Documento Reservado

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POLÍTICA

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REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 40 - AGOSTO/2011 - R$ 10,00 www.documentoreservado.com.br

Barbárie juvenil

OS MOSQUETEIROS

Alvaro Dias, Rubens Bueno e Eduardo Sciarra, as vozes paranaenses contra a corrupção no Congresso Nacional

SUCESSÃO EMPRESARIAL

Joel Malucelli, dono de um império superior a R$ 2 bilhões, se aposenta e dá lugar ao filho, Alexandre

Gangue da XV

Jovens, sem medo e sem documento, espalham terror na rua XV de Novembro, coração da capital paranaense. São violentos e intolerantes e, o pior: ficam impunes

Mounir Chaowiche, presidente da Cohapar, vem mudando o quadro da pobreza e miséria com a construção de mais habitações


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editorial expediente Jornalista responsável e editor-chefe Pedro Ribeiro Redação Norma Corrêa, Pedro Ribeiro e Lucian Haro Revisão Nilza Batista Ferreira Comercial Junior Ribas comercial@documentoreservado.com.br

Fotos Shutterstock Ilustrações Davidson Diagramação Alves Martins Impressão Ajir Gráfica Tiragem 10.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 90 g (miolo) Endereço Rua João Negrão, n0. 731 Cond. New York Building - 120. andar sl. 1205 - CEP 80010-200 - Curitiba - PR Telefones (41) 3322-5531 / 3203-5531 E-mail editor@documentoreservado.com.br

Ranking indesejado De repente, o Paraná vira o centro das atenções do País. Mostra, a cores, um quadro desolador em relação à violência e criminalidade. Dados divulgados pelo Ministério da Justiça de 2008, relaciona o Paraná entre os dez estados mais violentos do Brasil e possui a terceira cidade mais violenta do País – Curitiba. Após a morte de 21 pessoas entre os dias 19 e 22 de agosto, num final de semana, na capital, a população está chocada e pede soluções emergenciais. Estes bárbaros crimes aconteceram uma semana após o governador Beto Richa ter criado um plano de segurança, batizado de Paraná Seguro. Para o cientista político e membro do Centro de Direitos Humanos e Violência da UFPR, Arthur Conceição, “se não houver um plano político estadual de paz, a violência não acabará e este mesmo plano editado pelo governador Richa já foi implantado em Brasília e não resolveu o problema”, lembrou. Pouco adianta falar em números se não for falado do combate e que o correto é haver elos entre todos os lados (a polícia, políticos, população, entre outros), ponderou o cientista. Nesta edição, você verá material completo sobre o Paraná Seguro, lançado pelo governador Beto Richa e uma reportagem, feita pelo jornalista Luciano Haro, sobre as gangs que agem no centro de Curitiba, à luz do dia e que ninguém faz absolutamente nada para contê-las. Um desses grupos age na rua XV de Novembro entre as ruas Marechal Floriano e Dr. Muricy. Se o leitor quer ver barbáries é só neste local, principalmente às quintas-feiras no período da tarde. A revista Documento Reservado ouviu três lideranças políticas do Paraná com acento no Congresso Nacional – Senador Alvaro Dias e deputados federais Rubens Bueno e Eduardo Sciarra– a respeito da corrupção e da chamada faxina no governo da presidenta Dilma Rousseff. A vereadora Renata Bueno (PPS) fez um levantamento completo das leis de Curitiba. Aliás, absurdos de leis. Ou leis absurdas. Pedro Ribeiro

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 40 - AGOSTO/2011

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Foto: Divulgação

08 Faxina

O senador Alvaro Dias (PSDB) e o deputado federal, Rubens Bueno (PPS), são duas vozes paranaenses no Congresso Nacional contra a corrupção no Governo Federal.

20 Sucessão

O empresário Joel Malucelli, dono de um império formado por 64 empresas, está se aposentando e passando o comando do grupo para o filho Alexandre, de 42 anos.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

30 Limbo

50 Vida digna

26 Gangue

Nossa reportagem acompanhou a atuação da “Gangue do Tubão”, que age no calçadão da Rua XV e é responsável por uma onda de terror entre lojistas e transeuntes da área.

56 Cultura

A Agenda Cultural deste mês de setembro está recheada com boas peças nas salas de teatro e uma centena de exposições nas galerias, além de shows e dicas de bares e restaurantes.

De repente, pequenos municípios do Estado passaram a receber atenção especial do Governo Richa com a construção de casas populares, na cidade e no campo.

Foto: Divulgação

Foto: Felipe Rosa

Ao beber do próprio veneno, João Cláudio Derosso, presidente da Câmara de Curitiba, vê cair por água abaixo suas pretensões de ser vice-prefeito de Curitiba. Um desastre.

índice

Foto: Divulgação

38 Sem buracos

Se o problema da cidade de Curitiba está nas ruas esburacadas dos bairros, isto está chegando ao fim. O prefeito Luciano Ducci mandou reciclar asfalto em toda capital.

54 Coluna da Gabi

Nesta edição da revista Documento Reservado, o leitor poderá acompanhar todos os passos do que vem acontecendo em nossa sociedade, além de lançamentos de novos produtos.

Foto: AEN

58 Curto ou longo? 42 Socorro

Governo adota novas medidas na área de segurança, visando conter a onda de violência e criminalidade que vem colocando Curitiba no topo das cidades mais violentas do País.

34 Febre virtual

O Facebook, produto bilionário, vem crescendo assustadoramente no país, onde, hoje, mais de 11 milhões de brasileiros estão cadastrados e o acessam quase que diariamente.

O perfil dessa edição é do médico urologista, Sergio Bassi, dono do Hospital Griffon. Ele nos conta porque o tamanho do pênis não é documento em relação ao ato sexual.

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sintonia fina

daquela cidade. Gleisi nega e Bernardo contesta denúncias. Enquanto a pimenta é nos olhos dos outros, tudo bem. Quando se trata do PT, aí enrola daqui, dali e fica tudo numa boa.

Guerra com horrores Óleo de peroba João Cláudio Derosso deve estar morrendo de rir ou rosa de vergonha. Dar um depoimento na Comissão de Ética da Câmara e afirmar que seguiu as normas do Regimento Interno da Câmara e não a lei constitucional 8666 que reza sobre licitações é, no mínimo, muito estranho. Estranho e constrangedor para a sociedade que tem um representante político, do Legislativo Municipal, que não “sabe” sobre leis e que, aliás, se sobrepõe à Lei Federal. Mais ruborizado ainda é sustentar que prorrogou o contrato da esposa porque o “trabalho dela é impecável”. Tenha dó.

O silêncio impera, mas há quem sustente que o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Valdir Rossoni (PSDB), terá o troco. Na trincheira, um seleto grupo de deputados que praticamente foi enxotado por Rossoni assim que assumiu o posto de presidente. Como dizem as fontes – não é apenas uma, mas várias – “a vez dele chegará e, como avisava Anibal Khoury: à guerra com todos os seus horrores”. É esperar para ver.

Saudades do Canet Eu já sabia

Vôo dos ministros Ministra Gleisi Hoffmann (PT), que gastou R$ 8 milhões na campanha para o Senado, e seu marido, ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), não querem assumir a utilização de um avião particular da construtora Sanches Tripoloni, de Maringá e responsável pela obra do contorno

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vem fazendo no País é um sinal de que o homem quer voltar. Podem apostar que, bem próximo das eleições de 2014, seu discurso terá outro tom: “cumpanhêros e cumpanheras, a cumpanhêra Dilma não deu muito certo, mas para colocar as coisa nos trilho, eu faço o sacrifício de voltar a ser candidato”. E volta para ficar mais 8 anos. Ao que parece, Lula, como quem não quer nada, está dando uma de Hugo Chaves, que está tentando se eternizar na presidência da Venezuela.

Uma novidade. O presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, deputado Valdir Rossoni (PSDB), foi absolvido pelos juízes do Tribunal Regional Eleitoral. Acusado de não ter declarado R$ 76 mil durante a campanha para deputado, Rossoni foi denunciado, mas absolvido. A novidade foi tanta, que durante a votação sobre sua possível cassação, Rossoni se encontrava na Europa, com o governador Beto Richa.

Fogo amigo As palestras que o ex-presidente Lula

Sobre a administração mão de ferro de Jayme Canet Junior, Belmiro Jobim Castor lembra episódio que aconteceu na Baía de Antonina. Em raro dia de folga, o governador foi pescar em frente à comunidade chamada Europinha, quando um grupo de pescadores o abordou e lamentou que funcionários da então secretaria de Agricultura haviam queimado todas as redes dos pescadores que estavam trabalhando no período do defenso. Passados alguns dias, o secretário Paulo Carneiro encontrou Canet e informou que tinham apreendido um barco dos Matarazzo pescando na tal “oropinha”. Canet disse: qual o dia e a hora do incêndio, que quero estar presente?


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compor o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele disse que é inadmissível que, dos 11 membros que compõem a Corte, 9 foram indicados por Lula e Dilma (Lula indicou 8 deles). Bueno não acredita em isenção no julgamento por parte dos ministros indicados por presidentes.

Ao professor Grupo de jornalistas homenageou o jornalista Aroldo Murá, dia 29 de julho, durante comemoração dos seus 71 anos de idade, com almoço no Principado do Ócio, em Porto de Cima, Morretes. O professor fez um discurso emocionado, falando sobre seus amigos, principalmente os presentes, que nunca o abandonaram, mas ofuscado pelas singelas palavras do jornalista Jaime Lechinski, que fulminou: “ao professor Aroldo Murá, a quem já devemos lealdade e obediência”. O almoço foi organizado pelos jornalistas Dante Mendonça, Maí Nascimento e Eduardo Sganzerla, o barreado ficou por conta do grande Vitamina e da Dulce e a recepção a cargo de Geraldo e Jandira Bolda.

Holofotes em Maringá Empresário Joel Malucelli prometeu, em Maringá, durante inauguração da nova sede da TV Maringá, afiliada da Band, que não medirá esforços para continuar investindo na área de comunicações no Paraná. “Hoje somos o segundo no Estado e vamos seguir em frente”, disse. O grupo J.Malucelli controla as rádios CBN Curitiba, Band Curitiba e Maringá, Rádio Globo Curitiba e Band News, também da capital, além de ter participação no jornal Metro.

Torcendo o nariz O deputado Rubens Bueno, líder do PPS na Câmara Federal, é autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que acaba com a indicação do presidente da República de plantão para

O articulador Se Gustavo Fruet (sem partido) assinar a ficha do PDT, podem creditar a conquista ao empresário da área da educação e

ex-deputado federal, professor Wilson Picler, PDT. Ele é um dos responsáveis pela aproximação de Fruet a Osmar Dias. Neste festerê, só não chamem para sentar à mesma mesa, o prefeito de Londrina, Barbosa Neto.

Ninguém aguenta Sérgio Malucelli, diretor da Fetranspar, vem alertando as autoridades sobre o roubo de carga de caminhões no Paraná. Em menos de 15 dias, dez cargas de combustíveis foram roubadas no Estado. Quadrilhas que atuavam em São Paulo migraram para o Paraná, e isso pode explicar o aumento no número de casos. “É possível que a ação mais efetiva da segurança pública do Estado de São Paulo tenha inibido os roubos. Esta questão pode explicar, em partes, o aumento do número de furtos no Paraná”, disse. Para o executivo do setor de transportes, é preciso uma delegacia especializada em roubo de cargas e que a Polícia Militar desenvolva ações preventivas para evitar os delitos.

Quem avisa... A agência de publicidade Visão, que acabou se transformando no “bode expiatório” no caso de corrupção na Câmara de Vereadores de Curitiba, promete dar o troco no presidente João Cláudio Derosso. Com as contas bancárias bloqueadas pelo Ministério Público, a Visão está em situação delicada e há, quem afirme, internamente, que quando houve a licitação, apenas uma empresa ganhou: a Visão. Depois apareceu, do nada, outra...

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política

Guerreiros N

o Congresso Nacional, dois parlamentares paranaenses, de oposição ao governo, se sobressaem devido às suas posturas críticas em relação aos avanços da corrupção no País. O senador Alvaro Dias, do PSDB, e o deputado federal, Rubens Bueno, do PPS. Chamo-os de combatentes diante de um mundo público que tem, de um lado, as leis universais e, do outro, as leis do mercado, dos compadres, parentes e amigos. Não os vejo, ou pelo menos nunca tive o conhecimento, de vê-los fazendo o jogo duplo da política, onde os amigos e correligionários que, uma vez no poder, terão tudo, do compromisso das lealdades relacionais que não tem compromisso legal ou ideológico. Acredito que esses dois representantes paranaenses no Congresso Nacional perceberam, ao longo de suas carreiras, como políticos profissionais, que a massa brasileira tem identificado na atividade política um jogo fundamentalmente sujo, onde existe de tudo, menos ética. Alvaro e Rubens e aqui poderemos citar também outros paranaenses, assumiram o compromisso do cidadão universal, sempre diante da lei e do compromisso com a população. No Senado, Alvaro Dias tem sido um guerreiro contra a corrupção que vem se alastrando no seio da nação dirigida pelo Partido dos Trabalhadores, justamente o partido que, ao longo de mais de 20 anos, lutou contra essa prática nos poderes anteriores.

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O senador paranaense afirma que o momento de indignação que campeia entre os brasileiros exige muito mais que retórica sobre a dita faxina que a presidenta Dilma Rousseff sustenta em palavras fazer em sua administração, enquanto denúncias pipocam à sua volta. Alvaro Dias afirma que o itinerário da corrupção no Brasil é devastador e que seu termômetro parece estar medindo a pressão das aspirações populares neste momento de forma diferente do termômetro de alguns senadores. “A indignação que campeia e alcança os brasileiros de bem exige muito mais do que meras palavras sobre limpeza e faxina. Só o discurso não resolve, e me refiro à própria presidente da República, que manifesta desejo de promover uma limpeza, mas que precisa ir além da retórica”, disse. Em outras palavras, para o líder do PSDB, os parlamentares devem passar do discurso à ação, e apoiar a criação das CPIs que estão sendo propostas para investigar as denúncias de corrupção em diversas áreas da administração pública. Na Câmara dos Deputados, o presidente do PPS, Rubens Bueno, diz que se a presidenta Dilma Rousseff quer realmente fazer uma faxina no governo, a CPI é o melhor detergente para limpar toda essa sujeira. O foco de Bueno está no PAC, com previsão de investimentos da ordem de R$ 503,9 bilhões, já está em sua segunda versão, que prevê um desembolso de R$ 1,59 trilhão. Em seu requerimento de CPI, o deputado afirma que “diversas obras que integram o PAC vêm sofrendo denúncias de irregularidades e de desvios de verbas, colocando em cheque a forma de gestão e de fiscalização do programa, desde o seu planejamento até as etapas de execução”. Para ele, a CPI, além de apurar denúncias, sugerir a punição de corruptos e dar subsídios


Pedro Ribeiro

da oposição para que a Advocacia Geral da União (AGU) recupere o dinheiro público desviado, pode “produzir propostas para blindar o PAC de vícios em sua execução e buscar uma fiscalização mais eficiente, apresentando, assim, uma resposta à sociedade brasileira”. Entende o parlamentar paranaense que se não houver uma CPI, a “faxina que o governo promete não passará de uma varrida da sujeira para debaixo do tapete”. Deputado Rubens Bueno está brigando pela moralidade na Câmara Federal

Senador Álvaro Dias quer, no Senado, instalar a CPI da Corrupção para investigar denúncias que assolam o Governo

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Saco

política

Enquanto o Planalto Central é sacudido por denúncias de toda a ordem, derrubando ministros, secretários e auxiliares de primeiros escalão, na Esplanada dos Ministérios e adjacências, dois paranaenses arregaçaram as mangas e foram à luta. Na Câmara, Rubens Bueno (PPS) e, no Senado, Álvaro Dias (PSDB), combatem a corrupção em busca de impedir que a impunidade continue vencendo a razão e a honestidade

E

m nome da governabilidade, há anos, inquilinos do Palácio do Planalto adotam, desde 1985 – ano da redemocratização do País -, o modelo da troca do apoio político por favores públicos e monetários. Resultado dessa prática, que se fortaleceu e cresceu com o passar dos anos, são as denuncias de corrupção que ganham corpo

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e estão estampadas nas primeiras páginas de todos os jornais, têm espaços nobres nas redes de televisão, têm tempo garantido nas rádios. Primeiro foi o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, que jocosamente foi apelidado de “rei da consultoria”. Depois vieram denúncias que se espalharam pela Esplanada dos Ministérios, começando pelos Transportes, pipocando, depois, para os prédios vizinhos. Agricultura, Turismo, Cidades... Enfim, a presidente Dilma Rousseff (PT), vendo a sujeira invadindo o quintal de casa, resolveu começar a faxina, antes que o entulho a empurrasse para fora. De escândalo em escândalo, que têm que ser contornados pela primeira presidente mulher do Brasil, o País


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de caranguejo

Dilma aceitou exonerar Alfredo Nascimento dos Transportes, pensando que estancaria as denúncias. Estava enganada!

convive na sua mais séria crise política, que não permite que Dilma comece a governar, embora esteja há quase nove meses no poder. É que a sujeira é tanta, que ainda não deu tempo para colocar em prática o seu plano de Governo. Curiosamente, no Planalto Central, quem está “brigando” pela moralidade no Congresso Nacional são dois paranaenses. Um na Câmara e outro no Senado. “Estamos mexendo num saco de caranguejos. A cada um que tiramos vem outros tantos agarrados a ele”. A frase dita em tom entre sarcasmo, ironia e uma ponta de angústia, é do deputado federal Rubens Bueno, líder do PPS na

Tudo começou com a denúncia contra Palocci. Dilma aceitou o pedido de demissão do “companheiro”, mas as denúncias de corrupção continuaram

Vendo a sujeira invadindo o quintal da casa, Dilma resolveu começar a faxina”. Rubens Bueno

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política

Câmara Federal e que vem representando o melancólico papel de tentar combater a corrupção que anda a galope na Esplanada dos Ministérios e adjacências. Modelo promíscuo Outro que vestiu a armadura de luta contra a onda crescente de denúncias que foram cuidadosamente colocadas sob o tapete da sala, é o senador Álvaro Dias (PSDB). “Este é um modelo promíscuo. Um Governo que engordou demais. Criaram Ministérios, Secretarias, empresas, cargos comissionados para acomodar governistas. Nunca se roubou tanto no Brasil. O Governo foge da CPI como o diabo foge da cruz”, disparou Álvaro, que tenta colher assinatura entre os senadores para instalar uma Comissão Parlamentar de Investigação na Casa e levantar possíveis crimes de corrupção no Governo Federal. Para Rubens Bueno, porém, a “faxina” de Dilma se resume a apenas “trocar pessoas”, mantendo a mesma modelagem de gestão que, em sua opinião, é a origem da corrupção. “Sem mudança de postura, com uma nova mode-

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lagem de gestão, é impossível a corrupção não voltar a acontecer, porque o volume de denúncias é muito grande e a presidente não consegue governar por ter que se defender constantemente”, disse Bueno. Álvaro, por sua vez, disse, em discurso na tribuna do Senado, que a “Estamos mexendo num administração da “compasaco de caranguejos. A cada um que tiramos nheira Dilma” está envevem outros tantos lhecida e desgastada, em agarrados a ele”, diz Rubens Bueno práticas, quadros e ideias. “A sociedade brasileira está impressionada com o número excessivo de escândalos que ocorreram em seis meses de gestão da presidente Dilma Rousseff. A sucessão de casos escabrosos parece ser interminável, fazendo com que o escândalo de hoje faça esquecer o de ontem, já esperando o de amanhã para ser esquecido. Os casos já levaram quatro ministros a serem substituídos. Portanto, ao completar seis meses de gestão o atual Governo exibe uma decrepitude precoce, qualificando e reproduzindo palavras de um articulista da Folha de S. Paulo, o Vinícius Motta que disse: ‘uma administração envelhecida e desgastada em práticas, quadros e idéias’. Este ministério não está a altura do Brasil, não só pela forma, mas pelo conteúdo”, afirmou o líder do PSDB no Senado. O senador tucano citou um “rosário” de denúncias, começando pelo caso Palocci, o escândalo dos aloprados e as denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes e no DNIT, sugerindo para a presidente Dilma a modificar o atual modelo de distribuição de cargos nos diversos escalões da administração. Assim como Rubens Bueno, Alvaro Dias também acredita que o atual formato privilegia a corrupção, o fisiologismo e o loteamento de áreas do Governo. “Caso as mudanças, na relação entre o Palácio do Planalto e os partidos da base aliada, não forem feitas, a atual gestão se contaminará de tal forma que não conseguirá finalizar com sucesso o mandato de quatro anos”, prevê, ao


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acrescentar, dizendo que: “Ou a presidente Dilma desmonta esse modelo promíscuo agora, ou terminará mal, muito mal, o seu mandato. Ou aproveita essa oportunidade para fazer uma assepsia, uma varredura, para limpar a sujeira que há nos escaninhos do atual Governo, ou terminará certamente condenada pelas pessoas de bem neste País. Não podemos falar em nome de todos os brasileiros, obviamente, mas imagino que os brasileiros de bem haverão de condenar se as providências agora não forem adotadas de forma objetiva e veemente para limpar as estruturas contaminadas do Governo com um modelo de promiscuidade indigno de corresponder às expectativas da sociedade. Este modelo institucionalizou o mensalão, que ao contrário do que muitos imaginam, está muito vivo, resistindo às intempéries. Os seis meses da presidente Dilma no poder foram marcados, portanto, por episódios rumorosos estimulados por uma prática deletéria, com a reprovável utilização de recursos públicos”, afirmou o senador do PSDB do Paraná.

Governabilidade Para o deputado federal Rubens Bueno, enfrentar os problemas com as denúncias de corrupção no Governo, que são muitas, exige estratégia mínima na condução das denúncias que todos os dias tomam conta do noticiário. E não é raro, o PPS, pelas mãos de Rubens Bueno, buscar, na Justiça ou nas Comissões permanentes da Câmara, informações ou reparo de situações provocadas por denúncias de toda a natureza. “O nosso País precisa que a presidente governe, em vez de estar sempre às voltas com os problemas da corrupção ou de sua base no Congresso. Envolto em corrupção, o Governo Dilma Rousseff completa mais de oito meses e crava sua marca de paralisia nos investimentos públicos”, dispara. O líder socialista, no entanto, conta que a corrupção que aparece agora começou com o Governo Lula. “Em 2002, todos imaginávamos, inclusive eu, que Lula, o metalúrgico, o homem do povo, fosse promover mudanças. Que algo novo nos esperava. Todos nos enganamos. Ao contrário. Lula aumentou o

“Este é um modelo promíscuo. Um Governo que engordou demais. Criaram Ministérios, Secretarias, empresas, cargos comissionados para acomodar governistas. Nunca se roubou tanto no Brasil. O Governo foge da CPI como o diabo foge da cruz”, diz Álvaro Dias

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política

Dilma sucedeu Lula no Governo, mas as denúncias de corrupção continuaram e se fortaleceram nos últimos seis meses

número de cargos comissionados. Ele abriu a porta para que a gestão pública fosse deteriorada, quando trocou os servidores, os profissionais, pela companheirada”, avalia. Segundo o deputado, a base do Governo no Congresso Nacional, é “fisiológica, de pessoas que brigam por cargos, do toma lá dá cá, sem conteúdo”. Enquanto as denúncias se revezam e apimentam o dia a dia da política brasileira, Bueno afirma que o País vai lamentando o uso da máquina “para interesses privados de empreiteiras, de clientes de um ministro que vale muito no mercado ou de empresas que tomam dinheiro emprestado a taxas subsidiadas no BNDES para obter altos lucros. A instituição precisa voltar a ser um banco destinado ao pequeno empreendedor e deixar de privilegiar o grande capital”. Na Câmara e no Senado Na Câmara e no Senado, Alvaro e Rubens, abraçaram a mesma causa e lutam ferozmente na defesa de manter o Brasil economicamente fortalecido e organizado. Bueno afirma que o Governo do PT (Lula e Dilma) desmantelou o Estado, pois que o Estado é o PT, o que, para ele, é um grande equívoco. “Desde o Governo Itamar Franco, o Brasil começou a caminhar se organizando economicamente, com o surgimento do Plano Real. Hoje, o Governo do PT se mantém na base do marketing”, disse, lembrando que Lula realmente tentou um terceiro mandato, mas como houve reação muito forte contra, ele desistiu, mas o que se vê é que Lula deve

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se candidatar novamente em 2014. “O Lula queria implantar no Brasil, o que o Chávez (Hugo) fez na Venezuela, partidarizando o Governo. O que igualmente está fazendo o Evo Morales na Bolívia. Enfim, esses homens querem apenas se perpetuar no poder”, pondera. Segundo ele, infelizmente, a previsão não é muito boa para o País que pode ainda, ter que conviver com outras denúncias de corrupção. “O Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014, no dia 30 de outubro de 2007. Já vai completar quatro anos e o que aconteceu? Quase nada! Agora, quando as obras estão atrasadas, eles (o governo) têm pressa. Mexem até na Lei das Licitações (8.666). Quanto menor o tempo para construir, mais cara é a obra. Então, a partir de agora, as obras serão caríssimas por causa da pressa e no final, a corrupção, por

“A administração da “companheira Dilma” está envelhecida e desgastada, em práticas, quadros e idéias” Álvaro Dias


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causa dos grandes negócios”, desabafa, adiantando que o volume de dinheiro que será gasto “extra” para a Copa do Mundo, seria possível zerar o saneamento básico no País. “O PT deixou de ser o partido dos trabalhadores, para ser o partido dos conchavos. O PT chegou ao poder com a marca da ética, mas acabou pendendo para o outro lado, quando blindou ministros, acobertando o que há de pior na política. O caminho é o fundo do poço. No entanto, temos valores éticos e princípios que nos levam a acreditar que algo novo vai nascer e libertar o povo brasileiro da escravidão provocada pela corrupção”, disse, contando que, nas Comissões da Câmara têm ferramentas disponíveis que estão usadas pela oposição para combater o mal que assola o País. “O país precisa que a presidente governe, em vez de estar sempre às voltas com os problemas da corrupção ou de sua base no Congresso, da qual não raro é refém. A oposição não deixará de cobrar. Não abrirá mão de fiscalizar os atos do Governo. A inação terá tratamento tão duro quanto a corrupção”, completou. Sobre a “faxina” que a presidente Dilma se põe a executar, Álvaro diz que o momento de indignação que os brasileiros, exige muito mais do que a mera retórica sobre faxina. Para ele, o Governo não vai diminuir a corrupção apenas com palavras. “O itinerário da corrupção no Brasil é devastador. E eu, com todo respeito aos colegas, quero dizer que meu termômetro parece estar medindo a pressão das aspirações populares neste momento de forma diferente do termômetro de alguns senadores. A indignação que campeia e alcança os brasileiros de bem, exige muito mais do que meras palavras sobre limpeza e faxina. Só o discurso não resolve. Refiro-me à própria presidente da República, que manifesta desejo de promover uma limpeza, mas que precisa ir além da retórica”, disse, ao afirmar que o Parlamento também não pode apenas ficar na retórica em relação à limpeza no Governo. De acordo com o líder do PSDB, os parlamentares devem passar do

discurso à ação, e apoiar a criação das CPIs que estão sendo propostas para investigar as denúncias de corrupção em diversas áreas da administração pública. “O Congresso Nacional possui um importante instrumento que pode fornecer contribuição essencial ao Poder Executivo, caso o propósito de limpeza deste governo seja realmente sincero. Este instrumento chama-se comissão parlamentar de inquérito, e tem o poder de investigar e fiscalizar os atos dos órgãos de governo ao trabalhar com indícios obtidos a partir de quebras de sigilo que contribuem de forma notável com a investigação. Além de ser um instrumento essencial neste momento, a instalação de uma CPI reabilitaria o Congresso, até porque a comissão de inquérito confere a transparência necessária aos atos e convoca a população a cobrar as medidas cabíveis”, avalia Dias, que desconfia das reais intenções do Palácio do Planalto de promover a chamada “limpeza” na administração pública. Álvaro leu, em plenário, uma nota assinada pela Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal, que defende sua postura nas últimas operações. Os delegados, na nota, reagem às críticas feitas por membros do Governo sobre o uso de algemas na prisão

Álvaro Dias e Rubens Bueno creditam a Lula, a corrupção galopante que atinge o País

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política

dos acusados por corrupção no Ministério do Turismo. “Os delegados da PF, na nota, afirmam que todo criminoso ao ser preso procura desqualificar o trabalho da polícia. Quando não pode, são seus padrinhos que o fazem. Os presos que desviaram recursos do Ministério do Turismo tiveram padrinhos poderosos como a presidente da República e o vice-presidente. Surpreendentemente, até o presidente da OAB protestou contra métodos utilizados pela PF. A população brasileira certamente não compreende as razões dessa indignação quando os membros do Governo protestam pela PF ter utilizado algemas para prender ladrões do colarinho branco. Certamente o cidadão comum afirma: quando pobre, ladrão de galinha, é algemado e exposto na mídia ao vivo não há protesto; quando um ladrão do colarinho branco é preso e algemado há protesto e indignação, quando a força da indignação deveria ser reservada tão somente ao ato praticado ao delito cometido, ao ilícito praticado, ou seja, ao roubo do dinheiro público”, disse, indignado, o senador. Aperta o cerco A oposição aperta o cerco contra a corrupção. Já somam algumas representações no Ministério Público Federal (MPF), para investigar supostos esquemas de corrupção nos ministérios dos Transportes, Turismo e da Agricultura. Enquanto isso não acontece, no Senado, a oposição continua seu esforço para a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Ministério dos Transportes. Na Câmara, os deputados aprovam convites aos envolvidos em denúncias, como o ministro do Turismo, Pedro Novais, e o ex-chefe da pasta, Luiz Barreto; o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa e o ex-presidente da Embratur, Mário Moysés. Também outros requerimentos para ouvir esclarecimentos foram apresentados na Câmara dos Deputados, como do ex-diretor

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da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto, o “Jucazinho”, o ex-secretário-executivo da Agricultura, Milton Ortolan, e o lobista Júlio Fróes. Os tucanos anunciam a divulgação de um documento com sugestões de “reengenharia administrativa” do Governo. Com propostas como a fusão de alguns ministérios e secretarias e a contenção de gastos. Outra estratégia será otimizar a tramitação de projetos de combate à corrupção,como o que colocará na frente dos demais processos que envolvam administradores públicos acusados de corrupção. Ainda há a proposta, no Senado, de um projeto para proibir que o parlamentar retire a assinatura de listas de criação de CPIs, como ocorreu na tentativa de a oposição criar a CPI dos Transportes. “A ideia é evitar que a lista seja usada como moeda de troca, como foi feito recentemente”, disse Alvaro Dias. Certo está o colunista Célio Heitor Guimarães, quando diz “Deus do Céu, onde é que isso vai parar… se é que tem fim?!”. É dele também, a afirmação de que o patrono de tudo isso que está acontecendo é obra de Lula (Lulinha paz e amor). “Fora do trono, (Lula) virou palestrante, a soldo de grandes empresários. Em Curitiba, outro dia, recebeu R$ 350 mil por uma “palestra”. Como complemento, teve uma noitada regada a vinhos Veja Sicila e Mounton Rotschild. Segundo o sempre bem informado Reinaldo Bessa, o grupo de 12 pessoas consumiu 26 garrafas de vinho. Claro que houve também alguns petiscos. Coisa simples, bem de acordo com o convidado: camarões em crosta de Parmigiano Reggiano, robalo grelhado, costelinhas de leitoa assada e cassoulet. A sobremesa foi torta de maçã harmonizada com o espetacular Château D’Yquem 2000. Para completar, a mesma concessionária de serviço de telefonia que já salvara da falência empresa do filho do ex-presidente, agora patrocina a produção de peça de teatro estrelada pela neta do homem. Tudo por amor à arte...”, brinca Guimarães.


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política

Brasil não pode perder a guerra para

impunidade

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Foto: Beto Oliveira/Agência Câmara

P

ara o deputado Eduardo Sciarra, coordenador do PDS no Paraná e um dos líderes de sua criação no País, a presidenta Dilma Rousseff (PT) terá que dar atenção especial à essa onda de denúncias de corrupção que vem se alastrando em seu governo, com remanescentes do governo Luiz Inácio Lula da Silva. “O que vemos, hoje, é a identificação dos problemas ocorridos e uma real intenção da governante em coibir tais práticas, mesmo porque vem sofrendo pressões não apenas da base aliada, mas de toda a sociedade, que não admite mais tais práticas”, disse Sciarra. Toda investigação e punição dos culpados terá o apoio do PDS, porque a onda de corrupção e a conseqüente falta de impunidade chegou ao limite e o Brasil terá que enfrentar esse problema sob pena de perder essa guerra, observa o deputado. Em relação ao PDS, diz que o partido ainda está no limbo, sem espaço para discussão no Congresso Nacional, ou seja, sem comissões e sem representatividade, o que, no entanto, não nos impede de questionarmos tais absurdos que vem ocorrendo embaixo dos nossos narizes. “Estamos acompanhando essa depuração e não retrocederemos em nossas posições de transparência na administração pública”, ponderou. Sciarra disse à revista Documento Reservado que, embora ainda existam algumas resistências contrárias à criação do partido, o que considera gasto desnecessário de ener-

Deputado federal Eduardo Sciarra garante que o partido terá candidato à Prefeitura de Curitiba e o nome a ser indicado é do deputado estadual, Ney Leprevost.

gia, porque vem contra o processo democrático, o movimento do PDS vem crescendo a cada dia no País. “Hoje estamos presentes em 299 municípios paranaenses e chegaremos a 90% dos municípios no final deste mês de setembro”, afirmou Sciarra. Garantiu também que o partido participará ativamente das próximas eleições e, em Curitiba, sugeriu o nome do deputado estadual, Ney Leprevost, como candidato natural à Prefeitura.


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economia

ALEXANDRE

O SUCESSOR Aos 42 anos de idade, Alexandre Malucelli está preparado para assumir o comando do Grupo JMalucelli, um complexo com 65 empresas que atuam em várias atividades. Desde construção pesada, comunicações, energia, seguro a time de futebol

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Fotos: Divulgação

Pedro Ribeiro

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economia

“Não sou sucessor do Joel, mas um representante da família no comando das empresas”. Alexandre Malucelli

A Presidenta Dilma Rousseff surpreende-me positivamente, mas continua valendo a máxima do não basta querer, tem que poder. Gosto do Beto Richa e acho que o Paraná ganha com ele”. Alexandre Malucelli

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E

le não precisará de terno novo para a posse, porque não haverá posse. E também não terá festa. Mas, a data para a troca no comando do Grupo JMalucelli tem dia, hora e ano marcados para acontecer. Às 17 horas do dia 20 de dezembro de 2012, o megaempresário paranaense, Joel Malucelli (66 anos) passa, às mãos do filho, Alexandre Malucelli (42 anos), o controle total do Grupo que fundou há 48 anos e que, hoje, conta com 65 empresas e um patrimônio superior a R$ 2 bilhões. Joel Malucelli se aposenta, mas não deixará de trabalhar. Todos sabem que ficará com um olho na bola de futebol, sua paixão desde criança, e outro nas empresas, que vem cuidando com zelo e carinho durante todos estes anos. Alexandre Malucelli afirma que não se considera sucessor do Joel Malucelli, mas apenas um representante da família no comando do grupo. A exemplo do pai, que começou a erguer o império por baixo, operando seu primeiro equipamento, um trator de esteira, em terras barrentas de São João do Triunfo, para transformar em um dos maiores complexos de empresas do Estado, o filho também iniciou sua carreira ainda garoto, como mensageiro na Construtora e passou por praticamente todas as empresas do grupo. Humilde e trabalhador como Joel, Alexandre diz que contará com o próprio pai e os irmãos para este novo e grande desafio de sua vida. Em entrevista para a revista Documento Reservado, Alexandre Malucelli foi cuidadoso nas respostas e nas palavras. Disse que o Brasil é um país emergente que não está no primeiro e nem no terceiro mundo e que precisa, com urgência, enfrentar os gargalos da infraestrutura que o impede de crescer, por exemplo, 5% ao ano. Para ele, a alta taxa de juros é insustentável, o que inibe os empreendedores e as próprias pessoas, o mesmo acontecendo com a enorme carga tributária que considera um nó que deve ser desatado e agora. Não tem filiação partidária, mas acompanha a política e diz estar surpreso, positivamente, com a presidenta Dilma Rousseff.

A sucessão O assunto de sucessor do Grupo J. Malucelli foi nascendo naturalmente para Alexandre Malluceli.“Temos a vantagem de que o grupo JMalucelli é um conglomerado com interesses em diversas áreas e assim temos “especialistas”, da família ou não, em diversos setores. O que me caberá é aglutinar estas forças e fazer com que o Grupo tenha uma estratégia clara e objetiva de futuro”. Portanto, como afirmei, “não sou sucessor do Joel, mas um representante da família no comando das empresas”. Começou a se preparar naturalmente para assumir o cargo de presidente. Por coincidência ou não, Alexandre estava presente e participou ativamente de todos os movimentos estratégicos que a JMalucelli passou nos últimos 10 anos. Como exemplo, a transação na área de seguros com um fundo de Private Equity americano em 2003, a abertura de capital do ParanaBanco na Bolsa de Valores em 2007, a transação estratégica da JM Energia, também com um fundo de investimento, em 2009 e finalmente o Deal com a Travelers agora em 2010. Foram certamente lições valiosas que aprendeu, com os erros e acertos de cada movimento nestes casos. Alexandre fala da maior experiência, dentro do Grupo, que o credenciou à condição de sucessor do Joel Malucelli, dizendo que todas as experiências mencionadas foram muito valiosas, pois foram movimentos que envolveram intensas negociações, alem de processo de diligencia (due-diligence). Adicionalmente a isto, o dia a dia numa empresa como a JMalucelli Seguradora, onde está desde a fundação, também o ajudaram a ter a vivencia de um projeto start-up, ou seja começar um negócio do zero. Está no sangue Quando perguntado se ele estaria pronto para assumir a sucessão, nos disse: “Pronto acho que nunca estaremos, pois é um processo contínuo de aprendizado. Acho que temos (eu e meus irmãos) o DNA e a filosofia do Grupo


Pedro Ribeiro

JMalucelli.” E isto é fundamental, pois fornece a sensibilidade do apetite (ou não) para tomar certos riscos, dá a dimensão da responsabilidade social das empresas JMalucelli e permite, de forma conjunta, definir as estratégias futuras do Grupo. Para isto, certamente está preparado e pronto. O vice-presidente da JMalucelli Seguradora começou a trabalhar no grupo muito cedo, como Office boy da JMalucelli Construtora. Fazia bancos pela manhã e estudava a tarde. Passou pela JMalucelli Florestal e pela JMalucelli Corretora de Valores. Quando entrou na Universidade Federal, no curso de Engenharia Civil, voltou para JMalucelli Construtora e ficou na obra de restauração da estrada Curitiba/São Paulo, logo na saída do Atuba. Quando tinha 18 anos, foi gerente de Conta Corrente do ParanáBanco e após dois anos, fez um estágio na Bamerindus Seguros e somente depois, foi chamado para tocar o projeto da JMalucelli Seguradora. Começou como Vice-presidente da Seguradora com 20 anos. O dia a dia de Diretor de um Grupo com mais de 60 empresas é bem intenso com a rotina da maioria das empresas JMalucelli. “O Joel ainda dará suporte por muito tempo, e como já tem uma dinâmica de tomada de decisões bem alinhada, tem a exata dimensão da responsabilidade que tem”, observa. Empresa familiar Hoje, o grupo JMalucelli é visto como uma Holding com interesses em alguns setores específicos. Internamente, as atenções são divididas em cinco áreas : Finanças, Infraestrutura, Mídia/Comunicação, Responsabilidade Social e outros. O Grupo J. Malucelli é um complexo de empresas familiar, e a mescla de talentos da própria família, com profissionais oriundos do mercado dá uma miscigenação única e é possível até o momento tirar vantagem deste modelo que, obviamente foi aperfeiçoado ao longo do tempo no sentido de, tanto na família quanto nos profissionais de fora, “peneirar” os destaques e dar espaço a eles para se de-

“ senvolverem internamente. O capital humano que hoje atua no Grupo, é sem dúvida um dos mais valiosos ativos. Referente a parcerias com grupos estrangeiros, por exemplo, do Paraná Banco e da Seguradora, Alexandre diz que o grupo tem muita experiência em gerenciar empresas com sócios de diversos tipos. Quer sejam minoritários, majoritários, pulverizado, fundos de investimentos, nacionais, estrangeiros, públicos ou privados. Desta forma, sempre abre caminho a parcerias desde que sejam para fortalecer as empresas, e crescer nos setores focados. E o primeiro passo no Dia “D”, disse que pouca coisa deve mudar do dia a dia que vive hoje, após a aposentadoria de Joel, em Dezembro de 2012. Mesmo porque há mais de um ano da aposentadoria do pai, ele já presidia os Conselhos de Administração do ParanaBanco, da JMalucelli Participações em Seguros e da JMalucelli Energia. Seus irmãos também já possuem posição de liderança nas empresas onde trabalham, ocorrendo a transição de forma natural.

O Alexandre vem ganhando experiência a cada dia e está credenciado à assumir as empresas. É bem-sucedido profissionalmente e tem mostrado que sabe tomar decisões. É a pessoa certa dentro do Grupo para suceder o Joel”. Cristiano Malucelli

De olho no painel O empreendedorismo é uma das marcas presentes na JMalucelli, e apesar de preferir manter o foco nas áreas atuais, o grupo está sempre aberto à estudar novas oportunidades. Alexandre controlará o enorme painel das finanças com planejamento, estratégias

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economia

O Grupo só tem a ganhar com o Alexandre no comando. Há mais de 10 anos que ele vem se preparando para isso. Mas devo dizer que o pai (Joel) é especial para tocar negócios. Espero que nessa sua aposentadoria ele não desligue o celular. Nunca. Vamos – todos nós – precisar dele”.

nem pensar; e, como a taxa real é muito alta, inibe as pessoas a montarem novos negócios, pois somente aplicando seus recursos no mercado financeiro, já terão um bom ganho real. Sem falar da questão tributária, que é um nó precisando de alguma forma ser desatado, sob pena de perder o bonde do progresso. A hora definitivamente é agora. E o Brasil é um país emergente. “Li recentemente um livro chamado “ O Segundo Mundo”, acho que esta é uma boa definição ao Brasil, nem primeiro e nem terceiro mundo”, completa. claras e objetivas, dedicando a atenção numa eventual empresa ou área que demande mais cuidado. Com relação ao futebol, perguntamos ao futuro presidente do Grupo JMalucelli, como ficará o Corinthians Paranaense do ponto de vista financeiro e lucrativo. Alexandre nos responde que o Corinthians Paranaense hoje é uma empresa rentável e com boa reserva financeira, proveniente da venda de alguns jogadores. Diz ainda que: “Hoje o time de futebol é um importante meio de divulgação da nossa marca. Sendo assim, me parece ser uma fórmula perfeita de unir o útil ao agradável.” Alexandre fala sobre a dificuldade de um empreendedor lidar com as taxas de juros atuais no Brasil. Isto por duas razões: é impossível começar um negócio no País sem que tenha o capital necessário para isto. Empréstimo

Conselho aos jovens Sobre política partidária, Alexandre deixa claro que não é filiado a nenhum partido e confessa que a política o atrai, mas só pelas noticias de jornal. Perguntamos como ele avalia os primeiros seis meses do governo Dilma, no que foi categórico em dizer que: “Surpreende-me positivamente, mas continua valendo a máxima do “não basta querer, tem que poder”. E o modelo político brasileiro é perverso o que dificulta políticas e estratégias de longo prazo, afinal tem eleições a cada dois anos. Em se tratando do Paraná, disse que gosta muito do Beto e acha que o Paraná ganha com ele. O sucessor do megaempresário Joel Malucelli dá um conselho à um jovem empreendedor: “ Muito estudo e agarre as oportunidades que aparecerem, mas pense longe e no longo prazo”.

Paola Malucelli Arruda

Biografia de Alexandre Malucelli - Onde nasceu e quando: Curitiba, Agosto de 1969. - Formação: Administrador de Empresas - Estudou fora: Fala Ingles e espanhol fluentes - Casado: Dois filhos - Hobby: Gosta de caçar e costuma fazer isto no Uruguay, onde tem uma fazenda. - O último livro que leu: How to Run the World (Como Dirigir o Mundo) (Parag Khanna) - Qual esporte pratica: No momento Corrida. Tem feito algumas meias-maratonas. 24 Documento Reservado / Agosto 2011


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Joel Malucelli deixa comando do Grupo “Em dezembro de 2012 vou para casa e só voltarei para o Grupo se for chamado. E acredito que não vão precisar de mim”. Estas são palavras de despedida do presidente do Grupo JMalucelli, um dos maiores conglomerados de empresas do Paraná, Joel Malucelli, que se aposenta e passa o controle das empresas para o filho Alexandre Malucelli (42 anos). Bem-humorado, Joel Malucelli diz à revista Documento Reservado que sai para “desocupar a moita” ou para dar oportunidade para a nova geração que vem se preparando ao longo dos anos. “É uma geração preparada para a atualidade que certamente dará continuidade ao crescimento do grupo e não abriria mão de tudo que conquistei, ao longo de quase 50 anos, se não tivesse a absoluta certeza de que

A questão tributária no Brasil é um nó que precisa de alguma forma ser desatado, sob pena de perder o bonde do progresso”. Alexandre Malucelli

estão preparados para o cargo”. Joel Malucelli afirma que seu filho Alexandre está 100 por cento preparado para assumir o grupo, ao mesmo tempo em que seu outro filho, Cristiano, também está preparado para presidir o Paraná Banco, onde hoje é o vice-presidente. Igualmente preparada está a filha Paola, que preside o Centro de Serviços Compartilhado do Grupo. “Todos os meus filhos estão aptos a assumirem as empresas”, sustenta Malucelli que insiste: “quero ir para casa”. Hoje o comandante do Grupo constituído por 64 empresas afirma que não tem mais pró-labore das empresas e que vive dos seus negócios particulares, entre eles, ações do próprio grupo, e 4 propriedades que administra no seu escritório, o “ferro velho”, localizado na rua Carlos de Carvalho.

Joel Malucelli: “Meus filhos estão preparados para comandar o grupo e vou para casa para dar oportunidade a essa geração”.

Grupo cresce 12% ao ano O Grupo JMalucelli foi fundado em 1966 pelo então jovem empreendedor, Joel Malucelli. Hoje, são quase cinco décadas de solidez em gestão empresarial. Com uma taxa de crescimento médio anual de 12%, o crescimento orgânico do Grupo JMalucelli é fruto da diversificação de negócios em áreas estratégicas com fortes impactos no PIB brasileiro e riscos criteriosamente avaliados, representando um hedger natural, pela sinergia entre suas empresas e setores de investimentos. Além da gestão integrada, o Grupo JMalucelli está presente nas áreas de

construção e energia, finanças, seguros e previdência, comércio e locação de máquinas e equipamentos, comunicação, meio ambiente, futebol e responsabilidade social entre outras áreas potenciais, sempre aberto para captação de novas oportunidades de negócios.“O resultado de nosso trabalho está em tudo que nos cerca: na segurança das estradas, na proteção do meio ambiente, na garantia do futuro, no incentivo ao crédito consciente, na energia que o Brasil precisa e na governança interativa com as pessoas”, afirma Joel Malucelli.

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cidades

Sem risco eminente de punição, gangue de “calçudos” assusta comerciantes e pedestres da Rua XV de Novembro. Ameaçada e desprotegida, população pede segurança.

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Viole U

intolerantes

m grupo de jovens reúne-se todas as tardes na Rua XV de Novembro, mais precisamente entre a Marechal Floriano Peixoto e a Alameda Dr. Muricy, polo central do comércio curitibano. O fato seria corriqueiro, não fosse a finalidade com que eles se encontram. Nessas reuniões, faltam boas intenções, mas sobram atos de violência e covardia, sempre associados ao abuso de álcool e drogas. Sem repressão, os arruaceiros têm causado uma verdadeira onda de terror na região, tanto para quem trabalha nas redondezas, como para quem simplesmente precisa passar pelo local. A situação torna-se ainda mais agravante e reacende as discussões sobre segurança pública quando, consultando dados da Prefeitura da cidade, descobrimos que 140 mil pessoas circulam diariamente pelo calçadão. Todos sem proteção para este tipo de ameaça. Aliás, as gangues juvenis urbanas, como são chamadas, têm sido motivo de dor de cabeça não só para as autoridades de Curitiba, mas para as de todo o país. Elas formam uma espécie de grupo de anistiados brasileiros, onde o crime e a desordem imperam, mas a punição nem sempre vem. A denúncia sobre a atuação do grupo partiu, inclusive, de um empresário que trabalha há 35 anos na quadra onde o bando se encontra e já cansou de assistir brigas e “quebra-paus” protagonizados por eles. Segundo informou Marcelo, nome fictício, o grupo é integrado por meninos e meninas de no máximo 20 anos, que se reúnem durante toda a semana, em especial

nos fins de tarde, para fazer o uso de drogas e consumir bebida alcoólica misturada com refrigerante, o famoso “tubão”. É nas quintas-feiras, porém, que o maior número de integrantes da gangue aparece e os piores atos acontecem. “Para um rapaz que passava pelo calçadão da XV, estar com a camisa do Atlético-PR foi o que bastou para que começasse a apanhar”, disse o empresário, lembrando que neste dia precisou intervir na confusão para evitar o pior. “Eram 20 contra um. Tenho certeza que se eu não fosse separar, eles teriam batido no rapaz até matá-lo”, conta Marcelo. O ato heróico, porém, só rendeu ao comerciante hematomas pelo corpo todo e a certeza de que a impunidade reina na região. Essa intolerância protagonizada pelos jovens é explicada pela socióloga Eliane Basilio de Oliveira, da Universidade Positivo. Segundo a especialista, a violência acontece, em geral, quando o indivíduo ou grupo não consegue obter o que deseja, ou necessita, de maneira pacífica. Mas, existe, também, o que poderíamos chamar de violência gratuita. “Apesar de viverem numa sociedade estável, sob o estado de direito, o indivíduo e/ou o grupo usam a violência para fazer valer suas vontades e convicções próprias, praticamente ignorando o contrato social que rege a sociedade. As gangues são um exemplo disso e atropelam esses direitos, agindo de maneira vingativa”, disse ela. Bonés, camisetas com imagens intimidadoras, bermudas ou calças largas são apenas alguns artigos que ajudam


ntos,

Lucian haro

e impunes

Fotos: Felipe Rosa

Eles v達o chegando, de mancinho, e se instalam na Rua XV de Novembro, entre as ruas Marechal Floriano e Dr. Muricy. De repente, s達o 20 ou 30 jovens que usam bebida e intimidam transeuntes e lojistas

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cidades

a identificar esses grupos. A socióloga afirma, ainda, que o fenômeno das gangues está relacionado a uma série de fatores, todos interligados. Entre eles, a falta de perspectiva de futuro, a degradação do conceito de comunidade, a globalização do consumo, a sensação de impunidade e a conformidade social. O limite entre as galeras (da escola, da rua, da praia, etc.) e as gangues é o da legalidade, conforme a especialista. “O que atrai o jovem para uma gangue é o imaginário de poder. Eles entram para serem respeitados, para serem notados”, disse Eliane. Para ela, só conseguiremos combater os atos violentos, se conseguirmos criar uma cultura da não-violência. E, para isso, é necessário repensar a sociedade brasileira, suas relações com o estado e suas formas de representação. Conversando com um dos seguranças que também trabalha na região onde a gangue costuma se encontrar e que já estava acostumado a coibir a ação desses marginais, nos deparamos com a realidade esclarecida pela socióloga. Ele e seus colegas não entram mais nas brigas, porque foram ameaçados por alguns dos membros da gangue curitibana. Ameaças essas, feitas não com gritos ou pedaços de pau, mas com armas de fogo de grosso calibre. E nem a presença de um módulo policial a pouco mais de 80 metros do local muda a situação. De acordo com o segurança, são inúmeras as vezes em que tanto a Guarda Municipal como a Polícia Militar são acionadas para conter os encrenqueiros, mas nada de efetivo acontece. A falha no sistema tem uma justificativa, talvez não tão óbvia assim. De acordo com o inspetor Cláudio Augusto de Oliveira, da Guarda Municipal, os agentes estão atentos à ação do grupo, mas não podem fazer muita coisa porque se tratam, em sua maioria, de menores de idade e, portanto, são impuníveis. “Por mais que a presença deles incomode os lojistas e

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Fotos: Felipe Rosa

Já houve casos de agressões violentas e a necessidade da presença de ambulâncias no local

pedestres, só podemos intervir se eles fizeram alguma coisa que infrinja a lei”, disse. Segundo o inspetor, é necessário ter alguns cuidados para agir neste tipo de caso, e mesmo as forças de segurança podem ter que ficar de braços cruzados em determinadas circunstâncias. “Poderíamos até chamar o Conselho Tutelar para pegá-los, mas como não são crianças nem adolescentes abandonados, eles não seriam resgatados”. Enquanto o impasse penal e social não é resolvido, a sensação de pânico e medo parece mesmo ter tomado conta dos lojistas e comerciantes do Centro de Curitiba. Basta, num rápido passeio, conversar com alguns deles e ouvir o que têm a dizer sobre a falta de segurança e as cenas de violência, assistidas muitas vezes em plena luz do dia. Recentemente o governo do

estado lançou, inclusive, um novo programa de segurança pública, ironicamente chamado de “Paraná Seguro”. Com o plano, está prevista a contratação de mais homens para atuarem nas ruas e a melhora no atendimento à população, que passará a ter meios de colaborar com as atividades policiais. O reforço no contingente policial do Paraná pode ajudar a dissolver a presença dos baderneiros nas ruas, mas não acabará com o problema da violência entre os jovens, opina Eliane Basilio. Segundo ela, a palavra família e o conceito de comunidade é que devem ser repensados, pois estão deixando de representar a unidade básica da sociedade, na qual as pessoas se unem por laços afetivos e devem receber noções de cidadania e respeito.


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política

Derosso no

paredão Hoje, um cão sarnento para os políticos amigos e amanhã, tudo voltará ao normal

J

oão Cláudio Derosso, presidente da Câmara de Vereadores de Curitiba, deve estar contando nos dedos das mãos a hora e o dia para deixar o poder. Só que tem que ser à sua maneira, afinal, reinou por 14 anos e não pode ser deposto como um criminoso de guerra ou um desses ditadores do Oriente Médio e África. Quer deixar o posto, erguer a cabeça e se refazer do bombardeio de denúncias provocado pela ganância, quem sabe, de sua esposa, a jornalista Cláudia Queiroz, que não se contentou com um bom salário de assessora de Comunicação do Legislativo Municipal e se embrenhou pelo lado publicitário que, todos sabem, não é seu ramo. De repente, Derosso se transformou no personagem “Geni” de Chico Buarque de Holanda. Tem culpa, sim. Ao depor à Comissão de Ética da Câmara, a portas fechadas e sustentar que “não cometeu erros” quando assinou o contrato de licitação com a empresa de sua mulher, a Oficina da Notícia, tendo, como base, a lei orgânica do município, o presidente do legislativo pecou, pois não respeitou a Lei de Licitações (Lei 8666) e, portanto, a Constituição Brasileira. Errou

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também quando disse que prorrogou o contrato porque a empresa de sua mulher havia feito um trabalho impecável na divulgação da Câmara dos Vereadores, como se não houvesse outros profissionais competentes no mercado. Em relação aos “trabalhos” prestados pela Oficina da Notícia, ainda restam dúvidas, porque o que foi divulgado – Jornal Câmara em Ação – não foi comprovado, ou seja, tal jornal não existe. Outro erro cometido por Derosso foi colocar nos ombros do Tribunal de Contas do Estado, toda a responsabilidade pelo imbróglio, porque o Egrégio Tribunal havia “aprovado todas as suas contas”. Basta lembrar que foi o próprio TC que acabou vazando documentos sobre a licitação para a imprensa local. Agora Derosso passou a ser uma espécie de “cão sarnento” no meio político, onde seus principais amigos lhe viraram as costas. O primeiro deles foi o presidente da Assembléia Legislativa do Estado, deputado Valdir Rossoni, do PSDB, mesmo partido de Derosso, ao sugerir que se afastasse do grupo. Beto Richa, outro parceiro de primeira hora, preferiu o silêncio que, no alto de


Pedro Ribeiro

seu posto, de governador do Estado, sugeriu que as denúncias sejam investigadas. Agora o senador Álvaro Dias também pediu, literalmente, a cabeça de Derosso. E assim continua sua sina. Se Derosso ficará livre ou não dessas denúncias enfrentando, inclusive, a fúria do Ministério Público e dos políticos de oposição, principalmente o PT do deputado federal Rosinha, ainda é prematuro para saber. O que todos tem certeza é de que Derosso levará um bom tempo para se reerguer na política. E podem apostar que, se não tiver seus direitos políticos cassados, voltará à Câmara de Vereadores na próxima eleição, como aconteceu com os deputados Nelson Justus e Alexandre Curi, hoje mergulhados em absoluto silêncio, esperando a hora do troco. Podem apostar.

Presidente da Câmara de Veradores de Curitiba, João Claudio Derosso, acabou se transformando no principal foco de denúncias de corrupção no legislativo da capital

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política

Leis absurdas Curitiba tem mais de 12 mil leis e para evitar repetição de propostas ou eliminar os absurdos, a vereadora Renata Bueno pretende catalogar todas elas, com apoio de universidades brasileiras e italianas, para restituir a credibilidade do vereador

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de Curitiba

N

ão é de hoje que alguns vereadores de Curitiba se esmeram em propor leis no mínimo questionáveis pelo nobre esforço de mostrar serviço. Talvez por falta de assessoria especializada, que possa apontar a ausência do bom senso, muitos vereadores propõem leis “esquisitas” e muitas delas até inconstitucionais. Entre as mais de 12 mil propostas – no Paraná o número de leis ultrapassa 15 mil – algumas chamam a atenção, como a que proíbe o aquecimento global em Curitiba; a que proíbe amarrar cachorros em hidrantes e postes de luz; a que institui o bolinho de carne como patrimônio cultural; a que institui o Dia do Flamengo; a obrigatoriedade dos motéis colocarem duas camisinhas, uma embaixo de cada travesseiro, para estimular o uso; ou a que obriga a Prefeitura ter botes infláveis na sua sede para salvamentos em dia de alagamentos e enchentes; a lei que proíbe o uso de mini-saias e shorts durante a quaresma; a construção de um monumento turístico para Curitiba se igualar a outras capitais mundiais, como Torre Eiffel , Estátua da Liberdade..., ou ainda o Dia do Orgulho Heterossexual.

Há também pérolas como as propostas para o “Dia do Forró”, “Dia do Sapateado”, “Dia dos Arautos do Evangelho”, “Dia da Lambaeróbica” e “Dia Contra a Hipocrisia”. A relação é grande e a criatividade dos vereadores é maior ainda. Outros parlamentares reclamam que essas leis ‘esdrúxulas’ acabam por promover a desmoralização daqueles que realmente entendem a função do vereador. Existe um número tão grande de leis, mas com conteúdo ainda desconhecido dos cidadãos. Segundo a vereadora Renata Bueno (PPS), isso acontece pela ausência de informações prestadas às pessoas, além das dificuldades encontradas de acesso às leis vigentes no País. “As matérias são aprovadas e, em muitos casos, não há, depois, uma ordenação das leis em vigor, revogadas ou alteradas. E por conta disso, o cidadão comum não consegue identificar quais são seus deveres e direitos assegurados por lei. E a prestação dessas informações é uma obrigação do Poder Público”, avalia. Renata, há um ano, se debruçou sobre as leis aprovadas em Curitiba para ordená-las e organizá-las, fazer a compilação e codificação dessas leis municipais, “justamente para que a população tenha acesso a essas informações e, assim, possa exercer sua cidadania de forma plena e consciente”.


Norma Corrêa

Vereadora Renata Bueno está se preparando para catalogar as 12 mil leis de Curitiba

Codificação Para realizar este trabalho de fôlego, a vereadora está firmando parcerias com a Universidade Federal do Paraná (UFPr), Universitá degli studi Tor Vergata, Universitá degli studi di Sassari, Universidade de Pelotas, Instituto Latino-americano Del Ombudsman e Centro de Estudos Municipais José Ingenieros. “O Objetivo geral do nosso projeto é a consolidação das leis do município de Curitiba e, depois, a codificação dessas leis, para que a população tenha conhecimento dos seus direitos e deveres como cidadãos, além de melhor interpretação e acesso das leis”, explica, acrescentando que, depois das leis codificadas o passo seguinte é a conscientização da população para que, por meio das leis contidas no Código Municipal,

possam exercer a sua cidadania. Ele pretende, também, divulgar e distribuir o material produzido, para levar ao maior número de pessoas possível, o trabalho realizado, principalmente dentro das escolas, universidades e comunidades carentes, incluindo as entidades de classe e sociedade civil organizada. De acordo com a vereadora socialista, o professor Giovani Lobrano, da Universitá Degli Studi de Sássari, será o orientador metodológico de toda a estrutura dos trabalhos a serem realizados em Curitiba, com o acompanhamento dos professores indicados pela Universidade Federal do Paraná e dos professores Maria das Graças de Britto, da Universidade de Pelotas, e professor Carlos Constenla, da Argentina, e o professor Domenico, da Universitá Degli

Studi de Sássari, da Itália. O início do desenvolvimento do projeto, conforme Renata, será tão logo haja a formalização do convênio entre as universidades e a formação do quadro que vai trabalhar como bolsistas e professores, iniciando o estudo sobre as maiores cidades que já possuem o sistema de codificação e a análise do melhor sistema a ser adaptado para Curitiba. “O vereador precisa reconquistar a confiança do curitibano. E, para isso, só depende de nós. Devemos encarar o problema de frente e procurar medidas para solucioná-lo. Tenho fé que este trabalho será realizado e bem aceito entre a população, que poderá exercitar seus direitos e deveres, conscientes do seu envolvimento com a politização e a interpretação comum do Código Municipal”, completa.

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rede social

Luana Medeiros

a onda mundial O Facebook possui atualmente em torno de 500 milhões de usuários cadastrados

Dos 500 milhões de cadastrados no Facebook, 11 milhões são de brasileiros

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V

ocê já se conectou na internet hoje? Se a resposta for sim, qual o primeiro site que você acessou? Se sua resposta não foi www.facebook.com pode ter a certeza que você é uma das poucas e raras pessoas. A grande maioria faz seu login antes mesmo de entrar no MSN, Google (o site mais acessado nos Estados Unidos) ou no Orkut (afinal, alguém ainda se lembra dele?). Sites relacionados a redes sociais, que antes eram prioridade e dominavam a atenção de jovens e adultos na internet, deram lugar, agora, ao Facebook, o popular que virou a mania mundial quando falamos de relacionamentos. O Facebook foi lançado em 4 de fevereiro

de 2004. Esta rede social foi fundada por Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e Chris Hughes, ex-estudantes da Universidade Harvard. Inicialmente o site só podia ser usado por estudantes desta universidade. Mas, devido ao seu sucesso, em dois meses, ele foi expandido ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), à Universidade de Boston, ao Boston College e à todas as escolas Ivy League. Universidades individuais foram adicionadas no ano seguinte e algumas pessoas com endereços de e-mail de universidades (por exemplo, .edu, .ac. uk) eram selecionadas entre tantas outras para ingressar na rede.


XXVI Fenarreco

É a XXVI Fenarreco que acontece de 6 a 16 de outubro de 2011, no Centro de Promoções Maria Celina Vidotto Imhof. São inúmeras atrações que vão animar os que vierem aproveitar a festa, dentre elas estão grupos folclóricos, concursos, gastronomia alemã e diversos shows musicais. Como se divertir? As melhores bandas típicas do sul do Brasil estarão diariamente no Centro de Promoções, animando e convidando os foliões presentes a dançarem ao ritmo das alegres músicas germânicas. Junto às bandas,

os visitantes assistirão aos shows com os grupos folclóricos e se divertirão com a engraçada Família Fenarreco. Além disso, poderão participar dos concursos de chopp, do serrador, e outras brincadeiras, tudo de graça. Para as crianças, um divertido parque de diversões, com inúmeros brinquedos elétricos, funcionará diariamente no horário da festa. Concurso de Grupos Folclóricos Um dos maiores espetáculos da Fenarreco é a realização do concurso de grupos folclóricos, que reunirá dançarinos das etnias alemã, italiana e polonesa.

Esses povos foram os responsáveis pela colonização de Brusque. Diferentes estilos de movimentos, músicas e o colorido dos trajes proporcionam um belíssimo show.

Horários A Festa Nacional do Marreco abrirá diariamente às 11 horas com uma banda típica recepcionando os visitantes durante o almoço, oferecendo o melhor da gastronomia. E à noite, depois do jantar, a festa prossegue até às 4 horas, isso nos fins de semana e feriados. Nos demais dias, o encerramento será às 24 horas.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BRUSQUE Pça. Das Bandeira, 77 – Centro CEP: 88350-051 BRUSQUE-SC FONE: (47) 3251-1833 www.brusque.sc.gov.br

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rede social

Em 27 de fevereiro de 2006, o Facebook passou a aceitar também estudantes secundaristas e algumas empresas. Desde 11 de setembro de 2006, apenas usuários com 13 anos de idade ou mais podem fazer parte da rede de relacionamentos. Os usuários podem se juntar em uma ou mais redes, como um colégio, um local de trabalho ou uma região geográfica. Você já assistiu ao filme “Rede Social” lançado em 2010? Lá você vai encontrar grande parte dessa história ambiciosa e possivelmente odiar o fundador dessa maravilha, Mark Zuckerberg. Ali você encontra a história da batalha judicial dos gêmeos remadores contra o criador dessa rede, disputa que talvez apenas a Suprema Corte dos Estados Unidos consiga encerrar. Zuckerberg perdeu uma disputa judicial que era sua esperança de encerrar a briga com Cameron e Tyler Winklevoss, que o acusam de roubar sua ideia para o site. E como se não bastassem eles, o ex melhor amigo de Mark, um brasileiro chamado Eduardo Saverin, também moveu uma ação judicial. Desde então ele sumiu. O processo terminou em um acordo, onde Eduardo Saverin foi reconhecido oficialmente como cofundador da empresa e teria ficado com 5% do Facebook. O silêncio de Saverin e das pessoas próximas a ele seria parte do acordo na Justiça. Dois anos atrás, decidiu contar à um escritor americano a história de como o Facebook nasceu. Marcou encontro em um hotel. Na conversa, lamentou ter sido traído Zuckerberg. Segundo definições de rede social seria: uma estrutura social composta por pessoas ou organizações que estariam conectadas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns. Redes não são, portanto, apenas uma forma de estrutura, mas é quase uma não estrutura, no sentido de que

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parte de sua força está na habilidade de se fazer e desfazer rapidamente. Os limites das redes não são limites de separação, mas limites de identidade. (...) Não é um limite físico, mas um limite de expectativas, de confiança e lealdade, o qual é permanentemente mantido e renegociado pela rede de comunicações. Entre as redes sociais mais conhecidas atualmente, está o Facebook, melhor definida como uma rede de relacionamentos. As pessoas cadastradas podem falar o que estão pensando, compartilhar links, notícias, conhecimentos, brincar de joguinhos, adicionar aplicativos, fazer convites para eventos, assim como mostrar informações pessoais, interesses, fotos, e claro, bater-papo com outras pessoas. No quesito divulgação, tanto de mensagens ou informações particulares como de notícias ou acontecimentos relevantes, é comum encontrarmos fazendo parte do mundo do Facebook veículos de comunicação, empresas, artistas, políticos, enfim, todo o tipo de pessoa que você possa imaginar. Atualmente todos querem “compartilhar”, como dizemos no site, um pedacinho do que pensam ou vêem por aí. Para os amantes dessa modernidade, os benefícios estão no fato de que se pode reencontrar pessoas que moram longe ou que não se tinha mais contato. É também uma ferramenta rápida para saber de novidades (e fofocas de pessoas próximas a você). É claro que em uma rede tão grande você vai encontrar defeitos e reclamações, que no caso do Facebook podem ser atribuídas ao grande número de convites para eventos nos quais você nunca iria; solicitações de jogos que você não tem interesse ou tempo para praticar, além é claro, dos tão odiados spams (recados compartilhados para todos os usuários e que a maioria nunca vai ler).


Flรกvia Prazeres

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cidades

Fim dos Duas recicladoras de asfalto melhoram as viagens de 410 mil passageiros de ônibus em Curitiba

F

icou mais rápido para o assistente administrativo Claudemir José Bonfim ir ao trabalho e voltar para casa depois que a recicladora de asfalto da Prefeitura de Curitiba recuperou as ruas no Bairro Alto. Sem buracos, a viagem da linha Tarumã ficou mais tranquila e segura. “Vou sossegado nas minhas viagens e descanso dentro do ônibus”, disse Bonfim. As melhorias das viagens de ônibus da cidade já atendem mais 410 mil passageiros, segundo levantamento da Urbs. A recicladora de asfalto recuperou 19,8 quilômetros de ruas atendendo 55 linhas de ônibus e está trabalhando em outros 58 quilômetros, atendendo mais 79 linhas de ônibus de Curitiba. Itinerário A prioridade das obras de reciclagem é pelas ruas onde passam o transporte coletivo da cidade. Atualmente, o transporte coletivo percorre 28 quilômetros de ruas em saibro, 168 quilômetros de ruas de antipó e 986 quilômetros de ruas de asfalto definitivo. “Quando a Prefeitura concluir o trabalho de recuperação das ruas onde passam os ônibus, em especial nas ruas de saibro e antipó, 700 mil passageiros serão beneficiados diretamente pelo trabalho das recicladoras”, disse o prefeito Luciano Ducci.

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Para atingir esta meta, a Secretaria de Obras trabalha com duas recicladoras de asfalto na cidade, que percorrem bairros diferentes, transformando ruas de antipó em asfalto definitivo. “Este tipo de tecnologia faz com que o trabalho seja rápido e eficiente, além de ser até 40% mais barato que o método tradicional”, disse o secretário municipal de Obras Públicas, Mário Tookuni. Cinco dias Com esta tecnologia, uma rua de antipó com 100 metros demora até cinco dias para ganhar o asfalto novo. Enquanto que a metodologia tradicional, o processo demora no mínimo 45 dias. “O resultado é um asfalto de qualidade, que vai durar mais de uma década sem precisar de manutenção”, disse Tookuni. Para a dona de casa Noêmia Maria Refosco, moradora da rua Atílio Piotto, no Uberaba, a obra melhorou ao bairro. “O asfalto melhorou tudo. Não tem poeira, não tem buracos. As viagens de ônibus ficaram mais seguras. Agora dá gosto de ver a rua”, afirma.

Benefícios da recicladora Mais de 100 ruas atendidas 80 quilômetros até início de 2012 410 mil passageiros já foram atendidos Até 2012, serão 700 mil passageiros beneficiados 310 mil moradores terão asfalto novo em frente de casa


Da redação

buracos nas ruas

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agricultura

“Depois que fizeram a obra, a viagem está mais segura. Não sacoleja mais e o ônibus chega mais rápido em casa” Dazir de Oliveira Rosa – dona de casa

“Dá para ler no ônibus. “Quando tinha antipó, a Antes pulava rua sacudia. demais. Agora a gente Agora com o asfalto tem uma novo a gente nem sente viagem tranquila e mais passar o ônibus sossegada” na rua” Claudemir José Bonfim - assistente administrativo

Noêmia Maria Refosco – dona de casa

Uma Maringá de asfalto Até o primeiro trimestre de 2012, mais de 300 mil moradores de Curitiba terão asfalto novo em frente a sua casa. As obras da recicladora de asfalto da Prefeitura de Curitiba terão atendido o equivalente a população de Maringá, com cerca de 350 mil moradores. As obras estão acontecendo

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nas principais vias de ligação dos bairros e nas ruas de ônibus. Um exemplo de rua beneficiada é a rua Santa Joana D´arc, no Lindóia, onde a dona de casa, Ivete Ivelma ganhou asfalto novo em frente da sua casa. Ela conta que o asfalto está chegando e trazendo mais conforto. “Os

imóveis vão valorizar, com a rua bonita e mais segura”, disse. A previsão é que até o início do próximo ano sejam revitalizados 80 quilômetros de antipó, que vai se transformar em asfalto definitivo. Serão recuperadas mais de 100 ruas, que também ganharão meio-fio.


Por

dentro da

Câmara

Caixa de correspondência com fácil acesso a carteiros facilita o trabalho

acesso para o carteiro. Para o efetivo conhecimento pela população, Jairo Marcelino sugere que o poder Executivo faça divulgação através da imprensa, em todos os meios de comunicação. Foto: Andressa Katriny

Para evitar o frequente ataque de cães a carteiros, tramita na Câmara Municipal de Curitiba projeto que deve obrigar a colocação de caixas coletoras de correspondências na parte externa dos muros das residências. A medida deverá valer para quem possui cães. “O simples ato de entregar uma carta ou uma conta torna-se uma aventura para os carteiros de Curitiba. Cachorros soltos na rua e nos quintais das residências que avançam, atacam e mordem estão fazendo com que eles tenham dificuldade em manter o serviço em toda a cidade”, alertou o vereador Jairo Marcelino (PDT), autor do projeto. Para que a legislação seja cumprida, a proposta é que a prefeitura mantenha um serviço de apoio e fiscalização em estreita articulação com a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (EBCT) e associações de carteiros ou similares. Desta forma, poderá receber informações de casas que possuem cachorros mas não colocam a caixa. “Ataques de cães ocupam o terceiro lugar no ranking de riscos de trabalho para estes profissionais, perdendo apenas para assaltos e acidentes de moto”, contou Jairo Marcelino. O projeto prevê que a caixa deve estar de acordo com as normas da EBCT e pode ser confeccionada em material alternativo, que não onere o morador. As medidas recomendadas são 36 centímetros de profundidade

Foto: Andressa Katriny

Caixa de correspondência pode ser obrigatória

Jairo Marcelino alega que profissionais ficam com medo de cães depois de ataques e necessitam de apoio psicológico

por 27 centímetros de largura e 16 centímetros de altura. Sua abertura deve ter 25 centímetros de largura por dois de altura. A instalação deve ser feita a 1,2 metro do chão, em lugar de fácil

Punições Caso a lei seja aprovada e sancionada pelo prefeito, seu descumprimento implicará em penalidades ao morador. Inicialmente, uma advertência com estabelecimento de prazo não superior a 90 dias para sua efetivação. Após este período, estará sujeito a multa de 1/10 do salário mínimo por mês, até que instale a caixa. O dinheiro arrecadado será destinado a programas de reabilitação na área da saúde, desenvolvidos pela prefeitura.

Câmara Municipal de Curitiba Rua Barão do Rio Branco, 720 - Curitiba - Paraná - Brasil - CEP: 80010-902 http://www.cmc.pr.gov.br Fone: (41) 3350-4500 - Fax: (41) 3350-4737

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segurança

Uma questão de

segurança O Paraná não investe em segurança e está na 27ª colocação entre as 27 unidades da Federação, com apenas 1% de investimentos na área de segurança pública em relação ao seu PIB 42 Documento Reservado / Agosto 2011

H

á mais de 15 anos, o paranaense se equilibra entre a falta de segurança e a ausência do Estado, que deveria garantir o que exige a Constituição brasileira: “A segurança é dever do Estado e responsabilidade de todos”. Nestes anos, porém, o que se viu foi os investimentos em segurança pública murchando, ficando anêmico, ao ponto de colocar o Paraná no último lugar do ranking de estados brasileiros, conforme levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Um vergonhoso 27º lugar, com apenas 1% de investimento em segurança, especialmente nos 8 anos do Governo Roberto Requião (PMDB). Por dia, no Paraná, o valor destinado para cada paranaense, por dia, é de R$ 0,36, um dos mais baixos do País. E não é para menos que, a poucos dias para acabar agosto, Curitiba viveu, talvez, um dos piores momentos em seus 318 anos de existência. Apenas em um final de semana, foram registrados 21 assassinatos e 6 mortes em acidentes de trânsito, chamando a atenção para o perigo de que o avanço da criminalidade esteja cada dia mais

difícil de conter. A banalização do crime, segundo estudiosos no assunto, é o resultado de um princípio administrativo que incentiva a impunidade, por meio de um tipo de violência camuflada, que é a corrupção. É a corrupção, dizem, a culpada pelos desvios de recursos que deveriam ser canalizados para a segurança pública, mas que estão servindo a (á) outros fins. Na outra ponta está o aumento do consumo e do comércio de drogas, que aparece como matéria-prima da criminalidade. A situação, então, acaba se transformando num círculo vicioso, e deixa clara a necessidade de um “choque de gestão”, suficiente para sacudir os criminosos e restituir a credibilidade dos organismos públicos de segurança. Paraná Seguro Em meados de agosto, o governador Beto Richa (PSDB) e o secretário da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, lançaram o Programa Paraná Seguro, que é, em linhas gerais, um Plano Diretor da Segurança Pública, para ser implementado nos próximos quatro anos. Com isso, o Governo paranaense garante que vai ampliar os recursos para a segurança pública, aumentar o policiamento nas ruas e melhorar o atendimento à população, que passará a ter meios de colaborar com a


Norma Corrêa

pública

Governador Beto Richa anunciou uma série de medidas que constam do Plano Diretor da Segurança Pública, o Paraná Seguro

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segurança

segurança. E, uma das primeiras providências a serem tomadas, conforme o secretário, são a contratação de 10 mil policiais, sendo 8 mil soldados para a Polícia Militar e 2.200 agentes para a Polícia Civil, reequipamento das polícias Civil e Militar e dos institutos de Criminalística e Médico-Legal e a implantação da delegacia eletrônica, que passará a funcionar já no próximo mês. O Corpo de Bombeiros terá 500 novos integrantes e assumirá as funções da Defesa Civil no Estado, hoje à cargo da Casa Militar. O governador tucano, durante o lançamento do Programa, lamentou o fato de o Paraná ostentar, hoje, índices de criminalidade que envergonham o Estado e, por isso, admitiu a necessidade de ação firme do Governo na área de segurança. “Os paranaenses podem estar certos de que vamos lutar sem tréguas contra a criminalidade. Vamos fixar metas a serem atingidas pelas forças de segurança, de tal forma que possamos reduzir substancialmente os indicadores da criminalidade em todo o Estado”, assegurou.

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E, para dar suporte às medidas anunciadas, o orçamento da Secretaria da Segurança Pública, que atualmente é de R$ 1,5 bilhão ao ano, será reforçado em R$ 500 milhões no atual exercício, e poderá dobrar até 2014, quando todas as fases do programa Paraná Seguro devem estar implantadas. Richa disse, ainda, que o Governo também vai propor a criação do Fundo Estadual de Segurança Pública, para financiar as ações de segurança e buscar recursos com outros agentes de fomento no Brasil e exterior. O programa Paraná Seguro poderá contar com repasses e transferências da União e com eventuais operações de crédito a serem contratadas junto a organismos, como o BNDES e o BID. Imediatamente, segundo anunciaram o governador e o secretário, serão admitidos 2 mil aprovados no concurso da Polícia Militar, realizado em 2009 e que ainda está dentro da validade. Deste total, 500 irão formar a unidade responsável por fiscalizar a região de fronteira, o chamado Batalhão de Fronteira. Regime de urgência Beto Richa disse também que o Governo vai contratar, em regime de urgência, 670 aprovados para o cargo de investigador, em concurso da Polícia Civil realizado no ano passado, além de abrir concurso para preenchimento de 40 vagas de delegados. Com essa medida, ele espera que todas as comarcas do Paraná passem a contar com delegado de polícia. Ainda de acordo com o tucano, até 2014, serão contratados por concurso mais 6 mil PMs, outros 360 delegados, 600 escrivães e 530 investigadores para a Polícia Civil, além de 300 papiloscopistas, para o Instituto de Identificação. Também haverá preenchimento dos cargos vagos no IML e no Instituto de Criminalística. As novas contratações, segundo Richa, não são para repor o efetivo, em razão das aposentadorias, por exemplo. “Estamos falando, aqui, de efetivo novo. O Governo vai garantir a reposição automática dos quadros policiais,


Norma Corrêa

Governador Beto Richa anunciou uma série de medidas que constam do Plano Diretor da Segurança Pública, o Paraná Seguro

que se afastarem por conta de aposentadorias e outras causas”, garantiu. Para o secretário Reinaldo de Almeida César, as medidas que o Governo está tomando representam a retomada do investimento no aparato de segurança pública. E também fez questão de lembrar que o Paraná é o último estado brasileiro em investimento no setor, na comparação com o PIB estadual. “Ainda temos cidades sem nenhum policial e isso vai deixar de existir com o Paraná Seguro”, afirmou. Ele disse que as forças estaduais de segurança vão trabalhar com metas para a redução da criminalidade, que serão negociadas de acordo com a área de atuação dos comandos. E ressaltou que, para que haja resultado efetivo, é preciso assegurar boas condições de trabalho para os policiais: “Quem dá a missão também tem que dar os meios. No nosso programa os meios estão previstos para que haja eficiência e resultado”. Segundo o secretário, o Paraná apresenta índices alarmantes de criminalidade e a razão disso é o desmantelamento do setor,experimentado nos últimos 15 anos. “Nós temos um diagnóstico, que é a falta de

investimento e atenção do Poder Público, mas acredito que o maior erro das administrações é fulanizar o problema. Precisamos resolver e não discutir de quem é a culpa”, disse, acrescentando que, além das cidades, o Paraná precisa ser “melhor guardado” em suas fronteiras, por onde ele acredita que passam armas, munições e drogas. “Precisamos criar um forte impacto na capacidade de operacionalizar o Estado para o combate ao crime. Uma vez que, onde o crime organizado encontra fragilidade no setor, enxerga, por conseguinte, as perspectivas de negócio. São Paulo e Minas Gerais trataram de criar esse impacto e, se não tivermos reação rápida, o Paraná será ainda mais castigado pela criminalidade”, avaliou, ao propor a integração das forças de segurança, como Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Estadual, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Receita Estadual, Receita Federal, Forças Armadas, Agência Brasileira de Inteligência. “Todos despidos de vaidades institucionais poderão buscar a integração junto ao Governo do Estado, o Judiciário, o Legislativo e o Ministério Público”, observou.

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segurança

Principais pontos do Paraná Seguro Módulos, delegacia e viaturas - O programa Paraná Seguro vai criar 400 módulos policiais móveis, que serão formados por um trailer, duas motos e uma viatura da Polícia Militar. O plano contempla ainda a construção de 95 novas delegacias em todo o Estado, além da instalação de cinco bases de helicóptero para ações de socorro, resgate, polícia e fiscalização. O governo também fará a compra de 3.200 viaturas para equipar as policias e o IML. IML - Serão construídas novas sedes do IML em todo o Paraná, começando por Curitiba, Maringá e Londrina. Na Capital, já está sendo feita a licitação para a construção do prédio, na Vila Isabel. Em Maringá, a licitação também está em estágio avançado. Em Londrina, as obras começarão no início de 2012. EMENDA 29 - O governador Beto Richa determinou a realização, pelas Secretarias da Administração, do Planejamento, da Fazenda e da Segurança Pública, além da Casa Civil, de um estudo para apontar a forma de implantação dos subsídios indicados na Emenda 29. Também será discutida a elaboração do Estatuto da Polícia Civil e do plano de cargos para os funcionários dos institutos de Criminalística e Médico-Legal. Cadeias - Com a implantação do programa Paraná Seguro, a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos assumirá as unidades que atualmente estão sob administração da Secretaria da Segurança Pública e tomará medidas para aumentar o número de vagas nas celas. As primeiras cadeias públicas a mudarem de coordenação serão a Laudemir Neves, em Foz do Iguaçu, e a Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa. Com a alteração, os policiais civis que tomam conta das unidades poderão ser direcionados para sua atividade de investigação. Serão contratados ainda 150 advogados pela Defensoria Pública, em caráter provisório. Eles terão a missão de revisar todos os 30 mil processos de presos condenados e provisórios que estão em delegacias e penitenciárias do Estado. Assembleia Legislativa - O Governo já encaminhou à Assembleia Legislativa mensagens para a criação do Fundo Estadual de Segurança Pública, para aumentar o número

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de vagas na Polícia Civil e para permitir que jovens egressos do serviço militar nas Forças Armadas sejam admitidos para o serviço administrativo da PM, conforme estabelece a Lei 10.029/2000, conhecida como Lei Fraga, que prevê a contratação de jovens de 18 a 23 anos para trabalhos administrativos, liberando mais policiais para as ruas. CONSEG - O Governo vai desburocratizar a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança, que serão fortalecidos para que seja ampliada a participação da população nas decisões de segurança, respeitando as características de cada região. Os Consegs reúnem líderes comunitários do mesmo bairro ou município, para discutir e analisar, planejar e acompanhar a solução de seus problemas comunitários de segurança e desenvolver campanhas educativas. Cada conselho se vincula às diretrizes da Secretaria de Segurança Pública, por intermédio do coordenador estadual para Assuntos dos Conselhos Comunitários de Segurança. A Secretaria

de Segurança Pública tem como representante em cada Conseg, o comandante da Polícia Militar e o delegado de polícia da área. O artigo 144 da Constituição Federal de 1988 rege que a “segurança pública, é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. No ano passado, o deputado Élio Rusch (DEM), então líder da oposição na Assembleia Legislativa, fez um levantamento sobre os investimentos na área da segurança pública, nos Governos Jaime Lerner e Roberto Requião. “Em nenhum dos anos do Governo Requião, os investimentos em segurança superaram os de 2002, do Governo Jaime Lerner. Como pode o secretário usar a TV Educativa para dizer que nunca se investiu tanto em segurança no Paraná?”, afirma Rusch, referindo-se à “Escola de Governo, transmitida ao vivo pela TV Educativa, quando os secretários faziam apresentações sobre suas Pastas.

Números dos investimentos Levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, onde mostra quanto cada unidade da federação aplica no combate à violência, em comparação com o Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Os dados mais recentes são de 2009, porque a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) só pretende divulgar em setembro os dados de 2010.

Percentual gasto com segurança em relação ao PIB nos Estados

Percentual do orçamento estadual que é gasto com a segurança pública

1º Acre 5,5 2º Distrito Federal 4,4 3º Alagoas 3,5 4º Amapá 3,4 5º Tocantins 3,3 6º Sergipe 3,2 7º Roraima 3,0 8º Rondônia 2,9 9º Piauí 2,8 10º Minas Gerais 2,6 11º Mato Grosso do Sul 2,5 12º Rio de Janeiro 2,4 13º Paraíba 2,4 14º Pernambuco 2,3 15º Rio Grande do Norte 2,3 16º Goiás 2,0 17º Mato Grosso 1,9 18º Pará 1,9 19º Bahia 1,8 20º Amazonas 1,7 21º Espírito Santo 1,7 22º Ceará 1,6 23º Santa Catarina 1,6 24º Maranhão 1,5 25º São Paulo 1,4 26º Rio Grande do Sul 1,3 27º Paraná 1,0

1º Minas Gerais 12,9 2º Rio de Janeiro 12,2 3º Alagoas 11,4 4º Rondônia 10,7 5º Santa Catarina 9,6 6º Mato Grosso do Sul 9,2 7º Acre 8,8 8º Goiás 8,6 9º Pernambuco 8,4 10º Pará 8,3 11º Mato Grosso 8,2 12º São Paulo 8,1 13º Paraíba 8,0 14º Sergipe 7,9 15º Amapá 7,7 16º Bahia 7,6 17º Rio Grande do Sul 7,3 18º Amazonas 7,2 19º Rio Grande do Norte 7,2 20º Espírito Santo 7,1 21º Tocantins 6,8 22º Piauí 6,8 23º Maranhão 6,4 24º Paraná 5,9 25º Roraima 5,8 26º Ceará 5,3 27º Distrito Federal 4,7


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cidades

Violência

preocupa o campo O

problema da segurança pública no Paraná despertou, também, a atenção dos dirigentes e produtores rurais, que tem manifestado preocupação ao Governo do Estado com os conflitos no campo e suas conseqüências junto às famílias de trabalhadores. Para discutir a questão, assessores militares e civis da área de inteligência da Secretaria de Segurança Pública (SSP) estiveram reunidos com a diretoria da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) e lideres sindicais para ajustar conteúdos de conversas de um encontro anterior mantido com o secretário de Segurança, Reinaldo de Almeida César, quando o presidente da FAEP, Ágide Meneguette, encaminhou as grandes preocupações dos sindicatos rurais com o aumento da criminalidade no campo. Após uma explanação sobre a estrutura do Sistema FAEP e suas ramificações em todo o Es-

tado, através de 184 sindicatos e 110 extensões de base, realizada pelo diretor-financeiro, João Luiz Rodrigues Biscaia, houve uma exposição sobre a ocorrência de delitos no meio rural em todo o Estado. Tanto o assessor militar da SSP, tenente coronel Péricles de Matos, como os componentes do departamento de Inteligência da SSP relataram o interesse em “ouvir, ter informações das lideranças rurais para um diagnóstico capaz de orientar a atuação policial”. Num levantamento realizado no Estado foi possível mapear os Boletins de Ocorrência existentes em todas as regiões e as características dos delitos.As lideranças sindicais presentes na reunião representavam as áreas de maior incidência de episódios violentos. Assim, na Região de Paranavaí, por exemplo, sobressaem os furtos qualificados de gado, no Norte Pioneiro o furto de café e em várias Regiões o furto de insumos e máquinas agrícolas. É crescente o aumento de casos de cárcere privado na atuação dos bandidos e o aumento do uso de drogas (crack na maioria) em colheitas, como a de mandioca e cana de açúcar, por exemplo. O presidente da FAEP, Ágide Meneguette, agradeceu a rapidez e o interesse da área de segurança do Estado, ao contrário do que ocorria no governo passado. “Creio que a sociedade deve dar sua contribuição às ações de segurança e é isso que, agora, nós da FAEP, estamos buscando . Essa parceria inclusive vem dentro do programa lançado pelo governador Beto Richa – Paraná Seguro”. Diretores da Federação da Agricultura do Paraná se reúnem com o comando da Polícia Militar para apresentar as queixas de violência no campo

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Lucian Haro

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cidades

Governador Beto Richa e a secretária da Família, Fernanda Richa, apostam no resgate social pela moradia digna que dá sustentabilidade para toda a família.

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Casa A

meta do Governo do Estado para a política habitacional, que objetiva atender a 100 mil famílias em quatro anos, será totalmente cumprida, garante o presidente da Companhia de Habitação do Paraná – Cohapar - Mounir Chaowiche. Para sustentar sua afirmação, informa que, hoje, após sete meses de ação, já estão em execução mil unidades e existem projetos e licitações em andamento em mais de 100 municípios, o que garante mais 10 mil casas na cidade e no campo, “o que nos levará ao atendimento de 25 mil famílias até dezembro”,disse. A Cohapar herdou uma herança de sete mil projetos contratados em 2007 e 2008 e que não foram cumpridos, ou seja, não houve a realização de obras, além de outras cinco mil unidades, também contratadas para a conclusão em três anos e não terminadas, o que provocou um distanciamento dos principais parceiros investidores, principalmente a Caixa Econômica Federal. Chaowiche explica que a primeira exigência da Caixa Econômica Federal para reatar a parceria com o Governo do Paraná seria o cumprimento de todos os contratos atrasados, o que foi feito por determinação do governador Beto Richa. Para cumprir o cronograma em atraso, a Cohapar aumentou seu ritmo de trabalho que vinha de 1,5% ao mês em 2010, para 7% ao mês este ano até agora. O presidente da Cohapar relata que, em suas visitas pelo interior do

Estado, encontrou uma população descrente que não acreditava na conclusão dessas obras e hoje o quadro é diferente. No dia 25 de agosto, por exemplo, “estivemos no município da Lapa, onde as obras estavam paralisadas e as concluímos e entregamos para as famílias”. Demanda habitacional A demanda por habitações no Estado do Paraná é de 270 mil unidades, tanto na cidade como no campo. A Cohapar acredita que o Plano de Aceleração do Crescimento, que tem provocado ansiedade na população, principalmente pelo atraso nas obras, será a alavanca para que o Paraná possa diminuir esse déficit. O Ministério das Cidades e a Caixa Econômica Federal vem reconhecendo o esforço do governo paranaense em concluir todos os projetos e obras e vem acompanhando de perto essa evolução. O Governo do Estado, segundo Chaowiche, vem dando respostas rápidas e, portanto, abrindo portas não apenas para a retomada das parceria com o Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal e municípios, como o próprio governador Beto Richa tem mantido entendimentos com organismos internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Mundial (Bird) e Agência Francesa de Investimentos, para captar novos recursos para investir na área habitacional, disse.


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pr贸pria com vida digna

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cidades

Mounir Chaowiche: “vamos atender 25 mil famílias até o final deste ano”

O resgate da credibilidade da Cohapar junto aos parceiros investidores, como o Ministério das Cidades, Caixa Econômica Federal, governos municipais e sociedade em geral, foi, em parte, devido às mudanças internas promovidas dentro da casa, especificamente nas áreas administrativa e de projetos, observa Chaowiche. O compromisso assumido pelo governador Beto Richa, de investimentos na política habitacional, com suplementação de recursos para término das obras superior a R$

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16 milhões este ano, a isenção total de ICMS para projetos da Cohapar, e o apoio nos custos das instalações de água, pela Sanepar, e Luz, pela Copel, deu um grande impulso no setor que já entregou, este ano, perto de 800 casas à população. Mapeamento do Estado Hoje, diz Chaowiche, mais de 240 municípios do Estado possuem projetos habitacionais em andamento sendo que muitos desses já estão licitados, com obras iniciadas ou em fase de licitação. A proposta do governador Beto Richa é de uma política habitacional urbana e rural que atinja os 399 municípios descentralizando, portanto, essa política para pequenos municípios, visando a fixação da família em sua cidade, contribuindo para o desenvolvimento ócio-econômico do interior. Na área rural, é determinação do governador Richa de apoio ao homem do campo, incluindo os quilombolas, indígenas e pescadores, com melhoria habitacional e vida digna. Ao lado da construção de novas unidades habitacionais, a Cohapar vem desenvolvendo um programa de melhoria habitacional, com reformas e ampliações das casas. Dentro do plano de governo para o setor habitacional, o presidente da Cohapar destaca ainda a política de regularização fundiária, principalmente nas áreas de riscos, com reassentamento para locais adequados, com urbanização e recuperação ambiental nas áreas degradadas. Internamente, o presidente da Companhia de Habitação do Paraná informa que está sendo feito uma completa reestruturação na empresa, nas áreas administrativa e financeira, com planos de cargos e salários adequado aos servidores focado na valorização do mérito como perspectiva de desenvolvimento dos profissionais, além da reestrutura organizacional para atender aos desafios futuros. “O governador Beto Richa e a secretária da Família, Fernanda Richa, tem sustentado que o resgate social se inicia pela moradia digna, como sustentáculo da família e não medimos esforços para atender principalmente aos mais necessitados”, disse.


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agenda

EXPOSIÇÕES A Casa Está Aberta e os Vasos Estão Floridos Até 21 de setembro, o Beto Batata abriga a exposição “A Casa Está Aberta e os Vasos Estão Floridos”, composta por dez obras da artista Josi Forbeci, em diferentes tamanhos com as técnicas de óleo sobre papel e óleo sobre tela, com flores como tema predominante. Informações: (41) 3262-0840. Obras de Eliane Prolik Até 24 de setembro, a SIM Galeria expõe diferentes trabalhos da artista plástica Eliane Prolik. A principal característica de suas obras é apresentar ao público uma dinâmica que ultrapassa a noção do espaço. Informações: (41) 3322-1818.

Aparências Até 9 de outubro, o Paço da Liberdade abriga a exposição “Aparências”. A mostra traz dez obras do catálogo do artista Claudio Alvarez, que mesclam luz, movimento e fotografias. Entre os materiais utilizados pelo artista estão tecidos, aço, carbono, madeira e refletores, entre outros. Informações: (41) 3234-4200.

O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues Até 16 de outubro, a exposição “O Universo Gráfico de Glauco Rodrigues” pode ser vista na Galeria da CAIXA. A mostra reúne obras do artista gaúcho Glauco Rodrigues. O acervo conta com mais de 100 trabalhos originais do ilustrador, entre litografias, serigrafias e lineogravuras. Informações: (41) 2118-5114.

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Da Materialidade Ao Vazio Até 18 de novembro, o jardim externo Museu Oscar Niemayer recebe a exposição “Da Materialidade Ao Vazio”, do artista plástico Márcio Prado. A mostra faz parte do projeto Desinstalação, e conta com um cubo formado por outros 4.096 cubos maciços de cerâmica refratária. Cada um dos cubos foi recoberto com um esmalte cerâmico que, após seis semanas, será fragmentado em outras 64 partes, gerando módulos de 64 unidades. Os módulos serão deslocados gradualmente para alguns pontos de Curitiba. Informações: (41) 3350-4400.

Curitiba(nós) Até dia 4 de dezembro, a Casa Romário Martins abriga a exposição “Curitiba(nós)”. A mostra, ao mesmo tempo em que traz dados atuais de Curitiba, revela a diversidade de sua gente, sua música, suas cores, sua culinária, sua arquitetura, entre outros aspectos da vida na capital paranaense. A exposição está dividida em cinco seções: O Espaço Multicultural, destinado a mostrar a diversidade cultural; O espaço Dados Atuais, procura definir quem é o curitibano, quem forma a população curitibana de hoje e quais os atrativos econômicos e turísticos que fazem a cidade atual; O espaço Traga sua cidade, onde o público tem a oportunidade de interagir; A Cabine do lambe-lambe é o espaço montado no centro da Casa Romário Martins dotado de um microcomputador e uma webcam. Nele, os visitantes poderão acessar o blog Curitiba(nós), www.curitiba-nos.blogspot.com, deixar recados e gravar uma mensagem em vídeo, respondendo a uma questão básica: o que é ser curitibano?; A seção Roteiros permite ver a cidade por outros ângulos e perceber a transformação e os contrastes da paisagem. Informações: (41) 3321-3255. Arcangelo Ianelli O Museu Oscar Niemayer abriga a exposição “Arcangelo Ianelli”, que reúne 19 obras que representam fases distintas do trabalho do artista. As obras pertencem ao acervo do MON e foram doadas pela família do artista, que expressou este desejo em testamento. Informações: (41) 3350-4400.

ESPETÁCULOS

Chapeuzinho Vermelho em Técnica Phantom Até 1º de outubro, o espetáculo “Chapeuzinho Vermelho em Técnica Phantom” fica em cartaz no Teatro João Luiz Fiani. A clássica história infantil ganha nova versão com a técnica Phantom, que mescla mãos e rosto dos atores a corpo de bonecos. Informações: (41) 32244986.

Disney Live – As Mágicas do Mickey Nos dias 29 e 30 de setembro e 1º e 2 de outubro, o Grande Auditório do Teatro Positivo recebe o espetáculo “Disney Live – As Mágicas do Mickey”, show que mistura números de mágica com personagens do universo Disney. A apresentação fica por conta de Mickey e Minnie. Informações: (41) 3315-0808. As Cabeleireiras De 18 de setembro a 30 de outubro, o espetáculo “As Cabeleireiras” fica em cartaz no Teatro Paulo Autran. A peça fala sobre mulheres que fazem do salão de beleza um verdadeiro confessionário. Nany é a dona de um salão localizado no bairro Tatuquara que está à beira da falência. Seu marido fugiu com todo dinheiro que tinha e com sua ajudante, Dália, que é um travesti. Arrependida, Dália volta e, no meio de toda confusão, surge Geovana, uma cliente solitária que encontra no salão um refúgio. Aos domingos. Informações: (41) 3224-4986.


Se Essa Rua Fosse Minha De 18 de setembro a 30 de outubro, o Teatro Paulo Autran recebe o espetáculo “Se Essa Rua Fosse Minha”. Todos os domingos, “Teresinha de Jesus”, “Pai Francisco” e “Alecrim Dourado” se reúnem na rua onde moram para brincar. O público é convidado a interagir participando de jogos e brincadeiras do folclore brasileiro. Enquanto brincam, os personagens refletem sobre a vida e a experiência de crescer. Informações: (41) 3232-1571.

Jota Quest No dia 16, a banda mineira Jota Quest realiza única apresentação no Grande Auditório do Teatro Positivo. O show faz parte da comemoração de 15 anos de carreira do grupo. Informações: (41) 3315-0808. Sorriso Maroto No dia 17, o grupo de pagode Sorriso Maroto se apresenta no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808.

TPM – Terapia Para Mulheres Até 29 de outubro, o espetáculo “TPM – Terapia Para Mulheres” fica em cartaz no Teatro João Luiz Fiani. A peça fala do universo feminino contemporâneo: as neuroses, as dúvidas, os hormônios, os relacionamentos em pleno século 21, onde tudo parece estar a um passo do próximo colapso. Informações: (41) 32244986. Que Zona É Essa? Até 29 de dezembro, o espetáculo “Que Zona É Essa?” fica em cartaz no Teatro Lala Schneider. Diversos humoristas se revezam no palco e apresentam um show que mescla stand-up, personagens, piadas encenadas e paródias musicais. O roteiro muda a cada semana e o show ganha novos convidados. Informações: (41) 3232-4499.

Charlie Brown Jr No dia 23, a banda Charlie Brown Jr se apresenta no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808.

Luiza Possi Nos dias 23 e 24 de setembro, a cantora Luiza Possi se apresenta no Centro de Convenções e Eventos Espaço Torres. Nick Jonas & The Administration No dia 25, o cantor Nick Jonas, um dos integrantes da banda Jonas Brothers, se apresenta no Grande Auditório do Teatro Positivo, com o conjunto Nick Jonas and The Administration. Informações: (41) 3315-0808. Inezita Barroso No dia 29, a cantora Inezita Barroso se apresenta no Teatro Guaira, com um show que comemora seus 60 anos de carreira. Informações: (41) 3304-7900.

SHOWS

Raça Negra Também no dia 23, a banda de pagode Raça Negra se apresenta no Adelsom Clube Show. Informações: (41) 3315-0808.

Seu Jorge Também no dia 16, o cantor Seu Jorge se apresenta no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808.

Bad Religion No dia 11 de outubro, a banda de punk rock norte-americana Bad Religion realiza única apresentação no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808.

Sepultura e Machine Head No dia 15 de outubro, as bandas Sepultura e Machine Head se apresentam no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808.

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perfil

Pedro Ribeiro

Fotos: Divulgação

Tamanho não é documento

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O médico Sergio Bassi não tem medo de errar quando sustenta, em suas teses de urologia, que “tamanho não é documento” ao se referir ao pênis. Numa conversa de bar, o assunto foi tomando corpo e, de repente, a mesa estava cheia de curiosos pelo assunto. Em meio a risadas, Bassi diz que “pinto grande mais incomoda do que dá prazer”. Ao justificar sua afirmativa, explica cientificamente: a profundidade média da vagina é entre 8 a 10 cm. Portanto, se trata de uma cavidade virtual e não real e, sem nada em seu interior, as suas paredes estão colabadas. Assim, diz ele, qualquer pênis acima de 7 cm de comprimento e com qualquer espessura preenche totalmente uma vagina. O colo uterino, no fundo da vagina, quando tocado pelo pênis não dá mais prazer à mulher. Ao contrário, quando tocado com muita força, provoca desconforto. O clitóris, lábios vaginais e períneo são regiões erógenas de alta excitação na mulher e por serem externas não dependem do comprimento do pênis para a excitação. Dentro da vagina, são as paredes vaginais, sobretudo a parede anterior em sua porção mais próxima da vulva externa (Ponto G), que fazem a mulher ter prazer e não o colo do útero. Por fim, brinca: “mais vale um pequenino ágil e brincalhão, do que um grandão grosseiro e bobão”, para aplausos e felicidades da pequena platéia cuja maioria dos presentes saiu satisfeita com a aula em pleno boteco. Foi para fora do bar, acendeu um Monte Cristo e disse: no próximo encontro falarei sobre o tamanho médio do brasileiro e o ideal... Quem é: Sergio Bassi vem ao longo de 25 anos de consultório auxiliando homens e casais nas angústias e incertezas decorrentes dos distúrbios da função sexual masculina. Médico Urologista; membro do Colégio de Medicina dos Hospitais de Paris; Mestre e Doutor pela Universidade de Paris - Sorbonne; Ex Fellow da Mayo Clinic (USA), Cleveland Clinic (USA) e Detroit Medical Center (USA); professor convidado da Universidade de Paris - Sorbonne (França) e da Wayne State University (USA); Diretor Superintendente do Hospital Griffon - Curitiba – Brasil e Presidente do Grupo Griffon International Healthcare Holding SA. - Genebra - Suíça


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Depois da aprovação nas áreas da saúde, segurança, meio ambiente e obras em geral, especialmente pavimentação de ruas e avenidas, o programa Revitaliza São José dos Pinhais chegou à educação e está garantindo um futuro mais promissor para nossas crianças. A Prefeitura vai entregar ainda este ano três novas escolas - uma delas já está pronta - e dois CMEI’s (Centros de Educação Infantil), além de promover reformas e obras de ampliação em mais de 40 unidades escolares. E tem mais! Capacitação de professores, aquisição de milhares de livros de literatura, merenda escolar balanceada, distribuição de uniformes, informatização da gestão escolar e cursos gratuitos de informática nas escolas para a comunidade completam as melhorias.

60É o Programa Revitaliza investindo em educação para construir um futuro

melhor para todos.

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