Documento Reservado

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Na moda da sustentabilidade Página 56

# 57 JAN/2O13 Ano 5

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R$ 1O,OO

João Elísio O estadista não é o que faz o que o

O estadista não é o que faz o que o povo quer; mas o que o povo precisa João Elísio Ferraz de Campos revela que não tivemos, até agora, vontade ou competência para fazer uma reforma que dê ao País, um sistema político voltado para os interesses da Nação, e não de acordo com interesses de quem comanda as votações no Congresso Nacional.

Para Fruet e Ducci a eleição ainda não terminou e continuam trocando acusações

Deputado paranaense, André Vargas (PT), é vice-presidente da Câmara Federal

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editorial EXPEDIENTE Jornalista responsável e editor-chefe Pedro Ribeiro Redação Norma Corrêa, Pedro Ribeiro e Lucian Haro Revisão Maria Aparecida de Souza Comercial Junior Ribas comercial@documentoreservado.com.br Márcio Razero Fotos Shutterstock Ilustrações Davidson Projeto Gráfico e Diagramação Graf Digital Impressão Idealiza Gráfica e Editora Tiragem 10.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 90 g (miolo) Endereço Rua João Negrão, n0. 731 Cond. New York Building - 120. andar sl. 1205 - CEP 80010-200 - Curitiba - PR Telefones (41) 3019-6570 E-mail editor@documentoreservado.com.br

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 57 - JANEIRO/2013

Apoiando ou discordando

O

empresário e ex-governador do Estado, João Elísio Ferraz de Campos, pontua os principais problemas econômicos e políticos do Brasil, em entrevista exclusiva à revista Documento Reservado. Diz que continuará convivendo com a política, por entender que é um dever do cidadão participar, e que o futuro do País sempre vai passar pela política. Apoiando ou discordando. Para ele, é preciso tirar o peso do Estado sobre os ombros de cada um de nós e, isso, só vai acontecer se a pressão da sociedade sobre os governantes for grande o suficiente para que eles promovam as reformas necessárias. Em um discurso carregado por anúncios de obras, principalmente na área de transportes, o governador Beto Richa teve a coragem de tocar em um assunto delicado, que já rendeu muitos dissabores ao senador e ex-governador Roberto Requião: o pedágio. Só que, ao invés de afirmar que se o pedágio não baixasse iria acabar, Richa apenas garantiu que vai reduzir as tarifas. Para isso, conta com equipe de técnicos da Agência Reguladora, que vem trabalhando no assunto, em sintonia com os administradores das concessionárias do pedágio. E foi além: “vamos duplicar todo o Anel de Integração”. Essa coragem arrancou aplausos de empresários do setor de transportes, durante posse da nova diretoria da Fetranspar. O deputado federal, André Vargas, secretário nacional de Comunicação do PT, fala, com desenvoltura à revista Documento Reservado, sobre os bastidores do partido e o projeto do PT para governar o Estado do Paraná. Segundo afirma, Dilma Rousseff será a candidata à Presidência da República e Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal cabo eleitoral. Fala sobre o mensalão, a polêmica com Olívio Dutra, e critica o Governo Beto Richa, que não aderiu ao plano de redução das tarifas de energia elétrica. O que aconteceu com Abib Miguel, Plauto Miró Guimarães e Valdir Rossoni, que entraram em guerra, e parece que tudo caiu no esquecimento. Onde andas João Cláudio Derosso? O caso dos gafanhotos, da Assembleia Legislativa e no que resultaram as denúncias da Polícia Federal contra a Sanepar? Veja o que a revista Documento Reservado apurou sobre esses assuntos aparentemente esquecidos pela população. Enquanto isso, Rossoni e Plauto reassumem o Legislativo. A revista Documento Reservado traz ainda, nesta edição, reportagem sobre a superlotação dos presídios; quem entra e quem sai no Governo Beto Richa, com a chamada reforma do secretariado e os trabalhos de bastidores junto a prefeitos, da ministra Gleisi Hoffmann, possível candidata do PT ao Governo do Estado. Boa leitura! Pedro Ribeiro

Circulação Fevereiro/2013

6 Documento Reservado / Janeiro 2013


índice 28 08 SINTONIA FINA

SEU JOĂO Joăo Elísio Ferraz de Campos carrega nas tintas e fala sobre política, sucessăo e economia em entrevista ŕ revista Documento Reservado.

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AGENDA CULTURAL

19 COSTURA NO INTERIOR

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O que todo mundo pensou que fosse uma grande explosăo, năo passou de um pequeno traque. A mudança de secretários de Beto Richa (PSDB) năo teve a repercussăo esperada, tanto pela mídia quanto pela própria populaçăo.

Já que o ex-governador Roberto Requiăo (PMDB) prometeu e năo cumpriu, o governador Beto Richa garante que reduzirá a tarifa do pedágio, e que duplicará todo o Anel de Integraçăo. Sua proposta já está nas măos das concessionárias.

TRUNFO DE RICHA

20 PAU PRA TODA OBRA

Em entrevista exclusiva ŕ revista Documento Reservado, o deputado federal, André Vargas (PT), revela os bastidores do partido e as estratégias para governar o Paraná. Fala também do mensalăo e de sua “briga” com Olívio Dutra.

BAIXA OU ACABA

1RUMO 1 AO PALÁCIO

A ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), começa a conversar com prefeitos de todos os municípios, numa aproximaçăo que poderá levá-la ao Palácio Iguaçu em 2014. Ela é candidata com apoio da presidente Dilma Rousseff.

42 ENCRUZILHADA

O senador Roberto Requiăo (PMDB), que negou empréstimos externos de US$ 350 milhőes para o Paraná, explica que tal atitude se deve ŕ falta de planejamento e projeto para gastar o dinheiro. Requiăo, ŕ época, foi bastante criticado.

Grupos políticos e marqueteiros de plantăo já começam a se mobilizar com vistas ŕ campanha para as eleiçőes de 2014. Já săo candidatos: Beto Richa, Gleisi Hoffmann, Roberto Requiăo e, possivelmente, Joel Malucelli.

24 OS SUPLENTES

Luiz Goulart (PT), o Luizăo, prefeito de Pinhais, que ficou conhecido em todo o Brasil por atingir recorde de votos nas últimas eleiçőes, vence também, o pleito pela presidęncia da Associaçăo dos Municípios da Regiăo Metropolitana de Curitiba.

37 NOSTRA ITÁLIA

Tręs paranaenses buscam um lugar no Parlamento Italiano. A ex-vereadora por Curitiba, Renata Bueno e o advogado Luis Molossi pleiteiam uma cadeira na Câmara de Deputados, enquanto Walter Petruzziello sonha com o Senado.

38 MANCHETES MORTAS

Acabaram-se os ruídos sobre as denúncias contra Abib Miguel (Bibinho), por parte de Valdir Rossoni (PSDB) e Plauto Miró (DEM). O silęncio também continua em relaçăo ŕs denúncias de Bibinho contra os mesmos. E também ninguém mais fala do Derosso.

44 BOA SAFRA EM 2013

A agricultura brasileira poderá dar um salto em 2013. A expectativa é do próprio Ministério da Agricultura, ao lado da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento do Paraná. Veja o que dizem os especialistas.

Acompanhe o panorama da economia para 2013, segundo dados de especialistas no setor. A projeçăo do PIB é de queda e a inflaçăo de um pequeno aumento.

54 OS GOLPISTAS

Na Assembleia Legislativa, parlamentares (suplentes) estăo assumindo cadeiras em substituiçăo a deputados que saíram para disputar prefeituras no interior do Estado. Acompanhe a lista de quem entra e quem sai.

36 SALVE LUIZĂO

48 ECONOMIA 2013

Levantamento feito pelo Serasa aponta que, a cada 14 segundos, um brasileiro é vítima de um golpista. De janeiro a dezembro do ano passado, ocorreram 2,14 milhőes de tentativas de fraudes no País.

56 VESTIDO DE LIXO

32 POLĘMICA

Gustavo Fruet disse que recebeu a Prefeitura de Curitiba com dívidas de R$ 446 milhőes, enquanto o ex-prefeito, Luciano Ducci, afirma que entregou o executivo municipal com saldo em caixa.

34 CARA FEIA

Valdir Rossoni reassume a presidęncia da Assembléia Legislativa e sustenta que manterá a mesma política austera. Disse que tem vergonha na cara e que năo tem medo de cara feia.

35 SEM DISCRIMINAÇĂO

No Paraná, onde in augurou o Show Rural, em Cascavel a presidenta Dilma Rousseff liberou recursos para o setor agrícola e garantiu que năo faz discriminaçăo de partidos em seu governo. Governa para o povo brasileiro, disse.

64 LUCIANO DUCCI

Curitiba mudou de escala, para melhor

Já pensou em usar um vestido feito de saco de lixo e lacres de latinha de refrigerante? Essa é a moda sustentável.

58 GERAÇĂO DE SURDOS

Os fones de ouvido viraram moda. Jovens utilizam diariamente para ouvir as músicas preferidas. O problema é que daqui a alguns anos poderá haver uma geraçăo de surdos. 14,8% dos brasileiros já sofrem com a perda auditiva.

60 IDE E FAZEI DISCÍPULOS

O Brasil se prepara para o maior encontro de jovens católicos do mundo. Entre os dias 23 a 28 de julho, no Rio de Janeiro, peregrinos dos quatro cantos da Terra estăo participando da Jornada Mundial da Juventude.

ARTIGOS

65 DARCI PIANA

Custo Brasil – um antigo empecilho da economia brasileira

66 ROLF KUNTZ A era do deboche

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sintonia fina

O truculento O senador Roberto Requiăo (PMDB) é, no mínimo, leviano quando diz em seu miniblog que Beto Richa é uma “herança maldita”. Quando fala isso, referindo-se ŕ genética, Requiăo sai da casinha e mostra seu lado insano, por menosprezar a memória de um dos maiores democratas do nosso Estado. É, também, covarde, porque fala de uma pessoa que, lamentavelmente, năo pode se defender. Só para lembrar, foi José Richa que colocou Requiăo na Prefeitura de Curitiba.

Escudo A equipe de inteligentes do governador Beto Richa (PSDB), năo deveria ter permitido que o nome e a pessoa do chefe do Executivo paranaense passassem a ser motivo de deboche nas redes sociais. Todos os dias, tem alguém dizendo asneiras sobre o governador, chamando-o de lento (turco lento) e outras besteiras. Comunicaçăo năo é só cuidar de mídia. Tem que preservar a imagem do chefe.

Coadjuvante Senador Roberto Requiăo (PMDB) voltou a atacar o governador Beto Richa (PSDB), em seu miniblog, acusando-o de gastar absurdos com aluguéis de aeronaves, enquanto o Estado possui uma excelente frota. Para engrossar o caldo, disse que “Beto Richa é um governador de imagem. Quem manda no Governo é o secretário de Planejamento, Cassio Taniguchi”.

Cuequinha de seda Ratinho Junior (PSC) deve ter ido a um shopping, experimentado e gostado. Agora é adepto do grupo dos “cuecas de seda” do Palácio Iguaçu. Seu pai, o “Ratăo”, foi crítico desse pessoal, da Avenida Batel, que usa cueca de seda e roupas de marca, durante toda a campanha do filho ŕ Prefeitura de Curitiba que, agora, sentará ŕ mesma mesa, como secretário de Desenvolvimento Urbano.

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PEDRO RIBEIRO

Conexão Dubai Em nome da eminęncia parda palaciana, Luis Abib, o governador Beto Richa e a Assembleia Legislativa aprovaram, ŕ velocidade da luz, doaçăo de terreno para a construçăo de um mega hospital da comunidade patrícia, em Curitiba. Enquanto Abib vai a Dubai, buscar dinheiro, os empresários prometem levantar o Sírio-Libanęs ŕ toque de caixa. Só resta saber a quem servirá, efetivamente, a grande casa de saúde. O próprio setor hospitalar questiona: um novo hospital, se, com a pretensa excelęncia do Sírio-Libanęs, somente poderia subsistir se direcionado para uma clientela segmentada, portanto, năo alcançando a relevância de interesse público.

Tubarões em choque A dúvida que persiste é a razăo. Dois tubarőes (um age nos bastidores) do governo Richa bateram de frente no fim de 2012. O governo foi atrás de substituto para um deles e năo logrou ęxito. O cidadăo, instalado em Brasília, recusou a oferta. Diante disso, os peixes grandes se reuniram para o abafa. A ver...

Carteira assinada

Cadeia a prefeito

O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), deveria ser cassado, por desconhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal e colocar a educaçăo em planos inferiores. Ele simplesmente recorreu ao Superior Tribunal Federal (STF) para diminuir a verba de educaçăo e usá-la em obras que visam a Copa do Mundo de 2014, no País. A intençăo do político é suspender o dispositivo da Lei Orgânica do Município, que prevę a aplicaçăo de 30% da renda da cidade em investimentos no ensino. Uma resposta positiva do órgăo nacional para o governante mineiro acarreta na diminuiçăo de R$ 500 milhőes dos investimentos em educaçăo no ano de 2013.

Excluídos

O peemedebista Luiz Cláudio Romanelli, secretário do Trabalho do Governo Beto Richa, comemora a geraçăo de 213.055 empregos com carteira de trabalho assinada, desde 2011, quando assumiu a Secretaria. “O Paraná restabeleceu a confiança e a segurança jurídica dos investidores e empresários. Esse novo ambiente de negócios está atraindo dezenas de empreendimentos, que trazem mais empregos e mais progresso para o Estado”, destaca Romanelli.

“Price of program” Em Belo Horizonte, as prostitutas já estăo fazendo curso básico de inglęs – 300 inscritas -, para atrair turistas durante a Copa do Mundo. Já sabem, por exemplo, o que é money; contar até US$ 100 – preço médio a ser cobrado – dinner; beef, steak, coffe, and, fuck you. É um bom começo, já que em Curitiba, a única coisa que se ouve na Rua VX – aos berros - é “armoço a deizăo, com direito a um café... aqui a comida é mais barata e etc...

O prefeito Gustavo Fruet (PDT), que circula de bike pela cidade, deveria passar, num domingo qualquer, pela Avenida 7 de Setembro, a partir do Shopping Curitiba, até a Rodoviária, para observar o grande número de pessoas dormindo em baixos das marquises e sacadas. O que fazer com esse pessoal? Com a palavra, o senhor prefeito.

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política

Em branco e Preto A política paranaense num retrato em branco e preto. Como na velha canção de Jobim, já se sabe dos passos dessa estrada e das pedras do caminho. Mas, ao contrário do que assegura a música, não se conhecem de cor todos os segredos, nem se pode dizer que isso não vai dar em nada.

Os tucanos Beto Richa, governador em busca de um segundo mandato, Waldir Rossoni, presidente da Assembléia do Paraná, na corrida pelo Senado, Álvaro Dias, senador, também em busca de novo mandato e, com cara de poucos amigo, o neo pedetista Gustavo Fruet, novo prefeito de Curitiba, em busca de tudo. Na imagem de Orlando Kissner, dia 15 de janeiro, durante posse do novo presidente da OAB-Paraná, Juliano Breda, em Curitiba.

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política

NORMA CORRÊA

Sede do Governo do Paraná, o Palácio Iguaçu é alvo do desejo de muitos políticos

O cobiçado Palácio A

A preparação para as eleições de 2014, ao contrário do que muitos imaginam, já começou e, nos bastidores, a campanha está sendo cuidadosamente preparada pelos estrategistas

eleição para o Governo do Estado, em 2014, já está movimentando os grupos políticos e, nos bastidores, os estrategistas de campanha agem para garantir sucesso nas urnas. Embora seja o grande favorito na disputa, o governador Beto Richa (PSDB), que desponta com 70% de aprovação de seu Governo, conforme levantamento feito pela Paraná Pesquisa no final do ano passado, vai enfren-

tar concorrência acirrada, no ano que vem, para a sua reeleição. O senador Osmar Dias (PSDB), o deputado federal Ratinho Júnior (PSC), o senador Roberto Requião (PMDB) e a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), estariam dispostos a arregaçar as mangas para desalojar o tucano do Palácio Iguaçu. Se assim for, certamente, a eleição de 2014 será bastante acirrada.

Esses atores da política paranaense, no entanto, negam que estejam se articulando para a corrida ao Palácio Iguaçu em 2014. No entanto, as movimentações de bastidores apontam o contrário. A exceção de Ratinho Júnior, que ensaia uma aproximação ao Governo do Estado, e de Osmar Dias, afastado da política local desde que perdeu a eleição de 2010, exatamente para Beto Richa, Gleisi Hoffmann e

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política

Governador Beto Richa pode enfrentar disputa acirrada pela sua reeleição ao Palácio Iguaçu

Roberto Requião, cada um ao seu estilo, dão mostras de que estão dispostos a “brigar” para conquistar a confiança do eleitor paranaense. Requião, com seu costumeiro jeito agressivo, partiu para o ataque criticando a administração de Richa, seja via release distribuído à imprensa por sua assessoria, ou pelo twitter, onde despeja o que pensa, sem cortes. O primeiro passo para um novo mandato, na visão do peemedebista, seria vencer a eleição para a presidência do diretório estadual do PMDB. Não deu certo. Requião tropeçou na bancada peemedebista na Assembleia Legislativa e no seu mais novo desafeto, ex-governador Orlando Pessuti. O grupo montou uma chapa forte, encabeçada pelo deputado federal Osmar Serraglio, que acabou vencendo a disputa e neutralizando Requião no partido, e, assim, selando o destino da legenda que deve encorpar a campanha tucana no ano que vem. Mexendo no bolso “A adesão da bancada dos deputados estaduais ao Governo de Beto Richa faz com que o partido perca sua identidade. E, quando um partido perde a sua identidade, perde também 12 Documento Reservado / Janeiro 2013

Ex-senador Osmar Dias está afastado da política local depois de perder a eleição para o Governo do Estado, em 2010

credibilidade”, dizia Requião, pouco antes de sua derrota para Serraglio. O deputado Nereu Moura, porém, na época da eleição para o diretório, no dia 15 de dezembro, contou que a ira de Requião, que diariamente postava impropérios contra peemedebistas dispostos a se aproximar de Beto Richa, no twitter, não era pela causa partidária, mas sim, porque o tucano havia “cortado” a sua aposentadoria especial de exgovernador, que lhe rendia quase R$ 25 mil mensal. Mesmo assim, reclamando, Requião perdeu a eleição e, talvez, a possibilidade de se candidatar novamente ao Governo do Paraná.

De forma contrária, Gleisi Hoffmann age com mais diplomacia, e usa a mesma tática de exposição na mídia que, em 2010, elegeu Dilma Rousseff à Presidência da República. Contando com apoio presidencial, o PT está apostando todas as suas fichas na ministra para enfrentar Beto Richa e vencer no Paraná. Estado, aliás, que é uma das prioridades petistas, já que, em 2010, Dilma perdeu para o tucano José Serra, no segundo turno da eleição presidencial (55% a 45% dos votos vários). Seria uma questão de “honra” vencer na Terra das Araucárias. A exposição da ministra começou,

Gleisi Hoffmann, a superministra de Dilma, está na vitrine para a eleição de 2014

Deputado Jorge Corte Real está propondo o fim da reeleição, a coincidência das eleições e mandatos de cinco anos


PEC acaba com reeleição

Senador Roberto Requião acabou sendo neutralizado no partido e pode não ser candidato conforme pretendia

ainda, no ano passado, quando Gleisi foi escolhida para anunciar medidas para enfrentar os efeitos da seca no semiárido brasileiro, além de ter sido ela, também, a detalhar os vetos ao projeto que redistribui os royalties do petróleo e, ainda, foi Gleisi, que hoje tem poderes de superministra, quem detalhou o novo valor do salário mínimo. Loura da Dilma De acordo com matéria do jornal O Estado de S. Paulo, Gleisi virou a estrela dos planos de infraestrutura do Governo, conseguiu emplacar o último ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o paranaense Sérgio Luiz Kukina, e firmou seu nome na condução da Pasta. Além disso, a presidente Dilma está apoiando a estratégia, liberando a “loura”, como a presidente chama a ministra, para frequentes viagens ao Estado. Em dezembro, ela participou de vários eventos e recebeu em seu gabinete, fora da agenda, prefeitos eleitos do sudoeste do Paraná. No dia 3 de dezembro, foi ao encontro de sindicalistas, empreendedores, produtores rurais, em Curitiba. E voltou à cidade na sexta-feira seguinte, para participar do encontro de Cooperativistas, quando foi homenageada. Cinco dias depois, em 12 de dezembro, foi inaugurar a usina hidrelétrica de Mauá. Essas são demonstrações de exposição da petista, que repete o modo de agir do ex-presidente Lula, que massificou a presença de Dilma no País, para sucedê-lo no Palácio do Planalto. O secretário de comunicação do PT, deputado federal André Vargas, considera que esta é a primeira vez que o partido “tem chances reais” de vencer no Paraná. O governador Beto Richa, porém, continua a fazer a lição de casa para manter a avaliação positiva do seu Governo nestes quase dois anos que separam a eleição de 2014.

Enquanto isso, na Câmara Federal, tramita uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria do deputado Jorge Corte Real (PTB-PE), propondo várias alterações no sistema eleitoral brasileiro. Uma delas é o fim da reeleição para o a Presidência da República, governos de estado e prefeituras, e institui a coincidência de todos os mandatos, que passam a ter duração de cinco anos a partir de 2022. Com a mudança, o Brasil terá eleições a cada cinco anos. Hoje, os mandatos para todos os cargos são de quatro anos, com eleições para os cargos executivos e legislativos – Câmara dos Deputados, assembleias legislativas e câmaras de vereadores – que são realizadas a cada dois anos.

Senado Ainda conforme a proposta, os mandatos de senador também serão modificados. Cada representante de estado no Senado terá mandato de apenas cinco anos. Atualmente, permanecem oito anos no cargo. A eleição de suplentes de senador também muda. Pelo texto, serão suplentes do eleito o segundo e o terceiro candidatos com maior número de votos. Hoje, elege-se uma chapa fechada – o eleito já traz os dois suplentes.

Exceções Para garantir a realização simultânea de eleições para todos os cargos, a proposta estabelece que, excepcionalmente, prefeitos e vereadores eleitos em 2016 terão mandatos seis anos. Da mesma forma, os integrantes do Senado escolhidos em 2018 ficarão nove anos na posição. Corte Real argumenta que a coincidência de mandatos “quase se justifica por si mesma”. Segundo ele, não há motivos para o País se ver, de dois em dois anos, às voltas com eleições e com o custo para a Nação que acarretam, seja econômico, seja político. Ainda conforme o deputado, a prática também mostrou que a reeleição para os cargos do Executivo não beneficia a qualidade da administração pública, “mas facilita a sedimentação de oligarquias nos municípios, nos estados e até no nível federal”.

Tramitação Inicialmente, a proposta será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania quanto à admissibilidade. Caso seja acatada, seguirá para uma comissão especial criada especialmente para sua análise. (Fonte: Agência Câmara)

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política

Richa muda cadeiras e

deixa Ducci de fora Os meios políticos estranharam a ausência de Luciano Ducci (PSB) na nova equipe do governador Beto Richa

O

governador Beto Richa (PSDB) esquenta os motores da máquina com vistas à reeleição. Para isso, coloca Reinhold Stephanes (PSD), na chefia da Casa Civil, visando ter

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uma aproximação maior com prefeitos em todo o Estado, e chama Ratinho Junior para comandar uma das secretarias mais políticas, a de Desenvolvimento Urbano, que está presente em todos os municípios. Sela, portanto, acordos com o PSC de Ratinho Júnior, que abre espaço na Câmara Federal para o professor Sergio, e com Marcelo Almeida, ex-coordenador da campanha de Ratinho Junior à Prefeitura de Curitiba, que assumirá o lugar de Stephanes, na Câmara Federal. Ratinho Junior, que obteve 39% dos votos dos curitibanos no segundo turno, e foi campeão de votos para deputado em todo o Estado, já é visto como um possí-vel can--didato a vice-go-ver-na-dor em 2014. Após fazer críticas duras ao grupo político de Richa durante o primeiro turno, Ratinho se aproximou do PSDB a partir do segundo turno das eleições na tentativa de derrotar Gustavo Fruet, que acabou sendo vitorioso. Ratinho Junior poderá, também, ser o candidato do Governo à Prefeitura de Curitiba. O deputado federal Cezar Silvestri (PPS), foi remanejado para a Secretaria de Governo, criada nessa reforma, dando lugar a Ratinho Junior. A nova Secretaria trabalhará interligada à Casa Civil. Luiz Eduardo Sebastiani, deixa a Casa Civil para assumir a diretoria financeira da Copel, para onde vai Fernando


PEDRO RIBEIRO

Ghignone. Outra mudança é na Secretaria de Relações com a Comunidade, que passa a ser ocupada por Ubirajara Schreiber, presidente do PSB na Capital. Quem também ingressa no secretariado de Richa é o vereador de Curitiba Zé Maria (PPS). Ele assume a Pasta de Direitos das Pessoas com Deficiência, também criada nessa reforma. A grande ausência na reforma do secreta-

riado foi a do ex-prefeito, Luciano Ducci (PSB). Nesta primeira fase, ficou de fora, a não ser que o governador Beto Richa tenha alguma carta na manga, para absorver um dos seus principais aliados. Ducci, com o apoio de Richa, perdeu a eleição para a Prefeitura de Curitiba e era dado como certo sua presença no Governo. Até o momento, não foi convidado.

PMDB, sem espaço Por enquanto, o PMDB ficou sem espaço no Governo. Segundo fonte da revista Documento Reservado, Beto Richa e as lideranças do partido năo conseguiram definir qual será a participaçăo dos peemedebistas. O deputado Nereu Moura (PMDB) disse que o partido quer uma Pasta com influęncia política, que poderá ser Planejamento, Agricultura ou Meio Ambiente. A Sanepar poderá vir a ser presidida pelo ex-governador Orlando Pessuti (PMDB).

Quem entra e quem sai: CASA CIVIL

ENTRA SAI

Reinhold Stephanes (PSD), deputado federal Luiz Eduardo Sebastiani

DESENVOLVIMENTO URBANO

ENTRA SAI

Ratinho Jr. (PSC), deputado federal

ADMINISTRAÇÃO

ENTRA SAI

Dinorah Portugal Nogara, ex-secretária de Adm. de Curitiba

RELAÇÕES COM A COMUNIDADE

ENTRA SAI

Ubirajara Schreider, presidente do PSB em Curitiba

GOVERNO

ENTRA SAI

Cezar Silvestri, que ocupava a Secretaria do Desenv. Urbano

PESSOA COM DEFICIÊNCIA

ENTRA SAI

Zé Maria (PPS), vereador de Curitiba

COPEL

ENTRA SAI

Fernando Ghignone, atual presidente da Sanepar

SANEPAR

ENTRA SAI

Antônio Hallage, diretor administrativo da Sanepar

PARANAPREVIDÊNCIA

ENTRA SAI

Jorge Sebastiăo de Bem

Cezar Silvestri (PPS)

Jorge Sebastiăo de Bem

Rene Pereira Costa

Ninguém. A secretaria será criada

Ninguém. A secretaria será criada

Lindolfo Zimmer

Fernando Ghignone

Jayme de Azevedo Lima

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polĂ­tica

Fortalecendo

16 Documento Reservado / Janeiro 2013


LUCIAN HARO

a fera A

ida de Ratinho Junior (PSC) para uma Pasta no Governo Estado, três meses depois de enfrentar um aliado tucano nas urnas, por Curitiba, foi o que bastou para que a fogueira se ascendesse, e muita lenha queimasse depois do anúncio dos novos nomes que vão compor o secretariado de Beto Richa (PSDB), nesta segunda fase de Governo. Pela lista, divulgada no dia 23 de janeiro, o deputado federal assume a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, o que para muitos é um erro fatal. A cientista política Vanessa Fontana, por exemplo, defende, em seu blog, a tese de que Ratinho Junior cometeu um “pecado mortal” ao topar integrar o mais alto escalão do Executivo Estadual, ao lado de Richa. Segundo ela, Ratinho possui um capital político extremamente expressivo, e não deveria entrar em um grupo político que está no poder no Para-

Veja o que os especialistas falam sobre a ida de Ratinho Junior ao Governo Beto Richa

ná há anos. “Ele deveria continuar se apresentando como o novo, aquele que representa a “nova política”. Ao se misturar com um Governo, ele compromete aquele imaginário que estava construindo nas eleições municipais de 2012", explicou. Já Emerson Cervi, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), vê a indicação por um lado positivo. “Tirando a contradição de integrar um partido que faz parte da base governista na Câmara dos Deputados (PSC), ingressar em uma Pasta estadual pode garantir a Ratinho Junior a experiência política, que ele precisa para, mais tarde, talvez, se candidatar a um novo cargo em eleições majoritárias”, contrapôs o especialista. Ratinho, no entanto, demonstrou estar satisfeito com a decisão. Em nota distribuída à imprensa, no dia 23, ele afirmou que já aceitou o convite do governador, afirman-

do ser uma boa oportunidade de trabalhar mais perto dos paranaenses. “Aceito o convite como um novo desafio e missão, para ajudar no desenvolvimento do Paraná como um todo. Temos muito que fazer e, como sempre, vou dar o melhor de mim”, diz no texto. Como na Política nada é por acaso, especula-se, ainda, que o convite para ser secretário seria parte de uma estratégia do governador Beto Richa para garantir Ratinho Junior, como seu vice, na disputa pelo Governo do Estado, em 2014. Líder do PSC na Câmara dos Deputados, com bom trânsito no Governo Federal, e um ótimo cabo eleitoral, Ratinho (filho) passou a ser cobiçado como vice ideal, tanto por Richa, quanto por Gleisi Hoffmann (PT). O governador só teria saído na frente nessa disputa, já definindo “quem dança com quem”, no ano que vem.

Vanessa Fontana

A cientista política , por exemplo, defende, em seu blog, a tese de que Ratinho Junior cometeu um “pecado mortal” ao topar integrar o mais alto escalão do Executivo Estadual ao lado de Richa.

Emerson Cervi

Já , da Universidade Federal do Paraná (UFPR), vê a indicação por um lado positivo. “Tirando a contradição de integrar um partido que faz parte da base governista na Câmara dos Deputados (PSC), ingressar em uma pasta estadual pode garantir a Ratinho Junior a experiência política, que ele precisa para, mais tarde, talvez, se candidatar a um novo cargo em eleições majoritárias”, contrapôs o especialista. 17 Documento Reservado / Janeiro 2013


infraestrutura

PEDRO RIBEIRO

Richa reduzirá pedágio O

governador Beto Richa (PSDB) surpreendeu os meios políticos e empresariais, dia 28, durante a posse do empresário Sergio Malucelli, na presidência da Fetranspar, ao anunciar, na presença de transportadores de cargas, a redução das tarifas de pedágio no Paraná, e investimentos de R$ 250 milhões em obras rodoviárias. “Ao contrário do ex-governador, Roberto Requião, que esbravejava em todo o Estado, que se as tarifas não baixassem, ele acabaria com o pedágio, e nada aconteceu, a não ser conturbar ainda mais o sistema de concessão de rodovias, sustento, aqui, que nós teremos queda nos preços das tarifas e vamos duplicar todo o anel de integração”, garantiu o governador. Para que isso se torne possível, Richa informou que retomou as negociações com as empresas que administram as rodovias no Estado e, como resultado, as concessionárias já estão investindo em novas obras. O governa-

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dor anunciou, também, investimentos de R$ 3 milhões na compra de mil câmaras de monitoramento, para instalação nas rodovias do Estado, visando coibir o furto e roubo de veículos. Numa primeira etapa, serão instaladas 78 câmaras, sendo 68 em Curitiba, e mais 10 na Região Metropolitana. “Essas câmaras controlarão o tráfego de veículos, auxiliarão a Polícia Federal, as áreas de agricultura e saúde, com entrada e saída de mercadorias, e a própria receita estadual, evitando evasão de divisas”, observou o secretário de Transportes e Infraestrutura, José Richa Filho (Pepe).

“Vamos reduzir o preço das tarifas do pedágio e duplicar todo o Anel de Integração.” Beto Richa

José Richa Filho: “As câmaras vão auxiliar a Policia Federal e serão pagas pela Fenaseg”

Malucelli assume Fetranspar

O presidente da Fetranspar, Sérgio Malucelli, comemorou o anúncio de investimentos no setor de transportes, com a duplicaçăo do Anel de Integraçăo e a reduçăo da tarifa do pedágio como alavanca para o crescimento do setor produtivo paranaense. Em solenidade de posse, quando substituiu o empresário Anselmo Trombini na presidęncia da Federaçăo das Empresas de Cargas do Estado do Paraná, Malucelli lamentou o número de roubos de cargas e revelou que o setor dos transportes de cargas movimenta 62% de toda a riqueza do Paraná, o que representa 7% do PIB do Estado. Ao todo, 17.770 empresas, com uma frota de 300 mil veículos, geram mais de 500 mil empregos diretos. O governador Beto Richa, que esteve presente na posse de Malucelli, assumiu do governo estadual em corrigir os principais gargalos logísticos que comprometem o desenvolvimento econômico do Estado. "O objetivo é reduzir o custo logístico com açőes que melhorem o escoamento da produçăo paranaense", afirmou. Richa revelou que nos próximos dois anos, o governo investirá nos portos, aeroportos e rodovias cerca de R$ 4,5 bilhőes. Os recursos fazem parte do Programa de Modernizaçăo da Infraestrutura (Proinfra), que prevę R$ 12,5 bilhőes em investimentos para diversas áreas. "Com bom planejamento e investimentos vigorosos em infraestrutura estamos resgatando a confiança do setor produtivo, que volta a ver o Paraná como um Estado promissor", disse o governador.


política

PEDRO RIBEIRO

Gleisi reúne prefeitos para discutir recursos L

iberada pela presidente Dilma Rousseff (PT), para desenhar sua campanha ao Governo do Paraná, a senadora e ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), acaba de dar mais um passo na aproximação com os prefeitos paranaenses. Inicia seu planejamento, ou sua intenção de campanha, pela Região Metropolitana de Curitiba, onde saiu vitoriosa na disputa pela Associação dos Municípios da Região Metropolitana (Assomec), numa queda de braço com o governador Beto Richa (PSDB). O eleito foi o prefeito de Pinhais, Luizão Goulart. Aproveitando reunião marcada pela presidente Dilma Rousseff, dia 29 de janeiro, em Brasília, quando o Governo Federal liberou R$ 566,8 bilhões a municípios paranaenses, para que esses comecem, efetivamente, a governar, Gleisi reuniu todos os chefes de executivos da Região Metropolitana de Curitiba para uma conversa reservada e, ainda, jantou com a bancada paranaense. Da conversa, o professor Luizão apenas revelou que foram tratados assuntos sobre os contornos Sul e Norte. No encontro de Brasília, dos 399 municípios paranaenses, 162 deles não puderam receber recursos financeiros do Governo Federal, por pendências junto ao Cadastro Único de Convênios (Cauc) da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), ou por problemas com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Em relação à Capital, Curitiba, o prefeito Gustavo Fruet (PDT), que esteve na reunião de Brasília, disse que o município está recebendo normalmente os recursos e sem qualquer restrição.

No encontro de Brasília, dos 399 municípios paranaenses, 162 deles não puderam receber recursos financeiros do Governo Federal, por pendências junto ao Cadastro Ùnico de Convênios (Cauc) da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) ou por problemas com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

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entrevista

PT quer bloco A

ndré Vargas, 47 anos, hoje no seu segundo mandato na Câmara dos Deputados, vem moldando e soldando sua vida política, desde os tempos de juventude, em Assaí, Norte do Estado do Paraná. Sua base no legislativo foi solidificada em Londrina, quando foi eleito vereador, deputado estadual e federal. Sua fidelidade partidária e junto a algumas lideranças nacionais, como o ministro e ex-deputado federal, Paulo Bernardo, não se discute. Ao lado do espírito aguerrido e ansiedade na defesa intransigente dos ideais maiores, as vezes o tem levado a dar declarações polêmicas. Mas vem conquistando espaço e há muito deixou de ser chamado – ou classificado – de baixo clero. Luta, sem medir esforços, contra as desi desigualdades sociais no Brasil. Vargas é pau para toda obra. Bombeiro de plantão. Sua conduta parlamentar, especialmente dentro das linhas do partido, o alçaram ao posto de Secretário Nacional de Comunicação do Partido dos Trabalhadores, missão que assumiu com responsabilidade, abominando o jogo do clientelismo, no dia a dia das armadilhas forjadas por interesses de grupos, ou mesmo de políticos profissionais mais preocupados em defender seus interesses próprios do que os anseios e necessidades da sociedade brasileira em acelerado ritmo de transformação. Seu estilo de trabalho, dentro do partido, o conduziram, também, à liderar o processo de disputa na presidência da Câmara dos Deputados. Em entrevista à revista Documento Reservado André Vargas comenta “um pouco” sobre os bastidores do PT e as intenções do partido visando o futuro. Revela, por exemplo, que “Dilma Rousseff é candidata à reeleição e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o principal cabo eleitoral”. Vargas fala sobre o “mensalão” que vem crucificando Lula, o poder do ministro Joaquim Barbosa, as alianças do PT com outros partidos que, antes, eram vistos como o diabo pelo PT e reforma partida. Sustenta que o PT tem um projeto para o governo do Paraná, possivelmente com a ministra Gleisi Hoffmann e que o Paraná precisa de um governo que aponte os caminhos do desenvolvimento para os próximos 20 anos. E não esconde a polêmica em que se envolveu com Olício Dutra. Acompanhe a entrevista. 20 Documento Reservado / Janeiro 2013


PEDRO RIBEIRO

progressista

para governar o Paraná

Documento Reservado – Ao renegar a pregação esquerdista, radical, que marcara sua carreira até então, ao iniciar seu governo, dez anos atrás, Lula desagradou muitos setores do PT, que passaram a vê-lo como um “neoliberal”. Com os ventos favoráveis da economia, no entanto, seu prestígio foi às alturas, e ele abafou o estranhamento. Dilma rompeu com a política econômica de Lula e retomou certo nacionalismo da era Geisel que, na visão do mercado, é o que está na raiz do crescimento pífio dos últimos dois anos. Qual a política econômica que o PT vai defender em 14, a de Lula ou a de Dilma? André Vargas – Lula e o PT sempre debateram o Brasil com uma visão aberta e progressista. Somos de esquerda e democratas. Temos compromisso com a liberdade, sem nos esquecermos da igualdade e, portanto, lutamos contra as desigualdades sociais, e por um estado que garanta direitos sociais. Nosso contraponto é a política neoliberal implementada pelo PSDB, que aprofundou as injustiças sociais, dilapidando o patrimônio público e fragilizando as empresas nacionais. Assumimos o Brasil e fortalecemos um mercado interno de consumo de massas, distribuindo renda e gerando empregos. Isto se deu nos momentos de bonança e mesmo na tempestade da crise de 2008/2009. Agora, já com presidente Dilma Rousseff, continuamos num cenário adverso e tomando medidas anticíclicas importantes. Minha Casa, Minha Vida 2 , redução do preço da energia para pessoas e empresas, redução da fábrica de juros, seja a taxa básica, como nos bancos são alguns exemplos. Não há duas políticas

econômicas, e sim, a atual e a continuidade e aprofundamento daquela iniciada em 2003.

DR – Em 2.005, Lula pediu desculpas aos brasileiros pelo “mensalão”. Depois, passou a negá-lo, dizendo que era uma “farsa”, uma invenção da mídia. Agora, está silente. Quem tem razão: o ex-presidente ou o STF, que impôs condenações rigorosas? AV – Acho que as condenações foram num ambiente de disputa política, em um ano eleitoral, e por espaço na mídia, portanto, distorcidas da realidade dos fatos. Aliás, só no Brasil as sessões da Suprema Corte são transmitidas pela TV. Há países em que nem fotografias das sessões são permitidas. A tese de que foi crime eleitoral é baseada em provas e a tese de compra de apoios no Congresso é fantasiosa e sem provas. Muito se dirá ainda sobre o caso. Vamos dar tempo ao tempo. A história fará justiça.

DR – Da noite para o dia, o ministro Joaquim Barbosa, até há pouco desconhecido da maioria esmagadora da população, passou à condição de herói nacional e aparece bem colocado até em pesquisas para a Presidência da República. O Brasil está à procura de novos padrões morais? AV – Nunca antes na história deste País, usando o bordão de Lula, houve tanta investigação e tanta punição a envolvidos com corrupção. Os números são claros, não sou eu

quem está dizendo. A popularidade de Barbosa, nada mais é que um reflexo disso, e se ele tem interesses políticos, para mim está no lugar errado. Todo cidadão tem direito a se candidatar, mas entendo que o representante da Suprema Corte do País precisa manter-se isento das disputas políticas, para exercer sua função com serenidade. A procura de novos padrões morais começou com o Governo Lula, que fortaleceu a Controladoria Geral da União (CGU), Advocacia Geral da União (AGU) e, em especial, a Polícia Federal, que foi reestruturada, e dada a ela a liberdade para investigar, independente do grau de poder das pessoas envolvidas.

DR – O senhor se irritou com o ex-governador gaúcho Olívio Dutra, do PT, que acusou José Dirceu de negociatas, e disse que José Genoíno não deveria ter assumido o cargo de deputado depois de condenado pelo STF, e a não assumir a vaga. Cobrou dele a mesma compreensão que “todo mundo teve”, na CPI do Jogo do Bicho da Assembleia gaúcha, quando Dutra foi acusado de prevaricar. Sua afirmação soa como uma confissão de que, sem a solidariedade do PT, o companheiro gaúcho não teria escapado da imputação. O que o senhor tem a dizer sobre isso? AV – Eu apenas equiparei as injustiças contra Olívio e, agora, contra Genoíno, dois dos nossos maiores líderes. Naquela época,

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“Precisamos de um governo no Paraná que aponte os caminhos do desenvolvimento para os próximos 20 anos.” 21 Documento Reservado / Janeiro 2013


entrevista

governam ainda têm muita a fazer na construção de um Brasil para os brasileiros. Ter projeto de poder é legítimo e importante para o Brasil, seja do PT, ou de outras forças políticas, desde que o Brasil esteja em primeiro lugar.

“Se Joaquim Barbosa tem interesses políticos, ele está no lugar errado. O presidente da Suprema Corte precisa se manter isento.”

em que a mídia e a oposição tentaram incriminar e condenar sem provas o governador e o PT, houve solidariedade da Direção Nacional, o que foi confirmado posteriormente pela Justiça. Defendo, antes de tudo, que leis sejam cumpridas e que a Constituição seja respeitada integralmente, sem ressalvas. Todas as denúncias precisam ser investigadas, e todo mundo precisa responder quando é alvo desse tipo de acusação, sendo ele governador ou um deputado. Quanto a Genoíno e de outros deputados, condenados pelo STF, assumirem mandados há divergências. Condenação é prerrogativa do STF, mas cassação do mandato, no meu entender, cabe à Câmara. Primeiro, temos que aguardar o julgamento de todos os recursos, para sabermos a amplitude da condenação e seus possíveis recursos. Reafirmo, temos que respeitar a Constituição. 22 Documento Reservado / Janeiro 2013

DR – As alianças do PT com forças consideradas de direita e com desafetos de ontem – o caso Maluf é o mais emblemático – não estariam dizendo que o seu partido se reduziu a um mero projeto de poder, totalmente despido da ideologia que motivou sua criação? Como o senhor definiria o PT dos próximos 10, 20 anos? AV – O PT tem um projeto de Brasil, que está em curso no País, e que nos colocou de pé diante do cenário internacional. Somos mais soberanos, mais justos e mais desenvolvidos do que na era FHC, e entendemos que a coalizão de forças políticas, que hoje

DR – O PT, a toda hora ressuscita o chamado projeto de “controle social da mídia”. Dilma, desautoriza, mas, timidamente. Lula, sempre que pode, estimula. De onde vem isso? No passado, PT não tinha queixas da imprensa, mas, hoje, qualquer crítica, ou mesmo a mera cobertura de fatos negativos para o Governo, é tomada como ofensa, traição até. Por que a plena liberdade de expressão incomoda tanto o partido? AV – Sempre fomos favoráveis e continuaremos a ser favoráveis e defendendo a plena liberdade de expressão, mas, liberdade de expressão de todos, e não apenas de alguns. O que temos hoje, por parte da grande imprensa, não garante os direitos básicos do cidadão, que é o direito à comunicação, bem como de se defender. Entendo que o marco regulatório deve, inicialmente, regulamentar os artigos da Constituição de 1988, que tratam do tema, proibindo o monopólio excessivo, a propriedade cruzada, e garantindo as programações educativas e regionais, que garantam a diversidade cultural, o que já é estabelecido por lei. O que há, hoje, não é isto, e sim, uma concentração brutal. Este é o debate que não deve ser interditado, porque é antidemocrático não discutir isso. Os grandes veículos estigmatizam as posições que não sejam a manutenção da situação atual.

“Em 2013 vamos avançar na reforma política e defendemos o financiamento público de campanha.”


DR – A imagem do Congresso nunca esteve tão ruim. O que as novas mesas da Câmara e do Senado devem fazer para reverter o quadro? AV – Ao contrário do que parece, o Congresso tem feito um trabalho exaustivo na votação de medidas que são importantes para garantir o desenvolvimento do País, como o Minha Casa, Minha Vida, Plano Brasil Maior. Temos polêmicas naturais e conflitos, que precisam ser aparados, e essa deverá se uma das minhas funções se eleito vice-presidente da Câmara. Mas, temos feito um bom trabalho. A mídia, infelizmente, só mostra a exceção, e não a regra. Temos, sim, que mudar essa imagem. Temos projetos importantes a serem cotados nestes próximos anos, como a reforma política, e dar sequência na reforma tributária, promover mudanças do Fundo de Participação dos Municípios, e no índice de reajuste das dívidas dos estados.

DR – O senhor não acha estranho que quase todas as forças políticas do País se alinhem, ou à esquerda do espectro, ou ao populismo, a ponto de praticamente não existir oposição, o que enfraquece a democracia e facilita os projetos de hegemonia, como parece ser o do PT? AV – Como já afirmei, nosso projetos visam a melhoria da vida da maioria da população brasileira, e não apenas de alguns. Como a oposição poderia contestar isso? A oposição é considerada fraca, porque não tem projeto. Nós temos o nosso projeto, aquele que sempre defendemos, e que visa o bem estar da maioria. E isso tem dado resultados. O Brasil passou imune à crise, 16,4 milhões de pessoas saíram da pobreza. O que há de errado nisso? Não é isso que todos desejam?

DR – Por que o Congresso foge da reforma política, sem a qual será muito difícil enfrentar as distorções do sistema que, entre outras mazelas, induzem à corrupção?

“As condenações foram num ambiente de disputa política, em um ano eleitoral, e por espaço na mídia. Distorcidas da realidade.”

AV – Em 2013, temos que avançar na reforma política. É um desafio e um tema fundamental. Nós, do PT, defendemos o financiamento público de campanha. Defendo um fundo público, que também receba doações privadas. A distribuição destes recursos seria feita a partir dos critérios de proporcionalidade do tamanho dos partidos. Há um grande volume de recursos privados, que vão para as campanhas, mas de forma individual, portanto, quem doar, vai doar para a democracia.

DR - Lula já passou a participar da administração de Haddad, em São Paulo. Dilma ou Lula para presidente? AV – A presidente Dilma será nossa candidata à reeleição e Lula, o grande cabo eleitoral da continuidade, e do aprofundamento das transformações em curso no Brasil.

DR – Gustavo Fruet, ao lado do PT, venceu as eleições em Curitiba e, agora, Luizão Goulart saiu-se vitorioso na Região Metropolitana de Curitiba. Isso coloca Gleisi Hoffmann a um passo do Palácio Iguaçu? AV – Temos, sim, um projeto para governar o Paraná, por entendermos que ele deve acompanhar o crescimento social e econômico nacional. Posições retrógradas como tomou, por exemplo, o atual governador em relação à redução das tarifas de energia, não podem ser permitidas, e levam nosso Estado ao atraso. A participação dos nossos quadros nas decisões políticas regionais tem sido cada vez maior, e só visam a melhoria dos municí-

pios e do Estado. Em relação à possível candidatura de Gleisi para o Governo do Estado, há uma grande possibilidade. Ela é uma pessoa extremamente capacitada, tem mostrado isso dia após dia. Mas, ainda temos tempo para definir. O que posso afirmar é que o PT quer formar um bloco progressista para governar o Paraná.

DR – O senador Roberto Requião já manifestou interesse em candidatar-se ao Governo do Estado, em 2014. O PMDB não irá junto com o PT nesta eleição? AV – Acho que seria legítimo e importante que o PMDB tivesse candidato. Eles governaram o Paraná, e com a vitória de Beto Richa, foram para a base de apoio de um Governo que só tenta desconstruir os avanços do Governo Requião. Assim, seria natural que tivéssemos três candidaturas. Seria bom para o debate sobre o Paraná que queremos.

DR – O que falta para o Paraná? AV – Precisamos de um Governo que aponte os caminhos do desenvolvimento para os próximos 20 anos. Que planeje e elabore projetos das diversas áreas: infraestrutura, educação, saúde e muito especialmente ciência e tecnologia, aproveitando as nossas universidades estaduais, e em sintonia com a rede federal, que teve forte expansão nos últimos 10 anos, aqui no Estado. Precisamos de um Governo que tenha cabeça e coração, compromisso de desenvolvimento econômico e com a inclusão social. 23 Documento Reservado / Janeiro 2013


política

Profissão suplente As novas “caras” da Assembleia 24 Documento Reservado / Janeiro 2013


LUCIAN HARO

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mpossados no início de janeiro, os deputados suplentes – que assumem mandatos “tampões” de dois anos na Assembleia Legislativa do Paraná (AL), em substituição a outros parlamentares – começaram a frequentar as sessões plenárias neste mês. Alguns são estreantes na Casa, mas, outros, velhos conhecidos da população paranaenses. São eles: Alceu Maron Filho (PSDB), Tercílio Turini (PPS) e Wilson Quinteiro (PSB), que, na ordem, ocupam as cadeiras deixadas pelos exdeputados Marcelo Rangel (PPS), César Silvestri Filho (PPS) e Reni Pereira (PSB). Eles renunciaram ao cargo para cumprir seus mandatos como prefeitos em Ponta Grossa, Guarapuava e Foz do Iguaçu, respectivamente. O deputado Elton Welter (PT), no entan-

to, vive outra situação. Ele já havia sido empossado no lugar de Augustinho Zucchi (PDT), que também renunciou para assumir a Prefeitura de Pato Branco. E a vaga do deputado licenciado e atual secretário de Estado do Trabalho, Emprego e Economia Solidária, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), será ocupada pelo suplente, deputado Gilberto Martin, do mesmo partido. Na opinião do cientista político do Grupo Uninter, Luis Domingos Costa, essa pode ser uma grande chance para os suplentes, já com vistas nas eleições de 2014. “Para muitos parlamentares, a suplência pode servir como trampolim, e garantir um mandato efetivo. Para outros, no caso, pode ser ainda mais interessante, no sentido de aproveitar o

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política

‘poder’ e consolidar lideranças ou estreitar laços com setores da sociedade, que podem garantir sua eleição”, disse. Segundo o especialista, a condição de

suplente traz mais frutos, ainda, para aqueles que entram na ala governista. Isso, pela participação na formação da Lei Orçamentária Anual e diretrizes orçamentárias do

Estado, podendo, de alguma forma, beneficiar (com obras e investimentos, por exemplo) os municípios que compõe suas bases eleitorais.

O perfil de cada um Tercílio Turini

Nasceu em Jaú (Săo Paulo), em 1944, mas se estabeleceu em Londrina, com a família, que se mudou para a regiăo em 1947. Estudou sempre em escolas públicas e, em 1970, entrou na Faculdade de Medicina na Universidade Estadual de Londrina. Foi presidente do Centro Acadęmico de Medicina e fundador do Diretório Central dos Estudantes. Filiou-se ao MDB em 1974, a convite do entăo prefeito de Londrina, José Richa, e de seu secretário de Obras, Wilson Moreira. Formou-se médico em 1975 e fez especializaçăo em Moléstias Infecciosas em 1976/77. Em janeiro de 1978 foi contratado pela UEL como professor do curso de Medicina, com atuaçăo no Hospital Universitário (HU). Na Universidade exerceu cargos de chefe do Pronto-Socorro do HU, diretor clínico e diretor superintendente. Foi chefe da 17Ș Regional de Saúde no governo de José Richa, no período de 1983-86. Sempre foi militante político ativo no MDB-PMDB e fundador do PSDB em Londrina. Em 1992 foi eleito vereador em Londrina, para o mandato de 1993 a 96, cargo para o qual foi reeleito outras tręs vezes, exercendo mandatos consecutivos até dezembro de 2008. Entre 2000 e 2002 foi presidente da Câmara Municipal de Londrina. Em 2005 mudou para o PPS e em 2010 foi candidato a deputado estadual, ficando como primeiro suplente, com 32.804 votos. Representa a regiăo Norte e a parte do Norte Pioneiro do Paraná, mantendo contatos frequentes com prefeitos dessas áreas. Pretende desenvolver o trabalho na Assembleia em sintonia com as principais necessidades dessas regiőes, com foco especial na área de saúde.

Wilson Quinteiro Nasceu em Maringá em 1971. Casado com Neandra de Castro Vitaliano Quinteiro. É pai de Sofia Vitaliano Quinteiro. Advogado graduado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), atua desde 1994 na área, como especialista em Direito do Consumidor e Direito Eleitoral. Foi militante no movimento estudantil, presidente do Centro Acadęmico do curso de Direito da UEM e diretor do DCE da mesma instituiçăo. Quinteiro é autor de várias açőes em defesa da coletividade, tendo defendido mutuários do Sistema Financeiro de Habitaçăo - SFH, agricultores, consumidores, dentre outros. Na área literária escreveu dois livros: “Do Plano Diretor” e “Ex-presos Políticos: o direito ŕ indenizaçăo perdura”. É também articulista de jornais do Paraná e de outros estados. Eleito com quase 45 mil votos pelo PSB, Wilson Quinteiro foi deputado estadual também pelo PSB de dezembro de 2009 a dezembro de 2010, e secretário de Relaçőes com a Comunidade no Governo Beto Richa, de fevereiro de 2011 a março de 2012. O foco da sua atuaçăo política abrange, principalmente, as áreas da saúde, segurança pública, transporte coletivo, habitaçăo e educaçăo. Representante da regiăo de Maringá, Wilson Quinteiro pretende atuar na defesa de políticas públicas no âmbito de direito sociais e humanos, militando para implementar um novo formato de gestăo das regiőes metropolitanas, com geraçăo de oportunidades e capacitaçăo aos cidadăos. Quinteiro pretende focar seu trabalho no desenvolvimento dos municípios do Paraná através da área social, abrangendo aspectos da segurança pública, saúde e educaçăo, dentre outras áreas.

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Elton Welter Filho de pequenos agricultores do Rio Grande do Sul, Elton Welter nasceu na comunidade de Linha Floriano, em Toledo, em 23 de novembro de 1968. É casado com a professora universitária Nelsi Kistemacher Welter, com quem tem uma filha, Ellen. Foi trabalhando na lavoura com os pais, e estudando no período da noite, que se formou técnico em Agropecuária pelo Colégio Estadual Presidente Castello Branco e, depois, em Filosofia, pela UNIOESTE, ambos em Toledo. Na universidade, estudando as correntes do pensamento político, conheceu o Partido dos Trabalhadores, e aprofundou seus estudos sobre o socialismo, construindo sua trajetória política, baseada na solidariedade, na defesa da ética, do meio ambiente e da pessoa humana, procurando sempre fazer de sua atividade política uma ferramenta de transformaçăo social. Posteriormente especializou-se em Desenvolvimento Regional na mesma UNIOESTE. Foi assessor parlamentar do primeiro vereador eleito pelo PT em Toledo, Aldeni Araújo, de 1993 a 1996. Nesse último ano, Welter é eleito vereador e em 2000 é reeleito com expressiva votaçăo. Foi destaque regional na conduçăo de seu mandato, o que proporcionou as bases de sua vitória nas eleiçőes para deputado estadual de 2002. Consolidou sua reeleiçăo para o segundo mandato de deputado estadual em 2006, ampliando sua votaçăo. A articulaçăo política com as forças sociais do Paraná, o trânsito fácil com as lideranças estaduais e nacionais e o respeito adquirido pela atuaçăo firme e propositiva săo as marcas do segundo mandato. Em sua atividade parlamentar na Assembleia ocupou diferentes espaços de destaque, tais como o de líder da bancada do PT, presidente do Bloco Agropecuário, representante do PT nas comissőes de Constituiçăo e Justiça, Ecologia e Meio Ambiente, Agricultura, e foi também 3ș secretário da Mesa Diretora da Casa.

Alceu Maron Filho Alceu Maron Filho nasceu em 1971, em Curitiba, mas se estabeleceu com a família em Paranaguá, no litoral do Paraná. É formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1994, com posterior especializaçăo em Administraçăo de Empresas pela Fundaçăo Getúlio Vargas (FGV), em Curitiba. Já exerceu o cargo de advogado do Porto de Paranaguá. Sua carreira política começou em 2004, quando foi eleito vereador em Paranaguá pelo PTB, com 1.146 votos. Já esteve filiado ao PMDB e é atualmente presidente do PSDB de Paranaguá. Deputado eleito com mais de 31 mil votos, representa a regiăo do litoral paranaense. Estabelece como prioridade do seu mandato suprir as necessidades das comunidades do litoral, com especial foco nas áreas de saúde e de infraestrutura.

Gilberto Martin Nasceu no dia 28 de fevereiro de 1958, em Catanduva (SP). É casado e pai de dois filhos. Formou-se em Medicina pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), em 1983, especializando-se em Saúde Pública pela Fiocruz, e em Gerontologia pelo Inbrape, e fez mestrado em Saúde Coletiva pela UEL. Na área pública, foi prefeito de Cambé (1993 a 1996), secretário municipal de Saúde daquele município (1983 a 1988), diretor da 17Ș Regional de Saúde de Londrina, em 2003, e superintendente de Gestăo em Saúde (de 2004 a 2007). Como secretário municipal participou do processo da constituiçăo do Sistema Único de Saúde (SUS) e, como prefeito, foi uma das sete primeiras autoridades a receber do Unicef (órgăo das Naçőes Unidas para crianças e adolescentes), em 1996, o título de Prefeito Amigo da Criança, devido a programas voltados para a reduçăo da mortalidade infantil, educaçăo na reduçăo da evasăo escolar, retirada de menores de rua e inclusăo social. No Governo Roberto Requiăo foi secretário da Saúde. O tema da saúde, portanto, será naturalmente uma prioridade na sua atuaçăo como parlamentar.

* As informações sobre os deputados foram conseguidas com a Assessoria de Imprensa da AL.

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política

João Elísio diz que vivemos num momento sem debates de ideias, programas e planos para o Brasil

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usadia, humor e generosidade. Esses são alguns dos atributos que contribuem para que o empresário e exgovernador paranaense, João Elísio Ferraz de Campos, esteja sempre presente no centro da política paranaense. Serviu a José Richa, do qual herdou o Governo do Estado, em 1986, e, num curto período, de apenas nove meses, se transformou em um dos mais destacados governadores do Paraná. Suas ações e seus programas de obras são lembrados até hoje. Depois de presidir a Federação Nacional das Empresas de Seguros (Fenaseg), voltou à política paranaense para coordenar a campanha de Beto Richa, em 2010, contribuindo para que o filho de seu amigo chegasse ao Palácio Iguaçu. João Elísio é um empreendedor. Aos 70 anos, vem ampliando seus negócios no Estado, mas não deixa de lado a sua paixão: a política. Afirma que vai continuar a se envolver com política, por acreditar que esse é o dever de cada um de nós, como cidadãos. “O nosso futuro, o futuro do nosso País, sempre vai passar pela política e, por isso, todos precisam participar, apoiando ou discordando”, disse.

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Na entrevista à revista Documento Reservado, João Elísio disse acreditar que é preciso tirar o peso do Estado sobre os ombros de cada um, e isso só vai acontecer, se a pressão da sociedade sobre os governantes for grande o suficiente, para que eles promovam as reformas necessárias ao País, como a política, a tributária, a trabalhista e a previdenciária. O ex-governador chama a atenção, também, para a política econômica, onde vê aeconomia crescendo muito menos que as expectativas. “Não vejo o tema ser tratado com a seriedade que merece, quando o nosso desempenho recebe apelidos como “pibinho” e “pibão”. Não se discute a questão a fundo como, por exemplo, a nossa falta de competitividade, que se evidencia, agora, muito mais com o mundo em crise”, avalia. Fala também sobre sucessão presidencial e estadual, e critica o profissionalismo na política, onde a maioria esqueceu que o líder não pergunta para os liderados por onde devem ir. Ele aponta o caminho e todos os seguem. Acompanhe a entrevista:

DR – Desde que estourou o caso do “mensalão”, em 2005, a oposição parece que saiu de

campo, entrou em greve e não voltou mais para o trabalho. O senhor concorda? JE – Não sei se cabe analisar individualmente a oposição. Parece-me que seria mais correto, tentar olhar para o contexto político como um todo, e não apenas para o comportamento da oposição ou da situação, em particular. A verdade é que vivemos, já há algum tempo, um período em que os lados antagônicos esgotam todos os seus esforços, no objetivo de manter ou conquistar o Poder. E, isso, acontece em todas as esferas administrativas. Não se veem debates de ideias, programas, planos para o País, os estados ou os municípios. Perdeu até o sentido rotular as pessoas, como de esquerda ou de direita, quando as alianças, para fins eleitorais, se fazem hoje, com os adversários de ontem e, amanhã, com os de hoje. E isso não é de agora. Desde que me entendo por gente, a política funciona assim. E, nós não tivemos, até agora, vontade ou competência para fazer uma reforma que dê, ao País, um sistema político voltado para os interesses da Nação, e não de acordo com os interesses de quem comanda as votações no Congresso Nacional. Não é o caso de voltar ao


PEDRO RIBEIRO

bipartidarismo dos tempos de Arena e MDB, e sim, de estabelecer regras e princípios que dificultem o aluguel de siglas.

“As campanhas eleitorais deixaram de ser propaganda política para se transformarem em marketing político. Não se debatem ideias, propostas, mas apenas procura-se dizer o que as pesquisas informam o que os eleitores querem ouvir.”

DR – As campanhas políticas, hoje, são verdadeiras guerras. Como o senhor vê as campanhas políticas no Brasil? JE – Com a evolução dos meios de comunicação, as campanhas eleitorais, por exemplo, deixaram de ser propaganda política, para se transformarem em marketing político. Não se debatem ideias, propostas, mas apenas, se procura dizer o que as pesquisas informam que os eleitores querem ouvir. Não se tenta conquistar o eleitor com o que pensamos e consideramos o melhor para a sociedade. Tenta-se, isso sim, atraí-lo com as propostas que ele próprio informou que são melhores para ele, como indivíduo. A grande maioria dos políticos esqueceu que o líder, não pergunta para os liderados por onde devem ir. Ele aponta o caminho e todos os seguem. Esqueceram que o verdadeiro estadista, não é o que faz o que o povo quer; mas o que faz o que o povo precisa. Confundem senso comum com bom senso, que são duas coisas completamente diferentes. O primeiro é muito usado pelos demagogos; o segundo é mais raro.

João Elísio Ferraz de Campos)

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29 Documento Reservado / Janeiro 2013


política

DR – Como o senhor está vendo a sucessão no Brasil e no Paraná?

DR – O Congresso Nacional e os políticos estão desgastados. O senhor concorda?

JE – Diante do quadro em que as eleições tem se desenrolado no Brasil, e qualquer prognóstico sobre os possíveis futuros eleitos, é puro palpite. Estarão em jogo muitos fatores, e vai depender de como os marqueteiros venderão os candidatos para os eleitores, e se eles comprarão a mercadoria. É, claro que, se olharmos os índices de aprovação de governantes, como a presidente Dilma Roussef e o governador Beto Richa, é muito difícil acreditar, hoje, que eles perderão as eleições. Mas, vai ter campanha e adversários, e isso muda muito a situação.

JE – Não se pode generalizar. Quando critico determinado comportamento, faço isso com certo constrangimento. Tenho amigos políticos, gosto de política, exerci mandatos eletivos e cargos públicos, e vou continuar a me envolver com política, porque acho que esse é o dever de cada um de nós, como cidadãos. O nosso futuro, o futuro do nosso País, sempre vai passar pela política e, por isso, todos precisam participar, apoiando ou discordando. Nós precisamos tirar o peso do Estado sobre os ombros de cada um de nós, exigir que ele dê muito mais atenção à saúde, à educação e à segurança pública, e deixe de se intrometer em áreas em que já provou sua ineficiência, como, por exemplo, a recente criação de uma empresa estatal, na área de seguros, quando o setor privado dispõe de plena capacidade para atender a demanda.

DR – O Supremo Tribunal Federal investiu, com dureza, em cima de políticos com passagens duvidosas pela Câmara e Senado. É o caso do “mensalão”. Este fato mexeu com o Brasil. JE – O julgamento do “mensalão”, um fato histórico e exemplar na vida Nacional, colocou à mostra, as desavenças entre Poderes, que devem ser harmônicos em qualquer República. Alguns parlamentares estimulam uma espécie de “desobediência civil”, em relação à cassação automática dos deputados condenados, exacerbando ainda mais a desilusão que a sociedade tem com os seus representantes. Os que se manifestam dessa forma se comportam com espírito meramente corporativista, como se o Congresso não devesse expressar o sentimento e a vontade dos eleitores e, sim, os seus próprios interesses.

DR – Como o senhor vê as reformas, hoje, no País? JE – A mudança de comportamento do Governo, que passa fundamentalmente pelo Congresso Nacional, só vai acontecer se a pressão da sociedade sobre os governantes for grande o suficiente, para que eles promovam as reformas necessárias ao País, como a política, a tributária, a trabalhista, a previdenciária e outras mais; ou seja, transformar o Brasil numa Nação moderna, capaz de crescer e promover o bem estar social de seus habitantes.

DR – Por que o Brasil não cresce? Ou, por que o Brasil cresce menos que países latinoamericanos? Ainda: o Brasil vem perdendo competitividade. Aguentará por muito tempo? JE – A economia está crescendo muito menos que as expectativas, e não vejo o tema ser tratado com a seriedade que merece, quando o nosso desempenho recebe apelidos como “pibinho” e “pibão”. Não se discute a questão a fundo, como, por exemplo, a nossa falta de competitividade, que se evidencia, agora muito mais, com o mundo em crise. Estamos crescendo muito menos que precisamos. E, se estivéssemos crescendo mais, teríamos condições de colocar os nossos produtos nos mercados com a infraestrutura que temos, com as estradas que temos, os portos que temos, além do fantasma de apagões de energia, se a demanda crescer? Temos que concentrar os nossos esforços para reverter essa situação. O mundo todo está cada vez mais competitivo e não iremos avançar muito, sendo umas das maiores economias do mundo, se continuarmos a ocupar os últimos lugares, em competitividade e educação. Antigamente, os “fatores de produção”, ensinavam os manuais de economia, eram natureza, capital e trabalho. Com eles, se fazia desenvolvimento. Hoje, há abundância de capital, o trabalho é cada vez mais substituído pelas máquinas e por processos – é só observar o que aconteceu na agricultura – e há segmentos que, praticamente, substituíram a natureza pelo conhecimento, como insumo, com o advento da era digital. É im-

“Perdeu até o sentido rotular as pessoas, como de esquerda ou de direita, quando as alianças, para fins eleitorais, se fazem hoje com os adversários de ontem e, amanhã, com os de hoje.”

30 Documento Reservado / Janeiro 2013


portante ser um dos maiores produtores mundiais de veículos automotores, mas, nesses quase 60 anos de indústria automobilística no Brasil, qual a contribuição da nossa inteligência, do nosso conhecimento, no desenvolvimento dos projetos, com exceção do motor a álcool? Ainda não há um carro brasileiro. Somos montadores.

DR – O Brasil está avançando na educação? JE – A educação em nosso País atingiu quase toda a população. Praticamente, erradicamos o analfabetismo, e isso é muito bom. O fundamental, daqui para frente, é trabalhar para melhorar a qualidade, para formarmos quadros de excelência e, acima de tudo, cientistas, porque, não há dúvidas, o desenvolvimento econômico e social dos povos vai passar, essencialmente, pelo conhecimento que detiverem e pelos processos tecnológicos que forem capazes de criar.

DR – O que falta para os governantes darem tranquilidade econômica para o País? JE – Para mim, que sou por natureza otimista, o que me preocupa é a deterioração de certos fundamentos instituídos a partir dos anos 90, e que foram os esteios da estabilização econômica e do crescimento, que nos possibilitou desenvolver os programas sociais de que o ex-presidente Lula tanto valoriza, como obra de seu Governo. A presidente Dilma parece não ter a mesma visão de seu antecessor, que colocou, no Banco Central, o Henrique Meirelles, seguidor e guardião dos fundamentos instituídos em governos anteriores, que deram tranquilidade para o País equilibrar as suas contas e se desenvolver. Agora, já

“Esqueceram que o verdadeiro Estadista não é o que faz o que o povo quer; mas o que faz o Que o povo precisa. Confundem Senso comum com bom senso, que são duas coisas diferentes. O primeiro é muito usado pelos demagogos; o segundo é mais raro.”

se fala em afrouxar a Lei de Responsabilidade Fiscal, e o Ministério da Fazenda usou artifícios para fechar as contas do Governo, no ano passado, que o articulista da Folha de São Paulo, Alexandre Schwartzman chamou, em um artigo, de “macumba fiscal”. A manobra não foi ilegal, obviamente, mas mascara os números, se comparados com a prática dos anos anteriores. Esses episódios, somados à deterioração das contas da Petrobras pelas administrações políticas, que ocuparam os seus principais cargos; os artifícios para segurar a inflação, já quase fora de controle com a contenção dos preços de combustíveis; e o adiamento dos reajustes de tarifas nos transportes urbanos; a marcha lenta do PAC; as dúvidas sobre as agências reguladoras, que, na, maioria não conseguem melhorar os serviços que regulam, como telefone, por exemplo; e sobre a execução de projetos, em que a frouxidão ou excesso de exigência atrai interessados menos habilitados ou afasta os mais capazes, tudo isso tem criado um clima de insegurança para os investidores e analistas e, alguns, já se mostram apreensivos com a capacidade do Governo de manter a inflação sobre controle, que foi talvez a maior conquista da sociedade brasileira a partir dos anos 60 do século passado. O Governo devia levar em conta, volto a repetir, que foi o desempenho da economia, o esforço da iniciativa privada, e o firme controle dos fundamentos econômicos, que permitiram a ampliação dos programas sociais – tão caros ao principal partido de sua base de apoio – e nos fizeram avançar com consistência.

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política

Fruet com caixa furado e dívidas de R$ 446 milhões

um rombo de quase R$ 447 milhões,

A equipe de Gustavo Fruet revela que há sendo que R$ 174 milhões foram empenhados pela administração anterior, e os outros R$ 272 milhões em dívidas que estão sem empenho ou previsão orçamentária. Situação que está sendo levada pelo prefeito ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas para responsabilizar a gestão anterior

O

prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), expôs ao público, durante pronunciamento feito no dia 04 de fevereiro, na abertura dos trabalhos da Câmara Municipal, as dificuldades que enfrentará para administrar Curitiba. Considerou como “quadro preocupante” a situação econômico-financeira do Executivo municipal, ao revelar que há “um rombo de quase R$ 447 milhões nos cofres da Prefeitura, com dívidas a pagar”. Ele enumerou uma dezena de problemas em diversos setores, e contou que o prefeito anterior não deixou caixa disponível para quitar essas dívidas. “Vou aproveitar esta oportunidade para apresentar um breve balanço dos nossos primeiros 30 dias à frente da administração municipal. Conforme prometido, no prazo de 100 dias, divulgaremos um amplo diagnóstico da real situação em que assumimos a Prefeitura. Mas, já tenho condições de adiantar algumas informações”, disse. Segundo Gustavo, ao longo dos últimos anos, Curitiba foi perdendo a tradição de fazer obras de qualidade, com economia e praticidade, entregues no prazo. “Logo nos primeiros dias de gestão, já nos deparamos com uma série de heranças, que confirmam a falta de critério e planejamento”, disse, citando alguns exemplos, como as obras de reforma e ampliação do Mercado Municipal, que foram entregues no dia 15 de dezembro do ano passado, e que apresenta várias falhas estruturais, “que já estão sendo corrigidas, porém, representam prejuízo para o Município”. De acordo com o pedetista, são vidros quebrados, azulejos mal assentados, calçadas sem acessibilidade e com afundamento, que preocupam

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frequentadores e comerciantes. “Ao todo foram investidos R$ 6 milhões na obra”, contou. Em entrevista à revista Documento Reservado, o prefeito Gustavo Fruet (PDT), revelou que enviou à Câmara pedido de crédito suplementar no valor de R$ 63,7 milhões e que a prioridade será dada para fornecedores e prestadores de serviços das áreas de saúde, educação e assistência social. “Muitos destas empresas não estão conseguindo honrar o pagamento dos salários de seus funcionários. Não é justo que os mais humildes paguem pela irresponsabilidade de administradores”, comentou. Fruet disse ainda que nestes primeiros dias de gestão, “tivemos que agir rápido para evitar paralisações em vários setores, inclusive serviços essenciais nas áreas de saúde, educação e transportes”. Acompanhe a entrevista:

“Tivemos que agir rápido para evitar paralisações em vários setores, inclusive serviços essenciais nas áreas de saúde, educação e transporte.” Gustavo Fruet

DR – Chega a ser desesperador (panorama sombrio) o rombo no caixa deixado pela administração anterior? Gustavo Fruet – No discurso de abertura dos trabalhos na Câmara Municipal, apresentei parte do panorama que encontramos. Curitiba sempre teve uma tradição de estabilidade em suas finanças. Portanto, historicamente a situação atual é, no mínimo, desconfortável. Compromissos assumidos por nossos antecessores não foram honrados e as faturas atrasadas agora são cobradas sob ameaça de paralisação de serviços.

DR – Qual o valor total apurado até agora e quais as áreas cujos compromissos não foram honrados? Gustavo Fruet – A equipe de transição trabalhava com um valor próximo de R$ 130 milhões de restos a pagar e de despesas não empenhadas, com a maior parte prevista em orçamento. Passados 30 dias, este valor já passa de R$ 446 milhões, sendo que apenas R$ 174 milhões foram empenhados pela administração anterior. Ou seja, temos R$ 272 milhões sem empenho ou previsão orçamentária. Temos dívidas em quase todas as áreas. Coleta e transporte de lixo R$ 72 milhões, merenda escolar R$ 23 milhões, limpeza e conservação predial R$ 23 milhões. Só na Secretaria de Saúde, a dívida é de R$ 97 milhões. Por meio da contenção de gastos, estamos trabalhando para evitar que estes valores comprometam o orçamento de 2013, e todo nosso mandato.

DR – Em casos como saúde e educação, a Lei de Responsabilidade Fiscal impede que o


PEDRO RIBEIRO E NORMA CORRÊA

município obtenha a “certidão negativa do Tribunal de Contas”, para tocar o barco. Isto ocorreu em Curitiba? Gustavo Fruet – Todas estas informações relativas aos restos a pagar, sem empenho, estão sendo repassadas ao Ministério Público e Tribunal de Contas, para que providências sejam tomadas de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Código Penal. Estamos nos precavendo para evitar que o Município fique impedido de receber recursos ou contratar empréstimos por conta de pendências deixadas pelos nossos antecessores.

DR - O senhor vai pagar os fornecedores? Existem “manobras” financeiras para isso? Gustavo Fruet – Não se trata de manobra. Não tem milagre. Na sexta-feira (01), enviamos à Câmara um pedido de abertura de crédito suplementar, no valor R$ 63,7 milhões. Este recurso será utilizado para quitar parte das despesas não empenhadas (restos a pagar não precisam de crédito suplementar), que nos foram deixados. A prioridade será dada para fornecedores e prestadores de serviços das áreas de saúde, educação e assistência social. Muitos destas empresas não estão conseguindo honrar o pagamento dos salários de seus funcionários. Não é justo que os mais humildes paguem pela irresponsabilidade de administradores. Parte deste crédito também será usada para honrar a contrapartida do município, e liberar financiamentos do Paraná Cidade, PAC da Copa, Cohapar, FDU, Agência Francesa de Desenvolvimento. Hoje, muitos destes financiamentos estão bloqueados, justamente, por falta desta contrapartida. No caso de restos a pagar, o pagamento está sendo feito por ordem cronológica e despesas, que exigem continuidade e serão pagos por interesse público, como medida de defesa da economia popular, cujo valor, por fornecedor é de até R$ 10 mil. Portanto, o resto a pagar que estamos pagando, em ordem cronológica, e casos de despesas continuadas, somam R$ 174,6 milhões e as despesas não empenhados somam R$ 271,7 milhões, totalizando R$ 446,3 milhões.

DR – O bombeiro de plantão já apagou o incêndio da Câmara?

Gustavo Fruet – Neste início de gestão, já demonstramos nossa disposição em manter diálogo constante com o Legislativo, respeitando sua soberania. Nossa Câmara passou por momentos nebulosos recentemente. Espero que estas práticas permaneçam no passado. Temos que dar um crédito aos novos vereadores.

DR – Richa, em carta marcada, prorrogou o subsídio para o transporte coletivo. Agora vem uma pancada com aumento do Diesel. Como o senhor fará para contornar esta situação, já que terá que reajustar o preço das tarifas? Gustavo Fruet – Importante destacar que o subsídio não foi prorrogado. O que o governador anunciou foi apenas a confirmação do acordo firmado com meu antecessor. Já pedimos a renovação do subsídio e, até o momento, não recebemos retorno. Além do aumento dos combustíveis, incidirão na tarifa técnica, o fim da jornada dupla – assinado no final de 2012, depois da própria gestão têlo implantado e mantido por ano –, a database de motoristas e cobradores, a renovação da frota e o rombo no sistema, que pode passar dos R$ 100 milhões.

DR – Com o dissídio coletivo de motoristas e cobradores, o senhor não poderá experimentar a primeira greve – ou confusão – na sua administração? Gustavo Fruet – Nestes primeiros dias de gestão, tivemos que agir rápido para evitar paralisações em vários setores, inclusive serviços essenciais nas áreas de saúde, educação e transporte. Nossa disposição é sempre pelo diálogo. Temos um grande passivo que nos foi deixado e estamos buscando a melhor forma de equacioná-lo, sem gerar prejuízo para empresários, trabalhadores ou usuários do sistema.

DR – O senhor trouxe alguma coisa de Brasília para Curitiba? Gustavo Fruet – Temos tratativas em andamento para trazer investimentos para Curitiba. Para não atrapalhar nas negociações, vamos esperar até que estejam concretizadas para anunciar. Em breve teremos boas notícias.

Ducci afirma que deixou dinheiro em caixa

Em nota, o ex-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), reagiu ŕs acusaçőes do prefeito Gustavo Fruet (PDT) sobre os números da dívida do município divulgados na Câmara de Curitiba. Esclarece que deixou para a atual administraçăo R$ 250 milhőes em caixa e R$ 4,1 bilhőes garantidos para novos investimentos em todas as áreas, recursos captados junto ŕ Uniăo, Estado, Agęncia Francesa de Desenvolvimento e BID. “Entreguei 7,5 mil e deixei outras 150 em andamento, com recursos assegurados, para serem inauguradas neste ano. Todas as exigęncias da Lei de Responsabilidade Fiscal e prazos legais foram obedecidos”, disse. O relatório de prestaçăo de contas da LRF já foi enviado aos órgăos de fiscalizaçăo e controle, como o Tribunal de Contas do Estado, e publicado no site oficial e Diário Oficial da prefeitura.”Dos R$ 400 milhőes de compromissos a pagar que ficaram para 2013, R$ 200 milhőes se referem a despesas continuadas efetuadas no męs de dezembro que só podem ser pagas em janeiro devido ao trâmite burocrático da administraçăo municipal, que demora em média 30 dias”. “Ou seja, metade do valor năo poderia ser quitado no final do ano por questőes legais. O restante da dívida equivale a parte de arrecadaçăo do męs de janeiro e pode ser paga pela atual administraçăo sem inviabilizar novos investimentos. Os restos a pagar fazem parte do processo contábil de todos os órgăos públicos e ocorrem em todos os governos”. “O prefeito Gustavo Fruet precisa entender que a campanha eleitoral terminou. A maioria da populaçăo votou nele e quer ver trabalho, cumprir o que prometeu. Essa estratégia de criticar o antecessor, em vez de mostrar soluçőes, programas e idéias criativas para atender a populaçăo com mais qualidade, é uma prática política antiga que contradiz o discurso de uma gestăo que se apresenta como inovadora”.

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política

LUCIAN HARO

Vergonha na cara Assumindo segundo mandato como presidente da AL, Rossoni elege transparência e modernização como prioridade de nova gestão

A

o assumir a presidência da Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado Valdir Rossoni (PSDB) voltou a fazer provocações: “não tenho medo de cara feia. Para se fazer faxina moral é preciso ter vergonha na cara”, disse em seu pronunciamento, referindo-se à nova fase que vive o Legislativo paranaense. Cumprindo o que manda a Constituição do Paraná, o vice-governador Flávio Arns, que, na cerimônia de posse, representou o governador Beto Richa (PSDB), fez uma prestação de contas do exercício de 2012, expondo a atual situação do Estado e elogiou a atuação da Casa. Segundo Arns, “o sucesso, o diálogo e o entendimento são marcas do Poder Legislativo paranaense”, características, que disse desejar que continuem presentes no trabalho institucional. O vice-governador fez, ainda, uma breve apresentação das prioridades do Governo, destacando que o Paraná registra significativa redução nos índices de mortalidade materna e de mortalidade infantil. Na avaliação de Arns, esses números demonstram a preocupação do

Valdir Rossoni: sem medo de cara feia

Estado com a qualidade de vida dos paranaenses, bem como os investimentos que estão sendo feitos na Educação, na Segurança e no incentivo à agricultura familiar, entre outras áreas. Em seu pronunciamento em plenário, Rossoni garantiu que vai dar continuidade às

medidas de transparência e modernização iniciadas em fevereiro de 2011. O presidente destacou, também, que a chapa que assume a Mesa Executiva, neste momento, é resultado de um amplo diálogo e da construção de um entendimento com as bancadas no Legislativo.

A nova Mesa Executiva, eleita ainda em 16 de outubro do ano passado, ficou constituída da seguinte forma:

Presidente

3ș Vice-presidente

3ș Secretário

Deputado Valdir Rossoni (PSDB)

Deputado Nelson Luersen (PDT)

Deputado Gilson de Souza (PSC)

1ș Vice-presidente

1ș Secretário

4ș Secretário

Deputado Artagăo Júnior (PMDB)

Deputado Plauto Miró (DEM)

Deputado Fábio Camargo (PTB)

2ș Vice-presidente

2ș Secretário

5ș Secretário

Deputado Douglas Fabrício (PPS)

Deputado Ademir Bier (PMDB)

Deputado Gilberto Ribeiro (PSB)

34 Documento Reservado / Janeiro 2013


política

DA REDAÇÃO

Dilma não discrimina oposição e Richa sugere caminhar juntos

S

e o PSDB é um partido de oposição ao Governo Federal, no Paraná, o governador Beto Richa, não deixou transparecer e, na presença da presidente Dilma Rousseff (PT), disse que o tempo das perseguições ficou para trás, e que o momento é de dar as mãos e caminhar rumo ao mesmo objetivo, que é o desenvolvimento econômico e social do Paraná. Na mesma linha de pensamento, a presidente Dilma afirmou que “o tempo em que o governante olhava para o governador ou o prefeito perguntando de que partido ele era passou. Hoje, jamais olhamos para opção política, religiosa ou esportiva do prefeito ou do governador. Isto não pode ser critério para que nós façamos, ou não, parceria, porque quem nos elegeu – a mim, ao governador e aos prefeitos – tem um nome só: é o povo deste País”. As observações política partidárias foram feitas durante a abertura do Show Rural, no dia 04 de fevereiro, em Cascavel. “É uma visão absolutamente patrimonialista e oligárquica achar que o Estado, ou os recursos do Estado pertencem ao governante. Eles pertencem ao povo deste País e é para eles que temos que olhar”, disse a presidente. Dilma ficou surpresa com a qualidade da feira, organizada pela Cooperativa Agroindustrial de Cascavel, que serve como vitrine para as empresas apresentarem aos produtores rurais, novos equipamentos e tecnologias. “A feira coloca à disposição do Brasil inteiro o que tem de melhor em tecnologia agrícola”, disse Dilma, e garantiu que o Governo Federal vai ampliar os recursos e baixar juros para o setor agrícola. Segundo a presidente, que partici-

pou de cerimônia de entrega de 29 retroescavadeiras a municípios paranaenses, os valores recordes destinados na safra 2012/2013, serão ainda maiores neste ano. “Tanto o Plano Agrícola, quanto o da Agricultura Familiar, terão mais recursos do que este ano”, garantiu a presidente. Durante a safra 2012/2013, foram investidos R$ 115 bilhões por meio do Plano Agrícola e Pecuário e R$ 18 bilhões por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ). De acordo com a presidente, os novos recursos

para o setor agrícola serão anunciados em maio. Além da ampliação dos recursos, a presidente também garantiu que haverá redução de juros. “Sem essas duas questões, fica muito difícil para o produtor fazer face às suas necessidades, tanto para o mercado doméstico, quanto para o mercado internacional. A presidente salientou que uma das medidas do Governo, que tiveram impacto positivo no resultado do setor foi o Programa de Sustentação de Investimento (PSI), que reduziu de 5,5% para 2,5% os juros cobrados no financiamento.

“Os grandes programas e recursos do Governo Federal pertencem ao povo deste País e é para eles que temos que olhar.” Dilma Rousseff

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política

PEDRO RIBEIRO

A estrela de Luizão O

prefeito de Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), Luiz Goulart (PT), o professor Luizão, vem surpreendendo os meios políticos paranaenses. Primeiro, foi sua reeleição, nas últimas eleições, quando bateu recordes de votos em todo o País - 68.802 (93,7%) dos votos válidos, a maior aprovação no Brasil. Agora, voltou a mostrar que é bom de voto e foi eleito como novo presidente da Associação Municipal da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec), que engloba 29 municípios localizados no entorno da Capital paranaense. Luizão obteve 14 votos, número igual também recebido pelo candidato e prefeito de Almirante Tamandaré, Aldnei Siqueira (PSD). A Comissão Eleitoral, formada por três prefeitos, decidiu, então, pela eleição de Luizão, utilizando como critério de desempate, o quesito idade, e Luizão é o mais velho. A disputa pela Assomec é um termômetro para as eleições ao Governo do Estado, no próximo ano, quando estarão concorrendo Beto Richa (PSDB) – reeleição – e a petista Gleisi Hoffmann, atual chefe da Casa Civil do Governo Dilma Rousseff. Mais uma vez, o PT saiu vitorioso, já que Gustavo Fruet (PDT ), com o apoio petista, venceu o

A Comissão Eleitoral, formada por três prefeitos, decidiu, então, pela eleição de Luizão, utilizando como critério de desempate, o quesito idade, e Luizão é o mais velho candidato Luciano Ducci (PSB), apoiado pelo governador Beto Richa. Na disputa pela presidência da Assomec, Richa estava sendo representado por Siqueira, enquanto Gleisi apoiava Luizão. Para o eleito, a disputa foi apertada porque teve a interferência direta do Palácio Iguaçu.

Luizão é um cidadão simples. Nasceu em Jandaia do Sul, interior do Estado, trabalhou na lavoura, foi mecânico, motorista de caminhão, até chegar a professor – é formado em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná – vereador, deputado estadual e prefeito.

A disputa pela Assomec é um termômetro para as eleições ao Governo do Estado, no próximo ano, quando estarão concorrendo Beto Richa (PSDB) – reeleição – e a petista Gleisi Hoffmann, atual chefe da Casa Civil do Governo Dilma Rousseff. Mais uma vez, o PT saiu vitorioso, já que Gustavo Fruet (PDT), com o apoio petista, venceu o candidato Luciano Ducci (PSB), apoiado pelo governador Beto Richa.

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política

LUCIAN HARO

Candidatos ao Parlamento italiano

A

quase um mês das eleições gerais, que vão escolher os novos senadores e deputados do Parlamento italiano, três candidatos paranaenses destacam-se na disputa. São eles: o conselheiro do Conselho Geral dos Italianos no Exterior (CGIE), Walter Petruzziello, – concorrente ao Senado -, a ex-vereadora de Curitiba, Renata Bueno, e o advogado, Luis Molossi, (esses dois últimos candidatos à uma vaga na Câmara de Deputados). O processo eleitoral está marcado para ocorrer entre os dias 23 e 24 de fevereiro, mas os italianos residentes no Brasil tem só até o dia 21 para votar. Petruzziello e Molossi compõem o Movimento Associativo Italia al Estero (Maie), frente de tradição política na Itália, e que tem participação ativa nas comunidades italianas da América do Sul. Petruzziello, em entrevista à Gazeta do Povo, afirmou que o movimento é de centro e, a princípio, está aliado ao exprimeiro-ministro Mario Monti, que concorre na lista cívica Scelta Civica. Já o advogado Luis Molossi, conselheiro eleito e coordenador da Comissão Jovem do COMITES PR/SC, disse ao Documento Reservado que, caso eleito, vai defender, principalmente, os interesses dos ítalo-brasileiros. “A comunidade italiana questiona, e com razão, as disparidades no tratamento dado aos ítalobrasileiros. Estamos sofrendo reduções constantes nos recursos disponibilizados para a língua e a cultura. Tivemos algumas melhorias nos números das cidadanias, mas ainda falta muito a ser feito e não podemos deixar de cobrar que esse direito seja estendido a todos”, disse. Do outro lado do muro, Renata Bueno integra, junto com outros sete candidatos, a lista cívica União Sul-Americana dos Emigrantes Italianos (Usei). A exvereadora destaca que é uma das poucas candidatas jovens e que também “busca fortalecer os laços culturais entre o Brasil e a Itália”.

Luis Molossi

Walter Petruzziello

Voto facultativo Diferente do que acontece no Brasil, na Itália, o voto é facultativo e, por isso, os italianos residentes no País, interessados em participar do processo eleitoral, tem até o dia 6 de fevereiro para requerer as cédulas de votação e até o dia 21 para enviá-las ao seu consulado. Ao todo, cerca de 350 mil pessoas podem votar em todo o País. Outra diferença é que, voto na Itália, é pelo sistema de lista fechada, no qual os eleitores votam em uma lista de representantes – equivalente às nossas legendas. As cadeiras são distribuídas de acordo com a lista. Entretanto, para as vagas destinadas a estrangeiros, o sistema é por lista aberta. O eleitor deve votar em uma das listas disponíveis e destacar um dos candidatos. As vagas são distribuídas de acordo com os votos das listas, e os ocupantes das cadeiras são os mais citados.

Renata Bueno

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política

Sob a égide da midiocracia, as notícias que foram

MANCHETES A

morosidade da Justiça e a impunidade existente no Brasil, principalmente na política, onde os escândalos se sucedem com os mesmos personagens e nada acontece, dá a impressão de que os brasileiros são fantoches nas mãos dos poderosos. Há quem reclame de sensação viva de que, aos poucos, vão sugando, com canudinho, o pouco que resta de

sensatez na memória, pulverizada com promessas e mentiras de que “o País está mudando”. A mídia investe pesado nas denúncias, impulsionada pelo comportamento das pessoas que ainda acreditam na justiça pelas mãos dos homens. Enquanto isso, a demora da Justiça e a legislação processual brasileira dificultam as tomadas de decisões firmes, que deve-

Para refrescar a memória: Cadê o Bibinho, o Abib Miguel, personagem principal do longa metragem dos famigerados Diários Secretos

riam colocar na cadeia, corruptos e corruptores, a exemplo do que acontece com os “ladrões de galinhas”. Ao invés disso, o que o brasileiro vê, são “as pérolas no Judiciário, e mentiras nos Poderes” que administram estados e municípios, e nos legisladores que, usam marketing mercadológico, procurando enganar, cada vez mais evidente, os eleitores. A situação lembra, com curiosidade, discursos como o de Gettysburg, de Lincoln (Abraham Lincoln, ex-presidente dos Estados Unidos, de março de 1861, até seu assassinato em abril de 1865), onde prega um governo do povo, pelo povo e para o povo, consagrado ao princípio de que todos os homens nascem iguais. Isso leva à suposição que, ao menor desvio de conduta, a punição vem a passos largos. Ou, mesmo o discurso de posse de John Kennedy (também ex-presidente dos Estados Unidos, de 20 de janeiro de 1961, até seu assassinato em 22 de novembro de 1963): “a tocha passa para uma nova geração” que, em um dos trechos diz que uma sociedade livre deve lutar contra os inimigos comuns da humanidade, ou seja, a tirania, a pobreza, a doença e a própria guerra. Herança maldita Roberto Requião (PMDB), quando governou o Estado, dizem, deixou uma herança maldita aos paranaense, calculada em mais de

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JOSÉ SANTAFÉ

100 processos por parte das concessionárias de rodovias pedagiadas, resultando em milhões de reais. Dinheiro esse que sai do bolso do contribuinte. Esses processos tramitam ou dormitam nas gavetas do Poder Judiciário, até ganhar maioridade – cinco anos – e caducar. Os processos desaparecem, mas a conta deles sai do bolso do contribuinte. Tais peripécias de um governante ousado, resultam em prejuízo ao erário público, que deixa de investir recursos em áreas prioritárias como educação e saúde, para pagar dezenas de advogados e cartórios “famintos”. As patuscadas dos legisladores, dos executivos do Poder Público principalmente dos políticos de carreira, “sem qualquer compromisso com o povo”, acabam, em poucos dias, desaparecendo da memória dos homens de bem. Então, vem um novo apagão. Um mal de Alzheimer (secreto) apagando a memória do povo. Sob a égide de um suposto controle da imprensa, a estratégia da manipulação midiática, a opinião pública desvia (ou sepulta?) a atenção de fatos relacionados aos corruptos, às tragédias ou escândalos mais importantes que valeram manchetes nos jornais. Não seria a mídia a culpada pela divulgação de matérias decididas por pauteiros e editores elitizados, políticas e econômicas, utilizando técnicas do dilúvio e inundações, de contínuas distrações e das triviais informações insignificantes, todas e todos fadados/as ao esquecimento? Sumiram pelos labirintos da história desmemoriada da vida de estudante... Procuramse os caras pintadas. Onde eles estão que, há mais de 20 anos saíram às ruas dizendo que iam derrubar o presidente da República? E conseguiram... Uma coisa é quase certa, a mobilização dos contestadores atuais invadem as redes sociais, presume-se que até remunerados, incluídos aí “aspones da Corte” ou coleguinhas “chapas brancas”, que defendem aqueles de sua preferência. Por exemplo, a >>

Roberto Requião, quando governou o Estado, nos deixou uma herança maldita calculada em mais de 100 processos por parte das concessionárias de rodovias pedagiadas, resultando em milhões de reais

Apenas um parlamentar foi processado, preso e solto, o deputado radialista e de TV, que tinha o programa Casa do Povo, Carlos Simões

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política

Vemos apenas pérolas no judiciário e mentiras nos poderes que administram estados e municípios e nos legisladores que, com marketing mercadológico, enganam cada vez mais a massa de manobra chamada povo.

defesa dos indefensáveis mensaleiros do Governo “Petelula” já condenados pelo Supremo Tribunal Federal, sob a batuta de Joaquim Barbosa, presidente do STF. Os aficionados militantes teimam e reiteram em ladainhas de impropérios, pela inocência dos condenados e do ‘nunca nesse País’ houve mais fome. Uma vez que a quebra do jejum começou com o Bolsa-Família, porquanto, um contingente apocalíptico de miseráveis vive a cidadania com dignidade.

tas, o que fez, ou fará, para contraditar as mazelas promovidas por corruptos que, pipocam em todos os campos e construções à revelia da lei de responsabilidade fiscal?

Bibinho Para refrescar a memória: Cadê o Bibinho, o Abib Miguel, personagem principal do longa metragem dos famigerados Diários Secretos, processado, preso, solto, ainda que responsabilizado por contratações irregulares de pessoal, nepotismo e corrupção na Assembleia Legislativa, da qual foi diretor-geral? Na caça às bruxas, Bibinho virou a mesa, infernizou o astral do presidente da Assembleia, Valdir Rossoni (PSDB) e do colega Plauto Miró (DEM), por terem efetivado, sem aprovação em plenário, aumentos de R$ 3 mil para R$ 20 mil, a título de gratificação dos parlamentares, o que poderia resultar em improbidade e suspensão dos direitos políticos. E o Tribunal das Con-

Gafanhotos Difícil esquecer a Operação Gafanhoto. Aquela em que a Polícia Federal investigou dezenas de deputados e ex-deputados, que “meteram a mão no jarro” por peculato, estelionato, sonegação fiscal? Uma das pragas do Egito antigo, os gafanhotos da Assembleia, pegavam dinheiro dos salários de servidores e depositavam numa única conta. Festa com o dinheiro público. Apenas um parlamentar foi processado, preso e solto. O deputado radialista e de TV, que tinha o programa Casa do Povo, Carlos Simões (PTB). A coisa parou por aí, sem que nada mais houvesse, com dezenas de políticos imunes e impunes, ocupando cargos de alta relevância no cenário público.

Serial Kiler O ex-comandante do Corpo de Bombeiros, talvez magoado, e em represália à morte do filho, se vingou em vários marginais. Jorge Luiz Thais Martins foi preso (e solto), por assassinato de nove pessoas, para vingar da morte de seu filho. O processo judicial caminha a passos lentos. Derosso Enquanto isso, desaquecem as ‘batatas quentes’ do vereador Derosso ( João Cláudio Derosso), PSDB, o deposto presidente da Câmara de Curitiba, cargo que ocupou por sete vezes. Com sua esposa, Cláudia Queiroz Guedes, envolveu-se em escândalos ‘mensalônicos’, com agências de publicidade que sangraram, em milhões, os cofres públicos. Depois da confusão e de todo volume de dinheiro vazado pelo esgoto, ninguém,0 ou poucos, falam mais sobre o caso.

Amnésia brasileira O que importa é confundir...”quem não se comunica, se trumbica”, propalava globalmente o Chacrinha, à sua plateia de anestesiados telespectadores, com suas sex appeal chacretes. E o que mais parece importar, mais que tudo, é manter o público na amnésica conveniente, inculta e desinformada. Se, por um lado, se tenta reforçar a revolta aos impunes e, ainda imunes, pelo crime da desfaçatez e da corrupção, a midiocracia transfere a culpa ao indesculpável silêncio do povo, e leitor desmemoriado, senão alienado, fazendo-se acreditar que todos são culpados pelo fato, e pelos fatos, de não se lembrar. E culpar a todos pelo esquecimento de não relembrar.

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Sanepar Também deu Polícia Federal. Denúncia contra a Sanepar de poluir a água “potável” servida às torneiras dos paranaenses. Chamada de ‘empresa fantasma’, a Sanepar procurou limpar a sua imagem, reagindo à acusação de infestar os rios de coliformes fecais, isto é, cocô mesmo. Foi multada. E parou por aí. Quem arcará com a multa de R$ 42 milhões imposta pela Polícia Federal? Racha mortal Por injunções de advogados, nada mais que recursos e procrastinações, ou até a inépcia do Poder Judiciário, continua em compasso de espera, quase parando, o julgamento do ‘impune’ deputado Fernando Ribas Carli Filho, que, em notória companhia de coleguinhas do “vai e racha”, dirigindo seu carro completamente embriagado, passou por cima de dois jovens à entrada de Curitiba (sentido Campo Largo), tirando-lhes a vida. Vai a júri popular. Vai? Quando?

João Cláudio Derosso), PSDB, o deposto presidente da Câmara de Curitiba, cargo que ocupou por sete vezes

A quem interessa de fato o fato de não se lembrar? Fernando Ribas Carli Filho, que, em notória companhia de coleguinhas do “vai e racha”, dirigindo seu carro completamente embriagado

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política

DA REDAÇÃO

SEM DESTINO D

epois de ser criticado, no Paraná, principalmente pelas redes sociais, pela recusa em aprovar empréstimos de US$ 350 milhões para o Estado, o senador Roberto Requião (PMDB) justifica sua ação, por entender que o Governo do Estado não tem projetos,

portanto, não tem onde investir os recursos. “Sou capaz de fazer um esforço para aprovar o empréstimo, mas, antes, quero respostas sobre gastos em propaganda, tarifaço do Detran, aumentos generosíssimos dos lucros dos sócios privados da Copel e da Sanepar e o milionário aluguel de avião para o governador passear?”, questiona. O pedido de autorização do empréstimo foi retirado da pauta pelo presidente do Senado, José Sarney, já que o relator da solicitação, senador Delcídio Amaral (PT-MT) não respondeu às perguntas do senador Roberto Requião, que queria saber onde seria aplicado o dinheiro. O pedido deve voltar à pauta,

depois que os senadores forem informados sobre o destino do empréstimo. Depois de pesquisar o documento que lia, o relator confessou que não tinha como responder a pergunta de Requião. Diante disso, o senador José Sarney, que presidia a sessão, determinou a retirada do pedido da pauta de votações. Requião argumentou que os senadores, especialmente os três do Paraná, não podem votar um empréstimo de centenas de milhões de dólares sem saber ao certo o destino do dinheiro, mesmo porque, afirmou, “produzse hoje no Estado uma verdadeira farra com recursos públicos”. O mesmo Cássio Taniguchi, que era o secretário de Planejamento do Governo Lerner, é o secretário de Planejamento do Beto Richa. Na verdade, quem manda no Governo do Paraná é o Cássio, o Beto só faz figuração”, disse o senador.

Requião argumentou que os senadores, especialmente os três do Paraná, não podem votar um empréstimo de centenas de milhões de dólares sem saber ao certo o destino do dinheiro, mesmo porque, afirmou, “produz-se hoje no Estado uma verdadeira farra com recursos públicos”.

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comércio

DA REDAÇÃO

Comércio esfrega as mãos

O

s empresários paranaenses do comércio estão otimistas com vendas no primeiro semestre deste ano. Sondagem feita pela Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR) revela que 68,42%, assinalaram possuírem expectativa favorável em relação ao crescimento das vendas para o 1º semestre de 2013, comparado a igual período de 2012. Há um ano, os números mostravam que 67% dos empresários eram otimistas quanto ao semestre vindouro e, há seis meses, 58,27%. Um dos principais motivos dessa “euforia” está na expectativa de safra agrícola recorde para o início deste ano no Paraná, gerando impactos positivos no comércio; ao anúncio do Governo Federal sobre a redução da tarifa de energia elétrica, e ao crescimento previsto para o PIB em 2013, superior ao registrado no ano passado, explica o presidente Darci Piana. Outros fatores que podem explicar as expectativas positivas do empresário para este semestre estão a manutenção das linhas de financiamento para o sistema produtivo, ou seja, comércio, serviços, indústria e agricultura; a continuidade do financiamento imobiliário habitacional; aquecimento esperado do comércio em 2013, vinculado à intensificação das obras do Programa de Aceleração do Cres-

cimento (PAC); às obras relacionadas à Copa do Mundo 2014, o emprego aquecido e maior massa de salários, estimulando a demanda. O estudo também mostra que, apesar da redução seletiva nas alíquotas tributárias de diversos produtos e providências do Governo Federal, voltadas à desoneração das folhas de pagamentos e de salários das empresas, em diversos setores, a principal dificuldade apontada por 75,22% dos empresários, para enfrentar a concorrência foi a carga tributária elevada, seguida dos encargos sociais elevados (65,49%) e a carência de mão de obra qualificada (52,21%).

Para 23,01% dos entrevistados, problemas com distribuição, ou seja, atravessadores e produtos piratas estão entre as principais dificuldades mencionadas pelos empresários do comércio em 2012 e para 9,47% a falta de segurança também foi apontada. A classe média brasileira é a mais atendida por 68,14% das empresas e a satisfação do cliente é o item em que 57,37% dos empresários mais despendem esforços. A pesquisa revela que 41,59% dos empresários utilizam as instituições do Sistema S, como Senac, Senai e Sebrae para treinar e qualificar seus colaboradores.

Pesquisa no comércio revela boas perspectivas com vendas no primeiro semestre

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agronegócios

O FUTURO DO AGRONEGÓCIOS

Q

uando se procuram dados, sejam eles do Ministério da Agricultura, Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, ou mesmo de entidades representativas do setor, como Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), ou ainda de técnicos do setor, sobre as expectativas para a agricultura – agronegócios – para os próximos anos, o que se consegue é uma overdose de números, sempre atrelados a intempéries, comportamento do mercado mundial, e política de financiamento do Governo Federal. O jornalista Giovani Ferreira, que trabalha diariamente com o assunto, arrisca algumas projeções, depois de muitos estudos. Acredita, por exemplo, que depois de um ano de crise o setor promove ajustes, acerta o ritmo e projeta crescimento para 2013, em produção e exportação. Tudo isto embalado, não apenas pelo aumento do consumo interno, mas, principalmente, por uma demanda internacional extremamente aquecida, o agronegócio brasileiro, de grãos e de carnes, entra um ano em que promete: produção, mercado, receita e rentabilidade. Em relação ao Paraná, Ferreira lembra que o Estado está entre os principais produtores do País. É o segundo na produção da soja e da cana, o primeiro no milho, feijão e aves, e o terceiro em suínos. Exemplo do que ocorre na avicultura, a produção de cana-de-açúcar, assim como a de carne suína, também entra

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Agricultura acerta ritmo e projeta um crescimento em 2013, em produção e exportação


PEDRO RIBEIRO COM ASSESSORIAS

num período de recuperação, favorecida pelo clima, no caso dos canaviais, ou então pela abertura de novos mercados, que beneficia a suinocultura. Contudo, explica o jornalista, ninguém mais cresce a taxas chinesas, sentido figurado para ilustrar variações acima de dois dígitos. Até porque, nem mesmo a China consegue crescer mais acima de 10%, feito registrado três vezes desde 2006. Com exceção dos 7,8% verificados em 2012, o índice nunca havia ficado abaixo de 8% desde 2000. Na atual conjuntura, crescimento de 10% pode até ocorrer em alguns segmentos, mas pode beirar o oportunismo, não a oportunidade. Ao invés

de sustentável, pode terminar como irresponsável. Não somente o cenário internacional, como a economia interna passam por momentos de indefinição, que levam a algumas definições, inspiram cuidados e precauções. Até é possível crescer 10% no primeiro, e até no segundo trimestre. O difícil será manter essa taxa. Produtividade O Ministério da Agricultura e Abastecimento revela que o crescimento da produção agrícola no Brasil deve continuar acontecendo com base na produtividade. Os resultados apontam para maior acréscimo da produção agro-

pecuária, que os acréscimos de área. As projeções indicam que entre 2012 e 2022, a produção de grãos (arroz, feijão, soja, milho e trigo) deve aumentar em 21,1%, enquanto a área deverá expandir-se em 9,0%. Essa projeção mostra um exemplo típico de crescimento com base na produtividade. As estimativas realizadas até 2021/2022 são de que a área total plantada com lavouras deve passar de 64,9 milhões de hectares, em 2012, para 71,9 milhões em 2022. Um acréscimo de 7,0 milhões de hectares. Essa expansão de área está concentrada em soja, mais 4,7 milhões de hectares, e na cana-de-açúcar, mais 1,9 milhão. A expansão >>

Governo investe R$ 26,4 mi para melhorar vida no campo O secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, apontou os investimentos em programas de melhorias e readequaçăo de estradas rurais, entre os que vęm beneficiando agricultores, agroindústrias, cooperativas e prefeituras. Nos programas de readequaçăo e melhorias de estradas rurais foram investidos, em 2012, R$ 12,75 milhőes que beneficiaram diretamente 158 municípios paranaenses. No geral, a Secretaria investiu R$ 26,4 milhőes em vários programas. Entre as propostas que receberam investimento, também estăo distribuiçăo de calcário, equipamentos para bovinocultura de leite, microbacias, sistemas de abastecimento e proteçăo de fontes, integraçăo lavoura, pecuária e floresta, cafeicultura, habitaçăo rural, patrulhas da seda, fundo de aval e seguro rural, apoio ŕ bovinocultura de corte, ovinos e caprinos. Segundo o secretário, saíram do meio rural cerca de 30 milhőes de toneladas de grăos e mais um grande volume de frangos, suínos, bovinos, leite, madeira, hortaliças e insumos agrícolas. “Essa movimentaçăo exige estradas rurais no mínimo conservadas para facilitar o acesso de caminhőes que transportam a produçăo, o transporte escolar e aos serviços de saúde e lazer das comunidades atendidas. Essa estratégia foi adotada no último ano e será ampliada para 2013”, disse Ortigara.

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agronegócios

Agricultura terá R$ 25 mi de emendas parlamentares A Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento receberá, neste ano, quase R$ 25 milhőes em recursos oriundos de emendas da bancada parlamentar paranaense, junto aos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que foram liberados pelo Governo Federal, em dezembro do ano passado. Os recursos serăo aplicados em 2013, nos projetos de apoio ŕ estruturaçăo de cadeias produtivas, com o objetivo de beneficiar a agricultura familiar. O secretário Norberto Ortigara se reuniu em Brasília, com parlamentares e lideranças da agricultura familiar e a ministra Ideli Salvati, na Secretaria de Relaçőes Institucionais, para negociar a liberaçăo da emenda no valor de R$ 15,56 milhőes, junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Do total de recursos que serăo liberados, R$ 3,2 milhőes representam a contrapartida do Governo do Paraná.

de área de soja e cana de açúcar deverá ocorrer pela incorporação de áreas novas e, também, pela substituição de outras lavouras que deverão cederárea. O milho deve ter uma expansão de área por volta de 600 mil hectares, e as demais lavouras analisadas mantém-se praticamente sem alteração ou perdem área, como o arroz, mandioca, trigo e feijão. De acordo com estudos do Ministério, como o milho é uma atividade com elevado potencial de produtividade, o aumento de produção projetado decorre, principalmente, por meio de ganhos de produtividade. Apesar de o Brasil apresentar, nos próximos anos, forte aumento das exportações, o mercado interno continuará sendo um importante fator de crescimento. Em 2021/2022, 56,0% da produção de soja devem ser destinados ao mercado interno, e no milho, 84,0% da produção devem ser consumidos internamente. Haverá, assim, uma dupla pressão sobre o aumento da produção nacional, devida ao crescimento do mercado interno e das exportações do País. Nas carnes, também haverá forte pressão do mercadointerno. Do aumento previsto na produção de carne de frango, 63,0% da produção de 2021/2022 serão destinados ao mercado interno; da carne bovina produzida, 80,0% deverão ir ao mercado interno, e na carne suína, 81,0% serão destinados ao mercado in46 Documento Reservado / Janeiro 2013

terno. Deste modo, embora o Brasil seja, em geral, um grande exportador para vários desses produtos, o consumo interno é predominante no destino da produção. Valor recorde O secretário Norberto Ortigara, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Paraná, entende que a agricultura paranaense poderá atingir o valor recorde de R$ 52 bilhões em Valor Bruto da Produção (VBP) em 2012, referente à comercialização da safra agrícola e pecuária 2011/12. Esta é a primeira estimativa do VBP de 2012 divulgado em janeiro de 2013, pelo Departamento de Economia Rural (Deral), daquela Pasta. Para Ortigara, a estimativa do VBP de 2012 poderá representar um acréscimo de 3% sobre o VBP de 2011, que teve um faturamento bruto de R$ 50,4 bilhões, que também foi recorde. A estimativa atual reflete o aumento significativo das cotações de soja e milho, grãos em que o Paraná se destaca como grande produtor e que foram responsáveis por boa parte da pauta de exportações do Estado. O aumento de preços dos grãos no mercado externo compensou, em parte, a quebra de produção registrada na safra 2011/2012, em função de severa estiagem que atingiu o Paraná, no início do ano passado. Ortigara explica que

apesar do clima, que dizimou boa parte da produção de grãos no primeiro semestre de 2012, o VBP indica que a renda no campo conseguiu crescer, impulsionada pela posição compradora de commodities no mundo, face à quebra da safra agrícola nos Estados Unidos, Argentina, Brasil, que são grandes países produtores de grãos. O secretário ressalta que esse quadro demonstra, mais uma vez, o vigor e a importância da Agricultura na economia paranaense. Ele disse que o setor respondeu imediatamente ao reposicionamento do mercado, embora nem todos os produtores se beneficiaram do aumento de preços, porque a maior parte já havia vendido sua produção. Faturamento Dados do Deral, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, mostram que essa é a primeira versão do VBP 2012. Segundos os técnicos do setor, resultados mais consolidados ainda serão enviados à Secretaria da Fazenda e às prefeituras até o final de junho. As prefeituras terão um prazo para entrar com recursos, caso achem necessário questionar a estimativa final, que ainda será apresentada. O Deral faz a estimativa de faturamento bruto da produção agropecuária de aproximadamente


500 itens, em todo o Estado. O resultado é utilizado pela Secretaria da Fazenda para compor a cesta de índices que forma o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Agricultura O Valor Bruto da Produção da Agricultura de 2012 reflete a quebra de produção, na primeira safra de grãos, por causa da estiagem e a compensação com o aumento de preços durante o ciclo da segunda safra de grãos plantada no Estado. Outras culturas plantadas em larga escala no Paraná como mandioca, fumo, cebola e tomate também contribuem com o incremento do VBP agrícola. A soja continua a liderar o ranking de renda no campo, com um faturamento bruto de R$ 9 bilhões em 2012. Esse resultado representa uma redução de quase R$ 2 bilhões em relação a 2011, quando o faturamento bruto da soja atingiu R$ 10,8 bilhões. A economista do Deral, Fernanda Yonamini, atribuiu a queda na renda da soja à quebra de 30% na produção em função da estiagem. Em compensação, a renda obtida com a comercialização de milho aumentou em R$ 1,5 bilhão, principalmente, em função da comercialização da segunda safra que foi beneficiada pelo aumento de preços do mercado externo. Com isso, as duas safras de milho deverão apresentar um faturamento recorde de R$ 6,4 bilhões, um aumento de 34% sobre o resultado do VBP anterior, cujo faturamento do milho foi de R$ 4,8 bilhões, também referentes às duas safras plantadas no Estado. A estimativa do Deral para a primeira safra de milho 2011/12, aponta para um faturamento bruto similar ao da safra anterior, quando atingiu R$ 2,4 bilhões, apesar da quebra de 10% na produção. Porém, a segunda safra de milho teve recorde de área plantada e produtividade, levando a um aumento na produção superior a 50%. Com o aumento ainda maior na renda obtida com a comerci-

“Agricultura paranaense poderá atingir o valor recorde de R$ 52 bilhões em Valor Bruto da Produção (VBP) em 2012", aposta Ortigara

alização, o faturamento bruto do milho deve se elevar para aproximadamente R$ 4 bilhões na segunda safra. Feijão e trigo, grãos, onde o Paraná se destaca como líder na produção, apresentaram queda na produção e aumento de preço, o que manteve o VBP para essas duas culturas em torno de R$ 1 bilhão.O faturamento bruto com a comercialização da cana-de-açúcar aponta para bons resultados com aumento na produção e nos preços. O VBP de 2012 para o setor poderá atingir R$ 2,664 bilhões, um aumento de quase R$ 500 milhões sobre o período anterior. O setor florestal, correspondente à produção das serrarias e laminadoras, apresenta tendência para melhores resultados em 2012, em função do aumento de preços dos produtos. Em 2011, a renda deste grupo ficou em R$ 2 bilhões.

Pecuária A pecuária apresenta tendência de elevação na renda, em função do aumento de preços dos principais produtos criados no Estado, como aves e suínos, mas também no número de abates. Segundo Fernanda Yonamini, em função do aumento de custos com os preços dos grãos, a avicultura teve de reajustar seus preços, levando a uma renda de praticamente R$ 8 bilhões, que corresponde a um aumento de 25% sobre a renda de 2011. Com a suinocultura aconteceu a mesma coisa, destaca Yonamini. Houve incremento nos abates em função do descarte de matrizes acarretado pela elevação dos custos, sem uma correção proporcional dos preços pagos aos suinocultores. O VBP da suinocultura aponta para um faturamento de R$ 2,3 bilhões, podendo superar em R$ 500 milhões o VBP anterior que foi de R$ 1,8 bilhão.

Emater poderá contratar 840 novos profissionais O secretário Norberto Ortigara, da Agricultura, revelou que está em vias de lançar um edital para promover concurso público, para o chamamento de 840 novos profissionais para o quadro do Instituto Emater, que possibilitará a orientaçăo técnica assistida para a superaçăo das dificuldades do meio rural, para que a comunidade e a família rural possa almejar uma vida melhor.

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economia

Panorama econômico 2013

C

om previsões de recuo de crescimento da economia brasileira em 2013, de 3,30% para 3,26%, coloca-se um ponto de interrogação no comportamento da economia do

Inflação

País, nos próximos anos. Já, a economia mundial também deve andar em ritmo lento, mas com uma possível melhora no segundo semestre, enquanto o Brasil terá, como ponto negati-

vo, a expectativa de uma inflação relativamente alta, mas com muito poucas chances de um novo aumento dos juros básicos (o antídoto do Governo contra reajuste dos preços).

A projeçăo de inflaçăo medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2012 subiu pela quinta semana consecutiva, de 5,71% para 5,73%, de acordo com a pesquisa Focus. Há quatro semanas, a estimativa estava em 5,58%. Para 2013, a projeçăo passou de 5,47% para 5,49%. Há um męs, estava em 5,40%. A projeçăo de alta da inflaçăo para os próximos 12 meses caiu de 5,53% para 5,52%, conforme a projeçăo suavizada para o IPCA. Há quatro semanas, estava em 5,44%. Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeçőes, o chamado Top 5 da pesquisa Focus, a previsăo para o IPCA em 2012 no cenário de médio prazo segue em 5,69%. Para 2013, a previsăo dos cinco analistas continua em 5,52%. Há um męs, o grupo apostava em altas de 5,59% e de 5,57% para cada ano, respectivamente. Entre todos os analistas ouvidos pelo Banco Central, a mediana das estimativas para o IPCA em dezembro de 2012 subiu de 0,68% para 0,69%, acima do 0,54% previsto há um męs. Para janeiro de 2013, segue em 0,75%. Há quatro semanas, estava em 0,67%.

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DA REDAÇÃO

Esse é o cenário básico para 2013, descrito em vários relatórios preparados por especialistas de bancos e corretoras de valores (que atuam na Bolsa de Valores) tanto nacionais quanto estrangeiros, publicados nas últimas semanas de dezembro. Pesquisa realizada pela Focus mostra que, para 2012, a estimativa de expansão seguia em 0,98%. Há quatro semanas, as

projeções eram, respectivamente, de 1,03% e 3,75%. A projeção para o desempenho do setor industrial em 2012 continuou negativa e piorou, ao passar de -2,31% para -2,36%. Para 2013, economistas preveem avanço industrial de 3,00%, abaixo da projeção de 3,50% da pesquisa anterior. Um mês antes, a Focus apontava estimativa de retração de 2,27% para 2012

e de expansão de 3,75% em 2013 para o setor. Analistas reduziram ainda a previsão para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB em 2012 de 35,01% para 35,00%. Para 2013, a projeção segue em 34%. Há quatro semanas, as projeções estavam em, respectivamente, 35,10% e 34% do PIB para cada um dos dois anos.

Selic estável

A taxa básica de juros (Selic) deve ficar no patamar atual de 7,25% ao ano até maio de 2014. As projeçőes entre janeiro de 2013 e abril de 2014 foram mantidas. Para maio do próximo ano, a estimativa caiu de 7,75% para 7,25%. Para junho, recuou de 8,13% para 7,88%. A previsăo para a Selic no cenário de médio prazo se manteve em 7,25% no fim de 2013.

Câmbio

As projeçőes para a taxa de câmbio no final de 2013 recuaram nas estimativas dos analistas consultados. Para o fim deste ano, a mediana das projeçőes passou de R$ 2,09 para R$ 2,08, mesmo valor projetado quatro semanas antes. Para o fim de janeiro, a estimativa passou de R$ 2,06 para R$ 2,05. Na mesma pesquisa, o mercado financeiro manteve a previsăo de taxa média de câmbio de R$ 2,07 no fim de 2013. Há um męs, a pesquisa apontava que a expectativa de dólar médio estava em R$ 2,08. A mediana das projeçőes para o câmbio dos analistas do Top 5 médio prazo para o fechamento de 2013 seguiu em R$ 2,12.

Déficit

O mercado financeiro reduziu a previsăo de déficit em transaçőes correntes em 2012 e 2013. A mediana das expectativas de saldo negativo na conta corrente, em 2012, caiu de US$ 53,56 bilhőes, para US$ 53,31 bilhőes. Há um męs, estava em US$ 54,00 bilhőes. Para 2013, a previsăo de déficit nas contas externas passou de US$ 63,00 bilhőes para US$ 62,10 bilhőes. Há um męs, estava em US$ 65,00 bilhőes. Na mesma pesquisa, economistas reduziram a estimativa de superávit comercial em 2013, de US$ 15,22 bilhőes para US$ 15,00 bilhőes. Quatro semanas antes, estava em US$ 15,60 bilhőes. A pesquisa mostrou ainda que as estimativas para o ingresso de Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado ao setor produtivo, foi mantida em US$ 60,00 bilhőes para 2012 e para 2013, mesmos valores de quatro semanas atrás.

IGP-DI

A projeçăo para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em 2013 subiu de 5,34% para 5,37%, na pesquisa Focus. Para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que corrige a maioria dos contratos de aluguel, a expectativa segue em 5,31%. Quatro semanas atrás, o mercado previa altas de 5,25% para o IGP-DI e de 5,29% para o IGP-M. A pesquisa também mostrou que a previsăo para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundaçăo Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 2013, segue em 4,88%. Há um męs, a expectativa dos analistas era de alta de 4,95% para o índice que mede a inflaçăo ao consumidor em Săo Paulo. Economistas mantiveram ainda a estimativa para o aumento do conjunto dos preços administrados – as tarifas públicas – para 2012, em 3,50%. Para 2013, a projeçăo caiu de 3,35% para 3,30%. Há quatro semanas, as projeçőes eram de, respectivamente, 3,50% e 3,50%.

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segurança

Atrás das grades População carcerária cresceu 511% em 20 anos e, em 10, o aumento foi de 78%. O Paraná está entre os cinco estados que concentram 64% dos presos no País e é o terceiro colocado em número de detentos 50 Documento Reservado / Janeiro 2013

2012 foi um ano “quente” para o sistema penitenciário brasileiro e, se continuar assim, a situação tende se agravar e levar o setor ao colapso. Dados de uma pesquisa feita pelo Instituto Avante Brasil, coordenada pela professora Natália Macedo Sanzovo, apresenta números preocupantes. Segundo a pesquisa, no ano passado, a população carcerária no País aumenta um preso a mais a cada 07m29s, e tem a quarta maior população carcerária do Mundo. Os dados, conforme Sanzovo, levam em consideração o aumento da população carcerária por tempo (mês, dia, hora, minuto), e não o número real de prisões feitas no País. “Afinal de contas, o número 34.995 (total de presos entre 2012 e 2011) não se refere a prisões feitas no Brasil, e sim, ao aumento de presos no sistema prisional, já que pessoas também foram soltas neste período”, explica. Em números absolutos, atualizados até junho de 2012 pelo DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério de Justiça, a pesquisa mostrou que, apenas o Estado de São Paulo detém 36% de toda a população carcerária brasileira, com 198.818 presos, o equivalente a pouco mais de 1/3 do total carcerário. Cinco estados brasileiros contabilizam 349.827 mil presos, ou seja, 64% da população carcerária nacional. São eles: São Paulo – 198.818; Minas Gerais, 51.900; Paraná, 35.480; Rio de Janeiro, 33.561; e Rio


NORMA CORRÊA

grande do Sul, com 30.068 mil presos. Neste cenário, estado mais encarcerador do Brasil é o Acre, já que possui uma taxa de 521 presos por 100 mil habitantes. Os cinco estados com maior população carcerária, por 100 mil Habitantes, são o Acre, com 521 presos; Rondônia, com 516; o Mato Grosso do Sul, 499; São Paulo, com 463 e o Distrito Federal, 447 presos por 100 mil habitantes. Conforme a pesquisa, o crescimento po-

pulação carcerária, nos últimos 23 anos (1990 - 2012), aumentou 511%, enquanto que, nos últimos 10 anos (2003 a 2012), o crescimento foi de 78%. E, se comparada à população nacional, que teve crescimento de 30% no mesmo período, a população carcerária sextuplicou (6,1vezes), enquanto que a população nacional aumentou quase 1/3. Nesta configuração, a taxa fica em 288,14 presos/100 mil habitantes. Os números mostram, ainda, que houve

Juiz afirma que construção de presídios não resolve o problema da superlotação carcerária

um salto considerável na população carcerária entre 2002 e 2003, que foi de 28,8% (68.959 em número absoluto). Em 20 anos, a população carcerária no País cresceu 450%. Dados do Conselho Nacional de Justiça corroboram a pesquisa do Instituto Avante Brasil e apontam para um cenário extremamente saturado. Mostram que os presos provisórios aumentaram 14 vezes, enquanto os presos definitivos cresceram quase 4 vezes mais. No ano passado, apenas no primeiro semestre, foram encarceradas o dobro de pessoas que durante todo ano de 2011. No País, a elevação fez com que a população carcerária chegasse a 550 mil pessoas. Especialistas informam que o aumento do número de presos não quer dizer que houve crescimento da criminalidade, mas em razão da “cultura do encarceramento”. “É perceptível que houve um aumento da criminalidade violenta, principalmente nos grandes centros urbanos. Mas, o que causa essa superlotação dos presídios está ligado a uma cultura de prisão que existe no País. A regra não é a da liberdade. Infelizmente, a prisão deveria ser a exceção. E essa cultura é da sociedade e também dos operadores do Direito de um modo geral. Promotores, advogados, enfim, todo mundo que lida com a área”, disse o juiz auxiliar da presidência do CNJ, Luciano Losekann, e responsável pelo Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário Nacional, em entrevista ao Congresso em Foco. Ainda conforme o DEPEN, o crime de tráfico é responsável pela prisão de 215 de todos os presos, o que corresponde a 106,4 mil pessoas. A reincidência no crime de tráfico também é apontada como uma das causas da superlotação carcerária. Para o juiz, no caso de crime de tráfico, construir mais presídios ou aumentar a vaga nos que já existem é uma medida paliativa que não tem nenhuma eficácia. Ele acredita que a discus-

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segurança

População carcerária no Brasil aumenta a cada sete minutos

são sobre a descriminalização do uso de drogas, principalmente da maconha, é urgente e essencial, na tentativa de resolver o problema carcerário do País, já que o tráfico de drogas é a principal causa de condenações. “Eu acho que a gente tem que começar a pensar em mecanismos de descriminalização. Porque a repressão não tem funcionado. Hoje, a gente frequenta qualquer estádio de futebol e vê os jovens consumindo drogas livremente. Ou seja, a repressão não deu certo. Não sei se a descriminalização é a solução, mas temos que começar a pensar sobre isso. É uma questão muito difícil que envolve vários fatores”, diz o juiz ao Congresso em Foco.

tos penais do Estado. A medida foi tomada por meio de resolução, em razão do número excessivo de condenados cumprindo pena em regime fechado, indevidamente, em delegacias, além do grande número de presos que cumprem pena em regime semiaberto, indevidamente, nas carceragens das Delegacias de Polícia, sob a responsabilidade da Secretaria de Estado da Segurança Pública. Para aliviar o quadro, a SEJU está elabo-

Resolução A gravidade da situação fez com que o Governo do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania e Direitos Humanos (SEJU), tomasse medidas para coibir a situação que se agravava a cada segundo. O primeiro passo foi a criação de uma Central de Vagas no sistema penal do Paraná, para disciplinar os procedimentos administrativos para a inclusão de presos nos estabelecimen52 Documento Reservado / Janeiro 2013

Penitenciária de Foz do Iguaçu é uma entre as 15 instituições existentes no Paraná

rando projetos para construção de Unidades para cumprimento da pena em regime semiaberto, mas, avisa que a prioridade é a implantação no Sistema Penitenciário dos condenados em regime fechado, que, em tese, praticam crimes de maior gravidade e, portanto, precisam de maiores cautelas no que diz respeito à sua custódia. É bom lembrar que o Paraná conta com 15 estabelecimentos penais que se destinam, exclusivamente, ao cumprimento de pena em regime fechado. São elas: Penitenciária Central do Estado (PCE); Penitenciária Estadual de Piraquara (PEP); Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II); Penitenciária Feminina do Paraná (PEP); Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu (PEF); Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu II (PEE II); Penitenciária Estadual de Francisco Beltrão (PEEB); Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC); Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC); Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG); Penitenciária Estadual de Ponta Grossa (PEPG); Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PEC); Penitenciária Estadual de Maringá (PEM); Penitenciária Estadual de Londrina (PEL); e Penitenciária Estadual de Londrina II (PEL II).


De acordo com a Resolução, a Central de Vagas do Departamento Penitenciário do Paraná (CV/DEPEN) funciona como um Setor do Centro de Observação Criminológica e Triagem (COT), sob a responsabilidade da Direção daquela Unidade Penal, e as atividades serão supervisionadas pelo Sistema Integrado de Informações da População Carcerária, e sujeita a medidas alternativas. Plano Diretor Ainda, para buscar amenizar o problema, a SEJU começou a elaborar, em 2011, o Plano Diretor do Sistema Penal do Paraná, para a integração da esfera federal com a estadual e, assim, solucionar a crise carcerária no Paraná. Também, para cumprir os dispositivos da Lei de Execução Penal (LEP), como o respeito à dignidade da pessoa humana, os direitos humanos, erradicar a marginalização e promover o bem de todos, além do alcance dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A proposta foi criada, ainda, para atender às metas do Governo do Estado para 2011-2014, e as metas previstas no Plano Diretor do Sistema Penitenciário Nacional. A intenção é tornar efetivas as ações do Sistema Penal do Para-

A penitenciária federal de Catanduvas é a única de segurança máxima no Estado

Os cinco estados com maior população carcerária, por 100 mil habitantes

Acre 521 presos Rondônia, 516 presos

Mato Grosso do Sul 499 presos

ná, quanto ao cumprimento da pena e medidas alternativas, para garantir que a medida atinja suas funções, em especial as de reintegração socioeconômica. Para isso, a proposta é atuar em conjunto com outras instituições públicas e privadas, interessadas no regular desenvolvimento do Sistema Penal do Estado do Paraná, além de promover a formação e a qualificação profissional dos servidores penitenciários e melhorar a qualidade de vida daqueles que trabalham ou prestam serviços em estabelecimentos penais. A partir desses programas e projetos pré-

Distrito Federal 447 presos São Paulo 463 presos

definidos, foram estabelecidos 17 Programas e respectivos projetos. Para cada programa foi feito um levantamento dos pontos fracos e pontos fortes (internos) e das oportunidades e ameaças (externas), a partir dos quais foram estabelecidos os projetos a serem desenvolvidos, para minimizar os pontos fracos internos, e as dificuldades originadas no ambiente externo, bem como maximizar e potencializar os pontos fortes internos e as oportunidades vindas do ambiente externo, para solucionar os problemas da população carcerária do Paraná.

A gravidade da situação fez com que o Governo do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania e Direitos Humanos (SEJU), tomasse o primeiro passo para a criação de uma Central de Vagas no sistema penal do Paraná, para disciplinar os procedimentos administrativos para a inclusão de presos nos estabelecimentos penais do Estado. 53 Documento Reservado / Janeiro 2013


comportamento

Os malacos A cada 14 segundos um brasileiro é vítima de um golpista que busca dinheiro fácil

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D

e janeiro a dezembro do ano passado, ocorreram 2,14 milhões de tentativas de fraude por meio de violação de dados cadastrais, quando criminosos usaram a identidade das vítimas para dar golpes financeiros. Este número foi superior ao de 2011 (1,96 milhão de registros) e de 2010 (1,87 milhão). Os dados são da consultoria Serasa Experian. O levantamento mostra que a cada 14,8 segundos um consumidor brasileiro é vítima


MARLI MOREIRA (Agência Brasil)

estão à solta de um criminoso que busca obter crédito com a certeza de não ter de pagar a conta ou com o objetivo de fechar um negócio com documentos falsos. De posse dos dados roubados, os golpistas agem, principalmente, na área de prestação de serviços. O Indicador Serasa Experian apontou que, em 2012, a maioria das ações ocorreu no setor de telefonia com 749.213 registros (35%). Depois vem o setor de serviços com 716.318 tentativas (33,4%). Nessa área os segmentos escolhidos pelos criminosos estão construtoras, imobiliárias, pacotes turísticos e de serviços em salões de beleza. Em terceiro lugar estão bancos e financeiras (cerca de 18%), varejo (aproximadamente 10%) e outros setores com 2%. Nos bancos, houve uma queda em comparação a 2011, quando a taxa de ocorrências foi 26%. Na avaliação técnica da Serasa, a redução na área financeira se deve à retração na procura por crédito e ao aumento em telefonia e serviços de internet. Os golpistas costumam adquirir telefone para ter um endereço e comprovar residência, por meio de correspondência, o que lhes permite abrir contas em bancos e ter acesso a talões de cheque, cartões de crédito e empréstimos. Entre as principais tentativas de fraudes estão a solicitação de cartão de crédito com falsa identidade, financiamento de produtos

eletroeletrônicos, compra de celulares e de automóveis. Neste último caso, o criminoso pode fazer a “lavagem de dinheiro”. Para isso,

conforme alerta a Serasa, paga as prestações em dinheiro e depois vende o veículo “esquentando”o dinheiro.

Como medida de precaução, a Serasa recomenda alguns cuidados aos consumidores entre os quais: 1) Não fornecer seus dados pessoais para pessoas estranhas; 2) Não fornecer informações pessoais ou número de documentos por telefone e ter mais cautela com promoções e pesquisas; 3) Não perder de vista seus documentos de identificação quando solicitados para protocolos de ingresso em determinados ambientes ou quaisquer negócios; 4) Não informar números dos seus documentos quando preencher cupons para participar de sorteios ou promoções de lojas; 5) Não fazer cadastros em sites que não sejam de confiança; 6) Cuidado com sites que anunciam oferta de emprego ou promoções; 7) Fique atento à dicas de segurança da página, por exemplo, como a presença do cadeado de segurança; 8) Cuidado com dados pessoais nas redes sociais que podem ajudar os golpistas a se passar por você, usando informações pessoais, como, por exemplo, signo, modelo de carro, timepelo qual torce, nome do cachorro, etc; 9) Manter atualizado o antivírus do seu computador, diminuindo os riscos de ter os seus dados pessoais roubados por arquivos espiões. A Serasa sugere que em caso de roubo, perda ou extravio de documentos, a vítima deve cadastrar a ocorrência, gratuitamente, na base de dados da Serasa Experian, como meio de informar o ocorrido para o mercado. Na sequência, o consumidor lesado deve fazer o boletim de ocorrências.

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comportamento

Na moda da

sustentabilidade A eco-moda não é popular porque sofre preconceito e ser mais cara Cada vez mais se fala em preservação dos recursos naturais, e de viver de maneira sustentável. Reciclagem, aproveitamento da água da chuva, energia renovável, enfim, cuidar do Planeta. A definição de sustentabilidade segundo o dicionário Aurélio, é aquilo que se pode sustentar, capaz de se manter mais ou menos constante, ou estável, por um longo período. Pensando em manter o nosso Planeta “vivo” por mais tempo, vários setores da indústria tem se preocupado com o uso demasiado dos recursos naturais. A indústria têxtil está entre as quatro que mais consomem recursos naturais, como água e combustíveis fósseis, de acordo com o Environmental Protection Agency, órgão americano que

monitora a emissão de poluentes no mundo. Somente a cultura de algodão é responsável por cerca de 30% da utilização de pesticidas na Terra, contaminando o solo e os rios. Ou seja, a busca por matérias-primas alternativas e renováveis é, hoje, um dos principais desafios do setor. Existe a possibilidade de produzir roupas com algodão orgânico, que é livre de agrotóxicos e produtos químicos danosos. O algodão recebe insumos naturais, que contribuem para a saúde do solo, e dos produtores, que deixam de usar agrotóxicos. O agravante é que a cultura é produzida por famílias e, por ser um produto produzido em baixa escala, o valor para compra da matéria-prima fica cara, resultando no preço mais elevado do produto nas prateleiras. Do lixo ao luxo Algumas pessoas pensam que a roupa sustentável é feia e mal acabada. Em Milão, o Istituto Europeo di Design, uma rede internacional de escolas de artes, criou saias

Vestido feito com plástico

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PAULA TOMIAK

Algodăo Convencional Tratamento com fungicidas ou inseticidas Uso de sementes transgęnicas

Algodăo Orgânico Năo recebe tratamento químico Năo utiliza sementes transgęnicas

Água e solo

Perda de solo por predominância de monocultura Requer irrigaçăo intensiva Aplicaçăo de fertilizantes químicos

Fortalece o solo com rotaçăo de culturas Retém água com matéria orgânica para adubar o solo Uso do adubo orgânico e composto

Controle de ervas daninhas

Aplicaçăo de herbicida no solo para inibir a germinaçăo de pragas

Capina manual de pragas ao invés de uso químico

Controle de pragas

Uso intensivo de inseticida, responsável por 25% do consumo mundial Os pesticidas săo altamente tóxicos e podem causar câncer.

Mantém um equilíbrio entre as pestes e seus predadores naturais através do solo saudável Utiliza controle biológico com insetos benéficos

Colheita

O inseticida é aplicado por meio de um spray que alcança a casa dos agricultores, a comunidade e a vida selvagem nos arredores Desfolha feita com produtos tóxicos

Săo cultivadas plantas que atraem insetos e os mantém longe do algodăo

Sementes

com peças de aço, vestidos de fios elétricos e calças com metal de bicicleta, tudo feito a partir de objetos que seriam jogados no lixo. Já, em Curitiba, o estilista Edson Eddel tem feito do lixo, arte e luxo. Ele cria modelos para festas, inclusive para noivas. Eddel conta que, quando teve a idéia de desenvolver vestidos sustentáveis, gostaria que realmente eles parecessem sustentáveis. Como matériaprima, utilizou sacos de laranja tingidos de prata, lacre de lata de refrigerante e o fundo da lata, saco de lixo preto, papel crepom, plásticos entre outros recicláveis. “Por exemplo: você compra um saco de ração, utiliza e depois joga no lixo. Já eu, o transformei em um terno”, explica Eddel. O estilista lamenta que a aceitação dos vestidos sustentáveis ainda é pequena, e brinca: “As mulheres não ligam em usar homens reciclados, que já foram de outras, mas, usar um vestido com material reaproveitado, não querem”.

Desfolha feita com métodos naturais

Terno confeccionado a partir de um saco de ração

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comportamento

A mania do fone de ouvido pode ocasionar deficiĂŞncia auditiva

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A nova geração de surdos

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PAULA TOMIAK

A

lô!.. Como? Ah... aham... Não entendi. Pode repetir? Normalmente, situações como estas acontecem durante shows musicais ou em baladas, onde o som ultrapassa 110 decibéis (dB), e a comunicação fica quase impossível. Essa exposição prolongada ao som alto pode causar sérios problemas de audição, como zumbido e perda auditiva, induzida pelo ruído. A poluição sonora tem aumentado, junto com o crescimento dos grandes centros urbanos, barulho do trânsito, máquinas operando em construções, aparelhos domésticos, entre outros. Não bastassem todos os ruídos que não há como controlar, existe ainda o fone de ouvido, que manda o som direto para o tímpano e, em muitas vezes, com o volume altíssimo. Algumas pessoas fazem uso de fone justamente para se privar da baderna alheia, mas deve-se tomar cuidado para não colocar a saúde em risco. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 28 milhões de brasileiros possuem algum tipo de problema auditivo, o que revela um quadro em que 14,8% do total de 190 milhões de brasileiros, tem problemas ligados à audição. “O que preocupa mesmo, são os jovens ouvindo música nos seus fones de ouvido, em uma intensidade tão alta, que chega a incomodar quem está ao lado. Fatalmente, serão a nova geração de surdos”, diz o otorrinopediatra, Lauro João Lobo Alcantara. O profissional explica que o som ambiente, com 80 decibéis de intensidade, é tido como inofensivo ao ouvido humano. Já, um som de 85 dB, não deve exceder oito horas de exposição. A cada 5 dB de aumento, reduz-se pela

metade o tempo de exposição, ou seja, 90 dB não deve ultrapassar quatro horas e, assim sucessivamente. Um fone de ouvido com 110 dB, o que é bastante comum, não poderia exceder 15 minutos de exposição. O assistente de suporte técnico, Matheus Bueno, 18 anos, admite que escuta música por meio do fone de ouvido o dia inteiro. “Gosto de ouvir música alta para relaxar e não escutar o barulho dos outros”, diz. Ele começou com a mania de ouvir música aos 14 anos, e admite que as pessoas já comentaram, que o som estava muito alto e que também estavam ouvindo. O otorrinopediatra Lauro Alcantara orienta que, para haver segurança, deve-se usar o fone abaixo da metade do volume, ou seja, em torno de 60 dB. Se alguém ao lado, estiver escutando a música, com certeza, o limite está além do tolerável. Algumas vezes, uma simples e única exposição a um som muito intenso pode ser suficiente para levar a um dano auditivo irreversível. A profissão que pode levar à surdez Quem decide trabalhar como músico ou DJ, acaba pagando com a própria saúde. O profissional fica exposto ao som além do limite, por até nove horas semanais. Marcelo Prates trabalha como DJ há 13 anos e, desde 2010, tem percebido que a audição está ficando comprometida. Prates sente constante pressão, como se estivesse descendo a serra, e também relatou que, às vezes, fica com o zumbido, principalmente depois das apresentações. “Durante o trabalho, preciso usar fone de ouvido para fazer a mixagem das músicas.

Depois de umas duas horas, não consigo mais decifrar os timbres e diferentes tons das músicas, percebo então, que o som no meu fone está muito acima do limite recomendado” relata Prates. Alcantara explica que a lesão, normalmente, não é instantânea e cumulativa, ou seja, é a repetição que irá ocasionar a perda de audição. O sinal mais precoce de que algo não está bem, é o zumbido. Inicialmente ele regride, mas, com o tempo, vai ficando permanente. Ao mesmo tempo, a pessoa começa a ter dificuldade para conversar em ambientes ruidosos, porque não se entende o que as pessoas falam. Posteriormente, a dificuldade aumenta, tendo que elevar o volume do rádio, televisão, e uma piora em entender e se fazer entender. “Acredito que o pior não é o déficit auditivo, mas sim o zumbido, que muitas vezes leva a pessoa ao isolamento, com graves problemas emocionais”, conclui o médico. Segundo a Sociedade Brasileira de Otologia (SOB), cerca de 15% a 20% da população no País tem zumbido. Destes, apenas 15% sentemse incomodados com o barulho, e procuram ajuda médica. A entidade também aponta que, aproximadamente, 30% a 35% das perdas auditivas são creditadas à exposição a sons intensos, seja em ambiente profissional ou em lazer.

Marcelo Prates trabalha como DJ há 13 anos e desde 2010 tem percebido que a audição está ficando comprometida

É hora de ir ao médico

Se vocę năo consegue entender o que as pessoas falam ao telefone ou em locais barulhentos. Passou a aumentar demais o volume do rádio ou TV. Em meio a uma conversa dá respostas erradas. Fique de olho. As crianças costumam a ter baixo rendimento escolar e desatençăo. 59 Documento Reservado / Janeiro 2013


religião

Jovens peregrinos:

A jornada é nossa! P

arece que foi ontem. O dia era 21 (um domingo), o mês agosto, e o ano... 2011. Milhares de brasileiros mal respiravam em frente à tela da televisão, aguardando ansiosos, as palavras do Papa Bento XVI, no encerramento da Jornada Mundial da Juventude ( JMJ) de Madri, na Espanha. Eles sabiam que o País poderia estar na rota de visitas do pontífice, num futuro evento da mesma proporção. E foi o que aconteceu. Em meio a gritos, euforia e comoção geral, pode-se ouvir o anúncio que todos esperavam: o próximo grande encontro do Papa com a juventude católica, seria realizado no Brasil. O local e a data escolhidos? A cidade do Rio de Janeiro, entre os dias 23 e 28 de julho de 2013. Mas, qual é o objetivo de um evento como esse? Você deve estar se perguntando. “Traba-

lhar com os valores dos jovens”, responde o padre Alexsander Cordeiro Lopes, assessor do setor da Juventude da Arquidiocese de Curitiba. Segundo o sacerdote, são eles (os jovens), os grandes protagonistas desse encontro de fé, esperança e unidade. “A JMJ quer levar a mensagem de Cristo a mais pessoas, e não deixar que aqueles cristãos, que já conhecem a Palavra de Deus, fiquem trancados dentro das igrejas. Por isso mesmo, o tema do evento deste ano trata especificamente da evangelização – “Ide e fazei discípulos entre todas as nações’ (Mateus, 28, 19)”, revelou. A expectativa é que, pelo menos, dois milhões de jovens peregrinos – público da última jornada – venham de todas as partes do mundo para se encontrar com o Papa, na “Cidade Maravilhosa”. O contingente latino pre-

sente no evento, no entanto, promete ser ainda maior que o de Madri, principalmente, por conta da proximidade entre os países. “Para os jovens da América Latina ficará bem mais barato vir ao Brasil, que ir para a Europa, por exemplo”, explicou padre Alexsander. Ainda segundo ele, a escolha do Brasil como sede para a Jornada tem a ver, também, com a esperança que o Papa tem nos países da América do Sul. “Desde a publicação do documento de Aparecida, em 2007, (uma espécie de manual, que traz novas orientações da Igreja sobre temas como família, criação dos filhos e as relações entre a religião e a sociedade globalizada, tido como um “novo sopro” para a crença Católica), há uma maior motivação nos povos latinos para os carismas da evangelização e peregrinação”, afirmou. Semana missionária Mais do que passar o final de semana na companhia do maior ícone da Igreja Católica, os peregrinos que vêm de fora devem desembarcar no Brasil com até 10 dias de antecedência do encontro e ficar hospedados em igrejas, conventos, seminários e casas de famílias. Por conta disso, a agitação “pré-jornada”, por aqui, já começou. São cerca de 30 mil jovens que serão recebidos em Curitiba e região, e esperam encontrar, além de atividades evangelizadoras, uma boa acolhida. E é aí que entram em cena, peças chave de todo esse processo: os voluntários.

Patrícia Lugnani Gomes Constanski: “O foco evangelizador do evento é essencial para a juventude”

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LUCIAN HARO

Maior encontro da juventude católica com o Papa será realizado de 23 a 28 de julho no Rio de Janeiro

A aposentada curitibana Maria Madalena Veloso está pronta para ajudar. Ela, que frequenta há mais de 20 anos uma capela no bairro Abranches, em Curitiba, prontificouse a cozinhar para os visitantes. “Acho importante ajudar nesses encontros e poder, de alguma forma, levar os jovens para o caminho de Deus. Ainda mais com a realidade que vivemos hoje”, disse. A assessora de imprensa Patrícia Lugnani Gomes Constanski também deu um exemplo de boa vontade e não pensou duas vezes antes de oferecer sua casa para receber missionários. Ela ainda não sabe quantos jovens vem, nem de onde vem, mas garante que serão bem recebidos. Patrícia explicou que sentiu vontade de abrigar os visitantes em sua casa, depois de ter passado por uma experiência positiva nesse sentido. “Quando eu era adolescente, uma de minhas irmãs foi fazer intercâmbio nos Estados Unidos e recebemos, ‘em troca’, uma interca m b i s t a em nossa casa. A experiência foi mara-

61 Documento Reservado / Janeiro 2013


religião

Linha do tempo A primeira JMJ foi diocesana, em Roma, no ano de 1986. Depois disso, seguiramse encontros mundiais a cada dois ou três anos. Acompanhe a linha do tempo dos encontros:

1987

Buenos Aires (Argentina) - 1 milhão de jovens

1989

Santiago de Compostela (Espanha) - 600 mil jovens

1991

Czetochowa (Polônia) - 1,5 milhão de jovens

1993

Denver (Estados Unidos) - 500 mil jovens

1995

Manila (Filipinas) - 4 milhões de jovens

1997

vilhosa. O contato com outros costumes, outra língua, foi enriquecedor. Matemos contato até hoje”, contou a assessora. “Hoje, tenho dois filhos adolescentes, mais ou menos da idade que eu tinha quando recebemos a intercambista em casa, e quero oferecer a mesma experiência a eles. Isso sem falar no foco evangelizador do evento, que eu acho essencial para a juventude de hoje”, pontuou Patrícia. Peregrinos E, assim como muitos vem, outros vão. O professor de Geografia, Jonathan Silva, de 24 anos, está contando os dias para ver de perto o Papa Bento XVI – sonho de qualquer católico praticante. Ele confidenciou que não quer perder a oportunidade de encontrar o líder religioso “cara a cara”, até porque, pode ser rara outra chance de ver o pontífice em terras brasileiras, tão cedo. Silva também falou do significado que vê no encontro. “Acredito que a Jornada seja um pretexto para que Deus possa tocar o coração de muitos jovens, que se encontram perdidos e que muitas vezes não sabem como se encontrar, a não ser n’Ele”, afirmou.

Ainda segundo o professor, a expectativa é que muitos jovens saiam de lá tocados pelas palavras do líder religioso. “Ouvindo as palavras do Papa, acredito que a juventude do mundo terá um novo direcionamento de felicidade e vontade de Deus para as suas vidas”, concluiu. Com a musicoterapeuta e estudante de Psicologia, Natalia Farias Baleroni, de 24 anos, não é diferente. Segundo ela, o que mais a motivou a querer peregrinar até o Rio de Janeiro, é estar perto do Papa e poder conhecer outros jovens com a mesma vivência católica. “Isso foi o que mais me incentivou a querer ir para a jornada. Além disso, é uma imensa alegria saber que nós, jovens, não estamos sozinhos. Milhões de outras pessoas também lutam pela evangelização, e doam sua vida por isso. Estar na JMJ é reafirmar a nossa fé em Cristo e é para isso que estaremos lá”, disse. Questionada sobre a importância do evento, Natalia foi enfática ao afirmar que a Jornada Mundial da Juventude é uma grande oportunidade de mostrar, a outros jovens, a alegria de ser um cristão de “calça jeans e camiseta”, numa analogia à uma carta escrita pelo Papa João Paulo II, à juventude, em que pede que os jovens sejam santos “modernos e com uma

Paris (França) -1 milhão de jovens

2000

Roma (Itália) - 2 milhões de participantes

2002

Toronto (Canadá) - 800 mil peregrinos

2005

Colônia (Alemanha) - 1 milhão de pessoas

2008

Sidney (Austrália) - 500 mil jovens

2011

Madri (Espanha) - 2 milhões 62 Documento Reservado / Janeiro 2013

Jonathan Silva (à direita): “Acredito que a Jornada seja um pretexto para Deus tocar o coração de muitos jovens que se encontram perdidos”


espiritualidade inserida em nosso tempo”. A musicoterapeuta revelou, ainda, o que espera do final de semana na presença do pontífice. “Espero que, nesse encontro, muitos outros jovens também sejam tocados por meio da evangelização e do testemunho de todos que estarão no Rio. Acredito que o encontro trará muitas bênçãos para a juventude brasileira, não somente nos dias em que estaremos lá”, revelou. Onde tudo começou... Boas histórias de fé e conversão sobre a Jornada Mundial da Juventude é que não faltam. Para alguns, inclusive, elas envolvem o amor e, por que não, um “conto de fadas” moderno. A experiência de ter participado do evento de Madri, em 2011, deixou marcas na memória e na mão esquerda da professora de Educação Física curitibana, Renata Keisy Guimarães Lourenço. Foi lá que ela encontrou um peregrino moçambicano, com quem se casou há pouco menos de dois meses, e com quem divide a fé católica. A intenção, claro, não era encontrar o amor de sua vida, mas ela acredita que Deus “mexeu os pauzinhos”, para que tudo isso acontecesse. “A vivência foi fantástica. Lá tive a dimensão de que a Igreja Católica Apostólica Romana é forte, grande, linda e jovem. Além de conhecer meu esposo, a

Renata Keisy: "Além de conhecer meu esposo, a sensação de caminhar nas ruas e sentir na pele o amor de Deus me marcou muito”.

Natalia Farias Baleroni: “A Jornada é a oportunidade de mostrar a outros jovens a alegria de ser um cristão de calça jeans e camiseta”

sensação de caminhar nas ruas e sentir na pele o amor de Deus, me marcou muito”, lembrou. Bote Fé Curitiba Embora a Jornada, em si, seja apenas em julho, outras ações para divulgar o evento já acontecem por todo o País, desde o começo do ano, para “esquentar” os preparativos. Em Curitiba, por exemplo, está programado para os dias 23, 24, 25 e 26 de fevereiro a primeira edição do “Bote Fé” – um grande evento em parceria da Igreja Católica, com membros da sociedade civil organizada, em torno da chegada dos símbolos da JMJ: a cruz e o ícone de Nossa Senhora. Recebidos pelos jovens brasileiros das mãos do Papa Bento XVI, no encerramento da última jornada, os símbolos percorrem todos os estados como forma de evangelização e propagação do espírito missionário do evento. O Bote Fé será realizado na Praça Nossa Senhora da Salete, no Centro Cívico, e trará atividades como vigílias, adoração, missas, shows católicos, além da visita da cruz e do ícone a hospitais, presídios, asilos e escolas. Confira a programação completa do evento no site www.jmjcuritiba.com.br

Visitas Esta é a segunda vez que Bento XVI vem ao Brasil. Ele já esteve aqui em 2007, para abrir a 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, realizada no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, no Vale do Paraíba, estado de São Paulo. No Rio de Janeiro, a última visita de um pontífice ocorreu em 1997, quando o então papa João Paulo II celebrou o 2º Encontro Mundial das Famílias. Na época, o evento reuniu dois milhões de pessoas. A história da cruz A Jornada Mundial da Juventude ( JMJ), como foi denominada a partir de 1985, teve sua origem nos grandes encontros celebrados pelo Papa João Paulo II, em Roma. Um dos grandes símbolos da jornada – a cruz – foi entregue aos jovens, pela primeira vez, no ano de 1984, no Encontro Internacional da Juventude, na Praça São Pedro, Vaticano, por ocasião do Ano Santo da Redenção.

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artigo

Luciano Ducci*

Curitiba mudou de escala, para melhor

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á duas formas de iniciar uma gestão. A primeira é agir de imediato e implantar soluções para os desafios que se apresentam. A outra é apontar erros na gestão anterior para distrair a atenção das pessoas enquanto os resultados não aparecem. Quando assumi, em 2010, em substituição a Beto Richa, tomei o primeiro caminho. Acelerei o que estava previsto no plano de governo e busquei soluções para os novos desafios. Foi assim, por exemplo, que nasceu o Ligeirão Azul, o maior e mais eficiente ônibus do planeta. E muitas outras soluções inovado-

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ras vieram a partir dessa forma de pensar e agir. O Hibribus, o raio-x digital nas Unidades de Saúde 24 Horas, os três novos parques em implantação, o Hospital do Idoso, o Anel Viário Central, a nova administração regional do Tatuquara... Ninguém faz nada sozinho. O mito do superprefeito não é nada além disso: um mito. Uma equipe ágil, criativa e competente é indispensável. Assim como é fundamental ouvir a população, o que fizemos de forma permanente nas audiências públicas. Um processo assim precisa de um líder. Aí, sim, o prefeito faz a diferença. Afinal, cidades sem problemas não precisariam de prefeito. E o grande desafio de Curitiba, hoje, é a mobilidade. Nós conquistamos, com o governo federal, R$ 1 bilhão a fundo perdido para o metrô. Para isso, apresentamos o melhor projeto técnico do país, na tradição da conhecida competência curitibana. Da mesma forma, estamos investindo perto de R$ 1 bilhão para obras de infraestrutura dentro do programa de melhorias urbanas que têm como foco a Copa de 2014. O evento colocará Curitiba nas telas de tevê de todo o mundo, atraindo turistas e investimentos. E os benefícios das obras serão definitivos – entre eles, o enorme complexo viário da Avenida das Torres, onde fica o viaduto estaiado, que, quando pronto, resolverá um gargalo que estrangula dezenas de bairros. Foi essa coragem que nos levou a realizar mais de 7,5 mil obras, das quais mais de 100

serão entregues em 2013. Esse conjunto enorme é o legado que deixamos para quem assume. Aliás, Curitiba encerrou 2012 como a capital mais desenvolvida do país, segundo a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Curitiba é a capital que mais reduziu a pobreza no país, uma queda de 65%. Tem o menor desemprego, o maior salário médio e o 4.º PIB. Tem, ainda, a menor taxa de mortalidade infantil, graças ao mundialmente premiado Mãe Curitibana. Hoje, temos a melhor educação básica do Brasil e abrimos quase 10 mil novas vagas em creches. Criamos a Virada Cultural, a Galeria de Luz e o renovado Portão Cultural. Fizemos os Clubes da Gente Bairro Novo e da CIC e 117 academias ao ar livre, além dos Clubes da Juventude do Eucaliptos e do Audi-União. Esporte e cultura combatem a droga e a criminalidade. E elevamos a nossa área verde de 51,5 m² para 64,5 m² por habitante. Curitiba mudou de escala. E tudo isso só foi possível pelo contínuo zelo e modernização da máquina pública, atestada pelo prêmio Prefeito Inovador 2011, do Movimento Brasil Competitivo, que eu compartilho com cada servidor. Fizemos a nossa parte, pela qual sinto orgulho como curitibano. E, aqui, renovo os meus votos de sucesso para a nova gestão. É impossível ser curitibano sem querer o bem da nossa cidade. Muito obrigado, Curitiba! * Luciano Ducci, médico, foi prefeito de Curitiba entre 2010 e 2012.


Darci Piana*

Custo Brasil – um antigo empecilho da economia brasileira

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deficit da balança comercial brasileira registrado na primeira semana de janeiro deste ano foi de US$100 milhões, conforme informação divulgada pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. As exportações de semimanufaturados tiveram acréscimo de 2,2%, enquanto os manufaturados recuaram 2,4%. Os dados apontam para um empecilho antigo, mas já conhecido: o Custo Brasil, que contribui para evidenciar as limitações da economia brasileira, em especial à competitividade e produtividade. O Custo Brasil nada mais é do que um conjunto de gastos internos, que incidem de forma direta e indireta sobre o processo produtivo brasileiro. “Isto resulta no aumento de preços, queda na demanda, adiamento da expansão de unidades produtivas, menos crescimento do PIB, perda de competitividade, além dos impactos restritivos nas relações econômicas interna e externa”. De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o Custo Brasil deixa em média 36,27% mais caro um produto brasileiro se comparado a um alemão ou norte-americano.

Destacamos como principais componentes do Custo Brasil os encargos trabalhistas extensos e elevados, a logística insuficiente, os custos portuários não competitivos, a opção pelo transporte rodoviário em detrimento ao ferroviário, a carga tributária alta para um país em desenvolvimento, a regulação governamental excessiva, a burocracia elevada do setor público além da máquina pública com vícios e desvios éticos. A Fecomércio PR defende que para haver desenvolvimento e vitalidade na economia são necessários investimentos, reformas tributária e administrativas, simplificação da legislação trabalhista, adequação da mão de obra e estímulos à expansão e modernização do sistema produtivo. “O sucesso dessas ações dependerá da ação conjunta entre os três níveis de governo, da estreita obediência aos parâmetros legais vigentes e da clareza das políticas e assimilação pela sociedade”. Do campo à indústria encontram-se dificuldades para escoamento das produções, a infraestrutura deficiente encarece o preço dos produtos e sobre o valor final a ser pago pelo consumidor é imposta uma sobrecarga tributária. Com um programa de redução do Custo

Brasil, acreditamos que o país pode ter maior competitividade interna e externa, redução dos custos de produção, queda nos preços finais de mercado, aumento na geração de empregos e agilidade no processo produtivo. “São inúmeros os benefícios resultantes da redução do Custo Brasil, como aumento no poder de compra do consumidor e melhoria da qualidade de vida, fatores que, inegavelmente, contribuirão para um melhor desempenho do comércio varejista interno”. * Darci Piana, presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná.

De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o Custo Brasil deixa em média 36,27% mais caro um produto brasileiro se comparado a um alemão ou norte-americano. 65 Documento Reservado / Janeiro 2013


artigo

Rolf Kuntz*

A era do deboche M

ais uma vez as chuvas do verão destroem, desalojam e matam, de modo tão previsível quanto as bandalheiras orçamentárias, mas o governo federal só gastou no ano passado cerca de um terço - 32,2% - das verbas previstas para prevenção, enfrentamento de desastres e reconstrução. O Tesouro pagou R$ 1,85 bilhão dos R$ 5,75 bilhões autorizados, segundo números oficiais tabulados pela respeitada organização Contas Abertas. Nada espantoso, nada anormal. A normalidade inclui, segundo altos funcionários da Fazenda, mala-

barismos contábeis para a encenação do cumprimento da meta fiscal. Foi tudo legal, tudo certinho, segundo o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Não seria mais fácil, mais claro e mais decente reconhecer o mau resultado e tentar, se fosse o caso, justificá-lo? Em outros tempos, com certeza. Na era do deboche, é igualmente normal deixar a aprovação do Orçamento para depois, porque o Executivo dará um jeito de garantir as despesas, dentro ou fora dos padrões constitucionais. Neste tempo bandalho, o poder público tem prioridades muito mais interessantes que administrar a vida coletiva e servir aos interesses da sociedade. É preciso aproveitar o tempo e o dinheiro dos contribuintes para financiar empresas selecionadas, proteger setores amigos, oferecer contratos a grupos felizardos e pôr as estatais a serviço de projetos políticos pessoais e partidários. Também natural - como consequência - foi a deterioração da Petrobrás, depois de anos de submissão a decisões centralizadas no Palácio do Planalto. Com persistência, a nova presidente, Graça Foster, talvez consiga arrumar a empresa, se ficar no posto por tempo suficiente. Tem mostrado disposição para o trabalho sério, mas sua figura contrasta, perigosamente, com a maior parte do cenário. Na era do deboche, os padrões políticos e

* Rolf Kuntz, jornalista, artigo transcrito de “O Estadão”

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gerenciais se degradam em quase todos os cantos e todos os níveis do sistema de poder. Um bonde sai dos trilhos, por falta de manutenção, e passageiros morrem. A primeira reação das autoridades é lançar suspeitas sobre o motorneiro, também morto no acidente. Uma criança baleada fica oito horas sem atendimento, embora levada a um hospital. Resposta oficial: o médico faltou. Faltou, sim, mas essa é a resposta errada. Pode ter sido irresponsável, mas também poderia ter sido atropelado ou atingido por um raio. Em qualquer cidade gerida com um mínimo de competência e seriedade, os serviços públicos essenciais funcionam como um sistema. Não havia outros médicos disponíveis? Não se podia mobilizar uma ambulância para levar a vítima a um lugar onde recebesse assistência? Na segunda maior cidade de uma das dez maiores economias do mundo, a falta de um único funcionário pode comprometer o socorro de emergência a uma pessoa ferida ou doente. Mas o padrão se repete. Na capital federal, crianças ficaram sem atendimento porque plantonistas faltaram para prestar exames de residentes. Nenhum administrador sabia? Afinal, quem aplicou o exame? Novamente: que porcaria de sistema administrativo deixa a segurança dos pacientes na dependência de jovens profissionais? Sistemas organizados para funcionar de verdade têm mecanismos de segurança. São impessoais. Nenhum dirigente de nível superior tem o direito de renegar a


Neste tempo bandalho, o poder público tem prioridades muito mais interessantes que administrar a vida coletiva e servir aos interesses da sociedade. própria responsabilidade para transferi-la aos subordinados na ponta da linha. Na era bandalha, quem se importa com a escala das responsabilidades e com a qualidade gerencial do setor público? O governo brasileiro comprometeu-se em 2007 a hospedar a Copa do Mundo de 2014. Em 2011, quando o novo governo se instalou, nada, ou quase nada, havia sido feito para preparar o País. Havia atraso nas obras de aeroportos, estádios, estradas e sistemas urbanos de transporte. Os atrasos continuam, mas os custos subiram, muito dinheiro foi desperdiçado e mais ainda será perdido. Nesta fase debochada, os apagões se multiplicam e chegam a atingir vários Estados, às vezes por várias horas. Os altos funcionários do sistema falam em raios, depois em falhas

humanas. A chefe de todos recomenda aos jornalistas uma gargalhada, se alguém mencionar novamente a queda de um raio. Mas quem tem autoridade para pôr ordem na casa e cobrar seriedade na gestão do sistema? Em tempos bandalhos, o presidente da Câmara dos Deputados promete asilo a condenados num processo penal - criminosos, portanto -, se a Justiça ordenar sua prisão. Qual o próximo passo: votar a revogação das penas? Combinaria bem com os padrões atuais de normalidade. Quando o Congresso adia a votação do Orçamento, crianças ficam sem assistência médica porque o serviço hospitalar é um desastre, a economia emperra porque a infraestrutura se esboroa e a diplomacia, outrora competente e respeitada, se torna subserviente à senhora Cristina Kirchner, a

piada final é atribuir os males do País ao câmbio valorizado e aos juros. Abaixo o real, e tudo será resolvido. * Rolf Kuntz, jornalista, artigo transcrito de “O Estadão”

Nesta fase debochada, os apagões se multiplicam e chegam a atingir vários Estados, às vezes por várias horas. Os altos funcionários do sistema falam em raios, depois em falhas humanas. 67 Documento Reservado / Janeiro 2013


agenda

Cinema

1ș fevereiro Os Miseráveis

A história se passa na França do século XIX, entre duas grandes batalhas: a Batalha de Waterloo e os motins de junho de 1832. Acompanhamos a vida de Jean Valjean, um condenado posto em liberdade, até sua morte. Crowe viverá o vilăo, o metódico inspetor Javert. Jackman será o protagonista Jean Valjean. Elenco: Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway, Sacha Baron Cohen, Taylor Swift e Samantha Barks.

O Lado Bom da Vida

Pat Peoples é um homem sem sorte. O professor de história ficou quatro anos internado em uma instituiçăo mental, sob os cuidados de sua măe. Positivo, Peoples acredita que passou apenas alguns meses no local. Ao sair, ele tenta retomar sua vida, e sua ex-esposa. Elenco: Bradley Cooper, Robert De Niro, Julia Stiles, Jacki Weaver, John Ortiz, Chris Tucker, Shea Whigham , Dash Mihok , Dolores Solitano, Anupam Kher.

Fogo contra Fogo

Depois de um cansativo dia de trabalho, o jovem bombeiro Jeremy Coleman sai para beber com os amigos, mas acaba presenciando um crime brutal. Auxiliando o detetive Mike Cella, ele concorda em identificar o agressor. Mas, o assassino comprova que sabe quem ele é e começa a ameaçá-lo. Forçado a abandonar sua carreira e integrar o programa de proteçăo ŕs testemunhas, Jeremy tenta reconstruir sua vida. Mas, uma inesperada virada judicial coloca o criminoso de volta nas ruas. Desta forma, o ex-bombeiro vai se unir a uma gangue rival para proteger a si mesmo e ŕs pessoas que ama, combatendo fogo com fogo. Elenco: Bruce Willis, Josh Duhamel, Rosario Dawson, Vincent D’Onofrio, 50 Cent, Arie Verveen, Bonnie Somerville, Danny Epper, James Lesure, Julia Adams, Kevin Dunn, Quinton ‘Rampage’ Jackson, Richard Schiff, Vinnie Jones.

O Voo

Whip Whitaker, um alcoólatra que se torna um herói norte-americano quando consegue pousar uma aeronave comercial depois de uma pane no sistema. O problema é que ele estava sobre a influęncia de drogas e álcool no momento, e năo aceita seu novo rótulo de salvador da pátria. Elenco: Denzel Washington, Don Cheadle, Melissa Leo, John Goodman, Bruce Greenwood, Kelly Reilly.

15 de fevereiro Anna Karenina

Ambientado no século 19, o filme traz Anna Karenina casada com o rico funcionário do governo Alexei Karenin. Porém, quando ela viaja para consolar a cunhada que vive uma crise no casamento devido ŕ infidelidade do marido, conhece o conde Vronsky, que passa a cortejá-la. Apesar da atraçăo que sente, Anna decide voltar para sua cidade. Entretanto, Vronsky a encontra na estaçăo de trem e confessa seu amor, fazendo com que Anna decida se separar de Karenin. Mas o marido se recusa a lhe conceder o divórcio e ainda a impede de ver o filho deles. Elenco: Keira Knightley, Jude Law, Kelly Macdonald, Aaron Johnson, Matthew Macfadyen, Emily Watson, Olivia Williams, Michelle Dockery.

Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer

Bruce Willis volta a entrar na pele do policial John McClane e, dessa vez, viaja até Moscou, para uma missăo internacional. Nesse filme, Jack, filho de John, é apresentado e parece ser tăo durăo quanto o pai. Com um relacionamento complicado, John e Jack terăo que trabalhar juntos para se manter vivos... e para evitar que uma parte sombria de Moscou consiga controlar armas nucleares. Elenco: Bruce Willis, Jai Courtney, Mary Elizabeth Winstead, Patrick Stewart, Sebastian Koch, Yuliya Snigir.

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Espetáculos Sexo, Etc e Tal

Sucesso nacional, a peça “Sexo, Etc e Tal...” entra em cartaz como parte da programaçăo da III Mostra Verăo no Teatro, em Curitiba, no dias 1, 2 e 3 de fevereiro. Com direçăo e atuaçăo do ator global André Rangel, o espetáculo encara, de forma bem humorada, um tema universal: o sexo. Os diálogos e cenas abordam situaçőes hilariantes do comportamento humano, como sexo e traiçăo, necessidade, amor, fetiche, sexo virtual e outras. Ingressos: R$ 30. Informaçőes: (41) 3223-5517.

Som Risada

“Som Risada” é um show de humor que mistura Stand Up Comedy com paródias musicais. No palco, os atores se revezam com personagens como o roqueiro Satangôs e a dupla Junja e Quara (vencedores do Festival de Paródias da TV XUXA). O espetáculo acontece no Teatro Lala Schneider, no dias 7,17 e 21 de fevereiro. Ingressos: R$30. Informaçőes: : (41) 3232-4499.

Casamento, Quem Inventou Isso?

A peça “Casamento, quem inventou isso?” fica em cartaz no Teatro Reikrauss, até dia 16 de fevereiro, em Curitiba. O espetáculo explora o fato de que quem está solteiro quer casar, e quem está casado quer ser solteiro, além de todas as questőes que envolvem o casamento. Ingressos: R$ 30. Informaçőes: www.teatroreikrauss.com.br7

Tintino - O Espetáculo Continua

A peça “Tintino - O Espetáculo Continua” está em cartaz no Teatro Rodrigo D’ Oliveira, em Curitiba, como parte da programaçăo da III Mostra Verăo no Teatro, nos dias 3 e 10 de fevereiro. O espetáculo fala sobre os últimos dias de vida de um palhaço na terra e os primeiros números de seu show em sua vida após a morte. Ingressos: R$ 30. Informaçőes: (41) 3223-2205.

“Yo Como Esta Mujer”

A peça “Yo Como Esta Mujer” se apresenta em Curitiba, nos dias 8,9 e 10 de fevereiro, no Teatro Rodrigo D’Oliveira. O espetáculo satiriza os dramas exibidos no SBT. Dom Vitto Corno Leonne, é um mafioso que năo teve sua noite de núpcias com sua esposa Anastácia Maura, que tem um caso amoroso com seu herdeiro Rafael Cesar, que possui negócios suspeitos. Uma trama com muitos segredos que vocę decide o final. Ingressos: R$ 30. Informaçőes: (41) 3223-2205.

“New Wave, As Măes Sempre Sabem”

A peça fica em cartaz até dia 22 de fevereiro de 2013, no Teatro Lala Schneider, em Curitiba. Na história, Max é um jovem rapaz que sai do interior em busca da fama na cidade grande. O espetáculo reserva muitas surpresas. Ingressos: R$ 30. Informaçőes: (41) 3232-4499.

Moda Os seis novos básicos

Smoking Branco: Combine com camisa transparente e jeans e use-o em ocasiőes informais. Nada mais elegante do que um look branco. Colete Alongado: Componha o visual com peças retas. O mix de texturas enriquece a produçăo. Vestido preto e branco: Versátil, o modelo ganha força com acessórios de tons cítricos. Receita infalível para ficar linda em segundos: um vestido com print geométrico. Camiseta: Coordene com peças ultrafemininas e crie um look que vai do escritório ŕ pista de dança. Saia Lápis de Couro: De tom pastel, ela ganha a companhia da camisa cropped, que neutraliza a sua identidade comportada. Calça Bicolor: Assuma o estilo pijama com peças fluidas e despojadas. As listras verticais criam um efeito divertido.

Jaqueta de couro masculina

A jaqueta de couro é uma peça de roupa intemporal que está na moda desde sempre… Porém, existe o jeito correto de usar. Uma jaqueta de couro deve estar relativamente justa e encaixar no corpo de forma a criar linhas direitas e uma sensaçăo justa. Nos ombros, a jaqueta deve estar mais justa do que larga. A jaqueta deve acabar na sua cintura e năo nas pernas. Verifique também se as mangas năo estăo demasiado grandes porque o alfaiate năo consegue fazer ajustes nisso! A cor também uma escolha importante. Preto é a escolha mais popular, mas existem outras hipóteses a ser consideradas. Claro que uma jaqueta preta é uma boa escolha para um visual mais clássico e dá sempre uma onde de cool e de irreveręncia. Uma boa companhia para compor o look é a calça jeans, deixando um look moderno.

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agenda

Exposições 64ș Salăo Paranaense

A 64ș ediçăo do Salăo Paranaense reúne 25 artistas brasileiros em uma exposiçăo no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC). Desde a violęncia até a relaçăo do homem com a natureza, diversos temas săo retratados em vídeo, instalaçőes, fotografia, pintura, desenho e gravura. Entrada franca. Informaçőes: www.mac.pr.gov.br

Espaço de Arte Alemanha

A mostra “Espaço de Arte Alemanha” está em cartaz até 7 de abril de 2013 e é oferecida pela Casa Andrade Muricy, em parceria com o Institut für Auslandsbeziehungen – Instituto de Relaçőes com o Exterior da Alemanha. Entrada gratuita. Informaçőes: (41) 3321-4798.

Múltiplo Leminski

É a maior exposiçăo do Brasil sobre Paulo Leminski. O local da mostra, no Museu Oscar Niemeyer, foi dividido em espaços que representam as áreas de atuaçăo do artista curitibano, como música, poesia, traduçăo, cinema, grafite e quadrinhos, entre outras. A exposiçăo fica em cartaz até 31 de março. Entrada: R$ 4,00.

Curitiba Central - Vilma Slomp

O Museu Oscar Niemeyer apresenta a exposiçăo Curitiba Central, da fotógrafa Vilma Slomp. A mostra, com a curadoria de Rubens Fernandes Jr., reúne 60 fotos em preto e branco, que retratam o anel central da Capital paranaense desde o final da década de 70 até os dias atuais. A exposiçăo segue até o dia 10 de março. Entrada: R$ 4,00.

Contestado: 100 anos da Batalha do Irani

A Guerra do Contestado é o tema da exposiçăo “Contestado: 100 anos da Batalha do Irani”, que está em cartaz no Museu Paranaense, até dia 30 de abril. A mostra conta com mapas, documentos, fotos e objetos do conflito que aconteceu entre o Paraná e Santa Catarina. Também apresenta dois personagens que morreram na Batalha do Irani: o monge José Maria e o coronel Joăo Gualberto. Entrada gratuita.

Shows Danilo Caymmi

O músico faz apresentaçőes no Teatro da Caixa, em Curitiba, nos dias 1, 2 e 3 de fevereiro. Os shows, que revivem os momentos mais importantes de sua carreira, que completa 45 anos, inclui no repertório os sucessos “Andança”, “Casaco Marrom” e “A Mulher e o Mar”, entre outros. Ingressos: R$ 20. Informaçőes: http://www.caixacultural.com.br

Zezé Motta

A cantora e atriz Zezé Motta faz apresentaçőes do show “Negra Melodia”, no Teatro da Caixa, de 22 a 24 de fevereiro, em Curitiba. No repertório, a artista inclui os sucessos “Magrelinha”, “Fadas”, “Estácio Holly Estácio” e “Pérola Negra”, além de clássicos de sua carreira como “Senhora Liberdade”, “Muito Prazer” e “Rita Baiana”. Ingressos: R$ 20.

Psycho Carnival 2013

A 14Ș ediçăo do Psycho Carnival acontece em Curitiba entre os dias 7 e 12 de fevereiro de 2013. Diversas bandas nacionais e internacionais estăo entre as atraçőes do evento, que é uma alternativa durante a época de carnaval

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para o público que gosta de rock. Ingressos entre R$ 50 e R$ 185. Informaçőes: www.psychocarnival.com.br

Sorriso Maroto

A banda de pagode se apresenta no litoral paranaense, no Café Curaçao Guaratuba no dia 1ș de fevereiro. No repertório músicas de sucesso como “Assim vocę mata o papai” e outras. Ingressos: R$ 30. Informaçőes: 3315-0808.

Turma do Pagode

O swing da Turma do Pagode desembarca no Café Curaçao Guaratuba, no dia 10 de fevereiro. No repertório músicas como “Lancinho” e “Horário de Verăo” e outras. Ingressos: R$ 30. Informaçőes: 3315-0808.

Luan Santana

O cantor sertanejo se apresenta no Café Curaçao Guaratuba, no dia 9 de fevereiro. No repertório cançőes como “Meteoro da paixăo” e “Adrenalina prometem sacudir a galera. Ingressos: R$ 35. Informaçőes: 3315-0808.


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