o que importa é perceber se ambos estão satisfeitos com o rumo que a sua vida sexual está a tomar.

#6 – Quanto mais escassa é a vida sexual, mais problemas irão existir:

Ao haver uma quebra na vida sexual de um casal é natural que surjam alguns problemas quando se retoma a atividade. Quanto mais frequente for o sexo mais aptos os órgãos genitais estão. Por exemplo nas mulheres que evitam as relações sexuais têm tendência a sofrer de um atrofiamento dos músculos vaginais e de uma falta de lubrificação extrema. Quanto aos homens que raramente têm relações sexuais têm mais dificuldades de ereção, devido à falta confiança e ansiedade. Uma vida sexual ativa é uma excelente forma de proteger os seus órgãos genitais. Para além disso, as relações sexuais regulares ajudam a melhorar a auto estima, a confiança e a vontade de manter a sua sexualidade. Desta forma o casal irá ter uma relação mais saudável e provavelmente muito mais feliz.

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#7 – Sexo apenas como forma de procriação e crenças religiosas:

Normalmente estas duas questões acabam por estar ligadas e são alimentadas por todo o tabu em volta do sexo sem ser para procriação. Neste tópico o grande problema está na mentalidade das próprias pessoas que são influenciadas pelo peso social que vivem no seu meio. Os homens muitas vezes estão de acordo que o sexo com a sua mulher é exclusivamente para a procriação, mas por vezes acabam por procurar fora de casa a realização sexual biológica do ser humano. Enquanto as mulheres que viveram sempre absorvidas por toda essa pressão renunciam ao sexo quando entram na menopausa ou até antes. E há medida que a idade avança, instalasse a ideia que o idoso deve ser assexuado e o sexo visto como algo pecaminoso. O que é absurdo. Existem casais que vivem bem sem sexo e existem outros que vivem completamente frustrados pela falta dele. Como já referimos anteriormente, cada pessoa tem que perceber qual é o rumo que quer dar à sua vida, sem se preocupar com os tabus e preconceitos da sociedade.

#8

– Falta do seu espaço para a intimidade: Poucas pessoas pensam no transtorno que é para um casal depois dos 70 anos ter que partilhar a casa com familiares. Muitos casais continuam a sua vida sexual depois dos 70, mas quando confrontados com a presença dos seus familiares no seu lar existe a tendência para por um ponto final na vida sexual. Neste aspeto a família tem um papel fundamental. Os comentários quanto à vida sexual dos mais velhos não devem ser uma piada de família, não devem deixar os mesmos constrangidos com o assunto e principalmente este tema só deve ser abordado se existir uma relação aberta entre os familiares. A melhor forma é falar e demonstrar que a vinda de um familiar para a casa destes não deve alterar em nada a forma como o casal vivia anteriormente na sua intimidade. Mesmo que não altere em nada, não estará a contribuir para um maior constrangimento de quem o recebeu em sua casa. Quando um casal mais velho sai de sua casa é muito difícil a continuação de uma vida sexual ativa, pois sentem que perderam completamente a possibilidade de terem momentos íntimos. Existem algumas residências para idosos que têm uma ótima política de privacidade em relação aos casais que ali vivem. Quanto à família só uma relação aberta, com pessoas com uma mente pouco fechada, fará com que esta situação possa mudar. O sexo depois dos 60 deve ser falado abertamente, dando oportunidade para os próprios idosos falarem sobre o tema pois são eles que vivenciam cada obstáculo ou prazer. Quanto mais estudos forem feitos neste sentido, mais informação será disponibilizada para ajudar milhões de seniores em todo o mundo. A vida sexual não tem prazo de validade, tem sim obstáculos que precisam ser contornados para desfrutarmos ao máximo o prazer e a felicidade que o sexo traz.

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SEPARADOR

“Diz a mãe: a vida faz-se como uma corda. É preciso trançá-la até não distinguirmos os fios dos dedos.”

Mia Couto

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DESIDRATAÇÃO NOS IDOSOS UM PERIGO MORTAL


A PENSAR EM SI

A desidratação é um problema comum com o avançar da idade. A desidratação nesta fase da vida pode levar a estados clínicos graves e até à morte. Um estudo realizado este ano pela Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto concluiu que um terço dos idosos entrevistados estava desidratado. Estes dados recentes levam-nos a refletir sobre a falta de informação por parte dos idosos mas também das suas famílias no que diz respeito a este tema. Por isso a Reviver explicalhe tudo aquilo que devia saber sobre a desidratação no decorrer do envelhecimento.

O Processo de Desidratação A desidratação ocorre quando se perde mais líquidos do que se ingere. Sendo o corpo humano composto por cerca de 70 a 75% de água é normal que a sua importância seja extrema no seu funcionamento. A água é responsável por nutrir as células do corpo e garantir o bom funcionamento de todas as funções do nosso organismo. Contudo não nos podemos esquecer que o corpo perde água todos os dias, seja por transpirar, urinar, defecar ou até quando respiramos (em vapor). Se não fazemos uma boa reposição de água no organismo ao longo do dia é natural que o mesmo comece a ficar levemente desidratado. Imagine agora se raramente repõe os líquidos que perde o seu organismo está completamente desequilibrado, podendo entrar em choque devido a uma desidratação extrema. Todos os casos de desidratação apresentam sintomas e podem ser detetados através de análises, por isso esteja informado e lembre-se que uma desidratação grave pode levar à morte.

Porque é que a desidratação é mais natural nos idosos? Analisámos alguns estudos sobre a saúde durante o processo de envelhecimento. Os dados revelam que a desidratação é normalmente diagnosticada em estados graves ou quando associada a outra doença. Isto porque o idoso e os seus familiares não estão bem informados em relação a este tema. À medida que a idade avança as pessoas estão mais suscetíveis a ficarem desidratadas, e isto porque o próprio organismo sofre algumas alterações. A capacidade do organismo conservar a água diminui e a sensação de sede torna-se cada vez menos percetível. Ao não se sentir necessidade de beber água tende-se a pensar que o organismo não precisa da mesma, descartando-se a possibilidade de desidratação quando surgem os primeiros sintomas. No entanto existem outros fatores que levam frequentemente os idosos à desidratação, sendo estes: as doenças crónicas, infeções, diarreia e vómitos, esforço físico, exposição a altas temperaturas e o uso de determinados medicamentos.

Quais são os sintomas da desidratação no idoso? Os sintomas da desidratação leve ou moderada nos idosos costumam manifestar-se como: - Boca seca e pegajosa, menor produção de saliva; Sensação de Sede durante o dia - Diminuição da Urina e cor mais escura que o normal; Fraqueza, tonturas ou vertigens - Sonolência, cansaço, falta de vontade de realizar as tarefas diárias; Poucas lágrimas ao chorar - Pele seca e com pouca elasticidade, dores de cabeça e prisão de ventre Sintomas da desidratação grave nos idosos costumam manifestar-se como: - Sede extrema ; Boca, pele e membranas mucosas constantemente secas/ muito secas. -Irritabilidade e Confusão; Preguiça excessiva e apatia ; Pele sem elasticidade - Nenhuma ou pouca micção – Urina muito escura; Olhos fundos e sem lágrimas ao chorar - Pressão arterial baixa e batimento cardíaco rápido; Febre; Delírio ou inconsciência REVIVER 27


A PENSAR EM SI

Como hidratar um idoso e prevenir a desidratação? Um idoso deve consumir cerca de 1,7 litros de água por dia. Mas nem sempre é uma tarefa fácil prevenir a desidratação nos mais velhos sem uma supervisão constante, pois como referimos anteriormente estes vão perdendo a sensação de sede. Desta forma é preciso incentivar ao consumo regular de líquidos, como por exemplo: - Água: Escolha um copo de 200 ml. O idoso deve beber por dia pelo menos 5 copos cheios de água. Assim fica mais fácil controlar se o seu familiar já bebeu pelo menos 1 litro naquele dia. - Chás: Lanche e Ceia – São ótimas refeições para oferecer um chá de frutas e é uma boa opção para os idosos que rejeitam normalmente a água. - Sumos Naturais: Pequeno-Almoço, Almoço e Jantar- Sumos Naturais de Fruta para além de serem excelentes opções nutritivas, também hidratam o nosso corpo. A água de côco também é uma boa escolha. - Fruta: Sendo a fruta rica em líquidos é sempre positivo adicionar à sobremesa do idoso uma peça de fruta. Pode ser servida de forma natural, amassada ou cozida. - Gelados e Cubos de gelo: Em casos de leve desidratação dar ao idoso um gelado de fruta para ir comendo, ou um cubo de gelo para ir derretendo na boca é uma boa solução. . Em caso de o idoso ter dificuldade de deglutição e precisar de consumir mais líquidos espessos adicione banana, papaia ou abacate aos sumos naturais. Tente que fique uma espécie de creme em vez de sumo. . Dias quentes ao ar livre: Hidrate o idoso antes de sair de casa, durante o tempo que estiver ao ar livre e após o regresso a casa. Leve sempre com ele uma garrafa de água e se necessário palhinhas. . Em dias de muito calor: Evite que o idoso vá para o exterior entre as 11h e as 17h. Em casa a água deve estar sempre disponível e acessível. Aconselhe o idoso a vestir roupas leves e claras com o calor. . O consumo de álcool deve ser evitado, principalmente em dias quentes. . Toda a família deve estar informada e consciente dos perigos da desidratação num idoso. Cada um deve saber que medidas tomar, como incentivar o idoso a ingerir líquidos e conhecer os sintomas da desidratação. 28REVIVER


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Quando é que devemos procurar assistência médica? - Se ficar em dúvida se o idoso está ou não desidratado em primeiro lugar ligue para a linha da saúde 24. LIGUE: 808 24 24 24 É necessário o idoso ser visto por um médico se verificar algum destes sintomas: - Vómitos constantes por mais de um dia; - Se o idoso registar febre acima dos 38°c - Se tiver diarreia por mais de dois dias - Diminuição da produção de urina e alteração de cor da mesma. - Confusão e fraqueza É necessário o idoso ir à urgência do hospital se verificar algum destes sintomas: - Febre acima dos 40 graus - Confusão extrema e delírios - Dificuldade em respirar - Dores de cabeça fortes e persistentes - Dores abdominais ou no peito - Ocorrência de um desmaio - Não ter urinado nas últimas 12 horas Lembre-se que um idoso desidratado corre risco de vida. O mais importante é prevenir a desidratação, seja com a quantidade certa de água ou através de outro tipo de líquidos. Esteja atento a todos os sintomas, seja persistente na hora da hidratação do idoso e em caso de dúvidas consulte o seu médico de família. REVIVER 29


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Como atenuar o processo de envelhecimento O corpo só envelhece bem, quando perdemos tempo com ele ainda jovens

A maioria de nós está consciente que com o avançar da idade o nosso corpo começa a sofrer diversas mudanças, embora umas sejam mais drásticas que outras. No entanto é preciso perceber que o nosso corpo envelhece devido a três principais fatores, sendo estes a genética, os hábitos alimentares e o nosso estilo de vida. Quanto às alterações genéticas temos que saber identifica-las o quanto antes para conseguirmos perceber como agir, no que diz respeito aos hábitos alimentares e ao nosso estilo de vida a prevenção a partir dos 30 é o mais importante. Mas ainda está a tempo de atenuar os sinais de envelhecimento no seu corpo, para tal é necessário perceber ao que deve estar atento e o que pode fazer para abrandar o ritmo do envelhecimento em si. E não se esqueça que cuidar do seu visual fará sempre toda a diferença, seja em que idade for.

5 Manifestações de Envelhecimento que pode atenuar Envelhecimento da Pele: Prevenir e retardar o envelhecimento da pele são uns dos temas mais procurados na internet, principalmente porque a partir dos 40 as rugas de expressão começam a estar cada vez mais visíveis pois a renovação celular fica mais lenta. É por volta desta idade que as fibras de colagénio tornam-se mais fracas e a pele vai perdendo a firmeza do antigamente. Outra mudança que ocorre é a perda da uniformidade da tez, o que faz aparecer manchas e zonas vermelhas na face e no pescoço. E por fim o cansaço vai intensificar as olheiras. Depois dos 50 as alterações serão cada vez maiores pois o metabolismo cutâneo enfraquece devido às alterações hormonais. Para além disso a paragem de produção de estrogénios aumenta as manchas, as rugas e a própria feição do rosto começa a cair. Nesta fase a pele fica cada vez mais seca. Todos estes fatores juntos levam ao envelhecimento rápido da pele. Como atenuar estas alterações: É muito importante para a pele que leve uma vida relaxada e que durma cerca de 7 a 8 horas diárias. Proteja-se do sol e não abuse da exposição solar, use protetor solar regularmente na rua e não apenas quando vai à praia. Os nossos maus hábitos refletem-se desde cedo na pele, fumar e ingerir bebidas alcoólicas de forma regular ajudam a pele a envelhecer rapidamente. Quando estamos na casa dos 40 é a altura do combate às rugas com um bom creme anti envelhecimento, que seja composto por ativos hidratantes e liftantes. Os cremes de noite são uma ótima escolha para aumentar a regeneração noturna, embora o uso à noite de um sérum facial seja cada vez mais apreciado pela maioria. Mas nunca se esqueça que deve limpar a sua pele de manhã e a noite, e fazer uma esfoliação semanal. Quando chegamos aos 50 a hidratação é o foco principal. O creme hidratante deve ser escolhido para a sua idade, por ser criado a pensar na escassez de colagénio da pele e na renovação das células. Nesta fase é muito importante uma alimentação rica em vitaminas, ómega 3 e ómega 6. Se for cuidando da sua pele regularmente irá conseguir atenuar o seu envelhecimento precoce.

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Perda de Audição e da Visão com o avançar da idade: Perda de Audição e Visão devido ao processo natural de envelhecimento: É a partir dos 40 anos que muitas pessoas começam a notar algumas dificuldades auditivas, no entanto é por volta da casa dos 60 que a perda de audição começa a ser significativa. No entanto a perda de audição é muitas vezes associada só ao avanço da idade, o que não é verdade. A exposição a ruídos elevados e a falta de proteção dos mesmos é a grande causa para a carência de audição anos mais tarde. Estudos revelaram que a maioria das pessoas só procura fazer exames quando já existe uma perda significativa de audição e levam cerca de 7 anos até ir a um especialista após detetarem pequenos problemas auditivos. Quanto à visão é por volta dos 40 anos que a maioria das pessoas precisa começar a usar óculos. À medida que os anos vão passando a visão fica mais cansada, existe perda de visão noturna e da acuidade visual. Um dos grandes problemas no nosso país é que existe um número significativo de pessoas que usam óculos mas estes não têm a graduação mais adequada para a sua visão. Como atenuar estas alterações: Estes dois sentidos são bastante afetados com o avançar da idade, no entanto não pense que não existe nada que possa fazer para atenuar a perda dos mesmos. A prevenção pode mudar completamente a perda destes dois sentidos, seja em que idade for, se acha que já não está a ouvir ou a ver tão bem como antigamente faça exames. Não esforce demais a vista, evite ao máximo a exposição a ruídos muito elevados e acima de tudo não hesite em utilizar aparelhos auditivos ou óculos, pois estes podem retardar por muitos anos a perde destes dois sentidos tão importantes para uma vida ativa e feliz.

Mudança dos fios de cabelo com o avançar da idade: É a partir dos 40 anos que a textura do cabelo começa a sofrer alterações. A espessura diminui, os fios ficam cada vez mais secos e frágeis. O volume vai escasseando e todos os produtos que usamos ao longo da vida mais a exposição solar deixam o cabelo sem brilho. Para além disso, o stress diário e os maus hábitos alimentares também ajudam à queda de cabelo e a este ficar cada vez mais fino e fraco. Como atenuar estas alterações: A perda de cabelo e principalmente da sua densidade é normal com o avançar da idade, mas existem sempre formas de controlar este agravamento. Duas formas de melhorar a saúde dos fios de cabelo é nutri-los e hidrata-los. 32 REVIVER


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Nesta fase é importante investir em produtos à base de queratina que irão ajudar na perda de volume, quebra e fragilidade dos fios de cabelo. É muito importante uma boa hidratação ao cabelo regularmente e não se esqueça de massajar o couro cabeludo para o sangue circular melhor e renovar as células.

Mudança da composição corporal: Desde cedo ouvimos os mais velhos a dizer que o corpo muda com a idade. Mas será que a maioria das pessoas sabe porquê? É uma explicação bastante simples, o nosso metabolismo vai ficando mais lento com o avançar da idade, precisamos de mais energia para realizar as tarefas diárias, e com as alterações hormonais existe um aumento de gordura no nosso corpo e a massa muscular começa a diminuir. Se nada for feito para combater estas mudanças, o nosso corpo irá ficar com uma forma que não é a mais desejada e a tendência para engordar é enorme. Como atenuar estas alterações: Procure um nutricionista, pois é muito importante que com o avançar da idade seja escolhida uma dieta alimentar equilibrada mas que vá de encontro com a forma física que deseja manter. Tão importante como a alimentação é a atividade física. Exercitar-se regularmente irá fortalecer a sua massa muscular, acelerar o metabolismo para o corpo não perder a sua forma. Não se esqueça de beber muita água e hidratar o corpo com cremes adequados. O seu estilo de vida irá refletir-se no seu corpo, isso é válido aos 20 como aos 70.

Perda de memória com o avançar dos anos:

É algo natural no processo de envelhecimento. A maioria das pessoas começa a ter dificuldade em recordar algumas datas ou acontecimentos de um passado longínquo ou mais recente. Mas a partir dos 40 anos existe alguma dificuldade em memorizar os acontecimentos mais recentes. Como atenuar estas alterações: Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam o cérebro precisa de ser estimulado e desafiado com exercícios para manter a sua forma. Hoje em dia existem diversos jogos e exercícios online para exercitar o cérebro e trabalhar a memória. O exercício físico também pode ajudar neste aspeto, pois consegue aumentar o fluxo sanguíneo e o oxigénio no cérebro. Mantenha o corpo e a mente sempre ativos e irá prevenir e atenuar a perda de memória com o passar dos anos. REVIVER 33


Consultar folheto informativo em: http://goo.gl/BB5wbQ


PUBLIREPORTAGEM

O primeiro ano do nosso gatinho (3ªparte) Principais conselhos para uma boa educação Por Filipe Figueiredo (Coordenador de Sistemas de Informação Merial Portuguesa) A educação é um dos factores fundamentais para que o nosso gatinho tenha uma qualidade de vida que lhe permita agir como uma animal de companhia, sem que perca a sua natureza animal.

SOCIABILIZAÇÃO Os gatinhos devem começar muito novos a saber interagir com o ambiente onde vivem. A família será sua referência em termos de comunicação. A relação com outros animais também deve ser acompanhada. ◗ Esta interacção é importante que se desenvolva entre as primeiras duas e as oito semanas de vida. Os animais precisam de sentir-se confiantes para demonstrar a sua forma de sociabilização. As pequenas experiências com o ambiente e os estímulos com jogos, brincadeiras, e os afectos através de carinhos ou carícias; ajudam a que o gatinho se sinta confortável e feliz no local que lhe foi oferecido para viver. Dependo da origem ou proveniência de onde ele veio, os gatos podem ser muito assustadiços e reagirem com medos, aos mais diversos barulhos (aspirador, sons típicos de cozinhas, portas, estores, etc.) repentinos. Por isso, é importante, tentar com muita paciência que ele se vá habitando a esses ruídos. É fundamental, que ele não viva com o stress do medo. Este passo vai fazer com que as suas manifestações amigáveis e as atitudes previsíveis sejam boas maneiras de interagir com comportamentos descontraídos e felizes. Educar o gatinho Os felinos são muito inteligentes, perspicazes e com grande capacidade de aprender e perceber as coisas. As brincadeiras com todos os membros da família são muito importantes para ele. Como qualquer animal, eles apreciam muito a recompensa, entendem isso como provas de afectos. As festas, a comida, as brincadeiras vão aumentar a relação que vai estabelecendo com os companheiros humanos. ◗ Ninguém gosta que lhe batam ou gritem, os gatos também não! No caso dos gatinhos é pior, o medo pode levar a uma maior agressividade, pois é a única maneira que conhece de se defender. Uma boa alternativa para corrigir alguns comportamentos é: palmadas fortes no ar ou por exemplo bater com o pé no chão, então uma ou outra palavra curta num tom mais ríspido.

EQUIPAMENTO A cama Sendo um animal ainda novinho, é natural, que goste de descansar em locais macios, quentinhos e sossegados. Por isso, o descanso e tranquilidade passa por colocar a cama num local afastado das zonas de passagem, se tiver perto do sol melhor. No inverno, uma zona favorecida pelo aquecedor, esse aconchego revela sempre bem-estar o que o torna mais sereno. A cama deve ser fofa de preferência, e adaptada ao seu tamanho. Os gatos cada vez que despertam gostam de se espreguiçar. Ajuda muito se for de um material facilmente lavável. Os brinquedos Os gatinhos até aos 18/24 meses são muitos activos, para que se entretenha a brincar, deve ter sempre à disposição coisas para brincar, que associe aos seus “brinquedos”. Canas (com guizos), bolas, ratinhos (feitos de corda), tampinhas de plástico. Mesmo, depois de adultos, continuam de vez em quando a brincar com brinquedos. O mais importante é que sejam suficientemente grandes e duros para que o gatinho não os possa engolir. Evitar sempre, que não aprendam a morder as mãos, dedos ou pés, e para isso, os brinquedos são fundamentais. O arranhador Pode ser determinante, para o bom comportamento do seu gatinho. Porque precisam os gatos de arranhar: ◗ A) Para afiar as unhas. B) Marcar o território. C) Fazer exercício, espreguiçar, libertar o stress. É importante, que seja alto, para que se possa esticar em comprimento, estável e seguro. A caixa de areia Como se sabe, os gatos são muito limpos. A sua higiene requer cuidados especiais. E o local onde fazem as suas necessidades não foge a essa regra. Por isso, a caixa de areia é imprescindível para eles. Deve ser suficientemente grande, para que o gato lá possa caber. Deve estar colocada, num local tranquilo e afastado das zonas mais frequentadas, tal como longe do sítio onde se encontra a comida e a água. A areia deve absorver a urina e o odor das fezes. É fundamental que seja limpa diariamente e lavada e desinfectada com bastante regularidade. Ele vai evitá-la se estiver suja. Regra 1+1 = Uma caixa a mais que o número de gatos em casa. REVIVER

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Receitas de Helena Ramos

Receitas da Terra

Nesta edição Helena Ramos apresenta-lhe mais uma receita da terra. Receitas deliciosas, com uma excelente apresentação mas com o sabor da nossa terra. Para prato principal “Rojões em Cama Verde” e para sobremesa uma Mousse de Lima.

Rojões em Cama Verde

Doses para 6 pessoas / Tempo de confeção: 2 h / Dificuldade: Fácil Ingredientes: 1,5kg de carne de porco (rojões); Sal; 1 Folha de louro; 3 dentes de alho Vinho branco (um copo); Pimentão-doce q.b.; Pimenta preta em grão q.b; 2 cravos cabecinha; Tomilho e alecrim ; Salsa; Azeite q.b

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PREPARAÇÃO DOS ROJÕES EM CAMA VERDE No tacho onde irão cozinhar, temperam -se os rojões com sal, louro, alhos picados e o pimentãodoce. Deixa-se repousar de um dia para o outro. Levam-se ao lume brando com o azeite envolvendo muito bem. Misturam se então os restantes ingredientes vinho branco, alguns grãos de pimenta, a gosto, o cravo cabecinha, tomilho, alecrim e um pouco de água. Cozinha- se sempre em lume brando cerca de uma hora e meia, ou seja até a carne estar macia e apurada. Retificam-se os temperos e espalha-se um pouco de salsa picada por cima. PARA O ACOMPANHAMENTO: Feijão verde cozido. e Arroz de açafrão e maçã. Toma-se uma medida de arroz e cozinha-se fazendo um ligeiro refogado com um dente de alho, cebola picada e azeite, juntam-se pedaços de maçã e mistura- se o arroz, envolve-se bem, refrescase com um cálice de vinho branco e, deita-se a água correspondente. Cozinha durante 8 minutos, antes de tirar do lume mistura-se uma colher de chá de açafrão. Para caramelizar as fatias de marmelo ou gamboa, basta corta- las em fatias finas e colocá-las numa frigideira com um pouco de açúcar amarelo e água.

Mousse de Lima

Ingredientes 6 pessoas: 6 Iogurtes naturais 1 lata de leite condensado magro 2 folhas de gelatina incolor 4 limas Tempo de Preparação: 15 minutos

Preparação da Mousse de Lima 1 - Raspe as limas para uma taça 2 - Esprema o sumo das limas para outra taça 3 - Demolhe as folhas de gelatina em água fria durante 5 minutos 4 - Leve um pouco do sumo de lima ao lume com as folhas de gelatina bem escorridas 5 - Por fim mistura-se num taça os iogurtes com as raspas das limas, o leite condensado, o sumo das limas e o sumo com a gelatina, mexe-se tudo muito bem e leva-se ao frigorífico para prender. Decore a gosto.

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NA ESPLANADA COM...

A actriz Catarina Avelar Foi no dia 9 de Janeiro de 1939 que nasceu Catarina Avelar. A menina que cresceu no Tramagal sonhava sair da sua aldeia e vir viver para a capital. Começou por recitar poesia em pequenos palcos até que teve a oportunidade de vir estudar no Conservatório. Hoje conta com 59 anos de carreira e facilmente nos lembramos de personagens suas quer no Teatro, Televisão ou Cinema. Aos 77 anos, Catarina Avelar aceitou o convite da REVIVER para uma conversa na esplanada sobre a sua vida e o seu percurso profissional. - O que as pessoas não sabem sobre a Catarina Avelar? Muita coisa, só sabem aquilo que eu deixo. Às vezes inventam coisas, mas isso já é um problema delas. Estreei-me em 1957, tenho feito de tudo, desde Teatro, Cinema e Televisão. Fiz muitos recitais de poesia desde o Conservatório. Sou viúva, tenho dois filhos e cinco netos. O resto é a minha vida que é minha. - Que momentos guarda na memória da criança reservada que cresceu no Tramagal? A sua personalidade mudou muito desde esse tempo, visto ser uma criança muito tímida e reservada? É uma coisa engraçada, na altura e a caminho da adolescência eu achava que era muito infeliz. E hoje olho para trás e digo que belos tempos. Quando eu era menina era uma princesa. Eu tinha o sonho de sair do meio pequeno. Muitas vezes sonhava que vinha para Lisboa de comboio. No sonho havia muitos comboios estacionados na estação e eu entrava num, o comboio começava a andar e chegava o revisor que dizia que aquele comboio não ia para Lisboa, ia para outro lado completamente diferente e eu já não podia sair. Era um sonho recorrente. Tirando esse sonho de adolescente, as recordações são boas. Quanto à personalidade mudou, mas se me perguntar porquê, não sei responder. Talvez a profissão me levasse a “abrir” mais. Os atores normalmente são pessoas tímidas e reservadas, que precisam do palco para uma exposição, existe essa necessidade. E talvez fosse isso, embora continue a ter o meu eu muito reservado, mas sou mais aberta. Eu tinha uma voz muito dramática e fiz logo um papel dramático na minha estreia. E por tanto só fazia dramas, mas o meu sonho era fazer comédia. E eu pensava para mim que nunca iria conseguir fazer e hoje só me dão comédias. - Ainda jovem teve um tempo sem estudar e deixou de parte a ideia de um dia tornar-se médica. O que é que foi mais complicado gerir nesses anos na sua aldeia? Era um sonho de criança ser médica, já o meu pai queria que eu fosse professora. Mas nesse tempo o mais complicado de gerir era o meu sonho de vir para a cidade grande como dizem os brasileiros. - Um mundo novo abriu-se para si numa festa da rádio em Abrantes. Como é que surgiu o interesse na declamação de poesia e no teatro? Os companheiros da Alegria percorriam o país todo e foram a Abrantes. Era Verão, e a minha companheira Maria Dulce andava a dizer poesia do José Régio e eu fiquei fascinada. E não é que lá em casa havia esse livro do José Régio, que a minha irmã tinha e eu nem sabia. E comecei a aprendê-lo sem dizer nada a ninguém. Depois um dia disse há minha irmã que já sabia aquele poema, ela disse ao meu tio e foi o primeiro poema que eu disse num teatro amador. E foi assim que tudo começou. - A Sra. D. Maria Bastos Duarte Ferreira ofereceu-lhe a oportunidade de vir estudar para o conservatório. Este gesto de bondade foi a possibilidade de realizar um sonho? Sim se não fosse ela o meu pai não me deixaria vir. Havia um grande respeito por aquela família no Tramagal. Ela escrevia peças e nós fazíamos os espetáculos e o dinheiro era para a casa da criança. Eu comecei a fazer aí os papéis pequeninos, papéis infantis, e ela gostava de mim e do que eu fazia. E ela disse ao meu pai que se responsabilizava por mim e ele desde que ela se responsabilizasse deixou-me vir. Caso contrário teria sido muito difícil.

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NA ESPLANADA COM... - Sonhava em pertencer à companhia do Teatro Nacional. E o sonho acabou por se concretizar pouco tempo depois de acabar o conservatório. Como se sentiu ao ser convidada pela grande Amélia Rey Colaço para juntar-se à sua companhia de Teatro? Eu comecei a fazer televisão antes de fazer Teatro. Eu estreei-me na primeira peça da RTP ainda andava no conservatório. A primeira peça foi o Monólogo do Vaqueiro com o Ruy de Carvalho, mas já aí eu entrei embora não falasse. A RTP tinha nessa altura várias rubricas de Teatro, para além das variedades, e a primeira grande peça foi o Mar de Miguel Torga onde eu fazia a ingénua como se dizia na altura. Só depois disso é que fiz o exame do Conservatório, que era em direto, e os exames do Conservatório eram um evento cultural nessa altura. Casa cheia no Teatro Nacional Dona Maria II, iam os empresários mas também ia o público. E acontecia também, mesmo antes do exame, a sua dona Amélia quando precisava de pessoas ia ao conservatório, por tanto eu já tinha um pé lá dentro, eu e os meus colegas. Quando fiz o exame, éramos três finalistas, e claro que a sua dona Amélia e o senhor Robles Monteiro estavam a assistir, assim como outras pessoas do Parque Mayer, e quando acabamos o exame e estávamos à espera das notas e alguém foi-me dizer que a sua dona Amélia tinha pedido para eu ir ter com ela. Ela deu-me os parabéns e perguntou-me se eu queria ir para a companhia. Agora imaginam o que era isto para uma miúda de 18 anos ouvir isto. Era um sonho, um deslumbramento. E depois deram-me um papel bastante forte, na peça “As Bruxas de Salem de Arthur Miller, quando eu estava a ensaiar apetecia-me fugir, aquilo era demasiado forte para mim. E o papel era bastante bom o que foi um brindezinho que me foi dado de bandeja para início da carreira. - Esteve vários anos no Teatro Nacional. Qual foi o momento mais caricato que viveu em cima de um palco? Eu estive 7 anos seguidos na companhia da primeira vez. Quando eu saí do Teatro Nacional houve um incêndio. Eu agora vou vos contar uma anedota em relação a mim. Eu sou Católica e naquela altura eu pertencia às Conferências de São Vicente de Paulo na Igreja de São Domingos e os meus colegas com ternura diziam que eu era beata. Entretanto eu saí e o incêndio deu-se logo de seguida, então corria a anedota: “A Amélia deitou uma beata fora e é claro que o Teatro ardeu todo!”. E depois regressei ao Teatro Nacional passado alguns meses após a sua reabertura em 1978 e lá fiquei até 2000. Quanto aos momentos caricatos, vivi tantos. Logo no início da carreira, na peça “O Diálogo das Carmelitas” eu fazia uma rapariga fidalga, com fatos da época, e depois ia para um convento como freira carmelita descalça. Eu entrava na cena anterior e havia um camarim que era no palco e eu tinha que tirar as meias brancas, os sapatos, os canudos, as ancas e eu tinha um cinto de ligas azul-bebé cheio de rendinhas, eram duas pessoas a ajudar-me a tirar e a vestir o hábito. Eu entrei na frente do telão e tinha que fazer uma movimentação com a Teresa Mota, e sinto cair qualquer coisa aos meus pés, e só pensava no que teria sido mas não me mexia. A Teresa muito aflita e eu não fiz movimentação nenhuma, fechou-se a cortina eu dei um passo para o lado tinha o cinto de ligas azul-bebé cheio de rendinhas aos pés caído e eu vestida de freira. Agora imaginem uma freira com aquele cinto de ligas. Esta ficou muito presente na minha memória. - Existiu uma luta profissional para que reconhecessem o seu mérito durante estes 59 anos de carreira ou tudo acabou por surgir naturalmente com o tempo? Logo à partida dando o papel que me deram de estreia e os seguintes é porque acreditaram em mim. E acabou por ser tudo assim. - Mesmo sendo uma pessoa reservada é conhecida por ser bastante ativa na luta pelos seus direitos e dos seus colegas. Qual foi a primeira vez que sentiu que não podia ficar calada? O que poderia ser melhorado? Pois tive no sindicato muitos anos e cada vez estou mais desiludida com essa parte da minha profissão, não temos defesa nenhuma, só temos deveres. Mas também precisamos da outra parte. Eu fui delegada sindical, fui da comissão de trabalhadores e havia jogos e coisas que não podia pactuar e a minha vida já estava de uma maneira que eu perguntava o que é que eu estou aqui a fazer. E desisti. É mau. Eu não vou cair no extremo de me vender mas também já dei a minha parte. Não sou eu que sou boazinha, paro mas continuo a achar que as coisas podiam ser de outra maneira. O que poderia ser melhorado, tudo. Principalmente a maneira de pensar. Começou-se a confundir liberdade com vale tudo. É preciso ter liberdade, mas é preciso ter valores.

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- Conforme a idade vai avançando o trabalho como atriz vai diminuindo, mas mesmo assim a Catarina tem conseguido ter alguns papeis regularmente. Sente que existe alguma discriminação em relação à idade no meio? Teatro há muito pouco. Em televisão houve uma época recente que só se escrevia para gente nova, carinhas larocas. Eu via novelas brasileiras e eu via famílias, mães, pais, avós, há atores de 90 anos a representar. Mas por acaso no outro dia dei-me ao trabalho de pensar em colegas da minha geração e já havia um núcleo bom de pessoas a trabalhar, dos 70 aos 80 e tal. Talvez não seja discriminação, mas é preciso vender, os atores mais novos também vendem revistas, os mais velhos não. Mas seja como for acho que isso está a mudar. As pessoas continuam a lembrar-se de mim e a chamarem-me. - O que é que ainda falta fazer a nível profissional? Eu acho que nos falta sempre tudo. Mas o canta, dança e representa não se deve ir realizar, embora tenha feito um pouco disso no Passa por mim no Rossio. Quanto ao que falta fazer, depende dos projetos, quero projetos que diga olha papel tão bom e faz-se. Quero fazer coisas que não tenham nada haver comigo. Se houver um trabalho que eu possa libertar-me um pouco do meu eu. - O que é essencial para si para viver esta fase da vida da melhor forma possível? Paz, sossego que não tenho muito e poder trabalhar. A parte material é importante mas conviver com os meus colegas e mesmo com gente mais nova. Eu acabei o Massa Fresca e eram uns miúdos ótimos, umas colegas ótimas onde eu gostei muito de estar. Eu não preciso estar só em casa, como dona de casa, eu preciso de falar da minha profissão, tentar ajudar, conviver, isso é muito importante para mim. Se eu continuar a ter isso enquanto poder, enquanto tiver cabeça para o fazer, já é muito e é ótimo. Eu decoro cada vez com mais facilidade por tanto quero continuar a trabalhar. - Que sonhos ainda existem por realizar aos 77 anos? Se eu fosse rica gostava de viajar muito. Mas já me custa andar de avião muitas horas. Já fiz umas viagens grandes, Japão, Nova Iorque, principalmente em trabalho. Gostava de ir a outros lados mas são muitas horas, Austrália, Argentina mas são muitas horas. De resto é ter paz, saúde, poder continuar a trabalhar e que a minha família esteja toda bem e eu os tenha à minha volta. - Se o Mundo estivesse calado a ouvi-la o que diria? Pensem. Deixem de ser egoístas, o mundo não são vocês, são os outros do lado.

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“Nós somos casas muito grandes, muito compridas. É como se morássemos apenas num quarto ou dois. Às vezes, por medo ou cegueira, não abrimos as nossas portas.” António Lobo Antunes

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Um Chalet no Parque dos Encantos Mal nós sabíamos que quando a nossa jornada acabasse, iriam doer-nos os pés e ainda muito ficaria por visitar. Mas os melhores passeios são feitos disso mesmo não é? Uma mistura de cansaço físico, alegria pelo que foi visto e pela convidativa porta aberta do muito que ficou por ver. Desta vez fomos até ao Parque do Palácio da Pena. Quem já lá esteve, conhece a beleza daquele jardim e o muito que há por andar. Quanto a nós, tomámos por garantido quando o rapaz que recebe os visitantes começou a dizer "1 km para aqui, 1,5 km para ali". Não nos interpretem mal, valeu totalmente apena, até porque o nosso objetivo foi cumprido. A maioria das pessoas, quando caminha por estes jardins é atraída para o Palácio, quase magnetizadas pelas suas cores e beleza. Mas nós não somos como a maioria das pessoas. O Palácio é lindo, sem dúvida, e lá teríamos ido, não tivesse acabado o tempo, mas aquilo que nós queríamos mesmo visitar era o Chalet. Não nos perguntem porquê, mas havia algo que nos puxava naquela direção. Talvez fosse o facto de o Palácio ser facilmente avistável, ostentando a sua beleza e as suas cores vibrantes lá do alto da Serra, ao contrário do Chalet, mais tímido e reservado, que apenas se mostrava para aqueles que realmente o queriam ver, e que seguiam os trilhos que os levavam até aos seus jardins. Nunca o tínhamos visto e por isso as nossas expectativas eram altas. Tínhamos estacionado o carro na Entrada dos Lagos. Aí o rapaz da entrada explicou-nos que havia duas maneiras de chegar ao Chalet, a fácil e a díficil. Ou pegávamos no carro e estacionávamos perto à entrada do parque do lado do Chalet, ou percorríamos o parque a pé até lá. A decisão foi fácil, porque escolhemos a maneira difícil e começámos então a nossa caminhada. Descemos até ao Vale dos Lagos, uma zona tranquila onde vários patos descansavam. Logo aí observámos um cenário muito engraçado. Uma fila de pedras "recortava" um dos lagos. Em cada uma dessas pedras estava um pato, todos em fila, como se elas fossem os bancos reservados para cada um descansar.


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A escolha para visitarmos o Parque do Palácio da Pena foi quase aleatória. Não houve outras razões para além da curiosidade e da vontade de passear por algum sitio bonito, como tantos outros em Portugal. No entanto, o dia foi bem escolhido. Por um lado, foi talvez último dia realmente agradável do ano, onde podíamos estar com roupa descontraída, banhados pelo Sol e apenas com uma brisa suave. Sintra costuma ser húmida e fria, mas este dia quase parecia escolhido a dedo, porque estava realmente fenomenal. Por outro lado, calhou bem porque conseguimos assistir ao "Point Of View", uma iniciativa artística do Parque, onde vários artistas criaram obras de arte para estarem expostas em certas partes daquele enorme jardim. Ainda que esta iniciativa dure até Maio de 2017, nós não fazíamos ideia, e por isso foi uma feliz coincidência. Isto porque, logo ali ao pé dos lagos encontrámos a primeira peça. Uma bonita peça central tricotada em algodão, presa às pedras por várias cordas que a elevavam. A peça chama-se "The Big Picture" criada pela artista polaca NeSpoon era linda, mas notava-se que o seu verdadeiro potencial tinha sido danificado pelas recentes chuvas, que empaparam o algodão. Continuámos o nosso caminho, e ao longo do nosso percurso começámos a reparar nas árvores daquele parque. Se elas falassem imagino as histórias que não teriam para nos contar. A altura de algumas delas é uma coisa incrível, e conseguir ver o topo dessas árvores não deve ser aconselhado a quem tiver problemas na coluna. Simplesmente espantoso. O típico verde de Sintra acompanhava-nos pelos nossos trilhos, passámos por mais uma peça, desta vez de Antonio Bokel, chamada "Cura", que consistia na colocação geométrica de 3 troncos, formando um triângulo em relva geometricamente perfeito. Cada tronco tinha plantas medicinais no topo e eram tocados por uma mão esculpida em bronze que se transformam em galhos. Era bonita e intrigante, mas ao mesmo tempo era uma escultura tranquilizadora. Passámos então pelo que começava a aparentar ser uma quinta, com uma zona reservada a bodes e cabrinhas. Foi aí que a nossa atenção se desviou por instantes do nosso propósito. O mapa indicava uma coelheira e uma zona com cavalos. O nosso amor pelos animais desviou-nos do caminho, e não descansámos até vermos os cavalos, que não estavam onde indicava o mapa. Junto dos coelhos, amorosos como só eles sabem ser, estava um trabalhador do parque que cuidava e alimentava os animais. Perguntamos-lhe então, onde estariam os cavalos. Prontamente nos indicou, prontamente seguimos caminho. Já estavam recolhidos aos estábulos, e foi lá que os fomos ver. Ocupados a comer palha, pouco quiseram saber de nós, mas isso não nos desmotivou e passámos uns bons 10 minutos a observar cada um deles. São realmente animais fabulosos. Para quem quiser, pode marcar passeios de charrete e visitar o parque guiado por um destes majestosos animais.

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Mas a nós nenhuma charrete nos levava, e por isso, antes que escurecesse seguimos caminho. Subimos, passámos as estufas e a ponte pérgola, cada vez mais próximos do Chalet. O caminho levou-nos até à casa do Jardineiro. Com tons rosa, a pequena casinha tinha um ar simpático, mas era isso mesmo, bastante pequena. Subimos, o mapa indicava que o Chalet estava já ali perto. Com uma curva à esquerda, o caminho expandiu-se, apresentou-nos um pequeno mas bonito jardim, um pequeno lago e finalmente o Chalet. Nunca o tínhamos visto, nem ao vivo, nem em fotografias. Depositámos a nossa fé num capricho a cada passada que dávamos. Algo nos dizia que valia apena seguir o caminho do Chalet e o nosso capricho não nos desiludiu. Que adjetivos podemos nós arranjar que façam justiça a tamanha beleza? Nenhuma expressão ornamentada será suficientemente boa para descrever o que ali víamos. O requinte arquitetónico do edifício não deve em nada à beleza do próprio Palácio. As tábuas amarelas, os pormenores em cortiça, as portas, janelas, o telhado e a chaminé, os jardins que o rodeiam, tudo excedeu por completo as nossas expectativas. Ao absorvermos toda aquela beleza facilmente pudemos compreender o porquê da viúva Condessa d'Edla ter abdicado do palácio, mas não do Chalet. Caídos de novo na realidade, saindo daquela mística que envolvia o Chalet da Condessa d'Edla e nos levava para um conto de fadas, decidimos subir ao Miradouro das Pedras do Chalet. Uma espécie de pequeno terraço no meio de pedras enormes, deu-nos uma experiência estranha. Por um lado, não conseguimos ver aquilo que normalmente os miradouros nos mostram, ou seja, uma incrível vista panorâmica de tudo o que se encontra abaixo. A razão para este desapontamento era simples. Árvores. As centenárias e gigantescas árvores do parque, eram tão altas que tapavam tudo aquilo que estava abaixo delas. Mas se para baixo não conseguíamos ver, para cima, tivemos a possibilidade de saborear a melhor vista do palácio que tínhamos tido naquela tarde. Quando de um pequeno mosteiro abandonado se constrói um palácio como o da Pena, não há muito mais a fazer senão apreciar o legado que D. Fernando II nos deixou. Reparámos que ainda tínhamos alguns minutos de sobra para continuarmos a nossa visita. Não os suficientes para chegar ao Palácio, mas para podermos ir ver a peça do artista português Alexandre Farto, também conhecido por Vhils, que estava exposta no topo do Parque. Vhils aproveitou os troncos das árvores já cortados para fazer as suas peças, com pintura de frases ou entalhe directo na madeira. Desde um conjunto de troncos formarem uma cara, a frases como "Nada Dura Para Sempre", pudemos fazer o percurso pelos troncos cortados e descobrir sempre qualquer coisa mais. Cada vez mais o céu escurecia e por isso, depois de tanto subirmos começámos a descer. Passámos a Fonte dos Passarinhos e o Jardim das Camélias. Pelo caminho ainda conseguimos ver as peças de Stuart Ian Frost e de Bosco Sodi. De novo no Vale dos Lagos, lá estavam os patos em filinha, cada um na sua pedra, o algodão de NeSpoon e as escadas para a saída. Por pouco, ainda conseguimos apanhar o café aberto para recuperar forças. Olhando para o mapa do Parque, não há dúvidas de que ainda muito mais ficou por ver. Voltámos ao carro com a garantia de que um dia vamos resolver esse assunto pendente, e percorrer a pé a outra metade do parque.

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Massagem Ayurvedica Uma massagem com conhecimento da vida humana Cada vez mais a população portuguesa procura melhorar a sua qualidade de vida com medicinas alternativas que completem os tratamentos da medicina tradicional. Poucos conhecem a Medicina Ayurveda, desconhecendo assim toda uma ciência complexa capaz de tratar inúmeros problemas físicos e mentais. Embora existam diversas técnicas distintas, especialidades e a famosa alimentação, decidimos apenas abordar os benefícios da massagem Ayurvédica. A REVIVER explica-lhe tudo aquilo que precisa saber sobre a massagem Ayurvédica.

A origem da Medicina Ayurveda? Ayurveda é uma medicina milenar e tradicional que possui várias ramificações dentro das correntes espirituais da Índia. A Índia da qual provém a Ayurveda leva-nos a 3500 e 1500 a.C. Embora grande parte das informações desses tempos não sejam conhecidas, sabe-se que as cidades indianas eram sofisticadas e estáveis. A ciência do Ayurveda descreve a maneira como os sábios da Índia perceberam a necessidade de isolamento da sua civilização para encontrarem a serenidade e clareza de espírito necessárias. Reuniam-se no sopé dos Himalaias para falar sobre a doença e os seus efeitos na vida humana. O seu objetivo era erradicar as doenças, não só da raça humana mas de todas as criaturas, e meditaram sobre isso. Foi destes períodos de meditação que surgiu todo o conhecimento e informação do Ayurveda. Ayurveda pode ser traduzida como a ciência da vida humana ou o conhecimento da vida humana.

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Em que consiste a Massagem Ayurvédica? A Massagem Ayurvédica é uma técnica de massagem profunda, que engloba movimentos vigorosos em toda a massa muscular com manobras de tração e alongamentos. Para além disso, esta massagem estimula pontos e órgãos vitais procurando equilibrar o paciente a nível físico, mental e psíquico.

O que pode esperar de uma sessão? A massagem Ayurvédica é um sistema de terapia holística, que junta as técnicas aplicadas na massagem ao auxílio de óleos vegetais e essenciais. Os toques profundos desta massagem, através das mãos, cotovelos e pés, proporcionam um realinhamento da postura, alívio das tensões crónicas no corpo e fortalecimento do sistema imunológico. A massagem geral deve ser aplicada e distribuída por igual, embora que deve-se dar mais importância às partes do corpo com maior tensão. Habitualmente é feita uma consulta de diagnóstico antes de começarem as sessões de massagem, isto para adaptar o tratamento a cada paciente. Após poucas sessões os pacientes começam a sentir uma sessão de relaxamento, tranquilidade, bem-estar, sono profundo e um novo ânimo para a sua vida.

Duração das sessões de massagem Normalmente uma sessão de massagem Ayurvédica tem a duração de 60 minutos. A estes devem normalmente ser retirados cerca de 10 minutos para o paciente estar em repouso após o tratamento. Um tratamento deve ter pelo menos de 8 a 10 sessões para resultar de forma conveniente e a manutenção é muito importante ao longo da vida.

Benefícios para o corpo - Melhorar a pele do corpo: A pele fica mais bonita e lustrosa. - Tonificar e relaxar os tecidos musculares subcutâneos: A massagem consegue formar curvas harmónicas no corpo e nutrir a pele do mesmo. - Melhora a circulação do corpo: A massagem Ayurvédica aumenta a temperatura corporal facilitando a circulação. - Elimina as toxinas do corpo e incrementa o fluxo de oxigénio. Para além disso melhora a resistência do corpo ao elevar o sistema imunológico. - Flexibiliza a coluna e melhora a comunicação nervosa aos órgãos e às restantes partes. - Aumenta o vigor e a vitalidade sexual, melhorando significativamente a vida sexual. - Melhora a energia e agilidade no dia-a-dia do paciente.

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Benefícios para a mente - Ativa a concentração e a vitalidade mental. - Afirma a auto-estima, cria confiança, abertura mental e segurança. - Liberta emoções bloqueadas e produz a sensação de relaxamento. - Produz pensamentos positivos e a consciência de todo o corpo. - Sensação de rejuvenescimento que melhora o estado físico e mental do paciente.

Problemas / Doenças que as sessões ajudam: - Dores musculares e tensões do corpo e da mente - Problemas articulares e rigidez dos ligamentos - Correção postural e realinhamento da coluna vertebral - Problemas específicos da coluna (lordose, cifose, escoliose, etc) - Problemas respiratórios e hipo-atividade circulatória do corpo - Problemas de stress e ansiedade - Problemas capilares

Contra-indicações absolutas ou circunstanciais: - Pessoas com cancro maligno, seropositivas ou grávidas, salvo por indicação médica. - Quando os pacientes sofrem de infeções ou febre. - Pessoas com osteoporose grave. - Pacientes com problemas respiratórios ou cardíacos graves - Pessoas que sofrem de alguns problemas de pele, como feridas abertas. - Após uma refeição completa esta massagem não deve ser efetuada. Antes de iniciar um tratamento, seja este qual for, deve consultar primeiro o seu médico e pedir a sua opinião.

Valores e onde fazer Para aqueles que moram nas grandes cidades é mais fácil conseguir um terapeuta certificado para fazer uma sessão de massagem Ayurvédica. No Porto, Lisboa e Margem Sul do Tejo existem alguns profissionais que o podem ajudar a melhorar a sua qualidade de vida. Quanto aos valores de cada sessão geralmente variam entre os 35€ a 70€.



Os Benefícios da Caminhada Nórdica


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Para nos tornarmos na pessoa que queremos ser, precisamos sempre de fazer sacrifícios. Quem quer ser saudável e estar e forma tem de fazer desporto e ter uma alimentação equilibrada. Quem o faz sabe bem os sacrifícios necessários. Forçar-se a praticar desporto quando a vontade é pouca, dizer não ao açúcar quando está com desejos de comer um bolo com creme, ou aquela fast-food que sabe tão bem mas faz tão mal. Procuramos variar os desportos que sugerimos nas várias edições da Revista Reviver, porque sabemos que os nossos leitores não têm todos as mesmas condições físicas ou económicas. E é por isso que nesta edição da Reviver lhe apresentamos o Nordic Walking – Caminhada Nórdica – um desporto acessível a todas as pessoas, independentemente da sua situação económica ou física. A Caminhada Nórdica é o desporto ideal para quem é adepto do desporto ao ar livre e de umas boas caminhadas. É ótimo para todas as pessoas, especialmente para seniores que queiram estar em forma mas considerem o jogging um desporto duro e a simples caminhada demasiado suave. É entre as duas que se insere a Caminhada Nórdica. Diferencia-se da caminhada normal pela técnica e uso de bastões especialmente concebidos para a prática. Graças à utilização desses bastões, o Nordic Walking envolve todos os principais músculos do corpo, o que resulta num exercício tão eficaz como o jogging mas tão suave como a caminhada normal. Não precisa de ser um grande desportista para conseguir tirar proveito de todos os benefícios desta forma diferente de caminhar. Perfeito para praticar em grupo com os seus amigos, pode fazê-lo em qualquer terreno e a vários níveis.

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O Nordic Walking é ideal para: 1.- Pessoas que há algum tempo que não se exercitam, que não gostem de desportos tradicionais ou que gostem de experimentar vários tipos de desportos. 2.- Fisioterapia e reabilitação, para pessoas que estão em recuperação. Utilizando os bastões como apoio podem trabalhar para melhorar a sua condição física. 3.- Para atletas que queiram utilizar esta prática para treino cross, reduzindo desta forma o impacto nas articulações. É recomendável para corridas em trilhos. 4.- Quem gosta de socializar enquanto mantém a forma física.

Nordic Walking Para Recreação: Um ritmo mais brando vai promover a descontração física e mental ao libertar o stress do dia-a-dia, e também o convívio quando praticado em grupo.

Nordic Walking Para Fitness: Quando a prática deste desporto é feita a um nível moderado para melhoria da condição física e controlo do peso ou para treino comportamental.

Nordic Walking Desportivo: Quando se eleva o nível de prática, para competir com o próprio desafio físico, o treino mental e melhorar a potência aeróbia e anaeróbia.

Os benefícios de praticar Nordic Walking Como todos os desportos a Caminhada Nórdica tem os seus próprios benefícios e esses benefícios são para todo o tipo de praticantes, desde os de alta competição aos que estão em recuperação médica ou simplesmente a iniciar a sua rotina desportiva. O único requisito é conseguir caminhar. Mas ao ser praticante regular deste desporto vai tirar proveito de:

1 – Maior Vigor Cardiorrespiratório:

Sendo um desporto de vários níveis de intensidade, vai fazer com que a atividade cardiorrespiratória aumente tanto a força, a energia e a resistência. Isto irá contribuir para: Um coração mais saudável; Maior resistência cardiorrespiratória; Aumento da capacidade física; Maior capacidade de recuperação e Maior velocidade

2 – Resistência Muscular: Esta é a capacidade de aguentar o movimento ou uma atividade por um maior período de tempo. Com prática, irá ganhar um maior ritmo atlético e manter uma velocidade maior de caminhada. A resistência que vai ganhar permitir-lhe-á manter o ritmo alto mas produtivo.

3 – Equilíbrio:

O equilíbrio é vital para mantermos a nossa qualidade de vida e evitar situações perigosas como as quedas. Quase todos os seres humanos nascem com equilíbrio, mas os atletas treinam esta capacidade. Na Caminhada Nórdica, a utilização dos bastões desafia a parte inferior e superior do corpo simultaneamente, o que resulta num melhor equilíbrio. A estabilidade, a mobilidade e o equilíbrio estão de mãos dadas em todos os tipos de movimento.

4 – Amplitude de Movimento: A Caminhada Nórdica utiliza uma maior amplitude de movimentos e uma passada mais longa do que por exemplo a chamada "Power Walking". Isto resulta num maior envolvimento dos músculos superiores do corpo, o que nem sempre acontece noutros tipos de caminhadas.

5 – Coordenação e Agilidade: A agilidade está relacionada com a rapidez e capacidade de manobra. Com a utilização dos bastões pode incluir vários exercícios de agilidade na caminhada como por exemplo mudanças de direção impulsivas, subir montes e descê-los de seguida. Tudo isto e a própria caminhada em si vão também promover uma melhor coordenação.


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Outros Benefícios: • Tonifica o corpo inteiro ao mesmo tempo ao utilizar 90% dos músculos esqueléticos. • Queima mais 46% de calorias do que a caminhada normal. • Pode queimar mais de 500 calorias numa hora. • Reduz o impacto e pressão nos joelhos e articulações. • Ideal para pessoas com problemas de pescoço, ombros e costas. • Pode ser praticado em qualquer lugar. • Não necessita de equipamento ou roupa especial, para além dos bastões. • É um desporto sociável. Os praticantes podem conversar enquanto caminham. • Técnica fácil de aprender. • O único investimento necessário é nos bastões, que são vendidos a preços acessíveis.

Aprenda e aperfeiçoe a técnica Se está a começar siga estes passos para aprender e aperfeiçoar a técnica de Nordic Walking 1. Primeiro carregue os bastões: Caminhe com os bastões a seu lado, deixando os seus braços balançarem naturalmente, como se fosse uma caminhada normal, a perna oposta ao braço, até se sentir confortável. 2. Depois, arraste-os: Passados uns minutos, quando se sentir confortável com os bastões, prenda-os às mãos. Conforme anda, abra as mãos e deixe-os arrastarem-se atrás de si. Repare no ângulo que fazem atrás de si. 3. A seguir, plante-os: Em vez de arrastá-los, nesta fase plante-os no chão. Agarre nos punhos ligeiramente e mantenha-os num ângulo de 45º para trás. Os cotovelos junto ao corpo, os braços para a frente mas relaxados e foque-se em manter um bom contacto com o chão. 4. Finalmente, empurre: Assim que se for sentido confortável a caminhar, comece então a empurrar ligeiramente os bastões para trás a cada passada. Empurre o seu braço para lá da anca, abrindo a mão no fim da braçada. Uma boa forma de fazer isto corretamente é imaginar que vai apertar a mão a alguém quando o braço vem para a frente, ou seja, mão aberta para a frente e fechada quando empurra o bastão. 5. Aperfeiçoe a técnica: Quando compreender a técnica da caminhada nórdica é altura de aperfeiçoá-la e então poderá começar a intensificar e variar os tipos de caminhada. Tire proveito desta forma de exercício porque os benefícios são imensos.

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Sabia que...? A cadeira de rodas existe há centenas de anos? As tecnologias do mundo moderno levam-nos muitas vezes a ignorar ou desvalorizar as tecnologias históricas. Uma coisa que não podemos esquecer é que antes de tudo o que existe hoje, existiram seres humanos geniais e inventores fantásticos que implementaram as bases da física, da mecânica, da eletricidade e da química que nos permitem hoje ter tudo aquilo que temos. Hoje em dia as cadeiras de rodas já são algo de banal. Essenciais nos hospitais e nas instituições que trabalham com pessoas com dificuldade motora, marcam também presença nos jogos paraolímpicos e mostraram o porquê da necessidade de existir um ajustamento de acessibilidade e mobilidade urbana. As cadeiras de rodas foram inventadas para facilitar a vida e deslocação das pessoas que têm problemas de mobilidade e são sem dúvida um instrumento muito importante para todos nós. Mas quando foi inventada a primeira cadeira de rodas? Esta é uma pergunta para a qual não existe uma resposta concreta. As suas origens remontam até aos tempos antigos. Os primeiros registos sobre um instrumento de transporte com rodas são encontrados num vaso grego, de uma cama de bebé com rodas, por volta do ano 500 a.C, e outro registo gravado em pedra na China que remota ao século VI. Contudo, o registo da primeira cadeira de rodas projetada para a incapacidade e problemas de mobilidade têm uma relação especial com Portugal. Chamava-se a "cadeira dos inválidos" e foi inventada em 1595, especialmente para o Rei Filipe II de Espanha e Rei de Portugal e dos Algarves. Tinha pequenas rodas presas aos pés da cadeira, um repouso ajustável para as costas e uma plataforma para as pernas. Aparentemente não podia ser o próprio a deslocar-se, mas de certeza que o rei tinha sempre servos disponíveis para o transportarem. O mais provável é que o Rei Filipe II a tenha utilizado já perto da sua morte, onde esteve muito doente. Passado 60 anos, em 1655, Steven Farffler era um jovem relojoeiro com incapacidade motora. Foi ele a primeira pessoa a inventar e utilizar uma cadeira com propulsão independente, ou seja, que não precisava de outras pessoas para se deslocar. Era uma cadeira estável, com três rodas e manivelas dos dois lados que movimentavam a roda da frente e impulsionavam a cadeira. Acredita-se que Steven era paraplégico e inventou esta cadeira com apenas 22 anos de idade. Em 1783 John Dawson da cidade de Bath inventou uma cadeira de rodas e deu-lhe o nome da sua cidade. A "Cadeira de Rodas de Bath" tinha duas grandes rodas atrás e uma pequena à frente, presa a um guiador que permitia manobrá-la. No entanto, por ser tão pesada tinha de ser puxada por um cavalo ou um burro. Mesmo assim, esta cadeira de rodas foi líder de vendas durante 40 anos. Só no final do século XIX as cadeiras de rodas começaram a assemelhar-se àquelas que conhecemos hoje, com rodas traseiras possíveis de empurrar. Começavam a ficar menos encorpadas, mas ainda assim eram difíceis de transportar, até que em 1932 Harry Jennings inventou a cadeira de rodas desdobrável e juntamente com o seu amigo Herbert Everest fundaram a Everest & Jennings, que possuiu o monopólio das cadeiras de rodas durante várias décadas. George Klein inventou a cadeira de rodas elétrica como uma forma de apoio aos veteranos da 2ª Guerra Mundial. As cadeiras de rodas têm sido constantemente melhoradas, tanto em tamanho, como peso e adaptação às necessidades de cada pessoa e daqui para a frente só se tornarão melhores, mas muitas vezes não pensamos nisto. Que tudo começou como algo muito tosco, neste caso para um Rei de Portugal, mas inventado na altura por alguém genial.

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“Envelhecer com Atitude”

Para honrar o mês Internacional do Idoso a Revista Reviver, que tem a missão de promove o envel-

hecimento ativo e saudável, uniu-se à Station, famosa loja de streetwear. Juntámos a essência das duas marcas com o objetivo de mostrar que a velhice não passa de um estado de espírito e produzimos a sessão fotográfica “Envelhecer Com Atitude”.

Com a participação de 4 modelos com idade entre os 64 e os 73 anos, proporcionámos-lhes uma nova experiência e elas retribuíram-nos com boa disposição e muita juventude. O à vontade foi tanto que as modelos impressionaram até a fotógrafa Telma Russo, que confessou ter feito a sessão em metade do tempo normal, quando comparado com as jovens modelos. Para quem diz que a roupa urbana é só para os mais novos, dê uma vista de olhos à “Envelhecer Com Atitude” e vai mudar de opinião.

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Foto: Kevin E. Taylor

Recém casada aos 86 anos brilha no seu casamento

Por várias vezes na Reviver afirmámos que não existe uma idade máxima para ser feliz, nem para ser bonita e muito menos para encontrar o amor. Millie Taylor-Morrison reúne nela própria todas essas afirmações que fizemos. Aos 86 anos, desfilou com o seu vestido de noiva roxo, radiante e determinada a deslumbrar todas as pessoas. Uma beleza intemporal e sentido estético invejável, fizeram desta recém casada avó a luz dos olhos de Harold Morrison, o noivo de 85 anos. A sua neta Khadija Elkharbibi contou ao jornal The Huffington Post que todos os convidados ficaram deslumbrados com o look da noiva, e eram 200 pessoas no total para deslumbrar. A avó Millie foi casada durante 41 anos, até que ficou viúva em 1992. Desde os anos 50 que Millie conhecia o seu novo marido. Foi inclusive um dos convidados para o seu primeiro casamento. Ao longo dos anos perderam o contacto, mas voltaram a encontrar-se no seu grupo paroquial e a amizade reacendeu. Quando Harold adoeceu, Millie ia buscá-lo e levava-o à Igreja, mas quando voltou a adoecer de novo, ao ponto de não poder sequer viver sozinho, Millie acolheu-o em casa. Passado um ano, já com a saúde restaurada decidiram casar-se. Sendo a noiva cristã, não se sentia confortável em viver com um homem em sua casa sem ser casado com ele, e avançaram assim para esse compromisso matrimonial, apaixonados e com um sorriso no rosto, o resultado foi o que podemos ver nas fotografias.

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Foto: Mike Heenan/CBC

Foto: Mike Heenan/CBC

Aos 96 anos recusa-se a largar o vício que teve a vida toda

Dinnie Greenway em 1999

Quando lemos a palavra "vício" assumimos logo que é uma coisa prejudicial. Neste caso é o con-

trário. Dinnie Greenway não bebe, não fuma. Diz que o seu vício é andar a cavalo, e é isso que a tem mantido ativa a vida inteira. Ainda não tinha nascido e já andava a cavalo, visto que a sua mãe montou a cavalo quando estava grávida dela, nos anos 20. Já depois de nascer, Dinnie tinha subido para um cavalo ainda antes de conseguir andar. Hoje em dia diz que já perdeu a conta a quantos cavalos montou, apenas continua a montá-los. É o que adora fazer e por isso não permite que os seus 96 anos a impeçam. É na sela do cavalo que se sente confortável e é isso que a motiva a cavalgar pela quinta que pertence à sua família desde 1800, a norte de Londres. Recentemente sofreu uma distensão no músculo da anca, que nada tem a ver com os seus passeios a cavalo. "Assim que os meus músculos da anca relaxarem, vou andar muito mais". Dinnie Greenway foi uma das primeiras mulheres cavaleiras do Canadá a deixar uma marca em competição. Mais tarde chegou a ser júri internacional em competições de equitação. Afirma que o seu amor por cavalos deu-lhe oportunidades para conhecer o Mundo. Aos 16 anos treinou cavalos nas olimpíadas de 1936 em Berlim, onde abriu os olhos para os terrores da II Guerra Mundial, na altura iminente. "Hitler fez o seu terrível discurso, e aquela tarde em que Jesse Owens venceu e nós todos festejámos e eu pensei, nunca me vou esquecer disto". Ao longo dos anos, teve aquilo que é inevitável nos cavaleiros, quedas. Fraturou o pescoço duas vezes, mas conseguiu recuperar a 100%. Hoje em dia faz o seu melhor para evitar quedas. Dinnie foi viúva 3 vezes, mas duvida que volte a casar, visto que continua a sentir-se atraída por homens mais velhos, e aos 96 anos, esses já começam a ser raros. Em vez disso foca-se nos cavalos, e planeia que estes sejam um fator constante na sua vida.

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FOTO-REPORTAGEM

A Última Viagem! De


estino Pico e S. Miguel

Por: Nuno Nunes

FOTO-REPORTAGEM


Contos para avós

Uma vida de Desculpas De: Natacha Figueiredo

A reforma bateu há minha porta mais cedo do que esperava. Sempre foi tudo assim, a vida a fintar-me e eu desorientada sem direção. Nunca ultrapassei obstáculos apenas desviei-me deles. Se surgia um problema eu arranjava uma desculpa para continuar a minha vida. Leio muitas frases sobre aproveitar a vida intensamente, mas eu nunca o fiz. Sobreviver é mais fácil. Lamentar-me é mais fácil. Arranjar desculpas é tão mais fácil. Estou reformada há um ano e tenho tido vários momentos de introspeção. Penso na vida e nas decisões que tomei ou melhor nas que eu não tomei. Sou uma viúva com 64 anos que passa grande parte do tempo sozinha em casa pois os filhos já estão criados e com família. Nunca soube lidar com a solidão, não sei viver bem comigo. Como é que os outros vão gostar da minha companhia se eu acho-me completamente desinteressante? E acreditem nunca tinha pensado nisto até este último ano. Comecei a pensar na forma como encaro a vida desde a vinda da minha irmã a minha casa. Em conversa ela questionou-me sobre o rumo que eu daria à vida, tentou-me encorajar a viver novas experiências e ser realmente feliz. Quando falámos nem raciocinei nas minhas respostas. Hoje percebo quando ela me disse “Oh Lena, para de arranjar desculpas. Se não queres ser feliz tudo bem, agora não inventes desculpas. Tudo para ti é um entrave, viver bem dá trabalho e tu escolhes sempre o caminho mais fácil. Por isso é que não consegues ser feliz!”. Eu perante o seu confronto mudei de assunto. Mas agora penso e paro para refletir nas suas palavras. O conformismo sempre andou de mãos dadas com a minha postura perante a vida. Se aos 20 eu já me conformava que perdia a batalha antes de a travar, imaginem como estou depois dos 60. No entanto são as desculpas que eu arranjo que deixam as pessoas fora de si. Casei com um homem que tratou-me sempre como uma princesa, todavia o amor nunca desabrochou. Quando eu questionava interiormente a nossa relação, pensava imediatamente que estava a ser injusta, que sortuda era por ter alguém que me amasse daquela forma. E o que seria de mim se me separasse? Claramente ficaria só o resto dos meus dias, ao menos a minha vida era estável e segura. E os sonhos que eu tinha outrora… preferi trancálos numa gaveta. Eu queria ter sido pintora, no entanto nunca mostrei os meus quadros a ninguém. Ser pintora não traz segurança financeira e depois certamente que iriam gozar comigo por eu achar que era artista. Nunca quis trabalhar numa fábrica e foi lá que acabei por me reformar. Porquê? Era seguro. O meu patrão pagava-me a tempo e horas e não queria arriscar no desconhecido. Afinal reclamar do trabalho que temos é mais fácil do que procurar um que nos satisfaça profissionalmente. E foi sempre assim que eu vivi, meu Deus! É difícil acreditar nas coisas que eu digo. Estou reformada e quando me perguntam porque é que eu não faço isto ou aquilo, tenho sempre uma desculpa sem pensar. Isto sou eu: “Já estou velha para aprender; não tenho tempo nem vida para ir ao ginásio; e se os meus filhos precisarem de mim? As viúvas não usam essas roupas; não tenho dinheiro para essas coisas; agora não, talvez noutra altura”. E o mais ridículo nisto tudo é que eu sou capaz de dizer todas estas frases em 30 minutos de conversa. Realmente eu entendo o porquê de não gostar da minha própria companhia. Finalmente tudo está mais claro na minha mente. Talvez seja agora que dê início a uma nova jornada. Talvez não, vai ser agora. Dizem que a reforma pode ser o começar de uma nova vida, e pela primeira vez estou determinada.

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Acordei cedo. Olhei para o meu roupeiro e comecei a escolher tudo aquilo que eu não queria mais vestir. Coloquei todas as roupas num saco preto. O pobre roupeiro ficou com um vestido de padrão florido, dois pares de calças e umas cinco camisolas. Escolhi o vestido para usar, deixei o cabelo solto e usei um pouco da maquilhagem que eu tinha guardada. Já não me pintava há mais de 10 anos. Olhei-me ao espelho e senti-me bem, não me achei bonita mas gostei do que vi. Hesitei um pouco quando chegou a hora de agarrar no saco. Afinal esta era a minha primeira mudança em tantos anos, inspirei fundo, agarrei no saco e saí de casa. Fui até à igreja para doar a roupa, gaguejei tanto que o padre teve que deduzir o que eu queria fazer. Agradeceu-me gentilmente e eu sai a tropeçar nos saltos altos que não usava há anos. Fiquei parada à porta da igreja com a respiração ofegante. Todo o meu estado emocional era patético, tão patético que comecei-me a rir de forma descontrolada. As beatas olhavam-me com um ar reprovador, mas desta vez em nem quis saber. Quando ia começar a descer as escadas um homem abordou-me com um sorriso. “Lena és tu?” Eu olheio rapidamente, mas não consegui decifrar quem era. Respondi que sim com um tom de voz assustado. “Sou o João, morávamos na mesma rua quando éramos jovens.” Assim que eu ouvi as suas palavras as minhas pernas tremeram de tal forma que acabei por torcer um pé. Ele ajudou-me a sentar na escadaria e contou-me um pouco da sua vida. Lembram-se quando eu disse que aos 20 conformava-me que tinha perdido uma batalha sem nunca ter tentado vencê-la, pois bem, o João era a minha batalha. Foi o meu amor da juventude, amava-o secretamente, mas ele era tão popular lá no bairro que eu sempre achei que era bom demais para mim. E agora o destino faz-nos cruzar passado 44 anos sem mais nem menos? E eu aqui nesta linda figura, com um pé torcido por não me aguentar nos saltos. Resumimos rapidamente as nossas vidas, estávamos os dois viúvos, ambos com filhos e uma reforma pela frente. Ele disse que estava com pressa, mas ajudou-me a descer a escadaria e acompanhou-me à porta de casa. Agradeci-lhe a sua atenção. Despediu-se, mas antes de seguir o seu caminho perguntou-me se eu não queria jantar com ele no próximo fim de semana, nesse instante passaram-me 10 respostas diferentes na cabeça para depois abanar a cabeça de forma afirmativa. Ele sorriu e disse-me que depois falaríamos com mais calma, e seguiu o seu caminho. Entrei em casa e senti-me como uma jovem de 20 anos apaixonada. Liguei o rádio e dancei ao som das músicas que iam passando naquela estação. Nem me tinha apercebido o quanto estava feliz naquele dia. Durante essa semana comprei novas roupas, nova maquilhagem, fui ao cabeleireiro, cuidei de mim por todos os anos que nada fiz pela minha aparência. Até fiz mudanças em minha casa, renovei alguns pormenores na decoração e dei tudo aquilo que não gostava. Quando o dia chegou, as horas passavam e não havia sinais do João. Estava cheia de fome mas não queria acreditar que o jantar não iria acontecer. Esperei durante 2 horas até que cansei-me de esperar. Atirei os sapatos contra a parede e enquanto fazia uma omelete as lágrimas escorriam no meu rosto. Até que a campainha toca. E eu com a cara borrada corri para abrir a porta. No fundo das escadas do prédio estava o João, segurava uma garrafa de vinho e um ramo de flores. Desta vez era ele que falava baixinho e perguntava se podia subir. Desta vez eu não hesitei, respondi prontamente que sim. Ele explicou-me antes de entrar que teve que levar o seu neto às urgências do Hospital e só agora é que conseguiu deixar o menino em casa. Desde esse dia que eu e o João somos inseparáveis. Expliquei-lhe tudo sobre mim, os meus medos, a minha personalidade e como tenho encarado a vida. Ele carinhosamente disse-me que eu dei o primeiro passo, agora ele está comigo para me ajudar a dar todos os outros até ao topo. Tenho conhecido novas pessoas, criei novos laços, faço ginástica e pinto tantas telas quanto posso. Amo e sou amada. Mas não se iludam. Muitas vezes tenho tendência a fugir, arranjar desculpas quando estou menos confortável… Na maioria das vezes penso em desistir quando as dificuldades aparecem, começo a tentar justificar que não vou conseguir fazer isto ou aquilo… Afinal a Lena das desculpas não podia simplesmente desaparecer. Sei perfeitamente que o meu caminho ainda vai a meio, mas compreendi que vale muito mais mil complicações e um pouco de insegurança do que viver uma vida conformista sem nunca conhecer o que é realmente a felicidade. Viver na sua plenitude não é fácil mas eu estou preparada para esta luta. Para trás ficou uma vida só de desculpas. E agora quando falo disto com as pessoas mais próximas costumo dizer que só tenho uma desculpa para tudo, faço isto porque quero ser feliz!

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QUEM FOI SALVADOR DALÍ? A Vida de Dalí 1904. 11 de Maio. Cidade de Figueres, na província de Girona na Catalunha, Espanha. Nasce Salvador Domenec Felip Jacint Dalí i Domènech, um dos três filhos (o irmão mais velho morreu antes dele nascer com cerca de 2 anos, a irmã era 3 anos mais nova) de Salvador Dalí i Cúsi, advogado, e de Felipa Domenech Ferrés, dona de casa católica e grande incentivadora da veia artística do filho. Dalí foi e é dos pintores mais importantes do século XX, e talvez, um dos maiores paradigmas da criatividade artística. Começou por estudar desenho muito novo, na Escola de Desenho Municipal. A mãe morre de cancro da mama em 1921, tinha ele 16 anos… Uma das duas maiores perdas da sua vida. Segue para Madrid nesse ano para a Academia de Artes de San Fernando. A política tem um aspeto importante no seu percurso, envolvendo-se inicialmente em grupos anarquistas e mais tarde tornando-se comunista. O seu bigode fino e revirado torna-se parte da sua imagem. O caráter irreverente, arrogância cénica, a extravagância singular, a provocação desmedida fazem de Dalí um homem e um pintor irrepetível. Em 1934, casou com Gala Éluard (mulher do poeta Paul Éluard). Acabou por ser afastado por André Breton do grupo surrealista, por razões ainda hoje muito discutíveis. A construção da casa Teatro-Museum Salvador Dalí, em 1960 até aos anos 80, tornou-se um dos maiores delegados de arte do século XX. Depois da morte de Gala em 1982, a sua vida acabou e entrou num processo depressivo e autodestrutivo. Deixa de comer, desidrata, a “doença de Parkinson” toma conta dele de forma violenta, uma possível tentativa de suicídio num incêndio no quarto do seu Castelo de Pubol deixa-o dependente dos amigos. Em Novembro de 1988 entra no hospital com uma insuficiência cardíaca. Morre a 23 de Janeiro de 1989, em Figueres, de uma pneumonia com paragem cardíaca. Está sepultado no seu próprio museu.

O seu percurso A primeira exposição, de desenhos a carvão, foi organizada pelo pai, em 1917. A primeira exposição pública deu-se em 1919, no Teatro Municipal da terra. É influenciado tanto pelo Renascentismo como pelo Impressionismo, a passagem pelo Cubismo marca-o, mas é o movimento artístico Dadaísmo que será determinante na sua obra. Notabiliza-se como uma das maiores referências do Surrealismo. Para além do movimento surrealista, Dalí relaciona-se com os pintores Picasso e Miró, torna-se amigo do poeta Federico Garcia Lorca, trabalha com os realizadores Luís Buñuel, Waltz Disney, Alfred Hitchcock. Colabora na moda com a estilista Elsa Schiaparelli, desenha para Christian Dior, participa em trabalhos dos fotógrafos Man Ray, Cecil Beaton ou Philippe Halsman. O seu trabalho estende-se à construção de joias, construção de cenários de teatro, escreve um libreto, a poesia é uma das suas fases surrealistas. É autor de um romance, ilustrador de obras literárias, escultor de peças impressionantes. Mas para a posterioridade ficam mais de 1600 quadros pintados e desenhados. Por detrás de toda esta obra que nos deixa, acima de tudo fica o enigma e a simbologia da sua estranha mente.

A sua Obra No cinema, três dos filmes fazem hoje parte da história da 7ª. Arte: “Un Chien Andalou”, “L’Âge d’Or”, ambos de Luís Buñel. “Spellbound” (A Casa Encantada) de Alfred Hitchcock. Os seus quadros estão em museus por todos os cantos do mundo, deixo aqui apenas 4 dessas obras: “A persistência da memória”, “A criança geopolítica observando o nascimento do homem novo”, “Jovem virgem auto sodomizada pelos chifres da sua castidade”, “Sonho causado pelo voo de uma abelha ao redor de uma romã um segundo antes de acordar”. Por: Filipe Figueiredo


“Um dia terá que ser admitido oficialmente que o que batizamos de realidade é uma ilusão maior do que o mundo dos sonhos. “


Agenda Cultural Novembro e Dezembro de 2016 22 de Novembro Exposição: Dia de Santa Cecília (entrada livre) – Museu Nacional da Música - Lisboa

23 de Novembro 24 de Novembro 25 de Novembro Cinema: Festival InShadow 16 – Cinemateca Portuguesa Lisboa

Música: Ciclo do Fado – Fórum da Maia - Porto

Literatura: Poesia ao Fim do Dia com Maria João Catarino – Biblioteca Municipal de Loulé

26 de Novembro Tradição : Festa da Orquídea de Guimarães

27 de Novembro

28 de Novembro 29 de Novembro 30 de Novembro

1 de Dezembro

Música: Os azeitonas no Theatro Circo - Braga

Visita Guiada com os Música: Jorge Palma – Só Lançamento de Livro Rosa M. Franco- Museu Investigadores – Arquivo no CCB em Lisboa Municipal de Lisboa da Eletricidade Casa da Luz - Funchal

Comédia: 5º Ensaio Cinema City Alvalade Stand up Comedy

2 de Dezembro

3 de Dezembro

4 de Dezembro

5 de Dezembro

6 de Dezembro

Dança: O Pássaro de Fogo- Re-imaginado pela CDMP - Fórum José Manuel Figueiredo

Visita A Fragata D. Fernando e MIiradouros de Almada – 10h em Cacilhas

Bailado O Lago dos Cisnes pela Russian Classical Ballet Oliveira do Bairro

Passeio agasalhado por jardins ou praias da zona

Harlem Gospel Choir Teatro Académico de Gil Vicente - Coimbra

7 de Dezembro

8 de Dezembro

9 de Dezembro

Feira do Novelo – Banco de Artistas - em Horta

Vila dos Sonhos Parque dos Monges em Alcobaça

O Pranto de Maria Parda (Companhia Demente) | Orfeão de Viseu

12 de Dezembro

13 de Dezembro

Música: Amor Electro no Arena Lounge Casino de Lisboa

Encontros: Sabichão O quis da Mouraria Lisboa

NATALECO - Árvore de Natal Ecologica Moinho do Abade Freitas - Cinfães

17 de Dezembro

18 de Dezembro

19 de Dezembro 20 de Dezembro 21 de Dezembro

Música: Carlos do Carmo no Pavilhão Multiusos- Guimarães

A Bela Adormecida – Russian Classical Ballet no CCC – Caldas da Rainha

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10 de Dezembro 11 de Dezembro Música: António Zambujo - Casino da Póvoa - Póvoa de Varzim

Música: Elton John no Meo Arena - Lisboa

14 de Dezembro 15 de Dezembro 16 de Dezembro

Exposição - Lisboa uma grande surpresa | Anónimo – Arquivo municipal de Lisboa

Apresentação do livro Uma vida sem Chapéus -Nova Acrópole de Lisboa

Exposição de pintura de Lídia Carrola – Casa do Alentejo Lisboa

Há Fado no Cais | Matilde Cid no CCB em Lisboa

Atividades de Natal – Manteigas –O coração da Serra da Estrela


Dezembro 2016 e Janeiro de 2017 22 de Dezembro Exposição: In a space Between - Espaço Light Engine em Lisboa

27 de Dezembro

23 de Dezembro 24 de Dezembro 25 de Dezembro 26 de Dezembro Comece os preparativos para este Natal

Aproveite a Véspera de Natal em família ou com amigos

Aproveite o convívio de família e convide a família a partilhar histórias pessoais

Tire o dia para ver um bom filme em sua casa

28 de Dezembro 29 de Dezembro 30 de Dezembro

31 de Dezembro

Teatro: Caveman Teatro Villaret - Lisboa

Exposição de Pintura “50MM F1.7 #1” De Susana Freitas Pinto – Elvas

Comédia: Rocket BarStand Up Comedy Lisboa

Concerto: La Bayadere Teatro Municipal Joaquim Benite Almada

Aproveite a passagem de ano para comemorar o ano novo num local diferente

1 de Janeiro

2 de Janeiro

3 de Janeiro

4 de Janeiro

5 de Janeiro

Aproveite para estruturar os seus objetivos para este novo ano

Montanha Pico Festival - Madalena, Ilha do Pico, Açores

Teatro: Cais Oeste Teatro Municipal Mirita Casimiro

Teatro: Filho da Treta – Casino Lisboa

6 de Janeiro

7 de Janeiro

9 de Janeiro

10 de Janeiro

The Lord of the Rings The Two Towers - Ciclo Orquestra Gulbenkian Lisboa

Exposição: 80 Anos, 80 Interpretações de José Rodrigues – Fundação Escultor José Rodrigues

Dança “A Bela e o Monstro no Gelo” – Mar Shopping

8 de Janeiro

Teatro: Aladino – Quinta Exposição: A História da Aviação Militar - Museu da Regaleira Sintra do Combatente no Forte do Bom Sucesso

Fotografia: A Imagem Paradoxal : MNAC Museu do Chiado

11 de Janeiro

12 de Janeiro

13 de Janeiro

14 de Janeiro

15 de Janeiro

Exposição: 751 - Os Dias de Paulo Cunha e Silva Câmara Municipal do Porto

Exposição: Ópera Chinesa Museu do Oriente

Fotografia: Azul. Os Tesouros Islâmicos do Uzbequistão - Museu Municipal de Tavira

Aproveite para dar um passeio de Inverno com a sua família ou amigos

Fado Miudinho Oceanário de Lisboa

16 de Janeiro

17 de Janeiro

18 de Janeiro

19 de Janeiro

20 de Janeiro

Exposição: Arquitectura Timorense: Miniaturas do Mundo no Museu Nacional de Etnologia

Pintura: Arte Bruta: Uma História de Mitologias Individuais no Oliva Creative Factory

Ciência: O que não sabemos sobre o DNA Biblioteca Municipal de Cantanhede

Combine um jantar com Exposição Alexandre aqueles que mais gosta e Herculano- Guardar a aproveite a noite Memória - Viver a História Mosteiro dos Jerónimos

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Passatempos

Descubra as 5 diferenรงas

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Passatempos Sudoku Samurai Nível Fácil

Anedotas Comemoração de 50 anos de casados Nas comemorações dos 50 anos de casados diz o marido: - Oh Maria, e se matássemos amanhã um leitão para comemorar os 50 anos de casados? Responde a mulher: E que culpa tem o coitado do leitão? Porque não matas antes aquele teu primo que nos apresentou?

Funeral do Marido Chorava a viúva no funeral do marido:- Ai, meu querido marido! Sofreu tanto, coitadinho! Um amigo do marido tentou consolá-la: - Eu sei, minha senhora, eu sei! Ele falava muito comigo do mal que tinha. Sempre foram trinta e oito anos de casados…

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REVISTA REVIVER Novembro de 2016 . Edição nº22

Ficha Técnica Fundadores António Ramos Natacha Figueiredo Editor e Director Geral António Ramos Chefe de Redação e de Paginação Natacha Figueiredo Redacção António Ramos Natacha Figueiredo Colaborador Helena Ramos e Filipe Figueiredo Sede de Redacção Rua do Alto da Bela Vista Lote 4B 2715-268 Almargem do Bispo, Sintra Contactos geral@revistareviver.pt Telefone: 212169069 www.revistareviver.pt facebook e blog link: https://www.facebook.com/revistareviver www.revistareviver.pt Comunicação e Publicidade dep.publicitario.reviver@gmail.com dpt.comunicacao.reviver@gmail.com

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Redacção info.reviver@gmail.com Distribuição Nacional Nota : Isenta de registo na ERC ao abrigo do decreto regulamentar 8/99 de 9/6 artigo 12º nº1 - A Locais de distribuição Gratuita Juntas de Freguesia Câmaras Municipais Centros de dia Centros de Convívio Universidades da Terceira Idade Associações de Reformados Associações recreativas Lares de idosos e Casas de repouso Bibliotecas Espaços Internet Santa Casa da Misericórdia Para particulares Devem efectuar o pedido através do email: geral.reviver@gmail.com Sugestões e participações Devem ser efectuadas para os contactos gerais da revista, ou através do nosso facebook e do site oficial.


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