Documento Reservado

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POLÍTICA

ECONOMIA

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 39 - JULHO/2011 - R$ 15,00 www.documentoreservado.com.br

EDUCAÇÃO

AGRONEGÓCIO

TURISMO

CIDADES

Luciano Ducci mostra suas habilidades na política

SAÚDE

SEGURANÇA

TECNOLOGIA

POLÍTICA

Fruet coloca gasolina na fogueira da política paranaense

Porto de paranaguá rota da

droga

berço da

corrupção Além das sérias denúncias de corrupção, mais de quatro toneladas de cocaína foram encontradas em contêineres no Porto de Paranaguá, mostrando a fragilidade na segurança e um problema grave para o País

Barbosa Neto abre o jogo


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editorial expediente Jornalista responsável e editor-chefe Pedro Ribeiro Redação Norma Corrêa, Pedro Ribeiro e Lucian Haro Revisão Nilza Batista Ferreira Comercial Junior Ribas comercial@documentoreservado.com.br

Fotos Shutterstock Ilustrações Davidson Diagramação Alves Martins Impressão Ajir Gráfica Tiragem 10.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 90 g (miolo) Endereço Rua João Negrão, n0. 731 Cond. New York Building - 120. andar sl. 1205 - CEP 80010-200 - Curitiba - PR Telefones (41) 3322-5531 / 3203-5531 E-mail editor@documentoreservado.com.br

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 39 - JULHO/2011

Começa disputa pela Prefeitura de Curitiba Um container carregado com quatro mil quilos – quatro toneladas – de cocaína foi preso pela Polícia Federal no Porto de Paranaguá, na época do governo Roberto Requião. Silêncio total. Uma terra de ninguém. Ou de poucos. A situação ainda continua caótica no maior porto cargueiro do Paraná, com problemas que vão desde a falta de seguro contra roubo, incêndio ou catástrofe de qualquer natureza. Luciano Ducci, prefeito de Curitiba e candidato à reeleição no próximo ano, têm mostrado habilidade política, ao contrário do que seus adversários dizem. Está na copa, sala e cozinha da família Richa e acaba de ganhar mais um round com a saída de seu principal concorrente, Gustavo Fruet, do PSDB, deixando o caminho livre. Em entrevista à revista Documento Reservado, Ducci sustenta que sua maior preocupação é com a área social sem, no entanto, perder de vista a infraestrutura. O trânsito, na hora de pico, o incomoda. Começou a guerra para a disputa à Prefeitura de Curitiba. Luciano Ducci (PSB), Gustavo Fruet (PDT), Rafael Greca (PMDB), Tadeu Veneri ou Dr. Rosinha (PT) e Ratinho Junior (PSC), são os principais candidatos. A revista Documento Reservado ouviu o cientista político Ricardo Oliveira que fez uma avaliação sobre os candidatos e o pleito. Diz ele que a eleição de 2012 vai ficar polarizada entre Luciano Ducci e Gustavo Fruet. É bem possível em sua visão, que Greca, o PT e Ratinho Junior, cujos partidos fazem parte da base do Governo Federal, se unam em torno da candidatura de Fruet. Em entrevista, o secretário das Finanças, Luiz Carlos Hauly, conta que a administração estadual está tomando um rumo e que mais de 100 empresas já visitam o Governo Beto Richa mostrando intenções de investimentos. Quatro grandes indústrias já fincaram estaca em solo paranaense, com investimentos que somam mais de R$ 4,5 bilhões. O secretário da Administração Luiz Eduardo Sebastiani também falou à Documento Reservado, enfocando o “Contrato de Gestão” que resultará numa economia de R$ 80 milhões este ano. Cultura, entretenimento, sociedade, comportamento, cidades, turismo e perfil do novo conselheiro do Tribunal de Contas, Ivan Lélis Bonilha, também estão nas páginas desta edição. Boa leitura. Pedro Ribeiro

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Foto: Rodrigo Leal-APPA

índice O bicho vai pegar em Paranaguá. Uma comitiva de deputados descerá a serra para uma varredura no Porto que virou rota de tráfico e berço da corrupção.

42 Paraná nos eixos

A onda negra que assombrou o Paraná no início do ano, com herança maldita, deixada por Requião, começa a se dissipar na avaliação de Luiz Carlos Hauly.

Foto: Divulgação

08 Drogas e corrupção

Uma reportagem que deve chamar a atenção dos educadores e do Governo federal. Os jovens brasileiros são os que menos têm livros em suas casas. Ou seja, não estão lendo.

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

62 Pela educação

Ao afirmar que ainda é cedo para falar em candidatura à reeleição, o prefeito Luciano Ducci lembra aos especuladores: “estou onde sempre estive”. Ou seja, com o governo.

46 Espelho da gestão

Luiz Eduardo Sebastiani, secretário das Finanças do Governo do Estado, garante que o “Estado pode e deve ser eficiente, mesmo com redução de gastos”

22 Nome aos bois

64 Festa do marreco Foto: Divulgação

O prefeito de Londrina, Barbosa Neto, abre o jogo para a revista Documento Reservado e revela quem está por trás das denúncias na Prefeitura de Londrina.

50 À própria sorte Foto: Divulgação

A cada dia que passa, mais os pedestres perdem espaço de locomoção nas vias urbanas e ficam expostos ao risco de graves acidentes.

26 Saiu da geladeira

54 Astros no presídio Foto: Divulgação

O velho presídio do Ahú, em Curitiba, acabou virando cenário de novela da Rede Globo. Ali foram filmadas as primeiras cenas de “O Astro”.

58 Meleca no sapato 32 Comida na mesa

Em Francisco Beltrão, a presidenta Dilma Rousseff garantiu que se houver necessidade de mais recursos para o Plano Safra da Agricultura Familiar, esses serão disponibilizados.

A cidade de Brusque – 260 quilômetros de Curitiba –prepara uma das maiores festas do Sul do País. A Fenarreco que reúne perto de 100 mil pessoas em 10 dias de chopp, dança e comida.

68 Medicina x Justiça

Conselho Regional de Medicina do Paraná está em plena campanha visando dar um basta no grande número de processos na Justiça envolvendo a área da medicina.

74 Coluna da Gabi Foto: Leandro Taques

Gustavo Fruet deixa o PSDB e, enquanto procura um partido, incendeia a política paranaense com vistas às eleições para a Prefeitura de Curitiba.

Foto: Divulgação

18 No devido lugar

Donos de cachorros, que saem passear com os animais nas manhãs e tardes, devem fazer o mínimo que se recomenda: limpar os cocôs que os bichinhos fazem.

A jornalista Gabriela Gatti faz um giro pela cidade e relata o que está acontecendo nas áreas social, cultural, gastronômica e de negócios. Lançamentos, shows e personalidades.

76 Agenda Cultural

Confira tudo o que acontece na cidade no mês de agosto: shows, exposições, teatro, literatura...

78 Fim de papo

O advogado Ivan Bonilha fura o cerco e assume cargo de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado, depois de uma batalha jurídica que expurgou Maurício Requião.

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sintonia fina

Fogo amigo O tiroteio na Câmara de Vereadores de Curitiba, que vem atingindo em cheio o presidente da Casa, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), teria um mandante que se aloja em um dos sofisticados gabinetes da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná. Embora Derosso acuse a imprensa – canalha – de ser a responsável pela desgraça, há quem diz que o fogo é amigo.

durante a CPI dos Grampos, da Assembléia Legislativa, mudou seu depoimento no Ministério Público, onde soltou o verbo e acusou a gestão passada da Casa responsabilizando-a pelas escutas na primeira secretaria e presidência. “Lá para os parlamentares, você podia até mentir. Mas, aqui, no Ministério Público, a coisa é diferente. Se mentir vai para a cadeia por perjúrio”, fulminou um promotor ao interrogado, que contou tudo.

Na conta

Bateu asas e... O presidente da Câmara de Curitiba, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), já admitiu, à amigos, que não tem mais chance de ser candidato a vice na chapa de Luciano Ducci (PSB) à Prefeitura de Curitiba. Para quem se gabava que havia filiado 14 vereadores no PSDB, ampliando a base de apoio ao prefeito, hoje está com as barbas de molho e gastando sola de sapato no Tribunal de Contas e no Ministério Público. Coisas da política.

Aqui, não, jacaré! O homem do grampo, ex-diretor administrativo da Assembléia Legislativa, Francisco Ricardo Neto que, inclusive, foi preso por mentir

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Se existe algum culpado pela saída de Gustavo Fruet do PSDB, o crédito está sendo debitado da conta do presidente da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso, e de Ezequias Moreira. Este último, embora esteja nomeado diretor na Sanepar, politicamente, tem procurado atuar nas sombras. E quem quer o couro dos dois é o diretório nacional, que diz que a saída de Fruet do partido foi uma grande perda e que a falta de apoio ao ex-deputado foi “inaceitável”. Há quem garanta que os dois vão ter o troco...

Na trincheira Outro que está sendo culpado por vetar a volta de Gustavo Fruet ao PMDB é o deputado Alexandre Curi, que estaria a serviço do governador Beto Richa (PSDB), na tentativa de impedir que Fruet seja candidato à Prefeitura de Curitiba, no ano que vem. Esquecem eles que se o ex-deputado se filiar,

como se espera, ao PDT, certamente vai “carregar” muitos partidos aliados em nível nacional, em torno de sua candidatura. Entre eles, o PMDB de Michel Temer, vicepresidente da República. A atuação, porém, de Curi, nos bastidores está sendo encarada como “perda de tempo” e que ele vai ter que se curvar às decisões nacionais.

Pausa para protesto Tem razão o jornalista Juan Arias, correspondente do jornal espanhol El País no Brasil, quando indaga onde estão os indignados do Brasil. Por que não ocupam as praças para protestar contra a corrupção e os desmandos? Não saberiam os brasileiros reagir à hipocrisia e à falta de ética dos políticos? Será mesmo este um país cujo povo tem uma índole de tal sorte pacífica que se contentaria com tão pouco? Bem, caro Arias, primeiro, os brasileiros estão mais preocupados com a homofobia e passeata das vadias.. Quem sabe, mais pra frente...

Caminho perigoso Há quem sustente, nos bastidores da política, que o ex-deputado federal e candidato a Prefeitura de Curitiba, Gustavo Fruet, estaria tomando um rumo que não agrada ao eleitor curitibano tradicional. Fruet vem abraçando lideranças de movimentos sociais radicais, o que contraria a nata curitibana. No PDT, terá que se acostumar com os tais movimentos e, inclusive, dar as mãos para petistas ligados ao casal de ministros.


Pedro Ribeiro

Salivando O ex-deputado (estadual e federal), ex-prefeito, ex-secretário e ex-ministro, Rafael Greca (PMDB), pode estar gastando saliva à toa, na sua toada para se eleger, de novo, prefeito de Curitiba. Dizem os entendidos, que Greca está nadando na areia e que, no final, vai morrer na praia. E, de novo, vai ver o seu partido oferecer apoio para outro candidato à Prefeitura da Capital. E não será espanto para ninguém se, de repente, o senador e presidente do PMDB de Curitiba, Roberto Requião, “virar amigo de Fruet desde criancinha”. Afinal, ele agiu assim em 2010, quando virou “amigo de Osmar Dias desde criancinha”.

Óleo de peroba Os 60 funcionários efetivos da Assembléia Legislativa, que estavam no limbo, foram incorporados aos gabinetes dos deputados. Cada parlamentar herdou uma fera. Só que já há reclamações: dizem que, nesse time da pesada, tem muitos zeros a esquerda e que não servem para nada. O engraçado é que esse pessoal, nem bem foi reintegrado ao cargo e já entrou com requerimento pedindo gratificação de 85% do salário. Mais bárbaros ainda são os funcionários que permanecem em casa. Estão solicitando vale transporte e vale alimentação.

Mulheres do bem Ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e deputada federal Cida Borghetti , receberam singela homenagem da Casa dos Pobres São João Batista, entidade que mantém o Albergue São João Batista e a creche Florescer, em Curitiba. As duas paranaenses que vêm se destacando na política nacional foram agraciadas com o “Prêmio Personagem do Bem”. Segundo o presidente da entidade, Rafael Pussoli, a Casa dos Pobres atende centenas de pessoas que vêm de diversos lugares para diferentes tratamentos na capital paranaense.

Ratatuia no porto Os ratos que tomaram conta do Porto de Paranaguá vão experimentar o veneno da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura denúncias de corrupção no maior porto marítimo do Paraná. Integrantes da CPI prometem uma devassa e pelo menos dois deles sustentam que tem gente graúda que vai para a cadeia.

Presente! Esse Mário Celso, aliás, secretário de Governo da Copa, é habilidoso politicamente. Durante lançamento das

Câmaras da Copa, no Palácio das Araucárias, fez questão de nominar todas as autoridades presentes. A cada duas ou três palavras do seu discurso, uma era para registrar a presença de alguém. Só o secretário de Comunicação Social, Marcelo Cattani, foi lembrado três vezes. Cá para nós, a exposição do secretário foi um show.

Fungando na nuca A nova direção da AL está monitorando todos os servidores da casa, quer sejam efetivos ou em cargo de confiança. A ordem é trabalhar. Chega de fantasmas. Nesse controle, dois já foram para a rua. Um funcionário administrativo e um segurança. Motivo: faltaram mais de 30 dias ao trabalho. Também, pudera. Estavam acostumados com a mamata. Só para lembrar, na época de Anibal Khoury existiam 5.600 funcionários na AL. Hoje são pouco mais de 700.

Piolla para prefeito O jornalista Gilmar Piolla, superintendente de Comunicação Social da Itaipu Binacional, teve seu nome lançado à Prefeitura de Foz do Iguaçu. Piolla não confirmou, mas também não negou, e afirmou que se for convocado pela população e pelas lideranças políticas locais, não fugirá do desafio. Por enquanto, disse, “estou concentrado nas ações da Itaipu Binacional”. Piolla é superintendente de Comunicação Social da binacional.

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polĂ­tica

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Fotos: Divulgação

Norma Corrêa

Terra de ninguém: Drogas e corrupção ganham o mundo pelo Porto de Paranaguá

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Foto: Rodrigo Leal-APPA

política

O Porto de Paranaguá, que poderia ser o maior porto do País, foi perdendo espaço para outros centros por falta de investimentos, e com as irregularidades perpetradas por pessoas mal intencionadas. Uma CPI na Assembleia Legislativa foi instalada para investigar os desmandos na autarquia em Paranaguá 10 Documento Reservado / Julho 2011

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m fevereiro de 2009, quase quatro toneladas (3.800 quilos) de cocaína foram descobertas em cinco containeres no Porto de Paranaguá. A droga estava acondicionada em meio a um carregamento de madeira, que vinha de São Paulo com destino à Romênia, e poderia render perto de 20 milhões de euros aos traficantes. Aquela foi a maior apreensão de cocaína já realizada no Sul do País, e só foi descoberta porque a Polícia Federal investigava uma denúncia do Departamento Antidrogas dos Estados Unidos e da Interpol. Do contrário, dificilmente a droga seria encontrada, uma vez que, no Porto de Paranaguá, apenas 15% das mercadorias são vistoriadas pela Receita Federal. E, ainda assim, quando um carregamento de droga fica bem compactado em meio à carga original, como aconteceu neste carregamento de madeira, as chances são grandes de o material passar pela vistoria por amostragem, sem nenhum problema. Por isso, não se tem ideia do volume de drogas que saíram do porto paranaense. Sabe-se, no entanto, que nos últimos dois anos, a mesma transportadora mandou oito cargas para a Europa, mas a polícia não sabe dizer se havia droga nesses carregamentos. Até agora, ninguém foi preso. O esquema de transportar a cocaína em contêineres do Porto de Paranaguá para a Europa, não é novo. Informações dão conta que, em outra oportunidade, 1,2 tonelada (1.200 quilos) da droga foi encontrada pela polícia romena, também escondida em carga de madeira, que supostamente teria saído de Paranaguá. Já se passaram dois anos e nenhuma atitude foi tomada para coibir situações como estas. Pelo contrário, as queixas da Interpol e organismos internacionais, que afirmam que as drogas ganham o mundo pelo Porto de Paranaguá, foram cuidadosamente silenciadas e os casos abafados. Os volumes de apreensão assinalados em 2009 podem ser ainda maiores, e a realidade, mais dramática. O problema é grave, e que certamente traz profundas implicações sociais, como o aumento da criminalidade, por

exemplo, num País que ainda luta para vencer a miséria e elevar a baixa qualidade de vida de considerável parcela da população. Situações como estas dão a certeza de que guerra contra o tráfico de drogas, no Brasil, vem perdendo tragicamente para os criminosos. Conclusão, aliás, que chegou também à Organização das Nações Unidas (ONU), mostrada no Relatório Mundial sobre Drogas 2011. Documento da ONU mostra que o Brasil é a terceira rota de passagem da cocaína apreendida na Europa, registrando apreensões que somaram, em 2009, cinco toneladas, um aumento de mais de 7% em relação aos 339 quilos apreendidos pelos europeus em 2005, saindo dos portos e aeroportos brasileiros. No ranking mundial de apreensões internas, aparecemos com 3% do total, na oitava posição, bem próximos da Espanha e do México. E nos aproximamos rapidamente dos 4% da Bolívia e da Venezuela. Especialistas dizem que, se não houver reação urgente, a tendência é que a trilha da coca aumente ainda mais no território nacional. Ainda de acordo com o documento,


Norma Corrêa

Toneladas de cocaína são apreendidas no Porto de Paranaguá

Olhos fechados O volume de cocaína apreendida, em 2009, deveria ter aberto os olhos das autoridades portuárias e atendido aos apelos da Organização Marítima Internacional (IMO – International Maritime Organization – em inglês), uma agência especializada das Nações Unidas, que promove a cooperação entre os estados para melhorar a segurança marítima. Depois do 11 de setembro, os Estados Unidos, temendo um ataque terrorista nos portos, que poderia causar estragos incalculáveis e muito maiores do que os registrados contra as torres gêmeas em Manhattan (Nova Iorque), aumentaram as regras de segurança marítima, estendendo as normas para os países com quem tem relações comerciais, entre eles, o Brasil. Foi criado, então, o Container Security Iniciative (CSI), um programa para ajudar a aumentar a segurança

para a carga em containeres embarcados para os Estados Unidos, ao redor do mundo. O então presidente Lula, assinou protocolo da participação do Brasil, com o então presidente norte-americano, George W. Bush, em 2003. De acordo com o protocolo, o País teria que se adequar às novas regras até 2012 e, entre as exigências, está a obrigatoriedade do uso de scanners invasivos em todos os portos brasileiros. Por enquanto, apenas os portos de Navegantes e Itajaí, em Santa Catarina, possuem o equipamento, que dá 100% de visão interna dos containeres. Foto: Nani Gois/Alep

um terço da cocaína vendida em toda a América do Sul é consumida no Brasil. Segundo a ONU, são 900 mil usuários de coca e derivados, como o crack, o maior contingente do continente.

O deputado Mauro Moraes (PSDB), membro efetivo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada na Assembleia Legislativa para investigar as dezenas de irregularidades nos portos paranaenses, está sugerindo ao Governo do Estado, a instalação do scanner no Terminal de Container do Paraná (TCP) do Porto de Paranaguá, por onde passam cerca de 400 mil containeres por ano. “Será uma maneira eficaz de combater o contrabando e, principalmente, o envio de drogas para o exterior, como já aconteceu”, afirma o parlamentar, ao informar que o raio-x utilizado, hoje, permite o mínimo de visibilidade das mercadorias importadas e exportadas via Porto de Paranaguá. “A maioria dos crimes tem origem nas drogas, por isso é importante combater o tráfico em todas as suas instâncias”, argumenta. Segundo ele, além da segurança de saber “exatamente” o que contém os containeres, ainda há que se contabilizar a economiza de tempo com a utilização do scanDeputado Mauro Moraes está se ner. Ele disse que, aprofundando nas investigações para fiscalizar, por dos “chamamentos públicos” amostragem, no TCP,

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Foto: Rodrigo Leal-APPA

política

a Receita Federal leva quatro dias, enquanto que a mesma quantidade de containeres pode passar pelo scanner em apenas 15 minutos. Moraes espera que a nova superintendência da APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), que assumiu em janeiro deste ano, tome as providências exigidas com o acordo assinado entre o Brasil e Estados Unidos, e adote as medidas preventivas contra o terrorismo e tráfico de entorpecentes.

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presários pagavam para não se aborrecer”, diz, informando que o pedágio podia render cerca de R$ 40 milhões por ano, somente com o soja. A fonte nos conta também sobre a “negociação” para uso do terminal Ponta do Felix, que estava sendo negociado por um empresário. “Estava tudo acertado com o empresário. “A família”, havia acertado a venda do Terminal com R$ 10 milhões ‘sobrando’ para ser dividido, em 10% para o advogado que dava o aspecto de legalidade para o negócio (R$ 1 milhão), outro tanto para pagamento do projetista. Sobraria, Foto: Rodrigo Leal-APPA

Luz vermelha A luz vermelha deve acender no Governo do Estado, já que as providências previstas no acordo vencem no ano que vem, e nem sequer arame farpado foi colocado no Porto de Paranaguá. O ex-superintendente, Eduardo Requião, que está tendo que explicar as irregularidades na sua administração às autoridades federais, não quis saber de tomar as medidas preventivas. Pior, quando cobrado pelas providências não tomadas, Eduardo, seguia cegamente o conselho do então governador Roberto Requião, e usava a “Escolinha” – que ia ao ar nas manhãs das terças-feiras no auditório do Museu Oscar Niemayer – para dizer que “queriam privatizar o Porto”. Os “Requiões” saiam pela tangente, defendendo o porto público. “Porto Público? Como? O Porto não é público, porque todas as empresas que atuam na área são privadas. O que acontecia na Escolinha era puro teatro para não respeitar a lei”, diz uma fonte da revista Documento Reservado. Foi ali que, segundo a fonte, houve um faturamento de mais de R$ 100 milhões na cobrança de pedágio das empresas que embarcam produtos pelo Porto. “Eram apenas 3 dólares por tonelada de soja embarcada; ou 1 dólar pelo metro cúbico de álcool... E assim era efetuada a cobrança de todos os produtos que saíam ou entravam por Paranaguá. E os em-

então cerca de R$ 7 ou R$ 8 milhões para ser dividido entre os dois (família)”, contou. Porém, diz, a fonte, o empresário jamais repassou o dinheiro combinado, embora, a comemoração pelo negócio, que acreditavam ter fechado, tenha acontecido num dos restaurantes mais caros de Curitiba. Pelo esgoto Em outra situação, conta a fonte, o Porto de Paranaguá perdeu R$ 240 milhões em dinheiro. Diz que o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) teria deixado, em caixa, no DENIT, os R$ 240 milhões para serem usados pela APPA na remodelação do cais velho. “O intermediário da negociação pediu, então, R$ 100 mil por mês, ou R$ 2,4 milhões por ano, desses recursos. A troco de quê? Claro, disseram não. E, ele, em represália, recusou o dinheiro, argumentando que havia superfaturamento no cais oeste e os R$ 240 milhões foram embora”, recorda. Segundo a fonte, o Porto de Paranaguá é o mesmo de nove anos atrás, e não se questiona o quanto o Paraná perdeu com a ganância de uns poucos.


Norma Corrêa

Operação Dallas, da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público [que levou à prisão do ex-superintendente da APPA, Daniel Lúcio de Oliveira, e outras pessoas, acusadas de desvio de carga, fraude em licitação, favorecimento a uma empresa e formação de quadrilha]. No momento, o deputado tucano está debruçado nas dezenas de contratos emergenciais, ou seja, os famosos “chamamentos públicos”, aqueles em que as empresas já instaladas no Porto ganham o direito de exploração de serviços, como nos terminais de containeres, sem repassar quaisquer valores para a APPA. Ou seja, além dos lucros obtidos com a operação desses terminais, essas empresas não pagam aluguel para a autarquia e, quando fazem negociações que envolvem transferências de ações, deixam de repassar os 10% para a autarquia, conforme determina a lei. “Isso tudo poderia gerar multas, entre outras dívidas. Contudo, não há registros oficiais de pagamentos. A dúvida é se esses valores foram negociados informalmente ou se a Administração dos Portos foi omissa. De qualquer forma, os valores apurados com o perdão de dívidas e o não pagamento sobre operações de compra e venda de ações devem retornar para os cofres da APPA. No momento, é difícil calcular quanto o Porto teria deixado de arrecadar com

Foto: Nani Gois/Alep

Aos poucos, porém, a ponta do iceberg vai aparecendo, e as irregularidades e ilegalidades vão aparecendo em Paranaguá. Há muito mais situações degradantes por trás da aparente

calmaria das águas do maior porto paranaense e um dos maiores do País, do que se pode imaginar. Os escândalos se sucederam ao longo dos oito anos de desmandos, afirma o deputado Mauro Moraes, que pretende ir mais além nas investigações que Deputado Douglas Fabrício, estão sendo feitas pepresidente da CPI dos Portos, instalada na Assembleia los membros da CPI Legislativa dos Portos, presidida pelo deputado Douglas Fabrício (PPS). Moraes, inclusive, pretende fazer um relatório à parte, já que o relator da CPI é o deputado Fernando Scanavaca (PDT). “Não se trata de nada pessoal. Apenas estou aprofundando nas apurações, porque vejo que até Daniel Lucio Oliveira, exsuperintendente da APPA, foi agora, as investigapreso por desvio de carga na ções se baseiam na Operação Dallas

Foto: APPA

A ilegalidade dos chamamentos públicos

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Foto: AEN

política

Ex-superintendente da APPA, Eduardo Requião, usou muitas vezes os microfones da Escolinha para manter “defender” o Porto dos chamados “corsários”.

essa omissão. Mais difícil ainda, porém, é avaliar de quanto seria o rombo causado pela má gestão de pelo menos dois governos: (Jaime) Lerner e (Roberto) Requião”, disse o deputado. Segundo ele, a conta pode ser feita tomando por base o número de empresas que atuam nos terminais. Um único contrato de venda, disse, renderia ao Governo R$ 75 milhões. Se todas, pelo menos uma vez, desde a instalação, teriam deixado de repassar, o total mínimo (e hipotético) seria de R$ 750 milhões. “Mas creio que, de tão grande, o rombo é quase impossível de ser calculado”, diz. Dívidas milionárias Para Mauro, que ainda está analisando os contratos feitos entre a autarquia e várias empresas durante a gestão de Eduardo Requião, o que já foi levantado aponta para indícios de tráfico de influência, improbidade administrativa, formação de quadrilha e coação. Ele afirma que há fortes indícios de que a APPA teria perdoado dividas milionárias de empresas que fizeram

transferência de ações. O perdão de multas teria gerado prejuízo de, pelo menos, R$ 20 milhões para a autarquia. Também há evidência de que a administração dos Portos teria permitido criação de novos berços sem licitação. Outra situação curiosa que vem sendo apurada pelo parlamentar é a ausência de contratos de remuneração entre a APPA e empresas já instaladas. Segundo ele, apesar da utilização da área, não há provas de que o Porto de Paranaguá tenha

recebido qualquer contrapartida. “Vamos apurar a informação de que algumas empresas estariam utilizando, com exclusividade, terminais sem contrato de arrendamento com a APPA”, comenta, ao adiantar que pretende fazer um levantamento do montante que a autarquia teria deixado de receber com a transferência de controle acionário. “Há fortes indícios ainda de que uma única movimentação de arrendamento teria recebido um termo aditivo, que reduziu o contrato de remuneração de uma empresa de R$ 4 milhões ao ano, para R$ 300 mil/ano. É uma diferença muito gritante. É preciso saber o que ocasionou essa redução”, disse. Moraes informa que as investigações ainda estão em fase inicial, mas, “uma vez comprovadas as irregularidades, algumas pessoas e empresas serão responsabilizadas, com certeza”. “Caráter emergencial” O primeiro passo para saber detalhes das possíveis irregularidades nos “chamamen-

Casos especiais das concessões consideradas irregulares A reportagem da Revista Documento Reservado levantou alguns casos especiais de facilitação com desdobramentos econômicos diretos, que passaram a afetar o mercado de capitais, regidos pela CVM (Câmara de Valores Mobiliários). Entre 2005 e 2008, houve uma febre das empresas em abrir capital para alavancagem financeira. Para entrar no mercado de capitais é preciso que a empresa tenha musculatura, ou seja, comprove grande volume de negócios, ou que gere novas oportunidades (concessões), visando um fluxo de caixa futuro.

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Rocha Top A empresa Rocha Top S/A foi relacionada como um dos casos especiais de concessões irregulares. A empresa teve concessão de interligação ao Terminal de Fertilizantes – contrato 006/2010: Protocolo 10.180.152-7, Publicado em Diário Oficial em 18.02.10, Edição 8162, página 4; concessão interligação ao Terminal de Líquidos – contrato 021/2010 – Publicado DIOE em 22.03.10 – Edição 8184, página 5; concessão de interligação ao Terminal de Soja – contrato 026/2010 – Protocolo 10.352.2030 – Publicação DIOE 24/03/10 – Edição 8186,

página 5. A empresa Rocha Top, especializada na movimentação de carga geral e fertilizantes, “por meio deste esquema”, obteve concessões para transformar-se em operador de produtos líquidos a granel (interligação com terminal de álcool), produtos sólidos a granel exportação (interligação no corredor de exportação), e produtos sólidos a granel importação (interligação ao Terminal de Fertilizantes), entre 18 de fevereiro e 24 de março do ano passado. Curiosamente, em 30 de março de 2010, a Rocha Top é transformada de limitada, para Sociedade Anônima, e recebe aporte finan-


Norma Corrêa

Foto: Rodrigo Leal-APPA

Terminal de Containeres em Paranaguá

tos públicos” foi dado com a aprovação, na CPI, de um requerimento de autoria de Mauro Moraes, para saber sobre essa modalidade contratual, que dispensa licitação. Com a aprovação do requerimento, a comissão poderá levantar o volume de dinheiro repassado para empresas que atuam no Porto de Paranaguá e Antonina. Segundo o deputado, a administração do Porto teria convidado, pelo menos, 10 empresas para prestar serviços em caráter emergencial. As atividades estariam ligadas aos terminais de líquidos, sólidos e de fertilizantes. O pedido de informações deverá esclarecer dúvidas sobre a relação de concessões e permissões portuárias feitas sem licitação. A medida, conforme deve apurar a CPI, teria favorecido um pequeno grupo de empresas que atuaram em vários projetos desde 2008. A comissão quer apurar o valor de cada contrato.

A fonte do Documento Reservado explicou, com detalhes, essa situação. Segundo ela, compete ao governador do Estado a autorização para a abertura de processo licitatório para concessão, conforme determina a lei. “Ao contrário do entendimento do então superintendente da APPA, Eduardo Requião, o chamamento público não foi legitimado pelo Judiciário, tratando-se exclusivamente de uma medida administrativa ilegal da APPA”, diz a fonte, acrescentando que a figura adotada “chamamento público”, para um processo de seleção de interessados a contratar com a administração pública, não

está previsto na legislação para concessão de serviços públicos. “O entendimento criado pelo grupo abriu a oportunidade para dar concessões para empresas escolhidas sem licitação. A partir daí, deu-se a consolidação do maior esquema de corrupção, formação de quadrilha, enriquecimento ilícito, entre outros crimes jamais vistos nos Portos do Paraná”, afirma, ao informar, ainda que, todos os contratos firmados por meio de “chamamento público” não tem amparo legal, e também não dá segurança jurídica para os investidores. “A facilitação para obtenção desses contratos de concessões criou um balcão de negócios, onde somente as empresas já estabelecidas, diretamente ligadas à gestão da APPA, pudessem obter tais vantagens”, diz.

Foto: AEN

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Foto: Rodrigo Leal-APPA

política

ceiros de R$ 140 milhões, do Grupo Angra AG (Andrade Gutierrez), com alienação de 40% do seu capital. Segundo a fonte, nota-se que a empresa utilizou de alavancagem, por meio de contratos de concessão irregulares, para se transformar em S/A, e passa a operar no mercado de capitais. TCP no limite máximo Em 2008, o TCP já havia atingido o seu limite operacional. Possui 100% de ocupação do cais de acostagem e a falta de pátio de armazenagem de container limita seu crescimento e faturamento. A legislação é clara no que diz respeito ao uso de áreas públicas da atividade portuária e deveria ter acontecido procedimento licitatório para ampliação dos serviços de movimentação de container. No Porto de Santos, por exemplo, existe cinco terminais de container distribuídos nas margens direita e esquerda da cidade; em Santa Catarina, também cinco terminais estão distribuídos nas cidades de Imbituba, Itajaí, Navegantes, São Francisco e Itapoá. No Paraná, existe apenas um terminal. Este monopólio se mantém há mais de uma década. Em 2003, a estratégia econômica do TCP era manter essa situação acrescendo às áreas a leste para, definitivamente, manter esse monopólio. Em 05 de setembro de 2008, Eduardo Requião e o TCP assinam o 6º termo aditivo, que permite a utilização de áreas públicas para construção de mais um berço de atracação. Na mesma época, o Governo do Paraná emite o decreto de desapropriação das áreas de Pontal do Paraná, onde se pretendia construir o segundo terminal de container. Terminal de Container de Paranaguá (TCP) – Sexto Aditivo de Contrato 020/1998 – Protocolos 8.924.649-0; 9.790.452-9; 9.946.526-3; 9.948.030-0 e 7.092.998-8 – Publicação em DIOE 10 de setembro de 2008, Edição 7803, página 5. Esta situação estabelece

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que, pelo menos, para os próximos 10 anos, o monopólio de movimentação de container do TCP está garantido no Paraná. Marcon Serviços de Despacho Geral Ltda O contrato de arrendamento nº 039/97, foi celebrado entre a APPA e a Marcon mediante licitação pública, por meio da concorrência pública nº 005/97. O objeto da licitação foi o “arrendamento dos armazéns 6 A e 6 B”, num total de 6.624 metros quadrados, para movimentação de cargas de propriedade da arrendatária. O ex-superintendente Daniel Lúcio de Oliveira assina aditivo contratual e a Marcon passa de arrendatária de instalações públicas portuárias (az 6 A e 6 B), para permissionária de áreas (para construção de instalações fixas em áreas públicas, e concessionária, para exploração de serviços portuários privados em instalações públicas). “O aditivo contratual foi celebrado em 17 de setembro de 2008, e publicado no DOE em 10 de outubro do mesmo ano. No preâmbulo e qualificação dos responsáveis competentes, menciona Eduardo Requião de Melo e Silva, que foi exonerado no

dia 02 de setembro de 2008. Pela APPA, assinam Daniel Lúcio Oliveira e Benedito Nicolau dos Santos Neto, na condição de ‘superintendente em exercício da APPA’, respectivamente, diretor administrativo e financeiro e procurador jurídico. Somente em 24 de outubro de 2008 é que Daniel Lúcio foi nomeado como superintendente da APPA. Esta irregularidade administrativa da autarquia deu causa à construção de um carregador de navios em áreas públicas, sem licitação. O valor da empresa Marcon, até então operadora de carga geral, salta de R$ 8 milhões, para R$ 58 milhões, tornando-se uma operadora portuária com a concessão de um especializado carregador de navios. Harbor/Fertipar A mais nova operadora portuária no segmento de graneis importação Harbor (2007), também conseguiu uma concessão para interligação no Terminal Público de Fertilizantes. Harbor Operadora Portuária Ltda: contrato 029/2010 – Protocolo 10.352.344-3 – Publicado em DIOE 06/04/2010 – Edição 8194, página 5. A movimentação de cargas do Grupo


Norma Corrêa

Fortesolo A empresa atua como operadora portuária no segmento de fertilizantes no cais público do Porto, disputando espaço com a Rocha Top (segundo maior operador do Paraná) e Harbor (ligada à Fertipar, maior operador de fertilizantes do País). A exemplo das demais, ingressou no processo de ‘chamamento público’, para tentar manter ou ampliar seu espaço em Paranaguá. Adquiriu parte das ações do Terminal Ponta do Félix, em Antonina, em fase de reestruturação.

Fertipar (Fospar e Harbor) formam o maior operador e importador de fertilizantes do Paraná e do País. As ligações próximas entre a alta direção da Fertipar com Eduardo Requião e Daniel Lúcio, sempre foi notada pela Comunidade Portuária. Cattalini Historicamente, o Grupo Cattalini sempre esteve envolvido em escândalos públicos ou internos da empresa. Entre os principais escândalos divulgados na imprensa, relacionam-se: desvio de carga, bombeamento de água junto com produtos líquidos, até desvios de recursos, que, em 2007, provocou o afastamento de toda a diretoria executiva. A Cattalini recebeu a concessão de uma nova interligação no cais público, como forma de pagamento para não questionar o processo em andamento, que poderia interferir nos negócios e interesses da Cattalini. Cattalini Terminais Marítimos Ltda –contrato 009/2010 – Protocolo N/D – Publicado em DIOE 22/03/2010 – Edição 8184, página 5. Como resultado ficou com 100% na mo-

vimentação de cargas de seu terminal privado próprio e com substanciada participação na operação do píer público de inflamáveis da APPA, juntamente com a Rocha Top, CBL e CPA. A Cattalini, oficialmente, contribui nas duas campanhas de Roberto Requião ao Governo do Estado.

CBL A empresa sempre esteve envolvida em escândalos de desvio de cargas, propina, assinatura de contratos irregulares, etc. Em 2009, entrou na ciranda das concessões sem licitação e obteve autorização para interligação no terminal e píer público de inflamáveis da APPA. CBL Brasileira de Logística S/A – Contrato 013/2010 – Protocolo N/D – Publicação DIOE 26/03/2010 – Edição 8188, página 4.

CPA A CPA Armazéns Gerais Ltda, controlada pela CPA Trading S/A, pertence ao Grupo Alcopar, que engloba os produtores de Álcool e Açúcar da Região Norte do Paraná. A CPA Trading é responsável pela comercialização de aproximadamente 100% do álcool e açúcar exportado pelo Porto de Paranaguá. Durante a construção do Terminal Público de Álcool, sob a responsabilidade do engenheiro Ogarito Linhares, fez aportes superiores a R$ 8 milhões. A empresa, hoje, está limitada a operar pela empresa Cattalini. Venceu todas as dificuldades para operar no Terminal Público de Álcool, até a constatação de vazamento que suspendeu as suas operações, obrigando a empresa a retornar as operações via Cattalini.

Centro Sul A empresa também esteve envolvida em processos duvidosos ao longo dos últimos 15 anos. Em 1997, assinou contrato de arrendamento de 10 anos, com possibilidade de renovação por mais 10 anos. Construiu um silo privado junto aos demais terminais no corredor. Em 2004, assumiu a liderança na movimentação de soja e derivados, por meio dos seus silos próprios e do silo paraguaio (AGTL). Sua ligação próxima a Eduardo Requião proporcionou a participação na ciranda do ‘chamamento público’. Centro Sul Serviços Marítimos Ltda. – contrato 027/2010 – O protocolo 10.352.3974 – Publicação DIOE 24/03/2010 – Edição 8186, página 5.

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DUCCI cidades

mostra habilidade política Embora prefira falar sobre obras como administrador do município, Luciano Ducci deixa transparecer seu lado político e começa articular base sólida para a reeleição.

O

médico pediatra, funcionário público municipal e prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, tem respostas rápidas e articuladas, quando o assunto é candidatura à Prefeitura de Curitiba em 2012. “É muito cedo para me preocupar com o processo eleitoral do ano que vem. Não posso colocar as eleições, hoje, como prioridade. Quero, antes de tudo, fazer a lição de casa e ter a aprovação da população”. Uma pausa!.. “Bem... as alianças ocorrem normalmente da base de sustentação da administração e, hoje, temos assessores e técnicos de vários partidos que compõem a administração da cidade, entre eles, o PPS, PTB e teremos gente também do DEM, como é o caso de Osmar Bertoldi, que nos auxiliará na área de habitação. Em relação à saída de Gustavo Fruet do PSDB, nada muda para mim, uma vez que sempre estive ao lado do mesmo grupo político. Eu e o governador Beto Richa temos uma relação forte, como tenho, também, com os deputados da bancada paranaense no Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa,

“Estou muito tranqüilo, porque estou onde sempre estive” (Luciano Ducci). 18 Documento Reservado / Julho 2011

na Câmara de Curitiba e no Governo Federal”. É só insistir um pouco e Luciano Ducci abre o jogo mas, sempre defendendo a tese de que não é candidato, porque não é hora para isso. “Estou tranqüilo, porque estou onde sempre estive. E estou mais tranqüilo ainda, porque estou fazendo o que gosto, que é uma administração voltada às demandas e necessidades sociais da população de Curitiba”. Em entrevista à revista Documento Reservado, Luciano Ducci disse que um dos maiores problemas de Curitiba está na infraestrutura viária, principalmente nas horas de pico que vão das 18 às 19 horas ou um pouco mais. Tem razão o prefeito. Nestes horários as ruas estão congestionadas, os motoristas estressados, com dedos nas buzinas e envolvidos em pequenos acidentes. Tudo tem uma explicação, diz: em pouco mais de seis anos, a frota de carros aumentou em 40% e o resultado é natural, com congestionamento. O trânsito do final da tarde não seria tão caótico se houvesse disciplina e educação entre os condutores usuários. Nos horários de maior fluxo, também os pedestres e usuários do transporte público são atingidos pelos problemas no trânsito. A demora dos ônibus, com o congestionamento e com o cansaço natural do dia a dia, os usuários enfrentam ainda a superlotação. São pontos e terminais lotados de pessoas que muitas vezes não conseguem entrar nos veículos. O prefeito explica que estão sendo feitas várias intervenções na cidade para que o trânsito flua normalmente.


Pedro Ribeiro Divulgação

especialista em psicologia do trânsito. O que mais preocupa é a falta de mobilidade

metas de ir e vir nos horários preestabelecidos. Há, segundo ela, excesso de veículos nas ruas sem a contrapartida de viadutos, trincheiras e estacionamentos subterrâneos para aliviar o André Mello

Fardo político O problema do tráfego tem um peso político para o prefeito Luciano Ducci: a irritação dos motoristas mais exaltados e o pânico de dirigir que vem aumentando assustadoramente. Estudo da ONU mostra que o medo de dirigir, chamado de amaxofobia – medo de atrapalhar, de receber críticas e violência - já atinge a (retirar)6% da população brasileira habilitada. A psicóloga Salete da Luz Coelho Martins, especialista em psicologia do trânsito e terapia conectiva, explica que o acontece no trânsito de Curitiba é uma disputada de espaço. O que mais preocupa é a falta de mobilidade, diz, causando nos usuários sentimentos de raiva, frustrações e irritabilidade, porque não A psicóloga Salete da Luz Coelho Martins, conseguem cumprir suas

tráfego. Para a psicóloga, que Prefeito Luciano Ducci: É cedo para atende pessoas com medo de falar sobre política. dirigir, não existe, dentro da Quero primeiro ter a aprovação da própria casa, uma educação população como dos pais junto a seus filhos, prefeito da cidade que possa melhorar no futuro. Ao invés de recomendarem a seus filhos que usem o cinto de segurança para não ser multado pelo guarda do trânsito, deveriam orientá-los na preservação da vida. Ducci explica que, para desafogar o tráfego, a Prefeitura municipal de Curitiba, em parceria com o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), vem desenvolvendo dezenas de projetos. Entre os que destaca, está a criação de um anel viário com um sistema de binários, numa extensão de 25 quilômetros no

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Fotos: Divulgação

cidades

entorno do centro da cidade, o que aliviará o trânsito nas áreas de maior fluxo. Já estão em construção outros binários, nas ruas Mário Tourinho com a Major Heitor Guimarães, no bairro Seminário; Santa Bernadete com a Leonel França, na Vila Guaira e na Avenida Brasil com a Rosa Tortato, no Novo Mundo. Obras em toda cidade São 53 obras prioritárias em 2011 e 2012, afirma o prefeito, adiantando que os recursos somam mais de 1,2 bilhão, sem contar o Metrô, cujos investimentos ultrapassam a 2,2 bilhões. A prefeitura está realizando obras na rua Fredolin Wolf, binário Chile até o Guabirotuba e trincheira na rua Gustavo Rattmann. Também estão em obras as ruas Desembargador Antonio de Paula e Eduardo Pinto da Rocha. Outra grande intervenção está sendo realizada na Cidade Industrial de Curitiba, nos bairros Cajuru, Boqueirão, Fazendinha, Sitio Cercado e Boa Vista. Outra grande obra é a da Avenida Marechal Floriano, chamada Linha Verde. Com a iniciativa privada, o governo municipal fará uma completa revitalização no Parque Barigui, com a construção de um novo Centro de Convenções e Exposições e na Pedreira Leminski e Ópera de Arame, ampliando os espaços para shows. Ducci destaca ainda a nova

Rua das Flores, totalmente reformulada. Com a indústria sueca Volvo, a Prefeitura de Curitiba acaba de assinar contrato de parceria para a construção de 30 ônibus biarticulados, movidos a biocombustível e eletricidade. Esse primeiro lote servirá como interbairros e depois uma linha direta que vai do Detran à Avenida Vicente Machado e bairro do Juvevê. Os investimentos somam R$ 200 milhões, na construção de caminhões e ônibus, informa o prefeito. Olhos e ouvidos São nas audiências públicas, realizadas todas as quintas-feiras, que Luciano Ducci conhece com profundidade as necessidades e demandas da população. Nestas reuniões, “discutimos de tudo. Desde a instalação de um posto de saúde, creche e escola, até construção

de casas populares e asfaltamento de ruas”. Segundo ele, as principais reivindicações ainda são nas áreas da saúde, com construção de postos e contratação de médicos, e revitalização de asfalto. Quando se fala em saúde e educação, Ducci se sente mais confortável. Criador do premiado e copiado programa Mãe Curitiba, faz questão de lembrar que Curitiba ostenta a menor taxa de mortalidade infantil do País e, na educação, tem o menor IDEB, também do País. Segundo ele, a Prefeitura de Curitiba está construindo novas creches, ampliando em cinco mil novas vagas. A área da habitação, está realizando a regularização de títulos às famílias que moram na beira de rios e vales. “Eu cuido das obras, mas cuido ainda mais das pessoas”, observa o prefeito.

Obras do metrô começam em 2012 Ao afirmar que possui um bom relacionamento com o Governo Federal, Luciano Ducci lembra as palavras da presidente Dilma Rousseff, em sua visita a Francisco Beltrão, no sudoeste do estado, quando sinalizou que o projeto do metrô de Curitiba pode contar com recursos do Governo Federal. A seleção

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dos projetos que receberão subsídios da União deve acontecer nas últimas semanas de agosto e o de Curitiba tem bastante destaque, disse a presidente.“Já estamos com o projeto em mãos e vamos analisar com nossas equipes técnicas quais cidades vão receber a verba. Curitiba está muito cotada nesta lista”,

garantiu a presidente.”Acredito na viabilização do projeto ainda este ano e início das obras em 2012, onde começaremos pela região Sul com um terminal no centro da cidade. É um trecho de 14 quilômetros e o investimento da obra está orçado em R$ 2,2 bilhões”, disse Ducci.


Norma CorrĂŞa

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política

Barbosa Neto

contra

O prefeito de Londrina sustenta que as acusações sobre sua administração são orquestradas por grupos da imprensa que mamaram durante sete anos na Sercomtel, num valor de R$ 104 milhões em publicidade Barbosa Neto: O que era para ser um centro de eventos passou a ser curral para os bois de Paulo Bernardo

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Flávia Prazeres

ataca D

iante de denúncias de irregularidades e sob a mira do Ministério Público, o prefeito de Londrina, Barbosa Neto (PDT) adotou a melhor postura, a do ataque. Em entrevista exclusiva à Documento Reservado, ele afirmou que as acusações teriam motivação política e financeira, além disso, acusou a imprensa de estar instrumentalizada em prol de motivos meramente econômicos e não do valor da notícia. “ O processo eleitoral está se antecipando infelizmente na cidade, nós estamos vendo os nossos adversários desde PT, PSDB, PP, se unindo num mesmo grupo para tentar nos derrubar, porque na verdade se você quer aceitação das pessoas não faça nada e nós estamos fazendo muita coisa. Nós temos mais de 150 obras, quase meio bilhão de investimentos na cidade em dois anos e três meses, apenas à frente da administração municipal”, analisa.

Compra do silêncio De acordo com Barbosa Neto, as notícias contra a administração dele teriam motivação econômica. Ele explica que por anos a Sercomtel financiou alguns veículos de comunicação: “A Sercomtel, que era a mãe de todas as emissoras de televisão e dos jornais, está com sua fonte seca, porque eles mamaram durante sete anos, onde foram gastos R$ 104 milhões de publici-

dade, que servia para comprar o silêncio dos apresentadores e a relação das redações era com o departamento comercial e não com a notícia efetivamente”. “A notícia que se vê hoje nos jornais é porque nós entramos na justiça para retomar o terreno que é de um ex-genro do Francisco Cunha Pereira. Eles têm motivo para ficarem bravos com a nossa administração, porque nós rompemos com este círculo vicioso. Estamos retomando este terreno de 14 alqueires que foi doado para construir um centro de eventos e havia criação de bois do seu Paulo Bernardo da Silva”, aponta. Segundo ele, as ações positivas eram noticiadas apenas pela grande imprensa. Ele lembrou notícias veiculadas nas revistas Veja, Época, Isto

“Nós somos o 38 º em população e o 15º na geração de empregos, agora a imprensa local não quer ver isso” Barbosa Neto

é, dando conta do crescimento de Londrina e dos recordes na empregabilidade. “Nós somos o 38º em população e 15º na geração de empregos, agora a imprensa local não quer ver isso”, critica. Ele falou a respeito das ações empreendidas nas áreas de saúde e segurança pública. Na primeira, teriam acrescentados reforços para diminuir o tamanho das filas em cirurgias eletivas, que de acordo com Barbosa, a espera teria diminuído de quatro anos para quatro meses, uma espera de 17 mil pessoas, que antes era de 70 mil. Referência na saúde Na avaliação do Prefeito, o município pode ser visto como referência na saúde quando comparado a outras cidades brasileiras. “Londrina tem quase 64 unidades básicas de saúde, nós temos proporcionalmente mais que Curitiba, a rede de saúde aqui é muito bem atendida. Sorocaba, por exemplo, que é administrada por um único médico tem 800 mil habitantes, apenas 16 unidades básicas de saúde”, compara. A segurança pública, prerrogativa do governo estadual, também teve uma contrapartida do governo municipal. Barbosa disse que a redução no número de homicídios e o aumento na apreensão de drogas se devem em grande parte por um esforço concentrado, com ações não apenas na área da segurança, mas também na formação escolar de crianças e adolescentes.

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política

Barbosa Neto: Nós temos mais de 150 obras, quase meio bilhão de investimentos na cidade em dois anos e três meses

“Nós temos o Projeto Futuro, peguei com cinco mil crianças, hoje são dez mil crianças até 17 anos que recebem treinamento em diversas áreas educacionais e recreativas, tirando a criança do ócio. Além disso, temos a escola de tempo integral, com sete mil crianças. Programa com estrutura para que as crianças possam ir às escolas, diminuindo a evasão escolar, a repetência”, afirma. Conforme os números apresentados por Barbosa, hoje há 236 guardas municipais e haverá um concurso para a contratação de mais 300 pessoas. Mas, na avaliação dele, isso não pode ser medido apenas pela presença de policiais, viaturas e de guardas municipais, porque nem o efetivo da Polícia Militar teria a metade do que se tem de guardas municipais. “Nós temos mais de 30 viaturas, agora só estamos recebendo os armamentos para ser uma guarda completa. A guarda municipal de Curitiba, por exemplo, ficou seis meses em greve para se equiparar aos salários praticados no município de Londrina. Essa guarda é elogiada no Brasil inteiro”, ressalta. Compromissos de Richa Quanto à relação com o governador Beto Richa, o prefeito Barbosa Neto espera que ele faça um grande mandato para Londrina, cidade Natal do chefe do Executivo. “Ele assumiu diversos compromissos, não foi com Barbosa Neto, foi com a cidade de Londrina. E eu tenho certeza, espero, confio, que o governador possa trazer noticias positivas para a nossa cidade. Há uma expectativa muito grande por parte da população e eu vou ser parceiro”, declarou. Ao se falar em política não há como deixar de fora a possibilidade de Gustavo Fruet ingressar no PDT, o que na opinião de Barbosa Neto representará um grande reforço. Ele falou ainda

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que Fruet é uma jovem liderança e que tem tudo para ser realmente o prefeito de Curitiba. “Nós precisamos de renovação, precisamos de novas lideranças e eu tenho realmente só elogio a fazer para o Gustavo Fruet, não posso fazer nenhum tipo de crítica a ele”, enalteceu. Agora em relação ao seu futuro político, Barbosa Neto não quis tecer nenhum comentário, apenas se resignou a dizer que pretende fazer um bom governo e cumprir com aquilo que prometeu à população londrinense. “Nós temos diversas ações, temos um restaurante popular em construção, uma farmácia popular, temos três viadutos em construção. Quase meio bilhão de investimentos. Fora as obras sociais e as reformas. Ao todo nós vamos chegar às 90 unidades escolares que temos em Londrina, 66 delas sofreram intervenção. Já tivemos 18 delas sendo reformadas, ampliadas ou construídas. Temos mais 48 que estão em fase de licitação ou em fase de finalização de projeto. São 12 milhões de reais em obras de infraestrutura”, finaliza. Denúncias Desde o começo não foi tarefa fácil para

Barbosa Neto assumir a prefeitura, pois a disputa das eleições se deu mais na esfera judicial do que nas próprias urnas. Primeiro, a população de Londrina elegeu Antonio Belinatti, que não pôde assumir, porque estava impedido pela justiça eleitoral. Então, começaram os questionamentos de quem deveria assumir, se Luiz Carlos Hauly, que havia ficado em segundo lugar, ou se haveria novo turno. Decidido que haveria o que se denominou de um terceiro turno, a população londrinense elegeu Barbosa Neto com 54,12% dos votos válidos (135.507 votos). Hauly teve 114.867 votos (45,88%). Desde o ano passado, mas com mais força neste ano, eclodiu em Londrina, mais especificamente na área da saúde, uma série de denúncias de um esquema de corrupção envolvendo funcionários. O Ministério Público denunciou criminalmente 15 pessoas que estariam envolvidas em um esquema de desvio de dinheiro público e corrupção de agentes públicos na área de saúde de Londrina por meio de duas Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Elas são acusadas dos crimes de peculato, formação de quadrilha, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.


Flรกvia Prazeres

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política

Desligado do PSDB, o ex-deputado federal Gustavo Fruet, garante que decide seu rumo partidário agora, em agosto, ainda em tempo legal para se candidatar a prefeito de Curitiba

P

Momento de reflexão na

política

ara onde vai Gustavo? Essa é a pergunta que martela a cabeça de muito político, depois que o ex-deputado federal Gustavo Fruet se desligou do PSDB, no início de julho. O seu destino, apostam alguns, certamente será o PDT, com garantias nacional e estadual de que o ex-tucano terá legenda para se candidatar à Prefeitura de Curitiba, nas eleições do ano que vem, e apoio político da base aliada ao Governo Federal, que reúne quase 10 partidos. Fruet, no entanto, prefere esperar para meados ou final de agosto para anunciar a sua decisão e, diz que, agora é momento de reflexão sobre sua trajetória política. E deve ter, mesmo, muito que pensar, já que, além do PDT, o PV, o PSC, o PPS, também manifestaram o desejo de tê-lo em seus quadros. Enquanto Fruet não decide seu futuro partido, outras legendas se movimentam para lançar candidato próprio no ano que vem. No PMDB, a aposta é no ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-ministro e ex-prefeito de Curitiba, Rafael Greca. No PT, o deputado federal Dr. Rosinha divide a intenção de ser prefeito da Capital com o deputado estadual Tadeu Veneri. E cada um dos interessados na sucessão curitibana já está em campo levando o seu nome às ruas, em declarada campanha eleitoral, embora o pleito só aconteça em outubro de 2012. O cientista político Ricardo Oliveira confirma a antecipação da campanha eleitoral, mas, diz que o trabalho deve ficar polarizado, fortemente, entre Gustavo Fruet (sem partido) e Luciano Ducci (PSB), que concorre à reeleição. “Gustavo está na frente em todas as pesquisas de opinião e Fruet deixa o PSDB está no seu momento de reflexão, antes de decidir que caminho tomar

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Norma Corrêa

paranaense tem boa participação eleitoral em Curitiba, basta ver o resultado das urnas quando concorreu ao Senado e fez 646 mil votos na Capital. Do outro lado, está o atual prefeito, que tem apoio do Governo do Estado, do governador Beto Richa”, diz. Embora Rafael Greca tenha sido prefeito e traga na bagagem política como campeão de votos para a Câmara Federal, Ricardo Oliveira, afirma que o “período Greca” já passou, e que a sua candidatura “morre na praia”. Para ele, a “criação” da candidatura do peemedebista, vai instituir no PMDB a “Morerização”. Ou seja, “vão transformar o Greca numa versão do que aconteceu com o ex-reitor da Universidade Federal do Paraná, Carlos Moreira, que foi o vexame das eleições de 2008”. Segundo ele, chegou o fim do ciclo Greca. “Ele chegou ao auge da carreira política quando foi para o Ministério do Turismo, mas afundou junto com a Nau Capitânia (fiasco do Ministério do Turismo, sob o comando de Greca, nas comemorações dos 500 anos do Brasil, em 2009)”, disse, ao acrescentar que, hoje, Greca é a sombra do que foi e não vai ter nenhuma chance em 2012. De acordo com Oliveira, nem mesmo o apoio de Roberto Requião, “que continua con-

“Requião não tem talento para eleger mais ninguém a não ser ele mesmo”

trolando o partido”, poderá eleger o ex-ministro. “Requião continua controlando o PMDB, mas ele não tem talento para eleger ninguém a não ser ele mesmo”, aposta. Projeto maior Ricardo, disse ainda que não acredita que o PT continue insistindo na candidatura própria e que o partido deve seguir caminho ao lado de Fruet, pensando num projeto maior, e preparando um cenário para 2014. “Se Gustavo Fruet mobilizar recursos e reunir as forças políticas da oposição, tem grandes chances de derrotar o candidato de Beto Richa, nas urnas, o que certamente vai dificultar a reeleição do tucano em 2014 e pode abrir caminho para uma candidatura do PT, e que pode ser a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Por enquanto, lançar uma candidatura petista, agora, é nanica, porque não terá apoio de ninguém”, avalia, ao emendar dizendo que, com Fruet, as chances de vitória da oposição, finalmente, são muito grandes. “Desde 1988, portanto há 24 anos, que a oposição luta para chegar ao poder, na Capital. Por isso, os petistas não vão perder a oportunidade de apoiar um candidato que vai abrir as portas para a oposição. Se isso acontecer, certamente será um fato inédito, uma vez que, desde 1988, esta será a primeira que um prefeito não será reeleito”, conta, citando como exemplo os prefeitos que ficaram 8 anos no Poder: Jaime Lerner, Rafael Greca, Cássio Taniguchi e Beto Richa. “Esta será uma bela eleição, principalmente porque pode haver alternância com o grupo que está no poder

há quase 30 anos”, pondera. “Foi um erro não ter procurado manter Gustavo Fruet no partido. Relegando o ex-deputado a um segundo plano, eles (tucanos) catapultaram a oposição, que vai ganhar espaço”, pontua. Para o cientista político, nem mesmo o nome do deputado federal Ratinho Júnior (PSC), campeão de votos na última eleição, não deve vingar como candidato à Prefeitura de Curitiba. “O Ratinho não tem entrada entre os formadores de opinião. Ele teria também dificuldade de transferir votos para um cargo majoritário. Os protagonistas da eleição do ano que vem certamente será Gustavo Fruet e Luciano Ducci, os outros candidatos serão meros coadjuvantes”, assegura. Ricardo Oliveira, porém, avalia como “um grande equívoco” dos tucanos em não defender a permanência de Fruet no partido e que isso pode, fatalmente, resultar no fortalecimento da oposição. Segundo Oliveira, a crise instalada na Câmara, contra o presidente vereador João Cláudio Derosso (PSDB) – responsável pela

Ex-deputado Rafael Greca pode estar condenado à “Moreirização”

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política

Ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações) podem apoiar Fruet a prefeito

desestabilização de Gustavo Fruet no partido, porque quer ser o candidato a vice de Luciano Ducci – vai contribuir negativamente na campanha de Ducci. Influência petista Exemplo da avaliação do cientista político sobre o quadro político na Capital, que dão sinais de fortalecimento da oposição, são as manifestações de influentes políticos petistas, como Ênio Verri, presidente do PT paranaense, que diz que vai conversar com Fruet. O campo majoritário petista, Construindo um Novo Brasil –CNB- do qual fazem parte o casal Gleisi Hoffmann (ministra da Casa Civil) e Paulo Bernardo (ministro das Comunicações), também acena em direção a Fruet. Além desses, o ex-deputado Wilson Picler e o ex-vereador de Curitiba, Jorge Bernardi, do PDT, recentemente, demonstraram que estão animados e não escondem a alegria em ter Gustavo filiado ao partido. “A oposição vencerá a batalha pela Prefeitura de Curitiba, com Gustavo Fruet”, asseguram, ao adiantar que, ao ex-deputado, também foi oferecido o comando do diretório municipal do PDT. Carlos Lupi, presidente do diretório nacional do PDT e ministro do Trabalho, disse que a filiação de Fruet à legenda passa também pelo apoio do PT, que indicaria o vice. Ninho tucano Depois da carta entregue ao governador Beto Richa, presidente do diretório estadual do PSDB, onde Gustavo Fruet anuncia o seu desligamento do partido, o ninho tucano ficou em polvorosa. Os caciques do partido espernearam até onde puderam, mas já era tarde. O deputado Ademar Traiano, secretário geral do PSDB, e líder do Governo na Assembleia Legislativa, disse que ficou sabendo do desligamento de Deputado estadual Ademar Traiano lamenta ter tomado conhecimento do afastamento de Fruet pela imprensa e diz que ex-deputado “sofre má influência”

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Fruet do partido, pela imprensa e lamentou a decisão do ex-deputado. Traiano, porém, condenou a decisão de Fruet em deixar o PSDB que, segundo ele, teria rompido compromisso assumido com o partido. “Eu e o deputado Valdir Rossoni estávamos negociando, com delegação do governador (Beto Richa), a permanência do Gustavo no partido. Sua candidatura a prefeito de Curitiba pelo PSDB estava garantida. Nós nos sentimos traídos por essa atitude”, disse o deputado. “Fomos informados pelos jornais que o Gustavo deixou o partido e distribuiu uma carta. É um documento onde os nossos nomes e o do governador sequer são mencionados. Acredito que nós, que trabalhamos muito pela sua candidatura ao Senado – eu pessoalmente virei o interior pedindo votos para ele – me-

recíamos uma consideração maior”, dispara Traiano, ao atribuir a decisão do ex-deputado, “à influência de maus conselheiros, inspirado por forças políticas que sempre foram seus adversários, preferiu o caminho do individualismo, da intempestividade”. Depois de assimilado o susto do impacto da decisão de Fruet, novas discussões alimentam o ninho tucano, como, por exemplo, o lançamento de um candidato próprio, ou a escolha de um nome para compor a chapa de Luciano Ducci, para as eleições que se avizinham. Para o deputado Mauro Moraes, o PSDB tem obrigação de ter candidato próprio para 2012, uma vez que tem o maior eleitor do Estado, o governador Beto Richa. “Sempre defendi a candidatura própria. Essa discussão não pode ser encerrada com a saída de Fruet”, argumenta Moraes, ao avisar que pretende conversar pessoalmente com o governador sobre as diretrizes do partido em Curitiba. “Não podemos ficar sem candidatura própria, tendo em nossos quadros, lideranças importantes da política que podem decidir uma eleição”, disse, ao lembrar que as eleições de 2012 e 2014 serão as mais acirradas até agora e difíceis para o atual governo, com Fruet na oposição.


Norma Corrêa

Vereador João Cláudio Derosso, na mira do MP e TCE, deixou de ser o possível candidato a vice de Ducci

Derosso golpeado Do outro lado da trincheira, já não é mais 100% certo que o presidente da Câmara de Curitiba, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), será o candidato a vice na chapa de Luciano Ducci. O vereador tucano foi denunciado por irregularidades na contratação de empresa de publicidade, de propriedade de sua esposa, a jornalista Cláudia Queiroz e, com isso, afasta definitivamente a possibilidade, pretendida por ele, de ocupar o lugar de vice. Então, surgiram os nomes dos deputados tucanos, Mauro Moraes e Mara Lima com possibilidades de ocupar a vaga ao lado de Ducci. Além deles, também se cogita o nome do deputado estadual Ney Leprevost, mais votado em Curitiba, no ano passado, que segue para o PSD, legenda criada pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O PSD ainda não está oficialmente constituído, mas já tem posição na base de apoio ao Governo do Estado. Efeito Fruet Outro efeito da saída de Fruet do PSDB será sentido na Câmara de Curitiba, onde o “efeito Fruet” vai arrasar o legislativo curitibano, com a debandada de, possivelmente, 9 vereadores, dos 14 que compõe a bancada tucana. E o raciocínio dos vereadores que pretendem acompanhar Fruet é simples e objetivo: Eles temem que o fato de o PSDB não ter candidato próprio à Prefeitura, possa reduzir a bancada para apenas cinco vereadores. Em entrevista ao Jornal do

Estado, Fruet falou sobre o processo que o levou a deixar o “ninho tucano” e defende que a Capital paranaense – que ficou conhecida como exemplo de planejamento urbano – aproveite a oportunidade de dar novos passos rumo a um desenvolvimento mais afinado com as necessidades que o futuro exige. Ele falou sobre o seu desligamento do PSDB, e sobre as implicações políticas de ser o segundo partido que deixa. “Qual o conceito de fidelidade partidária? Ao programa, ao estatuto, ao prefeito, ao governador, ao presidente? Cada vez mais a fidelidade é a quem tem o poder. Não se consegue estabelecer uma unidade de ação nacional, estadual, municipal. Isso acontece até pelo estágio de democratização do País. Voltamos a ter eleição para presidente há apenas vinte e dois anos. Prevalece o pragmatismo”, explica, dizendo, ainda, que boa parte do Congresso, que apoiou o governo Fernando Henrique Cardoso, apoia o governo Lula e o governo Dilma. “O mesmo acontece na Assembleia: boa parte dos deputados apoiou o governo Jaime Lerner, o governo Requião e agora o governo atual. Qual a coerência? É ser governo. Os dirigentes partidários muitas vezes têm cargos no governo ou mandato vinculado ao governo. Luciano Ducci, atual prefeito de Curitiba, e ex-deputado Nesse início Gustavo Fruet, promessa de de século a polarização das candidaturas nas eleições de 2012 marca da política brasileira é a assepsia. O fim do debate. A lógica é a verba. Todos adotam o discurso hipócrita da governabilidade”, dispara. Propostas ao tucano Fruet também lamentou a sua decisão, mas disse que foi firme depois que o seu nome foi vetado no partido, pelo vereador João Cláudio Derosso e pelo Ezequias Moreira, ex-chefe

de gabinete do então prefeito Beto Richa. Ele também disse que não é verdadeira a afirmação de alguns tucanos de que teria garantia de ser candidato à Prefeitura, pelo partido. E contou a sua história: “Em meados de junho falei com o Rossoni na Assembleia. Ele perguntou o que precisava (para eu ficar no partido). Eu disse que uma posição pública do Beto assumindo a neutralidade (entre eu e o Ducci). Registre-se que o Beto disse que não tinha compromisso com o Ducci. O Beto nunca falou diretamente. Aí vieram as propostas. Uma hora para ser vice (do Ducci). Outra para ser candidato ao Senado (em 2014). Todas as vezes quem me deu o ‘beijo da morte’ foi o Rossoni (Valdir, deputado presidente da Assembleia Legislativa). Ficou definido que o Rossoni iria conversar com o Beto. Depois disso o Rossoni disse que estava tudo resolvido. Mas que o partido precisava de segurança de que eu era candidato. Depois de tudo que eu já tinha dito. Disse que não era isso o combinado. Que eu precisava de uma declaração do presidente do

PSDB (Beto Richa). Houve ainda sinais indiretos. Tive a informação de que o Beto pediu apoio a dirigentes de partidos ao Ducci. Por um bom tempo se estabeleceu o silêncio. O Rossoni só voltou a falar comigo depois que a Gleisi (Hoffmann, do PT), foi nomeada ministra (da Casa Civil). Porque com isso houve uma polarização da política paranaense entre o Beto e a Gleisi”.

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política

Carta de Fruet a Beto Richa, presidente do PSDB Senhor Presidente do PSDB/PR Comunico a Vossa Excelência e ao PSDB o meu desligamento do partido. A decisão, tomada com tristeza após meses de conversações internas infrutíferas e muita reflexão, foi movida por sentimento de profunda incompreensão com o silêncio e a falta de clareza da direção do partido na capital, especialmente quanto à participação na sucessão municipal de Curitiba nas eleições de 2012. É de conhecimento público a disposição já manifestada há anos por mim de disputar a eleição municipal e ter a honra de ser prefeito da minha cidade, inclusive em 2004, quando o apoiei para a Prefeitura da capital, onde nasci e construí minha carreira política – como vereador, deputado federal por três mandatos e, por fim, como candidato a senador, obtendo com muito orgulho dos curitibanos sempre as melhores votações. A enorme honra de ser prefeito de Curitiba se potencializaria diante da lembrança de meu pai, Maurício Fruet, que também deveu aos curitibanos sucessivas eleições parlamentares. Na sequência das eleições de 2010, que o levaram ao governo estadual, entendi ter chegado a hora certa para disputar a eleição municipal. Fui estimulado a trabalhar pela construção dessa ideia principalmente ao participar, ao seu lado, da chapa majoritária, como candidato a senador. As urnas não me deram a vitória, mas colocaram-me outra vez na posição legítima de buscar a prefeitura: lutando contra forças políticas poderosas, fui prestigiado pelo voto de 646 mil curitibanos, assegurando o primeiro lugar na capital. É bom lembrar que aceitei a candidatura ao Senado convocado no prazo final da convenção partidária, mesmo depois de ter essa postulação recusada pelo PSDB, convite que só foi feito quando outra candidatura, de outro partido, não vingou – e abrindo mão da candidatura à reeleição de deputado federal. Tudo em nome da unidade e de um projeto que, vitorioso no plano estadual – dando ao PSDB do Paraná um papel de relevo no cenário do País –, teria

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como consequência natural o desdobramento na esfera municipal, com vistas ao seu fortalecimento ainda maior. Não exigi cargos nem estrutura. Pedi e recebi seu compromisso e de lideranças partidárias para assumir o comando do partido na capital, como um reinício após 12 anos no Congresso Nacional – e como instrumento para debater o futuro da cidade e o projeto do PSDB para Curitiba. Entretanto, estabeleceu-se um constrangedor silêncio sobre o tema e multiplicaram-se evidências – públicas e em particular – de que o partido, por decisão sua, preferia outro caminho, fora do PSDB, que abdicou de debater um projeto para a cidade e de uma candidatura própria. Não a candidatura de uma legenda secundária, de um partido satélite, mas de um partido importante na política nacional – o PSDB, pelo qual sempre trabalhei muito. É o natural e salutar contraponto na democracia. Afinal, para que oposição? Tenho sido convocado por grandes correntes de opinião popular, independentemente de preferências partidárias, a ser instrumento do crescente desejo de mudança e da consolidação do projeto inovador de Curitiba. A omissão, a passividade e o conformismo são tão ou mais graves na política do que eventual crítica por vontade pessoal. Tal vontade só admite críticas e carece de legitimidade quando impulsionada por interesses escusos. A vontade que me move foi construída sobre a certeza de que posso contribuir – e em especial sobre o apoio de centenas de milhares de curitibanos que ao longo dos anos vêm me confiando seus votos. Para auxiliar e influenciar na vida pública é preciso atitude, ousadia. Assumir riscos! E, por isso, esgotadas as possibilidades de manter-me no PSDB, vou às ruas para debater e construir projetos e planos. Vou ao encontro do futuro! Estarei também atendendo à voz das ruas que, inegavelmente, clama pela renovação na administração da cidade. Fechou-se um ciclo na política estadual. E esta tendência irá refletir-se nas eleições municipais. São claros os motivos pelos quais cresce esse desejo de mudança. Há

evidência de que é necessário um novo ciclo na gestão da capital, superado um modelo de desenvolvimento urbano adotado para Curitiba já há quase meio século. Uma cidade inovadora, criativa, pioneira. Na vanguarda! Sei que o povo de Curitiba entenderá meu gesto. Saio do PSDB sem mágoas. Deixo no partido amigos que me honraram com apoio, prestígio e ensinamentos. Cito o ex-ministro Euclides Scalco; os líderes João Almeida, Alberto Goldman e José Aníbal; os presidentes Tasso Jereissati e Sérgio Guerra; os governadores José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin; o presidente do Instituto Teotônio Vilela Luiz Paulo Vellozo Lucas; os conterrâneos Álvaro Dias, Luiz Carlos Hauly, Alfredo Kaefer e Flávio Arns; a equipe do PSDB na Câmara dos Deputados; lideranças e militantes de todo o País sempre presentes nos momentos mais desafiadores da política nacional, em especial, na eleição para a Presidência da Câmara em 2007 e nas CPI´s. Registro homenagem aos fundadores do ideal da social-democracia que, pelas mãos do Presidente Fernando Henrique Cardoso e de D. Ruth Cardoso, garantiram a estabilidade política e econômica do País e lhe abriram as portas para o desenvolvimento sustentado, que caminha para a consolidação. Saio com a consciência tranquila de quem serviu com dignidade e fidelidade à consciência, ao País e ao PSDB. Como diz Fernando Pessoa: “Cumpri contra o destino o meu dever. Inutilmente? Não, porque o cumpri.” Infelizmente, não há cultura e tradição partidária que tornem a política – sem ingenuidade, uma atividade brutalizada e com muita dissimulação – um espaço de convergência e previsibilidade. Por isso que a cada eleição prevalece o pragmatismo e interesses locais. Por vezes, escusos e nem sempre transparentes! A estes não me submeto, ainda que seja levado pelas circunstâncias a trilhar um novo caminho, que sei que não será fácil. Agradeço a todos que ajudaram nesta trajetória. Sigo um novo caminho. Vamos em frente! Nada de parar! Gustavo Fruet


Norma CorrĂŞa

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agricultura

Presidenta Dilma Rousseff e governador Beto Richa no lançamento da Safra da Agricultura Familiar, em Francisco Beltrão

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Pedro Ribeiro e Agência Brasil

Safra da

Agricultura

Familiar Em Francisco Beltrão, a presidenta Dilma Rousseff garante que se houver demanda liberará mais recursos para financiar os pequenos produtores

O

Plano Safra da Agricultura Familiar 2011/2012, lançado no Paraná pela presidenta Dilma Roussef vai oferecer juros mais baixos, ampliação do crédito e maior prazo para pagamento, além de garantias para agricultores prejudicados por enchentes e secas e pela queda no preço de produtos. Se houver demanda, será liberado um volume de recursos ainda maior do que os R$ 16 bilhões anunciados pelo governo para financiar os pequenos produtores. O total de R$ 16 bilhões previstos para esta safra repete o valor do ano passado, já que os recursos tomados pelos agricultores

familiares na safra passada não atingiram o limite disponível. “Se houver necessidade de mais recursos, serão disponibilizados”, disse a presidenta. Dilma Roussef, que esteve em Francisco Beltrão, avaliou que as mudanças vão permitir a expansão de áreas de produção e da compra de máquinas e de sementes, aumentando a venda de produtos e, consequentemente, a renda dos produtores.“Se o agricultor perder a colheita, ele vai agora poder pegar até R$ 4 mil para se sustentar, e a dívida do banco vai ser zerada. Ampliamos também o Programa de

Garantia de Preço da Agricultura Familiar, que vai ser usado para compensar as perdas quando o preço de um produto ficar abaixo daquilo que o agricultor gastou para produzi-lo. Quando isso acontecer, o governo vai dar um desconto do empréstimo que o agricultor tomou”, explicou. Diminuir a burocracia O pacote vai disponibilizar R$ 16 bilhões para as linhas de custeio, investimento e comercialização do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf ). Do total, R$ 7,7 bilhões serão destinados a operações de investi-

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agricultura

mento e R$ 8,3 bilhões para operações de custeio. Dilma destacou ainda que o governo já tem pronto um projeto que regulamenta o Sistema Único de Atenção à Sanidade Animal (Suasa). O objetivo é diminuir a burocracia na venda de produtos como queijo, geleia e mel. Segundo a presidenta, a expectativa é descentralizar a fiscalização e fazer com que os estados tenham maior participação. “Vamos fazer esse processo sem diminuir as cautelas necessárias à garantia da qualidade sanitária dos produtos agrícolas brasileiros, porque isso significa também proteger a saúde da população”, concluiu. Base da economia O governador Beto Richa, que participou do lançamento, disse que as intenções dos governos estadual e federal são coincidentes e destacou uma série de ações já adotadas por sua administração para fortalecer a agricultura familiar – categoria em que se enquadram 81,6% dos 371.051 estabelecimentos agropecuários existentes no Estado. “A agricultura é a base da economia do Paraná e nosso governo tem dado uma atenção especial aos agricultores familiares”, afirmou. “Esforços para garantir o desenvolvimento e o fortalecimento da agricultura familiar no Paraná não faltarão”, afirmou Richa. “A marca do governo é o diálogo bom e aberto com o setor produtivo em todas as suas instâncias. O diálogo com movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, tem se dado de forma ordeira e pacífica, e o governo está levando seu apoio para promover a emancipação dos que estão acampados”, destacou.

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Pedro Ribeiro e Agência Brasil

IRATI - Datas comemorativas DATA

15 de Julho 27 de Julho 08 de Setembro 29 de Setembro 27 de Novembro

EVENTO Aniversário do Município São Cristóvão Nossa Senhora da Luz (Padroeira) São Miguel Nossa Senhora das Graças

Grandes Eventos Carnaval de rua (móvel – fevereiro/março). Informações: (42) 3907-3157 Romaria e Via Sacra no distrito de Itapará (quaresma). Informações: (42) 3667-1868 ramal 27 Teatro da Paixão de Cristo (quaresma). Informações: (42) 3423-2393 com Vanderlei Kawa e (42) 3423-3004 com Celso Fedacz Festa Polonesa (maio). Informações: (42) 9974-2101 com Genoveva Zavilinski Aniversário do município (julho). Informações: (42) 3907-3157) Rodeio de Integração Cidade de Irati (julho). Informações: (42) 3907-3157 Festa de São Cristóvão (julho). Informações: (42) 3423-2393 com Vanderlei Kawa Festa das Nações (agosto). Informações: (42) 9974-2101 com Genoveva Zavilinski Deutsches Fest – Baile do Chopp e da Lingüiça (novembro). Informações: (42) 3422-2914 e (42) 9107-9755 com Célio Seidel Festa do Pêssego, Festa do Borrego no Rolete, Feira Regional de Sabores e Salão de Negócios (dezembro). Informações: (42) 3907-3157 Prefeitura Municipal de Irati Rua Coronel Emílio Gomes, 22 Centro, Irati/Paraná CEP 84500-000 Fone: 42 3907 3000 Fax: 42 3907- 3100

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agricultura

Safra recorde

de 162 milhões de toneladas

A

safra brasileira de grãos 2010/2011, cuja colheita se encerrou no dia 30 de junho, será de 162 milhões de toneladas, segundo levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). É a maior safra já registrada no país. O volume supera em 8,6%, ou 12,8 milhões de toneladas, o recorde anterior (da safra passada), quando foram colhidas 149,2 milhões de toneladas. Segundo a Conab, a área plantada nesta safra cresceu 4,4%, passando de 47,4 milhões de hectares na safra passada para 49,5 milhões de hectares na atual. Em relação à pesquisa anterior, divulgada há um mês, houve aumento de 0,31%, ou 523 mil toneladas, na expectativa de colheita. Ainda serão feitos mais dois levantamentos para que se tenha o resultado final, totalmente apurado, do resultado da safra 2010/2011. O atraso do período das chuvas nos meses de plantio das principais culturas, como soja e milho, não comprometeu o bom desenvolvimento delas. Além disso, mesmo abaixo da normalidade, as precipitações pluviométricas foram suficientes e resultaram “em produtividades até surpreendentes, haja vista a ocorrência do fenômeno La Niña nos estados da Região Sul e parte do Centro-Oeste”.

Potência agrícola As principais responsáveis pelo crescimento da safra, de acordo com a estatal, aliando boa influência do clima com aumento de área plantada, foram as culturas de soja, milho, algodão, feijão e arroz. A pesquisa foi feita entre os dias 20 e 24 de maio por técnicos da

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Conab. Eles consultaram representantes de cooperativas e sindicatos rurais, de órgãos públicos e privados nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, além de parte do Norte. O Brasil deve avançar na consolidação de potência agrícola nos próximos dez anos e disputar a liderança com os EUA, na produção de alimentos. A projeção é do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De acordo com estudos do Governo Federal, produtos agrícolas de alto consumo interno e já constantes da pauta de exportação brasileira tendem a ter aumento de produção, sobretudo por avanço tecnológico, e ganhar mais mercado. A produção de algodão deve crescer 47,8% nos próximos anos e a exportação do produto (sem as barreiras comerciais americanas) em mais de 68%. O café terá aumento de produção em mais de 24% e a venda para o comércio exterior crescerá em quase 46%.

Já a produção de soja subirá em cerca de 36% e a exportação em 39%. “Os números são conservadores”, disse o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, ao afirmar que a projeção feita pelos técnicos do Mapa e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) se baseou em resultados medianos. A demanda por alimento está em expansão nos mercados interno e externo e os preços dos produtos agrícolas estão em ascendência, o que estimula a produção. “Isso não é uma situação circunstancial.”O ministério avalia que o país manterá a dianteira na produção da carne de frango e carne bovina, e incrementará a produção de carne suína. No total, o país passará da produção atual de 24,6 milhões de toneladas de carne para 31,2 milhões de toneladas na temporada 2020/21 (crescimento de 36,5%). Alguns produtos como leite e milho – cadeias produtivas nas quais o Brasil não é líder de vendas - terão incremento significativo nas exportações. A venda de leite deverá crescer 50,5% (atingindo 300 milhões de litros) e a comercialização do milho crescerá em 56,5% (alcançado 14,3 milhões de toneladas). Se o cenário se confirmar, o Brasil terá 12% do mercado de milho; 33,2% do mercado de grão de soja; 49% da participação da carne de frango; 30,1% da carne bovina e 12% da carne suína. O crescimento das exportações será acompanhado da expansão do consumo interno, que continuará sendo o principal destino da produção: 85,4% do milho; 83% da carne bovina; 81% da carne suína; 67% da carne de frango; e 64,7% da soja.


Pedro Ribeiro e AgĂŞncia Brasil

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agricultura

Brasil precisa evoluir, fazer a O

mercado in

Plano Safra da Agricultura Familiar, lançado em Francisco Beltrão, no interior do Estado do Paraná, absorverá mais de R$ 123 bilhões de apoio a custeio, comercialização e investimentos às duas modalidades. A primeira fica com R$ 107,2 bilhões e a segunda com R$ 16 bilhões. Parte dos recursos será liberada a juros controlados, de 6,75%, e parte com taxas livres, que também não deixam de ser controladas, mas pelo sistema financeiro. O governo fez a sua aposta e aguarda agora para conhecer a estratégia do setor produtivo, observa o jornalista especializado no agrobusiness, Giovani Ferreira. Na sua avaliação, os recursos que vêm do governo são importantes e seguem crescentes ano a ano. Mas o financiamento da atividade ainda

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depende substancialmente de outras fontes, como recursos próprios e de terceiros, principalmente das tradings, que bancam os insumos e têm a produção como moeda de troca. Com os recursos oficiais batendo na casa dos 40% do volume necessário para colocar a safra para rodar, o governo tenta fazer a sua parte. Mas 30% ainda são de capital próprio e outros 30%, que deixam o produtor à mercê da especulação, ainda têm origem nas empresas que fornecem insumos ou até dinheiro em troca de parte da produção. Redução do endividamento Ferreira diz que feliz é aquele que consegue aumentar a parcela de capital próprio, calcular melhor a margem de risco e reduzir o

endividamento. Para isso é preciso se planejar, definir apostas e se preparar para novos desafios, tendo como objetivo minimizar os impactos das inúmeras variáveis que influenciam o desempenho do setor, como clima, mercado, tecnologia e infraestrutura que passam, necessariamente, pelo custo de produção. Apesar da dependência pouco saudável, as tradings desempenham um papel tão essencial quanto o crédito oficial. Em determinadas regiões do país, devido ao grau de endividamento – o que impede o acesso ao recurso subsidiado –, ou simplesmente por causa da ausência do poder público, a multinacional que financia e recebe a produção não é mais uma, mas a única alternativa ao produtor. Isso significa que bem ou mal os sucessivos recordes na produção


Pedro Ribeiro

lição de casa e se posicionar no

ternacional de grãos se devem à participação do capital privado, movido por interesses e oportunidades, que encontram espaço e respaldo na ineficiência e na falta de competitividade da estrutura brasileira. Uma realidade que está mudando e vai exigir mais compromisso com o capital produtivo e não mais especulativo. O capital e o investimento estrangeiro vão continuar a ser bem vindos, mas numa relação de parceria, de oportunidade e risco. Será do nosso jeito, com as nossas regras. Os R$ 123 bilhões destinados no Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2011/12, por exemplo, não deixam de ser uma aposta do governo. Mas aposta maior é do produtor, que para cultivar os 50 milhões de hectares, de onde saem 160 milhões de toneladas de grãos, precisa investir duas vezes mais esse valor. É o milagre da

multiplicação, uma analogia bíblica que, não à toa, retrata o universo da produção agrícola brasileira. Além de investir duas vezes o valor garantido pelo governo, a cadeia produtiva tem outras responsabilidades, econômicas e sociais, impostas naturalmente por um país que tem no agronegócio 25% do seu Produto

Interno Bruto (PIB): alimentar a população, gerar riquezas e garantir divisas.

Saldo do agronegócio Para constar, o Valor Bruto da Produção Agropecuária em 2011 deve se aproximar de R$ 200 bilhões. Há 10 anos, era metade disso. Com exportações na casa dos US$ 70 bilhões e importações inferiores a US$ 10 bilhões, é o saldo do agronegócio que garante o superávit da balança comercial brasileira, acima de US$ 20 bilhões. Também são os embarques brasileiros que tem contribuição decisiva no equilíbrio dos estoques mundiais, controle dos preços e na ajuda humanitária internacional. O jornalista observa que a referência é grande e a responsabilidade também. Mas o Brasil ainda precisa evoluir, fazer a lição de

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agricultura

casa, se posicionar no mercado. “Temos de modernizar nossa agricultura, mas em paralelo profissionalizar nossa gestão e consolidar uma nova política agrícola, que promova a sustentabilidade sócio-econômica e ambiental. Valorizar quem produz, sem distinção entre pequeno, médio ou grande produtor”, analisa. O Brasil é um dos únicos países que tem dois ministérios dedicados à questão agrícola, da Agricultura e do Desenvol¬vimento Agrário. Apesar do apelo social que teoricamente justifica a distinção, o mundo não consegue entender. Na verdade, se nem mesmo nós entendemos isso direito, imagine então quem está de fora. Talvez esteja na hora de rever conceitos. Até porque, quando a produção sai do campo ela tem o mesmo custo, o mesmo valor e vai para o mesmo balaio, disse.

Movimento de agricultores O município de Francisco Beltrão foi escolhido para o lançamento do Plano Safra porque a região Sudoeste abriga 89% das propriedades de agricultura familiar do Paraná. A presidente Dilma Rousseff destacou a organização do movimento dos agricultores familiares do Sul.

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“A região Sul tem sido um exemplo para o resto do Brasil e tem provado que é possível ter produção com qualidade e capacidade de elevar renda dos que dela participam”, afirmou. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, destacou o pioneirismo do Paraná

na organização e fortalecimento da agricultura familiar, que serve de referência e modelo para todo o Brasil. “Vivemos um novo momento de consolidação da agricultura familiar como segmento da economia e seu papel é fundamental para gerar segurança alimentar”, disse.


Pedro Ribeiro

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finanças

Estado tem dívida ativa de R$ 12 bilhões e deve arrecadar R$ 22 bilhões. Governo coloca a máquina para andar e acelera o passo. Empresas estão chegando

Luiz Carlos Hauly: Mais de 100 empresas já nos procuraram e 40% delas garantiram que vão investir no Paraná

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Foto: Divulgação

Sombra de Requião se dis

invest


Pedro Ribeiro

ssipa e Estado retoma os

imentos A herança maldita, deixada pelo governo Roberto Requião ao Governo Beto Richa, representando um rombo de R$ 4,5 bilhões, já não é mais aquele monstro que assombrava e emperrava o crescimento e desenvolvimento do Estado do Paraná, sexto PIB nacional. Em seis meses de gestão, a Secretaria de Estado das Finanças, comandada pelo deputado federal, Luiz Carlos Hauly, azeitou a máquina, acelerou e já contabiliza investimentos de R$ 4,5 bilhões, através de empresas regionais, nacionais e multinacionais, que estão fincando raízes no Estado. Embora esses investimentos não sejam canalizados aos cofres públicos, estão dentro do Estado, gerando trabalho e renda. São, hoje, mais de 100 empresas que visitaram a Secretaria de Finanças mostrando interesse em investir no Paraná. Dessas, mais de 40%, entre elas o Grupo Sumitomo, que fabrica os pneus Dunlop, Caterpilar, Cargil e SIG, já assinaram protocolos de intenção e estão mudando e limpando o borrado mapa do Estado. Um dos responsáveis por essa transformação já foi, no Governo Álvaro Dias (1987 a 1990), taxado de “financista de Cambé” em alusão ao personagem de humor criado pelo escritor gaúcho, Fernando Veríssimo, o “analista de Bagé”. Hauly, de refinado humor, sempre levou com igual refinado humor, a comparação entre o financista e o analista, se destacando como uma das lideranças políticas do Paraná no Congresso Nacional e requisitado em todas as discussões

relativas à economia e finanças do País. De volta à pasta das Finanças, cargo que assumiu em janeiro deste ano, faz questão de afirmar: “acredito no perfil do jovem Beto Richa, com visão social democrata, e aposto que se transformará numa grande liderança nacional, a exemplo do seu pai, José Richa”. Um Deus nos acuda “Encontramos um Estado precário, com obras inacabadas e estruturalmente precárias; sucateamento das estruturas operacionais e administrativas de todas as áreas; aniquilamento da capacidade de investimento; planejamento governamental desarticulado e sem iniciativas estratégicas; descumprimento de princípios constitucionais e da LRF; práticas antieconômicas e lesivas ao patrimônio público; prática sistemática de empurrar pagamentos para a gestão sucessora – (despesas sem empenho)”, relatou o secretário. Depois do diagnóstico de gestão, que “nos assustou com o grande passivo, podemos dizer que o Paraná está entrando no prumo, de onde jamais deveria ter saído. Embora o Estado contabilize uma dívida ativa de R$ 12 bilhões, já podemos prever, sem medo de errar, numa receita de R$ 22 bilhões para este ano, bem próximo do orçamento de R$ 24 bilhões”, explicou. Luz no túnel O estoque da dívida paranaense gira em

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torno dos R$ 19 bilhões, o que consome R$ 1,3 bilhão por ano das receitas estaduais. Mesmo assim, a dívida cresceu R$ 2 bilhões em 2010. Com a mudança na taxa de juros, o Estado economizaria R$ 1 bilhão por ano. O alto comprometimento das finanças estaduais engessa os investimentos, e aí “falta dinheiro para a educação, para saúde e segurança pública”, ponderou o secretário. A demanda dos Estados é “extremamente defensável”, explicou. Apesar de tudo, as contas do governo estão bem, alivia o secretário. A receita do Estado caiu 4,43%, revelou Hauly. De uma previsão de cerca de R$ 8,4 bilhões de janeiro a abril, cerca de R$ 7,9 bilhões entraram efetivamente nos cofres públicos. A queda não foi devido à arrecadação, que se manteve dentro das previsões, mas a repasses federais. Hauly deixou claro que há dificuldades por causa do aumento na habilitação de créditos de ICMS no ano passado e antecipação de receita, o que comprometeu a arrecadação. No entanto, disse, o governo está trabalhando em duas frentes – obteve sinal verde da Secretaria do Tesouro Nacional para negociar empréstimos com o Banco Mundial e com o BID, de US$ 500 milhões cada, e o comitê formado por secretários de estado continua analisando cada um dos convênios e contratos assinados no ano passado, para avaliar a oportunidade e a legalidade. Há um esforço para aumentar a arrecadação, cobrando os grandes devedores do estado, e estudando incentivos fiscais especiais para cada ramo da economia. Hauly lembra que o Paraná tem 6% do PIB brasileiro mas arrecada apenas 5,4%. “É preciso eliminar essa diferença”. Grupo vigilante A Secretaria de Finanças bombeou o sangue que corre quente nas veias e iniciou um processo de recuperação financeira com reestruturação da máquina administrativa que, há anos, estava parada no tempo, como afirma Hauly.

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Divulgação

finanças

“Mexemos em toda a estrutura de tributação, mobilizando todos os 1.500 funcionários, entre fiscais e agentes fazendários, promovemos uma revisão nos benefícios fiscais, nas pendências com devedores e atacamos de frente o cartel dos combustíveis”, disse. Essa grande virada, como diz o secretário, só foi possível com a participação do Comitê de Gestão para Resultados, um colegiado com representantes da Casa Civil, Secretaria da Fazenda, Secretaria do Planejamento, Secretaria da Administração, Procuradoria geral do Estado, Secretaria de Controle Interno e Secretaria para Assuntos Estratégicos. Esse Comitê, explica, faz, de um lado, um diagnóstico semanal da situação do Estado e, do outro, soluciona os problemas e mostra o caminho a seguir. Resgate da credibilidade

O grande desafio, hoje, segundo Hauly, é aumentar a capacidade de investimentos próprios e resgatar a credibilidade política. “Estamos diante de um boom de investimentos empresariais e de cooperativas que certamente transformará nosso Estado”, prevê. Da indústria

japonesa Sumitomo, que instalará fábrica de pneus no município de Fazenda Rio Grande, serão investidos mais de R$ 1 bilhão. A Caterpilar, com fábrica em Campo Largo, investirá R$ 350 milhões, o mesmo acontecendo com a Cargil, que ainda não tem local definido para suas instalações. A SIG, de Campo Largo, triplicará sua produção de caixas de leite e a intenção é abastecer o mercado americano. E há sinais da repatriação da Singenta. Hauly acredita também na expansão das cooperativas e sua assessoria de desenvolvimento, coordenada por Onildo Benvenho, que está avaliando as demandas reprimidas para diversificar os investimentos em todo o Estado. Segundo seu assessor, há inúmeras empresas querendo se instalar no Paraná, mas, para isso, é preciso que se faça um diagnóstico da situação territorial de cada região, bem como de infraestrutura e logística. Na área tributária, o secretário Hauly garante que promoverá uma reforma no ICMS com a redução das alíquotas interestaduais. “Não vamos e não queremos acabar com a guerra fiscal, mas diminuí-la em até dois terços”, observou.


Pedro Ribeiro

Manicômio tributário gerador de injustiças “Temos uma das maiores cargas tributárias e um sistema que impede a distribuição de renda. No Brasil, quem é mais pobre paga mais impostos. Quem ganha até dois salários paga 53,9% de impostos, enquanto que as pessoas que recebem mais de 30 salários pagam 29%”, observa o secretário da Fazenda, Luiz Carlos Hauly. Segundo ele, países desenvolvidos, como Estados Unidos e países europeus, lastreiam a arrecadação principalmente no Imposto de Renda (IR), o que é mais justo sob todos os pontos de vista. Nos Estados Unidos, o IR é responsável por cerca de 50% da arrecadação; na Europa, o percentual é de 34%; e no Brasil, 21%. No caso do ICMS, “temos uma legislação diferente em cada estado da federação. A solução passa pelo entendimento nacional de uniformizar a legislação. Acredito que temos uma oportunidade única nesta reunião do Confaz em Curitiba. Podemos chegar a verdadeiro pacto federativo e sair dessa situação em que todos perdem”. O sistema tributário, caótico e injusto, na opinião do secretário da Fazenda do Paraná, Luiz Carlos Hauly, é um dos geradores da concentração de renda experimentada pelo Brasil. Para Hauly, o Brasil tem o pior sistema tributário do mundo. É um verdadeiro “manicômio tributário caótico”, onde quem pode mais, chora menos, os incentivos fiscais creditícios criam uma concorrência desleal para o produtor brasileiro. Um dia ele está bem com o benefício, noutro dia, quando termina o benefício, ele está mal por que o novo beneficiado concorre com o produto dele. Não é uma lógica perversa para um país que precisa crescer e prosperar? Se nós tivéssemos uma harmonização tributária, um sistema tributário mais enxuto, mais simplificado, mais objetivo, mais progressivo, o Brasil cresceria mais, distribuiria mais renda, as empresas teriam mais tranquilidade, gerariam mais empregos e uma energia mais positiva para o país. O Paraná é partícipe desse processo, também é vítima do caos tributário nacional. O ICMS que deveria

ser o único na base tributária do consumo, é um de cinco tributos. São eles: o IPI, PIS, COFINS, ISS e ICMS. E ainda outros que acabam concorrendo, como o IOF, que não existe em nenhum lugar do mundo, só aqui. A carga tributária brasileira acabou se concentrando no consumo, contrariamente à tributação da renda e proventos de outra natureza. Quanto mais se tributa o consumo, mais regressivo fica o sistema. Quem paga mais impostos são os pobres. Existem dois estudos, o da FIPE/USP e do IPEA, que mostram a carga tributária pela faixa de renda. Quem ganha até dois salários mínimos no Brasil paga 53,9% de impostos. Quem ganha acima de 30 salários, 29%. A perversidade, a injustiça, a iniquidade, a desumanidade da carga tributária brasileira se reflete de uma forma assustadora. Ela tem tudo a ver com a concentração de riqueza. No cerne da pobreza e da violência está a estrutura tributária brasileira e a iniquidade da desigualdade. Se não consertarmos o nacional, não consertaremos o estadual. Patrono do Simples “O Paraná conta com 271.717 contribuintes, sendo 218.444 no Super Simples Nacional – este filho ilustre que tive a honra de criar nacionalmente, desde o Simples Nacional ao Super Simples. Sou patrono nacional da micro e pequena empresa. Falo com orgulho do sucesso da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa e de todos os seus capítulos que aos poucos vão se abrindo, como o cadastro positivo, enunciado dentro da Lei Geral; a Rede SIM, e os demais, como a compra associada para exportação e importação, os consórcios”. Palavras do secretário.

O rombo de R$ 4,5 bilhões deixados por Requião já tem uma contrapartida de R$ 4,5 bilhões em investimentos 45 Documento Reservado / Julho 2011


administração

Richa cobra eficiência com

contrato de O espelho do Governo Richa está no documento Contrato de Gestão, onde cada área terá que assumir a responsabilidade e o compromisso da eficiência

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P

ara provar, perante a sociedade e aos eleitores que o elegeram, que o “Estado pode e deve ser eficiente”, o governador Beto Richa (PSDB), adotou a política do “contrato de gestão” que, entre outros objetivos, promove a redução de custos e desperdícios. Gastar menos com a máquina e mais com as pessoas e provar que o que prometeu em campanha será cumprido, traça o perfil do compromisso do chefe do poder executivo com os gestores do seu governo. Nas mãos do secretário de Estado da Administração, Luiz Eduardo Sebastiani, o contra-


Pedro Ribeiro

gestão to de gestão fixa objetivos a serem realizados pela administração pública e empresas estatais vinculadas, com responsabilidade para atingir as metas programadas em consonância com programa de qualidade. “Sim, o Estado pode e deve ser eficiente, mesmo com restrições orçamentárias e financeiras sem perder o foco e o atendimento das demandas sociais. Um Estado forte com capacidade financeira e comprometimento com a sociedade, conforme deseja nosso governador”, sustenta Sebastiani. Na reunião com o secretariado, quando firmou o contrato de gestão, o governador

Beto Richa deixou bem claro a necessidade de redução de 15% nos gastos administrativos, que representará uma economia de R$ 80 milhões com o custeio da máquina pública no primeiro ano. “O volume financeiro, do ponto de vista de uma administração estadual, pode não representar muito mas, a partir do momento em que esses recursos sejam revertidos na compra de equipamentos, como o aparelhamento de hospitais, veículos e armas para as policiais Civil e Militar, material para escolas, construção de casas populares, acaba se transformando em um grande volume”,

explica o secretário Sebastiani. As primeiras medidas para a economia implicam na redução de despesas com água, luz, telefonia, combustível, mão de obra terceirizada, diárias e passagens. Áreas imexíveis As medidas de contenção de gastos, segundo Sebastiani, não vão afetar serviços essenciais nas áreas de saúde, educação, desenvolvimento social e segurança pública, mesmo porque essas áreas ficaram fora do Plano de Gestão.

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administração

Luiz Eduardo Sebastiani: A redução dos gastos, este ano, será de 15% o que representará perto de R$ 80 milhões

Os Contratos de Gestão – Diretrizes e Bases fixam objetivos de governo, formalizam metas de redução de gastos e estabelecem prioridades em cada área da administração. A assinatura dos contratos faz parte da estratégia de modernização administrativa proposta pelo governador. Todos os projetos, programas e ações da administração pública estadual serão detalhados em indicadores quantitativos e prazos, para que o cumprimento possa ser monitorado pelo próprio governo e pela sociedade. As metas e objetivos foram estabelecidos a partir do plano de governo proposto por Beto Richa na campanha eleitoral, em 2010. Foi quando os secretários de Estado assinaram termos gerais dos compromissos para acompanhamento dos programas prioritários de cada área. Foram selecionados dois projetos de cada pasta que servirão como termômetro para o acompanhamento de metas neste ano. Cobranças Sebastiani adianta que, a partir de 2012,

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“Estado pode e deve ser eficiente, com redução de gastos sem afetar os serviços essenciais de saúde, educação...”. Luiz Eduardo Sebastiani

serão assinados novos Contratos de Gestão, com metas e indicadores detalhados de todos os projetos, com base nas diretrizes gerais de Governo, no Plano Plurianual (PPA) 2012-2015 e na Lei Orçamentária Anual de 2012, que é o primeiro orçamento estruturado pela atual administração. Para subsidiar a elaboração dos Contratos de Gestão, que serão atualizados anualmente no próximo ano, serão feitos seminários, oficinas de trabalho e reuniões nos meses de outubro e novembro, organizados pela Escola de Governo do Paraná, sob a

coordenação da Secretaria da Administração e Previdência. Segundo o secretário da Administração, o cumprimento das metas será monitorado pela Unidade de Gerenciamento dos Contratos de Gestão, um grupo especial com integrantes das Secretarias da Fazenda, Casa Civil, Administração, Planejamento e Coordenação Geral. Cada secretaria indicará um representante para ser o elo com a unidade de Gerenciamento, e dar agilidade ao trabalho de controle na prestação das informações.


Pedro Ribeiro

Legislativo tem orçamento definido por lei federal. (Foto - Arquivo)

Câmara de Curitiba economiza R$ 32,6 milhões Desde a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, a Câmara Municipal de Curitiba já realizou uma economia de R$ 32,6 milhões. De acordo com a Secretaria Municipal de Finanças, os recursos que retornaram aos cofres municipais foram destinados a diversas áreas, como saúde, educação e defesa social. A exemplo das outras Câmaras de Vereadores no Brasil, o orçamento do Legislativo curitibano é definido por lei federal. O total de recursos corresponde a um porcentual da receita tributária e de transferências previstas nos artigos 153, 158 e 159 da Constituição da República. Esse índice era de 5% até o ano de 2009, quando o Congresso aprovou a PEC

dos Vereadores, reduzindo o repasse para 4,5%. “Ao mesmo tempo em que permitia o aumento do número de parlamentares, a nova legislação reduzia o orçamento total das Câmaras Municipais. Isto obrigou as Casas de Leis de todo o país a serem melhor administradas, fazendo mais, com menos”, explica o vereador João Cláudio Derosso (PSDB), presidente da Câmara de Curitiba. “É preciso reforçar este ponto, pois não é 4,5% do orçamento total da cidade, mas apenas de transferências previstas em lei”, completa Derosso. Em 2010, por exemplo, com o orçamento da capital totalizado em mais de R$ 4 bilhões, a Câmara Municipal recebeu R$ 91 milhões, de acordo com a legislação, ao invés de R$ 180 milhões, que seriam

referentes ao valor integral. Deste montante, foram economizados 2,3 milhões de reais. Além disso, há também a diferença entre orçamento limite e orçamento realizado. No ano de 2005, outro exemplo, a Câmara de Curitiba poderia ter utilizado até R$ 57 milhões (orçamento limite), mas só previu gastos de R$ 50 milhões (orçamento realizado). Como ainda houve uma economia de R$ 460 mil no orçamento realizado, em 2005 foram devolvidos para a prefeitura da capital R$ 7,460 milhões, economizados pela administração da Casa. Para 2011, a previsão orçamentária da Câmara é de aproximadamente R$ 100 milhões.

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cidades

O espaço para locomoção de pessoas nas vias urbanas está cada vez menor. Com os automóveis invadindo esse território, a falta de uma engenharia de trânsito voltada exclusivamente ao pedestre e o risco de acidentes graves tornam-se eminentes.

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Eles

não


Lucian Haro

tem vez C

riadas para permitir a locomoção nos grandes centros urbanos, as ruas e avenidas tornaram-se espaço quase que exclusivo para carros, motos e ônibus. Se um pedestre ou ciclista se aventura nesse território, é por sua conta e risco. Os motoristas alegam não poder se responsabilizar por danos causados a quem quer que seja. Nesse contexto, o Paraná sai na frente em uma estatística que nenhum estado gostaria de ter: divide com o Espírito Santo a liderança no número de mortes por atropelamentos. O índice é de 9,4 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes, enquanto a média nacional fica nos 6,4 casos.

Os dados são de 2008, mas foram divulgados recentemente dentro do Mapa da Violência organizado pelo Instituto Sangari, de Brasília. No ranking, Curitiba aparece no final da tabela de mortos, mas os municípios da região metropolitana estão no topo. Campina Grande do Sul, por exemplo, tem 38 mil habitantes e registrou na época, 16 casos, sendo considerada a quinta cidade mais violenta do país, na proporção acidentes por habitantes. Dados mais recentes, cedidos pelo Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), dão conta, no entanto, que só na capital paranaense aconteceram 838 acidentes envolvendo pedestres no ano passado. No total, foram 4.417 atropelamentos registrados em todo o estado no ano passado, 997 deles em rodovias. Impasses modais As questões de mobilidade urbana, indispensáveis numa realidade onde tudo deve ser sustentável e funcional, refletem, também, a falta de uma engenharia de trânsito voltada ao pedestre. Nesse aspecto, o arquiteto e

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cidades

professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Salvador Gnoato, compara Curitiba à Brasília, refletindo que mesmo um bom plano de cidade não resolve os impasses modais. “Ao mesmo tempo em que cresce o poder aquisitivo da população, diminui o preço dos automóveis e aumenta a frota de veículos” disse ele, que acrescentou: “a equação fluxo de automóveis versus pistas de rolamento é quase insolúvel”. Segundo o arquiteto, o fenômeno do êxodo rural e a consequente concentração urbana em grandes áreas metropolitanas não é problema só da capital paranaense, mas ocorre em qualquer cidade que passe por um processo acelerado de crescimento econômico. Gnoato revelou, também, que no início dos anos 1990, Curitiba se consagrou como exemplo de urbanismo, e talvez aquele equilíbrio de equações urbanas leve algum tempo para se repetir. “A cidade se consolidou como metrópole, com o aumento na disponibilidade de locais de moradia e na qualidade da prestação de serviços, de equipamentos de cultura e de entretenimento,” disse ele. Agora, a passagem de uma cidade de abrangência regional para uma metrópole tem seus custos e benefícios. Com o aumento populacional e físico, vieram problemas de mobilidade e de segurança, inerentes a qualquer metrópole, que precisam ser enfrentados e minimizados. As ruas centrais da cidade estão perdendo faixas de estacionamento, mas não existem mais espaços para alargamentos. Alguns es-

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tacionamentos subterrâneos de grande porte estão começando a ser equacionados. “Não adianta, porém, esconder os carros sob as ruas e praças, sem devolver ao pedestre seu espaço público”, salientou o arquiteto. Acessibilidade Tanto nas edificações, como nas calçadas, estão sendo implantadas soluções de acessibilidade universal. Para uma preocupação que aconteceu há pouco mais de duas décadas, os avanços são significativos, comparados às construções que não dispunham desses requisitos. Muito pode ser feito para minimizar problemas de mobilidade, segundo Gnoato. A melhora no transporte coletivo, o uso de veículos alternativos menores, a educação no trânsito e a organização de equipes de caronas para pessoas que utilizam o mesmo percurso, estão entre as indicações do professor. Para ele, não adianta culpar a indústria automotiva, nem as iniciativas dos planejadores urbanos, ou ainda a atitude egoísta do usuário de transporte individual. Trata-se de um processo contínuo de atitudes da comunidade aliadas com propostas do poder público. Transporte de massa Consultada por nossa reportagem, a coordenadora de Relações Externas do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Liana Valicelli, reiterou a importância dos projetos para desafogamento do trânsito e proteção dos pedestres. Segundo ela, “a prioridade das cidades deve ser: desenvolver alternativas eficazes e ecologicamente corretas de transporte de massa e de pedestres”. Liana disse, ainda, que já estão sendo desenvolvidas ações para fechamento de ruas, que serão transformadas em grandes calçadões, como é o caso da Cândido de Abreu, no Centro Cívico.


Anelise Rodrigues

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cultura

Presí Área do Presídio do Ahú deve ser reformada até 2012. Neste ano o espaço virou cena de novela e abriu para a população conhecer o interior da penitenciária

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Lorena Malucelli Pelanda

dio D

epois de seis anos desativada, a primeira penitenciária do Paraná, finalmente deve se tornar o Centro Judiciário de Curitiba. O prédio central da Prisão Provisória ainda está vazio, mas a construção na área da centenária unidade do Ahú já tem data para sair do papel. Será em abril de 2012. A previsão é que o projeto passe por licitação até novembro desse ano. De acordo com o diretor de engenharia do Tribunal de Justiça,

vira cenário de novela

Cornélio Unruh, a estrutura do local será reaproveitada. “O presídio será restaurado e a parte interna será utilizada para a construção do centro. No total serão 540 mil metros quadrados de área”, explica. A obra será feita em duas etapas. “Primeiro vamos construir o Fórum Cível com pré-moldados. Depois vamos restaurar e dividir os espaços internos, e colocar o sistema elétrico e hidráulico”, afirma o diretor.

O Presídio do Ahú, como ficou conhecido popularmente, foi inaugurado em 1909. A capacidade inicial era de 52 celas individuais, mas como boa parte das prisões paranaenses, a superlotação fez com que 900 detentos dividissem o espaço que suportava apenas 750. Falta de segurança No primeiro ano de funcionamento já existiam os seguintes setores de trabalho:

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cultura

Primeiras cenas do personagem de Rodrigo Lombardi foram gravadas no Ahú

Cozinha, Horta, Alfaiataria, Sapataria, Tipografia e Marcenaria. O trabalho diurno e o estudo noturno eram obrigatórios, até que o preso soubesse ler, escrever e contar. Mas passados 100 anos, os problemas aumentaram. Por falta de estrutura para manter grande número de pessoas, a penitenciária teve que ser desativada, principalmente por não apresentar segurança suficiente para abrigar os presos. O projeto inicial da obra que vai utilizar o espaço deve ter um investimento de cerca de R$ 55 milhões de reais. Caso a obra saia como o programado, a finalização do Centro Judiciário não deve passar do ano que vem. “A previsão é que a estrutura pré-moldada esteja pronta até abril. A inauguração está prevista para até dezembro de 2012”, finaliza Unruh. Cena de novela O local que já foi palco de rebeliões, tentativas de fugas e muita tristeza, faz parte de um cenário de uma novela global. O espaço serviu de pano de fundo para a história de Herculano Quintanilha, personagem de Rodrigo Lombardi, na novela “O Astro”. O Presídio do Ahú apareceu nas primeiras cenas da novela, que é uma readaptação da mesma história veiculada na década de 70, na Rede Globo. As gravações duraram pouco tempo, mas trouxeram curiosidade, principalmente aos moradores de Curitiba. Para a aposentada Maria No lançamento da novela José Teixeira o clima no local não é bom na capital paranaense,

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em julho, a população teve a oportunidade de conhecer o interior do presídio. Em apenas único dia, oito mil pessoas ficaram por mais de três horas na fila para andar nos corredores, pátio e celas do Ahú, e é claro, para também conhecer o ator principal da novela. A dona de casa, Eliana Cristina dos Santos, levou toda a família para visitar o local. Ela foi a primeira da longa fila, que dobrou a quadra do presídio. Eliana afirma que a curiosidade motivou a ida de todos. “Eu sempre passava

em frente ao presídio. Vim ver como funciona e saber como é a realidade de pessoas que cometem crimes. Vale a pena ver, mas quando isso não faz parte da realidade da nossa vida, seja com familiares ou amigos presos”, comenta a dona de casa. A descrição de muitos que passavam por lá era uma só: energia negativa. Ficar dentro de uma penitenciária, que só registrou situações ruins, não foi muito agradável para os visitantes. A aposentada Maria José Teixeira foi ao local com o neto. Ela conta que o que valeu mais a pena foi ver o Rodrigo Lombardi, já que ela não gostou muito de ficar lá dentro. “O clima não é bom. Mas o Rodrigo fez com que a gente esquecesse que estava num lugar muito triste. Ele me fez acreditar que estava em uma novela”, diz a aposentada que acordou cedo para conhecer o presídio. O ator Rodrigo Lombardi defende que o ambiente retrata muito bem como é a realidade numa prisão e traz mais veracidade a cena. “Aqui é incrível. Um lugar extremamente intimidador. Ficamos acuados, Eliana Cristina dos porque sabemos a história do Santos foi com a família Presídio do Ahú e quem passou por aqui. Para nós, atores, é um carinho gravar aqui. Foi uma pequena passagem, mas muito importante para a vida do personagem e para a minha também”, comenta o ator. Mas a oportunidade foi única, pelo menos por enquanto. Isso porque não há previsão de quando a população poderá visitar o local novamente.


Norma CorrĂŞa

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comportamento

Cuidado Curitiba possui 240 mil cães e gatos

A

presença de dejetos de cachorros em calçadas tem sido alvo de muitas reclamações da população curitibana. Em qualquer lugar que você ande, é possível encontrar fezes de animais, que não foram deixadas somente por eles, e sim por seus donos irresponsáveis. Os dejetos podem ser encontrados em frente de casa, no jardim, praças, calçadas e até mesmo em parques. Se passear com o cachorro é uma situação agradável, seria muito melhor que essa volta demonstrasse sinais de cidadania e principalmente de respeito com os outros. Para resolver esse desconforto, não é tão difícil assim, basta levar ao passeio uma sacola e após o cachorro fazer as suas necessidades, promover a limpeza do chão e evita com que a fezes fiquem expostas e causem doenças em quem passa pelo local. Pelo menos uma vez por semana, o servidor público Danilo Carrijo tem que fazer uma limpeza no jardim em frente à sua casa, para retirar as fezes deixadas por cachorros, que são levados pelos próprios vizinhos. Ele não sabe mais o que fazer, já que na rua onde mora tem um prédio, e freqüentemente os moradores levam o bichinho para passear e também fazer as necessidades no local. “As pessoas não entendem que é um espa-

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ço público. Sempre temos que sair, recolher as fezes de cães, que nem nossos são. Já conversei com o síndico do prédio, mas nada foi feito. As pessoas sempre negam e assim fica muito difícil combater o problema”, reclama. Ideias não faltam para amenizar a situação. “Já pensei em cercar o jardim, colocar plantas mais altas, com espinhos, mas a grama é muito bonita, não quero estragar com isso. Chega uma hora que a paciência acaba. Pensei em colocar uma placa e até mesmo uma filmadora, para saber quem sempre vai lá. É muito desagradável”, lamenta Danilo. O problema é ainda maior, quando ao andar na rua a pessoa pisa nos cocôs. É o caso da comerciante Gleisi Rodrigues, que já passou por essa péssima experiência. “É uma situação muito chata, que passei algumas vezes”, relembra. Ela tem um cachorro, e conta que sempre que sai com o animal leva uma sacola para fazer a retirada das fezes. “Todos deveriam fazer o mesmo. É algo tão simples, que gera muito resultado e faz bem a todo mundo”, orienta a comerciante. Há uma lei municipal, que determina que os donos devem recolher as fezes dos animais. De acordo com a medida, os infratores são advertidos primeiro verbalmente ou notificados por escrito. No caso de reincidência, a multa é R$ 150. A fiscalização é realizada pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente nos parques e praças e pela Guarda Municipal nas vias públicas. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 156, da Prefeitura.


Lorena Malucelli Pelanda

onde anda e pisa! Carteira animal Um projeto de lei da vereadora Julieta Reis, que tramita na Câmara Municipal de Curitiba, prevê que os donos, principalmente de cachorros, façam um registro para controlar os animais domésticos na capital paranaense. O Registro Geral de Animais tem o objetivo de identificar o dono, evitar que o animal fique perdido e também diminuir os problemas causados por eles. Segundo a vereadora, o documento vai reforçar a responsabilidade do proprietário. “Tudo que acontece diretamente com ele, o dono será localizado e responsabilizado. Esse projeto foi discutido por todas as entidades ligadas a proteção animal e todos aprovaram a ideia. É uma coisa muito simples, que dá efeito”, garante a vereadora. O projeto prevê que a prefeitura disponibilize o cadastramento para as classes mais baixas. Já os moradores que tem mais condições financeiras terão que adquirir um

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comportamento

Vereadora Julieta Reis tem um projeto para identificar e punir os donos

chip, que não deve custar mais que R$ 10 e depois ir até um veterinário para colocar no animal. “O registro é como ser fosse um cartão. Queremos ter uma identificação de todos os animais e saber quantos cães e gatos existem na cidade”, afirma a vereadora. A estimativa é que há pelo menos 240 mil cães e gatos em Curitiba. Quem não cumprir a determinação, pode ser multado. A medida deve ir ao plenário ainda neste ano. Mesmo assim, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente já estuda a implantação.

DNA em Israel A fiscalização promete ser rigorosa em uma região de Tel Aviv, em Israel. Um projeto, que ainda está em andamento, quer que todos os donos de animais de estimação disponibilizem um pouco da saliva dos cachorros, para fazer parte de um banco de dados. Esse material vai ajudar a comparar o resultado com outros cães, através de um exame de DNA. A partir daí, o proprietário do animal será identificado e punido. Para conscientizar, o governo disponibilizará lixos especiais em vias públicas, para o depósito de fezes. O material recolhido nestas latas também será analisado, e os donos receberão prêmios, como cupons de desconto para comida para cachorro e brinquedos para os bichinhos de estimação. É uma forma de incentivar a atitude cidadã.

Danilo Carrijo está cansado de limpar fezes de cachorros no jardim em frente de casa

CUIDADOS Através do contato direto e indireto com essas fezes, o humano pode adquirir doenças infecto-contagiosas, como as verminoses, bicho geográfico, entre outras doenças. A orientação é utilizar uma sacola plástica como luva. Com as mãos protegidas, a pessoa deve recolher as fezes, virar a sacola do avesso, fechá-la e jogá-la no lixo. Alguns produtos especiais, encontrados à venda em pet shops, ajudam os donos a retirar os dejetos com mais facilidade.

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Lorena Malucelli Pelanda

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educação

Estudantes deixam de comprar livros e as bibliotecas, em casa, não possuem mais que 10 livros, índice muito baixo, segundo estudo “Todos pela Educação”. Contudo, buscam outros meios de acesso à literatura

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Estantes E

nquanto os grandes nomes da música internacional não fazem shows no Brasil, e principalmente em Curitiba, por falta de espaço, a opção de muitos fãs é curtir uma banda que relembre os sucessos do artista. É com esse objetivo que vários grupos da cidade apresentam shows covers e geralmente com produções semelhantes aos originais. Toda semana é possível encontrar músicos que relembram outros cantores. Uma dessas

bandas é a U2 Cover Paraná, criada por fãs, para homenagear os irlandeses e também para diminuir a concorrência com outros grupos musicais da cidade. Segundo o vocalista, Mateus Manfredini, a semelhança também motivou os integrantes. “Temos que estudar a evolução do U2, observar shows, escutar as músicas exaustivamente e principalmente ensaiar. A maior parte do público é composta de fãs da banda original. Não adianta vestir-se igual e copiar a performance de palco e a sonoridade e deixar a desejar”, explica. O resultado vem com a participação do pú-


Anelise Rodrigues

O quarteto fantástico surgiu na década de 60 e as músicas fazem sucesso até os dias de hoje

vazias blico. Um desses fãs é Leandro Goria. Ele afirma que vale a pena conferir o show. “Como sou muito fã do U2, sempre que vejo um cover vou correndo assistir. O som é o mais próximo que já vi do U2 original. E olha que vi várias bandas. O empenho deles em acertar cada timbre se aproxima da perfeição”, elogia. Para o vocalista do U2 Cover, o público brasileiro é muito carente de grandes espetáculos. “Com isso, a responsabilidade de levar a mensagem para eles é nossa, e a cada show observamos as mais diferentes reações. Há pessoas que chegam a chorar de emoção, outros que ficam

“passados”, outros ficam tão extasiados que nos tratam como a própria banda. Enfim, é um trabalho muito gratificante”, conta o vocalista. Voltar ao tempo A banda dos garotos de Liverpool já acabou, mas as canções que surgiram na década de sessenta ainda são sucessos nos dias de hoje. Uma das bandas que animam as festas ao som dos The Beatles é a Metralhas Beatles Again. Eles não se consideram um grupo cover, mas usam o figurino parecido com o quarteto fantástico. Um dos integrantes do grupo curitibano, criado há 50 anos, Renato Scaramella Júnior, garante que o

289 escolas das 2.131 instituições estaduais de ensino, ainda aguardam pela construção de suas bibliotecas

som é bem parecido. “É uma banda profissional que toca Beatles. Só não colocamos a peruca porque achamos estranho. Em alguns shows, até mesmo Elvis Presley é lembrado, mas nesse caso, sem figurino do rei do rock”, afirma o músico. O público dos Beatles é bem amplo, afirma Scaramella. “O grupo é atemporal, o público é de pessoas de todas as idades e a banda está na história da música mundial”. Vilmar Nunes de Oliveira é um dos fãs do Metralhas. “Eu conheço eles há cinco anos. Acho o melhor cover que já vi. Dá para matar a saudade e se divertir com toda família”, elogia.

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turismo

Fenarreco em

BRUSQUE

Mais de 40 bandas, sete mil marrecos, perto de dois mil eisben, chopp à vontade. Um festerê que começa no dia 10 e vai até o dia 16 de outubro. Começa às 11 horas e só termina de madrugada

U

ma das maiores festas do Sul do País e, com certeza, também uma das mais gostosas do Brasil, a Fenarreco, que será realizada de 10 a 16 de outubro, em Brusque, Santa Catarina, teve seu esquenta no dia 17 de abril de 2011, com a escolha da Rainha e Princesas da 26ª Festa Nacional do Marreco. São 10 dias de pura diversão, que leva multidões às ruas e ao Pavilhão Maria Celina, onde mais de 40 bandas e gaiteiros fazem a festa em meio a danças, comidas e muito chopp. O festerê começa às 11 horas, com desfiles de carros alegóricos, e só termina depois das quatro da madrugada. A cidade não pára. Durante o dia

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o turista pode assistir a shows culturais e se interagir com a população local. Em Brusque, são realizados 57 eventos festivos por ano só no complexo Maria Celina, comemora o prefeito Paulo Eccel, justificando que a cidade está aberta aos turistas e sempre voltada à comunidade local. Para a Fenarreco, a expectativa é de que a cidade receba mais de cem mil visitantes e, para atender a todos, os organizadores do evento esperam comercializar sete mil pratos à base de marreco e outros 1.800 eisben – joelhos de porco – todos

acompanhados com repolho, prevê Vilmar Walendowsky, secretário municipal de Turismo. Nestes 10 ou 11 dias de festa, como relatam os organizadores, haverão almoços diariamente no Pavilhão Maria Celina, sempre com a animação de bandas típicas e danças folclóricas com etnias alemã, italiana e polonesa. Durante os dias da semana, não serão cobrados ingressos, apenas nos sábados e domingos a entrada custará R$ 5,00. Walendowsky diz que a infraestrutura e logística para o evento estão sendo cuidadosamente preparadas há mais de um ano. Infraestrutura e logística Um amplo estacionamento e um parque de diversões estarão à disposição dos turistas. No complexo Maria Celina, estarão montados 70 estandes que comercializarão artesanatos, produtos típicos da região, além de restau-


Luana Medeiros

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turismo

rantes que também terão em seus cardápios, os famosos “cachorrão”, a batata, as salsichas vermelha e branca (bock wurst), o frango alemão e o risto de marreco. No segundo piso do pavilhão existem pistas de danças com palcos para todas as bandas. Taise de Souza, 22 anos comandará a festa como rainha, tendo Indiara Cristina da Silva, 22 anos, como primeira princesa e Williane Baumgart, segunda princesa. Elas foram eleitas em concorrida festa realizada no mês de abril, onde houve a participação de 25 candidatas. A festa do marreco, ou Fenarreco, teve início há 26 anos atrás, depois que um grupo de comerciantes observou a grande preferência

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dos visitantes pelos tradicionais pratos á base de marrecos, em almoços e jantares. Como foi ganhando força, o governo municipal resolveu escolher um mês do ano para institucionar a festa. No primeiro ano ela foi realizada no Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque e o sucesso foi tanto que já, no segundo ano, teve que ser feita em um local maior, o ginásio. Em 1992 foi definitivamente para o Pavilhão Maria Celina. Pólo de malhas Localizada há 260 Km de Curitiba, a cidade de Brusque está fincada no chamado Vale Europeu, no nordeste de Santa Catarina. A cidade é conhecida especialmente pelo seu

forte destino turístico, principalmente por ser um pólo das malhas, com potencial para compras de vestuário e tecidos, na pronta entrega, com grande variedade e qualidade a preços diretos de fábrica. A cidade é repleta de belezas naturais e, além dos alemães, italianos e poloneses, dominam a região, dando um destaque especial nas formas arquitetônicas, deliciosa gastronomia, peculiaridades históricas. Brusque possui toda infraestrutura hoteleira para que o turista se sinta confortável. Entre os hotéis, destacam-se o Brusque Palace Hotel, Hotel Beira Rio, Hotel Gracher, Hotel Veneza, Hotel Monthez, Hotel Queiroz e Hotel Real.


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Saúde e justiça

Garantir o rigor técnico no julgamento de demandas na área da saúde é desafio para a ciência médica e a Justiça. A União gastou em 2010 mais R$ 132 milhões com tratamentos médicos determinados por decisão judicial – mais de 50 vezes o valor gasto em 2005 (R$ 2,24 milhões).

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Às barras dos A

s práticas médicas vêm sendo cada vez mais levadas às barras dos tribunais. As demandas judiciais por medicamentos e procedimentos de alto custo não fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelas operadoras de saúde suplementar crescem ano após ano. Atualmente, são quase 250 mil processos em tramitação nos Tribunais de Justiça dos Estados e nos Tribunais Regionais Federais. Foco de discussões nos campos da Medicina, do Direito e da Administração Pública, este fenômeno, tratado como judicialização da Medicina, é tema da 22.ª edição do Concurso de Monografia sobre Ética Médica, Bioética e Profissão Médica do Conselho Regional de Medicina do Paraná. O objetivo é fomentar a discussão em busca de contribuições para minorar o problema, que tem em destaque a desassistência e variantes negativas nos indicadores de saúde. [ver box]. No ano passado, somente a União gastou R$ 132,58 milhões com tratamentos médicos determinados por decisão judicial – mais de 50 vezes o valor gasto em 2005 (R$ 2,24 milhões). Na visão de especialistas médicos, nem sempre esses procedimentos são os mais recomendados – eventualmente podem ser até desnecessários –, pois ainda não há uma comissão científica institucionalizada que garanta o balizamento técnico das decisões do Judiciário. No início de julho último, o Conselho Nacional de Justiça aprovou recomendação à todos os tribunais do País para que adotem medidas com vistas a subsidiar melhor os magistrados e demais operadores de direito Hélcio Bertolozzi no estudo e julgamento das Soares: “Alguns juízes acabam acatando demandas. demandas que não correspondem Dentre as medidas suaos protocolos geridas está a obtenção de reconhecidos”

apoio técnico por parte de instituições como Conselhos de Medicina e Farmácia. Convênios nesse sentido estão sendo buscados pelos comitês executivos estaduais do Fórum Nacional do Judiciário para Monitoramento e Resolução das Demandas de Assistência à Saúde, instituído em agosto de 2010 pelo CNJ, com o objetivo de elaborar estudos e propor medidas e normas para o aperfeiçoamento de procedimentos e a prevenção de novos conflitos judiciais na área da saúde. Representantes das instituições diretamente envolvidas, como o comitê executivo do Paraná e o CRM-PR, têm realizado encontros periódicos na busca de um modelo consensual que dê agilidade à análise de demandas. Atuação dos Conselhos Para o secretário-geral do CRM-PR, Hélcio Bertolozzi Soares, as decisões judiciais muitas vezes impõem ao SUS e aos planos de saúde medidas que fogem às práticas normais da Medicina. “Alguns juízes acabam acatando demandas que não correspondem aos protocolos reconhecidos”, afirma. De acordo com ele, se houver indicação formal e o medicamento


Da Redação

tribunais tiver o devido registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há problema. “Mesmo quando o remédio não é registrado no país, mas é reconhecido pela literatura médica ou regulamentado em outros países, também pode ser usado – cabe ao convênio ou ao SUS acatar a decisão. O que não se pode aceitar são tratamentos experimentais, ainda não reconhecidos pela sociedade médica”, finaliza. Na análise do consultor jurídico do CRM-PR, Antônio Celso Cavalcanti de Albuquerque, um dos problemas prevalentes é de que nem sempre o bom senso se faz presente. “Quando se alega, na ação, que o paciente pode morrer se não conseguir o remédio em 24 horas, por exemplo, é impossível o Conselho emitir um parecer sobre o caso em um tempo tão curto. Então, o juiz, sensibilizado com o suposto risco iminente de morte, acaba concedendo o que foi pedido”, assinala. O presidente do Conselho, Carlos Roberto Goytacaz Rocha, concorda que essa brevidade em oferecer analise técnica se apresenta como um dos principais entraves, hoje, somando-se, óbvio, ao grande volume de demandas. Ele ressalta, contudo, a disposição sempre presente de o Conselho em contribuir à Justiça e à sociedade. Histórico e o Fórum Para amparar , elaborar estudos e propor normas visando ao aperfeiçoamento de procedimentos e a prevenção de novos conflitos judiciais na área de saúde, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instituiu, no dia 3 de agosto do

ano passado, o Fórum Nacional do Judiciário para Monitoramento e Resolução das Demandas de Assistência à Saúde. No Paraná, o Comitê Executivo do Fórum promoveu um ciclo de palestras e debates sobre demandas judiciais na área de saúde no dia 28 de julho, na sede da OAB. Um dos palestrantes foi o vice-presidente do CRM-PR, Alexandre Gustavo Bley, que falou sobre o exercício da Medicina e a judicialização da saúde. O presidente do Comitê Executivo do Paraná, juiz federal João Pedro Gebran Neto, emitiu, no dia 4 de julho deste ano, recomendação aos advogados, promotores de Justiça, magistrados, servidores públicos e demais profissionais que direta ou indiretamente atuem no Direito de Saúde, inclusive médicos e gestores de saúde, a solicitarem dos médicos vinculados ou não ao SUS que esgotem as alternativas de fármacos da lista Rename e dos protocolos do Ministério da Saúde antes de prescreverem um remédio não listado. Caso prevaleça a necessidade de prescrição de droga não apresentada nas listas oficiais, será necessário elaborar fundamentação técnica consistente, indicando os motivos da exclusão dos medicamentos da lista oficial e os benefícios da substância solicitada, com apresentação de estudos científicos comprobatórios e eticamente isentos.

Ministério Público As ações judiciais para garantir o princípio constitucional da integralidade da atenção à saúde podem ser movidas por advogados privados, mas também pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública. “O Ministério Público é uma das poucas instituições que podem entrar em juízo a favor de toda a coletividade, não apenas de um indivíduo”, lembra o procurador de Justiça Marco Antônio Teixeira, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias (Caop) de Proteção à Saúde Pública, do Ministério Público do Paraná (MP-PR). De acordo com o procurador, o MP-PR somente recorre à Justiça se houver razoabilidade tanto do ponto de vista jurídico quanto do técnico e do ético. “Nunca ingressamos em juízo de forma temerária, nossas ações são bem fundamentadas”, garante. “Temos um grupo de médicos que tem critérios técnicos para fazer uma análise de cada caso.” Marco Antônio Teixeira explica que aproximadamente 90% dos casos são resolvidos na esfera administrativa. “Nos 10% que são levados a juízo, temos pelo menos dois terços de sucesso”, garante. Para o coordenador do Caop, a Lei 12.401, sancionada pela presidenta Dilma Rousseff no dia 28 de abril e publicada no Diário Oficial da União no dia seguinte, cria limites ao princípio constitucional da integralidade da atenção à saúde, podendo gerar controvérsias judiciais. A lei veda o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso pelo SUS de

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Saúde e justiça

medicamento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental, ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), bem como dispensa o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro na Anvisa. O procurador observa ainda que a judicialização da medicina e da saúde pública não se limita às demandas por tratamentos de alto custo. “Há questões de bioética, financiamento, gestão, usuários não atendidos, questões criminais e ações de indenização por inadimplemento, entre outras”, enumera. Quando o alvo dos processos são as operadoras de saúde suplementar, as promotorias de Proteção à Saúde Pública saem de cena e quem atua são as promotorias de Defesa do Consumidor.

Judiciário “Antes a gente se queixava da excessiva medicalização da vida, com tratamentos e diagnósticos de alta complexidade e cirurgias robotizadas”, afirma o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), desembargador Miguel Kfouri Neto, que complementa: “Agora vivemos a judicialização da medicina, com questões envolvendo planos de saúde, responsabilidade

civil, fornecimento de tratamentos e próteses de alto custo – enfim, toda sorte de liminares. A Medicina está cada vez mais vinculada ao direito e ao Poder Judiciário”. De acordo ainda com o presidente do TJ-PR, os juízes, de modo geral, exigem laudo médico que comprove a necessidade do procedimento. No caso de remédios ainda não autorizados pela Anvisa, Miguel Kfouri Neto adverte que não se pode impor ao plano de saúde ou ao SUS que forneça o medicamento. O desembargador é um dos maiores especialistas do País em questões que envolvem Direito aplicado na saúde e responsabilidade civil e penal de prestadores de serviços. Em dezembro de 1992, subsidiado por diagnóstico pré-natal, constituiu-se no primeiro magistrado a conceder autorização para um aborto por anomalia fetal grave e incurável. A decisão foi reconhecida como um grande avanço da ciência jurídica brasileira.

Concurso de monografia aborda a judicialização Com o tema Judicialização da Medicina, o Concurso de Monografia sobre Ética Médica, Bioética e Profissão Médica promovido pelo CRM-PR chega à 22.ª edição. As inscrições estão abertas até as 18h do dia 31 de agosto de 2011, considerando a data e horário de postagem nos Correios ou de protocolo na sede ou em uma das unidades regionais do conselho. Qualquer pessoa com cidadania brasileira, independente de formação ou profissão, pode participar. O regulamento consta na Resolução CRM-PR N.º 159www. portalmedico.org.br/resolucoes/CRMPR/ resolucoes/2008/159_2008.htm).

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Ao participar do concurso, os autores automaticamente terão cedido os direitos autorais dos textos ao CRM, que poderá usá-los para divulgação científica, desde que não vise ao lucro. O resultado apurado pela comissão julgadora será divulgado até o fim de setembro, e a premiação ocorrerá em outubro, durante as comemorações pela passagem do Dia do Médico. O trabalho vencedor receberá um prêmio bruto de R$ 7,5 mil, valor sobre o qual incidirá o desconto de imposto de renda e contribuição previdenciária, conforme prevê a legislação em vigor. Para o segundo colocado, o prêmio é de R$ 3 mil. A premiação ocorrerá

em meio às comemorações do Dia do Médico, em outubro. Para garantir o sigilo, os trabalhos serão identificados por pseudônimo. O nome e endereço completo do autor (ou autores)devem ser incluídos em envelope lacrado, dentro de um envelope maior contendo a monografia em meio digital (CD, DVD ou flash-drive, por exemplo) e pelo menos uma via impressa do material. O envelope maior deve conter como destinatário “Concurso de Monografia do Conselho Regional de Medicina do Paraná – Rua Victório Viezzer, 84, Vista Alegre – CEP 80.810-340 – Curitiba, PR”. Como remetente, apenas o pseudônimo, sem endereço.


Luana Medeiros

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almirante tamandaré

Comunidade de Areias comemora

centenário E

m comemoração ao centenário de Areias, a Paróquia de São João Baptista realizou no dia 17 de julho a partir das 10h, uma procissão seguida de missa campal oficializada pelo Frei Reimi para recordar a história da comunidade. Autoridades e moradores celebraram os 100 anos de memória com muita festividade. Para o Secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Almirante Tamandaré, Wilson Muraro, um dos organizadores do evento e morador da região de Areias, “é uma alegria celebrar o centenário de uma comunidade tão unida e participativa”. O Prefeito Municipal

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Vilson Goinski, também destacou a importância de Areias no município: “Precisamos nos lembrar de todos aqueles que contribuíram para a construção dessa comunidade e festejar essa data como uma comunidade que faz parte da nossa cidade”. Além da procissão e da missa campal, os presentes também puderam conferir a Placa do centenário fixada na Paróquia e apreciar um churrasco com show de prêmios no período da tarde. Prestigiaram ainda o evento, a Vice Prefeita Dete Pavoni e o Superintendente de Planejamento e Gestão, Sandro Miguel Mendes.


Aline Pressa

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agenda

EXPOSIÇÕES

Debret - Viagem ao Sul do Brasil Até 21 de agosto, a Galeria da Caixa abriga a exposição “Debret - Viagem ao Sul do Brasil”. A mostra tem curadoria de Anna Paola Baptista e conta com 60 aquarelas e desenhos do artista francês Jean-Baptiste Debret, que integrou a Missão Artística Francesa no Brasil. As obras pertencem ao acervo dos Museus Castro Maya. Informações: (41) 2118-5114 Eu Viajo, Tu Viajas Até 20 de agosto, a exposição “Eu Viajo, Tu Viajas”, da artista plástica Lu Franco, pode ser vista no Fran’s Café (Batel). A mostra é composta por obras que nasceram de viagens que a artista fez para lugares como Barcelona, Berlim e Toscana. São utilizados materiais como mapas, panfletos, tickets de metrô, anotações de viagem e folhas secas, entre outros. Além disso, a pintura e a fotografia também são utilizadas. Informações: (41) 30422301 Paris La Nuit (Paris à Noite) – 97 fotos de Brassaï Até 22 de agosto, o Museu Oscar Niemayer abriga a exposição “Paris La Nuit (Paris à Noite) – 97 fotos de Brassaï”. A mostra traz quase uma centena de fotografias do húngaro Brassaï da década de 1930. As imagens registram a capital francesa em preto e branco, iluminada. Informações: (41) 3350-4400 Carlos Motta - Marceneiro, Designer e Arquiteto Até 28 de agosto, a exposição “Carlos Motta Marceneiro, Designer e Arquiteto” pode ser vista no Museu Oscar Niemayer. A mostra traz mais de cem peças que fazem uma retrospectiva da obra do artista Carlos Motta. Entre os objetos, há móveis de madeira nobres certificadas e de demolição. A exposição recebe curadoria de Consuelo Cornelsen. Informações: (41) 3350-4400

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Direitos Humanos, Imagens do Brasil Até 28 de agosto, a Casa Andrade Muricy abriga a exposição “Direitos Humanos, Imagens do Brasil”, composta por 60 imagens jornalísticas inéditas que mostram a história da luta pela conquista dos direitos humanos no país. A mostra tem curadoria de Denise Carvalho e textos do historiador e jornalista Gilberto Maringoni. Informações: (41) 3321-4798 Coletiva de André Rigatti, Dach e Laerte Ramos Até 28 de agosto, a Casa Andrade Muricy abriga a Coletiva de André Rigatti, Dach e Laerte Ramos. Sem uma temática específica, a exposição apresenta obras que marcam a identidade de cada um dos três artistas que participam da exposição. Informações: (41) 3321-4798 Da Materialidade Ao Vazio Até 18 de novembro, o jardim externo Museu Oscar Niemayer recebe a exposição “Da Materialidade Ao Vazio”, do artista plástico Márcio Prado. A mostra faz parte do projeto Desinstalação, e conta com um cubo formado por outros 4.096 cubos maciços de cerâmica refratária. Cada um dos cubos foi recoberto com um esmalte cerâmico que, após seis semanas, será fragmentado em outras 64 partes, gerando módulos de 64 unidades. Os módulos serão deslocados gradualmente para alguns pontos de Curitiba. Informações: (41) 3350-4400 Aparências Até 9 de outubro, o Paço da Liberdade abriga a exposição “Aparências”. A mostra traz dez obras do catálogo do artista Claudio Alvarez, que mesclam luz, movimento e fotografias. Entre os materiais utilizados pelo artista estão tecidos, aço, carbono, madeira e refletores, entre outros. Informações: (41) 3234-4200

Curitiba(nós) Até dia 4 de dezembro, a Casa Romário Martins abriga a exposição “Curitiba(nós)”. A mostra, ao mesmo tempo em que traz dados atuais

de Curitiba, revela a diversidade de sua gente, sua música, suas cores, sua culinária, sua arquitetura, entre outros aspectos da vida na capital paranaense. A exposição está dividida em cinco seções: O Espaço Multicultural, destinado a mostrar a diversidade cultural; O espaço Dados Atuais procura definir quem é o curitibano, quem forma a população curitibana de hoje e quais os atrativos econômicos e turísticos que fazem a cidade atual; O espaço Traga sua cidade, onde o público tem a oportunidade de interagir; A Cabine do lambe-lambe é o espaço montado no centro da Casa Romário Martins dotado de um microcomputador e uma webcam. Nele, os visitantes poderão acessar o blog Curitiba(nós), www.curitiba-nos.blogspot.com, deixar recados e gravar uma mensagem em vídeo, respondendo a uma questão básica: o que é ser curitibano?; A seção Roteiros permite ver a cidade por outros ângulos e perceber a transformação e os contrastes da paisagem. Informações: (41) 33213255 | www.curitiba-nos.blogspot.com Arcangelo Ianelli O Museu Oscar Niemayer abriga a exposição “Arcangelo Ianelli”, que reúne 19 obras que representam fases distintas do trabalho do artista. As obras pertencem ao acervo do MON e foram doadas pela família do artista, que expressou este desejo em testamento. Informações: (41) 33504400 ESPETÁCULOS Vida Dura Não É Mole Mesmo Entre os dias 19 e 21, o ator Alexandre Faria apresenta no Teatro Reikrauss Benemond piadas e personagens divertidos, como Joãozinho das piadas e Chapeuzinho Vermelho, em um espetáculo irreverente e sem papas na língua. Informações: (41) 3323-5658

Sexo – A Comédia Nos dias 20 e 21, Os Melhores do Mundo apresentam no Teatro Positivo o espetáculo “Sexo – A Comédia”. A peça é dividida em quatro esquetes e aborda o tema “sexo” de uma maneira leve. A primeira esquete, Amor Possessivo, narra a despedida de um casal homossexual na rodoviária. Emílio tenta impedir que Montenegro, seu grande amor, embarque para uma viagem de negócios. Na segunda, Adultério, um típico machão trai a mulher e busca a ajuda do melhor amigo para salvar seu casamento. A terceira esquete é a “Chantagem”, na qual Vilmar no momento de sua demissão utiliza uma foto comprometedora de seu patrão como


trunfo. A última esquete, Swing, traz Paulo Sérgio e Maria Lúcia se preparando para seu primeiro swing, mas os convidados, Alcir e Zuleika vão colocar tudo a perder. Informações: (41) 3315-0808.

apresentam, com bom humor, a vida de casado. Informações: (41) 3323-5658 SHOWS Maria Gadú No dia 12, a cantora Maria Gadú realiza única apresentação no Grande Auditória Teatro Positivo. O show “Maria Gadú - Multishow Ao Vivo” conta com o repertório do CD homônimo lançado em 2010. Informações: (41) 3315-0808.

Aluminum Show No dia 24, o Grande Auditório do Teatro Positivo recebe “Aluminum Show”, um espetáculo de Teatro Fantástico, que mistura teatro de objetos, reciclagem, ficção científica, artes plásticas e humor. A peça utiliza materiais recuperados de descarte industrial que são re-utilizados para construir o conjunto, vestir o elenco e interagir com a plateia. Com graça, música e muitos efeitos visuais, o grupo dá vida ao alumínio e produz um espetáculo sensorial em que todos os sentidos estão em alerta máximo. Roteiro: Uma jovem máquina tenta reencontrar seus pais. Durante suas viagens através de um mundo futurista governado por uma tecnologia bizarra, a máquina/personagem encontra aventura, emoção e até mesmo um amigo humano, que faz o que for preciso para ajudá-lo a concluir sua busca. Informações: (41) 3315-0808. Desejo na Rua das Flores Até 27 de agosto, o espetáculo “Desejo na Rua das Flores” fica em cartaz no Teatro Lala Schneider. Um homem, uma cidade, uma rua. Um homem solitário sentado em um banco de praça, no centro de uma grande cidade, a observar o movimento à sua volta. Entre uma situação trágica e outra cômica surgem mulheres que lhe chamam a atenção. Uma narrativa construída de maneira informal que pretende aproximar o espectador das situações tragicômicas vividas pelo protagonista. Monólogo com o ator Marino Jr, com texto e direção de João Luiz Fiani. Informações: (41) 3232-4499 Macho Não Ganha Flor Também até 27 de agosto, o espetáculo “Macho Não Ganha Flor” fica em cartaz no Teatro Lala Schneider. A partir de contos selecionados pelo próprio autor e transpostos para o palco, Marino Jr. encarna os diversos personagens da Curitiba de Dalton Trevisan. Comédia e tragédia se misturam na visão de Nelsinho, um de seus personagens mais marcantes. Informações: (41) 3232-4499 Eu Caso, Tu Casas, Eles Se Separam Entre 26 e 28 de agosto, o Teatro Reikrauss Benemond recebe o espetáculo “Eu Caso, Tu Casas, Eles Se Separam”, comédia que traz situações cômicas da relação homem x mulher, e

Nenhum de Nós A banda Nenhum de Nós se apresenta dia 20, no Curitiba Master Hall. O show faz parte da turnê de divulgação do álbum “Contos de Água e Fogo”. Informações: (41) 3315-0808.

Destruction No dia 26, a banda alemã de trash metal Destruction realiza única apresentação Music Hall. Informações: (41) 3315-0808.

Black Label Society Também no dia 12, a banda de heavy metal Black Label Society se apresenta no Curitiba Master Hall. O grupo traz as músicas de seu trabalho mais recente, o álbum “Order to the Black”, lançado em agosto de 2010. Informações: (41) 3315-0808. Toquinho No dia 13, o cantor Toquinho se apresenta no Grande Auditório do Teatro Positivo. Ao longo de sua carreira, Toquinho dividiu o palco com cantoras de diferentes estilos musicais, e, nesse show, o artista compartilha sua voz e seu violão com Verônica Ferriani. Informações: (41) 3315-0808. Mr Catra No dia 17, o cantor de funk Mr Catra se apresenta na Momentai Music Fun. Informações: (41) 33150808.

Maria Rita A cantora Maria Rita realiza única apresentação no dia 19, no Grande Auditório do Teatro Positivo. O show reúne canções dos três discos gravados pela artista (Maria Rita, de 2003, Segundo, de 2005, e Samba Meu, de 2007). Reginaldo Rossi Também no dia 19, o cantor Reginaldo Rossi se apresenta no Adelsom Clube Show. Informações: (41) 3315-0808.

Never Shout Never & Hey Monday No dia 28, as bandas Never Shout Never e Hey Monday se apresentam juntas no Curitiba Master Hall. Never Shout Never, atualmente promove seu álbum “Harmony”, lançado em 2010. Hey Monday lançou este ano o sucesso “Candles”, que é trilha sonora do seriado Glee Informações: (41)33150808. Take 6 Dia 31 o grupo de jazz Take 6 se apresenta no Teatro Positivo. A abertura do evento conta com a apresentação da banda todosUM e do cantor Leonardo Gonçalves. Informações: (41) 3315-0808. Blind Guardian No dia 10 de setembro, a banda de Power metal alemã Blind Guardian se apresenta no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808. Acusticozinho Até 21 de dezembro, Diogo Portugal e o músico Rogério Cordoni se apresentam toda quarta-feira no John Bull Pub. A dupla se apresenta com violão e contrabaixo e, em alguns momentos, guitarra e percussão feita com cajon. No repertório estão canções de todos os ritmos. Informações: (41) 3252-0706 Carnaval de Inverno e 8 anos Aos Democratas O Grupo Aos Democratas comemora oito anos no mês de agosto e apresenta programações especiais para celebrar a data. Até o fechamento da revista, grandes nomes do samba já passaram pela casa, como: Mart’nália, Jorge Aragão, Dudu Nobre e Demônios da Garoa. Programação: 16/08 – Fundo de Quintal 24/08 - Arlindo Cruz 30/08 – Mart’nália 06/09 – Orquestra Democratas Aos Democratas (Matriz): Rua Dr. Pedrosa, 485 - (41) 3024-4496. Ingressos e informações: (41) 3315-0808

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perfil

Pedro Ribeiro

Fotos: Divulgação

Ivan Lelis Bonilha

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Quem conhece o jovem advogado, Ivan Lelis Bonilha, sabe que ele é determinado. Passou em primeiro lugar no concurso do Tribunal de Contas e esteve lotado na Diretoria Jurídica da Casa, da qual foi titular de 11 de janeiro de 1994 a 11 de janeiro de 1996. Também exerceu cargos em comissão de assessor jurídico em vários lugares, entre eles, no Conselho Superior. Quis mais: Foi convidado e aceitou o cargo de procurador-geral do Município de Curitiba na administração de Beto Richa. Se embrenhou na campanha ao Governo do Estado, onde, como advogado, fez todas as defesas do partido, o PSDB, sempre vitorioso. Quando Richa assumiu o governo, Bonilha foi nomeado procurador-geral do Estado e presidente dos Conselhos da Companhia de Saneamento do Paraná – Sanepar e Companhia Paranaense de Energia – Copel, além de conselheiro, também, da Companhia de Habitação do Paraná – Cohapar. Seu colega de faculdade e do Tribunal de Contas, Ivens Linhares, diz que Ivan tem “olhar firme e investigativo, meticuloso observador, reflexivo e perspicaz, dotado de invejável tirocínio e habilidade no debate, mas, ao mesmo tempo, sempre companheiro de conversa fácil e humor refinado, alegre e carismático, não foi por acaso que se sobressaiu na política acadêmica, ocupando sempre posição de destaque perante o nosso querido Centro Acadêmico Hugo Simas. Tornou-se, já naquela época, conselheiro e braço direito de vários presidentes que por lá passaram”. Ivens nos conta que acompanhou o ingresso de Bonilha nos quadros do Tribunal de Contas e seu sucesso na vida acadêmica, com a conclusão do mestrado na PUC de São Paulo e o início da docência. Na advocacia, por sua dedicação, competência e profundo conhecimento jurídico, atraiu a confiança de destacadas autoridades no mundo político e empresarial. Sua habilidade como estrategista e o êxito nas demandas judiciais sempre foram sua assinatura pessoal. Nasceu em Maringá, é casado e tem três filhos. O novo conselheiro do TCE é advogado, formado pela UFPR em 1989. Especialista em Direito Contemporâneo pelo Instituto Brasileiro de Estudos Jurídicos (ligado à Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUC-PR), tem título de mestre em Direito do Estado pela PUC de São Paulo. Bonilha foi conselheiro estadual da seção paranaense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) e membro consultor da Comissão de Assuntos Legislativos do Conselho Federal da OAB. Ex-Procurador Geral do Município de Curitiba, integrou o conselho do Instituto dos Advogados do Paraná e foi vice-presidente do Fórum dos Procuradores gerais das capitais. Nas horas vagas aprecia um bom charuto, cubano de preferência, por aproximadamente 40 a 50 minutos, onde joga conversa fora.


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Confira os impostos que podem ser refinanciados com desconto de até 100% das multas e dos juros ou parcelados em até 30 meses:

• IPTU • IMPOSTO SOBRE SERVIÇO DE QUALQUER NATUREZA • CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA • TAXAS DE COLETA DE LIXO • TAXAS DE LIMPEZA PÚBLICA, CONSERVAÇÃO DE CALÇAMENTO E ILUMINAÇÃO PÚBLICA 80 Documento Reservado / Julho 2011

Atenção: serão renegociados impostos em aberto até 31 de dezembro de 2010. Os descontos de multas e juros dependem do número de parcelas solicitadas pelo contribuinte.

Quitar os impostos significa evitar que seu nome seja incluso no Cadastro da Dívida Pública, podendo acarretar até em ações de penhora. E mais, é uma atitude mais digna com a comunidade que está com os impostos em dia. Aproveite o REFIS 2011 para eliminar suas dívidas tributárias. Lembre-se: os investimentos são na cidade, mas o que melhora mesmo é a vida do cidadão. A vida da sua família.


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