Documento Reservado

Page 1

POLÍTICA

ECONOMIA

EDUCAÇÃO

AGRONEGÓCIO

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 36 - ABRIL/2011 - R$ 5,00 www.documentoreservado.com.br

TURISMO

SAÚDE

SEGURANÇA

TECNOLOGIA

Mal do século

Depressão é mais séria do que muitos imaginam: atinge cerca de 30% da população mundial e é predominante nas mulheres

Nova sigla

Com a promessa de “acabar com o caciquismo”, o PSD surge como alternativa para os políticos descontentes com seus partidos

aberta licitação para a verba da

TV SINAL

Primeiro secretário da Assembleia Legislativa, deputado Plauto Miró cumpre mais uma etapa no processo de transparência e abre licitação para a TV Sinal

s a, ma u n i t n co nomia ue em 2010 o c e a nor q são d Expan ritmo me

em


2 Documento Reservado / Abril 2011


3 Documento Reservado / Abril 2011


editorial expediente Jornalista responsável e editor-chefe Pedro Ribeiro Coordenação Geral e Edição Silvio Oricolli Redação Norma Corrêa, Pedro Ribeiro, Silvio Oricolli e Lucian Haro Revisão Nilza Batista Ferreira Comercial Junior Ribas comercial@documentoreservado.com.br

Fotos Shutterstock Ilustrações Davidson Diagramação Alves Martins Impressão Ajir Gráfica Tiragem 10.000 exemplares Impresso em papel couché fosco LD 150 g, com verniz UV (capa) e couché fosco LD 90 g (miolo) Endereço Rua João Negrão, n0. 731 Cond. New York Building - 120. andar sl. 1205 - CEP 80010-200 - Curitiba - PR Telefones (41) 3322-5531 / 3203-5531 E-mail editor@documentoreservado.com.br

REVISTA DOCUMENTO RESERVADO Nº 36 - ABRIL/2011

Depressão, doença perigosa Depressão. Este é um dos temas que abordamos nesta edição da revista Documento Reservado. Quem nunca esteve “deprê”, ou “para baixo”? Esta é uma das perguntas mais freqüentes nas rodas de amigos, nos escritórios, nos lares. Depressão é assunto sério, pois se trata de uma doença como outra qualquer que exige tratamento. Ninguém sabe o que um deprimido sente, só ele mesmo e talvez quem tenha passado por isso. Nem o psiquiatra sabe: ele reconhece os sintomas e sabe tratar, mas isso não faz com que ele conheça os sentimentos e o sofrimento do seu paciente. Confundida muitas vezes com tristeza, desânimo ou simplesmente preguiça, a doença não é brincadeira e, em alguns casos pode, inclusive, sinalizar problemas bem mais sérios de saúde. “A depressão será o mal do século 21, juntamente com a síndrome do pânico”, afirma a psicóloga Alessandra Friedrich, do Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Pode até parecer exagero da especialista, mas os números da doença realmente impressionam: estima-se que cerca de 30% da população mundial sofra de depressão, sem saber. Desconhecimento que, conforme alega a psicóloga, só eleva os casos. “O indivíduo deprimido está doente e sofre muito, mas sua falta de interesse pela vida costuma ser encarada pelos outros como preguiça ou falta de caráter,” explica ela. Segundo Alessandra, a doença é predominantemente feminina e a proporção é de que para cada homem com depressão no mundo, haja duas mulheres já sofrendo com o mal. “Embora as mulheres sejam mais abertas para falar de seus sintomas, e isso facilite o diagnóstico, elas geralmente apresentam maior carga emocional e por isso sofrem mais”, revela a psicóloga na reportagem de Lucian Haro. Nossa edição também estampa o rombo causado aos cofres públicos do Estado pelas administrações anteriores e denunciadas pelo governador Beto Richa. São números que impressionam. Impressionam ainda mais as dezenas de obras inacabadas. A repórter Norma Correia entrevistou o secretário Mauro Munhoz, que apresentou um diagnóstico completo sobre o assunto. As pessoas desaparecidas e que até hoje ninguém têm pistas bem como o elevado consumo do álcool no país, também são assuntos de destaque nesta edição. Gabriela Gatti traz as últimas novidades do mundo da moda e da sociedade, enquanto Lorena Malucelli Pelanda revela a volta dos grandes shows na Pedreira Paulo Leminski.

Pedro Ribeiro

4 Documento Reservado / Abril 2011


14 Licitação aberta

Para um contrato de, no máximo, R$ 320 mil por mês, a Assembleia Legislativa do Paraná abre licitação para contratar empresa que irá produzir conteúdo para a TV da Casa

50 Biobus

Das 200 mil pessoas que desaparecem por ano no Brasil, 40 mil são crianças e adolescentes, gerando muita dor na família. E, segundo a Polícia, apenas 15% dos casos são solucionados

Foto: Divulgação

Ao final de minucioso levantamento promovido pelo Governo Beto Richa em todos os setores do Estado, o diagnóstico foi o pior possível: O Paraná tem rombo de R$ 4,5 bilhões

38 Desaparecidos

Curitiba é a única metrópole a contar com frota de ônibus de transporte coletivo operando só com biocombustível. Até 2012, 140 ônibus circularão usando apenas este combustível

Foto: Divulgação

08 Herança indesejada

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

índice

40 Ligação perigosa

54 Incentivo

O tráfico internacional de entorpecentes tem início certo na Ponte Internacional da Amizade, em Foz do Iguaçu, e liga o Brasil ao Paraguai, maior produtor mundial de maconha

Para viabilizar um projeto, dar andamento a uma idéia, empreendedores podem contar com a ajuda de sites de incentivo coletivo, modalidade que já chegou ao Brasil

24 Novidade política

56 Novos profissionais

O ritmo de vida e as demandas impostos pela atualidade à sociedade, têm contribuído para o aparecimento de novos profissionais no mercado, como o personal stylist e o personal friend

44 Casa própria Foto: Divulgação

Por meio da Cohapar, Governo do Estado desenvolve projeto para a construção de moradias a fim de atender 100 mil famílias nos 399 municípios paranaenses ao longo de quatro anos

Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Surgido de dissidências no DEM, o PSD, com promessa de independência e fim das “velhas dinastias partidárias”, tem conquistado grande número de políticos de vários partidos

28 Doença séria

46 Ritmo menor

58 Palco de pedra

32 Vício fatal

48 benfeitorias

66 Inspetora Maria Alice

Doença patológica que afeta muito mais gente no mundo do que se imagina, a depressão foi considerada um dos males do Século 21, principalmente para a população feminina

O consumo de bebida alcoólica começa cedo e tem efeito devastador para o dependente, pois abre caminho para outras drogas, e apresenta índice de fatalidade maior que a Aids

Ajustes pontuais do Governo Federal no mercado visando não perder o controle da inflação já refletem na queda do ritmo de crescimento da economia neste ano. Porém, nada que assuste

Prefeitura de Almirante Tamandaré investe mais de R$ 7 milhões na revitalização da avenida Wadislau Bugalski, em benefício de milhares de moradores do município e da região

Interditada para grandes eventos desde agosto de 2008, a Pedreira Paulo Leminski pode voltar a colocar Curitiba no roteiro dos bons e grandiosos espetáculos nacionais e internacionais

Primeira mulher a assumir a Diretoria-Geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Brasília, a inspetora Maria Alice já construiu uma longa história na corporação

5 Documento Reservado / Abril 2011


sintonia fina

Óleo de peroba

O homem que, supostamente, era contra os “marajás”, acabou mostrando seu lado capitalista e se tornou um deles. Roberto Requião, que sempre defendeu os fracos e oprimidos, lendo e rezando a cartilha de Puebla, recebe hoje mais de R$ 50 mil por mês. Só de aposentadoria precoce são mais de R$ 24 mil. E ainda se posiciona como moralista, como se todos os paranaenses fossem cegos, surdos e mudos.

Fato lamentável

Pois o mesmo Roberto Requião, que também, supostamente, defendia a liberdade de expressão, acabou rasgando o pergaminho, ao agredir, novamente, um repórter em Brasília. Quando questionado sobre sua aposentadoria, o truculento senador tomou o gravador das mãos do repórter e deletou o cartão que continha uma entrevista. E saiu disparando, em seu twitter, toda sua arrogância de político de fim de carreira.

Filho paga o pato

Essa arrogância provocou a demissão do filho Maurício Requião de Mello e Silva da chefia de gabinete do deputado João Arruda (PMDB). O jovem, que não tinha nada a ver com o rompante e irresponsabilidade do pai, acabou perdendo o emprego. Assim caminha Roberto Requião. Um final de carreira melancólico e recheado de pendengas no judiciário.

Na trincheira

O governador Beto Richa (PSDB) começa a ouvir as primeiras queixas dos aliados no interior do Estado e a receber as primeiras pedradas da oposição. Afinal, dizem as línguas nos bastidores da Assembleia Legislativa, passados três meses e o governo ainda não tem um plano de gestão. Os tiros vêm saindo das salas dos petistas que, é claro, já pensam no governo em 2014.

Chamem o padre

Por mais que tenha se esforçado, a nova direção da Assembleia Legislativa do Estado ainda está caçando fantasmas na casa. Ou melhor, fora dela. Segundo um dirigente, está difícil puxar o cabo de algumas correntes que circulam clandestinamente no legislativo. “Mas vamos chegar lá”, garante, nem que tenha que trazer o padre Quevedo para um exorcismo básico. Bem, a Polícia Federal e a Receita Federal já fazem plantão no local.

Metro em Curitiba

Carteira cheia

O ex-senador, Osmar Dias (PDT), assume a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil, cargo de extrema importância para a política agrícola brasileira e, em especial, do Paraná. No ano passado, o saldo da carteira de crédito do agronegócio do BB para todo o País atingiu R$ 74 bilhões, mais do que três vezes o orçamento anual previsto pelo Estado do Paraná para este ano – R$ 23 bilhões.

Já está nas ruas de Curitiba o jornal Metro, editado pelo Grupo Band. Durante o lançamento, no dia 27 de abril, o governador Beto Richa e o prefeito Luciano Ducci destacaram a iniciativa que visa ampliar o número de veículos de comunicação no Paraná. Joel Malucelli, um dos sócios do empreendimento, passa a ter, agora, sete veículos de comunicação: quatro rádios, duas televisões e um jornal.

6 Documento Reservado / Abril 2011


Pedro Ribeiro

Cordão umbilical

O jornal Metro, lançado em Curitiba pela Band TV, já sentiu o primeiro ruído do monopólio empresarial da imprensa paranaense. Estava tudo acertado para que os 30 mil exemplares diários do novo jornal fossem impressos nas gráficas do Grupo Positivo. De repente, os homens ligados ao grupo da RPC recuaram sem dar uma resposta satisfatória sobre a recusa. Cheiro de boicote no ar.

Pendurando chuteiras

Decisivamente e precocemente, o governador do Estado, Beto Richa, terá de pendurar as chuteiras. Primeiro, foi uma lesão no tornozelo, quando disputava uma partida de futsal na companhia dos filhos. Ficou mais de dois anos fora dos campos. Agora, ao participar do jogo beneficente para vítimas das cheias e do terremoto no Japão, ele novamente sentiu o peso da idade nos gramados. Torceu o tornozelo, do outro pé, e anda com bota ortopédica.

De bem com a vida

Orlando Pessuti foi dar um abraço no amigo Joel Malucelli durante o lançamento do jornal Metro. Aproveitou para abraçar, também, o governador Beto Richa e o prefeito Luciano Ducci. Entre abraços, Pessutão comemorava o quadragésimo aniversário de sua chegada à capital, vindo de Jardim Alegre, direto para a pensão da Dona Rosa, na Rua do Rosário, 95.

Tudo em casa

Há quem sustente que a saída do deputado Ney Leprevost do PP (foi para o PSD) tem um motivo forte. Aliás, dois. Ou melhor, três: Ricardo Barros, que não abre mão do diretório de Curitiba; Cida Borghetti, que pode mudar de domicílio e ser candidata à Prefeitura de Curitiba, e o irmão da Cida, cunhado de Ricardo, Julio Borghetti, outro forte candidato à sucessão de Luciano Ducci. Família unida, luta unida.

Base de lançamento

O deputado Marcelo Rangel aprendeu depressa a lição de casa no parlamento. Fez um grande escarcéu com o caso do grampo na Assembleia Legislativa, chegando a pedir uma CPI. Bem, fez duas reuniões e nunca mais falou no assunto. O mesmo deputado, que esperneava para que as concessionárias do pedágio não cobrassem o eixo levantado dos caminhões, também se calou.

7 Documento Reservado / Abril 2011


política

Uma sala de aula completamente destruída e abandonada

Forro despenca em auditório de escola pública do Paraná

Governo Richa herda rombo de

P

ara quem passou oito anos no Governo do PMDB, entre 2002 e 2010, contabilizando os escândalos que se reproduziram nesse período como relâmpago, talvez não tenha se surpreendido com o rombo nos cofres do Estado, que passa de R$ 4,5 bilhões. É claro que a divulgação dos estragos, com a abertura da caixa preta deixada pelo Governo de Roberto Requião e Orlando Pessuti, provocou natural gritaria no outro lado. Deve ter sido difícil para quem cantou em verso e prosa que o Governo era o melhor da galáxia, ver tanta publicidade ir por água abaixo. Não havia comparativo para o que

8 Documento Reservado / Abril 2011

“foi feito” na educação, saúde, infraestrutura, Copel, portos, Ferroeste, Sanepar, sem contar os focos de corrupção que eclodiam aqui e ali. Enfim, o Paraná era, na visão de Requião, um paraíso na terra, uma ilha de prosperidade. Essas alucinações, porém, não se sustentaram diante dos números apresentados, no dia 12 de abril, pelo secretário-chefe da Casa Civil, Durval Amaral, e pelo secretário de Controle Interno, Mauro Munhoz, que abriram a caixa de ferramenta e mostraram parte da verdadeira situação econômica do Paraná. O passivo deixado é maior que o orçamento de muitos municípios paranaenses; com R$ 4,5 bilhões seria possível

construir 340 mil casas populares e acabaria com o déficit habitacional no Estado. Para se ter uma ideia do quanto é crítica a situação, as contas de água, luz e telefone do próprio Governo deixaram de ser pagas entre março de 2010 a março último, totalizando mais de R$ 102 mil. Nem mesmo compromissos com programas sociais, como o Luz Fraterna, foram honrados, e a dívida ficou em R$ 14 milhões que deverão ser pagos pelo atual governo. Após salientar que não recebeu nenhuma “herança maldita”, simplesmente porque a Secretaria de Controle Interno nunca existiu de fato, a não ser apenas no papel, Munhoz disse


Norma Corrêa

R$ 4,5 BI Em algumas celas, os presos dormem literalmente empilhados

Resultado do diagnóstico realizado pelas secretarias do Estado deixou muita gente perplexa

que os números apresentados foram os primeiros em 90 dias de governo. E, com eles, encerrase uma etapa importante da fase de ambientação da nova administração. “O retrato não era o que se esperava. É o resultado dos principais fatos e está muito distante do discurso político”, afirmou, ao garantir, que no governo anterior houve “prática de atos ilegais administrativos e econômicos; falta de responsabilidade na gestão fiscal; descumprimento de princípios constitucionais e da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), além de muitos fatos à margem da lei, que foram encaminhados aos órgãos competentes, como Ministério Público e Tribunal de Contas, para que

sejam apuradas as responsabilidades”, adiantou. De acordo com o relatório de Munhoz, foram constatadas obras inacabadas e precárias, sucateamento das estruturas operacionais e administrativas em todas as áreas, aniquilamento da capacidade de investimento, sem contar o “caos” encontrado na rede hospitalar. A conta de restos a pagar chega a R$ 1,9 bilhão. O déficit inclui ainda dívidas trabalhistas, despesas sem empenho e contratos lesivos aos cofres públicos. Exemplo: um contrato de reprografia foi renovado sem licitação por seis anos consecutivos, ao custo de R$ 0,13 a cópia, quando o preço médio de mercado é de R$ 0,07. “Esse contrato

foi cancelado e substituído por um novo, em caráter emergencial, com custo 30% inferior ao contratado há cinco anos”, disse Munhoz. Os números são frios e estarrecedores e mostram que o trabalho de recuperação deve levar cerca de dois anos. É o tempo para a equipe do governador Beto Richa (PSDB) retomar o controle sobre gastos e despesas e colocar a casa em ordem. Quando da apresentação do diagnóstico atual do Estado, que levou 100 dias para que os secretários fizessem completo levantamento de suas pastas, que resultou na compilação feita por Munhoz, o secretário Durval Amaral fez questão de frisar que se tra-

9 Documento Reservado / Abril 2011


política

Quadro negro em que uma professora usa para ensinar seus alunos

tava de uma reunião técnica. “Não é retaliação política ou administrativa ao governo anterior. Trata-se apenas de uma prestação de contas, como parte da transparência da administração pública. Mauro Munhoz, que já foi diretor de Contas do Tribunal de Contas do Estado, sintetizou todas as informações levadas pelos secretários. O relatório será encaminhado ao Tribunal de Contas, cujas contas serão objeto de impugnação, e outras questões que terão desdobramentos técnicos serão encaminhadas ao Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado. Não cabe à administração pública ter conhecimento de irregularidades e não procurar contê-las”, destacou. Amaral e Munhoz contaram que, no emaranhado de problemas que encontraram, foram detectados 419 casos de pagamento de funcionários em cargos de confiança, que recebiam vantagens especiais na forma de encargos diferenciados e ilegais entre 2005 e 2010, o que só fez aumentar a ansiedade nos administradores. Foi por esse processo, conhecido como “turbinamento”, que alguns servidores recebiam salários até quatro vezes mais que o valor original do cargo para o qual foram contratados. Por exemplo: um servidor admitido com salário de R$ 1.073,77 passou a receber ilegalmente R$

10 Documento Reservado / Abril 2011

4.238,64. “Ao administrador público não é dado aplicar encargos diferentes para uns servidores e não para outros. Isso será objeto de impugnação das contas do governo passado”, explica Amaral. Os gastos com pessoal também foram alvo de um alerta emitido pelo Tribunal de Contas do Estado, por atingirem 46% das Receitas Correntes Líquidas, ou seja, apenas 0,55% abaixo do limite prudencial estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O secretário se refere aos processos 547935/08 e 547943/08, ou seja, duas Comunicações de Irregularidades da 3ª Inspetoria de Controle Externo ao Conselheiro Superintendente da Inspetoria, Heinz Herwig, responsável por fiscalizar a Casa Civil do Governo, em 2008 e 2009. O primeiro processo, diz respeito à concessão de encargos especiais e o segundo, é sobre a cessão de servidores comissionados a outros órgãos ou Poderes. No primeiro caso, como já há a presunção de dano ao erário, houve a instauração de um procedimento denominado Tomada de Contas Extraordinária, que tem como objetivo essencial a quantificação do dano e seus responsáveis. A Tomada de Contas está seguindo seu trâmite de manifestações dos órgãos técnicos e jurídicos e do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, bem como dos gestores à

época e atuais. No segundo caso, a comunicação de irregularidade tramita nos mesmos moldes de manifestações dos órgãos técnicos e jurídicos e do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas, bem como dos gestores à época e atuais. Apesar dessa situação, um conjunto de leis, decretos e despachos governamentais foi assinado nos últimos 180 dias da administração anterior, concedendo aumentos salariais, com impacto de mais de R$ 1,2 bilhão ao ano nas contas estaduais. Dinheiro insuficiente para a saúde Por conta da má gestão, principalmente na área de planejamento, algumas áreas têm orçamento insuficiente para cobrir as despesas deste ano. Na saúde, por exemplo, os recursos para repasse ao Fundo Estadual de Saúde e aos Fundos Municipais de Saúde são suficientes para apenas oito meses. Será necessário fazer uma suplementação orçamentária, por remanejamento ou por meio de projeto de lei encaminhado à Assembleia Legislativa. Aliás, na área da saúde, 2011 começou com problemas sérios especialmente em hospitais novos, que foram mal projetados, não têm equipamentos e nem funcionários, além das dívidas e compromissos não honrados do governo anterior. De acordo com o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, serão necessários mais de R$ 130 milhões para estabilizar as contas de sua pasta. Ele também tem dificuldades para definir de onde virá o dinheiro para quitar esta dívida, uma vez que o orçamento estabelecido para este ano para o setor da Saúde é de R$ 372 milhões, R$ 20 milhões a menos que no ano passado. Segundo o secretário, os recursos foram direcionados de forma equivocada, o que gerou demandas que terão que ser supridas agora, o que deve adiar os investimentos previstos no Plano de Governo de Beto Richa.


Norma Corrêa

Uma sala de aula com o chão completamente destruído

Pelo diagnóstico apresentado, a Secretaria de Estado da Saúde (SESA), tem passivo de R$ 99 milhões, resultado de pagamentos autorizados e não efetuados para a compra de medicamentos, materiais e equipamentos. Por causa da inadimplência, os fornecedores não entregaram as encomendas. E, para evitar a escassez, cada caso tem sido analisado individualmente e resolvido à medida que forem sendo apresentados. Com os fornecedores, a dívida chega a R$ 53 milhões e desse total, a SESA já quitou R$ 26 milhões. Mas faltam ainda R$ 7 milhões, para colocar em funcionamento os hospitais inaugurados em 2010, como o de Guaraqueçaba e o de Ponta Grossa. Caputo Neto prevê a liberação de recursos até o final do ano para investimentos em hospitais. “Estamos atraindo mais recursos para a Saúde e já garantimos para o ano que vem aumento

de R$ 130 milhões no orçamento. Precisamos de mais R$ 25 milhões para pagar as dívidas e empenhar grande parte dos R$ 99 milhões de empenhos não processados”, disse, ao frisar que a situação crítica que encontrou na saúde é resposta de ausência ou política equivocada de investimentos que não priorizou o atendimento em áreas com maior demanda. Hospitais Paredes com infiltração, bolor, mofo, equipamentos danificados, hospitais concluídos, mas fechados por falta de pessoal ou por estarem sem condição de uso. Esse é o retrato caótico do setor, que pode ser exemplificado pelo caso do Hospital Regional de Ponta Grossa, inaugurado em 2010, com muita festa. Aliás, essa foi uma pequena amostra do caos instalado em apenas

um dos setores essenciais de atendimento à população, que paga imposto, e muito, para ter o mínimo para sua sobrevivência. De acordo com o relatório sobre a situação na saúde, o projeto do Hospital Regional de Ponta Grossa, por exemplo, ignorou normas específicas para a construção de estruturas hospitalares. O piso do centro de esterilização suporta no máximo 300 quilos, mas deveria escorar equipamentos de até três toneladas. Além disso, a lavanderia, o almoxarifado, a central de armazenamento de medicamentos, a UTI neonatal e o centro cirúrgico não foram projetados para suportar a demanda que o hospital vai gerar. No Hospital Regional de Guaraqueçaba a situação não é muito diferente. A estrutura do prédio está com rachaduras no piso e infiltrações, sem contar que a unidade não tem uma sala de oxigênio. O que se comenta na cidade é que Guaraqueçaba, na verdade, ganhou um elefante branco, que a nova administração está tentando fazer funcionar. A SESA está tratando de fazer as adequações das unidades, na expectativa de que as obras terminem até o final do ano. O levantamento mostra que faltam recursos para concluir obras essenciais, como hospitais de várias regiões. Caos na educação Na área da educação os resultados da auditoria também não foram nada animadores. Ali foram encontrados R$ 57 milhões em despesas feitas sem empenho. A maior parte é para pagamento de rescisões de contratos de professores temporários do Processo Seletivo Simplificado (PSS), que requer R$ 41,6 milhões. Outras despesas importantes, e não quitadas, somam quase R$ 15 milhões, incluindo telefonia, energia, água, processamento de dados e convênios. Pelo menos 143 escolas estão sucateadas e prejudicam as aulas de milhares de alunos. São salas com goteiras, infiltrações e sujeitas a inundações; ginásios e refeitórios inadequados

11 Documento Reservado / Abril 2011


política Hospital Regional de Ponta Grossa, recentemente inaugurado, ainda não está em uso, mas já tem infiltração e bolor

Sala de aula completamente destruída e abandonada

ou com paredes e pisos comprometidos, além de instalações depredadas, com problemas elétricos, hidráulicos e nas tubulações de esgoto. Apesar das deficiências do setor, foram encontrados R$ 199 milhões em recursos disponibilizados pela União, desde 2008, para construção de Centros de Educação profissional e formação de professores, que não foram utilizados. No ensino superior, os restos a pagar e contas sem empenho somam R$ 5 milhões, e ainda, o Estado deixou de repassar mais de R$ 100 milhões para manutenção de instituições de ensino superior, Tecpar, Fundação Araucária e Funpar.

Segurança O levantamento da equipe de Governo mostrou ainda que a escalada da criminalidade, principalmente na região de Curitiba, ocorreu na mesma velocidade em que a estrutura da segurança pública era sucateada. Além da redução do contingente de policiais civis e militares, as delegacias estão superlotadas (40 delas foram interditadas), obrigando mais de 2 mil policiais a trabalhar na custódia e carceragem, que não são função da Polícia Civil. No Instituto Médico Legal de Curitiba havia 119 corpos não entregues aos familiares, alguns

desde 2008. A frota de veículos policiais está sucateada e defasada em tecnologia embarcada e de equipamentos de informática. Faltam vagas em presídios, colônias penais agrícolas e industriais. Por isso, apenas 21% dos presos de penitenciárias trabalham.

Material usado para análises é mal conservado e acondicionado em locais impróprios

Como é acondicionado o lixo hospitalar em uma unidade no Estado

12 Documento Reservado / Abril 2011


Norma CorrĂŞa

13 Documento Reservado / Abril 2011


política

Administrando com mãos de

ferro 14

A nova mesa diretora da Assembleia Legislativa, que assumiu em fevereiro deste ano, vem conduzindo a administração com mãos de ferro, para conter o desperdício e gerar economia aos cofres públicos. Depois da revisão dos contratos, agora, é a vez da licitação para contratação de empresa que produza conteúdo para a TV Sinal, no valor máximo de R$ 320 mil, por 36 meses

Documento Reservado / Abril 2011


Norma Corrêa

Na presidência da AL, o deputado Valdir Rossoni comemora os resultados positivos das ações que vem implantando

15 Documento Reservado / Abril 2011


política

H

Deputados Valdir Rossoni, presidente, e Plauto Miró, primeiro-secretário, arregaçaram as mangas para devolver ao Legislativo o respeito dos paranaenses

16 Documento Reservado / Abril 2011

á quase três meses à frente da administração da Assembleia Legislativa, a nova mesa diretora, comandada com mãos de ferro pelos deputados Valdir Rossoni (PSDB), na presidência e Plauto Miró (DEM), na primeirasecretaria, a cada dia, traz novidades com para controlar os gastos na Casa, cujo orçamento mensal é superior a R$ R$ 320 milhões. Aos poucos, as inovações vão sendo implantadas e apresentadas, “com o objetivo de evitar o desperdício do dinheiro público”, como os pregões eletrônicos e as licitações públicas, que têm sido intensificadas. Depois de rever os 36 contratos administrativos (destes, 18 estavam vencidos) da AL, o 1º secretário garantiu a redução de custos nos mais diversos serviços que são prestados à Casa, e que vão de fotocópias, à compra de passagens aéreas e terrestres. Apertando o cinto e fechando a torneira do desperdício, a economia comemorada pela mesa executiva, nos meses de fevereiro e março, foi de R$ 7,1 milhões. “Fizemos vários cortes que possibilitaram essa economia. Foram mais de

400 cargos comissionados na administração da Casa e também nas comissões permanentes que foram cortados”, diz Rossoni, que apostas nessas medidas para fazer com que a AL volte a ser respeitada. “A Assembleia é o centro nervoso da política do Paraná. Hoje, quem for à Assembleia pode sentir o clima positivo. Hoje, não tem fantasma, não tem supersalários. A Casa está enxuta e prova disto é que no final do ano iremos devolver mais de R$ 40 milhões para que o Governo do Estado aplique onde achar necessário”, afirma. Agora, a administração trabalha na preparação da licitação de um dos serviços mais caros prestados à Assembleia Legislativa: A geração de imagem e produção dos conteúdos da TV Sinal, que vem sendo feita pela produtora GW Paraná Comunicação Ltda. Esta será a primeira licitação de porte. Os interessados em participar da concorrência pública terão prazo para entregar as propostas até o dia 13 de junho, às 17h30min. A abertura das propostas está marcada para o dia 14 de junho, às 13h30min. No edital de concorrência (nº 001/2011), o objeto diz que a contratação de empresa para produção da programação da TV Assembleia, deverá ter cadastro junto à AL, ou em qualquer outro órgão da administração pública direta ou indireta. A interessada, ainda, deve apresentar custo máximo de R$ 320 mil mensal, com prazo de 36 meses (três anos) de vigência do contrato. “Todos os serviços que precisam ser mantidos serão licitados e, por isto, estamos em fase de preparação de processos licitatórios e o primeiro deles é a TV Sinal, e o edital estará disponível na Diretoria de Apoio Técnico (DAT) da AL – 4º andar do prédio da Administração – na Praça Nossa Senhora da Salete, s/n, ou no site www.alep.pr.gov.br/transparência”, explica Plauto, ao informar


Norma Corrêa

que até o final do processo, a GW continuará produzindo o conteúdo da TV Sinal. Plauto fez questão de citar o acordo de prorrogação de contrato com a produtora, que baixou de R$ 398 mil que a Casa pagava, para R$ 360 mil. “Isso sem contar que havia a previsão de reajuste nos valores dos serviços previstos para abril de 11%, mas que conseguimos negociar e dispensar esse aumento e, ainda, reduzir os valores”, comemora o deputado. Há cerca de dois meses trabalhando na revisão de contratos, Plauto adiantou que a Assembleia Legislativa também terá licitação para contratação de empresas de manutenção de elevadores, locação de equipamentos de multimídia, manutenção de rede de internet, locação e manutenção de central telefônica, serviços de telefonia celular e de longa distância e serviços de jardinagem, além da escolha da empresa que vai manter o restaurante que funciona no prédio da Casa, atendendo funcionários, deputados e visitantes. De acordo com o deputado, a revisão dos contratos está gerando considerável redução nos gastos com fornecedores e prestadores de serviços que, em 2010, chegaram a R$ 14 milhões. “Essa redução de valores ajudará na economia que a Assembleia pretende atingir. Nossa meta é devolver ao Poder Executivo todo o dinheiro que sobrar nos cofres da Casa. Esses recursos serão mais úteis ao Governo do Estado, que poderá usá-los em projetos que atendam a população, principalmente nas áreas da saúde, educação e

segurança”, argumenta, ao acrescentar que o rigor está sendo uma regra na revisão de todos os contratos que estavam sendo mantidos na AL, que terá, ainda, economia com o fim do pagamento de dois contratos que existiam para a remoção de lixo orgânico e que está sendo feita pela Prefeitura de Curitiba. O contrato com a Rádio e Televisão Rotioner Ltda – que faz a transmissão e recepção de sinal digital da TV Sinal – foi revisto, e houve redução do valor do serviço, que passou de R$ 198 mil para R$ 135 mil mensais. O contrato com a Rotioner encerra em dezembro de 2012.

Deputados convivem, há quase três meses, com novas regras e novo ânimo para controlar os gastos na Casa

Pregão eletrônico Outra novidade, o primeiro pregão eletrônico inserido na rotina administrativa da Assembleia Legislativa, foi para a compra de equipamentos de informática. Plauto fez questão de acompanhar pessoalmente a aquisição de 80 computadores e 61 impressoras para a Casa. O processo foi dividido em quatro lotes, que tiveram no máximo sete empresas classificadas para a concorrência. Na escolha de computadores, previsto no primeiro lote, uma das quatro empresas classificadas recorreu do resultado, alegando problemas nas especificações técnicas. No segundo lote, sete empresas disputaram venda de 30 impressoras multifuncionais jato de tinta. A Assembleia estipulou como valor máximo para a compra, R$ 11.070,00, porém, na disputa, o valor foi caiu para R$ 8.530,00, o representa uma redução de 22,94% no preço final.

17 Documento Reservado / Abril 2011


política

Deputado Plauto Miró, que administra um orçamento mensal de R$ 320 milhões, implanta ações para evitar o desperdício do dinheiro público

18 Documento Reservado / Abril 2011

A queda de preço foi ainda maior no lote 3, para compra de 30 impressoras laser. O preço máximo era de R$ 26.970,00, mas os equipamentos foram adquiridos pela Assembleia por R$ 18 mil, com uma economia de 33,26%. O lote 4, para aquisição de uma impressora multifuncional laser, o preço máximo de R$ 2.815,00 e foi adquirido por R$ 2.215,00, com redução de 21,31% do valor. “Por determinação da mesa executiva todas as compras de materiais e produtos necessários para o funcionamento da Assembleia serão feitas por pregão e licitação. Desta forma fazemos com que a Casa esteja aberta para todas as empresas que queiram participar das concorrências”, avalia Plauto. Animado com os resultados obtidos, o deputado diz que, além de dar oportunidade para todos, os pregões eletrônicos geram mais economia

e ainda garantem a lisura e transparência das negociações, que podem ser acompanhadas por qualquer cidadão via internet. “A modalidade de pregões é muito interessante porque impede a manipulação. Isso porque durante a negociação o pregoeiro não tem a identificação das empresas que estão participando da concorrência. O nome de cada uma delas aparecerá na tela do computador apenas ao término da disputa de preços, o que garante a lisura do processo”, adianta. A Assembleia faz os pregões por meio do BBMNet Licitação, que é o site da Bolsa Brasileira de Mercadorias, que realiza, eletronicamente, tanto licitações e leilões promovidos por órgãos da administração pública, como compras e leilões de empresas do setor privado. A ferramenta não tem custo para a Assembleia, já que são as empresas que pagam uma taxa à Bolsa para participar das concorrências. De acordo com o primeiro-secretário, a Assembleia já usava os pregões eletrônicos desde 2006, mas com menos frequência. Hoje, com o novo modelo de gestão implantado, até mesmo produtos de consumo diário, como café e açúcar serão adquiridos desta forma. Hoje, 70% das compras estão sendo feitas por meio desta modalidade e o objetivo é aumentar esse percentual. Plauto disse que a Casa vem registrando desde fevereiro – quando a atual Mesa Executiva assumiu o Poder Legislativo – uma redução de 30%, em média, nos gastos com a compra de produtos, mas em alguns casos essa economia é ainda maior. Plauto lembra que os pregões eletrônicos podem ser acompanhados por qualquer cidadão que tenha acesso à internet. O site de compras utilizado pela Assembleia tem o endereço eletrônico www. bbmnet.com.br.


Norma CorrĂŞa

19 Documento Reservado / Abril 2011


política

Depois do sucesso de outras medidas, direção da Assembleia Legislativa vai contratar empresa para o conteúdo da TV da Casa

E

m uma gestão, que tem sido marcada pela austeridade visando controlar os gastos da Casa e recuperar a imagem do Legislativo perante a sociedade, os deputados Valdir Rossoni (PSDB), presidente, e Plauto Miró (DEM), primeiro-secretário, estão às voltas com um dos serviços mais caros prestados à AL: A geração de imagem e produção dos conteúdos da TV Sinal, que vem sendo feita pela produtora GW Paraná Comunicação Ltda. Esta será a primeira licitação de porte. Os interessados em participar da concorrência pública têm até às 17h30 do dia 13 de junho para entregar as propostas. A abertura dos envelopes será realizada no dia seguinte, às 13h30. O edital de concorrência (nº 001/2011) deixa claro que a empresa a ser contratada para produzir a programação da TV Assembleia deverá ter cadastro junto à AL ou qualquer outro órgão da administração pública direta ou indireta. A interessada, ainda, deve apresentar custo máximo de R$ 320 mil mensal. A duração do contrato será de 36 meses. “Todos os serviços que precisam ser mantidos serão licitados e, por isto, estamos em fase de preparação de processos licitatórios e o primeiro deles é a TV Sinal, e o edital estará disponível na Diretoria de Apoio Técnico (DAT) da AL – 4º andar do prédio da Administração – na Praça Nossa Senhora da Salete, s/n, ou no site www.alep.pr.gov.br/transparência”, explicou Miró, ao informar que até o final do processo, a GW continuará produzindo o conteúdo da TV Sinal. E fez questão de citar o acordo de prorrogação de contrato com a produtora, que baixou de R$ 398 mil que a Casa

20 Documento Reservado / Abril 2011

Aberta licitação para a pagava, para R$ 360 mil. “Isso sem contar que havia a previsão de reajuste de 11% em abril dos valores dos serviços, mas conseguimos negociar e dispensar esse aumento e, ainda, reduzir os valores”, comemorou. Há cerca de dois meses trabalhando na revisão de contratos, o primeiro-secretário adiantou que a AL também terá licitação para contratação de empresas de manutenção de elevadores; locação de equipamentos de multimídia; manutenção da rede de internet; locação e manutenção de central telefônica; serviços de telefonia celular e de longa distância e serviços de jardinagem, além da escolha da empresa que vai manter o restaurante, que funciona no prédio da Casa, atendendo funcionários, deputados e visitantes. De acordo com o deputado, a revisão dos contratos está gerando considerável redução nos gastos com fornecedores e prestadores de serviços, que chegaram a R$ 14 milhões em 2010. “Essa redução de valores ajudará na economia que a Assembleia pretende atingir. Nossa meta é devolver ao Poder Executivo todo o dinheiro que sobrar nos cofres da Casa. Esses recursos serão mais úteis ao Governo do Estado, que poderá usá-los em projetos que atendam a população, principalmente nas áreas da saúde, educação e segurança”, argumentou, ao acrescentar que o rigor está sendo uma regra na revisão de todos os contratos que estavam sendo mantidos na AL, que terá, ainda, economia com o fim do pagamento de dois contratos que existiam para a remoção de lixo orgânico e que está sendo feita pela Prefeitura de Curitiba. O contrato com a Rádio e Televisão Rotio-


Pedro Ribeiro

TV SINAL

21 Documento Reservado / Abril 2011


política

Miró: “estamos em fase de preparação de processos licitatórios e o primeiro deles é a TV Sinal”

ner Ltda – que faz a transmissão e recepção de sinal digital da TV Sinal – foi revisto, e houve redução do valor do serviço, que baixou de R$ 198 mil para R$ 135 mil mensais. O contrato com a Rotioner termina em dezembro de 2012. Nesse pouco tempo administrando AL, a nova mesa diretora, a cada dia, traz novidades no controle dos gastos na Casa, cujo orçamento mensal é superior a R$ 320 milhões. Aos poucos, as inovações vão sendo implantadas e apresentadas, “com o objetivo de evitar o desperdício do dinheiro público”, como os pregões eletrônicos e as licitações públicas, que têm sido intensificadas. Depois de rever os 36 contratos administrativos, dos quais 18 estavam vencidos, Miró garantiu a redução de custos nos mais diversos serviços que são prestados à Casa, e que vão de fotocópias, à compra de passagens aéreas e terrestres. Apertando o cinto e fechando a torneira do desperdício, a economia comemorada pela mesa executiva, em fevereiro e março, foi de R$ 7,1 milhões. “Fizemos vários cortes que

22 Documento Reservado / Abril 2011

possibilitaram essa economia. Foram mais de 400 cargos comissionados na administração da Casa e também nas comissões permanentes que foram cortados”, destacou Rossoni, que aposta nessas medidas para fazer com que a AL volte a ser respeitada. “A Assembleia é o centro nervoso da política do Paraná. Hoje, quem for à Assembleia pode sentir o clima positivo. Hoje, não tem fantasma, não tem supersalários. A Casa está enxuta e prova disto é que, no final do ano, iremos devolver mais de R$ 40 milhões para que o Governo do Estado aplique onde achar necessário”, afirmou o presidente. Pregão eletrônico Outra novidade, o primeiro pregão eletrônico inserido na rotina administrativa da Assembleia Legislativa, foi para a compra de equipamentos de informática. Miró fez questão de acompanhar pessoalmente a aquisição de 80 computadores e 61 impressoras para

a Casa. O processo foi dividido em quatro lotes, que tiveram no máximo sete empresas classificadas para a concorrência. Na escolha de computadores, previsto no primeiro lote, uma das quatro empresas classificadas recorreu do resultado, alegando problemas nas especificações técnicas. No segundo lote, sete empresas disputaram a venda de 30 impressoras multifuncionais jato de tinta. A Assembleia estipulou como valor máximo para a compra, R$ 11.070,00, porém, na disputa, o valor caiu para R$ 8.530,00, o que representa uma redução de 22,94% no preço final. A queda de preço foi ainda maior no lote 3, para compra de 30 impressoras a laser. O preço máximo era de R$ 26.970,00, mas os equipamentos foram adquiridos por R$ 18 mil, uma economia de 33,26%. O lote 4, para aquisição de uma impressora multifuncional a laser, estipulava preço máximo de R$ 2.815,00, mas adquirida por R$ 2.215,00, com redução de 21,31% do valor. “Por determinação da mesa executiva, todas as compras de materiais e produtos necessários para o funcionamento da Assembleia serão feitas por pregão e licitação. Desta forma, fazemos com que a Casa esteja aberta para todas as empresas que queiram participar das concorrências”, disse o primeirosecretário. Animado com os resultados, Miró afirmou que, além de dar oportunidade a todos, os pregões eletrônicos geram mais economia e ainda garantem a lisura e transparência das negociações, que podem ser acompanhadas por qualquer cidadão, pela internet. “A modalidade de pregões é muito interessante porque impede a manipulação. Isso porque durante a negociação, o pregoeiro não tem a identificação das empresas que estão participando da concorrência. O nome de cada uma delas aparecerá na tela do computador apenas ao término da disputa de preços, o Rossoni: “hoje, não que garante a lisura do tem fantasma, não tem supersalários” processo”, assegurou.


Pedro Ribeiro

A Assembleia Legislativa faz os pregões por meio do BBMNet Licitação, que é o site da Bolsa Brasileira de Mercadorias, que realiza, eletronicamente, tanto licitações e leilões promovidos por órgãos da administração pública, como compras e leilões de empresas do setor privado. A ferramenta não tem custo para a AL, já que são as empresas que pagam uma taxa à Bolsa para participar das concorrências.

Segundo o primeiro-secretário, a AL já usava os pregões eletrônicos desde 2006, mas com menos frequência. Hoje, com o novo modelo de gestão, até mesmo produtos de consumo diário, como café e açúcar serão adquiridos por este sistema. Atualmente, 70% das compras são feitas por meio desta modalidade e o objetivo é aumentar esse percentual. Miró disse que a Casa registra desde

fevereiro – quando a atual Mesa Executiva assumiu o Poder Legislativo – redução média de 30% nos gastos com a compra de produtos, mas em alguns casos essa economia é ainda maior. Ele lembrou que os pregões eletrônicos podem ser acompanhados por qualquer cidadão que tenha acesso à internet. O site de compras utilizado pela Assembleia é o www. bbmnet.com.br.

Agência Sinal O coordenador do Departamento de Divulgação da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, jornalista Hudson José, apresentou, dia dois de maio, à mesa diretora, o novo programa de gestão do setor que visa dar maior visibilidade às ações desenvolvidas pelo legislativo paranaense. Sinal – Sistema de Notícias da Assembleia Legislativa – é constituído por práticas e produtos que atendam às expectativas da opinião pública. Hudson José, que também tem formação em marketing, mostrou o conceito da Agência de Notícias, que busca consistência. Autenticidade e transparências. No Núcleo de Assessoria de Imprensa, os profissionais produzirão matérias para o site oficial, distribuirão o material aos veículos de comunicação, darão atendimento preferencial à cobertura da imprensa e a relação com os parlamentares no Plenário, nos gabinetes dos parlamentares, na Mesa Executiva e nas Comissões. O coordenador

também apresentou o novo sistema de funcionamento do Núcleo Rádio, com destaque à Rádio Web e o Núcleo Digital, formado pelo Site, Portal da Transparência, Redes Sociais,

Flickr (disposição de fotos e imagens), Youtube, Rádio Notícias e TV Web. Quanto ao Núcleo TV, terá nova grade de programação e a Rede Legislativa Estadual.

23 Documento Reservado / Abril 2011


política

Alex Pazuello

Fundação do PSD, em Brasília, já nasceu com a adesão de 38 deputados federais, um governador, dois senadores e cinco vice-governadores, além de deputados estaduais, prefeitos e vereadores

Promessa de muito A criação do PSD está mobilizando políticos de todos os matizes, com o aceno de independência e o fim do “caciquismo”

24 Documento Reservado / Abril 2011

D

esde o começo de 2011 as promessas de muito barulho no cenário político brasileiro foram se confirmando com o passar dos dias. E não é para menos, sob a égide da inquietação, da insatisfação e da decepção, alguns políticos se organizaram para fundar a 28ª agremiação política, oficialmente registrada: o PSD (Partido Social Democrático), que nasce com claras pretensões, segundo seu idealizador, Gilberto Kassab (DEM), prefeito de São Paulo, de ser “independente” para representar o sentimento coletivo de toda a sociedade brasileira. E, junto com eles, segue um número considerável de deputados estaduais, federais, senadores, vereadores, prefeitos, vice-prefeitos, em adesões cada vez mais acentuadas. O anúncio da criação do PSD foi feito em março e, em abril, o grupo liderado por Kassab fez um grande evento em Brasília para a fundação do partido que, confor-

me assegura o prefeito paulista, em seu discurso, nasce independente, mas não descarta apoio ao Governo Federal a projeto “que acreditamos sejam os melhores para o País. Porém, estaremos contra os projetos que não acreditamos que sejam melhores para o País. Torcemos muito para que a presidente Dilma faça um bom governo. É bom para o País”. Ele também informou que, ao contrário de comentários que circularam nos meios políticos, o PSDB não vai se fundir com nenhum outro partido, embora, segundo o prefeito, tenha recebido propostas do PMDB e do PSB. Kassab, na oportunidade garantiu que o PSB vai caminhar com as próprias pernas. A proposta do PSD também foi apresentada ao Paraná, onde o deputado federal, Eduardo Sciarra, por enquanto no DEM, coordena a criação do novo partido no Estado, enquanto que a organização da legenda, em Curitiba e na Região


Norma Corrêa

BARULHO Metropolitana, está sob a responsabilidade do deputado estadual Ney Leprevost, do PP. Sobre a pecha de partido “oportunista” – Kassab teria fundado o partido por estar se aproximando do Governo Federal e da presidente Dilma Rousseff (PT) e, por isso, teria colocado o seu partido, em situação constrangedora, já que o DEM é oposição – Sciarra disse que essa ideia não tem fundamento. Para ele, a fundação do PSD é um instrumento da democracia brasileira, que assegura a todos aqueles que estão filiados a partidos políticos o direito de trocar, desfiliar e criar uma nova sigla, desde que estejam desconfortáveis na sua sigla de origem. “Nós estamos criando um novo partido, sem os vícios dos partidos do passado. O PSD está nascendo para acabar com velhas dinastias partidárias, para acabar com os caciquismo, com os donos de partidos”, disse, ao citar os “mandamentos” que norteiam as ações

do partido: liberdade de imprensa, promoção da igualdade, respeito aos cidadãos pagadores de impostos, reforma trabalhista, livre comércio, respeito aos contratos e liberdade e responsabilidade individual. De acordo com o deputado, a meta da coordenação do PSDB no Paraná, é atingir 50 mil assinaturas, de um total de 500 mil apoios em todo o Brasil, cujo número deve ser auditado pelos cartórios eleitorais no País para, depois, conquistar o registro eleitoral junto ao Superior Tribunal Eleitoral (TSE). “O start (início) de todo o trabalho foi a entrega da ata de fundação do partido para registro público em cartório”, conta Sciarra, adiantando que a coleta de assinatura “está indo bem”. E não é para menos. Os coletores de assinatura de eleitores paranaenses estão estrategicamente instalados nas proximidades do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná

(TRE), em Curitiba. É que, ali, está sendo feito o recadastramento de eleitores curitibanos, por causa do voto biométrico que será instalado na Capital paranaense, para as eleições de 2012. “Ali, circulam diariamente, uma média de duas mil pessoas. É uma oportunidade e tanto, já que para fazer o recadastramento, o eleitor precisa levar o título de eleitor, e, para assinar o apoio à fundação partidária também é necessário ter em mãos o título de eleitor que, em outros lugares isso é mais difícil, porque não é todo mundo que carrega diariamente o título de eleitor no bolso”, explicou Sciarra. Mais liberdade O deputado Ney Leprevost, que considera o PP e o PSD “bem parecidos”, disse que, no novo partido os políticos com mandatos terão mais liberdade para votar de acordo com a sua cons-

25 Documento Reservado / Abril 2011


Divulgação

política

Deputado estadual Ney Leprevost, é o coordenador do PSD em Curitiba e na Região Metropolitana

26 Documento Reservado / Abril 2011

cada peemedebista na Assembleia Legislativa e que pretende ganhar, primeiro, as eleições para a presidência do Diretório Municipal e, assim, satisfazer um velho sonho. O de ser candidato à Prefeitura de Curitiba. Júnior disse, no entanto, que só abre mão de ser candidato à prefeito em 2012, se o ex-deputado Gustavo Fruet (PSDB) trocar de partido e se filar ao PMDB, onde terá legenda para ser candidato do partido e concorrer com Luciano Ducci, pela Prefeitura de Curitiba. Gustavo, aliás, já tem experiência nessa situação. Em 2004, por obra e graça de Requião e Doático, Fruet foi alijado do processo de candidatura própria no PMDB, porque o partido preferiu apoiar o deputado Ângelo Vanhoni (PT). Essa foi a razão de Gustavo ter trocado o PMDB pelo PSDB, onde, agora, enfrenta o mesmo dilema: o partido está dividido entre a sua candidatura e o apoio a Luciano Ducci. Gustavo também recebeu convite do PSDB, mas as conversações não avançaram, porque ele prefere “lutar até as últimas consequências para que o PSDB apóie a sua candidatura”. Uma conversa definitiva ainda deve acontecer entre ele e o presidente nacional tucano, Sérgio Agência Estado

ciência. “O que não acontece hoje, com a maioria dos partidos”, disse, ao explicar os motivos de sua saída do PP: “Como deputado mais votado em Curitiba, nas eleições de 2010, esperava que me deixassem comandar o diretório do partido na Capital, para que eu tivesse a oportunidade de viabilizar o meu projeto político, como ser viceprefeito de alguém. Não me deixaram, talvez, por causa de interesses outros que não vem ao caso. Deixo o PP porque, estão tentando impedir o meu projeto político”. Ele também falou que ainda é prematuro fazer qualquer análise sobre coligações para as eleições do ano que vem. Afirma que, agora, é hora de torcer para que o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci (PSB), faça um bom governo e diz que o raciocínio é simples: “se Ducci estiver indo bem na administração da Capital, não há motivos para que os partidos aliados esmoreçam e coloquem outra pessoa para concorrer com ele nas eleições do ano que vem. A aliança só será desfeita se ele (Ducci) não estiver indo bem, o que não é o caso. Mas, não há nada que reclamar de Luciano Ducci, a não ser o seu pouco carisma, que atrapalha um pouco. No entanto, quando se avalia a postura técnica e ética do prefeito, não há o que reclamar dele. Ducci tenta compensar a falta de carisma com muito trabalho e tem feito isso com bom desempenho. Neste momento, o nosso compromisso é ajudar Luciano”, completa Leprevost. Outro deputado estadual que foi sondado para compor o PSD, foi o deputado Stephanes Júnior que, prefere, por enquanto, “tomar” o PMDB de Curitiba, do atual presidente, Doático Santos, e do senador Roberto Requião. “Não é segredo para ninguém que Doático e Requião mandam no PMDB, são os caciques no partido. Precisamos fazer essa assepsia, essa limpeza, o mais rápido possível, para que possamos decidir os caminhos futuros em grupo”, disse Stephanes, ao adiantar que conta com apoio da ban-

Guerra, para definir que rumo tomar. Enquanto a coordenação do PSD corre atrás de assinaturas de apoio à criação do partido, algumas legendas enfrentam o problema com a desfiliação de quadros importantes, que estão minguando algumas agremiações. A fundação do PSD está reduzindo o tamanho do Democrata, além de encurtar a oposição à presidente Dilma Rousseff no Congresso Nacional, que perderá, pelo menos, cem deputados federais, descortinando um cenário inédito nos últimos 16 anos. Com a debandada de deputados para o PSD, abrirá as portas para a adesão ao Governo petista, e a oposição representada por PSDB, DEM e PPS contará com apenas 96 deputados, e será menor que em países vizinhos, como a Venezuela e a Bolívia. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo, na Venezuela, por exemplo, 64 dos 160 deputados da Assembleia Nacional fazem oposição a Hugo Chávez, ou seja, 40% da Casa. Na Bolívia, são 43 oposicionistas na Câmara, representando 32,8% da Casa. No Brasil, os 96 deputados do DEM, PSDB e PPS representam somente 18,7% da Casa. Em entrevista ao jornalista Josias de Souza, o presidente do DEM no Paraná, deputado federal Abelardo Lupion, diz que enxerga uma oportunidade de lipoaspirar, de murchar o partido, e que a oportunidade, agora, é de deixar de “fingir” que a agremiação é de centro, assumindo a sua verdadeira identidade: “O DEM é um partido de direita e espero que assuma sua posição. A minha já foi assumida. Sou de direita e isso não é pecado”. Ele defendeu, ainda, que o DEM lute por suas ideias, como a defesa da propriedade privada, Estado mínimo e menos impostos. LuGilberto Kassab, pion é um dos políticos que tacha prefeito de São o PSD de “oportunista”, e insinua Paulo, afirma que o ‘ex-demo’ Gilberto Kassab, e que pretende criar uma seus seguidores buscam um lugar sigla para ser “independente” à sombra dos cofres federais. “Ele


Norma Corrêa

Divulgação

(Kassab) está jogando para ir para a situação. Eles vão ser base do Governo Federal. Mas nós, do DEM, não fomos eleitos para sermos situação”, dispara o deputado, ao afirmar que essa migração (do DEM para o PSD) não será compreendida pelos eleitores, porque “aqueles que estão saindo deixam para trás um compromisso com as urnas”. “Oposição é tão importante quanto situação. Nós precisamos fiscalizar, debater, coibir impostos. O nosso papel é relevante”, acrescenta, ao afirmar que, “a pessoa de centro no Brasil não tem posição. E, 90% dos caras que se dizem de esquerda, só querem estar na moda”. Lupion minimiza a “lipoaspiração” no DEM, ao afirmar que o partido “só” vai perder 9 deputados federais e uma senadora. “Vamos continuar com 37 deputados federais”, assegura. Já o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia, quer dar novo rumo ao partido, mas prega a volta da bandeira do liberalismo econômico, defendido pelo ex-PFL. O seu desgosto e a nostalgia tem a sua razão de ser. Em 1998, o PFL tinha 105 deputados federais, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), se reelegeu com apoio do PFL. Hoje, o DEM tem 43 deputados, demonstrando que minguou a menos da metade em 13 anos,

apesar do nome novo e de estar na oposição. Em uma longa entrevista ao site Congresso em Foco, Maia faz uma avaliação das perdas, e observa que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab era a vitrine que restava ao DEM, depois da prisão e renúncia do ex-governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Aliás, Arruda foi responsável pela ruína do seu governo e da reputação do seu partido, em Brasília. Ele foi flagrado liderando um dos maiores esquemas de corrupção de que já se teve notícia no País. De acordo com o senador, ao trocar de sigla, o DEM escamoteou as suas convicções ideológicas. “Eu sei que essas ideias correspondem ao modo de pensar de um nicho da sociedade. Nós temos que representá-los”, defende, ao afirmar que é por esse caminho que o presidente ele pretende reerguer seu partido e tirá-lo da atual rota de emagrecimento constante. O deputado Eduardo Sciarra, também é de opinião de que as denúncias contra o Governo do Distrito Federal, mancharam definitivamente o DEM. “Ninguém lembra que foram pessoas que cometeram crime de desvio de dinheiro público. Mas, o partido como um todo ficou com a pecha e ninguém se refere ao assunto dizendo que foi o “mensalão do Arruda” ou o “mensalão de Bra-

sília”, preferem se referir ao “mensalão do DEM”. Isso foi ruim e continua a manchar a imagem do partido”, diz, ao acrescentar que, ao contrário do que afirmam, ele, e boa parte dos políticos com mandato que está migrando para o PSD, não está disposto a “se bandear” para a bancada governista. “Eu sou oposição ao Governo Federal e pretendo continuar na oposição”, garante, ao lembrar que tem sido um dos deputados mais críticos ao Governo de Lula e, agora, a Dilma, e que não tem intenção de “mudar de lado”. Porém, há outra alternativa que pode ser viável, e que foi anunciada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSD), nos últimos dias de abril. A fusão entre o PSDB e o DEM, é uma possibilidade, mas FHC deixou claro que as conversas, por enquanto, são “preliminares”. “Existem propostas nesse sentido. São aspectos delicados. Acho que o mais importante é manter a coesão dos partidos e, desde logo, dizer: aconteça o que acontecer, vamos nos manter unidos com certos objetivos maiores. Não sei qual a tendência, se vai haver fusão ou não”, diz FHC, ao negar que estaria numa reunião lideranças do PSDB, para discutir a eventual fusão com a outra grande sigla oposicionista. No entanto, o ex-presidente demonstrou maior preocupação com a debandada no ninho tucano, especialmente se referindo sobre a saída do ex-deputado Walter Feldman do PSDB para o PSD. “Eu acho lamentável a saída de qualquer pessoa, sobretudo de uma pessoa importante. No momento, nós devemos fazer um esforço pela coesão. Faço até mesmo um apelo. Não é o momento de ampliar divisões”, sugere, ao Deputado acrescentar que, se os objetivos federal Eduardo forem maiores, deveria ser o de Sciarra, coordena a “voltar a ter uma situação em que criação do PSD o PSDB possa exercer um papel no Paraná, onde aposta no construtivo na república e, para “sucesso” da isso, temos que estar unidos”. legenda

27 Documento Reservado / Abril 2011


saĂşde

28 Documento Reservado / Abril 2011


Lucian Haro

UM MAL SILENCIOSO Especialistas já consideram a depressão o mal do século, mas ela ainda passa despercebida pela população

A

depressão será o mal do Século 21, juntamente com a síndrome do pânico”, afirma a psicóloga Alessandra Fendrich, do Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Pode até parecer exagero da especialista, mas os números da doença realmente impressionam: estima-se que cerca de 30% da população mundial sofra de depressão, sem saber. Desconhecimento que, conforme alega a psicóloga, só eleva os casos. “O indivíduo deprimido está doente e sofre muito, mas sua falta de interesse pela vida costuma ser encarada pelos outros como preguiça ou falta de caráter,” esclarece, ao acrescentar que a doença é predominantemente feminina e a proporção é de que para cada homem com depressão no mundo, haja duas mulheres já sofrendo com o mal. “Embora as mulheres sejam mais abertas para falar de seus sintomas, e isso facilite o diagnóstico, elas geralmente apresentam maior carga emocional e por isso sofrem mais”, revela. Claro que considerar a depressão um dos males do século tem suas razões. Assim como a síndrome do pânico, ela está fichada entre as doenças da atualidade e surge geralmente atre-

lada a fortes cargas de preocupação ou à rotina estressante na qual muitos se encontram. As estatísticas também não são nada animadoras. Em geral, em algum momento da vida, uma em cada cinco pessoas experimentará pelo menos um episódio depressivo. Seja em consequência de uma desilusão amorosa, de uma frustração profissional ou a até mesmo de um fator trágico, como a morte de um ente querido. Mas é bom ressaltar que há uma grande diferença entre tristeza e depressão. “Tristeza é algo momentâneo e que faz parte da vida psicológica de qualquer um. Já a depressão é fator patológico e precisa de tratamento”, esclarece Alessandra. Como saber, no entanto, se a falta de ânimo, o cansaço e a angústia são apenas sintomas passageiros ou fazem parte dos preceitos da doença? A psicóloga explica que, para ser diagnosticado como depressivo, o paciente precisa apresentar os sinais da doença há pelo menos 14 dias. Os sintomas, na maioria das vezes, são ansiedade, aumento ou diminuição substancial do apetite, isolamento social e principalmente a falta de interesse pelas atividades que antes eram prazerosas.

29 Documento Reservado / Abril 2011


saúde Alessandra: “juntamente com a síndrome do pânico, a depressão será o mal do século 21”

Desinteresse que ocorre, segundo Alessandra, porque a depressão é quimicamente causada por um defeito nos neurotransmissores responsáveis pela produção de hormônios que dão a sensação de conforto, prazer e bemestar, como a serotonina e a endorfina. “Quando há algum problema nesse mecanismo, a pessoa começa a apresentar sintomas como desânimo, amargura, autoflagelação, perda do interesse sexual e falta de energia para realizar atividades antes consideradas simples”, observa. Ainda segundo a psicóloga, há dois tipos clássicos da doença: a endógena, que surge atrelada a fatores internos de origem biológica ou hormonal e por predisposição genética, e a exógena, devida a fatores externos do ambiente, como estresse, perda de emprego, dívidas e outras circunstâncias adversas. Embora seja um distúrbio químico, a depressão sempre tem em sua raiz algum fator neurológico, que motivou o quadro. Desse modo, o tratamento para a doença inclui necessariamente a psico-

terapia. “O remédio ajuda muito, mas ele não é eterno. Se a causa primeira não for tratada, a depressão voltará”, alerta. E ninguém está livre do problema. Há registros, inclusive, de bebês com quadros depressivos. Comprovando o valor hereditário, filhos de pais depressivos têm 50% de chance de também desenvolver a doença. Depressão de inverno Mesmo já sendo moderna, a depressão fica ainda mais frequente no inverno, segundo o psiquiatra Eduardo Adnet. A chegada do período caracterizado por temperaturas mais baixas, propicia, também, a aparição de doenças e condições típicas da estação. Uma delas é a depressão de inverno, conhecida

como depressão sazonal ou transtorno afetivo sazonal. “Este tipo de depressão é caracterizado por um estado anormal de tristeza ou redução de energia justamente nos meses mais frios e menos ensolarados do ano”, explica. Entre os principais sintomas está o cansaço contínuo, o aumento do apetite, mudanças de humor, pensamentos negativos e apatia. Nas mulheres, os casos sazonais da doença podem piorar a tensão pré-menstrual (TPM). Adnet afirma que o tratamento para a depressão de inverno inclui a utilização de seções isoladas de fototerapia ou uma combinação de antidepressivos. “Como a falta de luz solar é a causa do problema, na fototerapia os pacientes são tratados com exposição a uma luz brilhante por curtos períodos durante o dia. O paciente não precisa olhar fixamente para a luz, mas precisa ficar com os olhos abertos para que seja iluminado por pelo menos 30 minutos. No caso de haver exposição ao sol, os resultados são melhores ainda”, acrescenta.

Os sintomas de depressão de inverno • Aumento do sono, horas dormidas não trazem descanso suficiente • Dificuldade para levantar-se pela manhã • Aumento de apetite, vontade de comer doces ou massas • Dificuldade de concentração e na execução de tarefas rotineiras • Cansaço, fadiga e isolamento social • Diminuição do desejo sexual • Mudanças no humor: angústia, irritabilidade ou apatia • Pensamentos negativos e baixa autoestima • Piora da Tensão Pré-Menstrual

30 Documento Reservado / Abril 2011


Lucian Haro

Sinal de alerta Mais do que causar alterações de humor e o predomínio frequente da tristeza, a depressão nas mulheres pode estar associada a algum problema ginecológico. Uma recente pesquisa publicada na revista norte-americana American College of Obstetricians and Gynecologists mostrou que pacientes com síndrome dos ovários policísticos, mal causado pela presença excessiva de hormônios masculinos no corpo da mulher e que atinge 7% da população mundial, podem apresentar transtornos neurológicos e dificuldade para reagir ao tratamento. No estudo, foram comparados dois grupos de mulheres, todas diagnosticadas portadoras dos ovários policísticos, mas só algumas com quadros depressivos. Na comparação do tratamento aplicado, observou-se que a prevalência de depressão prejudicou em 40% a recuperação das pacientes com depressão em relação às outras mulheres. “Isto nos faz pensar muito mais em causas orgânicas para a depressão do que em causas emocionais”, observa a ginecologista Naura Tonin. Antes desse estudo, a medicina atribuía os casos de depressão apenas às mulheres com baixa auto-estima, distúrbios corporais ou com alterações metabólicas, como o sobrepeso. A síndrome dos ovários policísticos (Somp) tem atribuição genética e se manifesta já na adolescência da mulher, com a chegada das primeiras menstruações. Os principais sintomas são irregularidade no ciclo menstrual, surgimento de acnes e espinhas, aparecimento de pêlos no

corpo, obesidade e Naura: “nos faz pensar muito mais em causas orgânicas para o aumento da oleoa doença do que em causas emocionais” sidade na pele e nos cabelos. Já na fase adulta, a doença geralmente se apresenta com todos esses sintomas e está relacionada, ainda, à dificuldade para engravidar. Complicações que não param por aí, conforme explica Naura, ao explicar que as pacientes com Somp desenvolvem também resistência à insulina e, por conta disso, estão mais propensas ao surgimento de males como diabetes, hipertensão, triglicerídeos e problemas cardíacos. “É nesse aspecto, que o tratamento deve ser iniciado por um controle das alterações metabólicas. Indicamos às pacientes a redução do consumo de doces e carboidratos (por conta da propensão à diabetes) e a prática de alguma atividade física”, adianta. Segundo ela, a outra etapa do tratamento precisa ser

dividida entre as mulheres que desejam engravidar e as que não querem. Nas que pretendem engravidar, é comum serem prescritos remédios que agem melhorando a resistência à insulina, como a metformina. Já nas que não pensam em ter filhos, o método funciona com anticoncepcionais que controlam a produção dos hormônios. Ainda de acordo com Naura, o diagnóstico da Somp pode ser feito por meio do histórico clínico ou exame físico da paciente e por métodos complementares como ultrassonografia do útero e dos ovários. Análise dos níveis de hormônios masculinos (testosterona) e a comparação dos índices de glicose e colesterol também podem ajudar a um resultado preciso. Por isso, conforme prescreve, todas as mulheres com suspeita de terem a doença precisam ser avaliadas e acompanhadas para sintomas depressivos, que muitas vezes podem representar baixa aderência aos tratamentos propostos. “Elas precisam ficar atentas ao acompanhamento periódico dos índices de colesterol, triglicerídeos e glicemia sob orientação de um médico de sua confiança e serem constantemente incentivadas a desenvolver atividade física e controle alimentar”, diz Naura, que, além da utilização de remédios, defende a necessidade de acompanhamento multidisciplinar para regular os casos de ovários policísticos. Para ela, já que a doença acarreta também problemas neurológicos, a presença de um psicólogo e o apoio da família são fundamentais para a recuperação da paciente.

31 Documento Reservado / Abril 2011


saúde

Mais fatal que a Aids e a violência A bebida é responsável por quase 4% de todas as mortes pelo mundo. No Sul do Brasil, a maioria da população já usou álcool alguma vez na vida

Devido ao uso excessivo de bebida alcoólica, 57 brasileiros morrem por dia, compondo uma estatística assustadora e que cresce a cada dia. Segundo o Ministério da Saúde, em apenas seis anos, a taxa de mortalidade por doenças associadas ao alcoolismo subiu de 10 para 12,64 óbitos por 100 mil habitantes. O consumo de bebida alcoólica no País é cerca de 50% maior que a média mundial e o comportamento de risco no Brasil supera o padrão da Rússia, um dos que mais consome álcool no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Por exemplo, 74% da população da Região Sul do País já fez uso de

32 Documento Reservado / Abril 2011

álcool pelo menos alguma vez na vida. O Paraná não tem levantamento que aponte o número de casos no estado. São dados preocupantes não só pela quantidade de mortes, mas também pela mudança do comportamento do dependente alcoólico. Nas últimas décadas, geralmente o alcoólatra era homem e pertencia a classes mais baixas. No entanto, atualmente mulheres e jovens também fazem parte das indesejadas estatísticas, que deixam o Brasil numa posição desconfortável perante o mundo. Há diversos fatores fisiológicos, ambientais e sociais que influenciam essa mudança. Segun-

do Camila Magalhães, psiquiatra e coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), em São Paulo, a modificação cultural e principalmente a entrada da mulher no mercado de trabalho fizeram com que muitos jovens e mulheres se tornassem dependentes. “Na literatura científica há a discussão sobre vários modelos que podem relacionar o uso de bebidas alcoólicas, especialmente entre jovens, com destaque para modelos sociais, de redução de tensão (diminuição de ansiedade e estresse) e de busca de efeitos (relaxamento e perda de inibição). Nos últimos anos está havendo uma convergência do uso entre os homens e


Lorena Malucelli Pelanda

33 Documento Reservado / Abril 2011


saúde

Camila: “age diretamente em diversos órgãos, tais como o fígado, o coração, vasos e na parede do estômago”

mulheres. Esse fato deve-se principalmente ao acesso às bebidas, decorrente da independência econômica”, explica. Mas em todas as pessoas, independente de sexo e idade, o álcool provoca efeitos nocivos que podem levar até à morte. “Ele é um depressor do Sistema Nervoso Central e age diretamente em diversos órgãos, tais como o fígado, o coração, vasos e na parede do estômago. Seus efeitos na saúde são complexos devido à influência de diversos fatores individuais”, comenta a psiquiatra. Nas mulheres, em geral, a concentração de álcool no sangue é maior do que em homens, após consumirem a mesma quantidade da bebida. Isso ocorre porque ele se mistura facilmente com a água do nosso corpo, e como o sexo feminino possui proporcionalmente menos água do que o masculino, o álcool se torna muito mais concentrado e agravante no corpo delas. Já o efeito da ingestão por jovens é muito pior, uma vez que o sistema nervoso central ainda está em desenvolvimento nesta fase da vida. Tratamentos Cada caso de alcoolismo tem um tipo de

34 Documento Reservado / Abril 2011

tratamento. Os principais são acompanhamento médico e psicológico, grupos de autoajuda, como Alcoólicos Anônimos e comunidades terapêuticas. Nos casos mais graves, se faz necessário também o uso de medicamentos. “No Brasil, os mais conhecidos tratamentos gratuitos especializados em dependência química são os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPSad). Além disso, existem outros tipos de instituições que prestam atendimentos especializados no assunto e que também são gratuitos, como os ambulatórios localizados em hospitais”, orienta Camila.

mos, só trata os familiares. A ideia do grupo, que surgiu há 26 anos, é dividir experiências e buscar formas para amenizar o problema, em encontros semanais. Em média, são 250 participantes por semana em Curitiba. Cecília Haffner de Oliveira é coordenadora do grupo na capital paranaense há 15 anos. Ela explica que a resistência dos familiares em buscar ajuda ainda é muito grande. “A família demora muito para ver o problema. Ela sabe, mas não quer assumir. A dor é muito forte. Se você não sabe o que está acontecendo, você não tem como ajudar”, afirma. O programa tem doze princípios de mudança de comportamento. Atualmente, o movimento conta com 10 mil voluntários nos 536 grupos espalhados no Brasil. São 100 mil atendimentos mensais por meio de reuniões, cursos e palestras. O site do grupo é www.amorexigente.org.br.

Tratamento familiar A família do alcoólatra também deve receber atenção neste momento difícil. Para auxiliar os parentes mais próximos foi criado o grupo Amor Exigente, que, diferente dos Alcoólicos Anôni-

Álcool x Fumo Um levantamento do Ministério da Saúde, divulgado em abril, revela que o brasileiro está fumando menos, porém bebendo bem mais. De acordo com a pesquisa realizada em todas


Lorena Malucelli Pelanda

35 Documento Reservado / Abril 2011


saúde

as capitais brasileiras, o percentual da população adulta que bebe álcool em excesso passou de 16,2% em 2006 para 18% em 2010. Os homens são a maioria entre os que bebem em excesso. No entanto, foi entre as mulheres que se deu o aumento mais expressivo: a taxa passou de 8,2 para 10,6% em quatro anos. O Ministério da Saúde considera consumo excessivo de álcool cinco ou mais doses em uma mesma ocasião em um mês para os homens ou quatro ou mais doses para as mulheres. A melhor forma de prevenir O consumo do álcool desencadeia outros agravantes, como fácil acesso ao uso de drogas e consequentemente a associação com a violência. A prevenção é sempre discutida não só pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como também por muitos países, incluindo o Brasil. As medidas de redução e prevenção ainda são pequenas. Depois da Lei Seca, que proíbe a mistura de álcool e direção, agora as entidades defendem uma restrição à propaganda de bebidas. O tema chegou a ser debatido no Congresso Nacional, porém sem avanços.

Vício começa , cedo

A idade do início do consumo de álcool no Brasil está entre 13 e 15 anos, enquanto o começo de beber regularmente é entre 14 e 17 anos, segundo o Primeiro Levantamento sobre os Padrões de Consumo de Álcool na população brasileira. O National Institute of Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA), um dos institutos mais importantes dos Estados Unidos, considera como

36 Documento Reservado / Abril 2011

consumo aceitável até duas doses de bebidas alcoólicas por dia para homens e uma dose diariamente para mulheres. Cada dose corresponde a 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 50 ml de destilado. Os homens brasileiros bebem, em média, até 24,4 litros de álcool por ano – a média no mundo é de 6,1 litros. O número está bem acima

do registrado em países latino-americanos, de oito litros anuais por pessoa. Pelo menos 1,8 milhão de pessoas morrem por ano, em todo o mundo, por causa do consumo inadequado de álcool, segundo a OMS. Isso representa 4% das mortes mundiais, e supera os óbitos decorrentes de Aids e casos de violência.


Lorena Malucelli Pelanda

37 Documento Reservado / Abril 2011


segurança

? u i v m Que E

m média, mais de 500 pessoas desaparecem por dia no Brasil, o que representa aproximadamente 200 mil por ano, dos quais 40 mil são crianças e adolescentes. E, segundo a polícia, apenas 15% dos casos são solucionados. Nos últimos 13 anos, 1.200 casos de desaparecimento de crianças foram registrados no Paraná. Destes, 22 ainda estão sem solução. Grande parte do resultado positivo é mérito do Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), que é subordinado à Polícia Civil e foi criado há 16 anos com a missão de prevenir e combater os desaparecimentos. Em média, 80 crianças somem anualmente no estado. Atualmente, de 3% a 5% delas são

Ana Cláudia: “o fim do ano é um período em que os desaparecimentos aumentam”

38 Documento Reservado / Abril 2011

encontradas sem vida, como a menina Rachel Genofre, localizada morta dentro de uma mala na Rodoferroviária de Curitiba, em 2008. O caso permanece sem solução. A delegada do Sicride, Ana Cláudia Machado, afirma que grande parte dos registros refere-se à fuga de casa, causada pela violência. “O fim do ano é um período em que os desaparecimentos aumentam. Nesta época, quando a criança é reprovada na escola, tem receio de que os pais briguem com ela e para evitar isso foge de casa”, conta. O Sicride é a única delegacia do Brasil que atua especificamente no desaparecimento de crianças, com idade entre zero e 12 anos. Já as estatísticas nacionais mostram que crianças e adolescentes, muitas vezes, somem enquanto brincam na porta de casa, quando vão ou retornam da escola ou quando saem para fazer compras em algum estabelecimento perto de onde moram. Foi isso o que aconteceu com Guilherme Caramês Tiburtius, enquanto andava de bicicleta na rua de casa, no bairro Jardim Social, em Curitiba, em 1991. O menino, que, na época, tinha oito anos, desapareceu e fez com que a vida de sua mãe, Arlete Caramês, mudasse para sempre. São vinte anos sem respostas, apesar de uma luta pertinaz para saber o que aconteceu com o garoto. Depois de tanto tempo, Arlete ainda tem esperança de reencontrar o filho. “Não temos nenhuma pista concreta para fazer uma busca apurada. O que falta é uma pista, alguém sabe e viu alguma coisa, mas se Arlete: “Atualmente, distribuo cartazes e faço buscas pela internet”

calou. Uma hora ela vai falar, enquanto isso fica a dúvida. A gente vive de esperança, ela é a única coisa que nos resta”, desabafa. O caso ganhou grande repercussão, e fez com que Arlete criasse o Movimento Nacional em Defesa da Criança Desaparecida do Paraná (CriDesPar). A ideia é ajudar as outras famílias, que mesmo com o auxílio da polícia, não conseguem obter notícias sobre o paradeiro do filho. Ela explica que a divulgação de imagens é extremamente importante na procura. “Atualmente, distribuo cartazes e faço buscas pela internet. O objetivo principal do movimento é a divulgação de imagens, sempre”, afirma. Quanto ao apoio dos órgãos públicos, a mãe de Guilherme diz que a ajuda ainda pode ser muito melhor. “Precisamos de pessoas que tenham vontade de apurar ao fundo o caso”, diz Arlete. O caso de Guilherme é o mais investigado pela polícia do Paraná. As buscas também foram realizadas na França e no Paraguai, mas sem sucesso. Para auxiliar os trabalhos foi criado o Cadastro Nacional de Desaparecidos, do Mi-


Lorena Malucelli Pelanda

De uma hora a para outra, a vid de milhares de a com brasileiros mud um o sumiço de alg familiar

nistério da Justiça, porém o serviço é ineficaz. As informações nunca foram atualizadas e a real situação do País em relação aos números de desaparecidos é desconhecida. Envelhecimento digital Para ajudar no reconhecimento de pessoas que estão desaparecidas, o Sicride, com apoio do Instituto de Criminalística do Paraná, utiliza de recursos para envelhecer fotos de pessoas que sumiram há vários anos. O envelhecimento digital consiste das seguintes etapas: diversas fotos da pessoa desaparecida e dos pais são recolhidas. Em seguida, o perfil da pessoa é estudado, e faz-se uma pesquisa dentro de um banco de dados previamente montado com vários padrões de formatos de cabeças. O mesmo acontece com as demais partes do corpo. Final feliz depois de 18 anos A rede mundial de computadores virou uma importante ferramenta para muitas pessoas encontrarem familiares. E foi a cessação da dor ao reencontrar a filha, após 18 anos sem notícias, que levou Walter Peceniski a criar um dos sites mais importantes do Brasil, o GoodAngels. Qualquer pessoa que está à procura de algum familiar ou amigo pode se cadastrar e colocar todos os dados, com foto da pessoa que sumiu. A página permite que o usuário utilize o serviço, sem custo algum. A história de Peceniski começou quando

Guilherme desapareceu com 8 anos, mas o envelhecimento digital na foto ajuda aproximar as características de como ele pode estar atualmente

ainda era jovem e foi passar um período em Israel. Lá, ele encontrou uma mulher, casou, teve uma filha, chamada Liat. Logo depois se separou e voltou para o Brasil. Com o tempo perdeu contato com a ex-mulher, e consequentemente com Liat. Só depois de anos e muita luta, conseguiu saber onde estava a filha. Depois de tanto sofrimento, Peceniski afirma que muita coisa mudou e diz que tudo tem o momento certo para acontecer. “Mudou tudo na minha vida, desde trabalho, conceito de vida, relacionamento com as pessoas e, principalmente, o modo de viver. O conselho é nunca desistir. Descobri depois de tanto sofrer que o relógio da terra é diferente do Astral. As coisas só acontecem na hora que Deus quer”, relata. Ajudar tem sido o principal objetivo de Peceniski e histórias são muitas nos 14 anos de existência da página. Uma que mais chamou a

atenção foi a de um senhor, que estava há 13 anos sem memória e internado em um hospital. Ninguém sabia quem ele era. “Eu consegui entregá-lo aos familiares depois de várias brigas judiciais, pois ele não tinha documentos. Depois de 38 anos e com a confirmação do parentesco, ele voltou para a família”, explica. O caso aconteceu em São Paulo. O site apresenta bons resultados: em média, são realizados dez encontros todos os dias. Mais de mil e-mails de pedidos de ajuda são encaminhados diariamente para a página. O endereço é www.goodangels.org. O que fazer? A primeira coisa a fazer diante do desaparecimento de uma pessoa é procurar na casa de parentes, amigos ou em locais onde ela costuma ir. Refaça o último trajeto que ela fez e pergunte a todos da região se a viram e como estava. Se mesmo assim não a encontrar, vá até a delegacia mais próxima, para Peceniski: “o conselho fazer um boletim de ocorrência. é nunca Há uma lei que determina que a desistir” delegacia deve começar uma busca imediatamente, além de acionar aeroportos, portos e terminais rodoviários, que podem servir como pontos de passagens para uma possível fuga, como em casos de sequestro. É necessário levar uma foto e os documentos da pessoa que está desaparecida. Cartazes em locais públicos com foto, nome e detalhes do desaparecimento auxiliam nas buscas.

39 Documento Reservado / Abril 2011


segurança

Travessia do Apesar da vigilância do lado brasileiro, ainda é precário o controle do que entra e sai pela fronteira com o Paraguai

A

Ponte Internacional da Amizade, (PIA), construída entre as décadas de 1950 e 1960, para unificar o Brasil e o Paraguai, tinha a intenção de melhorar a relação comercial que existia entre os dois países. Foi por ela, inclusive, que o país vizinho viveu o “boom” dos anos 90 e passou a receber consumidores de toda a América Latina, atraídos pelos baixos preços praticados no seu comércio na fronteira. Sistema de importação liberal que transformou o país em um paraíso não só para turistas, como também para traficantes e contrabandistas. E nesse contexto, o que era antigo símbolo de parceria e troca de interesses entre as nações virou porta de entrada principalmente para o tráfico internacional de drogas no Brasil, gerando muita dor de cabeça para as autoridades nacionais de segurança pública. O grande desafio, agora, é conseguir fechar a brecha encontrada pelos criminosos para financiamento do mercado clandestino, na chamada “travessia do crime”. O agente Nasser Sati, da Polícia Federal (PF) de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, revela que o Paraguai é o maior produtor mundial de maconha e que, por conta disso, não demorou muito para os traficantes começarem a buscar a droga lá, na garantia de abastecimento do negócio. “Os traficantes estão sempre à procura de fornecedores e rotas diferenciadas para transportar as drogas. Eles foram atraídos ao Paraguai por ser um caminho alternativo para o fortalecimento do consumo e venda da

40 Documento Reservado / Abril 2011

maconha”, explica. Sati diz que, além de grande disseminador da maconha, o país vizinho também funciona como ponto de partida para outras drogas vindas da América do Sul. “É comum registrarmos, próximo à fronteira, apreensões de cocaína vinda da Bolívia e de lança-perfumes, produzidos na Argentina”, afirma, ao acrescentar que também são trazidos ao Brasil bebidas, perfumes, cigarros e aparelhos eletrônicos, principalmente. Eles chegam ao País pelas divisas com Foz do Iguaçu, na região Sul, e por Corumbá (MS), no Centro-Sul, geralmente trazidos por sacoleiros e “mulas” e, em maior escala, por carretas e aviões. O contrabando, entretanto, não passa só por cima da ponte, mas por baixo dela também. Na falta de controle, o Rio Paraná é usado por embarcações ilegais que garantem a distribuição dos artigos ao mercado negro nacional. Entre os muitos problemas que a falha na vigilância fronteiriça traz ao Brasil, está ainda, a constante presença de estrangeiros clandestinos no País, geralmente ligados ao contrabando de muambas e à evasão das riquezas nacionais. Sati revela que muitos dos criminosos vêm cometer golpes em solo brasileiro por acreditarem que ficarão livres aqui, dada a fama de impunidade que algumas cidades têm. Quanto ao trabalho desenvolvido pela PF no combate a essa prática, ele diz que a corporação é responsável pelo controle das alfândegas e ins-

petorias de todo o País. Faz parte das atribuições dela, a fiscalização de entrada e saída de pessoas, a vigilância dos meios de transporte, que fazem o tráfego internacional, e a investigação e combate aos crimes nacionais e transnacionais que ocorram ou tenham início na faixa da fronteira, como o tráfico de entorpecentes, armas e pessoas, bem como furtos ou roubos de veículos e crimes


Lucian Haro

crime contra a fauna e a flora. A Polícia Federal tem ficado atenta Mesmo com o “cerco para conter a ação fechado”, a estimativa é de de contrabandistas e traficantes que pelo menos 20 mil pessoas atravessem diariamente a Ponte da Amizade sem nenhum tipo de fiscalização. E conforme revela o agente da PF, o trabalho ostensivo da polícia é dificultoso já que eles têm que se limitar

ao pedaço brasileiro da ponte. “Nesses casos de tráfico e contrabando, por exemplo, não há nenhuma lei de extraterritorialidade que nos permita autuar em flagrante ou prender alguém em território paraguaio”, alega. Ao longo de todo território paranaense há dez delegacias da Policia Federal, que estão instaladas em distritos e atendem toda a demanda estadual.

Estradas Depois de ingressarem pela fronteira paranaense e já estarem em território brasileiro, as drogas geralmente seguem pelas rodovias estaduais ou federais para alimentar o tráfico em outras unidades da Federação. Segundo dados mais recentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Rodoviária Estadual

41 Documento Reservado / Abril 2011


política

Meio muito utilizado pelos marginais, o Rio Paraná é constantemente patrulhado

(PRE), só neste ano, já foram apreendidos 407 quilos de crack, 6,7 toneladas de maconha e 143 quilos de cocaína. O inspetor Ricardo Schneider, chefe da PRF em Foz do Iguaçu, afirma que o maior desafio dos policiais durante as blitze é descobrir quem trafica e onde as drogas estão escondidas. “Normalmente as drogas ficam escondidas em fundos falsos dos veículos, que descobrimos por meio de uma checagem minuciosa ou por meio de cães farejadores. Como se isso não bastasse, eles tentam apelar, colocando entorpecentes em carros pequenos, envolvendo pessoas de idade, famílias e até mesmo

crianças, sempre na tentativa de enganar a fiscalização”, conta. Outra tática utilizada pelos traficantes é a utilização de um carro batedor, que alerta o veículo que está com o material ilícito, sobre as possíveis operações policiais que possam derrubar o esquema. “O carro vem na frente para saber se tem blitz ao longo da rodovia. Caso tenha, ele entra em contato com o outro motorista, que encosta, ou segue por um caminho alternativo. Outros traficantes ainda nos ligam avisando que há um acidente na estrada, mobilizando assim a nossa equipe para uma ocorrência falsa”, elucida o tenente Sheldon Vortolin, inspetor da PRE.

Fronteira fechada - Para tentar solucionar o problema do tráfico internacional de entorpecentes, pelo menos do lado de cá da ponte, o Governo Federal montou uma força tarefa com os órgãos policiais e Governo do Paraná, anunciando a criação de Gabinetes de Gestão Integrada (GGIs). Serão três unidades municipais instaladas no Estado: uma em Barracão, outra em Guaíra e uma terceira em Foz do Iguaçu. Esta última servindo, inclusive, como unidade de coordenação para os trabalhos. Participarão desses gabinetes diversos núcleos policiais e de inteligência do Paraná e da União, que definirão ações de combate ao crime nas regiões fronteiriças. De acordo com o secretário de Segu-

rança do Estado, Reinaldo de Almeida César, o assunto começou a ser discutido com o governador Beto Richa, em fevereiro, quando foi formalizada a parceria entre os governos, durante visita do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao Paraná. Segundo ele, os trabalhos começarão pelo Oeste paranaense, onde estão concentrados 139 municípios, dos quais 19 fazem fronteira com Argentina e Paraguai. “Esta é uma iniciativa importante para a formação do cinturão de proteção ao Paraná. Começaremos pelo Oeste, pela peculiaridade da fronteira, que merece atenção especial”, afirma Almeida César. Por sua vez, Cardozo acrescenta que a atuação integrada de segurança pública no Paraná vai contar

com a participação das Forças Armadas e terá aportes de sistemas de inteligência e outros instrumentos tecnológicos de ponta, como o Vant ( Veículo Aéreo Não Tripulado), que podem atuar na região de fronteira. Segundo ele, o gabinete de gestão estadual vai juntar forças como as polícias Federal, Rodoviária Federal e Rodoviária Estadual, além da Receita Federal, para dar “sinergia” à luta contra o crime. Paraná e Mato Grosso do Sul também devem começar a trabalhar em conjunto. Almeida César diz já ter conversado com o secretário da Justiça e Segurança Pública sul-mato-grossense, Wantuir Jacini, para formalizar o termo de cooperação, que integrará o trabalho das polícias.

42 Documento Reservado / Abril 2011


Lucian Haro

43 Documento Reservado / Abril 2011


cidadania

O desenho de um novo

Paraná

A construção prevista de mais de cem mil moradias promete proporcionar alegria às famílias que sonham com a casa própria

O

programa de construção de casas populares do Governo do Estado vem fazendo a alegria de muitas famílias, que sequer tinham um teto para morar. O programa desenha um Paraná feliz, com projetos de habitações em praticamente todos os 399 municípios. A expectativa é atender mais de 100 mil famílias em quatro anos e assim, reduzir o déficit do setor no Estado. Em cem dias de governo, foram dezenas de milhares de casas já entregues para a população e cujos proprietários se manifestam de diversas formas. Em Lidianópolis, pequena cidade localizada na região do Vale do Ivaí, 23 famílias deixaram para trás a difícil vida do aluguel ou da casa em-

prestada de parentes e amigos. Elas são felizes proprietárias da tão esperada casa própria. O sonho se tornou realidade graças à ação do Governo do Estado, por meio da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), que inaugurou o conjunto Aldo Brasil Semeghini, destinado a famílias que ganham entre dois e cinco salários. Geni Avelino Cardoso conta que sempre trabalhou na roça e sua vida sempre foi muito difícil. “Eu e meu marido batalhamos muito para dar uma vida digna aos nossos dois filhos, que hoje estão casados. Mudar para esta casa da Cohapar foi a melhor coisa que nos aconteceu e não tenho nem palavras para explicar”, diz. Depois da vida dura na lavoura, Geni passou Maria: “tenho fé em Deus de que a nossa vida será diferente e bem mais feliz”

Custódio: “nada como ter o nosso cantinho, fazer uma hortinha”

44 Documento Reservado / Abril 2011

em um concurso da prefeitura da cidade e hoje trabalha no posto de saúde. “Vejo muita gente passando por dificuldades, mas sempre dou uma força para que não desanimem, pois muitas vezes eu pensei em desistir, mas hoje, aqui na minha casa, vejo que cada dia de trabalho valeu a pena”, anima-se. Antes de se mudar para a casa própria, Geni e o marido pagavam R$ 160 por mês pelo aluguel de uma casa simples. “Vamos pagar com muito gosto cada prestação do financiamento, pois essa é a herança que vamos deixar aos filhos e netos. Mal posso acreditar que vou poder deixar cada cômodo da casa com a nossa cara. Eu estou feliz demais”, comenta.


Caiti Tainá*

Fotos: Divulgação

Anésio Custódio é outro cidadão que trabalha na roça e mora de favor na casa do cunhado. “Trabalho com soja, cana de açúcar, feijão. Onde precisar de mim eu vou, até porque hoje não está fácil ganhar dinheiro e precisamos encarar o que aparece pela frente”, conta. Tão logo se mudou para a casa própria, Custódio, a mulher e um filho já têm vários planos para o futuro. “A casinha onde estávamos era bem ruim, cheia de frestas por onde entrava água da chuva e sem contar que era emprestada. Nada como ter o nosso cantinho, fazer uma hortinha. Ter uma casa de material sempre foi o meu sonho e da minha mulher e parece que a ficha ainda não caiu”, brinca.

A família de Maria Aparecida Gonçalves perdeu muitos móveis, que apodreceram por causa da água da chuva que entrava em casa. “A gente pagava R$ 200 pelo aluguel desta casa de madeira com dois cômodos e cheia de buracos. Também já caí dentro de casa porque tinha muitas escadas. Nossa, é até ruim lembrar todas as coisas que passamos”, relata Maria, ao acrescentar que “quero esquecer tudo que vivi até hoje, economizei muito tempo para comprar móveis para entrar na casa nova com quase tudo novo. Vou poder deixar o meu cantinho arrumado como sempre sonhei. Tenho fé em Deus de que a nossa vida será diferente e bem mais feliz”. “Construir uma casa representa o resgate

social de uma família, além de dar segurança, gerar empregos, melhorar a saúde e as condições de estudo. Fazer casas é trazer felicidade para as pessoas e isso não tem preço. Temos que agradecer ao nosso governador Beto Richa por ser uma pessoa que valoriza a habitação e faz dela uma prioridade de seu governo”, afirma o presidente da Cohapar, Mounir Chaowiche, que ainda destaca a parceria com a Caixa Econômica Federal. “Não podemos pensar em habitação sem pensar na Caixa. São nossos parceiros incondicionais e agora voltaremos a estabelecer nova parceria para que milhares de famílias paranaenses tenham acesso a moradias dignas”, afirmou. (*Especial para a DR)

Geni: “foi a melhor coisa que nos aconteceu e não tenho nem palavras para explicar”

Chaowiche: “fazer casas é trazer felicidade para as pessoas e isso não tem preço”

45 Documento Reservado / Abril 2011


economia

DEVAGAR,

mas sem parar Intervenção do governo dá resultado e crescimento da economia desacelera no primeiro trimestre, mas não deve comprometer o resultado no ano

I

nstigada por fatores externos, pelas altas do preço de commodities, e internamente, em decorrência do excessivo gasto público e do alto custo do crédito ao consumidor, que, mesmo assim, estava abusando das compras a prazo, a inflação ameaçava acelerar e fugir ao controle. Por isso, o Governo Federal adotou, já no final do ano passado, medidas visando retomar o controle da situação, com redução de alguns estímulos ao consumo, restringindo o crédito, encurtando os prazos dos parcelamentos das compras e elevando os juros. Na avaliação de economistas e operadores de mercados, as medidas já começam a surtir efeito: o ritmo do crescimento da economia está mais lento na comparação dos resultados deste primeiro trimestre com igual período de 2010. Por exemplo, nos três primeiros meses de 2011, as vendas do comércio aumentaram 8,5%, o que representa desaceleração de 1,8% frente aos 10,3% de expansão verificada no mesmo intervalo do ano passado. Mas não há muito a temer pela expansão da economia, que fechará o ano com ganhos

46 Documento Reservado / Abril 2011

sobre os resultados do período anterior. O ritmo, no entanto, será menor, pelo menos até o terceiro trimestre. E, dependendo do comportamento dos indicadores econômicos e, sobretudo, da inflação, o Governo poderá afrouxar as medidas, o que imprimirá ritmo maior na expansão das vendas no final do ano. O presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social Lourenço: “redução do poder aquisitivo da população, o que não é bom para ninguém”

(Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, diz que a desaceleração da expansão da economia era esperada devido às medidas adotadas pelo Governo para evitar o pior, como o aumento do nível da inadimplência e o descontrole da inflação. Ao “prescrever” a restrição ao crédito, a redução do prazo de pagamento da compra do bem e o aumento do juro, o Governo procurou resguardar o próprio mercado, sobretudo, dos calotes no pagamento das prestações, além de proteger


Sílvio Oricolli

Schmitt: “fomentado pelo afrouxamento da política fiscal e monetária”

o consumidor da perda de poder aquisitivo com o recrudescimento da inflação. “Em síntese, inflação significa redução do poder aquisitivo da população, o que não é bom para ninguém”, analisa. Lourenço destaca que estudo do Banco Central mostra que o atraso no pagamento de parcelas vencidas a menos de 90 dias, subiu em março, chegando a 6,5%. “E isso sinaliza, com antecedência, que o índice da inadimplência, que computa contas não pagas acima de noventa dias do vencimento, pode crescer no segundo semestre do ano”, avalia. Outro sintoma das medidas do Governo é também a perda do ritmo na geração de empregos, o que também se percebeu no primeiro semestre do ano. “Tudo isso mostra que a economia brasileira está tendo desempenho menor do que ocorreu nos dois últimos anos”, acrescenta.

O presidente do Ipardes, no entanto, afirma que não há nada que sinalize que a economia brasileira está enveredando por um caminho perigoso, que sinaliza crise. “O que ocorre resulta de um ajuste para atingir crescimento menor, visando principalmente a manutenção da meta inflacionária”, tranqüiliza, ao acrescentar que, o que puxa o crescimento da economia é o consumo a prazo. E os consumidores já estavam “sentindo no bolso” o aperto do orçamento doméstico. “Por isso, e talvez antecipando essa tendência, o Governo promoveu um arrocho no crédito e no juro. Do contrário, formaria uma bolha de endividamento e de inadimplência. Além do mais, isso pode ser um bom negócio, pois pode representar a garantia de crescimento em bases mais sólidas para o final deste ano”, diz.

Controle do excesso O economista Maurílio Schmitt defende que o ideal seria manter o ritmo de crescimento, o que não tem sido possível devido a falta de sincronia entre todos os setores da economia. Cita, por exemplo, que o aumento da oferta do crédito ao consumo não foi acompanhado pela produção doméstica de bens. “Por isso, tivemos de acomodar a demanda interna com importações de bens de consumo nos últimos anos”, explica. Para ele, o Brasil continuará crescendo, “mas não obterá o desempenho de 2010, fomentado pelo afrouxamento da política fiscal e monetária”. E lembra que o excesso de gastança do setor público em 2010, especialmente por ser um ano eleitoral, e a elevação das cotações internacionais das commodities contribuíram para compor um quadro de pressão inflacionária. O que também poderá contribuir para reduzir o ritmo de crescimento da economia nacional são as decisões que a China deverá tomar visando também preservar sua economia do recrudescimento da inflação. Entre as medidas, poderá estar a desaceleração na importação de produtos brasileiros. “Mas nada do que ocorrer afetará o crescimento de nossa economia a ponto de deixá-lo negativo em relação ao ano passado”, avalia Schmitt.

47 Documento Reservado / Abril 2011


infraestrutura

Da Redação

Asfalto da Wadislau Bugalski será entregue no mês de julho Com investimento de mais de R$ 7 milhões, pavimentação proporcionará benefícios a milhares de moradores da região

A

s obras de revitalização da Avenida Wadislau Bugalski, em Almirante Tamandaré, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), prosseguem em ritmo acelerado para serem entregues no início de julho. A Secretaria Municipal de Obras já está finalizando a primeira camada de asfalto nos últimos 600 metros do total de 3,5 quilômetros restantes do trecho que, na sequência, receberão a segunda e uma última camada asfáltica, completando os serviços do projeto de pavimentação da via. O Prefeito Vilson Goinski ressalta que a conclusão da obra “é um compromisso assumido com a população e que está prestes a ser concretizado. Além do último trecho de pavimentação da avenida, já estão sendo executados os serviços de sinalização e iluminação da avenida, que compreende 7 quilômetros de extensão e interliga o município a Curitiba. O investimento de mais de R$ 7 milhões já está beneficiando os usuários de transporte

48 Documento Reservado / Abril 2011

As obras na avenida Wadislau Bugalski seguem em ritmo acelerado

público, moradores e comerciantes da região, além de motoristas que trafegam pela avenida. Para Amelia Pitolovan, moradora da região e que vai para Curitiba diariamente, a revitalização da Wadislau é muito importante por representar uma via de acesso ao município.

Goinski: “compromisso assumido com a população e que está prestes a ser concretizado”


49 Documento Reservado / Abril 2011


transporte

Biobus

Projetos sustentáveis da Prefeitura de Curitiba serão destaques na cúpula internacional de prefeitos

O

uso de biocombustível na frota do transporte coletivo de Curitiba será destaque na Rede C40 - Large Cities Climate Leadership Group –, que será realizada entre 31 de maio e 3 de junho em São Paulo. A quarta edição, a primeira a ser realizada na América Latina, da cúpula internacional de prefeitos reúne projetos sustentáveis de Nova York, Londres, Seul, entre outras grandes cidades do mundo. As ações de Curitiba fazem parte do temário da cúpula e serão apresentadas pelo prefeito Luciano Ducci. Do encontro participam o presidente do Banco Mundial, Roberto Zoellick, e os prefeitos Michael Bloomberg, de Nova York, Boris Johnson, de Londres, Marcelo Ebrad, Cidade do México, e Mauricio Macri, de Buenos Aires.

50 Documento Reservado / Abril 2011

A cidade mais verde da América Latina, título conquistado neste ano pela capital do Paraná, é a única metrópole a contar com uma frota de ônibus do transporte coletivo operando exclusivamente com biocombustível. O B100 (100% bio), que foi implantado em agosto de 2009, em caráter experimental, com seis ônibus, teve a frota ampliada para 24 veículos neste mês, com previsão de chegar a 140 até o fim de 2012. Resultado de parceria coordenada pela Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), que gerencia o trânsito e o transporte na cidade, o B100 será obrigatoriamente o combustível do Expresso Ligeirão, sistema dos ônibus que trafegam em canaletas exclusivas com paradas a longa distância.


Da Redação

Ligeirão, dos eixos Boqueirão e Linha Verde, será levado para os corredores exclusivos do transporte coletivo

ganha o mundo O sistema Ligeirão opera nos eixos Boqueirão e Linha Verde e será levado na sequência para os outros quatro corredores exclusivos do transporte coletivo da cidade. Em todos os eixos, os ônibus do Expresso Ligeirão vão operar só com biocombustível. Resultados O esforço curitibano para ter o transporte coletivo como aliado na questão ambiental tem dado resultados significativos. Comparados a outros ônibus que fazem a mesma linha, nas mesmas condições e com o mesmo tempo de uso, os ônibus do B100 emitiram 50% menos poluentes. Na média, com a renovação contínua da frota e a utilização de biocombustível, o transporte coletivo

tem reduzido a emissão de 161 toneladas de poluentes por mês. O biocombustível utilizado em Curitiba é a base de soja, o que exigiu uma série de pesquisas para evitar a cristalização em baixas temperaturas como ocorreu com experiência semelhante, feita com apenas um ônibus, na Alemanha, há alguns anos. Testado, ele se mostrou viável e superou expectativas. A estimativa inicial era de que o consumo desse combustível seria 8% maior do que de diesel. Quase dois anos depois do início do projeto, o aumento no consumo ficou em 2,5% na comparação com o diesel. O ganho ambiental e de saúde pública, garantem os técnicos, compensam largamente o consumo maior.

Iniciativa pioneira As experiências de Curitiba na área de combustíveis alternativos começaram há 15 anos, com tentativas de mistura no óleo diesel, em diferentes percentuais, de álcool ou óleo de fritura de cozinha reaproveitado. A experiência tinha, na época, várias limitações. Os ônibus em que eram feitos os testes eram antigos e as montadoras não participavam do projeto. Apesar das dificuldades, em Curitiba as pesquisas evoluíram para testes de misturas de biocombustível à base de soja de 5% e de 20% chegando ao biocombustível sem mistura, o B100. Agora, o quadro é outro. A busca pelos combustíveis “verdes” envolve desde as montadoras, que fornecem chassis e motores – cru-

51 Documento Reservado / Abril 2011


nonononon

ciais para o início dos testes -, até operadores e institutos de pesquisa, além de produtor e distribuidor. Linha Verde Não por acaso, a experiência com o B100 começou no eixo Linha Verde Sul, construído ao longo de 10 quilômetros do trecho urbano da antiga BR 116. Transformada em uma ampla avenida, com canaletas exclusivas para o ônibus, a Linha Verde é um ícone da busca pelo desenvolvimento sustentável na cidade. Todos os detalhes, do projeto à operação,

52 Documento Reservado / Abril 2011

Estações tubo da Linha Verde são climatizadas, com entrada de ar puro e fresco a cada 90 segundos

passando pela execução da obra levam em conta o cuidado ambiental. Feita dentro de critérios técnicos rigorosos, a obra demorou dois anos e movimentou em torno de 200 máquinas, aí incluídos tratores e caminhões. Mesmo assim, a emissão de ruído foi menor do que o emitido pelo trânsito no período anterior à obra. A poluição do ar, com a movimentação de terra, areia e outros materiais, ficou bem abaixo dos níveis máximos toleráveis, segundo atestaram técnicos da Universidade

Federal do Paraná (UFPR), contratada para acompanhar obra. Os mais de 700 mil metros cúbicos de terra retirados nas escavações foram utilizados no aterro de uma área íngreme onde agora está sendo construído mais um parque curitibano, na Vila Audi, no Uberaba. A Linha Verde tem luminárias que direcionam a luz para o chão, evitando dispersão; tem 2,5 mil árvores nativas, com as de maior porte concentradas no entorno das estações tubo para formação futura de bosques nos pontos de parada dos ônibus. Ao longo de 10 quilômetros do eixo, foram plantados 13,6 mil arbustos e mais de 700 mil mudas de flores. As estações tubo da Linha Verde são climatizadas, com entrada de ar puro e fresco a cada 90 segundos. A climatização é um sistema inédito, desenvolvido para a Linha Verde e que utiliza uma lâmpada comum. Canos, por onde entra o ar, passam por um espaço aquecido e em seguida pelo meio de um tanque de água. O ar purificado, frio, entra na estação e mantém a temperatura agradável e o ambiente mais saudável. São nestas estações que param os primeiros ônibus a circular apenas com biocombustível, mais um projeto pioneiro de Curitiba e que tem, como ponto central, a conservação ambiental. Curitiba é a única metrópole que tem frota de ônibus do transporte coletivo com biocombustível


Norma CorrĂŞa

53 Documento Reservado / Abril 2011


serviço

Flávia Prazeres

Para tirar

Sites surgem para viabilizar projetos, de forma coletiva, com vantagens a autores e participantes

ideias do papel

O

crowdfundig, prática que surgiu nos Estados Unidos, em 2009 e decolou no ano passado com o site KickStarter (www.kickstarter.com), é uma modalidade nova no Brasil. Lá fora já movimenta milhões e aqui está dando vazão para novas ideias e contando com histórias de sucesso. Foram casos como esse que inspiraram empreendedores brasileiros a trazer o sistema crowdfunding ao País. O “Catarse”, lançado em janeiro, foi um dos primeiros deste tipo no Brasil. Mais recentemente, o “Ajude um Repórter”, que presta serviço aos jornalistas para encontrar a fonte que precisam, usou a ferramenta para atração de recursos, que serão usados no desenvolvimento de um novo site e na expansão dos serviços (www.ajudeumreporter.com.br). O projeto recebeu o apoio de 190 pessoas e atingiu o objetivo, que era alcançar a marca dos R$ 15 mil. Para colocar uma ideia no ar, o candidato precisa dizer quanto ela vai custar, em quantos dias ele quer arrecadar a quantia e o que será oferecido como recompensa para quem ajudar. Assim como no modelo dos EUA, a lógica do “tudo ou nada” também vale: se a “vaquinha” não atingir o valor proposto, todo dinheiro é devolvido, para ninguém correr o risco de ajudar projetos que não sairão do papel. Inscrito no processo seletivo das Incubadoras Rio Criativo, o www.movere.me, iniciativa de três jovens: Bruno Pereira, de 28 anos; Enzo Motta, de 32, e Thiago Fontes, de 28, já começa a obter resultados. O site entrou no ar em março e já fechou um projeto, a gravação

54 Documento Reservado / Abril 2011

Sururu na Roda, pretende gravar um CD em homenagem ao centenário de Nelson Cavaquinho

do clipe de uma banda carioca. Os três criadores são de áreas distintas: Thiago é sociólogo; o Enzo é de tecnologia e o Bruno, psicólogo especialista em RH. Mas, de acordo com eles, insatisfeitos com um mercado econômico acomodado, baseado nas fórmulas de sucesso garantido, decidiram inovar e começar um projeto diferenciado, uma nova plataforma digital. A ideia surgiu quando Bruno montou uma editora para novos autores, logo em seguida, Thiago sugeriu a criação de um site para proporcionar um jeito novo de fazer negócios. Assim, os dois convidaram Enzo, que é especialista em tecnologia, para fazer parte do projeto.

Criado por esses três jovens, o Movere.me, uma plataforma de incentivo coletivo (crowdfunding), chega ao mercado para proporcionar um jeito novo de fazer negócios. Coloca nas mãos de todos a possibilidade de decidir e realizar projetos tanto como autor ou incentivador. O autor é aquele usuário que tem um projeto, mas não tem o dinheiro suficiente para realizá-lo. É o artista, o empreendedor, o pesquisador, enfim, o ser criativo. Já o incentivador é aquele que aposta em inovação, que gosta de ter opções. Atualmente, com quatro projetos no ar. O mais significativo envolve um grupo de roda de samba, Sururu na Roda, que pretende gravar um CD em homenagem ao centenário de Nelson Cavaquinho.


PÓS-GRADUAÇÃO IBPEX CREDENCIAMENTO PELO MEC: FACINTER: Port. 578, D.O.U. de 05/05/2000 | FATEC INTERNACIONAL: Port. 4271, D.O.U. de 13/12/2005

Não importa o tamanho do desafio.

Inscrições abertas!

ibpex.com.br . 0800 702 0501

55 Documento Reservado / Abril 2011


serviço

Novo filão

profissional Novas profissões surgem impulsionadas por necessidades geradas pelos tempos modernos

A

judar a pessoa a se vestir ou acompanhá-la em eventos pode ser encarado como algo rentável nos dias de hoje. Depois da febre do personal trainer nas academias, chegou a vez do personal stylist e do personal friend. Mas, ainda há outros tantos tipos de personal: o que passeia com os cachorros, o que ajuda a escolher vinhos, o que organiza o guarda-roupa, o que faz compras... Já pensou numa ajudazinha na hora de montar aquele “look”, seja para encontrar o gato ou para uma entrevista de emprego? Esse é o trabalho da personal stylist Natália Nunes, que atende um público bastante diversificado em Curitiba, desde adolescentes a idosos, mas a maioria é composta por mulheres que buscam melhorar o visual. “As pessoas geralmente buscam o serviço após gestação, emprego novo, mudanças de condições financeiras ou depois de emagrecer”, explica. Natália dá dicas importantes para quem quer se vestir com elegância, sempre valorizando aquela velha máxima “menos é mais”. De acordo com ela, é mais fácil ficar elegante

56 Documento Reservado / Abril 2011

com menos, do que com mais. “Na dúvida, sempre menos. Invista em peças de roupas básicas atemporais com qualidade e um acessório moderno para compor o look. Simples e atual”, completa. Além disso, dá sugestões importantes para quem quer ter um guarda-roupa coringa. Para isso, as mulheres devem investir na aquisição de itens como calça jeans de qualidade; Natália: “invista em peças de roupas básicas atemporais com qualidade e um acessório moderno”

“t-shirt” neutra; vestido básico preto; saia; blazer; uma sobreposição moderna (colete, wrap, spencer, jaqueta); calça de alfaiataria. Para compor o visual, o acessório pode ser um colar de pérolas e para calçar, Natália sugere o uso de sapatos confortáveis e cores neutras, enquanto em ocasiões especiais são recomendados sapatos pretos e de salto alto. Para quem quiser contratar o serviço deve saber que o custo varia de R$120 a hora a até R$ 3 mil, o pacote. Mas, a personal afirma que


Flávia Prazeres

Marcele: “simplicidade significa bom caimento e um detalhe no lugar certo”

não têm nada a ver com o que são atualmente ou por motivos práticos, naqueles casos em que não sabem por onde começar as compras, escolhem peças caras e de pouca utilização, têm tipo físico difícil de vestir”, explica. Para quem quiser saber mais pode acessar o site www.estilosobmedida.com.br ou enviar e-mail para marcele@estilosobmedida. com.br

o custo com roupas novas é baixo, porque ela tenta aproveitar ao máximo as peças que as pessoas têm no guarda-roupa. Para saber mais, acesse o site www.natalianunes.com.br Mas para quem não quer errar na hora de se vestir deve ficar atenta às dicas da profissional, evitando o uso de roupas apertadas demais ou desgastadas pelo tempo, além disso, deve levar em conta a composição de looks para eventos distintos. MAIS DICAS A consultora de imagem e diretora da Estilo Sob Medida, Marcele Góes, que cuida do figurino da apresentadora Claudia Tenório, do programa Vida Melhor da Rede Vida, afirma que simplicidade é a palavra-chave na hora de se vestir bem. “Simplicidade significa bom caimento e

um detalhe no lugar certo. Muitas vezes as peças muito cheias de detalhes acabam por confundir a pessoa na hora de combiná-las com outras roupas de seu armário. Seguindo nessa linha de boa modelagem, é importante ter camisas, calças retas, blazers, cardigans de tricô, vestidos cache-coeur”, diz. De acordo com Marcele, o serviço de consultoria é mais utilizado pelas mulheres. “A busca dos serviços por parte dos homens é bem menor, cerca de 10% dos primeiros contatos são homens. Eles querem ter mais estilo e alguns têm problemas com o tipo físico”, acrescenta. Ela avalia que as pessoas que se sentem insatisfeitas com relação à imagem que projetam são as que recorrem ao serviço. “Seja por motivos emocionais quando as pessoas acham que não têm estilo ou que suas roupas

PERSONAL FRIEND Agora, se o seu caso é a necessidade de uma companhia para fazer um passeio ou sair para dançar, o André Barros pode ser a solução. Com experiência em Publicidade e Propaganda, há dois anos ele optou por ser personal friend em Curitiba. Segundo ele, o personal friend não é algo para substituir amigos, mas servir como boa companhia nas mais variadas situações. As pessoas podem recorrer aos serviços dele para ir ao cinema; teatro; fazer compras; ir a um barzinho e até mesmo para sacar dinheiro num banco. Para isso, basta que a pessoa acesse o site www.andrebarrospersonalfriend.com. br e envie as informações sobre o local, a data e o traje a ser utilizado. Mas, o pedido deve ser feito com no mínimo 48 horas de antecedência do evento.

57 Documento Reservado / Abril 2011


cultura

Preparando os Após três anos interditada para grandes eventos, a Pedreira Paulo Leminski poderá ser reaberta

Stica: “para a Pedreira ser reaberta não falta muita coisa”

58 Documento Reservado / Abril 2011

A

o som do grupo de pagode Inimigos da HP, a Pedreira Paulo Leminski deixou de ser palco de grandes eventos culturais em Curitiba. Isso ocorreu no dia 2 de agosto de 2008, quando 25 mil pessoas assistiram a apresentação, marcada com a gravação de um DVD do grupo. A apresentação marcou também o fim da possibilidade da cidade continuar como rota de importantes shows, como Paul McCartney, Black Eyed Peas, Jon Bon Jovi, entre outros. Naquela época, a capital paranaense era o terceiro destino de shows internacionais no Brasil, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Curitiba perdeu muito com o fechamento do espaço, que deu oportunidade para que Florianópolis e Porto Alegre passassem a receber esses espetáculos. Alguns shows até chegam à cidade, mas os espaços não apresentam boas estruturas e não atraem os produtores, que preferem excluí-la da agenda das grandes atrações. A produtora cultural Marlene Seraphim lamenta a escassez de espaço e acha que a cidade perde muito com a interdição. “A maioria dos artistas que pisa em Curitiba quer voltar e se apaixona pela cidade, então é claro que todos perdem. Sem a Pedreira restam poucas opções. Espero que nossos políticos pensem até em um novo espaço, como parques culturais, para que produtores e artistas não precisem ficar tão dependentes da iniciativa privada”, reclama. O espaço foi fechado depois que a Justiça aceitou um pedido de liminar do Ministério Público do Paraná em que os moradores da região reclamavam do incômodo do barulho e da movimentação provocados pelos eventos. Com isso, são três anos de luta, que colocam em posições antagônicas aqueles que querem a reabertura do local e os moradores da região, que, em nome da tranqüilidade, pediram a

restrição do espaço. Por enquanto, apenas os eventos de natureza religiosa, como a Paixão de Cristo, são realizados no local. Para auxiliar na reabertura do espaço foi criado o movimento “A Pedreira é nossa!” com a estratégia de mobilizar a população sobre a importância do lugar. Um dos criadores do movimento, o vereador Jonny Stica, um dos


ACORDES

Lorena Malucelli Pelanda

mentores do movimento, está otimista e espera que o local seja reaberto nos próximos meses. “Para a Pedreira ser reaberta não falta muita coisa. Até mesmo muitos moradores estão sensibilizados sobre a importância do espaço, não só culturalmente, mas também pelo impacto na economia local”, argumenta. Mais de 16 mil pessoas já participaram do abaixo-assinado que

pede a reabertura da Pedreira, que ainda aceita adesão pelo site: www.apedreiraenossa.com.br. O resultado de uma perícia ambiental pode colocar ponto final na novela da interdição da Pedreira. O levantamento já começou a ser feito e deve estar concluído em junho. A perícia técnica é necessária para apontar quais são os efeitos acústicos. Stica explica que algumas

A Pedreira Paulo Leminski tem capacidade para receber 25 mil pessoas

59 Documento Reservado / Abril 2011


cultura

Paul McCartney subiu ao palco da Pedreira em 1993

Marlene: “sem a Pedreira restam poucas opções”

Erna: “teve um festival que durou vários dias, e a música incomodava até às quatro horas”

60 Documento Reservado / Abril 2011

questões já foram resolvidas com os moradores, como o horário das apresentações. “Fizemos um acordo de que os shows não podem passar da uma hora. Se passar, o produtor será multado em R$ 50 mil”, adianta. Após a conclusão da perícia ambiental, o próximo e último passo será o encontro entre as duas partes envolvidas e a assinatura de um termo de ajustamento de conduta. A reabertura só resultará do consenso entre moradores e produtores. Algumas regras serão criadas para que não traga insatisfações para ambos os lados. Erna Ferrazza Christófoli mora há duas quadras da Pedreira e teme pelas consequências da reabertura, ao relembrar que, na época em que o espaço funcionava normalmente, a falta

de segurança e o excesso de barulho eram frequentes. “Teve um festival que durou vários dias, e a música incomodava até às quatro horas. Além disso, muitas pessoas deixavam os carros estacionados em frente às residências e, quando voltavam do show, ficavam fazendo bagunça na rua”, lembra a moradora. Para outros, no entanto, o espaço deixa saudades. A advogada Ângela Vieira Doni diz que as melhores atrações passavam por lá. Ela relembra que o show do Pearl Jam foi o mais marcante. “A Pedreira estava lotada. A acústica é ótima e os shows ficam melhores por isso. Eu lembro que a turnê da banda passou por poucas cidades brasileiras, e por sorte Curitiba foi escolhida”, relembra.

Espaço imenso - O palco da Pedreira, em Curitiba, foi inaugurado em 1990, como homenagem póstuma ao poeta paranaense Paulo Leminski. O espaço é cercado por um paredão de rocha de 30 metros de altura. Localizada no bairro Abranches, o local possui 103,5 mil m² e palco com 480 m², com capacidade para receber cerca de 25 mil pessoas. Ao seu lado está a Ópera de Arame. Juntos, eles formam o Parque das Pedreiras, um dos principais pontos turísticos da cidade. Grandes nomes já subiram no palco da Pedreira Paulo Leminski, como Paul McCartney, David Bowie, Björk,, Roberto Carlos, Iron Maiden, The Killers, Ramones, Skank, Bestie Boys, Pixies, Titãs e ACDC.


Lorena Malucelli Pelanda

61 Documento Reservado / Abril 2011


Gabriela Gatti

Arquivo pessoal: Eleonora Greca Gabriela Gatti/ Arquivo: MyleneRebeca

Abril: Mês da Dança

Um ícone do balé clássico paranaense, Eleonora Greca, 52 anos, contou a esta colunista – coincidindo com a comemoração do Dia Internacional da Dança, ocorrido no dia 29 - a satisfação de ser bailarina há 35 anos e trabalhar pelo desenvolvimento da dança como arte, em Curitiba. Com muito treino e disciplina, desde 1980 ela é a primeira bailarina do Ballet Teatro Guaíra. “Ser bailarina não é apenas ter exigência com o seu trabalho, é também, ter responsabilidade com os outros bailarinos do grupo e com a sociedade”, conta Eleonora, que é chamada carinhosamente de ‘madrinha’ por bailarinas mais jovens. Afastada “temporariamente”, como ela mesma diz, do palco, está à frente, desde o ano passado, da coordenação de dança da Fundação Cultural de Curitiba (FCC). É responsável por desenvolver editais de pesquisa e produção de dança. “É importante para o desenvolvimento da arte estimular criadores e pesquisadores da dança”, relata.

Bolsas e jóias para o outono inverno 2011

As empresárias Mylene Sanches e Rebeca Ficinski lançaram, no dia 8 de abril, a bela e exclusiva coleção Outono/Inverno 2011, na loja RebeMy, da rua Desembargador Costa Carvalho, 111, no Batel. As bolsas criadas por Mylene, que desenha, seleciona os materiais e acompanha a produção, são inspiradas em estampas de bichos e montaria (selaria). Os tons que prometem para as estações geladas são preto, marrom e vermelho. Além de Curitiba, a design tem suas bolsas em lojas de Brasília, São Paulo e Florianópolis. Para esta coleção, Rebeca produziu jóias de prata com acabamento em ouro com misturas de materiais especiais, como resina laqueada, pedras e peças de couro cortadas a laser. Todas as peças estão finíssimas. Vale a pena conferir!

Jornal Metro chega à Curitiba

Chuniti Kawamura/Metro

Com o objetivo de levar informações rápidas e sem custo ao leitor, foi lançado em grande estilo, no dia 26 de abril, na capital paranaense, o jornal Metro. Em um coquetel no Buffet Nuvem de Coco, o presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação, João Carlos Saad, e o presidente do Grupo J. Malucelli, Joel Malucelli, receberam 1.500 convidados, entre eles o governador Beto Richa e o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci. Considerado o maior jornal do mundo por apresentar uma tiragem de 19 milhões de exemplares por dia e estar em circulação em 20 países, o Metro é distribuído entre as 6h50 e 8h30, de segunda a sexta-feira, por promotores fixos, em pontos de circulação estratégicos em Curitiba.

Joel Malucelli, coronel Sérgio Malucelli e governador Beto Richa

62 Documento Reservado / Abril 2011


(Foto: Divulgação/RestaurantWeek)

As viagens de Celso Coppio

Foto: Gerson Lima/ arquivo: CelsoCoppio

O artista plástico Celso Coppio reuniu no último dia 28 de abril um seleto grupo de convidados em seu ateliê para homenagear as mulheres pelo Dia das Mães. Durante o happy hour as convidadas puderam apreciar as suas belas obras, entre elas as retratadas por Coppio após viagens por países como Itália, Índia, Marrocos e África do Sul. . “Minha vida é uma viagem, passo meses em contato com a cultura de um país e quando volto para Curitiba produzo aquilo que vivenciei”. O artista contou que esteve em Buenos Aires no início deste ano e pretende realizar a exposição “Tango”. Ao final do evento, as convidadas receberam um mimo especial – uma massagem na clínica Onodera Estética. Na foto, Celso entre as arquitetas Cristiane Maciel e Sony Luczyszyn.

(Foto: Divulgação/ ImigracaoHolandesa

Restaurant Week Curitiba

Os festivais são uma grande oportunidade das pessoas conhecerem experiências gastronômicas. Foi o que aconteceu em Curitiba, entre os dias 11 a 24 de abril, na terceira edição do Restaurant Week, evento que acontece nas principais capitais brasileiras e em mais de cem cidades no mundo. Os 48 restaurantes participantes ofereciam ao valor de R$ 29,90 no almoço e a R$ 39,90, menus completos, com entrada, prato principal e sobremesa. De acordo com os realizadores do evento e proprietários da Agencia DP9 Comunicação e Eventos, Edenilso Gavlak e Philip Khouri (foto), nesta edição foram vendidos 50 mil menus, o que representa um aumento de 70% no movimento em relação ao ano passado. Foi sugerido aos clientes uma contribuição de R$ 1,00 em cada refeição para ser doado ao Complexo Pequeno Príncipe.

100 anos dos holandeses no Paraná

Foi um sucesso a Festa do Centenário da Imigração Holandesa, realizada em Carambeí, na região dos Campos Gerais no Paraná, de 1º a 4 de abril. Mais de 35 mil pessoas visitaram o Parque Histórico de Carambeí, construído para retratar o modo de vida dos primeiros holandeses que chegaram ao Paraná. Entre as autoridades presentes, o secretário estadual da Fazenda e autor da lei que institui 2011 como Ano da Holanda no Brasil, Luiz Carlos Hauly, o vicegovernador, Flávio Arns, o presidente da Associação do Parque Histórico de Carambeí, Dick Carlos de Geus, e o embaixador da Holanda no Brasil, Kees Pieter Rade. Informações www. parquehistoricodecarambei.com.br.

Foto: Diana Prestes/ Cedip

Cedip em São José dos Pinhais

O Diretor Clínico da Cedip Matriz, Marcus Vinícius Gusmão Cabral, e o diretor presidente da empresa, Antonio Prestes

A partir de maio, São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, passa a contar com os tradicionais serviços da Clínica de Diagnóstico por Imagem do Paraná (Cedip). A clínica, que investiu R$ 7 milhões, vai funcionar dentro do Shopping São José. Para o diretor presidente da empresa, Antonio Prestes, membro da Sociedade Francesa e Européia de Neurocirurgia e Neuroradiologia, o atendimento na nova clínica seguirá os mesmos padrões da matriz. “Muitos pacientes vem de São José para fazer exames em Curitiba”, lembrou. Desde 1991 no mercado, a Cedip realiza sete mil exames por mês na capital do Estado.

63 Documento Reservado / Abril 2011


agenda

eventos Festa à Fantasia No dia 4 de junho, será realizada no Centro de Exposições da FIEP a 14ª edição da Festa à Fantasia do Tite. O evento comemora o aniversário do empresário Tite Clausi e o uso de fantasia é obrigatório. Informações: (41) 3027-5047/ 3315-0808. EXPOSIÇÕES Uma Homenagem à Arte Paranaense Permanece aberta até 21 de maio, no Centro Cultural Sistema Fiep, a exposição “Uma Homenagem à Arte Paranaense”, composta por obras da escultora contemporânea Vera Lilia, e também obras de doze mestres das artes plásticas do Paraná. Na relação de artistas clássicos do Paraná que compõem a exposição, estão Alfredo Andersen, Arthur Nísio, Erbo Stenzel, Estanislau Trape, Frederico Lange de Morretes, Guido Viaro, João Turin, João Zaco Paraná, Leonor Lea Botteri Genehr, Oswald Lopes, Theodoro de Bona e Waldemar Curt Freysleben. Essa mostra surpreende o público ao retratar com tecnologia holográfica as obras de artistas clássicos que compõem a paisagem urbana da cidade e convivem com os curitibanos há várias gerações, como as calçadas de Curitiba, projetadas por Lange de Morretes. Informações: 0800 6480088 Publicações de Artistas Até 22 de maio, o Solar do Barão mantém aberta a exposição “Publicações de Artistas”, organizada por Paulo Reis e Ana González. A mostra reúne projetos de arte elaborados por artistas de diversos pontos do Brasil e de outros países. As publicações de artistas são consideradas proposições artísticas por si só. Resultam da pesquisa, das experimentações e dos processos que levam à concretização final da obra. Artistas e a Mobilidade O Centro Cultural Solar do Barão mostra até 22 de maio a “MOB - 22 Artistas e a Mobilidade”, exposição que reúne obras de 22 artistas em reflexões sobre o tempo, o espaço, a bicicleta, a rua e os deslocamentos. Além da mostra, uma programação extra inclui oficina mecânica básica para bicicletas, oficina de serigrafia, performances musicais, ciclecine e conversas com os artistas. Informações: (41) 3321-3360.

Valdecimples O Espaço Cultural BRDE - Palacete dos Leões promove até 2 de junho a exposição “Valdecimples”, do artista Valdecir Ferreira de Morais. A mostra é composta por placas e telas pintadas com inspiração no cotidiano, na cidade e na natureza, com referência a paisagens urbanas. Informações: (41) 3219-8056 Todas Elas Juntas em Um Só Ser Até 15 de junho, o Quintana Café e Restaurante recebe a exposição “Todas Elas Juntas em Um Só Ser”, das fotógrafas Anna Boechat e Lis Del Barco. A mostra é composta por 16 imagens de diversas mulheres com diferentes estilos e características e inspiradas na música homônima de Lenine. O projeto surgiu como trabalho de conclusão de curso de Artes Gráficas da UTFPR. Informações: (41) 3078-6044. Híbrido O Centro de Criatividade de Curitiba mantém aberta até 19 de junho a exposição de artes visuais “Híbrido”, uma performance do artista italiano Göla e do artista curitibano Paulo Auma. Na exposição, cores gritantes, formas inimagináveis e seres fantásticos alertam para as rápidas transformações da atualidade e sobre os avanços tecnológicos obtidos em nome do progresso, do conforto, da vaidade e da riqueza. Luzescrita Permanece aberta até 19 de junho, no Paço da Liberdade, a exposição “Luzescrita”. A mostra reúne 29 trabalhos criados a partir do resultado de experiências com luz e poesia, assinados por Arnaldo Antunes, Walter Silveira e Fernando Laszlo. São dois poetas e um fotógrafo que se unem para criar soluções originais e transformar poemas em imagens. Informações: (41) 3234-4200.

Minha Cidade Vira Moda Até o dia 29 de maio, fica em cartaz na Casa João Turin a exposição “Minha Cidade Vira Moda – Inspiração Curitiba”, que reúne nove looks finalistas do VIII Prêmio João Turin de Incentivo aos Novos Designers de Moda, inspirados em Curitiba. O concurso, direcionado aos cursos de Moda do Paraná, estimula a pesquisa em temas da cultura do Estado no desenvolvimento de roupas e acessórios. Informações: (41) 3223-5715.

Maureen Bisilliat: Fotografias O Museu Oscar Niemayer expõe até 31 de julho a exposição “Maureen Bisilliat: Fotografias”, composta por mais de 250 imagens editadas pela fotógrafa com a colaboração de curadores do Instituto Moreira Salles. Entre as fotografias exibidas estão imagens do ensaio “Pele Preta”, feito quando Maureen ainda era estudante. Outras imagens têm inspiração em obras literárias de autores como Guimarães Rosa, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Euclides da Cunha. Informações: (41) 3350-4400.

De Coré-etuba a Curitiba Até o dia 29 de maio, fica em cartaz na Casa João Turin a exposição “De Coré-etuba a Curitiba”. A mostra traz a obra Pedra Fundamental, um baixo-relevo de João Turin que representa a lenda da criação da Vila, onde hoje é a capital paranaense. A proposta do espaço é trabalhar, nas duas mostras, a memória de Curitiba antiga e da atual. Informações: (41) 3223-5715.

Curitiba(nós) Pode ser vista até 4 de dezembro, na Casa Romário Martins, a exposição “Curitiba (nós)”. A mostra, ao mesmo tempo em que traz dados atuais de Curitiba, revela a diversidade de sua gente, sua música, suas cores, sua culinária, sua arquitetura, entre outros aspectos da vida na capital paranaense. Informações: (41) 3321-3255 | www.curitiba-nos.blogspot.com

64 Abril 2011 2011 Documento Reservado / Fevereiro


ESPETÁCULOS Rebeldes? Nem Tanto Fica em cartaz, até 14 de maio, no Teatro Lala Schneider, a peça “Rebeldes? Nem Tanto”. A comédia romântica é ambientada nos anos 50, reconstruindo a atmosfera dessa época de ouro. Uma viagem com suas dificuldades, os temores, as alegrias, as músicas, os figurinos e todo o clima dos anos dourados. Informações: (41) 3232-4499 Alice no País das Maravilhas Até o dia 15 de maio, fica em cartaz no Teatro Regina Vogue o espetáculo “Alice no País das Maravilhas”, musical com 11 atores tocando ao vivo, cantando, dançando e interpretando, repleto de efeitos visuais, espetáculo para todas as idades. Informações: (41) 2101-8292. Clara Até 15 de maio, o Teatro Lala Schneider recebe o espetáculo musical “Clara”, um tributo a uma das maiores cantoras da musica popular brasileira: Clara Nunes, sua trajetória de vida, os amores e a carreira dessa grande estrela. Informações: (41) 3232-4499. Café Confusão O Teatro Regina Vogue programou, de 20 de maio a 5 de junho, o espetáculo “Café Confusão ou Molhando o Biscoito com Lady Gaga”. Informações: 2101-8292. Minhas Sinceras Desculpas No dia 21 de maio, o Grande Auditório do Teatro Positivo recebe a peça “Minhas Sinceras Desculpas”, uma mistura de dramaturgia, cinema e música tocada ao vivo. Eduardo Sterblitch, que interpreta o Freddie Mercury Prateado no programa Pânico na TV, representa um ator que tenta corresponder às suas próprias expectativas em um monólogo teatral. A banda entra nos momentos em que o assunto do personagem se torna desinteressante, para, ironicamente, suprir o público. Informações: (41) 3317-3107. Curitiba em Comédia Até 26 de maio, o Teatro Lala Schneider recebe “Curitiba em Comédia”, solo de Fabio Silvestre satirizando diversos personagens e situações típicas de Curitiba. Informações: (41) 3232-4499. Os Malas Até 28 de maio, a peça “Os Malas” permanece em cartaz no Teatro Lala Schneider. Divertidíssima comédia sobre as mazelas da política de um país fictício e seus governantes corruptos. Qualquer semelhança com fatos reais será mera coincidência. Informações: (41) 3232-4499. Avenida Independência 161 Até 29 de maio, o espetáculo “Avenida Independência 161 – Trilha Sonora Para Coisas Irreversíveis” fica em cartaz no Teatro Novelas Curitibanas. A peça conta a história de uma hipocondríaca viciada em jogo e de sua irmã rebelde, que moram no mesmo prédio que um casal composto por uma garota que fugiu de casa aos 14 anos e um guerrilheiro anarquista. Informações: (41) 3321-3358

Romeu e Julietinha Até 29 de maio, o espetáculo “O Amor de Romeu e Julietinha” permanece em cartaz no Teatro Lala Schneider. A peça é uma releitura do clássico de Shakespeare, transportado para o lúdico universo infantil. Informações: (41) 3232-4499. SHOWS Fábio Jr No dia 20 de maio, o cantor Fábio Jr. apresenta no Grande Auditório do Teatro Positivo o show “Íntimo”. Informações: (41) 3315-0808. Cidade Negra No Dia 27 de maio, a banda Cidade Negra faz única apresentação no Teatro Guaíra. Informações: (41) 3304-7900. Velhas Virgens No dia 28, a banda Velhas Virgens retorna a Curitiba e realiza única apresentação no Music Hall. O ingresso do show dá direito também a um After Party que será realizado no Blood Rock Bar, com a presença dos integrantes da banda e convidados. Informações: (41) 3315-0808. Belo Também no dia 28, o cantor Belo se apresenta no Curitiba Master Hall, em comemoração ao aniversário de oito anos do Tha Na Cuca. Informações: (41) 3315-0808. Zeca Pagodinho No Dia 4 de junho, o cantor Zeca Pagodinho se apresenta no Centro de Eventos de Londrina. Informações: (43) 3223-0014/(41) 3315-0808. Slayer No dia 8 de junho, a banda norte-americana de trash metal Slayer se apresenta no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808. Colin Hay No dia 9 de junho, o cantor e guitarrista Colin Hay se apresenta no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 3315-0808. A Day To Remember No dia 10 de junho, a banda norte-americana A Day To Remember faz única apresentação no Curitiba Master Hall. Informações: (41) 33150808.

65 Documento Reservado / Abril 2011 Documento Reservado / Fevereiro


perfil

Lucian Haro

Comando feminino

Fotos: Divulgação

A

66 Documento Reservado / Abril 2011

inspetora Maria Alice Nascimento Souza assumiu recentemente a Diretoria-Geral do Departamento de Polícia Rodoviária Federal (PRF), sediado em Brasília. Mais do que ingressar ao comando máximo da corporação no País, ela está fazendo história, pois é a primeira mulher a assumir um cargo tão elevado no âmbito do Ministério da Justiça. Pioneirismo que já é marca registrada de Maria Alice. Na PRF, ela foi também a primeira mulher a ocupar o posto de superintendente regional e já patrulhou muitas rodovias pilotando uma Harley Davidson, sob o título de primeira motociclista mulher da corporação. A inspetora entrou para a PRF em 1984 por meio de concurso e, desde então, ocupou vários cargos de destaque em outros estados. Esteve à frente da superintendência do Paraná desde 2006, e ganhou notoriedade quando comandou a operação de retomada dos postos federais que há mais de 30 anos, estavam sob domínio da Polícia Rodoviária Estadual. A atuação de Maria Alice no País resultou, também, em um fato que a própria inspetora desconhecia: o cartunista Roberto Sabino criou uma personagem de quadrinhos inspirada na história de uma mulher que dividia sua jornada entre a família e patrulhar as rodovias, era “Alice, a patrulheira”. Natural de Foz do Iguaçu, a inspetora é graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e durante os 22 anos de serviço na PRF, exerceu as funções de superintendente do Paraná, chefe do Núcleo de Comunicação Social, chefe de Seção de Ensino e Disciplina e foi assessora da direção-geral da PRF, em Brasília.


67 Documento Reservado / Abril 2011


68 Documento Reservado / Abril 2011


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.