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Perfi l dos EUA

Desenvolvimentos na Reciclagem de Vidro nos Estados Unidos

O Presidente da GPI, Scott DeFife*, destaca algumas das mudanças na política de reciclagem nos Estados Unidos em 2021 e afi rma que um progresso ainda mais positivo é provável este ano.

Apesar de 2021 ter sido um ano ativo na política da reciclagem nos Estados Unidos, 2022 promete ainda mais mudanças, com um potencial de oportunidades positivas para melhorar e aumentar a reciclagem de vidro.

A GPI lançou um relatório centrado num mapa no início deste ano, o Futuro Circular para o Vidro, com detalhes sobre formas de alcançar o seu objetivo industrial de 50 % de reciclagem de vidro, um objetivo partilhado a nível nacional, de acordo com o anúncio em 2021 da Agência de Proteção Ambiental dos EUA de uma taxa de 50 % de reciclagem na próxima década.

Como contexto, existem grandes diferenças e falhas no sistema de reciclagem dos EUA, muitas em nítido contraste com a UE, o Reino Unido e as regiões vizinhas. Recentemente, a Close the Glass Loop publicou novos dados que indicavam taxas de recolha para reciclagem de vidro a atingir os 78 % na Europa. Os dados dos EUA são consideravelmente menos fi áveis devido à prevalência do fl uxo individual misturado, mas o equivalente mais próximo com que podemos comparar é de cerca de 40 % de recuperação de vidro.

Apesar de esta taxa ser superior para o vidro de recipientes de bebidas cobertos por sistemas de depósitos em 10 estados, a percentagem média da taxa de reciclagem de vidro nos EUA fi cou na casa dos 30 durante algum tempo. As taxas de reciclagem de vidro para os estados com depósito de recipientes estão, em média, em cerca de 60 %, com os estados restantes nos 20 % e vários deles com taxas de reciclagem de vidro na casa dos 10 % ou mesmo menos.

Uma diferença crítica é a prevalência de Esquemas de Responsabilidade Alargada do Produtor (EPR) na Europa, uma característica essencial do debate da política atual que se expandirá para aqui em 2022.

A reciclagem misturada na rua tem um impacto muito pequeno nos sistemas europeus, com a maioria dos países a separar o vidro e outras embalagens de alimentos e bebidas de fi bras e outros materiais recicláveis no ponto da recolha.

Não existem (praticamente) vidrões nos Estados Unidos, uma característica dominante do programa de reciclagem em toda a UE. Em muitas áreas metropolitanas médias ou grandes da Europa existem centenas de vidrões, sistemas enterrados ou à superfície para tornar a recolha conveniente.

Apesar de algumas comunidades americanas realizarem a reciclagem de vidro separada na fonte e algumas manterem com sucesso a reciclagem de fl uxo duplo (em que algumas combinações de vidro e recipientes rígidos são recolhidas separadamente de fi bra e papel), a grande maioria da reciclagem doméstica não envolve a separação de recicláveis, usando apenas a recolha e compactação de um único caixote.

As instalações de recuperação de material (MRF) responsáveis por realizar a triagem e vender estes recicláveis têm uma ampla variedade de recursos, com poucas a cumprir qualquer métrica de qualidade ou padrão de desempenho. Muitas são também detidas pelas mesmas empresas de detêm o aterro mais próximo, o que pode ser um confl ito de interesse económico que afeta a reciclagem do vidro.

É aqui que entra o debate sobre EPR. No último ano, dois estados americanos, Oregon e Maine, aprovaram novas leis sobre EPR de embalagens. Localizados em costas opostas e com abordagens ligeiramente diferentes, mas já entre os 10 estados com programas de depósito de recipientes em vigor.

Os produtos e materiais abrangidos pelos programas de depósito estavam isentos em ambos os estados, por isso, os produtos de vidro

restantes vendidos no mercado têm de equacionar algumas opções nos próximos anos, à medida que o processo regulamentar se desenrola em ambos os estados para promulgar formalmente os seus sistemas.

No Oregon, as garrafas de vinho e bebidas espirituosas podem entrar no sistema de depósito de garrafas existente, encarado pela maioria dos observadores como o mais eficiente dos sistemas do estado. No Maine, que tem a cobertura mais extensa de recipientes de bebidas no sistema, existe uma oportunidade para a indústria apresentar propostas sobre a recolha do vidro restante (principalmente boiões de comida) segundo o esquema EPR.

Atualmente, pelo menos uma dúzia de estados estão a trabalhar em propostas EPR e espera-se que muitos introduzam novas propostas legislativas em 2022, com grandes estados, como a Califórnia e Nova Iorque (ambos com sistemas de depósito de recipientes em vigor), bem como Washington e Colorado (estados sem depósito de recipientes) sendo os mais distantes.

Grande parte do ímpeto da política nestes estados é a pressão regulamentar para fiscalizar os resíduos de plástico mal geridos, combinada com as pressões financeiras sobre os sistemas de recolha de resíduos do governo local. Estes programas municipais já estavam a lidar com a turbulência financeira dos mercados de reciclagem devido a problemas globais da qualidade dos resíduos transfronteiriços que fizeram com que os preços de algumas mercadorias caíssem. Estes desafios foram agravados pelos impactos da pandemia na economia geral, mudança de hábitos de consumo, desafios de saúde dos trabalhadores da indústria de resíduos e logística da cadeia de abastecimento.

Tudo isto contribui para o que poderia ser um ano legislativo muito ativo, prevendose que os formuladores de políticas avancem propostas de EPR em mais estados do país. Muitas destas propostas podem incluir requisitos de conteúdo reciclado para embalagens importadas, pressionando marcas nacionais e globais a apoiarem financeiramente programas melhorados de recuperação e reciclagem.

A GPI e muitas das suas empresas membro passaram algum tempo a instruir os formuladores «Apesar de 2021 ter sido um ano ativo na política da reciclagem nos Estados Unidos, 2022 promete ainda mais mudanças, com um potencial de oportunidades positivas para melhorar e aumentar a reciclagem de vidro.»

Presidente da GPI, Scott DeFife

� Esquerda: MRF sujo � Direita: MRF limpo de políticas sobre as diferenças sistémicas entre as províncias europeias e canadianas, com taxas de reciclagem geralmente muito mais altas, e as jurisdições dos EUA, que dependem bastante da recolha misturada de fluxo individual.

Para além da responsabilidade financeira atribuída a marcas de alimentos e bebidas, bem como a fabricantes de embalagens, existem cinco questões principais no debate da política EPR essenciais para o vidro: � Que o vidro enquanto material é tratado de forma justa no sistema por organizações de gestão que tendem a ser fortemente representadas por marcas globais de retalho focadas no plástico. � É realizada uma «avaliação das necessidades» minuciosa do sistema de reciclagem existente, para distribuir adequadamente as taxas para as necessidades adicionais da infraestrutura de reciclagem. � A insistência em padrões de qualidade de material mais elevados para a produção de mercadorias MRF. � A capacidade de organizações de administração ajustarem os sistemas de recolha para reduzir a contaminação e produzir fluxos mais limpos para novo processamento e novo fabrico. � Permitir que as indústrias que pretendem os materiais recicláveis de volta tenham acesso razoável e económico à matéria-prima. � Desviar do aterro a maior quantidade de material reciclável possível.

A GPI irá trabalhar em políticas relacionadas com cada um destes pontos, à medida que realiza vários debates legislativos estaduais daqui para frente. Existe uma oportunidade para aumentar drasticamente a disponibilidade de vidro reciclado pós-consumo para recolha se estes sistemas forem concebidos com sucesso.

É essencial que a nossa indústria trabalhe de forma colaborativa, apoiando políticas que afetarão todos os produtores de vidro, nacionais e globais, e evitar que o vidro seja enviado para aterros desnecessários e devolver o vidro infinitamente reciclável à cadeia de abastecimento.�

*Presidente, Glass Packaging Institute, Washington DC, EUA www.gpi.org