Documento Reservado

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Paixão por antigos Página 40

# 58 FEV/2O13 Ano 5 www.documentoreservado.com.br

R$ 1O,OO

Meta agora do PT é Gleisi no governo Abuso sexual de crianças, um horror

Senador Alvaro Dias (PSDB), uma das poucas vozes de oposição no Congresso Nacional, está indignado com as manobras do PT para abafar a oposição.

Extermínio da oposição

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editorial EXPEDIENTE Jornalista responsável e editor-chefe Pedro Ribeiro Redação Norma Corrêa, Pedro Ribeiro e Lucian Haro Revisão Maria Aparecida de Souza Comercial Junior Ribas comercial@documentoreservado.com.br Márcio Razero Fotos Shutterstock Ilustrações Davidson Projeto Gráfico e Diagramação Graf Digital Impressão Idealiza Gráfica e Editora Tiragem 10.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 90 g (miolo) Endereço Rua João Negrão, n0. 731 Cond. New York Building - 120. andar sl. 1205 - CEP 80010-200 - Curitiba - PR Telefones (41) 3019-6570 E-mail editor@documentoreservado.com.br

Falta de médicos e a ira de Alvaro Dias

E

stá faltando médicos para o atendimento na área da saúde pública do Paraná, ou o aparelho estatal não dá condições adequadas para médicos atuarem e, por isso, deixam o atendimento do SUS, para se voltarem à área privada? A realidade é que a relação médico/1.000 habitantes deixa o Estado na 8ª colocação no ranking dos estados brasileiros, e na pior situação da região Sul. Uma das razões apontadas para essa situação é a falta de médicos. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM) existem, hoje, 19.813 médicos registrados no Paraná, para atender uma população de aproximadamente 10,5 milhões de pessoas, o que resulta na relação de 1,87 médicos para cada 1.000 habitantes. Mais da metade dos médicos – 10.073 – está concentrada em Curitiba, o que aumenta a relação para mais de dois médicos a cada grupo de 1.000 habitantes. Em entrevista à revista Documento Reservado, o senador paranaense, Alvaro Dias (PSDB), critica a postura do Governo Federal de fazer conchavos com partidos políticos, visando exterminar a oposição no Brasil. O pior é que está conseguindo fazer. Mirian Gonçalves, vice-prefeita de Curitiba, também fala à revista e revela algumas ações da base petista no Estado com vistas à campanha para eleger a ministra chefe da casa Civil, Gleisi Hoffmann, ao Governo do Estado em 2014. O aumento dos abusos sexuais a crianças e o crescimento do número de moradores de rua em Curitiba tem sido duas das principais preocupações da presidente da Fundação de Ação Social de Curitiba (FAS), jornalista Marcia Fruet, que também conversou com a reportagem da revista Documento Reservado. Boa leitura! Pedro Ribeiro

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 58 - FEVEREIRO/2013

Circulação Março/2013

4 Documento Reservado / Fevereiro 2013


índice 26

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SINTONIA FINA

44 AGENDA CULTURAL

SEM MÉDICOS Apesar dos incentivos, médicos paranaenses se recusam a trabalhar no interior do Estado por absoluta falta de estrutura nas unidades de saúde – SUS. Por isso, a concentraçăo é grande na capital e faltam médicos no interior.

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SEM MISÉRIA Embora com problemas na economia do País, a presidenta Dilma Rousseff vem apostando tudo no fim da miséria. Agora tira mais 2,5 milhőes de pessoas da linha da miséria e o total já chega a 22 milhőes.

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SEM DROGAS Gleisi Hoffmann, mulher forte na Presidęncia da República, acabou sentido na pele os efeitos maléficos da burocracia no País. Para aprovar uma licitaçăo, a própria ministra teve que ir pessoalmente de órgăo em órgăo.

LIÇŐES DE CIDADANIA Em Foz do Iguaçu, a Polícia Civil vem mobilizando a comunidade, principalmente crianças, no sentido de conscientizá-los sobre os problemas da droga. A iniciativa vem surtindo efeito com o aumento de denúncias.

22 FOCO NO ASSISTENCIALISMO

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META É O GOVERNO A petista Miriam Gonçalves, vice-prefeita de Curitiba, está feliz da vida com as conquistas do partido, principalmente no Paraná. A meta agora é eleger a ministra Gleisi Hoffmann, governadora do Estado.

Em entrevista para a revista Documento Reservado, a primeira-dama de Curitiba e presidente da Fundaçăo de Açăo Social (FAS), jornalista Marcia Fruet, pontua dois problemas sociais que devem ser prioridades em suas açőes: abuso sexual contra crianças e moradores de rua.

24 VENCENDO AS DROGAS

Ministra chefe da Casa Civil da Presidęncia, Gleisi Hoffmann, tem mais uma dura missăo pela frente. Mobilizar os municípios brasileiros para, juntos, vencer o Crack.

30 INCOMODA MUITA GENTE

Uma doença que tira o sono de muita gente. O ronco é um incômodo năo apenas para quem tem o problema, mas ŕs pessoas que estăo ao seu lado.

33 OURO PURO

Além do preço ser salgado para o consumidor e uma mina de dinheiro para o proprietário, o estacionamentos no anel central de Curitiba estăo superlotados e năo há mais vagas para mensalistas.

36 POR IMPULSIVIDADE

Cada um com sua mania, mas as compras por impulso estăo cada vez mais acentuadas no País.

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BRANCALEONE Senador e ex-governador paranaense, Alvaro Dias (PSDB), está irritadíssimo com a postura do PT, o qual acusa de fazer aconchavos com partidos. Isso é ruim para a oposiçăo, para o País e para a democracia, diz.

38

CHOCOLATE Já estamos na Páscoa e, além das comemoraçőes religiosas, é hora de se fartar com chocolates. Nossa reportagem foi visitar lojas e supermercados para ver como andam os estoques e os preços. Confira.

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BETO RICHA A Saúde vai bem. E vai melhorar

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VELHO, NĂO. ANTIGO Cresce a cada dia o interesse dos curitibanos por carros antigos. Na Feira de domingo, no Largo da Ordem, podemos ver dezenas dessas máquinas que, apesar da idade, estăo cada vez mais na berlinda.

42 BETO RICHA

Educaçăo, uma prioridade absoluta

ARTIGOS

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ROSEMARY DE ROSS Campanha da Fraternidade e a juventude

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sintonia fina

Um meio apoio Orlando Pessuti (PMDB) năo aceitou favorecimento do Governo Beto Richa, em troca de apoio para a campanha de 2014. Descartou a presidęncia da Sanepar. Já o deputado estadual, Luiz Eduardo Cheida, ocupará a Secretária de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Jonel Iurk, que ocupava a Pasta, deve assumir uma diretoria da Copel.

À sua disposição Fernando Ghignone, espécie de “coringa” do Governo de Richa, năo conseguiu emplacar toda a diretoria da Copel – esbarrou no corporativismo – para assumir o cargo de presidente. Recuou e voltou para a presidęncia da Sanepar, de onde, aliás, nunca deveria ter saído, pois desenhou um programa para quatro anos e năo iria ficar nem dois.

Riscos e causas Curitiba, Teresina, Palmas, Campo Grande e Belo Horizonte, foram as cinco capitais escolhidas para um estudo, que possa explicar os altos índices de violęncia no trânsito entre jovens de 18 a 20 anos. A Fundaçăo Blunberg Philantropie comandará a discussăo sobre “Vida no Trânsito” nessas capitais. Em 2011, houve 321 mortes no trânsito da capital paranaense.

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PEDRO RIBEIRO

Coisa de criança Ao avaliar as comemoraçőes dos 10 anos dos petistas no poder, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz achar “uma coisa engraçada” a forma “de o PT comemorar”. Para o tucano, o PT “em vez de ficar satisfeito com o que fez, năo, fica falando o que o outro năo fez”. O tucano defende “comemorar a vitória do Brasil”, e năo ficar “o tempo todo olhando pra trás”. Para FHC, “isso é coisa de criança, parece picuinha”.

Aonde o povo está Dos quatro mil moradores de rua de Curitiba, 58% năo săo da Capital e Regiăo Metropolitana, mas de outros estados. Esses moradores possuem uma associaçăo nacional forte, que defende uma política de criaçăo de repúblicas para acolhimento e consultórios de rua, ou seja, atendimento médico ambulante ou, onde eles estăo.

Faltou arroz A Fundaçăo de Açăo Social de Curitiba (FAS) herdou uma dívida de R$ 10 milhőes deixada pela administraçăo anterior. Marcia Fruet, atual presidente, disse que quando assumiu o cargo, em janeiro, năo tinha recursos para comprar arroz, que faz parte da alimentaçăo de perto de quatro mil moradores de ruas assistidos pela FAS.

Voto italo/brasileiro A advogada Renata Bueno năo se reelegeu vereadora em Curitiba nas últimas eleiçőes, ficando na primeira suplęncia. Até foi chamada para assumir, mas recusou para se candidatar a uma vaga de deputado no Parlamento italiano. De duas, uma: ou os curitibanos năo entenderam os projetos de Renata, ou os ítalos/brasileiros năo sabem votar.

Que bonzinho... Discurso de Roberto Requiăo no Senado: “quero, desde já, deixar patente meu voto pela aprovaçăo do empréstimo (empréstimos de US$ 350 milhőes para o Paraná, que o próprio senador havia negado)”. De repetente o ex-governador paranaense ficou bonzinho e resolveu aprovar o empréstimo, ou năo aguentou a pressăo.

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entrevista

Como uma das poucas vozes da oposição no Senado, Álvaro Dias não esconde a sua indignação com os rumos que a política brasileira tomou e que está corroendo as instituições públicas

“Senado parece o Carandiru sem grades.” 8 Documento Reservado / Fevereiro 2013


NORMA CORRÊA

Um País sem oposição O

senador Álvaro Dias (PSDB), incansável à frente da oposição, admite que a bancada contrária ao Governo Federal, hoje, é “raquítica”, e lamenta que a corrupção vem atingindo níveis insuportáveis, e caminha a galope. Segundo ele, o Governo, ao reduzir o espaço da oposição, diminui o espaço da crítica, da denúncia e da fiscalização e acaba abrindo as portas da corrupção, porque, para bancar, sustentar, e alimentar a enorme base de apoio, é obrigado a abrir os cofres públicos, “e o que se vê é a repetição dos escândalos de corrupção”. Em entrevista à revista Documento Reservado, Álvaro Dias afirmou que essa posição resume a indignação, e valoriza a importância da redução do desequilíbrio da representação popular. Para o senador, a supremacia exorbitante da bancada governista é ruim para o Parlamento, para o Governo, para o País e para a democracia. No dia da eleição de Renan Calheiros à presidência do Senado, Alvaro Dias voltou a surpreender, afirmando que o Senado parecia o Carandiru sem grades, e que esta é a imagem que o brasileiro, relativamente bem informado, tem, não só do Senado, mas da Câmara também. Para o tucano, a instituição acaba enxovalhada, mas os ‘espertalhões’ se salvam. “Deveria ser o inverso. A instituição, onde estão fincados alicerces essenciais do Estado de Direito, é permanente, insubstituível e definitiva. Os seus integrantes são passageiros, substituíveis, portanto, podem ser condenados. É preciso ter a consciência de que a instituição deve ser preservada”, disse, ao pregar a necessidade

de ressuscitar a capacidade de indignação da população, “que faleceu diante da banalização da corrupção no País. Este foi o maior desserviço prestado pelo Governo do PT”. Balcão de negócios De acordo com Álvaro Dias, hoje, não há mais oposição no Brasil, e que, isso, é consequência do modelo implantado em Brasília e transplantado para os Estados. “Um balcão de negócios a serviço do aparelhamento do Estado. O eleito, para governar, inicia seu mandato cooptando partidos e políticos de forma geral. E, dessa forma, constitui uma imensa base de apoio, na esteira do relacionamento promíscuo responsável pela usina de escândalos que deu origem, por exemplo, ao mensalão. Com isso reduz-se o espaço da crítica, da fiscalização e da denúncia. A oposição, numericamente insignificante, torna-se impotente. A energia financeira do Poder Público fica comprometida, e os investimentos em setores vitais como saúde, educação e segurança pública tornam-se insuficientes. No entanto, recursos não faltam para a propaganda farta e enganosa, que ilude boa parte da população e garante a popularidade dos governantes. Esse modelo tem que ser destruído em nome do futuro do País”, disse. O tucano afirmou, ainda, que concorda em gênero, número e grau, com o discurso do também senador Aécio Neves, feito no dia em que petistas de todos os matizes se reuniram para comemorar os 10 anos do PT no Poder, e relacionou 13 fracassos da gestão do Partido

dos Trabalhadores no Governo Federal. “No entanto, são tantos os fracassos do Governo petista, que ao relacionar apenas 13, fez-se um favor aos governistas”, cutuca. O senador falou ainda sobre corrupção, o seu partido, em nível nacional e estadual, o poder paralelo que acredita que o ex-presidente Lula tem exercido ao assumir, de novo, o comando dos rumos petistas, e o seu futuro político. Confira a entrevista com Álvaro Dias:

DR – Senador, notamos que hoje não há mais oposição no Brasil. Parece que, depois do mensalão a oposição, com raras exceções, enfiou a cabeça no buraco. Hoje, observamos que inimigos de ontem estão se aliando amanhã. Até quando o senhor aguentará firme com sua postura efetiva de oposição? Álvaro Dias – Isso é consequência do modelo implantado em Brasília e transplantado para os Estados. Um balcão de negócios a serviço do aparelhamento do Estado. O eleito, para governar, inicia seu mandato cooptando partidos e políticos de forma geral. E, dessa forma, constitui uma imensa base de apoio, na esteira do relacionamento promíscuo responsável pela usina de escândalos que deu origem, por exemplo, ao mensalão. Com isso reduz-se o espaço da crítica, da fiscalização e da denúncia. A oposição, numericamente insignificante, torna-se impotente. A energia financeira do Poder Público fica comprometi-

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entrevista

da, e os investimentos em setores vitais como saúde, educação e segurança pública tornamse insuficientes. No entanto, recursos não faltam para a propaganda farta e enganosa, que ilude boa parte da população e garante a popularidade dos governantes. Esse modelo tem que ser destruído em nome do futuro do País.

DR – No Paraná, estamos assistindo a uma grande peça teatral, onde o atual governador, do seu partido, está fazendo conchavos com todo mundo para se manter no Poder. Beto Richa ouve a Executiva Nacional para fazer isso? Álvaro Dias – Creio que a resposta à pergunta anterior explica: o modelo de Brasília foi transplantado para o Estado. A Executiva Nacional não interfere.

DR – Como o senhor se comportará diante de um diretório do PSDB, que reza na cartilha do governador e do presidente da Assembleia e que quer a sua vaga no Senado? Álvaro Dias – No momento estou preocupado com o exercício do meu mandato. Ainda não iniciei as consultas sobre qual deve ser minha missão em 2014. Estou prestes a iniciar esse trabalho. Em poucos meses, acredito que poderei anunciar uma decisão a respeito.

DR – No dia em que petistas de todos os matizes se reuniram para comemorar os 10 anos do PT no Poder, o senador Aécio Neves (MG) foi à tribuna e relacionou 13 fracassos da gestão do Partido dos Trabalhadores no Governo Federal. O seu colega de partido criticou a falta de humildade e autocrítica dos petistas, o senhor concorda com as críticas de Aécio, que afirma que o Brasil não foi descoberto em 2003? Álvaro Dias – Concordo em gênero, número e grau com o conteúdo do discurso. No entanto, são tantos os fracassos do Governo petista que, ao relacionar apenas 13, fez-se um favor aos governistas.

DR – O ex-governador mineiro é unanimidade no PSDB como candidato à Presidência da República? Álvaro Dias – Não há unanimidade, nem mesmo em questões menos complexas. O erro não está no nome do candidato e, sim, no processo. Decisões em “petit comitê”, quando a maioria não é consultada, acabam fracionadas. O comando do PSDB desperdiçou a oportunidade de respeitar suas principais lideranças e valorizar seus militantes. A realização das primárias seria um salto de modernidade, que colocaria o partido à frente. Por esse proces-

“Infelizmente, há os que apostam na ausência de memória dos eleitores.”

so, o escolhido seria apoiado por um PSDB mais forte, mais coeso e respeitado.

DR – Os parlamentares não temem as críticas das urnas, depois que “forçaram” a eleição de Renan Calheiros à Presidência do Senado? Neste caso, apostam na “memória fraca” do eleitor? Ou é falta de politização da grande maioria dos brasileiros? Álvaro Dias – Infelizmente, há os que apostam na ausência de memória dos eleitores. Exemplos de impunidade refletidos em pleitos passados, como aquele que reelegeu mensaleiros, estimulam o desrespeito e a falta de compromisso com a sociedade.

DR – Em entrevista ao jornalista Gelson Negrão, da Rede Massa, o senhor disse, no dia da eleição de Calheiros, que o Senado parecia o Carandiru sem grades, e que esta é a imagem que o brasileiro, relativamente bem informado, tem, não só do Senado, mas da Câmara... Isso não é contraditório? (a imagem das instituições públicas para os brasileiros), já que as pessoas envolvidas em escândalos são reeleitas com certa facilidade? E o Renan é um exemplo. Qual é a sua opinião sobre isso? Álvaro Dias – É contraditório, mas real. A instituição acaba enxovalhada, mas os espertalhões se salvam. Deveria ser o inverso. A instituição, onde estão fincados alicerces essenciais do Estado de Direito, é permanente, insubstituível e definitiva. Os seus integrantes são passageiros, substituíveis, portanto podem ser condenados. É preciso ter a consciência de que a instituição deve ser preservada.

DR – O que fazer com a corrupção galopante no País? Álvaro Dias – Combater implacavelmente a corrupção e a impunidade. É preciso ressuscitar a capacidade de indignação da população, que faleceu diante da banalização da 10 Documento Reservado / Fevereiro 2013


corrupção no País. Este foi o maior desserviço prestado pelo Governo do PT.

DR – O senhor protocolou um requerimento para que os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-geral) e Antonio Patriota (Relações Exteriores) esclareçam a informação de que dirigentes partidários, e pelo menos um representante da Presidência da República, participaram de uma negociação para desqualificar a blogueira cubana Yoani Sánchez. O senhor já recebeu a resposta? O que pensa a respeito? Álvaro Dias – Ainda não há resposta ao pleito. Sem dúvida, em poucos dias, dois embaixadores – o da Venezuela (no ato de apoio aos mensaleiros) e o de Cuba (mobilizando militantes para perseguir a blogueira cubana) – rasgaram a Convenção de Viena, e afrontaram a soberania nacional. Deveriam ser considerados “Persona Non Grata” pelo Governo brasileiro, que lamentavelmente silencia.

DR – O senhor disse que o Governo, ao reduzir o espaço da oposição, reduz o espaço da crítica, da denúncia e da fiscalização. “E pode errar mais confortavelmente, pode abrir as portas da corrupção, porque para bancar, para sustentar, para alimentar a enorme base de apoio, é obrigado a abrir os cofres públicos, e o que se vê é a repetição dos escândalos de corrupção”. Essa frase dita pelo senhor resume o seu descontentamento com a oposição raquítica e os rumos políticos que o País está tomando? Álvaro Dias – Sim. Resume a indignação e valoriza a importância de se reduzir o desequilíbrio da representação popular. A supremacia exorbitante da bancada governista é ruim para o Parlamento, para o Governo, para o País e para a democracia.

DR – O senhor criticou o fato de o Congresso Nacional ter acumulado mais de três mil vetos presidenciais na fila de votação. Esse dado mostra que o Parlamento está se ausentando de seus deveres? O que fazer?

“A supremacia exorbitante da bancada governista é ruim para o Parlamento, para o Governo, para o País e para a democracia.”

Álvaro Dias – O Parlamento tem oferecido razões de sobra para ser achincalhado pela opinião pública. Tornou-se uma espécie de almoxarifado do Executivo, sempre a seu serviço, deixando de ocupar o espaço da sua interdependência constitucional. O Poder Legislativo atrai a critica, o desgaste, e não cumpre o seu dever de forma cabal e eficiente. O exemplo dos vetos é elucidativo. Por que acumular? Estou propondo que os vetos, ao chegarem ao Congresso, sejam lidos e, como manda a Constituição, votados em 30 dias.

DR – O que o senhor pensa sobre o retorno oficial, porque nos bastidores já havia movimentações, do ex-presidente Lula comandando as ações petistas com vistas às eleições de 2014? Álvaro Dias – Lula deixa a impressão, pela

sua movimentação, de estar exercendo um poder paralelo. A foto com o prefeito Haddad, em reunião do secretariado na Prefeitura de São Paulo, é a constatação dessa realidade. O ex-presidente cria, à atual presidente (Dilma Rousseff ), inevitáveis constrangimentos, ao interferir em assuntos administrativos e liderar o processo sucessório publicamente.

DR – Com tantas amarguras e decepções, o senhor é candidato à reeleição? Álvaro Dias – Eu não seria verdadeiro se afirmasse que estou completamente feliz na atividade. Mas, o senso de responsabilidade prevalece. Sou orientado pela opinião pública. A população é sempre considerada, e consultada. É o que farei para descobrir qual missão ela me reserva para 2014. Posso, sim, ser candidato à reeleição. 11 Documento Reservado / Fevereiro 2013


entrevista

O

ar condicionado do pequeno gabinete da vice-prefeita de Curitiba, localizado no 1º andar do Palácio 29 de Março, no Centro Cívico, está quebrado e não existe dinheiro para conserto. A máquina estatal está emperrada devido à herança financeira – sem caixa e com contas a pagar – deixada pela administração anterior, acusam os herdeiros do trono. São mais rigorosos e balançam a cabeça, com sinal negativo, quando o assunto é saúde pública: uma questão delicada e preocupante. Ao lado da saúde, contabilizam-se, ainda, índices nada favoráveis no trânsito de Curitiba que, em 2011, registrou 321 óbitos e 1.514 vítimas graves hospitalizadas. Grande parte associada às drogas, que gera violência, lamenta a vice-prefeita da Capital, Miriam Gonçalves, que também vem se preparando para a campanha de Gleisi Hoffmann, rumo ao Palácio Iguaçu.

Essas e outras situações desconfortáveis em relação à administração pública municipal, principalmente em início de nova gestão, não tiram, no entanto, a vontade de trabalho e o entusiasmo da petista Miriam Gonçalves (51). Com algumas folhas de papel em mãos, ela alivia o calor insuportável da sala e desanda a falar. De tudo, principalmente das ações do PT em nível nacional, estadual e municipal, e do ídolo Luiz Inácio Lula da Silva, quem considera um líder, de esquerda não radical, com visão de igualdade social, sem discriminação, e responsável pela transformação do País nos últimos anos. Fala também com orgulho ideológico, da liderança administrativa da presidente Dilma Rousseff e do potencial político da ministra paranaense, Gleisi Hoffmann. Eleita pelo PT como vice-prefeita de Curitiba, Miriam Gonçalves afirma que não será mera figurante no cargo, e que está trabalhan-

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PT fala alto e em bom tom 12 Documento Reservado / Fevereiro 2013


Fotos: Jader Rocha

PEDRO RIBEIRO

Miriam Gonçalves: “quem está contribuindo efetivamente para o desenvolvimento e crescimento do Paraná é o Governo Federal”

13 Documento Reservado / Fevereiro 2013


entrevista

“Tenho certeza que Gustavo Fruet será peça fundamental na campanha de Gleisi Hoffmann ao Palácio Iguaçu.” 14 Documento Reservado / Fevereiro 2013

do ao lado do prefeito Gustavo Fruet para transformar Curitiba em uma cidade cada vez mais humana. Como secretária municipal do Trabalho e Emprego, sua missão fica ainda mais atuante e terá uma nova dinâmica a partir do dia 1º de março, quando estará reunida, em Curitiba, com o diretor nacional do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, para desenhar o planejamento estratégico de ações da Secretaria do Trabalho e Emprego, e colocá-lo em prática, imediatamente, garante. A partir desse encontro, “vamos executar ações junto à iniciativa privada e a órgãos estatais e de pesquisa visando a geração de trabalho decente, emprego e renda para a população de Curitiba e Região Metropolitana, tendo em vista a valorização da cidadania e a busca profissional do ser humano”, disse Miriam. Alimentando crianças Miriam Gonçalves adiantou, em entrevista à revista Documento Reservado, que, junto com a Secretaria Municipal de Educação, Secretaria Municipal de Abastecimento e órgãos da área agrícola, vão adquirir, efetivamente, 30% da merenda escolar distribuída nas escolas da administração pública municipal, dos produtores rurais da chamada “Agricultura Familiar”. “Estaremos, com isso, cumprindo lei federal, ou seja, comprando mantimentos que se transformam em 260 mil refeições diárias”, disse. Sem se descuidar das ações a cargo da vice-prefeita e da Secretaria do Trabalho e Emprego, Miriam Gonçalves, advogada de trabalhadores há mais de 30 anos, com mestrado em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e especialista em Direitos Humanos em Huelva, na Espanha, gosta mesmo é de falar sobre política. A

petista consolidou sua carreira profissional junto aos movimentos sociais, de direitos humanos e sindicatos. Oposição sem base popular Ao avaliar a participação da oposição em temas nacionais, principalmente no Congresso Nacional e nas eleições, Miriam Gonçalves disse que a oposição vem fazendo seu trabalho, embora não muito articulada. Lamentou a postura do senador e candidato tucano à Presidência da República em 2014, Aécio Neves. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou a tribuna do Senado para listar 13 dos grandes fracassos da administração petista no plano federal, entre eles, o comprometimento do desenvolvimento do País, o sucateamento da indústria, inflação alta, ausência de planejamento e risco de apagão, durante as comemorações dos 10 anos de PT no Governo. Para Miriam, a oposição “não tem voz ativa, porque não tem base popular. Sem base popular não vai para frente”. Com os 10 anos de PT, partido dito de esquerda, Miriam Gonçalves não acredita que houve extermínio da direita, e que essa nunca foi ideia do PT. “Nós sempre procuramos atuar dentro de uma visão de Brasil e os políticos que resistiam ao PT, acabaram vendo que nosso projeto era, foi e sempre será com foco no social. É o que Lula fez e que a Dilma está dando continuidade”, afirma. Para ela, não existe mais esse maniqueísmo de esquerda e direita – nem bom, nem ruim – mas, uma visão mais voltada para programas sociais, a exemplo de Lula, que tirou 16 milhões de pessoas da condição de miseráveis, promoveu cotas para negros nas universidades. Além de tudo, é petista A exemplo do ex-presidente Lula, a presi-


PEDRO RIBEIRO

“Estaremos, com isso, cumprindo lei federal, ou seja, comprando mantimentos que se transformam em 260 mil refeições diárias.” dente Dilma Rousseff acaba de anunciar que vai retirar 22 milhões de brasileiros da miséria com a ampliação do Bolsa Família que, hoje, contabiliza 2,5 milhões de famílias cadastradas. A afirmação de Dilma ocorreu durante as festividades do PT, onde garantiu recursos de R$ 700 milhões. Como o ex-presidente Lula, maior cabo eleitoral de Dilma Rousseff, já lançou a presidente à reeleição, durante das festividades dos 10 anos do PT no poder, isso motivou a base partidária paranaense a trabalhar para eleger a ministra chefe da Casa Civil da Presidência da República, Gleisi Hoffmann, ao Governo do Paraná. Segundo Miriam Gonçalves, “a eleição para a Prefeitura de Curitiba foi um bom ensaio, e a ministra, além de competente e ter referências, é petista”. A campanha no Paraná ainda não está nas ruas, mas será de oposição ao governador Beto Richa (PSDB). O PT, segundo a vice-prefeita,

ainda não montou nenhuma estratégia de campanha, mas está sempre alerta. Acredita que não haverá apenas dois candidatos ao governo – Richa e Gleisi – mas outros, de outros partidos, como Roberto Requião, do PMDB, e Eduardo Sciarra, do PSD. Miriam Gonçalves ironiza quando ouve políticos acusarem o Governo Federal, e o próprio PT, de manipularem estatísticas sociais com vistas às eleições de 2014. “Se isso tivesse acontecido, eu e Gustavo não teríamos sido eleitos. Existem mentirinhas, mentiras cabeludas e estatísticas”, disse. O que o PT quer, com as eleições, é ampliar as bases municipais, por entender que a Prefeitura está mais próxima do cidadão e este é o foco petista. Além de aumentar o número de prefeituras, “nosso projeto é ampliar também o número de candidatos nas câmaras municipais, nas assembleias legislativas e no Congresso Nacional”.

A participação do prefeito Gustavo Fruet (PDT) na campanha de Gleisi Hoffmann (PT) ao Governo do Estado será fundamental, prevê a petista. “Não apenas por compromisso de coligação, mas projeto de Governo”, disse. Fruet entende que o projeto social do PT é a saída para a transformação do País. Ao avaliar o Governo de Beto Richa, considera pouco ativo e mais preocupado com a reeleição. “É o Governo Federal que está por trás do desenvolvimento e crescimento do nosso Estado, com programas de infraestrutura nas áreas ferroviárias e portuárias, além de financiamentos na agricultura”, assegurou.

“Nosso foco é no trânsito, que gera violência, e na saúde que tira vidas.”

Mulher no trabalho

Para lembrar o aniversário de Curitiba, a Prefeitura Municipal estará fazendo projeções de imagens – fotos – em prédios públicos, Ruas da Cidadania, mostrando um histórico da mulher no trabalho, desde 1920 até os dias de hoje. 15 Documento Reservado / Fevereiro 2013


geral

DA REDAÇÃO

Brasil sem Miséria avança, sem miséria Dilma Rousseff: É importante a colaboração dos prefeitos para cadastrar famílias no Bolsa Família

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erto de 22 milhões de brasileiros serão retirados da miséria. Estes são os números divulgados pelo Governo Federal, depois que a presidente Dilma Rousseff anunciou, no dia 19 de fevereiro, a ampliação do Programa Brasil sem Miséria. O Governo contabiliza 2,5 milhões de famílias cadastradas no Bolsa Família que vão receber complemento, para alcançar a renda mínima de R$ 70 por pessoa, considerado o patamar que supera a linha da extrema pobreza no País. A partir de março, quando passarão a receber o benefício, nenhuma família cadastrada estará abaixo dessa linha, afirmou a presidente. Para chegar a esses números, o Governo Federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, investirá R$ 770 milhões este ano, elevando o orçamento do Bolsa Família, 16 Documento Reservado / Fevereiro 2013

O Governo contabiliza 2,5 milhões de famílias cadastradas no Bolsa Família que vão receber complemento, para alcançar a renda mínima de R$ 70 por pessoa, considerado o patamar que supera a linha da extrema pobreza no País.

em 2013, para R$ 24 bilhões. Apesar de eliminar a pobreza extrema das famílias cadastradas, o Ministério estima que aproximadamente 700 mil famílias estejam nessa condição e precisem ser localizadas. A presidente Dilma reforçou, nos discursos que fez este ano, a importância da colaboração dos prefeitos para encontrar essas famílias e cadastrá-las no Bolsa Família, para que também deixem a situação de miséria até 2014. Para o Governo, o cadastro, além de ser uma forma de transferir renda, serve para mapear as necessidades das populações mais carentes, a fim de orientar a expansão de serviços públicos, incluindo a educação pública. As escolas com mais de 50% dos alunos em famílias cadastradas terão prioridade no programa de educação integral.


Projeto proíbe a detentores

de mandato a gestão de

concessionárias de serviços públicos

E

ntre os 15 itens da pauta que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) vota na reunião de quarta-feira (6) está o Projeto de Lei do Senado (PLS) 358/ 2009, de autoria do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), que proíbe a participação dos detentores de mandato eletivo e respectivos parentes, até terceiro grau, na gestão de empresas concessionárias de serviços públicos. A proposta tem voto favorável do relator, senador Luiz Henrique (PMDB-SC). A matéria altera os artigos 18 e 38 da Lei 8.987, de 1995 (Lei das Concessões e Permissões de Serviço Público), para exigir da concessionária declaração explicitando não ter

como dirigente, administrador ou representante alguém que se encaixe na proibição. A outra alteração determina que a infração à proibição permita a declaração da caducidade da concessão. O autor justifica a proposta com “a necessidade de moralização do processo eleitoral e de combate à prática de relações espúrias ocorrentes entre a administração pública contratante e as empresas contratadas”. Para o relator, a proposta “merece todos os aplausos, por se dirigir à preservação da moralidade pública, da eficiência e da impessoalidade, princípios constitucionais norteadores da administração pública no país”.

O projeto tem decisão terminativa na CCJ, única comissão do Senado designada para sua análise. Adoção Também na pauta da CCJ o PLS 390/2011, que altera o Código de Processo Civil (Lei 5.869, de 1973) para conceder prioridade processual na tramitação do processo referente à guarda e adoção de criança ou adolescente órfão, abandonado ou abrigado. De autoria da senadora Ana Amélia (PP-RS), a proposta tem voto favorável do relator, senador Benedito de Lira (PP-AL), na forma do substitutivo que apresentou. O projeto, em seu texto original, havia recebido parecer favorável da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), em que foi relatado pelo senador Eduardo Amorim (PSC-SE). Benedito de Lira, no entanto, julgou necessário fazer mudanças, alterando o parágrafo do Código de Processo Civil a ser modificado e acrescentando outro parágrafo ao Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069, de 1990), no intuito de reforçar a necessidade de prioridade absoluta às causas que envolvem crianças e adolescentes. * Agência Senado

Senador Inácio Arruda (PCdoB-CE)

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geral

LUCIAN HARO

Fim da linha Projeto de lei pretende acabar com a prática da adulteração de combustíveis

A

cabar de vez com a prática criminosa da adulteração de combustíveis no âmbito do Paraná. Essa é a intenção de um projeto de lei que segue em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado (AL) e prevê duras penas para quem for pego transportando, adquirindo, estocando ou vendendo esse tipo de produto. O texto, de autoria do deputado estadual Rasca Rodrigues (PV ), já recebeu o “sinal verde” da Secretaria do Estado da Fazenda e aguarda a aprovação de algumas comissões temáticas da Casa antes para ir à votação em plenário. De acordo com o deputado, a medida é uma forma de proteger o consumidor paranaense, os bons comerciantes e acabar com a impunidade do comércio de combustível adulterado. “Tem sido constatado o aumento dessa prática ilegal, que lesa o consumidor, constitui crime contra a ordem econômica e ambiental, implica evasão fiscal e ainda gera concorrência desleal com os contribuintes que desenvolvem regularmente suas atividades comerciais”, afirmou Rasca Rodrigues. Ainda de acordo o parlamentar, se aprovada, a nova regra valerá para revenda, comercialização, aquisição e distribuição de de-

rivados de petróleo, gás natural, álcool etílico hidratado carburante e demais combustíveis líquidos em desconformidade às especificações estabelecidas pelo órgão regulador. “Se aprovada, a medida suspenderá por seis meses o Cadastro de Contribuintes do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre a Proteção de Serviços (ICMS) de empreendimentos onde for comprovada a comercialização de combustível adulterado. No caso de reincidência, o posto pode ter o cadastro cassado e ser obrigado a fechar as portas”, disse. A prática criminosa de adulteração de combustíveis ficou conhecida depois de uma série

de denúncias exibidas pelo programa Fantástico, da Rede Globo, ainda no início do ano passado. Segundo a reportagem, um grupo agia em diversas capitais do País - incluindo Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro -, adulterando bombas de postos de gasolina. O esquema funcionaria assim: enquanto o frentista abastecia o carro do cliente, ele acionava (por controle remoto) um aparelho que controlava a vazão do combustível, fazendo com que o valor descriminado na bomba não fosse condizente com a quantidade de combustível injetada no veículo. Ou seja, o consumidor pagava mais por menos combustível. No Paraná, uma das pessoas acusadas de fazer parte do bando acabou presa.

Rasca Rodrigues: “A medida é uma forma de proteger o consumidor paranaense, os bons comerciantes e acabar com a impunidade do comércio de combustível adulterado”.

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infraesturura

DA REDAÇÃO

País vítima da M

burocracia

enor taxa de desemprego, redução sistemática da miséria, redução das taxas de juros e investimentos estrangeiros no País. Estes são os principais pontos que motivam a ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a acreditar, com forte dose de otimismo, que o ano de 2013 será ainda melhor. “Em 2012, procuramos a retomada do crescimento com desoneração tributária, estruturação de programas de infraestrutura, financiamentos com redução das taxas de juros, além de outros resultados positivos em áreas como saúde, educação, tecnologia e segurança pública”, pontuou.

Em relação à inflação, que ameaça desestabilizar a economia, Gleisi Hoffmann, observou que não há motivos para alarme. O Banco Central, seguindo orientação da presidente Dilma Rousseff, terá toda autonomia para atuar, caso os preços subam ainda mais. “A presidenta Dilma tem um compromisso de manter a inflação na meta. E se a inflação superar o teto da meta, de 6,5%, o Banco Central vai atuar”, ponderou. Um dos pontos que incomodam a ministra é em relação à burocracia. “O ritmo da burocracia prejudica o bom andamento da máquina pública, e de seus programas de in-

“Se eu preciso fazer com que uma licitação saia, tenho de pegar o meu processo e ir em cada setor para que ele ande e saia no prazo.” Gleisi Hoffmann

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vestimentos. Este é o principal desafio do setor público brasileiro”, disse, alertando que é preciso resolver o ritmo da burocracia e fazer com que as pessoas tenham compromisso com o resultado. “Se eu preciso fazer com que uma licitação saia, tenho de pegar o meu processo e ir a cada setor para que ele ande e saia no prazo”, acrescentou. Para apressar o passo, a ministra disse que é necessário dar um choque na burocracia, o que não será do dia para a noite, mas é preciso começar. “Começamos com um sistema de monitoramento adequado, discussões e debates com a máquina pública e cobranças sistemáticas por resultados”, afirmou. Gleisi Hoffmann também tranquilizou os empresários brasileiros descontentes com as regras dos programas de concessão do Governo, dizendo acreditar que os empresários brasileiros não estão com medo da concorrência, porque os investimentos estrangeiros diretos estão em ritmo forte, em torno de US$ 65 bilhões em 2012. “Nós temos visto um crescimento do investimento estrangeiro direto no Brasil. Uma pesquisa no Fórum Econômico Mundial, em Davos, com mais de 1.300 executivos, mostra que o Brasil é um País atraente para seus investimentos. Então, não quero crer que nossos empresários estejam com medo de concorrência”, observou a ministra. Segundo Gleisi Hoffmann, ninguém vai perder dinheiro com o Brasil. A taxa de retorno dos investimentos vai ser proporcional a cada empreendimento, e ao risco dele e às condições econômicas do País. (Parte das observações da ministra foram extraídas de entrevista à Folha de São Paulo)


segurança

PEDRO RIBEIRO

Força policial em Foz D

esenhos e frases de efeito, com forte conteúdo social, feitos por crianças com idade de seis a dez anos, representando pouco mais de 10 escolas do ensino fundamental de Foz do Iguaçu, simbolizando a Polícia Civil e suas ações em defesa dos cidadãos, contra roubos, drogas e corrupção, tem sensibilizado do mais simples ao mais durão dos policiais da cidade. Trata-se do projeto Segurança e Cidadania na Escola, onde crianças do quarto ano do ensino fundamental visitam a Delegacia de Polícia, e passam uma manhã conhecendo o trabalho e interagindo com os profissionais, que mostram um caminho seguro a seguir. Sem medo. “Não há como não se sensibilizar ao ver crianças interessadas num mundo melhor, principalmente sem drogas, e que, em uma simples frase, como “vida sem drogas”, mostra preocupação com seu próprio futuro”, comenta o delegado-chefe da Polícia Civil de Foz do Iguaçu, Rogério Antonio Lopes. Além das mais de mil crianças que já visitaram a Delegacia de Polícia de Foz, todos os cidadãos estão tendo acesso e conforto quando procuram a Polícia Civil, para uma informação e até mesmo denúncia. “Hoje há um acesso mais

democrático, o que permite que as pessoas tragam informações, que ajudem na atuação da polícia”, disse Lopes. Fora do topo O delegado Rogério Lopes quer riscar da memória dos paranaenses a frase de que Foz do Iguaçu é uma das cidades mais violentas do País. “Foz, felizmente, já saiu do topo de todas as estatísticas em que aparecia nessas condições. A pecha, no entanto, seu deu em razão do elevado número de homicídios, inclusive de adolescentes”, conta. Este ano, a Delegacia de Polícia de Foz vai realizar perto de 100 operações policiais ostensivas, visando reduzir os índices de criminalidade da região Oeste do Estado, revela o delegado. As operações, segundo ele, estão inseridas no cronograma de trabalho estabelecido pelo delegado-geral, Marcus Vinícius Michelotto. Com essas operações, a Polícia Civil pretende reduzir em pelo menos 20% os casos de homicídios. Em 2012, as ações resultaram na apreensão de 6.5 toneladas de drogas, entre maconha, cocaína e crack, além de outros tipos de entorpecentes. Foram apreendidas 97 armas de fogo, inclusive uma metralhadora .30 e um fuzil 7.62 e 200 mandados de prisão que acabaram levando mais de 100 pessoas para a cadeia.

Delegado Rogério Antonio Lopes: queda no número de homicídios, roubos e aumento na apreensão de drogas

Menos homicídios Segundo informações do delegado Lopes, os homicídios vem decrescendo ano a ano. Em 2006, foram registrados 303 homicídios e, em 2012, este número caiu para 164. Este ano, em relação a 2012, já houve um decréscimo de 38,5%, - de 26 para 16 homicídios. O número de furtos e roubos também declinou. Em 2012, houve o registro de um furto/roubo para cada 200 habitantes/ano. A realização de campanhas sociais, com objetivos preventivos, está entre as ações a serem desenvolvidas pela Polícia Civil de Foz de Iguaçu, em 2013. Haverá campanhas específicas para a redução do índice de furto de veículos e “estamos prevendo campanhas antidrogas em toda a região e principalmente entre as crianças”.

Foz do Iguaçu não figura mais no topo das estatísticas das cidades mais violentas do Brasil 21 Documento Reservado / Fevereiro 2013


comportamento

PONTOS CRUCIAIS PARA A AÇÃO SOCIAL

M

oradores de ruas e abuso sexual de menores. Esses são os dois maiores problemas sociais de Curitiba, pontuados pela presidente da Fundação de Ação Social (FAS), jornalista Marcia Fruet, que assumiu o cargo em janeiro deste ano. O número de pessoas que perambulam e vivem nas ruas da capital aumentou 450% nos últimos 15 anos e hoje chega a ultrapassar quatro mil. Um dos componentes dessa tragédia humana é o avanço do Crack, uma das drogas que mais vem causando conflitos no seio das famílias, lamenta a dirigente social que defende a busca de solução não apenas para o tratamento, mas também e, principalmente, no combate ao tráfico, para preservação de futuras gerações. “A situação que envolve usuários de Crack é tão grave que até mesmo um irmão do maior lutador do MMA, Anderson Silva, é frequentador do resgate social da FAS, o que significa que a droga não discrimina. Ela danifica qualquer um”, observa Marcia Fruet. Portanto, a grande maioria dos moradores de ruas de Curitiba ou são usuários ou vítimas dessa droga. “E eles não tem qualquer constrangimento em falar sobre o assunto que até parece um desabafo”, comenta a presidente da FAS. O abuso e exploração sexual de menores revela também um quadro triste no Paraná, que já figura como sétimo no ranking nacional. A maior parte desses abusos, segundo Marcia Fruet, acontece dentro da própria casa, com o pai,

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PEDRO RIBEIRO

irmão, padrasto e primo. O maior índice é registrado também na classe mais baixa, onde o consumo de álcool e crack acabam devassando a própria família, embora existam lamentáveis registros também nas classes média e alta. Sistema cruel Na Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência, os números são assustadores: em 2012, na faixa etária até 18 anos, foram contabilizados 5.031 casos, tanto em pessoas do sexo masculino como feminino. A natureza da violência com maior incidência é física e sexual. “Nosso sistema é cruel. A mãe leva a criança para denúncia em um dos equipamentos sociais do Estado – FAS, Conselho Tutelar, Postos de Saúde e Polícia – e tem que repetir o cenário, o que constrange e deixa cicatrizes psicológicas na vítima”, lamenta a presidente da FAS. Para Marcia Fruet, o mais lamentável é que “tira-se a criança de casa e deixa o agressor”. O problema do abuso sexual de crianças não é apenas dos órgãos de defesa, de controle ou de atendimento, mas de toda a sociedade. “Precisamos saber, efetivamente, se o agressor vai ser penalizado e rápido”. Para não causar tanto constrangimento é preciso um sistema único de cadastro, onde a criança relataria apenas uma vez sobre o seu drama, defende Marcia Fruet. Márcia Fruet conta hoje com um orçamento de R$ 148 milhões para o exercício de 2013, o que não acredita que chegará a setembro. Lamenta uma dívida deixada no valor de R$ 10 milhões e lembra, com espanto, que nos primeiros dias frente a FAS se deparou com uma situação constrangedora: não havia mais arroz para as refeições nos equipamentos de assistência e os fornecedores se recusavam a fazer a entrega por falta de pagamento. Em entrevista à revista Documento Reservado, a jovem jornalista, primeira-dama da Prefeitura de Curitiba fala um pouco do seu trabalho na área da assistência social:

DR – Você, como jornalista, assume uma das mais espinhosas funções dentro da administração municipal que é lidar com a política social em uma megacidade onde, por força de seu crescimento, observa-se um relativo aumento dos problemas sociais, principalmente nos bolsões mais pobres. Como você está enfrentando essa radical mudança em suas funções profissionais? MF – Aprendi e venho aprendendo a cada dia. A agenda do Gustavo Fruet, como deputado federal, sempre foi a rua, as igrejas, as lideranças comunitárias e entidades representativas e eu sempre o acompanhei. Na campanha para a Prefeitura de Curitiba, conheci os 75 bairros da capital e me aprofundei nos estudos sobre as questões sociais dos quatro cantos da cidade e, como tenho experiência em gestão de comunicação, fui observando e me inteirando das questões sociais de cada bairro. Trouxe comigo a professora Jucimeri Silveira, para a área de planejamento, uma das pessoas mais qualificadas nesta área e dei prioridade ao pessoal da casa. Das nove regionais, todas são administradas pelos quadros da casa.

DR – A área social é complicada, pois exige muita atenção e dedicação no trato com as pessoas. Você não tem medo de errar, de não dar conta do recado e resultar em problemas políticos para o prefeito Gustavo Fruet? MF – Não. Não tenho medo de errar, mesmo porque todas as secretarias tem obrigação de acertar. E também não ficarei desconfortável em dizer ao prefeito que não estou dando conta do recado e pedir para sair, se for para o bem da cidade. Mas isso não vai acontecer,

pois estou trabalhando duro para que Curitiba seja mais humana.

DR – Você aceitou ser presidente da FAS porque é, naturalmente, função da primeiradama da administração municipal ou porque já está no seu sangue, de jornalista, o trato contra a discriminação e as desigualdades sociais? MF – Sempre gostei da área e me encanta. Tenho certeza que vou fazer muito para o município na área social. Enfrentei muitas críticas por parte dos profissionais de assistência social antes de assumir o cargo. Aceitei não por ser a primeira-dama, mas porque quero avançar de maneira profissional e aprender com os profissionais.

DR – Você acredita ser possível reduzir a zero ou a quase zero os problemas de miséria no País. MF – A presidente Dilma Rousseff está fazendo um bom trabalho nesta área. O grande desafio, no entanto, é atender cada vez mais um maior número de pessoas. Zerar o número é difícil, mas temos que pensar nos próximos anos e manter isso sempre como meta.

DR – Qual a agenda diária da presidente da FAS, Marcia Fruet? MF – Reuniões de trabalho no gabinete e campo. Pelo menos três vezes por semana eu visito os equipamentos da FAS. Hoje ainda existem muitos problemas de burocracia, o que toma muito tempo. Para mim não existe sábado ou domingo. Sempre estarei fazendo visitas para melhorar as condições de vida dos curitibanos, principalmente dos menos favorecidos.

“Não ficarei desconfortável em dizer ao prefeito que não estou dando conta do recado e pedir para sair, se for para o bem da cidade. Mas isso não vai acontecer, pois estou trabalhando duro para que Curitiba seja mais humana”. Márcia Fruet

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saúde e segurança

Gleisi quer

VENCER CRACK

com a ajuda de prefeitos G leisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, foi escalada pela presidente Dilma Rousseff, para ampliar as ações do Governo no combate ao crack, e já anunciou que o Governo pretende ampliar o programa “Crack, é possível vencer”. A ministra quer firmar parcerias também com os municípios. “Esse é um tema de grande desafio para toda a sociedade e para todas as partes do Brasil. O crack, ao contrário do senso comum, não está somente nos grandes centros urbanos, mas já alcança cidades pequenas”, disse durante encontro nacional com novos prefeitos e prefeitas. O programa nacional “Crack, é possível vencer”, foi lançado em dezembro de 2011. “Nós entendemos que, para dar resposta a um problema tão sério, somente com um programa sistêmico e integrado em áreas que são fundamentais, como saúde, segurança, assistência social, educação e direitos humanos”, destacou a ministra O programa recebeu, ao longo de 2012, investimentos da ordem de R$ 990 milhões e firmou parcerias com 14 estados. O objetivo para este ano é alcançar as demais 13 unidades da Federação, além de contemplar os municípios. “Para cidades com menos de 200 mil habitantes, por exemplo, podemos oferecer serviços e equipamentos que possam ser usados por estes municípios individualmente ou por meio de consórcios”, adiantou.

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O formulário para adesão estará disponível a partir do dia 14 deste mês (qual mês? Não esquecer que esta revista é mensal e é preciso localizar o leitor). Estão programadas reuniões por meio de videoconferência para detalhar a iniciativa para as cidades interessadas. A expectativa é que a assinatura dos planos para iniciar a execução do programa nos municípios ocorra em junho deste ano.

“Não se vence o crack sozinho. É preciso ter envolvimento da União, estados e municípios. Esses três agindo juntos tenho certeza que vamos vencer o crack”, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que também participou do evento. Balanço Com orçamento de R$ 4 bilhões para serem aplicados até 2014, o programa ‘Crack, é possível vencer’ registrou, em 2012, a inscri-

ção de 375 comunidades terapêuticas, sendo que 50 já estão habilitadas. Foram capacitados 105 mil pessoas em áreas de saúde e assistência social. Vale destacar também que 574 novos leitos foram abertos, no ano passado, e outros 2,5 mil estão em fase de implantação.

Panorama O quadro não e nada animador. Segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), 8,6% dos jovens de 9 a 18 anos consomem Crack. O uso disseminado do crack no mundo das drogas está relacionado a vários fatores que levam a grave transformação, tanto na oferta quanto na procura. O crack representa para a população usuária de drogas um tipo de cocaína acessível, uma vez que é vendido em pequenas unidades baratas, oferece efeitos rápidos e intensos. Provoca efeitos de pouca duração, o que leva o usuário a fumar imediatamente outra pedra. Esse ciclo ininterrupto de uso potencializa os prejuízos à saúde física, as possibilidades de dependência e os danos sociais. A inovação no mercado das drogas com a entrada do crack atraiu pequenos traficantes, agravou ainda mais a situação, com o aumento incontrolável de produções caseiras. A pedra vendida geralmente por R$ 5 é deri-


DA REDAÇÃO

vada das sobras do refino da cocaína. Nenhuma outra substância ilícita tem semelhante poder de dependência. Os danos dela são tão graves que produzem a impressão de que o número de usuários é bem maior. Violência Quem consome Crack é exposto a riscos sociais e a diversas formas de violência. Quando os efeitos da droga diminuem no organismo, o dependente sente sintomas de depressão e tem sensação de perseguição. Outros sinais comuns são desnutrição, rachadura nos lábios, sangramento na gengiva e corrosão dos dentes; tosse, lesões respiratórias e maior risco para contrair o vírus HIV e hepatites. Além de problemas físicos, há os de ordem psicológica, social e legal. Ocorrem graves perdas nos vínculos familiares, nos espaços relacionais, nos estudos e no trabalho, bem como a troca de sexo por drogas e, ainda, podendo chegar à realização de delitos para a aquisição da droga. Há controvérsia se tais condutas socialmente desaprovadas têm relação com o estado de fissura para usar ou se resulta da própria intoxicação. A unanimidade é que o usuário desemboca numa grave e complexa exclusão social. O Brasil é o maior mercado de crack do mundo e o segundo de cocaína, aponta o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas. O estudo, divulgado pela Universidade Federal de São Paulo nesta quarta-feira (5) (???), mostra que esta epidemia corresponde a 20% do consumo global da cocaína — índice que engloba a droga refinada e os seus subprodutos, como crack, óxi e merla.

tos fumou crack, o que representa um milhão de brasileiros acima dos 18 anos. Quando a pesquisa abrange o consumo das duas drogas, cocaína e crack, o número atinge 2,8 milhões de pessoas em todo o País. O número é considerado “alarmante” no período pelo coordenador do estudo, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira. Segundo Laranjeira, “à medida que a OMS (Organização Mundial da Saúde) indica que o consumo de cocaína está diminuindo no mundo, a gente não consegue observar isto no Brasil. O consumo está aumentando no País”. “Estamos muito lentos no combate à epidemia e não sei se teremos recursos para cuidar de todo esse fenômeno”, disse. Cerca de 6 milhões de pessoas (4% da população adulta) já experimentaram alguma vez na vida a cocaína, seja o pó refinado ou apenas a droga fumada (como se apresentam o crack e o óxi). Já entre os adolescentes, 442 mil (3% dos que têm entre 14 anos e 18 anos) também já tiveram experiência com algum tipo dessas substâncias.

Perto de 2 milhões de brasileiros já usaram a cocaína fumada (crack, óxi ou merla) uma vez na vida, atingindo 1,8 milhão de adultos (1,4% da população) e 150 mil adolescentes (cerca de 1%). No último ano, foram cerca de 1 milhão de adultos (1%) e 18 mil jovens (0,2%). Facilidade A pesquisa, que foi feita com 4.607 pessoas de 149 municípios brasileiros, indica também que o primeiro uso de cocaína ocorreu antes dos 18 anos, para quase metade dos usuários (45%), seja para quem ainda consome a droga ou para quem já consumiu ao menos uma vez na vida. No total, 48% desenvolveram dependência química, sendo que 27% relataram usar a droga todos os dias ou mais de duas vezes por semana. Conseguir as drogas também foi considerado fácil por 78% dos entrevistados, sendo que 10% dos usuários afirmaram já ter vendido alguma parte da susbtância ilegal que tinham em mãos.

“Programa Crack é possível vencer, não se vence sozinho”, afirma Gleisi

Alerta geral Só no último ano, um em cada cem adul25 Documento Reservado / Fevereiro 2013


saúde

Paraná sofre com E

má distribuição de médicos

sperar duas, três, quatro horas em uma sala de espera desconfortável, sentindo fortes dores, ou ao lado de um parente que está visivelmente sofrendo; aguardar meses por uma consulta com um médico especialista, e mais alguns meses depois para fazer os exames necessários, enquanto o quadro da doença se agrava, sem nada poder fazer; percorrer longas distâncias para levar um enfermo ao hospital. Tudo isso faz parte da realidade vivenciada hoje pelos paranaenses, que dependem dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma das razões apontadas para essa situação é a falta de médicos. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM) existem hoje 19.813 médicos registrados no Paraná, para atender uma população de aproximadamente 10,5 milhões de pessoas, o que resulta na relação de 1,87 médicos a cada 1.000 habitantes. O número coloca o Paraná na 8ª posição do ranking do País. É o pior índice da Região Sul. Mais da metade dos médicos – 10.073 – está concentrada em Curitiba, o que aumenta a relação para mais de dois médicos a cada grupo de 1.000 habitantes. Em razão da aparente “vantagem” da Capital, era de se imaginar que dona Sueli de Fátima da Silva, costureira de 52 anos, que sai de Colombo para ser medicada para hipertensão na Unidade 24 Horas do Boa Vista, em Curiti-

ba, fosse atendida rapidamente. Mas não é bem assim: ela espera cerca de quatro horas, porque precisa passar pela consulta médica primeiro. Segundo ela, também é uma longa espera em caso de exames. “Quando posso, eu pago o exame para agilizar, mas nem sempre dá. Estou na espera de um eletrocardiograma faz uns dois meses”, conta Sueli. O problema é que, embora concentre a maioria dos médicos, a proporção dos que atendem pelo SUS, em Curitiba, é inferior à média do Paraná. No Estado, 56,8% dos médicos atuam no Sistema Único de Saúde, enquanto na Capital o número é pouco superior a 30% - 3.294. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Medicina, Alexandre Bley, as dificuldades encontradas pelos profissionais no serviço público desestimulam o atendimento em saúde pública. “O médico necessita de uma boa estrutura para o trabalho, instrumentos, acesso a exames e leitos de hospital. Caso contrário, quem acaba sendo responsabilizado é ele”, destaca Bley. “Mesmo que receba um bom salário, o profissional acaba não ficando porque, em um ou dois meses de trabalho, o nível de estresse fica muito alto”, complementa. Faltam médicos? O Governo Federal definiu como meta a

atuação de 2,5 médicos a cada 1.000 habitantes, até o ano de 2020. De acordo com o presidente do CRM-PR, não existe um dado oficial sobre uma relação ideal de médicos por habitantes. “Nenhum órgão oficial, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), definiu essa relação”, disse. A questão é também relativa. Mesmo que o número de médicos, no Brasil, atendesse aos índices preconizados por órgãos internacionais, o problema é que o número dos que atuam pelo SUS cairia no mínimo à metade, como acontece no Paraná. Existem hoje no Estado, 13 instituições de ensino superior que oferecem o curso de Medicina, totalizando mais de 1.000 vagas anuais. Isso significa, segundo Bley, que em 2022 o Estado terá atingido a meta do Governo Federal. “Mas, se você me perguntar daqui a nove anos como está a situação, ainda estará faltando médicos em muitos lugares, porque o problema não é o número, mas a distribuição”, ressalta. O maior problema do Estado é a má distribuição dos profissionais. No interior, a razão médico/1.000 habitantes é de 1,1. Dos 399 municípios paranaenses, 67 não possuem médicos morando no local e dependem da vinda de profissionais das cidades vizinhas. Quem sente a consequência do que os dados apontam são os usuários do SUS, como Claudete Beal, servente, que foi levar a irmã >>

A relação médico/1.000 habitantes deixa o Paraná na 8ª colocação no ranking dos Estados brasileiros e na pior posição do Sul do Brasil. Maioria dos médicos atua na capital 26 26 Documento Documento Reservado Reservado // Fevereiro Fevereiro 2013 2013


LEILANE DALLA BENETTA

Estado conta hoje com 13 cursos de Medicina, com mais de mil vagas.

Formação sofrível O Brasil já tem, hoje, mais de 200 cursos de medicina, alguns iniciando. Há pouco mais de 10 anos eram 100 cursos. O Brasil só perde para Índia em número de cursos. São 272, mas para 1,214 bilhão de pessoas. Hoje, são mais de 30 mil brasileiros estudando medicina no exterior, e outros 15 mil, pelo menos, que já se formaram e não podem exercer a atividade no Brasil porque não conseguem revalidar o diploma. A formação foi sofrível. No primeiro revalida, há dois anos, foram mais de 600 candidatos, e só dois passaram. No segundo, menos de 8% dos candidatos passaram. 27 Documento Reservado / Fevereiro 2013


saúde

Estudo do CFM contribui para apressar criação de plano de carreira no sistema público, abastecendo assim regiões hoje carentes de profissionais com parte do corpo paralisada até a unidade de saúde mais próxima de sua casa, em São José dos Pinhais. Ela foi avisada de que lá não havia médico e não havia previsão de atendimento. Teve então que se deslocar até a Unidade 24 horas, no centro da cidade. “Chegando lá, esperamos umas duas horas e meia. Mas até que achei rápido”, conformase Claudete. Embora faça parte da Região Metropolitana de Curitiba, São José dos Pinhais tem problemas semelhantes aos do interior. E não basta que esses municípios ofereçam bons salários para atrair médicos, segundo Bley. “É necessário que seja feito um plano de cargos e salários para o serviço público, porque, além de dar segurança ao profissional, permitirá que ele, dali a três ou quatro anos, possa pleitear a mudança para uma cidade de maior porte”, explica. Reestruturação do SUS Outro grande problema enfrentado pelos usuários do sistema público é a falta de leitos nos hospitais, o que pode acarretar em risco de vida para muitas pessoas, com superlotação em hospitais, exigindo que até os casos mais graves sejam atendidos em macas espalhadas pelos corredores. Elias da Silva Moreira, 56 anos, enquanto aguardava que a sogra recebesse medicamen28 Documento Reservado / Fevereiro 2013

tos para trombose, na Unidade 24 Horas do Boa Vista, em Curitiba, conta que estava há dois dias esperando a liberação de um leito para ela ser internada. “Ela precisa ir ao hospital para fazer os exames necessários. Como ela é idosa (76 anos), não dá pra ficar de braços cruzados esperando e vendo a coisa se agravar”, desabafa. Para o presidente do CRM-PR, é preciso um planejamento a partir de critérios estruturais para o sistema público de saúde, a fim de hierarquizá-lo, e então fazer a contratação dos médicos através de concurso público. “Em minha opinião, uma cidade de 5 mil habitantes, por exemplo, não precisa ter um hospital. Precisa, sim, de uma boa unidade 24 horas e contar com um hospital referenciado em uma cidade próxima, a uns 40 quilômetros de distância”, exemplifica Bley. Remuneração Médicos SUS A Federação Nacional dos Médicos defende um salário mínimo de R$ 10.412,00 para

20 horas de trabalho semanais. Mas, na prática, isso não acontece, o que afasta os profissionais do serviço público. Em Curitiba, o salário dos médicos que atendem no setor de saúde pública, em início de carreira, é em média de R$ 3 mil, mais adicionais. Em concursos públicos, os demais municípios paranaenses oferecem salários que variam entre R 2.500 e R$ 6 mil. Os médicos que atuam no Programa Saúde da Família, com carga horária de 40 horas semanais, tem remuneração mais elevada, com municípios oferecendo até R$ 15 mil por mês. Em Curitiba, a Prefeitura paga R$ 8 mil, mas com adicionais o salário chega a até R$ 11 mil.

Escolas de Medicina Paraná .......... 13 instituiçőes (1.037 vagas) Curitiba ............... 4 instituiçőes (506 vagas) Maringá .............. 3 instituiçőes (240 vagas) Londrina ............. 2 instituiçőes (140 vagas) Cascavel ............... 2 instituiçőes (80 vagas) Ponta Grossa .......... 1 instituiçăo (41 vagas) Francisco Beltrăo ... 1 instituiçăo (30 vagas) Fonte: CRM-PR

Estabelecimentos de Saúde no Paraná Total ................................................. 20.001 Privados ........................................... 16.103 Hospitais Gerais ..................................... 434 Hospitais Especializados .......................... 55 Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde

Médicos no Paraná Paraná SUS PR Curitiba SUS Curitiba Fonte:CFM

Número de médicos 19.813 11.252 10.073 3.294

Populaçăo Relaçăo médico/1.000 habitantes 10.577.755 1,87 10.577.755 1,06 1.764.540 5,71 1.764.540 1,87


artigo

Beto Richa*

A Saúde vai bem. E vai melhorar

I

niciamos um novo ano de gestão à frente da administração do nosso Estado e é importante mostrar ao cidadão os bons resultados conquistados até aqui. Nunca é demais lembrar que o Paraná, ao final de 2010, tinha um grave desequilíbrio financeiro e orçamentário, de tal forma que a capacidade de investimento do Estado estava sufocada. Ao mesmo tempo em que se afugentava o capital privado - sem deixá-lo aquecer a economia do Estado ao criar empregos e geração de renda -, tínhamos obras estruturalmente precárias, contratos irregulares, hospitais inaugurados sem nenhuma condição de atender as pessoas, contas maquiadas, despesas autorizadas sem empenho, etc. Havia um déficit financeiro e orçamentário da ordem de R$ 4,5 bilhões. Na área da Saúde, uma de nossas prioridades, o avanço é notável e gostaria de dividir as informações com cada paranaense. Lançamos nos dois primeiros anos quatro programas

estruturantes (ApSUS, ComSUS, HospSUS e Farmácia do Paraná) que apóiam as redes de atenção à saúde - Mãe Paranaense, de Urgência e Emergência, Saúde Mental, Saúde da Pessoa Idosa, Saúde da Pessoa com Deficiência. Ao mesmo tempo, mais de 1,3 mil profissionais foram contratados e mais de 30 mil receberam capacitação para melhorar o atendimento. O trabalho com os municípios foi fundamental para melhorar a saúde em todos os sentidos. Especialmente na parceria com o governo do Estado para a implantação do Programa Mãe Paranaense. Houve a integração de 50 hospitais públicos e filantrópicos unidos pela redução da mortalidade materna e infantil, numa grande rede para atender as mães e os bebês. Assim conseguimos a maior redução da mortalidade materna no Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde. Houve uma redução de 21,4% no número de mortalidade materna em dois anos. A de mortalidade infantil foi reduzida em 4,1%. Em ambos os casos, foram as quedas mais expressivas da história. Além disso, conseguimos uma redução de mais de 90% do déficit de leitos em UTIs neonatal no Estado. O Paraná passou do décimo ao quarto lugar no número de transplantes de órgãos no país e conseguimos zerar a fila para transplante de córneas. Em 2013, serão mais 151 hospitais integrados à esta rede estadual da saúde. Além deles, já instalamos dois centros regionais de especialidades médicas, um em Pato Branco e outro em Toledo, que reúnem em só lugar consultas, exames especializados e cirurgias. Neste ano, inauguraremos mais seis.

Os Samu´s (Serviço de Atendimento Móvel de Emergência) já atendem 158 cidades ou 65% de nossa população. Queremos ampliar este percentual de forma significativa. Inclusive, determinei o resgate aéreo, colocando os aviões e helicópteros do Estado a serviço da Saúde, sem quaisquer burocracias. Nos primeiros anos de nosso governo, em trabalho com as prefeituras, concluímos 72 novas unidades da saúde e estamos construindo outras 70. Até 2014, vamos viabilizar 400 unidades. E há ainda uma informação importante: em atendimento à Emenda 29 e por nossa determinação, o setor de Saúde receberá mais R$ 1,5 bilhão de recursos até 2015. Como na saúde, estamos cuidando de todos os aspectos da vida dos paranaenses. Temos resultados expressivos na Educação, Habitação, Infraestrutura, Segurança, Justiça, Agricultura, Indústria e Comércio, Desenvolvimento Urbano, Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Cultura, e Esporte. Mais que isso, estamos atentos a todas demandas da nossa população e em busca das melhores soluções para fazer com que o paranaense de todas as idades tenha um desenvolvimento concreto e perceptível, o que já pode ser atestado concretamente, sem arroubos de retórica, promessas ou discursos vazios. Assim continuaremos para cumprir nosso plano de trabalho, registrado em cartório, que visa, sobretudo, consolidarmos um Paraná justo, onde haja respeito, progresso, liberdade, trabalho, solidariedade e justiça social. * Beto Richa é governador do Paraná

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saúde

Ronco pode indicar

Além de incomodar quem dorme ao lado, o barulho pode sinalizar a presença de distúrbios do sono 30 Documento Documento Reservado Reservado // Fevereiro Fevereiro 2013 2013


NORMA CORRÊA

problemas de saúde P

ara quem tem sono leve e acorda com qualquer ruído, o ronco de outra pessoa pode ser uma tortura. É ruim para o ouvinte e pior ainda para o roncador. O barulho é resultado do estreitamento ou da obstrução das vias respiratórias superiores. Com o canal de passagem mais estreito, o ar tem dificuldades para passar e provoca a vibração das estruturas. “Quando as vibrações são fortes e o ronco intenso há grandes chances do indivíduo ser diagnosticado com portador de distúrbios mais graves do sono, tal como a apnéia obstrutiva do sono”, diz Gerson Köhler, ortodontista e ortopedista-facial da Köhler Ortofacial. O ronco é um dos sintomas mais comuns da Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS), um distúrbio caracterizado pela interrupção da respiração durante o sono. Os episódios duram cerca de 10 segundos e pode haver a obstrução parcial ou total da passagem de ar. “A cada obstrução da respiração, o indivíduo passa por um microdespertar, para voltar a respirar normalmente. Apesar

de rápido, este leve despertar prejudica a qualidade do repouso, já que o sono acaba saindo de suas fases mais profundas”, explica Gerson, que atua, em contexto interdisciplinar médico-odontológico nas questões que envolvem o diagnóstico e tratamento de distúrbios do sono. Desvio do septo, flacidez na musculatura da garganta e da boca, hipertrofia das amídalas ou adenoide, sinusite, rinite, obstruções nasais, queixo retraído, palato mole e o envelhecimento são os principais fatores que provocam a SAOS. “É preciso dar mais atenção aos fatores de risco da apnéia. Envelhecimento, obesidade, pescoço curto e mais grosso, uso de medicamentos para dormir, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, refluxo e a ingestão excessiva de comida próximo ao horário de dormir aumentam as chances da respiração ser interrompida durante a noite”, aponta. A apnéia do sono pode se tornar uma das causas de males como a hipertensão, obesida-

de, diabetes, arritmia cardíaca, derrame, infarto agudo do miocárdio, fadiga crônica, ansiedade e impotência sexual. Segundo Gerson, a apnéia pode ocorrer várias vezes durante a noite, reduzindo a oxigenação do cérebro. “Com a interrupção da entrada de ar, o organismo se defende e libera adrenalina, contraindo os vasos sanguíneos. O sangue precisa circular e a pressão aumenta para que o líquido passe pelas vias estreitas. Isto pode levar ao endurecimento das artérias, aumentando o risco de doenças cardiovasculares”, alerta. O especialista destaca que, além do ronco, outros sintomas podem denunciar o distúrbio. Excesso de suor noturno, dores de cabeça matinais, dificuldades de concentração, sonolência diurna e redução da libido podem estar relacionados ao problema. “Em alguns casos, a entrada do ar não é bloqueada por completo – o fluxo é reduzido de 30% a 50%, fenômeno chamado de hipopnéia. Qualquer um dos distúrbios é prejudicial à saúde e deve ser avaliado e tratado – pela >>

Grupos de risco Outros sintomas da apneia

Sono agitado Aumento da micçăo de madrugada Sonolęncia excessiva durante o dia Alteraçőes na memória e no raciocínio Impotęncia sexual

Obesos Homens Pessoas acima dos 45 anos Indivíduos com alteraçőes dos ossos da face

Crianças e adolescentes com aumento das adenoides e amídalas Quem consome bebida alcoólica em excesso Fumantes Sedentários

Problemas decorrentes Hipertensăo Arritmia cardíaca Infar to Derrame cerebral

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saúde

Medicina do Sono (da qual, em determinados casos, a Odontologia participa) – para promover a qualidade de vida do paciente”, observa Gerson, professor convidado da pósgraduação da UFPR desde 1988. O diagnóstico dos distúrbios do sono é

Mitos Roncar significa estar em um sono bom e profundo Todo homem ronca e mulher nunca ronca

Verdades

Dormir de lado e de bruços ajuda a evitar a apneia Roncar e parar de respirar durante o sono traz riscos ŕ saúde

feito com a polissonografia, um exame que verifica e testa diversos parâmetros do corpo durante o sono. Os batimentos cardíacos são analisados, assim como o esforço respiratório, os potenciais elétricos da atividade cerebral e a saturação de oxigênio no sangue. “O tratamento da apnéia pode ser feito com o uso de cirurgia, utilização do CPAP – uma espécie de máscara grande, que depende de energia elétrica para funcionar, e pode causar constrangimentos durante viagens, por exemplo”, disse. Existe, também, segundo o professor, um tipo de aparelho de uso intrabucal (apenas à noite) para desobstruir a região da orofaringe e diminuir a possibilidade dos distúrbios obstrutivos do sono e seus malefícios. O ortodontista afirma que esta é uma estratégia de tratamento eficaz – para casos clínicos bem definidos –, e mais discreta sendo prescrito o uso de um aparelho intrabucal durante a noite. O dispositivo redimensiona as condições da orofaringe, facilitando a passagem do fluxo de ar em direção aos pulmões. “O ar inspirado pelo nariz percorre seu caminho em direção aos pulmões, sem sofrer com

Como evitar Controle o peso Năo coma demais nem tome bebidas alcoólicas ŕ noite Evite usar remédios para dormir Trate problemas de nariz e garganta, como rinite, desvio de septo, sinusite, adenoides e amídalas Procure dormir de lado Se ronca com frequęncia, procure um médico

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Segundo os médicos, quem ronca e desperta várias vezes por noite também tende a acordar mais cansado e ter problemas de aprendizado e memória durante o dia. Isso sem contar o risco de acidentes no trânsito e no trabalho.

as obstruções presentes na orofaringe. O aparelho é pequeno, fácil de manusear e é pouco visível. Os pacientes tem facilidade para se adaptar ao aparelho, o que reduz as chances de desistência do tratamento”, acrescenta o especialista. Excesso de peso Segundo especialistas, o excesso de peso favorece o ronco e a apneia do sono, porque a gordura do corpo comprime a garganta e torna a respiração mais difícil. Por isso, controlar o peso pode ser a melhor estratégia para evitar problemas do sono, além de controlar o colesterol alto e diabetes. “O excesso de gordura corporal faz aumentar os músculos da língua e o volume ao redor da traqueia, comprimindo a garganta e tornando a respiração mais difícil, principalmente durante o sono, quando o corpo está relaxado e o estímulo do cérebro para respirar diminui”, diz o endocrinologista Alfredo Halperne, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em entrevista ao programa Bem Estar, da Rede Globo. Segundo ele, a maioria dos pacientes com apneia tem a garganta (faringe) estreitada, e com um formato mais arredondado, por causa do acúmulo de gordura na região e à posição da mandíbula e do maxilar, que se projetam para trás. “Quando a respiração é interrompida, a pessoa desperta – sem necessariamente recuperar a consciência e abrir os olhos. As pausas respiratórias costumam demorar mais de 10 segundos, e são consideradas anormais quando ultrapassam a frequência de cinco por hora”, disse. Segundo ele, o músculo da garganta também fica mais flácido com o envelhecimento, o consumo excessivo de álcool, o fumo, o sedentarismo e o uso de remédios sedativos. “Para evitar o problema durante à noite, dormir de lado e de bruços ajuda”, ensina.


cidades

LUCIAN HARO

Procura-se uma vaga.

Paga-se bem! Vagas de mensalista são raridade na região Central da cidade

C

omo se já não bastasse o teste de paciência que tem sido dirigir em Curitiba, quem decide ir para o trabalho de carro precisa encarar outra tarefa ainda mais desafiadora: encontrar um local seguro, barato e (de preferência) próximo ao serviço, para deixar o ‘possante’ durante as horas de “ralação”. Não que faltem opções para quem está disposto a pagar pelo serviço – no Centro da cidade, por exemplo, há praticamente um estaciona-

mento privado a cada esquina. O problema é o preço da diária, ou, ainda, no caso de quem precisa de um local fixo para deixar o carro, achar um que aceite novos mensalistas. “Para abrir vagas aqui, só mesmo quando alguém muda de emprego ou sai da região”, explica João Adílson Domingues, gerente do Bueno Park Estacionamento e Lava Car, localizado na Rua Roberto Barrozo, no bairro Centro Cívico. Ele, que está com as 13 vagas para

mensalista que dispõe ocupadas, há anos, nem lembra quando foi a última vez que uma delas vagou. “Todos os dias alguém vem aqui perguntar se temos vagas. Há pelo menos 15 pessoas cadastradas esperando uma delas liberar”, disse. E, enquanto a vaga não sai, o jeito é deixar o carro na rua (quando dá), ou, então, pagar a permanência por hora de uso - o que pode dobrar a despesa mensal com estacionamento. O assistente de relacionamento

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cidades

Leonardo Marques da Silva, de30 anos, sabe bem o que é isso. No decorrer dos cinco longos meses, que esperou por uma vaga fixa no centro comercial onde trabalha, precisou “peregrinar” por diversos pátios de estacionamentos e utilizar outras formas de locomoção para tentar conter os gastos. “Nesse tempo, eu intercalei entre vir de ônibus, deixar o carro na rua e pagar o estacionamento por período, para não gastar tanto”, disse Silva, revelando já ter pagado R$ 30 para deixar o carro parado, num determinado lugar, por oito horas. No final do mês, de acordo com ele, os gastos chegavam a quase R$ 500. Para entender esse fenômeno e suas vertentes, procuramos especialistas em engenharia de trânsito e arquitetura que, em sua maioria, compactuam da mesma tese: a culpa é, à primeira vista, do descompasso entre o crescimento da frota de veículos e a oferta de novas vagas, que sobrecarrega o modal viário na cidade. Também pudera, Curitiba se mantém, há anos, no topo da lista das cidades brasileiras com a maior concentração de veículos por metro quadrado. Segundo levantamento do Departamento de Trânsito do Estado (Detran-PR), feito em 2012, a frota curitibana é de 1,3 milhão de carros – o que dá quase um veículo por pessoa, se considerarmos os 1,76 milhão de habitantes que vi-

vem por aqui, atualmente, de acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O engenheiro civil, Valter Fanini, diretor-financeiro do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), diz que o aumento da renda da população, unido à facilidade para a compra de automóveis e ao custo do sistema de transporte público, comparado ao preço do combustível, são fatores que têm contribuído para o fortalecimento do que chama de “sistema individual”, que é quando alguém dá preferência para sair de casa de carro, ao invés de pegar um ônibus, por exemplo. De acordo com Fanini, para as pessoas preferirem outros meios de locomoção – que não dirigir o próprio carro – é necessário um longo caminho atrás da capilaridade nos serviços municipais. “Deixar o carro em casa é uma opção que depende da oferta de um sistema de transporte público que seja competitivo. Para que haja condição de concorrer com os carros, é necessário que o sistema público seja confortável, tenha frequência e segurança e, principalmente, seja integrado a outros modais como metrô, ciclofaixas, terminais centrais próximos de vias com grande fluxo de pedestres, entre outros fatores”, aponta.

Por estar numa região valorizada, o custo mensal para deixar o carro no Bueno Park é de R$ 150, mas, dependendo do lugar e do tempo em que o carro ficará parado por dia, o serviço pode ser encontrado a partir de R$ 85.

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Ao contrário do que muita gente sugeriria, o engenheiro civil descarta, ainda, a construção de novos estacionamentos como saída mais óbvia para o problema. Segundo ele, “a solução está no investimento em acessibilidade, pelo viés do transporte coletivo de qualidade, como moeda de troca pelo transporte individual”. Tecnologia amiga Já o arquiteto curitibano, Rodrigo Freire, sócio-proprietário da Garage Plan, é a favor, sim, da construção de novas vagas de garagem, mas de maneira inteligente e aliada ao que há de mais moderno no mercado. “Hoje em dia, temos opções inovadoras para minimizar esse problema a curto prazo, com o que nos oferece a tecnologia”, disse, citando o exemplo dos duplicadores de vagas – uma espécie de elevador elétrico que empilha um carro encima do outro, fazendo com que dois veículos ocupem o mesmo espaço físico. Ainda conforme garante o arquiteto, a falta de vagas em estacionamentos, hoje, pode ser atribuída ao mau planejamento na hora da construção das edificações, atrelada ao “boom” financeiro que vive o mercado imobiliário. “Uma vaga física, atualmente, não sai por menos de R$ 30 mil”, revela.


LUCIAN HARO

Profissão “empata-vaga” Mas, se por um lado, os motoristas sofrem na hora de encontrar uma vaga fixa para deixar o carro em segurança, de outro, os grandes empreendimentos da cidade, que dispõe de pátios enormes para atender a demanda de seus clientes, sofrem junto. Eis que surge, entre outros problemas, a figura do “empatavaga”: aquele indivíduo que simula uma entrada no local – como se fosse fazer compras – só para poder usar o estacionamento, na maioria das vezes, de graça. Há quem diga que tem sido eles a incômoda pedra no sapato dos empreendedores. É o caso, por exemplo, do que passava o supermercado Condor, localizado entre as ruas Carlos Pioli e Nilo Peçanha, no bairro Bom Retiro, um dos endereços mais movimentados de Curitiba. Há um tempo, a loja vinha tendo dificuldades com essa prática, como explica a gerente de Marketing da rede, Elaine Munhoz. “Nós temos 650 vagas para veículos lá, e chegamos a contar mais de 250 delas ocupadas por quem não estava realmente fazendo compras naquele momento”, disse. O prejuízo pode ser ainda maior, segundo Elaine, se considerarmos que as vagas são rotativas. Ou seja, dezenas de pessoas deixaram de usar aquele espaço, porque alguém o ocupou durante o dia todo. Para minimizar o problema, no entanto, o supermercado adotou como estratégia exigir dos motoristas, na hora da saída,a apresentação do ticket da compra, justificando o tempo de permanência no estacionamento, de acordo com o valor gasto em produtos. E tem dado certo. “Para os clientes, a novidade foi muito boa, porque muitas vezes iam até a loja e demoravam de 15 a 30 minutos para encontrar uma vaga”, explicou Elaine. Ainda de acordo com a gerente de Marketing, essa é a “única forma e momento de certificar que o usuário do estacionamento realmente estava lá fazendo compras”.

Duplicador de vagas Em alguns casos, o problema da falta de espaço para estacionar veículos pode ser resolvido pela bagatela de R$ 12 mil. Esse é o preço de um elevador elétrico para automóveis, também conhecido como “duplicador de vagas”, nova mania entre algumas concessionárias de Curitiba. O sistema mecânico eleva um carro e deixa espaço para outro embaixo, fazendo com que os dois automóveis ocupem apenas uma vaga física. O aparelho requer, entretanto, um espaço mínimo para funcionar: pé direito de pelo menos tręs metros e espaço da vaga de cerca de 5 por 2,5 metros.

Bomba relógio Se analisarmos a escala mundial, podemos dizer que a situaçăo da falta de vagas para estacionamento nas grandes cidades só tende a se agravar com o passar do tempo. Segundo projeçăo da PriceWaterhouseCoopers (PwC) – uma das maiores empresas prestadoras de serviços profissionais em auditoria e consultoria do mundo – a produçăo de veículos no mundo vai ultrapassar, pela primeira vez, a barreira das 80 milhőes de unidades, neste ano. Nem mesmo a crise na Europa, que tem levado ao fechamento de várias fábricas de automóveis e demissőes em massa, deve atrapalhar o crescimento estimado de 5% em relaçăo a 2012. Será o quarto ano de alta contínua, depois do freio verificado em 2008 e 2009, durante a crise financeira internacional. O crescimento deste ano continua sendo puxado pelos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), que deverăo contribuir com 3,1 milhőes de veículos no crescimento de 4,1 milhőes projetados para 2013. A expectativa é de que a produçăo global alcance 83 milhőes de veículos, ante os 78,9 milhőes esperados para 2012 – o volume oficial ainda năo foi divulgado.

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economia

Compras por impulso Apesar de se considerar preparado, pesquisa revela que o brasileiro não sabe lidar com o próprio dinheiro: 85% faz compras por impulso e 74% admite não ter qualquer investimento

E

studo realizado pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), revela que a ansiedade e a insatisfação com a própria aparência são os motivos que mais levam os brasileiros a fazerem compras por impulso. O estudo foi encomendado para testar o grau de conhecimento do consumidor sobre finanças e conclui que, apesar de se considerar preparado, o brasileiro não sabe lidar com o próprio dinheiro: 85% da população fazem compras sem planejamento e 74% não possuem qualquer investimento fixo, como a caderneta de poupança, por exemplo. O levantamento mostra o quanto os fatores puramente emocionais interferem negativamente nas contas do consumidor. Quatro em cada dez entrevistados (43%) admitem fazer compras por impulso em momentos de ansiedade, tristeza ou angústia. Na avaliação do SPC Brasil, este tipo de consumo descontrolado revela ser um mecanismo de compensação, para suprimir carências, que nada tem a ver com o universo material. Entre os que fazem compras movidas por impulsos emocionais, a ansiedade por um evento que se aproxima (festas, jantares e viagens, por exemplo), é o motivo mais decisivo entre consumidores de classes A e B. Por outro lado, a baixa-estima (insatisfação com a própria aparência) é a razão mais citada entre consumidores das classes C e D. ”Na busca pelo prazer imediato ou para exibir um 36 Documento Reservado / Fevereiro 2013

estilo de vida que não condiz com a própria renda, o comprador se alivia momentaneamente, sem se importar com o futuro do próprio bolso”, diz a economista do SPC Brasil Ana Paula Bastos. Quando questionados se pedem algum desconto ao fazerem compras a vista, a maioria (85%) respondeu que sim. Apesar deste comportamento maduro, o brasileiro ainda peca na hora de fazer compras a prazo: a maior parcela dos consumidores (37%) só observa se o valor mensal da parcela cabe no próprio bolso e não leva em


DA REDAÇÃO

consideração a taxa de juros embutida no financiamento. “Esse comportamento é ainda mais marcante nas classes C e D (42% contra 30% nas A e B), porque são consumidores que estão aprendendo a lidar com o crédito e que têm costume de fazer compras % principalmente as de maior valor % parceladas”, explica a economista. Eles não poupam O estudo também revela o imediatismo do consumidor brasileiro. Quatro em cada dez entrevistados (42%) gastam tudo o que ganham e não conseguem poupar qualquer quantia. Considerando somente consumidores das classes C e D, este percentual é ainda maior, chegando a 53% ante 28% nas classes A e B. “Isso se deve a menor renda disponível nas classes C e D, impossibilitando estas pessoas de guardarem um pouco de seus salários, depois de pagar as contas primárias como aluguel, água, luz e telefone”, explica a economista. Em uma situação hipotética de perda total das fontes de rendimentos, 30% dos consumidores admitiram quem não conseguiriam manter o atual padrão de vida nem por um mês, enquanto 35% conseguiriam mantê-lo de um a três meses. 17% deles conseguiriam por quatro a seis meses e 10% entre sete e dozes meses. Apenas 7% da população

conseguiria manter-se firme nessa situação por mais de um ano. Eles não investem A maioria (74%) dos entrevistados também admite não possuir qualquer tipo de investimento fixo como a caderneta de poupança. Na visão do SPC Brasil, o baixo percentual de investidores entre os consumido-

res é reflexo da falta de conhecimento do brasileiro sobre como e onde aplicar o próprio dinheiro. “Apesar de a pesquisa apontar que 72% dos entrevistados se consideram aptos a fazer a administração das finanças de casa, o que se percebe é que o brasileiro não tem noções básicas de orçamento doméstico e não sabe lidar com o próprio dinheiro”, afirma a economista.

Importância da educação financeira Para o SPC Brasil, o atual cenário econômico e social brasileiro revela uma melhoria do padrăo de vida da populaçăo, impulsionado por fatores como alta empregabilidade, aumento da renda média e amplo acesso ao crédito. A combinaçăo desses fatores fez emergir no Brasil uma nova classe média, ou seja, o País presencia a ascensăo de uma parcela significativa da sociedade ao mercado de consumo. O novo padrăo de consumo que se estabeleceu em decorręncia destas mudanças vai além das necessidades consideradas primárias e abrange produtos e serviços que no passado se limitavam um percentual restrito de consumidores. “Daí surge ŕ importância da educaçăo financeira como forma de contribuir ativamente para aumentar o nível de conscięncia financeira, reduzindo a inadimplęncia e possibilitando um mercado mais transparente e com vantagens para todos que utilizam o crédito”, alerta a economista.

Metodologia Pesquisa encomendada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteçăo ao Crédito) buscou avaliar a educaçăo financeira do consumidor brasileiro. Foram ouvidos, em todo o País, 646 consumidores. O estudo foi realizado em todas as capitais com alocaçăo proporcional ao tamanho da populaçăo economicamente ativa (PEA), com margem de erro de 3,9% e um intervalo de confiança de 95%.

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geral

Ovos de ouro O chocolate está mais caro e há mais oportunidade de trabalho

P

áscoa é tempo de confraternização e chocolate. Mas também tempo de emprego e dinheiro. Os trabalhos temporários aquecem a economia e a data perde apenas para o Natal e Dia das Mães. A economia do cacau movimenta no Brasil US$ 450 milhões. Nos últimos anos, a produção de Páscoa atingiu 18 mil toneladas, com 80 milhões de ovos vendidos, em mais de 800 mil pontos de venda no País. Somente em Curitiba, foram abertas mais de 500 vagas de emprego temporário na Agência do Trabalhador, e cerca de 3.200 vagas para todo Estado. Os setores da indústria e do comércio são os quais mais contratam. As oportunidades são para linha de produção e promoção de vendas, demonstradores, degustadores, repositores, balconistas, entre outras funções no comércio varejista. A maioria, com salários entre R$ 812,00 a R$ 900,00, mais benefícios, como vale-transporte, alimentação,

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premiações e adicional noturno. Para o secretário de Estado do Trabalho, Luiz Claudio Romanelli, esta é uma oportunidade para quem busca o primeiro emprego, já que grande parte das vagas não exige experiência e os trabalhadores podem ser efetivados. As vagas beneficiam maiores de 18 anos que tenham o ensino médio concluído ou cursando. A temporada do chocolate foi ótima para Gisele Correia, que conseguiu uma das vagas temporárias de demonstradora. “Estou feliz, porque vejo a chance de ser contratada e assinar a minha carteira de trabalho pela primeira vez”, diz. Dos 73,7 mil contratados em todo o Brasil, 8% dos trabalhadores terão chances de efetivação e 12,5 mil devem ser jovens em situação de primeiro emprego, de acordo com a pesquisa encomendada pela Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem), e pelo

Sindicato das Empresas Prestadoras de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário do Estado de São Paulo (Sindeprestem).


PAULA TOMIAK

Chocolate mais caro Os amantes do cacau sentirão no bolso na hora de fazer as compras, este ano: o aumento dos preços de ovos de Páscoa é de até 6%. Para definir os preços são consideradas diversas variáveis de custo, como as oscilações nos preços das commodities, do material de embalagem, da mão de obra, inflação e

da negociação que é feita com os clientes da marca. No geral, os preços dos ovos variam de R$ 4,10 a R$ 79,90. No ano passado, foram consumidos 80 milhões de ovos, com uma produção de 18 mil toneladas de produtos. De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), nes-

te ano, são mais de 100 lançamentos produzidos pelas indústrias brasileiras. Dados da Abicab revelam que o consumo per capita no Brasil é de 2,2 kg por ano. Há três anos, o consumo era de 1,65 kg. Esse aumento foi motivado, principalmente, pelo crescimento de renda da população, que passou a incluir o produto na cesta de compras.

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comportamento

Paixão por

O

ANTIGOS

s verbos vender, trocar ou negociar não fazem parte do vocabulário dos ‘antigomobilistas’, aqueles apaixonados por veículos antigos. Os bens não possuem preço, e eles querem mais é passar a paixão de geração em geração. De acordo com coordenador de veículos do Detran-PR, Cícero Pereira da Silva, há em Curitiba, 1.161 veículos registrados como coleção. Isso faz com que a cidade tenha inúmeros clubes, que reúnem donos de carros dos mais variados modelos, marcas e ano. Curitiba é um dos maiores centros de antigomobilismo do País e, além dos clubes fechados, há exposição gratuita aos domingos, na Feira do Largo da Ordem e, aos sábados à tarde, na Praça Espanha. São considerados carros antigos aqueles com mais de 30 anos, e que estejam em boas condições. “Acredito que temos uns 300 mil

carros antigos no País. Menos de 10% deles são considerados de coleção, ou seja, que possuem placa preta”, diz Tiago Songa, consultor da Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA). A Placa Preta tem como objetivo preservar a autenticidade do acervo automobilístico nacional. Qualquer veículo com mais de 30 anos pode adquirir a placa preta, desde que as características originais definidas pelos critérios estabelecidos pela FBVA sejam mantidas. O proprietário precisa fazer parte de algum clube filiado a FBVA, e o carro passará por várias vistorias até o Detran autorizar o uso da placa especial. A fabricação pode parar O “pão de forma”, a “velha senhora”, a “kombosa”, não importa qual seja o apelido carinhoso dedicado à Kombi, ela é lembrada

como o veículo mais velho em produção no Brasil. O primeiro modelo saiu da fábrica no dia 02 de setembro de 1957, e até hoje, segue com a produção ativa. Claudio Luiz Mader participa do Kombi Clube Curitiba e é dono do modelo fabricado no ano 1958. A paixão pelo veículo vem desde a infância, quando o pai adquiriu o modelo em 1960. Na época, Mader aprendeu tudo sobre a mecânica e, como a primeira vez é inesquecível, foi com ela que aprendeu a dirigir. Para os amantes desse veículo exótico e que atravessa gerações, uma má notícia: há a possibilidade que a produção da Kombi seja encerrada a partir de 2014. O futuro incerto é porque será exigência de que todos os carros sejam vendidos com freios ABS e airbags, de acordo com especificações de segurança obrigatórias. Ainda não se sabe se será possível fazer as adaptações, para cumprir as exigências, ou se terá de ser fabricado um novo modelo. “É uma pena que as modificações não possam ser feitas. Isso deixa o coração partido em ver a fabricação parar desse jeito”, lamenta Mader. O Kombi Clube de Curitiba realizará o terceiro mosaico gigante no dia 1º de setembro, a figura da vez a ser formada é um coração. É uma forma de protesto e mani-

O primeiro modelo da Kombi saiu da fábrica no dia 2 de setembro de 1957, e até hoje, segue com a produção ativa

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Foto: Divulgação

PAULA TOMIAK

festação de amor pelo veículo, que pode sair de linha. Se até o dia da montagem do mosaico for confirmado o fim da produção, o desenho a ser formado continuará sendo um coração, mas partido. “Kombi significa família, trabalho e final de semana na praia curtindo o mar ou no campo acampando e pescando. Atualmente, é um estilo de vida”, explica o presidente do Kombi Clube de Curitiba, Marco Rebuli.

Marco Rebuli, presidente do Kombi Clube de Curitiba

foram substituídas por novas, importadas dos Estados Unidos. Hoje, com o sonho concretizado, Goras dá oportunidade para outros fãs darem uma voltinha no Impala 67. O carro é alugado para noivas e exposições. Os noivos

Mariane Pinheiro e Cássio Fabregat escolheram o carro por gostarem de veículos antigos. “É muito bom você passar na rua e ver que todo mundo fica olhando, chama muita atenção”, conta Mariane. Foto: Paula Tomiak

Restauração Fábio Goras, 33 anos, cinegrafista e editor de vídeo, é fascinado por antigos e tem o maior prazer em restaurar. Em 2010, ele comprou uma carcaça de um Chevy Impala 1967 e, em dois anos, deixou novinho em folha. Goras sempre gostou de carros de modelos antigos, Opala, Dodge, entre outros. Quando assistiu ao seriado Sobrenatural, que narra a história de dois irmãos que caçam demônios, conheceu o Impala do Dean Winchester, o ator principal, e idealizou o carro. “Sempre quis ver o carro de perto. Procurei em encontros de carros antigos, mas nunca achei nenhum Impala 1967. De outros anos existem vários por aí, mais 67 não”, explica. Procurou em sites de vendas alguém que estivesse negociando um Impala 67, a busca foi difícil e ele não encontrava. “Achei que este carro nem existisse no Brasil, foi quando encontrei uma carcaça em Taboão da Serra-SP. Não pensei duas vezes e fui busca meu sonho. Quando cheguei em Curitiba muitos me falaram que eu não conseguiria restaurar”, relata Goras. A trajetória não foi fácil, ele aprendeu a ser mecânico, latoeiro e pintor, para isso teve ajuda do cunhado, dono de uma oficina mecânica. Os 5,40 metros de comprimento e 2,05 metros de largura foram totalmente restaurados. Cada peça foi desmontada, lixada e pintada, e aquelas que estavam muito danificadas

Casal Mariane e Cássio ao lado do Impala 1967

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artigo

Beto Richa*

Educação, uma prioridade absoluta

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ara mim, não há qualquer dúvida de que a forma de realmente desenvolver um Estado e sua população é por meio da Educação. Tanto que na apresentação do plano de governo na campanha de 2010, um único secretário de Estado foi apresentado à população: o professor Flávio Arns. De forma clara, entre outras, demonstrei o respeito que tenho pela educação que, no primeiro biênio de governo, vem recebendo grandes investimentos e se consolidando dia a dia. Nesses primeiros anos, os professores receberam um aumento salarial de 34,85% e mais R$ 620 milhões foram investidos na estrutura física de quase duas mil escolas. São exemplos de que a Educação é prioridade absoluta não

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só com a valorização dos professores e melhoria das nossas escolas, mas como indicativos de que perseguimos este objetivo diariamente. Asseguramos a aprendizagem com qualidade em todo o Paraná até porque este é um direito fundamental de todas as nossas crianças, jovens e adultos. Há mais exemplos: já contratamos 17.261 professores e, com um novo concurso público, vamos contratar mais 13.771. Além das progressões e promoções que estavam atrasadas, regularizamos a situação de 35 mil professores formados pela Vizivali, que esperavam uma solução há mais de uma década. Investimos na qualidade de ensino ao liberar mais de dois mil professores estaduais para fazer pósgraduação, mestrado ou doutorado. Em nossas escolas, 350 mil alunos já têm contraturno, com ensino em tempo integral. Ao mesmo tempo, garantimos mais R$ 52 milhões na compra de equipamentos para modernizar as estruturas das escolas, que incluem a distribuição de 32 mil tabletes para professores e 122 mil novas carteiras, que vão equipar salas de aula. Para alcançar a cidadania via educação, que é a forma mais correta para chegarmos a este estágio, direcionamos R$ 80 milhões para o transporte escolar, atendendo mais de 250 mil estudantes. Em 2010, o valor era de apenas R$ 28 milhões. No nosso governo, a contribuição da agricultura familiar na merenda escolar foi multiplicada por dez: passamos de R$ 3 milhões em 2010 para R$ 32 milhões em 2013. O Paraná é o primeiro Estado a realizar 30% da compra diretamente de agricultores familiares

para a merenda escolar, uma meta estabelecida nacionalmente. No Paraná, passamos a tratar a educação da retórica para a prática, estimulando de forma concreta o ensino profissionalizante. Com a devida contrapartida do Estado, 12 novos centros de educação profissional estão em obras, outros seis, licitados, e 22 passam por reformas ou ampliação. O mesmo se dá com o ensino superior. O Paraná é o Estado que, proporcionalmente, mais investe em ensino superior no Brasil. Nos dois últimos anos aplicamos R$ 2,7 bilhões nas universidades e faculdades estaduais. Concedemos aumento de 31,73% para os professores através de medida que altera a lei n° 15.944, uma reivindicação que vinha desde o governo anterior. Com o mesmo objetivo de dar qualidade ao ensino, implantamos um plano de carreira para os funcionários do ensino superior, que garante reajustes médios de 35% para os técnicos de nível fundamental, 20% para o pessoal com ensino médio e 6% para os cargos de nível superior. Ao mesmo tempo, temos, desde 2012, a lei que estabelece mecanismos de cooperação entre o setor público e o privado, beneficiando diretamente nossas universidades e talentos. Mesmo com tudo isto, não estamos satisfeitos porque sabemos (e reafirmamos) que a Educação é a principal demanda para quem quer conseguir e consolidar a cidadania de qualquer população. E a esta demanda estaremos sempre atentos e buscando meios de atendê-la de forma satisfatória. * Beto Richa é governador do Paraná


Rosemary de Ross *

Campanha da Fraternidade e a juventude “Os jovens como protagonistas da sua história e da nova evangelização”

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juventude é o tema da Campanha da Fraternidade lançada este ano pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). De acordo com o texto base da CF 2013, o objetivo geral da campanha é “acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz”. Este tema da CF 2013 propõe uma reflexão sobre a atual condição dos jovens na sociedade e foi escolhido para este ano, em que o Brasil será a sede da Jornada Mundial da Juventude. O encontro reunirá jovens católicos de todo o mundo no mês de julho, no Rio de Janeiro, sendo que, a JMJ 2013 foi uma forma a mais encontrada para “unir a sociedade, a família e a igreja para que nossa juventude seja ouvida e respeitada, pois vivemos em uma sociedade de transformação”. O tema da campanha é Fraternidade e Ju-

ventude e o lema é “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8).. Esta é a 50ª campanha, realizada anualmente pela Igreja Católica, sempre no período da quaresma. No contexto do Ano da Fé, esta campanha visa mobilizar a Igreja e, o quanto possível, os segmentos da sociedade, a fim de se solidarizarem com os jovens, mostrando que eles são importantes protagonistas da sua historia e da nova evangelização, além de que podem contribuir de forma significativa para a construção de uma sociedade melhor. Sabemos que são muitos os desafios enfrentados pela juventude nos dias atuais, como a violência, as drogas, o uso excessivo de bebi-

das alcoólicas, desemprego, crise de valores, crise pessoal, familiar e financeira. Muitos jovens perderam seus “pontos de referência” e com a desestruturação familiar ficam a mercê do que aprendem fora do seio da família, assim, valores como amor, amizade, honestidade, valorização do ser humano, educação e tantos outros, muitas vezes ficam esquecidos de seu mundo e a CF 2013 se propõe a refletir sobre a realidade dos jovens, acolhendo-os com a riqueza de suas diversidades, propostas e potencialidades, convidando-os a se tornarem agentes transformadores da sociedade, da família, da igreja, enfim, do meio em que vivem.

* Rosemary de Ross é formada em Letras e cursou Teologia para Leigos. Reside em Pato Branco Paraná. Impelida pelo desejo de evangelizar por meio da linguagem escrita, elaborou estes dois livros e por meio de suas mensagens, espera ajudar as pessoas a reencontrarem a paz , a alegria e a esperança. Livros: “Uma mensagem por dia, o ano todo” (Paulinas Editora) e ”Mensagens e orações para diversas situações do dia a dia” (Paulinas Editora).É colaboradora de diversos sites, blogs, jornais e revistas do país.

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Literatura Cidade Alta: a melhor e a pior Livro escrito jornalista e publicitário, Oscar Bettio, conta a história da Cidade Alta. O próprio nome já denuncia a mística e a mentalidade da cidade ao ver o mundo e se ver em relaçăo a ele. Situada em um patlô de alguns quilômetros quadrados, 500 metros acima da planície que a circundava, lá de qualquer ponto, era possível ver toda a regiăo. Os povoados lá embaixo, aos pés dos moradores, eram pequenos aos seus olhos. Em tudo ela era mais, mais: estava no ponto mais alto da regiăo, a mais bonita, tinha um clima melhor que o quente e afabado da planície, era a sede do município, toda a regiăo dependia da Cidade Alta e os moradores da planície tinham que enfrentar uma subida íngreme com seus carros, carroças ou as próprias pernas para lá chegar. Ŕ noite, de qualquer ponto, eram vistas as luzes dos povoados na planície. E as crianças, adolescentes, homens e mulheres faziam piadas sobre as crianças, adolescentes, homens e mulheres lá de baixo. Os moradores da planície detestavam o nariz empinado dos moradores da Cidade Alta.

Cinema As aventuras de Tadeo – 3D O pedreiro Tadeo sempre quis se tornar um famoso arqueólogo e aventureiro. A oportunidade de realizar seus sonhos surge quando um amigo, arqueólogo de renome, recebe uma tabuleta de pedra misteriosa, a chave leva ŕ cidade perdida Paititi e seu lendário tesouro. No momento da viagem, o famoso arqueólogo sofre um acidente e quem o substitui na expediçăo é Tadeo. Ao chegar no Peru, ele descobre que Oddyseus, uma grande corporaçăo especializada em encontrar tesouros, também está atrás da cidade perdida de Paititi e disposta a fazer qualquer coisa para encontrá-la. Estreia: 08 de março 2013.

Oz – Mágico e Poderoso – 3D Quando Oscar Diggs, um expressivo mágico de circo de ética duvidosa é afastado da poeirenta Kansas e acaba na vibrante Terra de Oz, ele acha que tirou a sorte grande, até encontrar tręs feiticeiras que năo estăo convencidas de ele é o grande mágico que todos estăo esperando. Relutantemente envolvido nos problemas épicos que a terra de Oz e seus habitantes enfrentam, Oscar precisa descobrir quem é bom e quem é mau antes que seja tarde. Transforma-se năo apenas no grande e poderoso Mágico de Oz, mas também em um homem melhor. Elenco: James Franco, Mila Kunis, Rachel Weisz, Michelle Willians e Zach B. Estreia: 08 de março 2013.

O dobro ou nada Beth Raymer (Rebecca Hall) é uma sonhadora incorrigível que trabalha como dançarina em uma casa de striptease em Tallahassee. Sua vida muda quando conhece Dink Heimowitz (Bruce Willis), um dos jogadores mais conhecidos da atualidade, que participará de um campeonato de pôquer em Las Vegas. Beth logo se torna sua assistente, mas precisa lidar com as ameaças da esposa de Dink, Tulip (Catherine Zeta-Jones), uma showgirl aposentada. Elenco: Rebecca Hall, Bruce Willis e Catherine Zeta-Jones. Estreia: 22 de fevereiro 2013.

A Hospedeira O mundo foi invadido por inimigos que năo podem ser vistos e os humanos săo os hospedeiros dessas criaturas. Melanie é uma das pessoas que năo foram infectadas, mas ela é capturada. A alma designada para o corpo da mulher é alertada dos perigos da possessăo, mas mesmo assim o processo ocorre. Porém, năo da forma esperada: Melanie resiste ao invasor. Elenco: Saoirse Ronan, Diane Kruger, Frances Fisher, Jake Abel, Max Irons, William Hurt, Chandler Canterbury, Boyd Holbrook e Stephen Rider, entre outros. O Filme foi gravado em New Orleans, Louisiana, EUA. Estreia: 29 de março de 2013.

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teatro Março é męs do 22ș Festival de Teatro de Curitiba. A mostra oficial terá 32 espetáculos, oito desses farăo estreia nacional no evento e pelo Fringe serăo 374 peças. Confira os espetáculos que compőem a Mostra 2013 do Festival de Curitiba, mais as datas e os locais em que serăo apresentados: Homem Vertente* (Brasil/Argentina) Dias 26, 30 e 31 de março e 5 a 7 de abril. Parque Barigüi Kiss & Cry (Bélgica) Dias 27 e 28 de março. Guairăo Pansori Brecht Ukchuk-Ga (Coreia do Sul) Dias 28 e 29 de março. Teatro Positivo Parlapatőes Visitam Angeli* Dias 27 e 28 de março. Teatro Marista A Marca da Água Dias 28 e 29 de março. Teatro da Reitoria Hamlet Dias 29 e 30 de março. Teatro Bom Jesus Cine Monstro versăo 1.0* Dias 27 e 28 de março. Guairinha Os Bem Intencionados Dias 28 e 29 de março. Teatro Sesi/Cietep O Líquido Tátil Dias 27 e 28 de março. Teatro do Paiol Faca nas Galinhas Dias 29 e 30 de março. Teatro do Paiol Em Nome do Jogo Dias 30 e 31 de março. Guairăo

Gonzagăo – A Lenda Dias 31 de março e 1.ș de abril. Teatro Positivo A Arte e a Maneira de Abordar o seu Chefe para Pedir um Aumento Dias 29 e 30 de março. Teatro Marista Absurdo Dias 31 de março e 1.ș de abril. Teatro da Reitoria O Homem Travesseiro Dias 1.ș e 2 de abril. Teatro Bom Jesus Esta Criança Dias 31 de março e 1.ș de abril. Guairinha O Espelho Dias 30 e 31 de março. Bosque do Papa Haikai* Dias 30 e 31 de março. Espaço Cęnico Recusa Dias 1.ș e 2 de abril. Teatro Sesi/Cietep Maria Miss Dias 1.ș e 2 de abril. Teatro do Paiol A Música e a Cena* Dias 2 e 3 de abril. Guairăo The Pillowman Dias 2 e 3 de abril. Guairinha

In the Dust (Reino Unido) Dias 3 e 4 de abril. Marista Maravilhoso* Dias 3 e 4 de abril. Teatro Bom Jesus O Terraço Dias 5 e 6 de abril. Guairăo Nostalgia* Dias 5, 6 e 7 de abril. Teatro Positivo O Médico e o Monstro Dias 5 e 6 de abril. Teatro da Reitoria Horses Hotel* Dias 5 e 6 de abril. Guairinha O Diário de Genet* Dias 6 e 7 de abril. Teatro Marista Prazer Dias 6 e 7 de abril. Teatro Bom Jesus Breve Dias 6 e 7 de abril. Teatro Sesi/Cietep Ficçăo Dias 6 e 7 de abril. Teatro do Paiol *Estreias nacionais Ingressos: R$60,00 e R$30,00.

Moda A volta do militar O militar 2013 é chic, quase sisudo, com ombros estruturados e cintura em evidęncia – um quę de anos 1940, de Segunda Guerra. O visual mais destroyed, com cargos e tricôs camuflados e detonados, segue como uma opçăo para as mulheres mais cool e jovens, mas năo está, digamos assim, no alto escalăo dessa tendęncia. O verde-oliva continua liderando esse exército, mas, boa-nova, divide o front com tons de azul-marinho, bege e até branco.

Combinaçăo de estampas Misturar estampas diferentes e coloridas nunca esteve tăo em alta: os mix já deram as caras em desfiles de grandes grifes, como Balenciaga, Prada e Dolce & Gabbana, e ganhou espaço nas ruas no verăo 2013. A combinaçăo garante ousadia e estilo, mas também pode virar um verdadeiro desastre se năo for muito bem pensada. Algumas regras săo essenciais para usar o mix de estampas: Para năo errar, combine famílias de estampas e de cores. Use geométricos com geométricos, florais com florais, ou estampas que tenham a mesma cartela de cores.

Alfaiataria Para atrair os jovens a usarem peças de alfaiataria, as marcas tem feito sucessivos esforços para renovar seus ternos. Depois da silhueta “slim” (rente ao corpo), que fez muito sucesso entre cantores de rock, hoje a inovaçăo é feita por meio das patronagens e estampas. Basta lembrar o polęmico terno de bolinhas da Dolce & Gabbana usado por Messi para receber, pela quarta, vez o pręmio Bola de Ouro da Fifa para entender esta tendęncia. Apesar de năo ser exatamente uma novidade, outra aposta para modernizar o paletó foi a gola xale (arredondada e sem pontas), própria dos smokings (traje de gala masculino). O comprimento mais curto do paletó e do blazer é outra forma de atualizar peças tradicionais. Ao assumir a forma mais quadrada, ao invés da retangular, o look fica menos formal.

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Exposições Arquitetando Curitiba na Década de 1930 A exposiçăo Arquitetando Curitiba na Década de 1930, conta com projetos arquitetônicos de Eduardo Fernando Chaves, engenheiro-arquiteto curitibano, professor da Faculdade de Engenharia do Paraná e fundador do CREA-PR, do Instituto de Engenharia e do Sindicato dos Engenheiros. Entre as obras apresentadas estăo marcos da cidade e da arquitetura paranaense, como o Castelo do Batel (antigo Palacete Guimarăes), o Palácio Săo Francisco – hoje Museu Paranaense (antigo Palacete Garmatter), a Igreja do Rosário e a de Nossa Senhora Aparecida (Barigui). Onde: Memorial de Curitiba, no largo da Ordem. Quando: Terça a Sexta: 9h ŕs 12h e das 13h ŕs 18h – Sábado e domingo: 9h ŕs 15 h Ingresso: Entrada franca Informaçőes: www.mac.pr.gov.br

64ș Salăo Paranaense A 64ș ediçăo do Salăo Paranaense reúne 25 artistas brasileiros em uma exposiçăo no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC). Desde a violęncia até a relaçăo do homem com a natureza, diversos temas săo retratados em vídeo, instalaçőes, fotografia, pintura, desenho e gravura. Onde: Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC) Quando: Terça a sexta: 10h ŕs 19h – Sábado, domingo e feriado: 10h ŕs 16h Preço: Entrada franca

Shows Maria Gadú

Barăo Vermelho

Maria, Cesinha, Caneca, Doga, Gastăo, Maycon: seis partes que formam Mais uma Página – segundo álbum de estúdio de Maria Gadú. A apresentaçăo será dia 02 de março, no Teatro Positivo. Lançado em dezembro pelo slap, da Som Livre, o CD, produzido por Rodrigo Vidal, é um “disco de banda”. O repertório traz 14 faixas, sendo oito delas autorais, e conta com as participaçőes especiais do portuguęs Marco Rodrigues e de Lenine. Ingressos a partir de R$75,00. Informaçőes: (41) 3315-0808.

A banda Barăo Vermelho se apresenta no dia 7 de março em Curitiba, com show da turnę “+1 Dose”. A banda volta aos palcos para comemoraçăo dos 30 anos do lançamento do disco de estreia do grupo, em 1982. No palco, serăo apresentados clássicos da banda, como “Billy Negăo”, “Por Vocę”, “Pro Dia Nascer Feliz”, “Pense e Dance”, além de “Sorte e Azar”, última parceria inédita de Cazuza e Frejat, que ficou de fora do álbum de 1982. O show será dia sete de março no Teatro Positivo. Abertura do teatro: 20h. Ingressos a partir de R$90,00. Informaçőes: (41)3315-0808.

Nazareth

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A banda escocesa Nazareth se apresenta dia 02 de março, na Sociedade Cultural Abranches, em Curitiba. O show faz parte da turnę de divulgaçăo do último álbum do grupo escocęs, “Big Dogz” – lançado na Capital paranaense em 2011. O repertório da apresentaçăo inclui cançőes do novo CD e outros sucessos do conjunto. A abertura fica por conta de Macrophones e Dama de Paus. A casa abrirá ŕs 20h. Os ingressos săo a partir de R$90.00. Informaçőes (41) 3315-0808.

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Country Festival 2013 Um dos eventos mais aguardados do Brasil, tanto pelo público quanto pelos artistas, o Country Festival agrada pela sua atmosfera e energia contagiantes, tornando-se o maior evento Country/Sertanejo do País. Artistas: Bruno e Marrone, Jorge e Mateus, Gustavo Lima, Munhoz e Mariano, Humberto e Ronaldo, Roberto Nunes e Alexandre, Maria Cecília e Rodolfo, George Henrique e Rodrigo, Jaime Jr, Jeito Moleque e Monobloco. Local: EXPOTRADE. Endereço:Rodovia Joăo Leopoldo Jacomel, 10454 – Pinhais. Data: 16 de março de 2013. Horário: Início do show ŕs 19h. Duraçăo do espetáculo: aproximadamente 8 horas. Informaçőes: (41) 4063-9960


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