Documento Reservado

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POLÍTICA

ECONOMIA

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 38 - JUNHO/2011 - R$ 15,00 www.documentoreservado.com.br

EDUCAÇÃO

AGRONEGÓCIO

TURISMO

VIRANDO AS COSTAS

O Governo Federal lançou o programa Brasil sem Miséria e a elite patronal fez vistas grossas

SAÚDE

SEGURANÇA

TECNOLOGIA

FORA, POLÍTICOS!

A longa batalha sobre a cobrança de pedágio nas rodovias paranaenses sinaliza com trégua

um porto

Inseguro Desde 2004, o Porto de Paranaguá trabalha sem a cobertura de um seguro contra imprevistos. Se, por exemplo, um vendaval abatesse sobre o Porto e derrubasse um dos guindastes gigantes em cima de um navio que operam para transferir mercadorias para as embarcações, o prejuízo com os estragos seria, obrigatoriamente, custeado pelos cofres públicos. A situação perdura até hoje. São sete anos sem seguro


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editorial expediente Jornalista responsável e editor-chefe Pedro Ribeiro Redação Norma Corrêa, Pedro Ribeiro e Lucian Haro Revisão Nilza Batista Ferreira Comercial Junior Ribas comercial@documentoreservado.com.br

Fotos Shutterstock Ilustrações Davidson Diagramação Alves Martins Impressão Ajir Gráfica Tiragem 10.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 90 g (miolo) Endereço Rua João Negrão, n0. 731 Cond. New York Building - 120. andar sl. 1205 - CEP 80010-200 - Curitiba - PR Telefones (41) 3322-5531 / 3203-5531 E-mail editor@documentoreservado.com.br

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 38 - JUNHO/2011

Risco iminente Se ocorrer um incêndio, hoje, no Porto de Paranaguá, os prejuízos serão arcados exclusivamente pelo Governo do Estado. Recursos, estes, que vem do bolso do cidadão que paga seus impostos. Tudo porque um dos nossos maiores patrimônios marítimos não têm seguro há mais de sete anos. Um atentado ao bom senso dos paranaenses e uma irresponsabilidade da administração pública do Estado. A culpa, em caso de uma tragédia, até dia primeiro de janeiro de 2011, caberia a Roberto Requião, que se negou a promover licitação para contratar empresa especializada em seguros. A partir de então, e até o presente momento, quem deveria agilizar a contratação de seguro é o governador Beto Richa. Caso aconteça, hoje, um desastre no complexo, a responsabilidade é do atual governo. Outro destaque desta edição está voltado à reportagem sobre pobreza no Brasil. Mesmo com o esforço do governo federal, que acaba de lançar um megaprograma de combate à miséria, parece que a sociedade civil, principalmente a elite patronal, não deu grande importância ao fato. Consultamos sociólogos e antropólogos para explicar esse desprezo com os excluídos e a resposta é uma só: não há interesse se não houver, por trás, benefício próprio. Um corta-febre aqui, uma cesta básica ali, outra campanha para amenizar o impacto do frio lá, e nada mais. Essas são a contrapartida da elite que, em troca, pede redução de impostos e subsídios para a geração de seus negócios. Enquanto isso, o pobre continua na rua da amargura, vivendo em condições sub-humanas. Exceção à entidades religiosas e algumas ONGs. Nesta edição, o leitor poderá ver como anda a política em nosso Estado, o que acontece na sociedade e uma vasta agenda cultural, além de outras reportagens comportamentais. Boa leitura.

Pedro Ribeiro

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Foto: Divulgação

índice Depois das medidas e ações de moralização, a mesa diretora da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná parte agora para a modernização da casa. Começa com um projeto de Tecnologia da Informação que mudará todo o hoje arcaico sistema de informática.

O Porto de Paranaguá, um dos maiores patrimônios marítimos do Estado do Paraná, está sem seguro há mais de sete anos. O ex-governador Roberto Requião não autorizou a realização de licitação para contratação de uma empresa especializada em seguros e o complexo corre o risco de um incêndio, a exemplo do que ocorreu com o Porto Seco de Cascavel, que causou prejuízos acima de R$ 4 milhões ao Estado.

sxc.hu

32 Novos tempos

08 A ver navios

44 Coisa de macho

Foto: Leandro Taques

sxc.hu

Tarefa nada fácil para os homens, o barbear tem ficado cada vez mais caro, sem deixar de ser incômodo. Já não bastassem os cuidados na escolha dos produtos adequados para cada tipo de pele, é preciso enfrentar, agora, um novo vilão: o preço das lâminas nos supermercados e farmácias, que parece não parar de subir.

34 Na lista negra 14 Pobres coitados

Foto: Divulgação

48 Festa na roça

38 Degrau em degrau

18 Trégua na estrada

Aos poucos ela vai chegando aonde quer. A curitibana Gleisi Hoffmann (PT), já está no Palácio do Planalto, ao lado da presidenta da República, como ministra da Casa Civil. O próximo passo será conquistar o Governo do Paraná e assumir no Palácio Iguaçu.

A longa batalha sobre o pedágio no Paraná está tomando um novo rumo. O Governo de Beto Richa aposta no diálogo na tentativa de convencer as concessionárias e retomarem todas as obras inclusas no contrato e, ainda, baixar os preços da tarifa. Uma guerra de anos e ainda sem previsão para terminar.

42 Fumacê

sxc.hu

28 Sustenta... o que?

Paranaguá saiu na frente e conta, hoje, com a primeira usina de Biodiesel do País, transformando óleo de cozinha usado em combustível para veículos. A unidade industrial produz até 800 litros de bicombustível que abastecerá toda a frota municipal.

Divulgação

Paulo H. Carvalho/Casa Civil PR

Por que as entidades patronais não participam de programas ou ações sociais que visem erradicar a pobreza no Brasil, deixando apenas nas mãos do governo? Todos sabem que o governo, sozinho, não conseguirá eliminar a miséria e que, para isso, precisa contar com o apoio da sociedade civil. Empresários estão fora. Só participam se tiver contrapartida, com isenção de impostos e subsídios.

Muito se fala em sustentabilidade e pouco se sabe do que se trata. A psicóloga Adriana Bigliardi nos brinda com um artigo sobre o assunto, ou seja, desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.

46 Gordura no tanque

Cresce no Brasil o número de jovens, entre 20 a 30 anos, que estão experimentando, pela primeira vez, o gosto amargo de ter a ficha suja na praça. Ao cederem aos prazeres das compras nos shoppings centers, devido à facilidade do crédito, viram inadimplentes.

De um lado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defendendo a descriminalização dos usuários de maconha. Do outro, o médico psiquiatra, Ronaldo Laranjeiras, contra a regulação do uso da droga por entender que terá um dano perverso na população desassistida.

Quem quiser organizar uma festa na roça, tradicional agora no mês de junho, é só dar um pulinho na Avenida Sete de Setembro, próximo ao Mercado Municipal, em Curitiba, para ver o mundo de fantasias que as lojas oferecem para comemorar o São João, Santo Antonio e São Pedro.

58 Coluna da Gabi

A jornalista Gabriela Gatti trás as novidades dos lançamentos culturais e sociais da nossa cidade e tudo que rola nas baladas e eventos filantrópicos da capital. Vale conferir.

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na Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB) entre as obrigações dos estabelecimentos de ensino “promover ambiente escolar seguro, adotando estratégias de prevenção e combate a práticas de intimidação e agressão recorrentes entre os integrantes da comunidade escolar, conhecidas como bullying”.

O nosso bullyng

Quando moleque, lá em Alto Paraná, o tal do bullyng corria solto no Colégio Estadual Rui Barbosa e no Ginásio Agostinho Stefanello. Era pura provocação. Magricelo, narigudo, toco de amarrar bode, pintor de rodapé, zaroio, vesgo... e assim por diante. E tudo era resolvido ali mesmo, na porrada. Hoje a coisa é bem diferente. Agora o Senado acaba de aprovar projeto que obriga as escolas a prevenirem e combaterem o bullying. A proposta é incluir

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Ponta de sutileza

Até pode ser que antes da publicação desta nota, o morro tenha sido removido. Porém, depois de 60 dias no meio da rodovia, atrapalhando a passagem de veículos. Na rodovia que liga Morretes a Antonina – 14 quilômetros – as chuvas do início do ano provocaram um deslizamento de terras que foi parar bem no meio da pista. E por ali permaneceu por todo esse tempo, até que o governador Beto Richa, ao passar pelo local, viu, não gostou, e deu um pito no irmão Pepe.

Acorda, leitor

O presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, vestiu a camisa do Voto Distrital e desfilou soberbo durante o Congresso Paranaense da Indústria, realizado dia 21 de junho. E saiu de Curitiba Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para a implantação do voto distrital misto. O que se pretende: cobrança direta ao candidato; núcleo da Rede de Participação Política em cada localidade; criação de Câmara Comunitária; criação de Conselhos Municipais de Bairros; e conscientização dos jovens e crianças, e programa de educação política nas escolas.

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Instalado em um dos auditórios da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o simulador de impostos – impostômetro – acabou virando piada entre os que o acessam. O cidadão tecla na tela os produtos para ver quais os percentuais que incidem em impostos e acaba ficando maluco. A cachaça, por exemplo, consome 84% só de impostos. Numa compra de produtos comestíveis que dê um total de R$ 200 pode apostar que R$ 90 são de impostos.

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Assombração

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sintonia fina

Bicho vai pegar

Com a ascensão da petista Gleisi Hoffmann no poder central, acendeu luz amarela no ninho dos tucanos no Paraná. Como a estrela de Gleisi vem brilhando, o grupo ligado ao governador Beto Richa foi despertado a beliscão e agora acha que Gustavo


Pedro Ribeiro

Bullyng de hoje

Dos 345 mil brasileiros que cumprem algum tipo de pena, 17,4% têm menos de 18 anos, distribuídos em 350 unidades de internação. De um total de 60 mil adolescentes que cumprem medidas sócioeducativas, pelo menos 14 mil estão em regime fechado e os demais em regime aberto. São

Volta ao mundo

Quem agora resolveu brigar com a imprensa é o líder do governo na Assembléia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB). Não gostou da pergunta de uma repórter da Band News e foi tirar satisfação, em defesa do chefe. A moça queria apenas saber por que a licitação para a contratação de avião para uso do governo teria que fazer com que a aeronave desse três voltas ao mundo.

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A topada vai ser grande e quem avisa, amigo é, já dizia o dito popular. O governador Beto Richa, bem intencionado, procura atender a todo mundo. Até aí, tudo bem, nada de anormal, pelo contrário. Acontece que tudo o que pedem a Richa e ele determina, tem encontrado barreira na casa Civil, do Democrata Durval Amaral. E o governador já vem se queixando a amigos sobre o comportamento do seu secretário político.

apresentou seis notas fiscais de pedidos de ressarcimento de verba de Veneri que coincidem com doadores de campanha. Não pode.

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Com pé atrás

internados os adolescentes que cometem crimes mais graves como homicídio, latrocínio (roubo seguido de morte) ou assalto à mão armada. Cerca de 70% desses jovens tornamse reincidentes - voltam a praticar crimes quando deixam as unidades de internação.

Patrício ligeiro

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Fruet é o melhor homem do mundo. Para não perdê-lo a um partido de oposição, corre atrás do prejuízo. Não se sabe, ainda, se Inês é morta, mas que o ex-deputado vai fazer charminho e negociar, isso é certo. Podem apostar.

Briga feia

Para que Reinhold Stephanes Junior (PMDB) e Tadeu Veneri (PT) cheguem às vias de fato, só basta um empurrãozinho. Os dois deputados estão em pé de guerra, com acusações mútuas e nem mesmo a turma do deixa disso consegue amenizar o atrito. Stephanes Junior

O presidente da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Mounir Chaowiche, foi empossado, dia cinco de julho, presidente das Companhias de Habitações do Brasil (Cohabs). Sua missão é defender todas as empresas governamentais construtoras de casas populares nas reivindicações de recursos financeiros junto ao Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal. O turco leva jeito para a coisa.

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política

Desde 2004, o Porto de Paranaguá trabalha sem a cobertura de um seguro contra imprevistos. Se, por exemplo, um vendaval abatesse sobre o Porto e derrubasse um dos guindastes gigantes em cima de um navio que operam para transferir mercadorias para as embarcações, o prejuízo com os estragos seria, obrigatoriamente, custeado pelos cofres públicos. A situação perdura até hoje. São sete anos sem seguro

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Um Porto

O

complexo do Porto de Paraná, no litoral paranaense, não possui seguro. Se houver um incêndio ou qualquer catástrofe, os prejuízos serão arcados pelo Governo do Paraná. E não tem seguro porque o ex-governador Roberto Requião não quis, desconsiderando a necessidade da cobertura

de um seguro para o Porto de Paranaguá, em 2004. Ao contrário das regras de mercado para o setor, o agora senador, queria impor o seu preço (R$ 725 mil) pelo patrimônio do Porto não levando em conta a necessária cotação para a licitação à contratação de uma seguradora. Ignorou o perigo e colocou em risco um dos


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Inseguro

maiores portos do País. Igual situação aconteceu no Porto Seco de Cascavel, onde, por não ter homologado uma licitação de seguro, um incêndio nos armazéns gerais causou prejuízos superiores de R$ 4 bilhões aos cofres públicos e o Estado foi obrigado a bancar os estragos no Porto Seco. Ao

não homologar a licitação, Requião assumiu o risco e as consequências do seu ato e, por causa disso, decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE) impôs ao ex-governador a devolução dos recursos ao Tesouro do Estado. Quanto ao Porto de Paranaguá, que está há sete anos sem qualquer garantia do seu pa-

trimônio, agora sob nova direção, aos poucos, quer retomar a condição de competir, de igual para igual, com os principais portos brasileiros, como o de Santos (SP) e Itajaí (SC). O secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, informou que a nova administração dos Portos, já está tratando da licitação para

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PT, especializado em fraudar o resseguro. A empresa contratou com a APPA, em 2004, seguro no valor de R$ 682.000,00”, disse. O deputado tucano, disse à época, que ficou sabendo oficialmente dos “excelentes negócios” feitos pela Interbrazil, com a Copel (a seguradora faturou com a estatal R$ 4.442.432,94 milhões, em 2003 e R$ 3.846.659,70 milhões, em 2004). “Primeiro contratam seguro com uma empresa picareta, depois deixam aquele patrimônio descoberto. É inacreditável”, lamentou Rossoni. Igual indignação manifesta o diretor executivo do Sindicato de Empresas de Seguros Privados, de Resseguros, de Previdência Complementar e de Capitalização nos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul (SindSeg – PR/ MS), Ramiro Fernandes Dias. Ele disse que em seus 37 anos atuando na área de seguros, nunca havia presenciado situação parecida, de um governante ser renitente, abrir mão da responsabilidade e colocar em risco um patrimônio como o Porto de Paranaguá. “O governo anterior (Roberto Requião) considerou que não havia necessidade de um seguro para o Porto. Acreditava que não iria acontecer nada. Tinha certeza que o seguro era desnecessário. Acabou não contratando o seguro e suportando Divulgação

contratar seguro para o Porto de Paranaguá. Richa Filho observa que o Estado deve respeitar o convênio de delegação assinado entre o Governo Federal e o Paraná, quando exige a manutenção de seguro de responsabilidade civil de seus bens patrimoniais. De acordo com a assessoria de imprensa da APPA, o assunto ‘seguro’ está sendo tratado como prioritário pela superintendência e, por isso, técnicos estão concluindo o trabalho de levantamento do patrimônio do Porto para depois fazer a cotação e, finalmente, por pregão eletrônico, contratar operadora de seguro. A contratação de seguro é um dos problemas que o atual superintendente da APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), Airton Maron, está desembaraçando. Contudo, pelo rastilho de desinteresse e abandono encontrado no Porto, ele ainda vai ter muito trabalho para reverter o quadro instalado, de descaso, incompetência ou má fé, como diria o deputado Valdir Rossoni (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa do Paraná. Rossoni, quando ocupava a liderança da oposição na Casa, em 2005, já alertava para o fato da ausência de seguro no Porto de Paranaguá. Ele dizia que o maior porto do Sul do País, podia perder sua importância em função da má administração. Na época, Rossoni colocou em dúvida a seriedade da concorrência pública para a contratação de uma seguradora para cobrir o Porto. “O superintendente da APPA, Eduardo Requião, insiste em impor o valor do prêmio do seguro de, no máximo, R$ 725 mil. Esse valor foi aceito pela Interbrazil – que não cobria coisa alguma - mas não conseguiu atrair uma única seguradora séria”, denunciou Rossoni em outubro de 2005, ao denunciar um possível “esquema” para a contratação de seguro. “A Interbrazil é a seguradora liquidada pela Susep – Superintendência de Seguros Privados –, formada por um grupo ligado ao

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política

o risco. Felizmente nada aconteceu, por pura sorte. Caso contrário, o prejuízo seria incalculável”, diz. Segundo ele, o Governo foi, até, incoerente, uma vez que para trabalhar no Porto, os operadores, as empresas, eram obrigados a contratar seguro para suas mercadorias, enquanto que o Estado dava as costas para esta necessidade. Na verdade, conforme Dias, a ausência de seguro para cobrir o patrimônio não se deu somente por causa da implicância dos irmãos Requião – Eduardo Requião era, na época, superintendente da APPA – com o valor do contrato. “Acontece que o Porto de Paranaguá também foi negligenciado com a manutenção e já não tinha o mesmo desempenho anterior. Um exemplo triste foi a falta de dragagem (ficou 6 anos sem o serviço) do seu berço de atracação, o que impedia o ingresso de grandes navios. Algumas empresas resistiam a segurar o Porto em razão do risco evidente no local, pela completa ausência de manutenção”, conta, lembrando que o Porto possui terminais de combustíveis e está sujeito a desastres de toda a natureza. Ramiro Dias disse ainda que “atormenta” pensar que o patrimônio cedido pela União ao Paraná, e que tem potencial inimaginável para trabalhar com importação e exportação, traduzindo em incremento da economia paranaense, seja tratado com descaso. “Com certeza, a falta de visão futura pode ter sido responsável pelo Porto ter perdido inúmeras operações Ex-superintendente dos Portos de Paranaguá e Antonina aparece como um dos responsáveis pela negligência com seguro, meio ambiente e até como suspeito de desvio de dinheiro


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A compra da draga, que quase foi oficializada pelo Governo do Paraná, conforme a PF, serviria para desvio de dinheiro da APPA

ainda, 11 ressalvas (problemas de caráter formal, que envolvem vícios de competência e não implicam dano ao erário). Cópia da decisão com as respectivas análises das irregularidades já foi encaminhada ao Ministério Público do Paraná, ao Ministério Público Federal, ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e Conselho Regional de Contabilidade. Ainda cabe recurso da decisão.

de carga e descarga, por falta de segurança”, lamenta, acrescentando que, além do prejuízo que o Porto de Paranaguá ficou exposto por falta de seguro, o ex-governador e o Eduardo, na opinião de Dias, não tinham a consciência do grande risco que colocaram, também, o erário público, uma vez que, se houvesse um acidente natural (ventanias, chuvas, enchentes) de proporções, o Estado teria que arcar com os custos. Segundo ele, todo patrimônio tem seu valor. “Além de bem administrado, precisa estar bem protegido. Mas, o ex-governador preferiu dar de ombros e não quis garantir a segurança aos riscos de uma propriedade que lhe foi delegada, contra os diversos tipos de danos ao patrimônio”, completou.

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Tribunal de Contas Embora ninguém saiba dizer com exatidão qual seria o prejuízo com a atitude intransigente de Requião, o certo é que o rombo nos cofres públicos poderia ser bem maior daquele calculado pelo levantamento feito pela Secretaria de Controle Interno, que apurou um buraco de R$ 4,5 bilhões. Os ex-administradores da APPA, Eduardo Requião e Daniel Lúcio de Oliveira, ainda vão ter muitas explicações a dar e a Justiça está se encarregando disso. No Tribunal de Contas do Estado, as contas da APPA, referente ao exercício de 2004, foram reprovadas em sessão plenária do dia 09 de junho. O relator da proposta de voto, auditor Ivens Linhares, apontou cinco irregularidades ‘graves’ na gestão do administrador da autarquia, Eduardo Requião, que terá que devolver R$ 11,3 milhões aos cofres públicos. Além das irregularidades, o relatório aponta,

Operação Dallas Quando a Polícia Federal (PF) deflagrou, em janeiro deste ano a Operação Dallas, depois de mais de dois anos de investigação, veio à tona o tamanho do problema que se instalou em Paranaguá. Em apenas um dia, a PF prendeu 8 pessoas, entre elas, o sucessor de Eduardo Requião, Daniel Lúcio de Oliveira, e cumpriu 29 mandados de busca e apreensão, inclusive na casa de Eduardo. De acordo com as investigações, a compra de uma draga pelo Porto de Paranaguá, em 2009, por cerca de US$ 45,6 milhões, foi utilizada para o desvio de US$ 5 milhões que, segundo a polícia, o dinheiro foi usado em campanhas eleitorais no Paraná. A polícia acredita que os desvios eram entre R$ 3,5 milhões e R$ 8,5 milhões. Daniel Lúcio de Oliveira é suspeito de ter recebido indevidamente R$ 640 mil e um apartamento. Os oito são acusados de formação de quadrilha, fraude em licitação, estelionato, corrupção ativa e passiva, desvio de dinheiro público e superfaturamento. Segundo a PF, Eduardo Requião e um empresário segundo suplente do senador

Roberto Requião, estariam envolvidos, junto com Daniel Lúcio, no esquema de fraude na concorrência pública para a compra da draga. O delegado da PF em Paranaguá, Jorge Luiz Fayad Nazário, disse que a fraude na compra da draga foi descoberta quando investigava, em dezembro de 2009, o desvio de grãos no Porto. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça levaram os investigadores a indícios de outros crimes. Além de participar da possível fraude na licitação da draga, Daniel Lúcio de Oliveira estaria por trás de outras duas fraudes: o favorecimento da em¬¬presa Petroil para prestar serviços de limpeza de silos no Porto e a contratação de empresas ligadas a ele para prestar serviços de estudos ambientais à APPA. Depois de responsáveis pelo Porto assinarem um Termo de Ajustamento de Conduta com o Ibama, a APPA contratou três empresas para fazer estudos de adequação às normas am¬¬bientais: Fundação Terra, Aqua¬¬plan e Eco¬¬porte. Conforme a PF, elas seriam administradas por “laranjas”, e pertenciam a Daniel Lúcio. A contratação das empresas teria sido intermediada por José Maria Veiga, ex-funcionário da APPA, que também foi preso, e uma advogada que chefiava a área am¬¬biental do Porto, que foi detida, mas não teve o nome divulgado. Segundo a PF, recursos eram desviados a partir da contratação das empresas. Em um dos casos, a APPA pa¬¬gou R$ 270 mil por um estudo, mas somente R$ 30 mil foram gastos com o trabalho. “Houve um pagamento de propina de R$ 440 mil, utilizados na compra de um veleiro, e um empréstimo de R$ 130 mil”, disse o delegado. E, segundo a polícia, o veleiro é da filha de Daniel Lúcio e que o empréstimo beneficiou a mulher dele.

Daniel Lúcio de Oliveira, sucessor de Eduardo Requião na superintendência da APPA, é acusado de inúmeras irregularidades no Porto de Paranaguá

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política

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Sistema Portuário Nacional Enquanto governador, Roberto Requião imprimiu seu agressivo e preferiu arriscar a segurança do Porto que pagar mais pela cobertura de uma seguradora

Problemas ambientais Antes da Operação Dallas, porém, as atividades dos Portos de Paranaguá e de Antonina tiveram as atividades paralisadas, por causa de um embargo às operações de embarque e desembarque, por determinação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), em julho do ano passado. A administração deixou de lado as licenças ambientais para as atividades do Porto. A paralisação durou 10 horas, mas foi tempo suficiente para acarretar prejuízos diários de R$ 91,7 milhões (US$ 52 milhões). O embargo aconteceu pela falta da licença (Estudo de Impacto Ambiental), o que caracteriza funcionamento dos terminais em desacordo com a legislação ambiental brasileira. O Ibama considera que, pelo tamanho do empreendimento, existem riscos ambientais muito grandes em todas as operações e, por isso, exigiu à época, um plano de contingência de emergências para o Porto. A multa definida pelo Ibama, que comprova operações feitas em Paranaguá e Antonina, sem licença ambiental, é de R$ 4,8 milhões. A suspensão das operações da faixa portuária afetou 13 navios que estavam atracados, além dos 45 navios que estavam na fila para atracar e outros 26 previstos para chegar no dia seguinte.

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Foi um caos. A movimentação média anual do Porto é de 30 milhões de toneladas e, em 2009, a receita cambial (exportações) ultrapassou os R$ 21,1 bilhões (US$ 12 bilhões). De acordo com o superintendente do Ibama no Paraná, Hélio Sidol, o processo de licenciamento dos portos começou em 2003. CPI na AL A Assembleia Legislativa do Paraná investiga denúncias de corrupção no Porto de Paranaguá, um dos maiores do país. Uma CPI foi instalada nesta segunda-feira para apurar fraudes e desvios de carga durante o governo de Roberto Requião. O objetivo principal da comissão é saber para onde estão indo os recursos públicos destinados ao Porto de Paranaguá. Com as denúncias de fraudes e desvios, o Porto estaria cheio de dívidas. As administrações de Eduardo Requião e Daniel Lúcio deverão ser vasculhadas pelos membros da CPI, conforme assegurou o presidente, deputado Douglas Fabrício (PPS). A reportagem do Documento Reservado procurou o Ministério de Portos (Secretaria Especial dos Portos) mas, não obteve retorno sobre os nossos questionamentos: Se o Ministério sabia da ausência de seguro no porto de Paranaguá? Se sabia, quais as providências que tomou? E, se não, faltou fiscalização?

Com uma costa de 8,5 mil quilômetros navegáveis, o Brasil possui um setor portuário que movimenta cerca de 700 milhões de toneladas, por ano, das mais diversas mercadorias e responde, sozinho, por mais de 90% das exportações. O modal aquaviário possui um dos menores custos para o transporte de cargas no Brasil, perdendo apenas para o transporte dutoviário e aéreo, de acordo com estudos feitos pela Coppead (Instituto de Pesquisa e Pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ). O sistema portuário brasileiro é composto por 37 portos públicos, entre marítimos e fluviais. Desse total, 18 são delegados (caso do Paraná), concedidos ou tem sua operação autorizada à administração por parte dos governos estaduais e municipais. Os outros 19 marítimos são administrados diretamente pelas Companhias Docas, sociedades de economia mista, que tem como acionista majoritário o Governo Federal e, portanto, estão diretamente vinculadas à Secretaria Especial dos Portos. Existem ainda 42 terminais de uso privativo e três complexos portuários que operam sob concessão à iniciativa privada. Os portos fluviais e lacustres são de competência do Ministério dos Transportes. Porto de Itajaí Constituído pelo Porto Público de Itajaí e demais terminais portuários instalados nas margens direita e esquerda da Foz do Rio Itajaí, instalações de apoio logístico em operações nas cidades de Itajaí e Navegantes,


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O Porto de Itajaí encerrou 2010 com uma movimentação de 954,38 mil TEU’s (Twenty-foot Equivalent Unit – unidade internacional equivalente a um contêiner de 20 pés)

Porto de Santos O marco oficial da inauguração do Porto de Santos é 2 de fevereiro de 1892, quando a então Companhia Docas de Santos (CDS), entregou à

Porto de Paranaguá A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) é uma autarquia pública, criada pelo Governo do Paraná, em 1947. Hoje, a autarquia é responsável por gerir os portos paranaenses por meio do Convênio de Delegação nº. 037/2001, firmado no dia 11 de dezembro de 2001, entre o Paraná e a União, com validade de 25 anos, até 1º de janeiro de 2027, com possibilidade de prorrogação. Hoje, a Appa emprega cerca de 700 pessoas. Outros cerca de quatro mil Trabalhadores Portuários Avulsos (TPAs), ligados a sete sindicatos de classe, também trabalham nos portos paranaenses. Considerado o maior porto graneleiro da América Latina, começou sua história no antigo atracadouro de Paranaguá, em 1872, com a administração de particulares. Em 1917, o Governo do Paraná passou a administrar

o Porto de Paranaguá que recebeu melhorias que possibilitaram sua ascensão a maior Porto sul-brasileiro. Em 11 de julho de 1947 foi criada a Autarquia Estadual que levou o nome de Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). Hoje, o Porto de Paranaguá é um dos mais importantes centros de comércio marítimo do mundo, unindo localização estratégia a uma das melhores Infra-estruturas portuárias da América Latina. Entre as principais cargas movimentadas em Paranaguá estão: soja, farelo, milho, sal, açúcar, fertilizantes, contêineres, congelados, derivados de petróleo, álcool e veículos.

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o Complexo Portuário do Itajaí é hoje a principal opção para os exportadores e importadores que operam em Santa Catarina e um dos principais complexos do Brasil. A Autoridade Portuária é delegada ao município pelo convênio 08/97 [entre município e União] e exercida pela Superintendência do Porto de Itajaí. O complexo portuário, nos últimos anos, vem apresentando um crescimento surpreendente, e alguns afirmam que essa expansão se deve ao descaso com o Porto de Paranaguá, durante 8 longos anos. Os dados de 2004 dão conta que, pelo Porto, foram movimentadas 5,7 milhões de toneladas. O Complexo Portuário do Itajaí encerrou 2010 com uma movimentação de 954,38 mil TEU’s (Twenty-foot Equivalent Unit – unidade internacional equivalente a um contêiner de 20 pés). O volume operado superou em 154,38 mil TEU’s a meta fixada no decorrer do ano, de 800 mil TEU’s. O resultado representou um avanço de 61% em relação a 2009. Com relação ao número de escalas, no ano, o Complexo registrou 1,25 mil atracações, ante 1,02 mil atracações em 2009 e mil atracações em 2008.

navegação mundial os primeiros 260 m de cais, na área, até hoje denominada, de Valongo. Por mais de três séculos e meio, o Porto de Santos, embora tivesse crescido, manteve-se em padrões estáveis, com o mínimo de mecanização e muita exigência de trabalho físico. Atualmente, o Porto de Santos, movimenta, por ano, mais de 60 milhões de toneladas de cargas diversas, número inimaginável em 1892, quando operou 125 mil toneladas. Com 12 km de cais, entre as duas margens do estuário de Santos, o porto entrou em nova fase de exploração, consequência da Lei 8.630/93, com arrendamento de áreas e instalações à iniciativa privada, mediante licitações públicas. O primeiro trimestre deste ano o Porto bateu recorde em movimentação, com mais de 20 milhões de toneladas. O Porto de Santos é um porto de negócios, representando 55% do PIB do Brasil, influindo sobre os estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, e países do Mercosul. Por suas instalações passam 49% da produção nacional e a sua área de negócios concentra a maior parte da produção agrícola de exportação e os mais importantes pólos industriais brasileiros e serve a uma área que concentra quase metade (45%) dos consumidores brasileiros.

A movimentação de mercadorias pelos Portos de Paranaguá e Antonina cresceu 10% nos cinco primeiros meses de 2011, fechando em 16,2 milhões de toneladas movimentadas

Novos Projetos A nova administração dos Portos de Paranaguá e Antonina tem delineado os principais projetos da Appa 2011/2014, como a reestruturação do corredor de exportação –Construção de um sistema de píers para a atracação de quatro navios; corredor de exportação de graneis sólidos oeste; ampliação do cais de infláveis com dois berços; novo berço e pátio para terminal de contêineres; novo berço para PCC e navios de passageiros com terminal; revitalização dos acessos ao Porto de Paranaguá; derrocagens submarinas, para retirada de formações rochosas localizadas na transição do canal de acesso e a bacia de evolução; substituição dos quatro armazéns horizontais, de carga geral, do corredor de exportação; e ampliação para cerca de 250 mil metros quadrados do pátio de triagem, para abrigar mais mil caminhões.

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comportamento

Enquanto o Governo Federal lança um megaprograma para erradicar a miséria no Brasil, as elites fazem vistas grossas e dão as costas à pobreza, como se o problema não fosse delas, ou, não tem nada com isso 14 Documento Reservado / Junho 2011

Foto: Leandro Taques

Quando a elite patronal

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Pedro Ribeiro

vira as costas à

REZA A

o lançar o programa Brasil sem Miséria, que absorverá investimentos anuais de R$ 20 bilhões para atender, até 2014, perto de 800 famílias, retirando da pobreza absoluta, 16,2 milhões de brasileiros, o Governo Federal deu mais um importante e decisivo passo para dar qualidade de vida á todos, sem discriminação. Um megaprograma que trabalhará com três diretrizes: transferência de renda, acesso a serviços públicos e inclusão produtiva. Prevê o aumento de três para cinco do limite de benefícios de famílias com filhos que integram o Bolsa Família, com a inclusão de 1,3 milhão de crianças e adolescentes no programa de transferência de renda. O valor do benefício por filho a famílias de baixa renda é de R$ 36. O Brasil sem Miséria prevê ainda uma ação de localização de possíveis beneficiários do Bolsa Família que não estejam cadastrados. A estimativa do Governo é que 800 mil pessoas atendam as exigências para receber a renda mensal e capacitação de 1,7 milhão de pessoas A miséria campeia e as elites cruzam os braços, ignorando que o excluído mora ao seu lado

entre 18 e 65 anos até 2015, por meio de programas de acesso a escolas técnicas, trabalhos de reciclagem, entre outros.“Vamos fazer o que chamamos de busca ativa, que é o seguinte: em vez de as pessoas correrem atrás do Estado para serem atendidas, o Estado vai correr até elas”, disse a presidente Dilma Rousseff, explicando que a partir de agora, profissionais vão localizar e cadastrar em programas sociais pessoas que sobrevivam com renda mensal de R$ 70. Sim, um grande programa social. O que chama a atenção é o fato de a própria mídia não ter dado grande importância ao seu conteúdo e as entidades classistas – elites - sequer colocaram na pauta de discussão do seu dia-a-dia. Afirmar que os empresários, enquanto lideranças, ignoraram o Brasil sem Miséria seria leviano, mas sustentar que deram a mínima é ponto passivo. Diante da grande discussão nacional, de que não adianta apenas o Governo Federal ou os governos, de uma forma geral, fazerem sua parte, sem a contrapartida da sociedade civil organizada nas causas sociais do Brasil, ficou evidente a miopia com as costas viradas para a pobreza. Como explicar tal comportamento? Documento Reservado procurou, primeiro, perguntar às lideranças das entidades de classe do Paraná, qual a avaliação sobre o programa Brasil sem Miséria. Simplesmente não houve respostas, como se nada de importante, no dia 02 de junho de 2011, foi feito para acabar com a pobreza extrema no País. Interdependência Para a professora e socióloga Elisa Pereira Reis, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, “as elites nos países menos desen-

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Políticas sociais Elisa Reis retoma o assunto e diz que mesmo quando as elites reconhecem que investimentos sociais podem ter efeitos benéficos ao mercado, não parecem conectar tais benefícios a seus interesses imediatos. Assim, por exemplo, embora as elites brasileiras mencionem com freqüência que mais José Guilherme Magnani: Governo sozinho não acabará saúde e educação com a miséria no País

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à persuasão e ou à coerção que é preciso contar para alterar resultados de mercado que nos pareçam inaceitáveis por razões éticas ou pragmáticas. Parece ser possível concluir também que se identificarmos as motivações das elites será mais fácil assegurar sua adesão. Se pudermos identificar que argumentos sensibilizam os interesses desses atores teremos expandido nosso conhecimento de forma a precisar melhor que tipo de incentivos seletivos podem ser administrados para fomentar a cooperação ou pelo menos a aquiescência das elites”. O sociólogo Dimas Floriani, professor da Universidade Federal do Paraná, observa que, “retoricamente, as elites econômicas brasileiras possuem um discurso liberal, isto é anti-estatizante. Na prática, a Dimas Floriani: relação entre Estado e em- Retoricamente, as elites econômicas brasileiras presários é clientelística e possuem um discurso libepatrimonialista, quando ral, isto é anti-estatizante Rodrigo Juste Duarte

melhoraria a qualidade do trabalhador e com isso poderia beneficiar tanto o empresário como os consumidores, esse argumento genérico não parece repercutir sobre os interesses particulares das elites econômicas. Ou melhor, elas não reconhecem diretamente a pertinência de cooperar nessas tarefas. Pode-se argumentar, certadamente, que a visão das elites sobre como enfrentar os problemas decorrentes da pobreza e da desigualdade é afetada por sua percepção da capacidade do poder público para levar à frente políticas sociais. A doutora em sociologia ressalta que a maneira como as elites representam a pobreza e a desigualdade tem conseqüências tangíveis sobre as formas concretas como as sociedades respondem a esses problemas. Segundo ela, “resta-nos concluir que seja tão difícil arregimentar apoio para implementar políticas de combate à pobreza e à desigualdade, é ainda com o recurso Divulgação

volvidos hoje parecem ter uma percepção dos problemas sociais que as circundam bastante diferente daquela típica das elites européias, que optaram por investir em soluções coletivas para combater a pobreza. Isto é, essas elites não parecem reconhecer a interdependência existente entre elas próprias e os setores pobres da população, nem tampouco parecem absolutamente convencidas da necessidade de coletivização das soluções sociais. Quando atribuem ao poder público a responsabilidade de solucionar problemas, fazem-no, com freqüência, como uma maneira de se eximirem de obrigações sociais. Por outra parte, quando chamam a si a tarefa de buscar soluções, essas são pensadas quase sempre como soluções individuais, excludentes. Assim, por exemplo, na questão da segurança: o recurso ao policiamento privado é uma clara indicação nesse sentido”. O professor de Antropologia da Universidade de São Paulo, José Guilherme Magnani, observa que a classe patronal no Brasil não tem tradição, não tem agenda, para dar respostas a um trabalho social de longo alcance. Tudo tem que ser em troca. No caso, isenção de impostos ou algum benefício para ter a contrapartida. Todos sabem que o Governo, sozinho, não conseguirá erradicar a miséria se não tiver a participação de toda a sociedade, um esforço coletivo. Nos Estados Unidos, grandes empresas participam com apoio às universidades para projetos políticos, enquanto que no Brasil, pouca coisa também se fez neste sentido.

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comportamento


Pedro Ribeiro

Números do Brasil sem Miséria

-Retirar 16,2 milhões da extrema pobreza -Renda familiar de até R$ 70 por pessoa -59% do público alvo está no Nordeste, 40% tem até 14 anos e 47% vivem na área rural -Qualificar 1,7 milhão de pessoas entre 18 e 65 anos -Capacitar e fortalecer a participação na coletiva seletiva de 60 mil catadores até 2014 -Viabilizar a infraestrutura para 280 mil catadores e incrementar cem redes de comercialização -Aumentar em quatro vezes, elevando para 255 mil, o número de agricultores familiares, em situação de extrema pobreza, atendidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) -Equipe de 11 técnicos para cada mil famílias de agricultores

se refere a defender ou pleitear seus interesses econômicos. Historicamente, o patronato no Brasil é escasso em apostar em políticas públicas com uma agenda redistributiva. A mídia hegemônica no Brasil endossa a ideologia desse patronato em matéria de crítica ao Estado com governo redistributivista, considerando-o demagógico e eleitoreiro. Preferem (mídia e patronato) repetir o bordão de que é melhor ensinar a pescar do que dar o peixe. “Mas, historicamente, o patronato e os governos que os representam jamais ensinaram a pescar e nem deram o peixe”. Grande parte das “ações sociais” desenvolvidas pelas classes patronais no Brasil é pontual. Limita-se a doações de cobertores no inverno.

Rodrigo da Rocha Loures: Empresários estão sempre presentes nas questões sociais

Nós Podemos O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Rodrigo da Rocha Loures, não concorda quando se afirma que os empresários não participam de programas sociais. Pelo contrário, sustenta, citando o movimento “Nós Podemos Paraná”, que colabora para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento (ODM) no Brasil. Segundo o industrial, O Movimento Nós Podemos Paraná, criado em 2006, sob articulação do Sistema Fiep, é reconhecido pela ONU como iniciativa mais bem sucedida do Brasil e do mundo para o alcance dos Objetivos do Milênio. Rogerio Theodorovy

Mundo distante Na opinião da Pastoral da Terra do Paraná, com sede em Curitiba, “as grandes empresas hoje no Brasil não tem o interesse em erradicar a pobreza, até mesmo em benefício próprio. O certo seria a efetivação de uma parceria entre o governo e grandes empreendedores para, juntos, realizarem projetos sociais que busquem o bem-estar do grande número de brasileiros excluídos. Como isso está longe de se realizar e a única forma dessas elites participarem de programas sociais estaria na contrapartida do Estado, com a redução de impostos e outros benefícios, como se isso fosse um aliado contra a pobreza, resta apenas a esperança da consciência”. A participação mais ativa nessa causa social

fica por conta mesmo do próprio governo e das Organizações não Governamentais, entidades solidárias que se mobilizam na tentativa de contribuir com essa cruzada que só será vitoriosa se houver a participação de todos, inclusive da sociedade civil organizada.

-Fomento semestral de R$ 2,4 mil por família, durante dois anos, para apoiar a produção e a comercialização excedente dos alimentos -253 mil famílias receberão sementes e insumos -600 mil famílias terão cisternas para produção -257 mil receberão energia elétrica -Construir cisternas para 750 mil famílias nos próximos dois anos e meio -Implantação de sistemas complementares e coletivos de abastecimento para 272 mil famílias -Bolsa Verde: R$ 300 para preservação ambiental -Bolsa Família incluirá 800 mil -Mais 1,3 milhão de crianças e adolescentes incluídos no Bolsa Família

Das oito metas avaliadas, sete já foram alcançadas pelo Estado, antes do prazo da ONU. Apenas a meta de redução da mortalidade materna, que necessita de esforço maior”, disse Rocha Loures. O Nós Podemos Paraná atua para mobilizar e articular a sociedade em torno de projetos que contribuam para o desenvolvimento local e o alcance dos ODM no Estado. “Os trabalhos têm a participação de mais de 100 mil voluntários, em núcleos instalados nos municípios do Paraná”. Rocha Loures explica que um dos diferenciais da iniciativa paranaense é a análise monitoramento e acompanhamento dos indicadores dos Objetivos do Milênio. “Para isso, contamos com a contribuição do Observatório de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), do Sistema Fiep, que acompanha a situação de cada um dos ODM nos 5.564 municípios brasileiros”. Os dados estão disponíveis no Portal ODM, uma ferramenta de acompanhamento municipal dos ODM que pode ser útil tanto para a iniciativa privada, no momento em que ela for planejar suas ações de desenvolvimento e de responsabilidade social, quanto para a iniciativa pública. Para o líder empresarial, existem fatores enraizados que fogem até mesmo das ações governamentais. “Nós, empresários, estamos sempre atentos às questões sociais e buscamos formas de contribuir, com a formação de técnicos, projetos na área do meio ambiente, nas escolas e principalmente no desenvolvimento de atividades que gerem emprego e renda nos municípios paranaenses”.

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política

Foto: Divulgação

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Norma Corrêa

Não é de hoje que a questão do pedágio é emblemática, colocando em xeque as tentativas de reduzir as tarifas. O Fórum Contra o Pedágio desconfia da retomada das negociações entre Governo e concessionárias e propõe redução de 50% no preço das tarifas nas praças de pedágio, por 180 dias, até que se faça uma auditoria; mobilização para que entidades representativas da sociedade e imprensa possam acompanhar as negociações. 19 Documento Reservado / Junho 2011


política

D Foto: Everson Bressan/SECS

Acir Mezzadri, coordenador do Fórum Nacional Contra Pedágio questiona intenção da trégua proposta pelo Governo às concessionárias

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ecepcionados, talvez, com a promessa de campanha eleitoral não cumprida pelo ex-governador Roberto Requião (PMDB), que batia no peito e garantia que: ou o “pedágio abaixa ou acaba”, os paranaenses ficaram oito anos falando pouco ou quase nada sobre o assunto. De repente, o tema volta forte e cada vez mais com doses maciças de veneno em pronunciamentos ácidos propondo

solução para o intrincado assunto “pedágio”. Agora, dia após dia, a matéria se renova com ingredientes apimentados, que pipocam aqui e ali, muitas vezes confundindo o que já era mal explicado. Olhando o assunto com lupa, integrantes do Fórum Nacional Contra o Pedágio, que congrega mais de 150 entidades representativas da sociedade paranaense, iniciou um movimento para “impedir novas negociações temerárias ao Paraná, envolven-

do o Governo e as pedageiras”, conforme fez questão de salientar o coordenador do Fórum, Acir Mezzadri. Ele contou que o grupo que compõe a entidade estranhou a “trégua” de 180 dias das 140 ações que o Governo do Estado tem contra as concessionárias de rodovias no Paraná, anunciadas em maio. “Brigas na Justiça não levam a nada, ganha-se numa instância, perde-se na outra, e quem perde é a população”, justificou o secretário de Infraestrutura e Logística do Estado, José Richa Filho, tentando explicar os motivos para “amenizar” a situação, e assegurar que, na verdade, o objetivo é a solução definitiva para o impasse. Porém, membros do Fórum duvidam das intenções do secretário, e querem participar das negociações, lado a lado, entre empresas e Governo. “È difícil acreditar, porque tentamos várias vezes alertar sobre a nulidade dos contratos que deram origem ao pedágio no Paraná, não só o secretário, mas também vários órgãos públicos, como o Ministério Público, Procuradoria geral do Estado, Procuradoria geral da República, Tribunal de Contas da União, entre outros. Mas, se fizeram de surdos, a exceção do Tribunal de Contas do Estado se prontificou a fazer auditoria e acompanhar esse processo”, lamenta o advogado da entidade, Simon de Quadros, ao adiantar que o Fórum está exigindo é que seja respeitado o contrato original, aquele assinado antes do termo aditivo, de 1998, que previa a redução de 50% nas tarifas, feito às vésperas das eleições. A nulidade contratual, conforme Quadros, aconteceu em razão de, tão logo o ex-governador Jaime Lerner assinou o tal termo aditivo, cortando pela metade os valores das tarifas – inclusive, desobrigando as


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Foto: Nani Gois/Alep

concessionárias de alguns encargos (obras) –, as empresas recorreram contra a medida, mas abandonaram os recursos assim que foram chamadas para um acordo. Segundo o advogado, não há nenhuma liminar, nem sentença que favoreça as concessionárias. “Sendo nula a ação em que as concessionárias pediam que o termo aditivo fosse anulado, quer dizer que a medida que restaurou os preços também se tornou sem efeito”, disse. O advogado lembra que, em maio do ano passado, há exatamente um ano, o Fórum propôs uma “notícia-crime”, no Ministério Público Federal (MPF), denunciando a prática de possíveis infrações penais cometidas pelos ex-governadores, Jaime Lerner, Roberto Requião e Orlando Pessuti, além de todos os representantes legais das concessionárias. Ele estão sendo acusado de apropriação indébita (art. 168 Cód. Penal), estelionato e outras fraudes (art. 171 CP), fraude de caráter competitivo de licitação (art. 90, Lei 8.666-93), favorecer ilegalmente adjudicatário vencedor em licitação (art. 92 Lei Licitações), ganhos ilícitos em detrimento do povo ou número indeterminado de pessoas (art. 2º, IX Lei 1.521-51-Lei de Economia Popular), participar de ajuste para aumento arbitrário dos lucros (art. 3º, III, mesma lei), e crime contra a ordem tributária, acordo visando monopólio e eliminar a concorrência e elevar, sem justa causa, o preço de serviço, valendo-se de posição dominante no mercado (Lei Federal 8.137-90, art. 4, III. “Esta notícia-crime deu origem a vários procedimentos investigatórios na esfera cível e penal. O TCU vai investigar os contratos de concessão das rodovias federais pedagiadas no Paraná, agora fundamentado em requerimento apresentado pela senadora Gleisi Hoffmann.

No TCE, por unanimidade, foi aprovada a instauração de processo administrativo para apurar o valor excessivo da cobrança dos pedágios, além da falta de cumprimento das obrigações contratuais, conforme voto do conselheiro Nestor Baptista. Na Ouvidoria do Estado, também investiga essa questão. O MPF já está investigando as questões já mencionadas, por meio do procurador da República, Elton Venturi”, conta Quadros. “Por isso, quando não fomos levados em consideração, sobre o que existe de concreto, somos forçados a duvidar das intenções dessa trégua na Justiça. Se querem resolver o problema definitivamente, que olhem principalmente para o lado do cidadão comum, daquele que não tem a quem recorrer quando paga impostos absurdos e é obrigado a pagar por produtos e serviços com a “taxa do pedágio” embutido nos preços fornecidos, mesmo que não use as rodovias”, reage Mezzadri, ao questionar: “porque, então, o secretário não propõe uma trégua que beneficie o usuário?”. “Ele poderia, por exemplo, propor uma trégua de 180 dias no pagamento das tarifas, até que se faça uma completa auditoria nos números apresentados pelas empresas? E, porque não, obrigá-las a cumprir 100% do contrato firmado, no quesito obras, que deixaram de ser feitas por causa do termo aditivo. O que era para ser

Acir Mezzadri, coordenador do Fórum Nacional Contra Pedágio questiona intenção da trégua proposta pelo Governo às concessionárias

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política

uma parceria “público-privada”, passou a ser uma parceria “privada-pública”, prevalecendo escandalosamente o interesse privado sobre o público”, provoca. De acordo com Germinal Pocá, arquiteto e membro do Fórum, essa questão de desobrigação de realizar obras, fez com que as empresas deixassem de fazer obras essenciais nos 2,5 mil quilômetros de rodovias do anel de integração, como duplicações, desapropriações para novas obras, curvas de segurança, construção de rodovias marginais, correções geométricas,

terceiras faixas, entre outras ações em que o paranaense foi privado desses serviços e condenado a uma poupança compulsória. “O mais grave é que, ao longo de todos esses anos (entre 2000 e 2011), as empresas já faturaram cerca de R$ 15 bilhões em receita líquida. Ao excluir os principais investimentos previstos nos contratos originais, podemos concluir que, entre o decretado e o aditivo, de março de 2000 até hoje, 50% das receitas dos últimos dez anos não tiveram os efeitos positivos sobre a economia paranaense. As obras inicialmente

previstas não foram realizadas e as receitas estão em poder das concessionárias. Ao verificarmos que a receita anual de todos os contratos aponta um montante de aproximadamente R$ 1,2 bilhão por ano, o dito fundo, representa hoje algo em torno de R$ 6 bilhões, sem a devida contrapartida à economia do Paraná. Este volume de poupança compulsória paranaense, que sangrou as atividades produtivas, não se traduziu, infelizmente, em melhorias da infraestrutura, deixando de contribuir para o desenvolvimento, como esperado. Estes

Pedágio na Assembleia Legislativa

Foto: Nani Gois/Alep

Deputado César Silvestri Filho também cobra solução para o impasse do pedágio no Paraná

está cobrando uma solução para o impasse do pedágio. “Caso as negociações entre as concessionárias e o Governo do Estado se concretizem, que sejam priorizadas as obras de duplicação nas rodovias, principalmente o trecho que liga a localidade de Três Pinheiros, no município de Candói, ao Trevo do Relógio, em Prudentópolis”, disse. Segundo ele, o trecho, de 101 quilômetros, registra um grande número de acidentes em razão do intenso fluxo de veículos e a precariedade da rodovia. “Entre 2009 e 2010 foram registrados 598 acidentes, com 32 mortos, e 25 atropelamentos, que resultaram em nove vítimas fatais”, conta. Para ele, as obras acordadas no primeiro contrato estabelecido com as concessionárias só não foram executadas por causa da “politicagem e acordos mal feitos que prejudicaram as duplicações e melhorias das principais estradas paranaenses”. O deputado disse ainda que acordos pré-eleitorais de governos anteriores resultaram Deputado Caíto Quintana afirma que o preço das tarifas do pedágio no Paraná é indefensável

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na prorrogação e até cancelamento das obras e na redução artificial das tarifas de pedágio. “Obras importantíssimas foram eliminadas dos contratos”, critica. Já o deputado Caíto Quintana, líder do PMDB na Casa, afirma que o que deveriam discutir, não é se o pedágio é bom ou é ruim. “Acho que o pedágio, lamentavelmente, foi uma solução para as estradas do Paraná. Agora, o que é indefensável é o preço do pedágio. Este é indefensável”, atira, ao questionar a possibilidade de prorrogação dos contratos com as concessionárias, conforme admitiu o secretário José Richa Filho, num acordo para reduzir o preço das tarifas. “Nós pagamos muito caro por um serviço que não corresponde

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Foto: Nani Gois/Alep

Na Assembleia Legislativa, o assunto pedágio foi “puxado” pelo deputado Cleiton Kielse (PMDB), que apresentou um requerimento para criar a CPI do pedágio e investigar o que existe por trás dos contratos, aditivos e outras questões que intrigam o parlamentar. Por enquanto, ele espera a oportunidade para instalar a Comissão, já que existem cinco (número máximo permitido) CPIs aprovadas. O deputado Cesar Silvestri Filho (PPS), também


representa o Instituto Reage Brasil no Fórum Nacional Contra o Pedágio, disse que ficou “assustada” quando foi anunciada a trégua e, também o fato de o secretário admitir a prorrogação dos contratos, exatamente aqueles que foram questionados. “Isso é um completo absurdo. O mais grave é que a população não acorda para o que está acontecendo. Nós precisamos exigir um mínimo de respeito e transparência nessas negociações. Não podemos admitir que negociem à portas fechadas. Precisam abrir as portas para nós (entidades),

sequer aquilo que arrecadamos”, disse Caíto, ao afirmar que não é simplesmente imaginar que o pedágio será reduzido em 20% ou 30%. “O que está em discussão é a prorrogação do contrato, porque ele está chegando ao fim”, informa, ao completar dizendo que descartou qualquer possibilidade da população aceitar negociar uma prorrogação dos contratos do pedágio, “sem concorrência”, pela mesma taxa de retorno para as empreiteiras. “Isso não significa discurso político. Isto significa olhar claramente o que devemos fazer. Mas sei que isso vai render muito”, disse. O deputado Elton Welter (PT), que preferem trabalhar pela criação de uma comissão na Assembleia Legislativa, para acompanhar

as negociações entre o Governo do Estado e as pedageiras, enquanto que, outros parlamentares batem na tecla da transparência das tratativas. “A prorrogação dos contratos é um assunto complexo e, por essa razão, a sociedade civil precisa, também, participar desta discussão, ao lado do Legislativo. Uma comissão composta por todas as forças políticas poderia contribuir neste debate”, diz. Nereu Moura (PMDB), avalia que a unanimidade no assunto pedágio é o preço “abusivo” das tarifas. “Este é um débito do Governo de Roberto Requião. Será uma conquista extraordinária se o Beto (Richa, do PSDB) conseguir reduzir essas tarifas”, pondera. Líder do DEM na AL, deputado Élio Rusch, questionou a posição, agora, de petistas e peemedebistas sobre o pedágio. Ele falou sobre as “péssimas” condições das rodovias que cortam o Paraná, antes do pedágio. E fez questão de recordar que o peemedebista Roberto Requião se elegeu e reelegeu pro-

Foto: Nani Gois/Alep

recursos teriam migrado para outras praças de maior retorno, provavelmente São Paulo. Se o modelo proposto de parceria público privado original, de custo elevado para os usuários era questionável, o que surgiu após março de 2000 é de todo condenável”, conta Pocá. Conforme o arquiteto, com o dinheiro “sonegado” pelas empresas à economia paranaense, seria possível duplicar todo o anel de integração e, ainda, “sobraria dinheiro para construir o metrô de Curitiba”. A advogada, Clair da Flora Martins, que

para o povo e para a imprensa. Temos que acionar o Ministério Público... Aliás, onde está o Ministério Público neste momento? O Ministério Público precisa representar os interesses da sociedade”, dispara. Agora, de acordo com Acir Mezzadri, o que se tem a fazer é esperar o desenrolar desses acontecimentos e, até que a Justiça se manifeste sobre as ações propostas pela entidade, “um pouco de força ajudará a desenrolar esse assunto, por meio de um movimento formado por pessoas que estão cansadas de muita conversa e pouca ação”.

Foto: Sandro Nascimento/Alep

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metendo “baixar ou acabar” com o pedágio. “Não aconteceu nem uma coisa, nem outra. Deixou, isso sim, uma herança maldita de mais de uma centena de ações na Justiça”, dispara, para colocar em dúvida a sinceridade dos deputados petistas e peemedebistas, “que foram Governo durante oito anos e nada falaram ou fizeram para reverter o quadro. Agora, quando o governador Beto Richa procura uma solução, eles se apresentam como se tivessem a solução pronta para resolver o problema”.

Deputado Elton Welter propôs uma comissão de parlamentares para acompanhar negociação entre Governo e concessionárias

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política

Pepe Richa deixa a política de lado e aposta no

DIÁLOGO Secretário José Richa Filho defende o diálogo com as concessionárias de pedágio para buscar uma solução definitiva para a questão, e “não uma solução paliativa, que dure apenas seis meses”

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discussão em torno do resultado da arrecadação das seis empresas de pedágio no Paraná, que pulou de R$ 355 milhões para mais de R$ 13 bilhões – em 13 anos de concessão (1998-2011), em decorrência do aumento do preço da tarifa, menores investimentos, e aumento da frota de veículos do Estado – e da possibilidade da prorrogação dos contratos das concessionárias, voltou, com força, a dominar o noticiário paranaense nos últimos meses. Em janeiro, tão logo assumiu a Secretaria de Infraestrutura e Logística do Estado, José Richa Filho, defendeu o diálogo para resolver o impasse. Do outro lado da mesa, está a oposição criticando as concessionárias e pedindo a investigação dos contratos. Enquanto isso, motoristas e caminhoneiros, que diariamente circulam pelos 2.035 quilômetros de rodovias pedagiadas do Anel de Integração, são unânimes em apontar que é alto o preço cobrado nas praças. A maioria, porém, concorda que as

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estradas estão melhores depois de pedagiadas. Richa Filho, que prefere encarar as negociações com as concessionárias a partir do ponto de vista técnico, concorda com os usuários, mas garante que, para se chegar a um denominador comum, é preciso deixar a política de lado e buscar, por meio do diálogo, a redução das tarifas, a retomada das obras e os estudos para novos investimentos em rodovias mantidas pelas concessionárias. “Precisamos deixar a política de lado e encontrarmos a solução pelo lado técnico da questão. E o diálogo é um grande aliado para chegarmos a um ponto de equilíbrio. Exemplo, é que no governo anterior, muitas obras não aconteciam por falta de diálogo. O clima era ruim para a negociação. Hoje, a nossa relação com as empresas é boa. Temos clima para negociar”, disse o secretário. Em maio, José Richa Filho anunciou a suspensão por 180 dias das 140 ações que o Governo do Estado tem contra as concessio-


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José Richa Filho, secretário da Infraestrutura e Logística do Paraná, aposta no diálogo para resolver o impasse com o pedágio

nárias de rodovias no Paraná. “Brigas na Justiça não levam a nada, ganha-se numa instância, perde-se na outra, e quem perde é a população. O que queremos é uma solução”, disse ele, na época, ao afirmar que a reunião realizada pretendia definir uma agenda pró-ativa de trabalho. Além da reunião com representantes das concessionárias, Richa Filho disse que também está agendando um encontro com o coordenador do Fórum Nacional Contra o Pedágio, Acir Mezzadri. O secretário disse que, embora o Governo tenha congelado as ações na Justiça, outras medidas judiciais continuam com seu curso natural. Entre elas, está uma ação que confirma a nulidade dos contratos assinados entre o Governo e as empresas. Em maio deste ano, o Fórum entregou uma notícia crime ao Ministério Público Federal, afirmando que os contratos de concessão estão nulos. O documento diz que, em 2000, foi feito um termo aditivo ao contrato originário que restabelecia os valores da taxa de pedágio, reduzidos em 50% pelo Governo, mas, mantinha suprimidas as obras que as concessionárias eram obrigadas a fazer inicialmente. Esse termo aditivo não teria sido homologado na Justiça e, portanto, estaria inválido. Esse assunto ainda está sendo discutido no MPF. Esse, conforme o secretário, será o principal assunto a ser tratado na reunião, que ainda vai ser marcada com membros do Fórum. Enquanto isso não acontece, Richa Filho, que defende a criação de uma Agência Reguladora no Paraná, contou que está “conversando” com os empresários pedageiros no sentido de remanejamento de obra. Ele pretende propor que investimentos que seriam feitos na duplicação da rodovia que liga Jaguariaíva a Piraí do Sul, no Norte Pioneiro do Paraná, sejam

aplicados preferencialmente na duplicação da rodovia entre Campo Largo (Região Metropolitana) e Curitiba. “Estamos fazendo essa sugestão, porque é uma questão de coerência. Na rodovia Jaguariaíva-Piraí do Sul, transitam 5 mil veículos por dia, enquanto que entre Campo Largo e Curitiba, são 35 mil veículos diariamente, e é onde o risco de acidentes é muito maior”, explica, adiantando que exemplos como esses serão usados para “ajustar” as obras com as concessionárias. E assegurou que, sem animosidade, será mais fácil negociar maiores benefícios para a população. “Há vontade dos dois lados e, assim, podemos trabalhar dentro de seis meses para resolver esse problema”, avalia, informando que participou da primeira reunião, mas que, até agora, todo o trabalho tem sido realizado por técnicos de ambos os lados.

Ele reforçou que, embora tenha aberto as tratativas com as empresas, “porque o diálogo é marca registrada do governador Beto Richa”, o Governo trabalha com novas metas neste setor, sem abrir mão da redução das tarifas do pedágio, além de abrir a discussão em torno dos investimentos que constam dos contratos, mas que não foram realizados por conta de negociações do governo anterior. “Também vamos cobrar novos investimentos que hoje são necessários. Isto porque, temos a convicção de que sem redução de custos de transporte fica cada vez mais difícil trazer novas indústrias para o Estado. É que o custo com o pedágio, por exemplo, faz parte das planilhas de custos das empresas”, disse o secretário. Ele não descarta a possibilidade de prorrogação dos contratos, que vencem em 2022, mas diz que é difícil falar nessa possibilidade, “quando

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política

Divulgação

Concessionárias reduziram investimentos e arrecadaram, em 13 anos de atuação no Paraná, mais de R$ 13 bilhões

o usuário tem a percepção de que o serviço é ruim, que investimentos não foram feitos, e de que as tarifas são caras”. Por essa razão, Richa Filho garantiu que o assunto “prorrogação” é apenas uma das alternativas de entendimentos possíveis. Sobre a Agência Reguladora do setor , Richa Filho disse que não descarta a sua criação e contou que as negociações para criar a agência começaram na antiga Secretaria dos Transportes. “Outros Estados estão mais avançados”, lembrou o secretário, salientando que as agências estão cada vez mais técnicas no Governo Dilma Rousseff. Infraestrutura e logística Sobre as ações que vêm sendo realizadas à frente da Secretaria de Infraestrutura e Logística que, a partir de agora, incorpora as funções de outras duas secretarias (Obras e Transportes, e que foi batizada de “supersecretaria”, José Richa Filho, disse que a intenção é racionalizar o trabalho já que o orçamento da

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Pasta foi feito pelo antigo gestor. Segundo ele, o contrato de gestão, exigência do governador Beto Richa (PSDB) para todos os secretários, permite o planejamento e define as metas a serem alcançadas. Um dos destaques é o Plano Diretor do Transporte Coletivo Rodoviário Intermunicipal de Passageiros do Paraná, que “servirá para modernizar e racionalizar os serviços”. Para isso, o secretário adiantou que o DER será responsável pela radiografia do transporte coletivo intermunicipal que, conforme disse, ainda opera nos mesmos moldes de 40 anos atrás. Para fazer esse estudo, foi realizada uma licitação e a vencedora foi a paranaense Engefoto, empresa de consultoria de engenharia de transportes e geomática (uso da geografia e da informática). O investimento previsto para o estudo é de R$ 3,7 milhões. De acordo com o diretor-geral do DER , Amauri Medeiros Cavalcanti, depois de dez anos, há necessidade de rever os atuais contratos das linhas de transporte coletivo intermunicipal. Segundo ele, a em-

presa contratada fará um estudo multidisciplinar para mostrar as soluções modernas para o serviço. Cavalcanti disse que a decisão de fazer esse estudo prévio evita a composição de um sistema baseado apenas em dados empíricos, o que seria prejudicial à sociedade. Para fazer este estudo, o diretor do DER conta que os dados serão obtidos por meio de entrevistadores que colherão amostras estatísticas dos passageiros e os seus destinos, nas rodoviárias. De posse dos dados, diz Amauri, será possível avaliar a ocupação dos ônibus em todos os horários. Outra etapa é a contagem do tráfego nas rodovias e o tempo de viagem dos ônibus. A empresa ganhadora também deverá estudar as condições geográficas e de engenharia das rodovias para determinar quais os tipos de veículos são mais adequados para atender o usuário no Paraná. Com base nesses estudos, o DER terá um cenário preciso das necessidades do transporte coletivo de passageiros entre os municípios paranaenses, com indicadores de quais lotes deverão ser licitados, equilibrando as linhas mais lucrativas com as deficitárias e garantindo o funcionamento justo desse tipo de transporte que atende diretamente às populações mais carentes. Hoje, são 49 empresas de transporte intermunicipal de passageiros que atuam no Paraná, operando com 2.480 veículos e transportando anualmente 61 milhões de passageiros. A fiscalização do serviço é feita pelo DER, por meio da Coordenadoria de Transporte Rodoviário Comercial.


Norma CorrĂŞa

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Sustentabilidade

Que bicho é este?

Ao nascer, o homem parte de um estado de extrema dependência (simbiose) rumo à conquista progressiva de um estado de maturação que o prepara para o fenômeno da individualização. Ao atingir este estágio, se reconhece como pessoa humana. Percebendo que humanização é um fenômeno de grupo que, ocorre no espaço subjetivo de relações interpessoais. No “entre” humanos que produz e dá significado aos vínculos. Desta forma, a necessidade de existir enquanto indivíduo e de existir enquanto membro de um grupo é uma questão complexa e abrangente que depende de aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais, espirituais, políticos e ambientais. Embora o homem possa lutar por sua autonomia, por questões de sobrevivência biológica e psicológica ele é um ser gregário. A sua existência fundamenta-se numa relação de profunda interdependência com o grupo e com seu habitat. 28 Documento Reservado / Junho 2011


Adriana Maria Bigliardi*

O

humano para existir não pode ser destituído de suas relações, de seus vínculos. No entanto, ao longo dos séculos, fomos nos afastando de nossa natureza, e rompendo com nossos valores essenciais, construindo uma sociedade narcísica que investe na cultura do Ter, em detrimento do Ser. Para Alexander Lowen, em seu livro Narcisismo, do ponto de vista do que podemos conceber como saúde, a nossa sociedade se encontra profundamente adoecida. Narcisicamente, estamos nos desconectando de nossa humanidade e perdendo a capacidade de perceber as nossas reais necessidades e as necessidades do outro. Distantes de nosso Eu verdadeiro, somos consumistas vorazes. Nutrimos necessidades criadas pelo sistema, que todos os dias lança uma infinidade de produtos descartáveis no mercado para enriquecimento de alguns. E que através da mídia, nos leva a acreditar que estes produtos são essenciais para nossa existência. Como a cultura da Imagem promoveu uma ruptura com a essência humana, a busca por Status justifica os meios para conquistá-lo. Na cultura do Poder, a valia das pessoas é medida pela quantidade de coisas que pode consumir. Se o indivíduo não tem acesso a estes bens de consumo, está à margem, excluído. Se por um lado, a necessidade de pertença é imposta pela natureza humana, por outro lado, a cultura nos dita a regra de que para pertencer é preciso consumir. Se para nos reconhecermos humanos precisamos fazer parte de um grupo, nos sujeitamos às regras, porque ninguém deseja estar excluído. O consumismo nos impõe a necessidade de ganhar cada vez mais dinheiro. Para isso, precisamos abrir mão de nossos relacionamentos humanos, nos afastando ainda mais da possibilidade de nos humanizar. Neste processo, nos distanciamos tanto de nossas raízes que nos esquecemos que somos pessoas humanas e filhos da Mãe Terra. Da Terra que nos gerou, nos nutriu, nos deu sustentação, nos protegeu e nos deu limites para que o bem comum estivesse assegurado.Nesta distorção antropocêntrica acreditamos que a Terra nos pertence e a natureza está permanentemente à nossa disposição. Não foi suficiente aceitar a sua generosidade de mãe e colher de seus frutos.

Acreditando em nossa auto-suficiência, em nosso próprio poder, passamos a tentar subjugá-la para assegurar o poder fálico de nossa cultura Patriarcal. Capazes de produzir imensas cicatrizes em nossa Mãe, o que fazemos com nossos irmãos é indizível. Apesar do brilhantismo das teorias, não tomamos contato com os sentimentos e agimos sem nenhuma sabedoria. Evoluímos na ciência e na tecnologia e regredimos em nossa ecologia humana, deixando de ter a condição de co-autores no processo de transformação para sustentabilidade, deixando de nos implicar diretamente na questão, para tão somente, desvelar processos político-ideológicos e sócio-econômicos. As discussões sobre sustentabilidade são recentes, e tornaram-se mais acirradas a partir do Relatório Brundtland, publicado em 1987 com o título : Nosso Futuro Comum (Our Common Future) em que o conceito de Desenvolvimento Sustentável foi apresentado como: “ o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.(1) Nesse relatório produzido pela Comissão Brundtland, composta por estudiosos do tema, se discutia o impasse entre Desenvolvimento nas bases que o concebemos e a Sustentabilidade. Desde então, equacionar esta situação tem sido um desafio para os líderes mundiais. Apesar disso, seguimos em frente, com nosso sistema predatório de relacionamento, produção e de consumo. Transformando bens e relacionamentos em simples mercadorias. Explorando o trabalho para acumular o capital e a natureza como fonte inesgotável de recursos. Frequentemente, assistimos demonstrações da deterioração na qualidade dos serviços oferecidos à Comunidade. No entanto, raramente se discute a questão na perspectiva de que a qualidade dos serviços depende, entre outros fatores, das condições em que se encontram os próprios profissionais. A precariedade das condições e do ambiente de trabalho são as principais causas das doenças ocupacionais e de seus agravos.

Em muitos locais, os trabalhadores são submetidos à situações adversas e à fatores de risco, que resultam no drama do sofrimento, adoecimento e morte. Precisamos de ações capazes de contemplar a complexidade das relações produção-consumo-ambiente e saúde, mas nos apropriamos do conceito de Desenvolvimento Sustentável como uma estratégia de marketing para assegurar a competitividade de mercado, sem um investimento significativo no processo de desenvolvimento humano que poderá proporcionar as mudanças necessárias

na relação homem-homem e na relação homem-meio ambiente – mudanças imprescindíveis para assegurar a Sustentabilidade da Vida Humana. Não me refiro aqui, aos processos de desenvolvimento de potencialidades humanas para o cumprimento de metas de mercado, mas aos processos de desenvolvimento para o resgate da coerência entre intencionalidade e ação, resgate da coerência entre sentir, pensar e agir. Resgate de valores humanos. Sustentabilidade, este tema contemporâneo que tanto se discute em todos os contextos, trata-se de um conceito amplo e sistêmico, que corre o risco de ser aplicado de forma fragmentada. Se a partir de conceitos sistêmicos criados pelo médico e biólogo Humberto Maturana, e do conceito de sustentabilidade criado pelo físico Fritjof Capra, pudermos compreender a Comunidade Humana como um sistema vivo que se inter-relaciona dinamicamente com a rede de ecossistemas, talvez possamos pressupor que Sustentabilidade inclui

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aspectos da ecologia humana (suas necessidades e sua forma de supri-las e de se relacionar com seus semelhantes e com a Natureza) a fim de evitar-se um grande colapso planetário. Se o documento Nosso Futuro Comum foi um grito de alerta, lamentamos que seu eco não tenha repercutido nas mudanças propostas. Como por exemplo, quando existe abundância nas colheitas e assistimos passivamente à milhares de vidas sucumbindo de fome, sem acesso sequer aos restos que entulham os aterros. E ainda temos a pretensão de salvar o Planeta! Alienados em nossa própria miséria, nos esquecemos que muito antes de existirmos, este planeta foi habitado por outras formas de vida, hoje em extinção. As várias Eras geológicas nos mostram que a Terra sobreviveu e se restaurou dentro do tempo dela. Dentro de seus ciclos. Talvez a Terra sobreviva apesar de tantas catástrofes. Sabemos pouco sobre sua capacidade de resiliência. O que sabemos, é que apesar de Gaia “gemer em dores de parto”, nós não a escutamos. E não sabemos quanto tempo nossa sociedade humana precisará para reencontrar-se com sua humanidade.Também não sabemos até quando nossa sociedade humana sobreviverá na multiplicação de sua miséria. Diante da idade planetária, somos jovens demais e na nossa evolução de espécie, ainda não conseguimos passar da fase simbiótica. Mesmo sabendo que os recursos naturais dos quais dependemos para sobreviver não são inesgotáveis como gostaríamos.Vivemos a Era digital e é impressionante a velocidade com que as informações chegam nas mídias e a forma com que usamos as redes de relacionamentos. Constantemente me questiono se estamos nos transformando em seres virtuais, simples imagens representativas. Imagens gráficas, talvez. Não sei. Mas o fato é que existe uma essência humana que precisa ser resgatada das couraças aprisionantes que impedem o homem de se diferenciar da máquina, e relacionar-se afetivamente como ser humano. Isso me faz lembrar que durante o acidente de Fukushima, eu estava on-line e observava as notícias catastróficas serem postadas incessantemente nas mídias e redes de relacionamentos, enquanto as pessoas iam comentando sobre a sua própria reação de pavor àquela

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situação. Expressavam tão claramente o seu medo que eu me perguntava se haveria algo que pudesse oferecer-lhes algum conforto. Durante uma madrugada entre a chuva de notícias ambientais postadas, um ser humano real postou um pedido de socorro, pois estava muito doente e precisava de ajuda para ser internada e receber os cuidados médicos necessários.Sem saber ao certo como proceder, lhe escrevi perguntando onde ela estava. Simultaneamente, algumas outras pessoas se manifestaram em seu auxílio. Descobri então, que se tratava de uma ambientalista. No período que se seguiu, passamos a conversar não mais pelo espaço virtual, mas via telefone. Nasceu ali uma grande amizade. Ela conseguiu uma vaga em um hospital, mas seu quadro de saúde foi se complicando.Nas conversas que conseguimos ter, ela me contou sobre a causa pela qual lutava. Estava tão mobilizada com o acidente em Fukushima que me dizia ser capaz de levantar do leito do hospital para participar dos eventos comemorativos pela semana do meio ambiente. Apesar de estar muito debilitada, queria continuar lutando. Eu estava “diante” de uma verdadeira guerreira. Senti necessidade de conhecer um pouco sobre as questões ambientais, sobre as questões do clima - aquecimento global, que a levou a promover grandes movimentos.Interessou-me saber o que era importante para esta amiga, que em seu leito de morte, pensou mais na humanidade do que em sua própria situação.Em junho deste ano, a luta contra o câncer encerrara-se para ela.O câncer calou a sua Voz. Sua morte me levou a refletir com mais amplitude sobre a questão da Sustentabilidade, que para mim, tem um novo sentido: a luta da dialética Vida e Morte. Na oportunidade de conhecê-la pude refletir que no cenário das lutas ideológicas em que cada um levanta a sua bandeira, muitas vezes esquecemos de que o mundo melhor pelo qual lutamos, é para que pessoas possam habitar e serem mais saudáveis e felizes. Existem grandes causas pelas quais lutamos e ao nosso lado existem grandes pessoas que precisam um pouco de nosso tempo, de nosso investimento, de nossa atenção. Em nossos

lares, em nossos ambientes de trabalho, nas ruas, nas redes de colaboradores, nas mídias sociais, nos movimentos sociais, existem pessoas reais.Nosso mundo atual é tão contraditório e incoerente que ás vezes, precisamos optar entre ter lucidez ou ter saúde mental. Quero pensar que nos restou alguma lucidez e alguns resquícios de nossa humanidade e de nossa ligação afetiva com a mãe Terra. Graças a isto, percebemos um despertar de consciências para a necessidade de investimento em vínculos mais saudáveis para que, tanto as necessidades individuais de cada parte do sistema e do sistema como um todo estejam plenamente nutridas e amparadas. Enquanto consumidores, estamos diretamente implicados na questão da escassez dos recursos. Precisamos nos conscientizar. É evidente que algumas providências só podem ser adotadas a partir do desejo político dos nossos governantes, mas também existem inúmeras medidas compromissadas que podem ser adotadas no cotidiano de cada um. A educação tem papel preponderante neste processo de conscientização e de formação de uma nova sociedade. A amplitude desta situação merece ser pensada por todos, pois a participação de toda sociedade como uma rede em sua tecitura, é imprescindível para produção de mudanças em nossos paradigmas. (1) Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso futuro comum 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1991

*Adriana Maria Bigliardi Especialista em Psicologia Clínica e em Saúde Mental Psicoterapeuta com Especialização em Biossíntese e Psicoterapias Corporais Facilitadora de Grupos de Desenvolvimento Humano - e-mail adriana.bigliardi65@terra. com.br cel (41) 9113 3220


Adriana Maria Bigliardi*

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política

Na Idade Assembléia Legislativa implantará novo sistema de informatização para interligar todos os setores do legislativo paranaense

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E

m tempos de transmissão de dados por fibra ótica e com a obrigação da transparência das ações, o sistema operacional usado pela Assembleia Legislativa do Paraná pode ser considerado como da Idade da Pedra, quando o assunto é TI (Tecnologia da Informação). Quem tentou, e não conseguiu, acessar projetos já aprovados na Casa sabe bem o que é a frustração de procurar uma informação e se depara com a resposta da consulta “nenhum resultado encontrado”. Não são poucos os usuários que se irritam com a lentidão de acesso à página do Legislativo Paranaense. Assim como não são poucas as pessoas acostumadas a navegar na internet, ou que têm conhecimento em TI, que criticam o sistema arcaico, sem funcionalidade e praticidade adotada na Casa. A intenção de trocar o sistema obsoleto vem se arrastando há décadas, com promessas de mudança completa. Mas, o que se viu não passou de aquisição de equipamentos.

Desde fevereiro, quando a Casa elegeu uma nova mesa executiva, os projetos administrativos estão sendo implantados, de forma gradativa, na busca por estabelecer uma administração mais moderna e transparente. Agora, no entanto, o deputado Plauto Miró (DEM), 1º secretário da AL, parece estar disposto a fazer uma licitação para facilitar e integrar o trabalho de informação do Legislativo. Segundo ele, nenhum departamento está interligado em rede. Cada um tem os seus programas e atua independente do outro. E, é claro, as confusões são inevitáveis, favorecendo, inclusive, pessoas mal intencionadas que podem fraudar o sistema, em razão da sua fragilidade. Para o deputado, esses são motivos mais que suficientes para a implantação de um sistema de informatização, para interligar todos os setores da Casa. “Ainda estamos fazendo um estudo aprofundado, com profissionais da área, para desenhar o plano de informatização da Assembleia”, disse Plauto, ao admitir que o atual sistema usado é ultrapassado. Para chegar a um bom termo, no setor, Plauto anunciou um plano diretor, com previsão de que até o fim deste ano, pelo menos os


Norma Corrêa

principais setores já estejam informatizados e interligados. “Dentro dos próximos meses, vamos fazer a licitação, por pregão eletrônico, para contratar a empresa que vai realizar este serviço e, assim, facilitar o trabalho, por exemplo, do Departamento de Pessoal, para rodar a nova folha de pagamento, mais moderna e prática. Outros setores também serão beneficiados com a interligação, como o protocolo, o trabalho legislativo, que ainda, usa o papel, quando o mundo está abolindo essa prática e adotando a informatização para diminuir a burocracia”, disse. De acordo com o 1º secretário, o processo de informatização da AL começa depois do retorno dos deputados do recesso de julho.

Patrimônio – O 1º secretário, Plauto Miró (DEM) e o presidente da Assembleia Legislativa, Valdir Rossoni (PSDB), sempre que podem, não perdem a oportunidade para fazer um balanço das medidas que vêm sendo adotadas, desde 1º de fevereiro, quando foram eleitos e assumiram a administração da Casa. O democrata falou do trabalho de levantamento do patrimônio da AL e do desaparecimento de 49 carros, que pertenciam ao Poder Legis-

Foto: Nani Góis/Alep

da Pedra lativo, sendo que 48 deles possuem boletins de roubo e furto. Um simplesmente sumiu. Sobre as licitações que vem fazendo desde fevereiro, Plauto citou a locação de veículos para uso da mesa executiva e a contratação de fretamento de avião, que será pago apenas pelas horas de voo efetivamente usadas. “A Assembleia implantou nesta administração a interiorização, o que exige viagens mensais, sempre para uma região do Estado. Como

em alguns municípios não existem voos comerciais, decidimos que esta seria a melhor maneira de deslocamento para essas regiões”, defende, adiantando que entre as licitações canceladas, está o da compra de 20 frigobares, que seriam usados em gabinetes parlamentares; e a contratação da empresa que produzirá o conteúdo para a TV Assembleia (TV Sinal). Segundo ele, as duas licitações foram adiadas para a revisão de editais.

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comportamento

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Anelise Rodrigues

Na lista

negra Promoções nos shoppings, comerciais em rádios, TVs, jornais e internet, longos prazos para pagamentos e ofertas de crédito, acabam levando os jovens ao consumo e, consequentemente, à lista negra dos devedores.

A

euforia por compras em shoppings Center, face aos festivais de promoções, ofertas mirabolantes, além do assédio, tem levado grande parte da juventude brasileira a experimentar o sabor da inadimplência. A universitária curitibana, Ana Carolina, 24 anos, pagou apenas a primeira parcela das roupas e calçados que comprou para a chegada do inverno e confessa que, com o salário que ganha dificilmente conseguirá honrar o compromisso. “Quando entro em uma loja, me esforço para não comprar, mas, diante das facilidades oferecidas, através do parcelamento, acabo cedendo aos prazeres do consumismo. Depois,

quando chega a fatura do cartão de crédito, me arrependo e já, nos primeiros dias do mês, fico no vermelho”, conta. Ana Carolina faz parte do universo de 70% dos brasileiros que, segundo dados da Associação Comercial do estado de São Paulo, sofrem do mal crônico da atualidade: o endividamento. Ana Carolina não é exceção. Ao seu lado, cresce um enorme batalhão de jovens que se aventuram no consumismo e acabam como devedores e sem crédito. Sem noção para lidar com o dinheiro do salário, esses jovens vem aumentando o bolo da inadimplência no País. Pesquisa realizada no início do mês de junho

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comportamento

pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), revela que os jovens, entre 21 e 30 anos de idade, que somavam 28% dos paulistanos inadimplentes no mês de Março, chegam, hoje, a 41%. O levantamento mostra que, para 60% deles, será impossível sanar as contas em 30 dias, ainda que, a maioria desses jovens faça parte do grupo dos que estão empregados e que recebem, mensalmente, entre dois e três salários mínimos (de R$ 1.021 a R$ 1.530). Em relação a todo o território nacional, a pesquisa mostra que, a cada ano, cresce o número de jovens brasileiros endividados. De acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), somente no mês de Maio, a inadimplência aumentou em 8, 21%, comparada ao mesmo período de 2010. A elevação foi o quarto crescimento consecutivo da taxa, no ano, frente aos resultados do ano anterior, o que reflete nos números coletivos da economia do País. O aumento preocupa o comércio e alerta o varejo da necessidade de vigilância para os próximos movimentos da inadimplência. Na mesma situação No Estado do Paraná o quadro não é diferente do apontado pela ACSP de São Paulo. Levantamento realizado pela Associação Comercial do Paraná (ACP), no ano de 2010, revela que dos 499 paranaenses inadimplentes que foram entrevistados, 48,5% são jovens de 21 a 30 anos. Dentre as causas da inadimplência, seria, respectivamente, a perda de emprego, com 39,1% das opiniões; empréstimo do nome (16,6%); outros (11,6%); o descontrole de gastos (9,8%); a queda de renda (8,4%); doença familiar (7,4%); o desempregado de algum parente (4,0%); e o fato de ter sido fiador ou avalista (3,0%). Como pretendem honrar seus compromissos no comércio? A essa pergunta, 56,7% dos devedores afirmam que a solução será o

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próprio salário mensal, acompanhado do corte de gastos. Dos 499 entrevistados, 255, expressam ainda o desejo de fazer novas compras, mesmo como devedores. Já, o que pretendem comprar, está, em primeiro plano, um imóvel, seguido de automóvel, eletrodomésticos e celulares. Isto se dá pelo fato de, no Paraná, como em todo o Brasil, a classe C apresentar um significativo crescimento no consumo, fazendo com que os jovens de 21 a 30 anos estejam comprando seus primeiros imóveis e automóveis, enquanto jovens das classes A e B apenas fazem a reposição dos produtos que já adquiriram. A realidade é que, por ser a primeira compra dos jovens pertencentes a esta classe, eles ficam ainda mais apressados em consumir o que nunca tiveram, o que os leva mais rápido à inadimplência. Planejamento A falta de planejamento, o bombardeio de promoções, as propagandas apelativas na mídia e as longas parcelas nos cartões de crédito, com parcelas que tendem a ser cada vez menores e em mais vezes vão, sutilmente, estrangulando o orçamento de muitos jovens. Estas são, portanto, as principais armadilhas para o endividamento de consumidores mais jovens que possuem renda fixa. Outro fator relevante está na falta de um controle orçamentário, ou na falta de vontade de fazê-lo. Para o economista, Anderson dos Santos, se todos os gastos fossem colocados numa agenda, apenas colocando no papel, com um extrato bancário em mãos, ou em uma planilha, já seria suficiente para que o jovem se conscientizasse sobre o que está gastando e o que realmente pode gastar. E orienta, afirmando não existir outra maneira de um ajuste financeiro a não ser a seguinte postura: Controle de gastos desnecessários; organização nesses controles e mudança de hábitos e comportamento.


Anelise Rodrigues

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política

Palácio Iguaçu,

o próximo passo? A ministra Gleisi Hoffmann afirma que dará ao Paraná o mesmo tratamento que vinha dando como senadora da República, com a inclusão de programas do Governo Federal 38 Documento Reservado / Junho 2011

A

curitibana Gleisi Hoffmann que, em pouco mais de 100 dias se transformou de senadora da república a ministra da Casa Civil, um dos cargos mais cobiçados pelos aliados políticos, terá que mostrar todas as suas habilidades para não sucumbir nas garras dos radicais do Partido dos Trabalhadores, entrincheirados nas abas de José Dirceu e Antonio Palocci. Em menos de 10 anos, a petista fez uma carreira política invejável e solo, pois nunca usou o marido, então ministro do Planejamento e Orçamento, no governo Lula e hoje ministro das Comunicações, no governo Dilma Rousseff, Paulo Bernardo. Foi vitoriosa, mesmo perdendo a primeira eleição para o Senado e para a Prefeitura de Curitiba. Ganhou experiência, corrigiu erros e hoje está no centro do poder, com a missão primeira de acalmar os ânimos políticos que desgastaram a Presidência da República. “A presidente Dilma quer que eu faça política de gestão, para

dentro do governo”, pontuou Gleisi à revista Documento Reservado. “Vou trabalhar em linha direta com a primeira mulher eleita para presidir a República. E quero agir como a presidenta, porque ela age da maneira certa: com clareza, razão e sentido público, sempre em defesa do Brasil e de todos nós, brasileiros e brasileiras. A presidenta é um exemplo para mim e para as mulheres do nosso país. E meu objetivo aqui e agora é realizar um trabalho de futuro e de esperança, como o que vem sendo feito pela presidenta Dilma e pelo vice presidente Michel Temer, depois de iniciado pelo presidente Lula e pelo vice-presidente José Alencar”, disse Gleisi Hoffmann durante a posse. Segundo ela, a prioridade desse governo é garantir cidadania e dignidade aos brasileiros e brasileiras que mais precisam da proteção do Estado. “Este é o compromisso do meu partido, do governo. Este é o meu compromisso”.


Paulo H. Carvalho/Casa Civil PR

Pedro Ribeiro

Gleisi Hoffmann ĂŠ a primeira mulher paranaense a ocupar um dos mais altos postos do Governo federal

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política

Paulo H. Carvalho/Casa Civil PR

Governo do Estado Tão logo Gleisi foi indicada como ministra da Casa Civil, o grupo político do governador paranaense, Beto Richa (PSDB), se reuniu para avaliar a inserção do Paraná em programas e projetos do Governo Federal e como deverá ser o comportamento da nova ministra e adversária política nos próximos anos, quando haverá nova eleição ao Governo do Estado. A intenção da então senadora e nova ministra sempre foi avançar na tentativa de alcançar o Palácio Iguaçu. Não é apenas sua vontade, como a vontade do partido e principalmente do ex-presidente Lula, que sempre a apoiou e foi um importante cabo eleitoral na eleição vitoriosa ao Senado Federal. A ministra vem reafirmando, em entrevistas e audiências às lideranças políticas do Paraná que os mesmos compromissos que

tinha com o Paraná no Senado, terá na Casa Civil. “Procurarei enaltecer muito o meu estado, colocando, junto com outros estados, como uma pauta para o desenvolvimento do país. Até porque não vai ocorrer desenvolvimento efetivo do país se nós não fizermos os desenvolvimentos regionais. Tem algumas questões que já estávamos discutindo no âmbito do PAC que eu já estava discutindo com a ministra Miriam Belchior (Planejamento) e que eu quero retomar e depois falar com a presidenta. Tem a questão da ferrovia, de portos, dos aeroportos. Isso tudo faz parte de uma pauta da infraestrutura. Também há os programas sociais. Vamos ver de que forma a gente pode melhorar a inserção do Paraná em programas e projetos. Com certeza eu vou conversar com o governador do estado, com nossos prefeitos, para ver a melhor forma”, afirmou a um jornal paranaense.

Perfil e histórico político Gleisi Helena Hoffmann nasceu em Curitiba, em seis de setembro de 1965, e formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Curitiba. É mulher do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e mãe de dois filhos. A filiação de Gleisi ao Partido dos Trabalhadores (PT) veio em 1989. Gleisi foi secretária de Estado

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no Mato Grosso do Sul, durante a gestão de “Zeca do PT” e secretária de Gestão Pública da Prefeitura de Londrina por alguns meses. Em 2002, fez parte da equipe de transição de governo do ex-presidente Lula. Foi então nomeada diretora financeira da Itaipu Binacional, onde ficou até 2006, quando saiu

para disputar a primeira eleição ao Senado. Dois anos depois era presidente do PT do Paraná candidata à Prefeitura de Curitiba, cargo perdido no primeiro turno para o atual governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), já no primeiro turno. No ano passado foi eleita para o Senado.


Norma CorrĂŞa

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comportamento

Maconha De um lado, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso abre discussão sobre a descriminalização da maconha. Do outro, o psiquiatra Ronaldo Ramos Laranjeira, radicalmente contra. No centro da polêmica, a maconha e os usuários que querem sua legalidade 42 Documento Reservado / Junho 2011

Favor ou Contra

O

sociólogo e ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, se transformou no centro das atenções, no início do mês de junho, depois de dar uma bombástica declaração, assumindo abertamente a descriminalização da maconha e outras medidas que não mandem o usuário para a cadeia, como acontece hoje no Brasil. “Este é um tema a ser levado para todas as famílias, pois é muito próximo a nós do que parece. A gente tem de sacudir a sociedade”, afirmou. O líder tucano é o principal entrevistado do documentário “Quebrando Tabu”, filme que documenta a falência da Guerra às Drogas,

política implementada e exportada pelos Estados Unidos desde 1971. O polêmico filme teve sua estréia depois de manifestantes terem sido reprimidos em São Paulo pela Polícia Militar na Marcha da Maconha. O movimento questiona a criminalização do usuário e pretende discutir alternativas à repressão e à prisão, como já acontece em Portugal, onde o consumo diminuiu. Em Curitiba, durante curso no Conselho Regional de Medicina, o médico psiquiatra, Ronaldo Ramos Laranjeira, professor da USP, posicionou-se contrário à regulação do uso da maconha e falou sobre o que considera um


Pedro Ribeiro

Fotos: Divulgação

Como funciona a legislação no País

Fernando Henrique Cardoso não quer punição a usuário

Ronaldo Ramos Laranjeira é contra a liberação da droga

falso debate sobre a legalização das drogas. “Eu sou contra, porque acho simplistas e salvacionistas os argumentos para a liberação. As pessoas defendem que, tendo maiores facilidades de acesso às drogas, os problemas serão resolvidos. O oposto da criminalização não é a descriminalização. O correto seria criar uma rede de assistência em saúde capaz de prevenir, com base em evidências científicas, e tratar os dependentes”, pontua. Laranjeira afirma que a regulação do uso da maconha tem um efeito “perverso” na população mais desassistida. “Um dos principais exemplos é que 10% de todos os adolescentes menores de 15 anos que experimentam vão ter um quadro psicótico”, afirma. O ex-presidente FHC, que atualmente

preside a Comissão Global de Política Sobre Drogas, insiste que essa discussão tem de partir da sociedade, não do Legislativo. “Depende apenas de se ter as informações pertinentes. Existem setores não informados, mas que tomam partido na questão”.Segundo sustenta, “não existem fórmulas, cada país tem de se adaptar. No Brasil, por exemplo, existe o problema social, enquanto na Suíça o uso da droga é encarado como problema de saúde”. No entanto, durante sua presidência (19942001), aumentou-se a repressão e tratou-se o usuário como criminoso, importando o modelo político estadunidense – hoje considerado falido até mesmo pelos norte-americanos. “Na época, eu não tinha informação e o tema não estava candente na sociedade”, ponderou.

No Brasil, as principais discussões em torno da política de drogas acontecem no Conad (Conselho Nacional de Políticas Sobre Drogas). Atualmente, o usuário que é pego com pequena quantidade de droga não pode ser preso, mas mesmo assim terá sua ficha suja. Porém, a lei não define a quantidade de droga que diferencia usuário ou traficante, cabendo ou ao policial ou ao juiz a tipificação. “Isso gera um problema porque o policial pode extorquir. Ou, se quem for pego vier de uma comunidade pobre o tratamento será diferente”, argumenta Ilona Szabó, corroteirista de Quebrando o Tabu. “Se descriminalizar, rompe a relação com a polícia”, complementa a roteirista, que defende a descriminalização da maconha e uma política eficaz de redução de danos como alternativas. Seis países – Espanha, Itália, Portugal, Argentina, República Tcheca e México – não mais criminalizam a posse de drogas para consumo pessoal e construíram alternativas à prisão de usuários. Sobre a repressão à Marcha da Maconha, Fernando Henrique Cardoso diz não aprovar a violência policial. “Numa sociedade democrática, você não pode impedir as pessoas de se manifestarem. Quem não concorda com a descriminalização tem de fornecer argumentos e entrar no debate”.

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saúde

Barbas de

Mal que atinge todos os homens, o barbear está cada vez mais caro e desconfortável. Mesmo para aqueles que resolvem o problema em casa, o preço das lâminas descartáveis só tem feito aumentar as reclamações. Para muitos, a solução tem sido voltar à cadeira do velho barbeiro ou recorrer à tecnologia para acabar definitivamente com os pêlos

Fotos: Divulgação

MOLHO S

e você é daqueles que gosta de manter o rosto limpo e sem pêlos, sabia que passará pelo menos 3 mil horas de toda sua vida se barbeando? Todo esse tempo dedicado em frente ao espelho certamente vai lhe garantir uma aparência mais leve, mas a agressão constante da lâmina poderá causar transtornos graves e comprometer a saúde da sua pele para sempre. Os problemas mais freqüentes entre os homens são as irritações decorrentes dos cortes, o ressecamento da pele e os incômodos pêlos encravados, comuns em quem tem a barba cerrada ou pêlos muito crespos, conforme explica a dermatologista Annia Cordeiro. Segundo Annia, no caso dos homens de raça negra, os pêlos cacheados costumam se retorcer e penetrar novamente na pele durante o crescimento, causando a inflamação da derme dois ou três dias após o barbear. Homens de pele

muito sensível também sofrem com os efeitos da lâmina. As bolinhas vermelhas que se formam no local costumam ser doloridas, além de abrirem espaço para a ação de bactérias e fungos que causam infecção. “Por isso que para amenizar esses problemas, é cada vez mais importante combinar a tarefa de fazer a barba com o hábito de tratar a pele”, recomenda ela. Para um barbear perfeito, a dermatologista afirma que é importante o uso de produtos específicos para esse fim, que podem ser encontrados na forma de mousse, creme ou gel. “Eles hidratam a pele, amolecem os pêlos mais rapidamente e facilitam o deslizamento da lâmina no rosto”. Ao ser espalhado no rosto, o Gel Espumante transforma-se em uma espuma que facilita o deslizamento da lâmina sobre a pele. Já o creme de barbear, devido à sua fórmula não-espumante, além de cuidar da pele, é especialmente recomendado aos homens que mantêm o cavanhaque ou as costeletas, pois permite a perfeita visualização dos pêlos a serem eliminados. Ainda de acordo com Annia, seja qual for o produto escolhido, é importante que ele seja aplicado em boa quantidade e espalhado como se estivesse massageando o rosto. “Os movimentos circulares ajudam a amaciar a pele e facilitam a retirada dos pêlos. O uso de bálsamos e loções pós-barba também podem ajudar,” reitera ela. Annia Cordeiro: “Para amenizar o sofrimento, é cada vez mais importante combinar a tarefa de fazer a barba com o hábito de tratar a pele”

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Lucian Haro

Fio da navalha Parassem por aí, os cuidados e preocupações na hora de fazer a barba já estariam de bom tamanho para qualquer mortal, mas a ameaça continua. Tem ficado cada vez mais difícil escolher a lâmina certa na hora da visita ao supermercado ou à farmácia. Entre as opções presentes no mercado, aquelas para peles sensíveis, oleosas e normais, e ainda a escolha pelos produtos mais caros ou mais baratos, sem saber qual realmente funciona melhor. O impasse e as frequentes escoriações desse “duelo contra a natureza” têm feito, no entanto, muitos homens recorrerem a especialistas e métodos inovadores de eliminar o problema pela raiz.

Cansado de manchar a camisa antes de trabalhar e ainda sair com o rosto todo marcado, o administrador de empresas Marlon Gonçalves aderiu à depilação a laser há alguns meses. Segundo ele, o barbear feito quase que diariamente teria virado uma verdadeira sessão de tortura e as aplicações a laser teriam sido a alternativa encontrada para acabar com o impasse. “Ter que fazer a barba quase todo dia não é tarefa fácil, cansei de machucar o rosto, sujar minhas camisas e ainda ficar com a aparência de ‘serviço mal feito’,” disse ele. Procurando ajuda de um especialista, o administrador optou pela depilação definitiva, técnica já comum entre as mulheres, mas que só agora chega ao universo masculino. Depois de 10 sessões bem sucedidas, Gonçalves afirma que ganhou tempo em frente ao espelho e deixou de lado as preocupações. “Hoje ganho mais tempo, sem precisar me preocupar com as marcas ou irritações,” atestou ele. O tratamento, porém, não é tão acessível a todos os bolsos e custa em média R$ 4 mil dependo do caso e de quantas aplicações serão necessárias para interromper o surgimento dos pêlos.

Para um barbear perfeito Veja o que recomendam os dermatologistas para um barbear mais eficaz: - Os melhores momentos para remover os pêlos da barba são logo após o banho, quando o rosto está úmido e a pele mais macia, ou pela manhã, quando o rosto tem mais oleosidade natural e a pele está relaxada; - Antes de aplicar o creme de barbear, lave o rosto com água morna para abrir os poros; - Comece pelas áreas com pêlos mais macios, como as faces do rosto e o pescoço; - Utilize lâminas novas, pois elas cortam melhor e provocam menos ferimentos; - Ao movimentar a lâmina, acompanhe o sentido em que os pêlos crescem; - Ao finalizar o processo, enxágüe o rosto com água em abundância e não esfregue a toalha no rosto, apenas seque-o levemente; - Se a sua pele é muito sensível, evite usar bronzeadores ou filtros solares imediatamente após o barbear. Evite também fazer a barba no mesmo dia em que irá nadar, pois o cloro e o sal da água irritam a pele; - Durante o fim de semana, dê um descanso para o seu rosto.

Coisa de macho Prova da receptividade que os serviços estéticos têm encontrado entre o público masculino é o sucesso da franquia Barbearia Clube em Curitiba, um empreendimento já consolidado no mercado que renovou o tradicional serviço de barba, cabelo e bigode. Com dois salões na capital, os espaços seguem um conceito diferenciado: voltados ao homem clássico, mas sem os típicos redutos dos salões de beleza femininos. Além dos serviços de barbeiro, há opções de tratamentos faciais, corporais e de podologia. De acordo com a idealizadora e diretora da rede de franquias, Meire Ferreira Pinto, a Barbearia Clube vem atender os anseios do homem moderno, que também gosta de se cuidar, mas sem “frescuras”. “O mercado voltado ao homem cresce cerca de 10% ao ano. A necessidade do serviço existe, o que faltam são espaços adequados a este público,” explica ela. O empreendimento surgiu com a ideia de resgatar a nostalgia das barbearias antigas, proporcionando um ambiente onde os homens sentem-se à vontade para cortar o cabelo, fazer a barba e até tratamentos como limpeza de pele, sem constrangimentos. “A decoração old school, com piso xadrez e cadeira de barbeiro, os petiscos de bar, a geladeira com cervejas, os programas esportivos na televisão e as revistas masculinas, ajudam a compor o clima,” detalha Meire. Ainda segundo a idealizadora, os curitibanos aderiram aos serviços e gastam, em média, R$50,00 a cada visita à barbearia.

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meio ambiente

Óleo de fritura que vira

combustível Além de preservar o meio ambiente, a Usina Biodiesel, construída em Paranaguá e pioneira no Brasil, também servirá como fonte de sustentabilidade e capacitação profissional

U

m litro de óleo derramado na natureza polui um milhão de litros d’água, o suficiente para abastecer, por 30 dias, com água tratada, cerca de 50 famílias, afirma, com base em estudos científicos, a secretária do Meio Ambiente da Prefeitura de Paranaguá, Jozaine Baka, responsável pelo projeto da primeira Usina Biodiesel movido a óleo de fritura usado no Brasil, inaugurada em junho, em Paranaguá. A unidade industrial transforma óleo comestível em biodiesel, um combustível renovável e biodegradável, obtido a partir da reação química de óleos ou gorduras, de origem animal ou vegetal, com álcool na presença de um catalisador. A usina integra o Programa de Gerenciamento de Óleos e Gorduras Vegetais, criado por lei municipal, para minimizar o impacto desses poluentes no meio ambiente. O biocombustível resultante tem a capacidade de substituir, total ou parcialmente, o óleo diesel de petróleo em motores ciclo diesel automotivos, a exemplo de caminhões, tratores,

camionetas, automóveis. Com a capacidade de produção para 500 a 800 litros de bicombustível - expansiva para até mil litros, por dia - a usina vai contribuir no abastecimento da frota municipal. A expectativa é de recolher cinco mil litros de óleo por semana e abastecer 20 caminhões da frota da prefeitura. “Utilizamos 75 mil litros de óleo diesel nos carros, caminhões e máquinas da Prefeitura ao mês, representando um ganho substancial para os cofres públicos e também para o meio ambiente, já que o biodiesel não é poluente”, pontua Jozaine Baka. A unidade industrial foi viabilizada por meio de iniciativa socioambiental, firmada entre a prefeitura de Paranaguá e o Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), através do Senai-PR. O total do investimento somou R$ 200 mil, sendo R$ 100 mil da Fiep e R$ 100 mil do município. Coube ao Senai a responsabilidade pela aquisição da usina e assessoria na implementação do projeto e a Prefeitura pela adequação do local, treinamento e disponibilidade técnica para a implantação. O prefeito de Paranaguá, José Baka Filho, disse, durante

José Baka Filho: Paranaguá dá exemplo, contribuindo com a preservação do meio ambiente

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Anelise Rodrigues

Expansão do biodiesel para outros municípios

Fotos: Divulgação

Jozaine Baka: Veículos da prefeitura usarão combustível ecológico, não poluente

a inauguração da unidade, que “Paranaguá dá exemplo da parceria público-privada, não apenas pelo investimento financeiro, mas pela importância na preservação do meio ambiente”. Coleta do óleo A usina de combustível ecológico será a primeira no Brasil com aplicação prática na comunidade, a começar pelo sistema de coleta. Todos terão participação direta e podem se tornar um colaborador. É simples: pequenos geradores de óleo de fritura (residências, lanchonetes, restaurantes), ao invés de jogar o produto de cozinha usado na pia, na terra ou no ralo, devem depositá-lo em uma garrafa pet e levá-lo aos postos de recolhimento, como escolas, igrejas e empresas que terão as garrafas recolhidas por caminhões da prefeitura para o processamento na usina. Entre os postos de coleta de maior representatividade estão as escolas. Segundo a diretora da escola municipal Castelo Branco,

Jucimara Rodrigues da Luz Blankenburg, “serão recolhidas de dez a quinze garrafas pet por mês. Nas reuniões de pais, com entrega de boletins e apresentações em datas especiais, pedimos para que colaborem e tragam o óleo de suas casas”, conta. Segundo a prefeitura do município, atualmente, existe uma campanha forte em toda a cidade, através de propagandas de televisão, rádio, outdoors e busdoor, a fim de mobilizar os moradores para a coleta do óleo. Às pessoas que aderirem à campanha, poderão até mesmo, como forma de incentivo, ganhar um adesivo que o identificará como um colaborador da natureza. Para a jovem parnanguára, Débora Mariotto, 19 anos, a iniciativa da prefeitura é importante no sentido de que o óleo de cozinha seja reaproveitado de forma sustentável e sugere, ainda, maior participação dos moradores visando não só mobilizar, mas também conscientizar e informar aos moradores sobre os danos que o óleo causa à natureza e, assim, cada morador fará sua parte. Na avaliação do vereador do município, Cleodinor da Costa, o benefício à sociedade será incalculável. Em relação ao bom andamento da usina, disse que o sucesso também depende da colaboração da cidade. “O segredo está na participação da população que, ao invés de jogar o óleo e poluir o ambiente, pode coletar e beneficiar a todos.

O presidente da FIEP, Rodrigo da Rocha Loures, observa que as indústrias do Estado também serão beneficiadas pelo projeto de Paranaguá, já que muitas delas têm interesse em produzir biodiesel para uso em seus processos produtivos. Dessa forma, o Senai Paraná poderá apoiá-las com a implementação da tecnologia, o desenvolvimento de treinamentos, demonstrações, simulações de processos, testes com diversos óleos vegetais e avaliação de contaminação. Vale lembrar que esta ação também tem reflexos no processo da educação profissional, já que a Usina de Biodiesel servirá de escola prática para capacitar os alunos do Senai. Em declaração à revista Documento Reservado, Rocha Loures afirmou que Paranaguá será um exemplo para as demais cidades do estado e até mesmo para o Brasil. “Esta iniciativa pioneira servirá de laboratório para implantar outras usinas em todo o Estado, pois temos condições de expandir o trabalho com a assessoria do Senai para outras prefeituras que tiverem interesse em implantar essa inovação tecnológica e social”, concluiu.

Senai dará toda a assessoria necessária para a implantação do projeto em outros municípios

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geral

Festança no

arraiá As comemorações aos dias de São João, Santo Antonio e São Pedro, estão mais vivas que nunca e as festas fazem a alegria de idosos, adultos, jovens e crianças

O

s meses de junho e julho são marcados pelas típicas festas caipiras, em homenagem a São João, Santo Antônio e São Pedro. Quem nunca se divertiu dançando quadrilha, comendo pinhão e tomando um quentão? Seja nas igrejas, escolas ou até mesmo nos condomínios, sempre tem uma festa perto de você para celebrar os santos ou mesmo se divertir com os amigos. O dia de Santo Antônio é 13 de junho e é um dos mais populares pela fama de casamenteiro. Todos os anos milhares de moças solteiras fazem promessas, compram o bolo vendido nas paróquias na esperança de achar um santinho dentro e garantir casamento no próximo ano. Outras, mais desesperadas, colocam o santo de cabeça para baixo e até mesmo dentro da água e só retiram depois que encontram o grande amor. São João, nascido em 24 de junho, é o santo “festeiro” e o seu dia é comemorado com muita dança. É protetor dos casados e

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enfermos, e vários símbolos o representam: fogueira, mastro, fogos. Uma lenda diz que os fogos de artifício são para despertar São João que se ficasse acordado vendo todas as fogueiras acesas para homenageá-lo não aguentaria e desceria à Terra. São Pedro, que foi um dos apóstolos, é guardião das portas do céu e protetor dos pescadores e das viúvas. Tem o dia 29 de junho dedicado a ele, que é o dia de encerramento das comemorações juninas. Toca do Leão A enfermeira Margareth de Matos Leão Gamarra faz trabalho voluntário há dez anos e reúne-se com as amigas em sua casa para costurar roupas que são doadas à instituições de caridade. Com o passar do tempo começou a faltar dinheiro para tantos pedidos e foi aí que decidiu, junto com a irmã, organizar uma festa junina para arrecadar mais fundos. “A primeira festa foi há sete anos e desde lá faz


Caiti Tainá

cada vez mais sucesso”, contou Margareth. Na festa, feita em uma chácara, são recebidas, em média, 1,6 mil pessoas que têm direito a tudo: barraquinhas de comida, banda e até uma fogueira, que é o orgulho da organizadora. “Por significar o nascimento de São João e por termos uma fogueira tão linda, fico orgulhosa. A melhor sensação é estar lá na festa e ver que tudo está dando certo, ver as pessoas envolvidas. Temos muitos voluntários que trabalham apenas para ajudar a nossa causa”. Com o dinheiro arrecadado, o grupo produz agasalhos que são doados para as instituições que os procuram, compram cadeiras de rodas, cestas básicas, botas ortopédicas. “Na verdade, compramos o que nos pedem. Algumas pessoas nos procuram, vamos até o local para verificar se realmente precisam e daí fazemos a doação. Não temos nenhum vínculo com Ong´s, trabalhamos por conta própria em nome do amor ao próximo”.

Carolina Sábio

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geral

Carolina Sábio

Margareth disse que a inspiração para o trabalho voluntário começou desde criança, quando a família recebia os parentes que vinham do interior e todos tinham que ajudar um pouco. “A gente aprendeu desde cedo que devemos ajudar os outros, se cada um fizer um pouco teremos um mundo muito melhor”. Festerê Para quem deseja organizar uma festa caipira e não sabe por onde começar, a dica é ir até a avenida Sete de Setembro, nos arredores do Mercado Municipal. Lá você encontra tudo. Nas lojas de embalagens têm roupas, artigos

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de decoração e até acessórios para organizar as brincadeiras, como a pescaria. Nas distribuidoras de doces você encontra tudo que uma festa junina pede e com preços acessíveis. Comidas típicas Junho é o mês em que a colheita do milho está em alta e, por isso, muitas comidas são à base deste produto. Pamonha, cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho são alguns. Mas além destes, também são típicos das festas juninas: pinhão, quentão, vinho quente, arroz doce, cocada, pé-de-moleque, amendoim, doce de abóbora, paçoca.


Caiti Tainรก

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geral

Balão

incendiário

Soltar balões é crime no Brasil, mas a irresponsabilidade dos que cultuam essa prática está acima da preocupação com a prestação de contas na Justiça. O perigo continua

U

ma casa totalmente incendiada e mais de dez pessoas presas no Paraná neste ano. Este é, por enquanto, o resultado inicial de um problema antigo, causado por balões. Para alguns, ele é diversão, já para muitos outros é um grande vilão nesta época do ano. O artefato é um dos tradicionais símbolos das festas juninas, mas esconde um perigo que pode destruir florestas, residências e até mesmo vidas. No ano passado, na grande Curitiba, 39 artefatos foram recolhidos e 27 pessoas encaminhadas à Justiça pela soltura de balão, que é considerada crime ambiental. O número é bem menor que o registrado em 2008, por exemplo, quando foram 200 apreensões. Para evitar a prática, a Polícia Ambiental lançou uma operação visando coibir o crime. Segundo o comandante da Polícia Ambiental do Paraná, Coronel Daniel Berno, a ideia é prevenir e fiscalizar os grupos que soltam balões. “Geralmente eles são soltos na madrugada. Um serviço especializado da polícia faz um levantamento e equipes se deslocam para essas áreas para realizar uma ação e identificar e punir os envolvidos”, explica o coronel. Até mesmo um helicóptero ajuda na vistoria.

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Não há um período específico do ano para a prática da atividade. Mas os baloeiros preferem essa época, já que o frio e até mesmo a geada propiciam a soltura. “Os meses de junho e julho proporcionam um clima favorável. Apesar de muitos falarem que soltar é uma arte, as consequências são inúmeras. O balão pode derrubar aviões, cair em casas, provocar incêndios, e causar alguma tragédia”, diz. Há vários registros da presença do artefato na área do Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, mas felizmente até agora nenhum acidente aconteceu no local. Diversão x destruição Uma tragédia. É assim que define a técnica em enfermagem Lenita Donato, que teve a casa totalmente destruída por causa do fogo causado por um balão. O incêndio foi no começo de junho, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Ela tinha saído com a filha e os pais e, por sorte, ninguém estava no local no momento. “Depois de 15 minutos meu vizinho ligou. Não acreditei e imaginei que era algo pequeno. Quando cheguei já vi aquela fumaça preta e uma tocha de balão foi encontrada no terreno. Minha casa virou pó e perdi tudo”, lamenta.


Lorena Malucelli Pelanda

De acordo com Lenita, a prática é muito comum na região onde mora e algo semelhante pode acontecer em outras residências. “Quando estava saindo de casa vi um balão, mas jamais iria imaginar que ele iria cair na minha casa. Não achamos os culpados. Um absurdo essa situação, só agradeço por estar viva”, desabafa. O comandante da Polícia Ambiental explica que o principal problema é a falta de conscientização e também o desconhecimento das consequências da soltura irresponsável. “Não há um perfil do baloeiro. Geralmente, são grupos organizados de São Paulo. São pessoas com poder aquisitivo e de várias profissões, pois para se produzir um balão é muito caro e a prática não dá retorno. É um hobby muito perigoso”, orienta o coronel. Proibição brasileira O Brasil é o único país em que a soltura de balões é proibida. Em países como Portugal,

México, China e Itália, a prática é reconhecida como patrimônio cultural. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Amigos de Balões, Marcos Real, a cultura popular é uma das principais prejudicadas. “A associação foi criada em 1991 para preservar essa cultura, que tem sido extinta. A lei foi criada, mas sem ouvir o lado do baloeiro”, argumenta Real. Uma das funções da associação é fazer com que a prática seja mantida, porém sem danos ambientais. “É possível soltar balão com segurança e sem fogo. O artefato é o mesmo, o que muda é a técnica para se adaptar a legislação. O que falta é o diálogo entre as autoridades, para que se ache um ponto de equilíbrio com os baloeiros. Ele tem muita beleza”, explica o presidente da associação. Marcos Real defende que soltar balão é uma paixão inexplicável. “Minha família é de baloeiros, mas tenho amigos que não tinham o hábito da soltura, mas hoje não conseguem viver sem”, finaliza.

De um a três anos de prisão Em época de São João os balões eram usados para identificar o começo da festa. Geralmente, as pessoas soltavam cerca de cinco a sete artefatos para chamar os convidados. Quem solta balão pode responder a processo criminal e ser condenado a uma pena que vai de um a três anos de prisão, além de pagar multa. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 190. Apenas 2% dos casos de incêndio na mata são naturais, causados, por exemplo, por combustão espontânea ou queda de raios. O restante, mais de 90%, tem a ação do homem.

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comportamento

Brincando Para interagir com funcionários e melhorar os resultados do empreendimento, empresário cria grupos para abrir o coração, através de dança e brincadeiras

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de roda

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ançar, conversar e se conhecer melhor. O que parece uma festa, na verdade é uma palestra que tem o objetivo de fazer com que chefes e subordinados se conheçam mais. A dança pode melhorar os resultados de uma empresa. Com essa meta, o consultor empresarial Sergio Naguel criou a Palestra em Roda, um encontro que busca aproximar funcionários e chefes, melhorar o relacionamento e consequentemente gerar bons números. A ideia é falar de si e dos problemas que podem amenizar os conflitos em uma empresa. “Construímos e abordamos vários temas e assuntos com treinamentos, cursos e palestras. O método sintetiza teoria e prática num formato dinâmico, participativo e descontraído. A intenção é trabalhar as emoções. Desta forma, os participantes analisam suas reações e fazem analogias com o seu dia a dia profissional e também pessoal”, explica Naguel. Para o consultor, as pessoas que trabalham todos os dias juntas, muitas vezes não se conhecem. Segundo Naguel, para que duas pessoas se conheçam é necessário que


Lorena Malucelli Pelanda

ambas pratiquem dois movimentos sistematicamente: o de dar e o de receber. Quando isso não acontece é fundamental que passem por treinamentos que as ensinem a fazer isso. “É muito importante que esse treinamento ensine também a elas a não darem tudo o que tem a qualquer um e nem receber tudo que lhes é ofertado. Isso vai depender do grau de intimidade que cada um quer ter ou pode ter com os outros”, orienta o consultor. Maria Imaculada participou de uma Palestra em Roda, quando começou a ser líder de um grupo. “Eu e meus colegas percebemos

que o “chefe chato” é coisa do passado, o que falta é que os líderes se convençam de que é muito mais fácil (e eficiente) liderar pelo amor do que pela pressão”. Os relacionamentos entre as pessoas que trabalham juntas contribuem significativamente para o desempenho do local em que trabalha, garante Sérgio Naguel. “É de 100%. Se considerarmos uma empresa como sendo o conjunto de pessoas, recursos e métodos, sem trocas positivas, cooperação, respeito e boa vontade entre as pessoas, não vejo como seja possível uma empresa ter sucesso, uma

vez que recursos e métodos não são capazes de tocar uma empresa”, dá a dica. No final de cada palestra, as pessoas são convidadas a expor as suas ideias, e geralmente saem modificadas. “Com raras exceções o que eu ouço é: cheguei de forma negativa e estou saído (é: saindo) de forma muito positiva. Um exemplo foi de duas executivas que não se falavam e ao final do evento vieram me agradecer, ambas abraçadas”, complementa. Qualquer pessoa pode participar da Palestra em Roda. Outras informações pelo site www.palestraemroda.com.br.

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cultura

A banda U2 é uma das mais imitadas no Brasil

Quase tudo se Já que as grandes bandas de rock dificilmente aparecem em Curitiba, cada vez mais músicos se juntam para criar bandas covers e brindar os fãs com música de primeira 56 Documento Reservado / Junho 2011

copia E

nquanto os grandes nomes da música internacional não fazem shows no Brasil, e principalmente em Curitiba, por falta de espaço, a opção de muitos fãs é curtir uma banda que relembre os sucessos do artista. É com esse objetivo que vários grupos da cidade apresentam shows covers e geralmente com produções semelhantes aos originais. Toda semana é possível encontrar músicos que relembram outros cantores. Uma dessas bandas é a U2 Cover Paraná, criada por fãs, para homenagear os irlandeses e também para diminuir a concorrência com outros grupos musicais da cidade. Segundo o vocalista, Mateus Manfredini, a semelhança também motivou os integrantes. “Temos que estudar a evolução do U2, observar shows, escutar as músicas exaustivamente e principalmente ensaiar. A maior parte do público é composta de fãs da banda original. Não adianta vestir-se igual e copiar a

performance de palco e a sonoridade e deixar a desejar”, explica. O resultado vem com a participação do público. Um desses fãs é Leandro Goria. Ele afirma que vale a pena conferir o show. “Como sou muito fã do U2, sempre que vejo um cover vou correndo assistir. O som é o mais próximo que já vi do U2 original. E olha que vi várias bandas. O empenho deles em acertar cada timbre se aproxima da perfeição”, elogia. Para o vocalista do U2 Cover, o público brasileiro é muito carente de grandes espetáculos. “Com isso, a responsabilidade de levar a mensagem para eles é nossa, e a cada show observamos as mais diferentes reações. Há pessoas que chegam a chorar de emoção, outros que ficam “passados”, outros ficam tão extasiados que nos tratam como a própria banda. Enfim, é um trabalho muito gratificante”, conta o vocalista.


Lorena Malucelli Pelanda

O quarteto fantástico surgiu na década de 60 e as músicas fazem sucesso até os dias de hoje

Vilmar: “O grupo Metralhas é o melhor cover que já vi” Fotos Divulgação

Voltar ao tempo A banda dos garotos de Liverpool já acabou, mas as canções que surgiram na década de sessenta ainda são sucessos nos dias de hoje. Uma das bandas que animam as festas ao som dos The Beatles é a Metralhas Beatles Again. Eles não se consideram um grupo cover, mas usam o figurino parecido com o quarteto fantástico. Um dos integrantes do grupo curitibano, criado há 50 anos, Renato Scaramella Júnior, garante que o som é bem parecido. “É uma banda profissional que toca Beatles. Só não colocamos a peruca porque achamos estranho. Em alguns shows, até mesmo Elvis Presley é lembrado, mas nesse caso, sem figurino do rei do rock”, afirma o músico. O público dos Beatles é bem amplo, afirma Scaramella. “O grupo é atemporal, o público é de pessoas de todas as idades e a banda está na história da música mundial”. Vilmar Nunes de Oliveira é um dos fãs do Metralhas. “Eu conheço eles há cinco anos. Acho o melhor cover que já vi. Dá para matar a saudade e se divertir com toda família”, elogia.

Mateus Manfredini toca os clássicos dos irlandeses do U2

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Gabriela Gatti

Foto: Paula Sholl

Juventude PSDB

Depois de presidir a juventude do PSDB de Curitiba e coordenar a Juventude do PSDB do Paraná, o secretário de Esporte Lazer e Juventude de Curitiba, Marcello Richa, foi eleito presidente nacional do segmento, na XII Convenção e Congresso do Secretariado Nacional da Juventude, realizada no último dia 28 de maio, em Brasília. A nova comissão executiva tem como metas principais: a qualificação da militância a partir de cursos de formação política em parceria com o Instituto Teotônio Vilela (ITV) e promover a aproximação de jovens ao Movimento Estudantil (ME).

Foto: Naideron Jr.

Balaroti na Casa Cor 2011

Além de representar estilo e elegância, a Casa Cor Paraná 2011 oportunizou a versatilidade do grupo Balaroti Materiais de Construção. A empresa forneceu produtos para 80% dos ambientes participantes, montou uma loja com atendimento exclusivo para os profissionais envolvidos e realizou o projeto Lounge Balaroti – espaço criado pelo designer Yury Albrecht. O designer Yury Albrecht e a gerente de marketing da rede, Talita Ballarotti

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Foto: Naideron Jr.

Lançamento Revista PKB

O ParkShoppingBarigüi lançou no dia 6 de maio, a primeira revista editada por um shopping de Curitiba: a Revista PKB. O lançamento foi realizado na livraria FNAC com um bate-papo sobre Estilo de Vida com cinco personalidades da cidade, entre eles os arquitetos Daniel Casagrande e Luiz Maganhoto. A revista traz um conteúdo exclusivo e qualificado em moda, consumo, viagem, lazer, entretenimento, gastronomia, comportamento, tecnologia, cultura, decoração, saúde e beleza.

Foto: Iko Eventos

Bourbon em Assunção

Os arquitetos Daniel Casagrande (esq) e Luiz Maganhoto com a superintendente do ParkShoppingBarigüi Jacqueline Vieira de Lemos

Bodas no Castelo

Tratamento em 4D

O lateral e meia do Lyon e jogador da Seleção Brasileira em 2010, Michel Bastos, celebrou o matrimônio com Letícia, no último sábado (11), na igreja Santa Terezinha, em Curitiba. A festa para familiares e amigos foi no tradicional Castelo do Batel. A lua de mel ficará para o fim do ano, nas férias de Michel. O destino será Bora Bora.

A Onodera Estética trouxe para Curitiba, duas novidades ideais para o inverno: o tratamento facial 4D para fotorejuvenescimento e o Time Life para depilação definitiva. www.onodera. com.br Foto: José Gumercindo

Homenagem a Vezozzo

O fundador e presidente do Bourbon Hotéis & Resorts Alceu Vezozzo foi homenageado no último dia 27, com o Prêmio Personalidade AECIC 2011. O evento promovido pela Associação das Empresas da Cidade Industrial de Curitiba (AECIC) aconteceu no Graciosa Cowntry Club, em Curitiba. Vezozzo idealizou há 48 anos a maior rede hoteleira do Estado, o Bourbon Hotéis & Resorts, com onze representações no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. A rede que possui 1.500 colaboradores contará, neste ano, com a primeira unidade internacional, o Bourbon Conmebol Convention Hotel, em Assunção, Paraguai.

O projeto do Bourbon Conmebol Convention Hotel, unidade da Rede Bourbon de Hotéis & Resorts em Assunção, no Paraguai, foi apresentado no Festival de Turismo das Cataratas 2011, em Foz do Iguaçu.

Galeria

Pela primeira vez a Casa Cor Paraná ganhou um ambiente inédito: a Galeria da Casa Cor. O espaço que retrata momentos dos 18 anos do evento foi criado pelo Escritório Gambiarra, dirigido pelos arquitetos Carol Espezim e Guto Biazzetto.

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agenda

EXPOSIÇÕES

Linguagens do Sagrado O Museu de Arte Sacra da Arquidiocese de Curitiba abriga até 31 de julho a exposição “Linguagens do Sagrado”, que reúne obras com temática religiosa de cinco artistas paranaenses: Guido Viaro, Jair Mendes, Edílson Viriato, Uiara Bartira e Everly Giller. Informações: (41) 3321-3265

Mulheres do Acervo MON A exposição “Mulheres do Acervo MON” pode ser vista até o dia 29 de agosto no Museu Oscar Niemayer. A mostra é composta por 59 trabalhos, que reflete sobre a eternidade da temática feminina. A representação da mulher é explorada em diversos momentos da História da Arte, desde a Pré-história, com a Vênus de Willendorf, passando pelas musas do Renascimento até as figuras inovadoras das “Demoiselles d’Avignon”, de Picasso. Entre os artistas que compõem a exposição destacam-se Iberê Camargo, Torres Garcia, Di Cavalcanti, Vicente do Rego Monteiro, Letícia Marquez e a paranaense Helena Wong. Informações: (41) 3350-4400.

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Maureen Bisilliat: Fotografias No Museu Oscar Niemayer continua à visitação, até o dia 31 de julho, a exposição “Maureen Bisilliat: Fotografias”, composta por mais de 250 imagens editadas pela fotógrafa com a colaboração de curadores do Instituto Moreira Salles. Entre as fotografias exibidas estão imagens do ensaio “Pele Preta”, feito quando Maureen ainda era estudante. Outras imagens têm inspiração em obras literárias de autores como Guimarães Rosa, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Euclides da Cunha. Informações: (41) 3350-4400 Dores da Colômbia De 19 de maio a 14 de agosto, a exposição “Dores da Colômbia”, do artista Fernando Botero, pode ser vista no Museu Oscar Niemayer. A mostra é composta por 67 obras, que se dividem em seis aquarelas, 36 desenhos e 25 pinturas, e retratam o sofrimento do povo colombiano em consequência da ação de grupos guerrilheiros, políticos e paramilitares. Informações: (41) 3350-4400 Carlos Motta A exposição “Carlos Motta - Marceneiro, Designer e Arquiteto” pode ser vista no Museu Oscar Niemayer até o dia 28 de agosto. A mostra reúne mais de cem peças que fazem uma retrospectiva da obra do artista Carlos Motta. Entre os objetos há móveis de madeira nobres certificadas e de demolição. A exposição recebe curadoria de Consuelo Cornelsen. Informações: (41) 3350-4400

Da Materialidade Ao Vazio Até 18 de novembro, o jardim externo Museu Oscar Niemayer recebe a exposição “Da Materialidade Ao Vazio”, do artista plástico Márcio Prado. A mostra faz parte do projeto Desinstalação, e conta com um cubo formado por outros 4.096 cubos maciços de cerâmica refratária. Cada um dos cubos foi recoberto com

um esmalte cerâmico que, após seis semanas, será fragmentado em outras 64 partes, gerando módulos de 64 unidades. Os módulos serão deslocados gradualmente para alguns pontos de Curitiba. Informações: (41) 3350-4400 Eu Viajo, Tu Viajas Até 20 de agosto, a exposição “Eu Viajo, Tu Viajas”, da artista plástica Lu Franco, pode ser vista no Fran’s Café (Batel). A mostra é composta por obras que nasceram de viagens que a artista fez para lugares como Barcelona, Berlim e Toscana. São utilizados materiais como mapas, panfletos, tickets de metrô, anotações de viagem e folhas secas, entre outros. Além disso, a pintura e a fotografia também são utilizadas. Informações: (41) 3042-2301 MAP: o início do acervo MON Até dia sete de agosto, o Museu Oscar Niemayer abriga a exposição “MAP: o início do acervo MON”, que reúne 120 obras que deram origem ao acervo do Museu. São gravuras, desenhos, pinturas e obras tridimensionais selecionadas da coleção do antigo Museu de Arte do Paraná (MAP). João Turin, Hermann Schiefelbein, Theodoro De Bona, Freyesleben, Erbo Stenzel e Fernando Velloso são alguns dos artistas cujos trabalhos fazem parte da mostra. Informações: (41) 3350-4400. Curitiba(nós) Permanece até dia quatro de dezembro, na Casa Romário Martins a exposição “Curitiba(nós)”. A mostra, ao mesmo tempo em que traz dados atuais de Curitiba, revela a diversidade de sua gente, sua música, suas cores, sua culinária, sua arquitetura, entre outros aspectos da vida na capital paranaense. A exposição está dividida em cinco seções: O ‘Espaço Multicultural’, destinado a mostrar a diversidade cultural; O espaço ‘Dados Atuais’ procura definir quem é o curitibano, quem forma a população curitibana de hoje e quais os atrativos econômicos e turísticos que fazem a cidade atual; O espaço ‘Traga sua cidade’, onde o público tem a oportunidade de interagir; A ‘Cabine do lambe-lambe’ é o espaço montado no centro da Casa Romário Martins dotado de um microcomputador e uma webcam. Nele, os visitantes poderão acessar o blog Curitiba (nós), deixar recados e gravar uma mensagem em vídeo, respondendo a uma questão básica: o que é ser curitibano?; A seção ‘Roteiros’ permite ver a cidade por outros ângulos e perceber a transformação e os contrastes da paisagem. Informações: (41) 3321-3255 ESPETÁCULOS Ludus Nos dias 16, 17, 23 e 24, o Teatro Regina Vogue recebe o espetáculo ”Ludus”. Utilizando técnicas


tradicionais de circo como trapézio duplo, lira, acrobacias, malabares, monociclo, ícaros, mastro chinês , corda bamba e clown, juntamente com a linguagem do circo contemporâneo, estimula-se a imaginação dos espectadores. Informações: (41) 2101-8292. Vale Tudo Improviso Até 29 de julho, o Teatro Regina Vogue recebe o espetáculo “Vale Tudo Show de Improviso”. No palco, a união de atores dos grupos Humordaçados e Antropofocus é a responsável por criar na hora cenas com a ajuda de sugestões que são dadas pela plateia. Informações: (41) 2101-8292 Palhaço ou O Ato de Sobrevivência No dia 30, o Guairinha recebe o espetáculo “Palhaço ou O Ato de Sobrevivência”, que conta a história de um palhaço que encontra o seu maior medo. Informações: (41) 3304-7900.

Terapia Para Mulheres O Teatro João Luiz Fiani recebe, até cinco de agosto, a peça “TPM – Terapia Para Mulheres”, que fala do universo feminino contemporâneo: as neuroses, as dúvidas, os hormônios, os relacionamentos em pleno século 21, onde tudo parece estar a um passo do próximo colapso. Informações: (41) 3224-4986 e 3322-6644

Grave Digger Dia 24 de julho, a banda alemã de heavy metal Grave Digger se apresenta no Music Hall. Haverá também uma after party no Blood Rock Bar, com entrada free para quem for ao show. Informações: (41) 3315-0808.

SHOWS Emmerson Nogueira No dia 15 de julho, o cantor Emmerson Nogueira se apresenta no Grande Auditório do Teatro Positivo. Outras informações fone (41) 33150808. Racionais MC’S No dia 16 de julho, o grupo de rap Racionais MC’S realiza única apresentação no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808.

Rocket Man – Elton John Tribute Dia 30 de julho, o Teatro Positivo recebe o “Rocket Man – Elton John Tribute”, comandado pelo maestro Rogério Martins. Informações: (41) 3315-0808. Yellowcard Também no dia 30, a banda de rock norte-americana Yellowcard se apresenta no Curitiba Master Hall. A abertura do show fica por conta da banda Sugar Kane. Informações: (41) 3315-0808.

Santo Improviso O Teatro Regina Vogue recebe, até 30 de julho, o espetáculo “Santo Improviso”, um jogo de improvisações com os humoristas Vitor Hugo, Marco Zenni e Lucas Cahet. Quem comanda o momento é um mestre de cerimônias, uma espécie de mediador da brincadeira. Para dar o clima, um sonoplasta cuida dos efeitos sonoros. A partir daí, o mediador fala qual é o jogo da vez e a hilária disputa começa. Na entrada do espetáculo todos recebem um informativo com a história da improvisação e os jogos que serão apresentados. Informações: (41) 2101-8292. Chapéuzinho Vermelho em Técnica Phantom Fica em cartaz até seis de agosto, no Teatro João Luiz Fiani, a peça “Chapéuzinho Vermelho em Técnica Phantom”. A clássica história infantil ganha nova versão com a técnica Phantom, que mescla mãos e rosto dos atores a corpo de bonecos. Informações: (41) 3224-4986

Danzig No dia 17 de julho, a banda norte-americana de heavy metal se apresenta no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808.

Paula Fernandes No dia 3 de agosto, a cantora sertaneja Paula Fernandes se apresenta no Grande Auditório do Teatro Positivo. Informações: (41) 3315-0808. Exaltasamba No dia 22 de julho, o grupo de pagode Exaltasamba realiza show e lança o DVD “Exalta 25 Anos” no Expotrade Convention Center, em Pinhais. Informações: (41) 3315-0808.

Maria Gadú Dia 12 de agosto, a cantora paulistana Maria Gadú apresenta no Grande Auditório do Teatro Positivo o show “Maria Gadú – Multishow Ao Vivo”. Informações: (41) 3315-0808.

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perfil

Pedro Ribeiro

Goinski, um vitorioso

Fotos: Divulgação

O

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sangue político corre quente nas veias do jovem prefeito de Almirante Tamandaré, Vilson Goinski, desde os tempos do Colégio Estadual do Paraná, onde exerceu a presidência do Grêmio Estudantil e secretário de Cultura da brava UPES. Hoje, com 41 anos de idade, esse tamanderense começou sua carreira como homem público em 1989 na Câmara Municipal de Almirante Tamandaré. Foi chefe de Gabinete da Prefeitura e, em 1996, eleito vereador. Ao lado da carreira política, foi professor de Direito e Legislação, História e Sociologia, nas escolas públicas Airton Senna e Tancredo Neves, em seu município. Em 2004 foi eleito presidente do PMDB do município, onde permaneceu até 2009, quando assumiu a Prefeitura e reeleito em 2008, com 88,02% dos votos válidos. Sempre pautado pelas causas sociais e educacionais, Vilson Goinski é um vitorioso. Sua meta de administração no município sempre foi fazer mais, melhor e com menos. Hoje, em seu segundo mandato, está no centro dos desafios de melhorar, cada vez mais, a qualidade de população com poucos recursos. Com um orçamento enxuto de aproximadamente R$ 73 milhões anuais para uma população de mais de 100 mil habitantes, o Prefeito e sua equipe vem trabalhando com determinação e comprometimento para fazer mais e melhor. Hoje, Goinski bate no peito, feliz da vida, por ter conseguido atender às aspirações dos tamanderenses. Mais de R$ 30 milhões foram investidos em obras de revitalização de avenidas estruturais de Tamandaré, como a Francisco Kruger, Prefeito Antônio Johnson, Domingos Scucato, Professor Alberto Piekaz, José Milek Filho, Wadislau Bugalski e diversas outras linhas de ônibus e acessos a escolas estaduais e municipais. A construção de uma nova sede da Prefeitura – o Centro Administrativo - em um dos bairros mais populosos do município, a Grande Cachoeira, foi outro grande avanço. E como o trabalho não pára, a Avenida Vereador Wadislau Bugaslki, com mais de sete km de extensão revitalizados, será entregue no dia 16 de julho à população.


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