Portugal Post Fevereiro 2013

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PORTUGAL POST 1993 : 20 ANOS : 2013

ANO XX • Nº 223 • Fevereiro 2013 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: correio@free.de • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718

Faleceu Rui Paz Comunidade perde um amigo

› Entrevista Escritora Ana Cristina Silva

//Pág. 7

Aconselho os pais a falarem com os filhos em português //Pag. 15

Vinte anos contra ventos e marés Por Cristina Krippahl

//Pág. 5

Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853


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PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

Crónica Por Joaquim Nunes

PORTUGAL POST Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República

Fundado em 1993 Director: Mário dos Santos Redação e Colaboradores Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim Cristina Krippahl: Bona Joaquim Peito: Hanôver Correspondentes António Horta: Gelsenkirchen Elisabete Araújo: Euskirchen João Ferreira: Singen Jorge Martins Rita: Estugarda Manuel Abrantes: Weilheim-Teck

Nem heróis nem mártires.... - ou: a necessidade

de rever os discursos sobre a e/imigração Para o ano que vem (2014) , completam-se 50 anos da celebração do acordo de angariação de mão de obra entre a Alemanha e Portugal.

Maria do Rosário Loures: Nuremberga Vitor Lima: Weinheim Colunistas António Justo: Kassel Carlos Gonçalves: Lisboa Glória de Sousa: Bona Helena Ferro de Gouveia: Bona Joaquim Nunes: Offenbach José Eduardo: Frankfurt / M Luísa Coelho: Berlim Luísa Costa Hölzl: Munique Marco Bertoloso:  Colónia Paulo Pisco: Lisboa Salvador M. Riccardo: Teresa Soares: Nuremberga

Parto do princípio de que, à semelhança do que já aconteceu com outras comunidades migrantes (italianos, turcos), também a comunidade portuguesa na Alemanha não deixará passar essa data desapercebida e irá procurar formas dignas de a assinalar e celebrar.

Multimédia: silva-Com.de Tradução: Barbara Böer Alves Assuntos Sociais: José Gomes Rodrigues Consultório Jurídico: Catarina Tavares, Advogada Michaela Azevedo dos Santos, Advogada Miguel Krag, Advogado Fotógrafos: Fernando Soares Impressão: Portugal Post Verlag Redacção, Assinaturas Publicidade Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund Tel.: (0231) 83 90 289 • Fax: (0231) 83 90 351 www.portugalpost.de EMail: portugalpost@free.de www.facebook.com/portugalpostverlag Registo Legal: Portugal Post Verlag ISSN 0340-3718 PVS K 25853 Propriedade: Portugal Post Verlag Registo Comercial: HRA 13654 Os textos publicados na rubrica Opinião são da exclusiva responsabilidade de quem os assina e não veiculam qualquer posição do jornal PORTUGAL POST

Nota do PP Por motivos de ordem técnica, esta edição sai com três dias de atraso. Queremos pedir desculpa aos nossos leitores e clientes por este imprevisto. A redacção

Para que a celebração desse aniversário seja ocasião de algo mais do que um simples „acto oficial“ a realizar num qualquer „salão nobre“ das instituições deste ou do nosso país de origem, proponho que se comece desde já a reflectir e a fazer o balanço destes 50 anos de imigração portuguesa na Alemanha, perguntando-nos o que é que de facto queremos celebrar e se há ou não razões para festejar... No que toca aos temas da emigração / imigração, parece-me que muitas vezes se cai, tanto por aqui como em Portugal, num discurso patético (quer dizer „doentio“, de „pathos“, de onde vem a „patologia“), cheio de exageros de linguagem, feito da repetição de banalidades e de lugares comuns. Raramente se encontra uma análise serena e objectiva da emigração. E isto vale nas duas direcções: tanto para aqueles que empolgam a emigração e fazem dela uma „história de sucesso“, como para aqueles que encaram a emigração como uma „desgraça histórica“, mesmo que não tenham coragem de o dizer abertamente. Há de um lado esse discurso meio poético meio político-demagogo que realça da e/imigração o que ela tem de „história de sucesso“, não se cansando de reclamar para os emigrantes um estatuto de heróis: gente corajosa e empreendedora, que deixou o seu país e, ultrapassando todas as dificuldades da língua, da cultura, do clima, das saudades, „chegaram, viram e venceram“. E seria graças a eles e às suas remessas financeiras que o nosso país se tem mantido acima de água, atravessando crises umas atrás das outras.... E vai daí nunca será demais reclamar de Lisboa apoio para os emigrantes... eles afinal „quase que merecem mais do que aqueles que lá ficaram“... A emigração é vista assim como segunda epopeia dos portugueses no mundo, depois da grande epopeia dos „descobrimentos“ que os Lusíadas imortalizaram. Tudo muito bonito, é o discurso que fica

bem a esses que tem de dizer umas palavras na abertura de um jantar nas associações de emigrantes ou no início de um festival de folclore... até pode dar para ganhar votos, mas anda bem longe da realidade que foi e continua a ser a vida e o trabalho na emigração. Do outro lado, há o discurso do „coitadinho do emigrante“, que é assim um „escorraçado da sua terra“, forçado a ter de viver no exílio em terra estranha, longe da sua „terra natal“, sufocado pelas saudades, morto por ver chegar a hora de regressar... Veja-se a cena desse jovem enfermeiro que recentemente escreveu uma carta ao Presidente da República, antes de emigrar para a Inglaterra (com trabalho garantido e bom ordenado!), num tom de fazer chorar mesmo os corações empedernidos e de por o pais de boca aberta diante dos écrans. Vejam-se as imagens do „Portugal no coração“ e dos programas para emigrantes da RTPi.... É o choradinho patriótico que vê na emigração a „desgraça“, inevitável mas sempre desgraça, e que, no fundo, se bem virmos, dá do emigrante essa imagem negativa de quem partiu porque foi incapaz de governar a vida na sua terra... Um discurso

que, debaixo deste tom mórbido de compaixão, acaba por nos ofender. Creio que são muitos, cada vez mais, os emigrantes que não se reconhecem nem num nem noutro tipo de discurso. Importa, por isso, aproveitando esta ocasião de preparação do 50º aniversário do contrato para a emigração de mão de obra portuguesa para a Alemanha, fazer reflexões sérias, que analisem a imigração laboral portuguesa na Alemanha de forma diferenciada, nos seus diferentes aspectos: económicos, políticos, sociais, e dos dois lados: do lado do país de origem como também do lado do país de acolhimento. Reflexões que façam o balanço a partir de dados objectivos e não sentimentais. Reflexões que podem ter em conta destinos individuais e biografias exemplares mas que sobretudo saibam repensar a e/imigração portuguesa na Alemanha no seu conjunto, como fenómeno colectivo, a ser comparado com a experiência feita pelos outros povos com quem convivemos. Reflexão que não esqueça a situação diferente das diferentes gerações e recorde o passado, sem esquecer o presente e o futuro. Voltaremos ao tema. Publicidade

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PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

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Disse, depois não disse, mas foi como se dissesse Afinal Pedro Passos Coelho não quis dizer aos portugueses para irem para fora: “ninguém aconselhou os portugueses a emigrarem” Por Glória Sousa final Pedro Passos Coelho não quis dizer aos portugueses para irem para fora: “ninguém aconselhou os portugueses a emigrarem”. O primeiro-ministro português tentou assim, recentemente, em Paris, recompor as palavras que proferiu, em Dezembro de 2011, e que se desdobraram em críticas até hoje. Na altura, numa entrevista, sugeriu ou aconselhou, como se queira, os professores portugueses desempregados a procurarem oportunidades de trabalho no mercado de língua por-

A

tuguesa, nomeadamente, em Angola e no Brasil. Foi repudiado pelos partidos de esquerda, pelas organizações sindicais e pelos portugueses que, parodiando, mandavam o próprio Passos Coelho emigrar. Não seria, de resto, o primeiro chefe de governo a fazê-lo. Ao que se sabe, depois de cessar funções, também o antecessor, o engenheiro José Sócrates decidiu ir filosofar para Paris. O conselho de Passos Coelho não se encaixa no de um primeiro-ministro. Apresentar a emigração como solução para os jovens é assinar a sentença de

óbito do país, aniquilar a esperança no futuro, assumir o falhanço. Em torno das suas declarações gerou-se um “fait-divers” que dura até hoje, afinal foi só mais um, a nossa comunicação social precisa de declarações assim para depois as poder chicotear infinitamente. Apesar de infeliz, Passos Coelho foi, pelo menos, sincero. Se não há trabalho em Portugal, tanto para professores, assim como para muitas outras profissões, para quê ficar? O mesmo que disse o primeiro-ministro, nos dizem os nossos pais e amigos. A solução dos portugueses volta a ser emigrar, tal como no foi no passado, entre as décadas de 1950-70. E, na verdade, os portugueses não esperaram pelas palavras “sábias” de Passos Coelho para fazerem as malas. A vaga de emigrantes portugueses está a aumentar e deverá continuar, a menos que a saúde do país melhore, o que não se prevê que aconteça nos próximos anos. Vivendo na Alemanha, desde 2011, tenho visitado Portugal com alguma freqüência , assistindo aos capítulos da história recente do esvaziamento do país. Enfermeiros e engenheiros, principalmente, mas também profissionais de outras áreas desistem da ocidental praia lusitana. Nadam para longe. Em 2011, quase 44 mil pessoas residentes em Portugal emigraram, o que representa um aumento de 85% face a 2010. A maior parte dos emigrantes é

Banco de Portugal: Remessas de emigrantes ultrapassam 2,5 mil ME As remessas de emigrantes para Portugal ultrapassaram em Novembro de 2012 o valor conseguido no total dos últimos anos ao atingir cerca de 2,5 mil milhões de euros no final de Novembro, de acordo com os dados do Banco de Portugal. De acordo com o Boletim Estatístico do Banco de Portugal, estas remessas superam - quando ainda falta apurar um mês para o final do ano - os totais de 2011 (2,43 mil milhões de euros), de 2010 (2.425 milhões de euros) e

de 2009 (2,28 mil milhões de euros) pelo menos. Em Novembro o valor das remessas dos emigrantes atingiu os 204 milhões de euros, mais 14% que o valor registado em Novembro do ano passado. Mais de metade deste valor continua a chegar de emigrantes em países da União Europeia, cerca de 106 milhões de euros, e deste valor mais de metade chega por sua vez de França, um quarto do total mensal, com 55,2 milhões de euros.

As remessas de emigrantes que chegam de países que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) correspondem, por sua vez, a 85% do valor total das remessas do mês de Novembro, com 173,5 milhões de euros de total de 204 milhões de euros. Por sua vez, o dinheiro que sai de Portugal através das remessas de imigrantes para outros países atingiu os 43 milhões de euros, o valor mais baixo desde junho deste ano.

jovem, entre os 25 e os 29 anos. No ano passado, segundo dados divulgados pela Secretaria de Estado das Comunidades, terão emigrado perto de 100 mil residentes em Portugal, valor que se aproxima das grandes vagas migratórias da década de 1960, segundo a imprensa. Mas se no passado, os nossos avós emigravam e amealhavam o máximo que conseguiam para poderem um dia voltar, hoje já não é assim. Quem vai, encontra melhores condições do que as que deixou (o que não é difícil), aproveita a oportunidade de amealhar para abraçar o mundo e não faz questão de voltar. Compra casa e alarga a família em terras onde o sol nasce na linha do mar. Talvez o senhor ministro tenha esquecido esse pormenor, de um país despido de jovens, que formam as suas famílias no outro lado do mundo, envelhecendo mais ainda um Portugal encolhido. E se calhar esqueceu também que o Estado está a atirar milhões pela janela, pois o que tem investido na formação de cada estudante está a ser dado ao vizinho. O país não rentabiliza os recursos que formou e que não espere vir a fazê-lo com as divisas dos emigrantes, pois muitos deles preferem acautelar as suas poupanças em contas bancárias do país onde vivem, provavelmente em ambiente de maior segurança. A emigração lusa parece estar a virar assunto de moda, pois em todo o lado se fala disso. Programas televisivos como os “Portugueses pelo Mundo” cativam uma

ampla audiência, vários meios de comunicação internacionais noticiam o regresso dos portugueses às ex-colónias (nomeadamente para Angola e Moçambique), crescem as vagas de candidatos a programas internacionais de estágio, que funcionam como um tapete de fuga. Na mesma linha, o Presidente da República, Cavaco Silva, criou recentemente o conselho da diáspora, no sentido de promover a imagem do país no exterior, através de emigrantes que se destaquem nas várias áreas. Mas no interior, a imagem do Portugal anda pelas ruas da amargura. Os portugueses lamentam um país de rastos, que não vive antes sobrevive como pode. Quando vou a Portugal vejo um país a deslizar no abismo da depressão: os preços altos, os salários baixos, empréstimos por pagar, a incerteza do futuro da empresa, o colega de trabalho que faz o mesmo e ganha o triplo, os esquemas de sempre dos compadrios, etc. Pelo que mesmo quem tem emprego não está “safo”. A televisão ajuda a enxurrada. Os telejornais espremem ao máximo os casos da nova pobreza, repetem no esgotamento as palavras crise ou troika. E a publicidade mergulha na mesma onda. As marcas dos principais supermercados mostram-se solidárias com as dificuldades dos portugueses, prometem preços baixos, repetindo também a esperança e o acreditar que, no fundo, recordam a toda a hora o Portugal deprimido.


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Notícias

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

Alemães adoptam cães capturados nas ruas de Torre de Moncorvo

INE estima que emigração cresceu 85% entre 2010 e 201

Cães apanhados por serviços municipais nas ruas de Torre de Moncorvo estão a ser encaminhados para uma associação alemã que, depois, se encarrega de arranjar uma família para os acolher, revelou fonte da autarquia.

O número de pessoas que saiu de Portugal em 2011 aumentou 85% em relação a 2010 e a faixa etária em que mais se registou a saída foi entre os 25 e 29 anos. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre estimativas anuais de emigração indicam que em 2011 emigraram, no total, 43.998 pessoas, incluindo cidadãos de Portugal e estrangeiros, ou seja mais 20.238 do que em 2010, ano em que emigrou um total de 23.760 pessoas, registando-se um aumento de 85% em apenas um ano.Do total de 43.998 pessoas que abandonaram Portugal, estima-se que 41.444 seriam portugueses e 2.554 nacionalidades estrangeiras. Em 2010, o INE estima que tenham saído de Portugal um total de 23.760 indivíduos (16.899, em 2009), sendo que 22.127 teriam nacionalidade portuguesa e 1.633 de nacionalidade estrangeira. E se em 2010 o maior número de emigrantes se situava na faixa etária dos 20 e 24 anos (3.815 emigrantes), em 2011 a maior fatia de indivíduos a abandonar Portugal tinha entre 25 e 29 anos (5.876), logo seguida dos indivíduos entre os 20 e 24 anos

(5.784) e entre 30 e 34 anos (5.027).Um dado a assinalar é que há milhares de crianças e adolescentes que emigraram entre 2010 e 2011.Só em 2010, emigraram 2.320 crianças entre até aos quatro anos, 2.077 crianças entre os cinco e os nove anos e 2.580 adolescentes entre os 15 e os 19 anos. Em 2011, as estimativas do INE indicam que emigraram 3.315 adolescentes entre os 15 e os 19 anos, 1.326 crianças até aos quatro anos, 1.302 entre os cinco e os nove anos e 1.479 entre os 10 e os 14 anos. Quanto ao país de destino, dos 23.760 indivíduos emigrantes em 2010, 19.418 terão ido para um outro país da União Europeia (UE) e 4.342 deslocaram-se para um país fora da UE.Segundo dados disponibilizados pelo Observatório da Emigração, Angola, Reino Unido, Suíça, Espanha, Alemanha, Luxemburgo, Brasil e a Holanda são os países que mais receberam emigrantes portugueses. Os países que também receberam portugueses, mas em menor número, foram: Noruega, Dinamarca, Suécia, Macau, Áustria, África do Sul, Austrália e Argentina e Nova Zelândia.

José Cesário: Fraudes nas provas de Mais de 20 mil estrangeiros português para adquirir nacionalidade adquiriram autorizações de residência são “passado” em Portugal em 2012

Porto é um dos 46 sítios do mundo a visitar em 2013 para o New York Times

O secretário de Estado das Comunidades afirma que as fraudes registadas nos últimos anos em provas de português para aquisição de nacionalidade são “coisa do passado” e que o novo sistema vem reforçar a segurança. Até agora, era nos consulados que estas provas eram feitas, quando os examinados estavam no estrangeiro, mas nova legislação aprovada pelo Governo determina que passam a realizar-se nos centros de línguas do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, que terá de certificar o processo, adiantou José Cesário. “Creio que haveria fraudes [nalgumas provas]. Nunca percebi bem se era nas provas ou certificados das provas”, disse à Lusa. “São coisas do passado, nem sequer tenho presente [em que consulados se registaram fraudes]. Não era capaz de dizer. Envolvem cidadãos estrangeiros” que tentam forjar os testes, adiantou. Entretanto, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Luís Marques Guedes, adiantou que o processo vai envolver o agora Serviço de

O New York Times publicou a sua lista dos 46 locais a visitar em 2013 e colocou o Porto em número 28, destacando as possibilidades de provar Vinho do Porto “a preços de vinho de mesa”. “A dor económica de Portugal é o seu ganho no Porto, uma das grandes pechinchas da Europa Ocidental”, escreve o diário norte-americano, numa lista que foi publicada na edição de papel. O New York Times destaca os novos hotéis e restaurantes da cidade, que deram “um lustro fresco a esta cidade protegida pela UNESCO onde as ruas estreitas e labirínticas, edifícios antigos e estudantes de capas negras inspiraram uma jovem professora de inglês que lá viveu nos anos 1990 chamada J.K. Rowling”, a autora dos livros de Harry Potter. A lista é encabeçada pelo Rio de Janeiro (“Porque todo o mundo vai lá estar em 2014”) e inclui cidades como Paris, Casablanca e a ilha de Koh Phangan, na Tailândia. “A crise financeira não reduz a indústria mais proeminente da cidade – o Vinho do Porto”, acrescentou o autor do artigo.

A associação alemã Menschen fur Tierrechte Bayreuth tem „ajudado“ a encontrar uma solução para os cães abandonados, sendo atualmente responsável pela adopção de 31,8% dos 44 que foram capturados em 2012 nas artérias da vila transmontana. „A adopção destes animais permite assim evitar o abate dos cães, dando-lhes uma família e uma nova oportunidade para serem felizes“, disse à agência Lusa o vice-presidente da autarquia, José Aires. Para a Alemanha, já foram enviados por via aérea, nos últimos quatro anos, „mais de uma centena de cães“. A Câmara de Torre de Moncorvo garante que tem procurado melhorar a qualidade de vida dos animais de companhia abandona-

dos, “desenvolvendo iniciativas que resultem na sua adopção“. Dos 44 animais sem dono capturados no ano passado em Torre de Moncorvo, 77,2% foram adoptados e possuem agora „um novo lar e uma nova vida“, assinalou o autarca. Os responsáveis pelo canil municipal de Torre de Moncorvo avançam com uma diminuição da taxa de eutanásia que baixou para 4,5% do total dos animais capturados. A adopção de animais permite assim „diminuir“ o número de animais abatidos, dando-lhes uma

Estrangeiros e Fronteiras, “porque a experiência mostrou nos últimos anos que existe, em alguns casos, algumas fraudes ou algumas falsificações de documentos“. A nova legislação visa “exactamente prevenir adequadamente estas situações que a experiência tem vindo a demonstrar e facilitar um controlo mais adequado sobre a legitimidade destas provas de conhecimento que são requisito para aquisição da nacionalidade portuguesa“, adiantou. Em Portugal, as provas realizam-se habitualmente em escolas, e no estrangeiro passam agora para os centros de línguas, que podem ser em instalações do Camões, nalguns casos em consulados, noutros em universidades. A realização das provas competia nos últimos anos a leitores do instituto Camões ou coordenadores do ensino da língua portuguesa. A mudança, diz Cesário, é “natural” para o Camões, enquanto entidade responsável pelo ensino da língua portuguesa no estrangeiro e o novo modelo “é mais seguro”. PP com Lusa

família e uma nova oportunidade de „serem felizes“, segundo o vice-presidente. No canil estão alojados „apenas“ 10 animais, que brevemente seguirão viagem para a Alemanha, onde a associação alemã procurará uma nova família para estes animais de companhia. O município do Douro Superior destaca ainda „o papel importante“ que os munícipes tiveram nesta ação de sensibilização e adoção de animais „vadios“. Cada vez mais preocupados com o „bem-estar animal“, adotaram 25% dos animais capturados.

Mais de 20 mil estrangeiros adquiriram, em 2012, autorizações de residência em Portugal, sendo sobretudo cidadãos oriundos do Reino Unido, Espanha, Holanda e Alemanha, disse o ministro da Administração Interna. Na cerimónia de apresentação de um programa para a promoção internacional do turismo residencial, “Living in Portugal”, Miguel Macedo adiantou que, no programa de processamento de entradas e saídas de Portugal (PASSE), foram registadas 5,6 milhões de pessoas no ano passado, das quais 1,1 milhões tinham mais de 50 anos. O ministro da Administração Interna afirmou que estes “números são bem significativos da importância que o sector do turismo tem para Portugal”. Destacando o profissionalismo das forças de segurança, Miguel Macedo afirmou que “Portugal é hoje, como no passado, um dos países europeus com menor taxa de criminalidade na Europa”. O ministro garantiu ainda que Portugal vai continuar a

ser um país seguro, sendo esta “a primeira e central preocupação”. Também presente na cerimónia do programa “living in Portugal”, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, considerou o projeto “um produto estratégico” para o país. “Portugal está na Europa, perto de África, a um voo da América Latina, tem sol, mar, surf, golfe, turismo religioso, turismo de natureza, turismo de saúde, turismo de negócios, turismo de eventos, excelente gastronomia, é hospitaleiro e é um país seguro. É, no mínimo, isto que nós temos que saber vender, atrativamente e competitivamente, porque há poucos países na Europa que garantem tudo isto ao mesmo tempo”, sustentou.


PP - 20 anos

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

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Portugal Post: Vinte anos contra ventos e marés Cristina Krippahl

Há vinte anos, em 1993, surgia o primeiro número do Portugal Post (PP), na altura ainda sob o nome Correio de Portugal. Fora algumas tentativas fracassadas para criar uma publicação concorrente, este foi o único jornal da comunidade portuguesa na Alemanha que conseguiu sobreviver a todos os contratempos inevitáveis, e, contra ventos e marés, garantir um número mensal aos seus leitores, durante vinte anos a fio. Um dos desafios ao longo destas duas décadas foi acompanhar as alterações profundas no perfil da comunidade imigrante e atender aos seus interesses díspares: as primeiras gerações instaladas no país há décadas, os luso-descendentes por vezes já com pouca ligação com Portugal, trabalhadores destacados com permanência temporária no país e a nova onda de imigração portuguesa, desencadeada pela recente crise económica. O segundo grande desafio foi e é o financiamento. As assinatuPUB

O PP nasceu praticamente com a World Wide Web (1991), nada mais natural que cresça agora com ela. ras são uma fonte de rendimento importante, mas a comunidade portuguesa neste país é relativamente pequena, pelo que o mercado é reduzido. O que não facilita a angariação de publicidade, uma receita incontornável para a existência do jornal. Em dadas alturas, o Portugal Post sobreviveu por mera obstinação. Ciente desses constrangimentos, houve quem se visse tentado a condicionar a publicidade a uma posição editorial favorável. Os casos de pressão registados originaram, também em instâncias públicas, que justamente têm o dever constitucional de defender a liberdade da imprensa. Sendo cronista do jornal há muito tempo, não me passou despercebido que também algumas das opiniões por mim ventiladas provocaram reacções menos apetitosas. E não são só os portugueses, também entidades alemãs – neste caso exclusivamente privadas, diga-se em abono da verdade – mostraram uma sensibilidade extrema a opiniões críticas por parte de “estrangeiros” e agiram sob a ilusão de que os direitos garantidos pela Lei Fundamental não se aplicam a órgãos de comunicação não-germânicos. Convictos de que o “Gastarbeiter” não tem como se defender, chagaram a ameaçar com tribunal. Em vão, como é óbvio, e as ameaças

esfumaram-se. Claramente, pois, o PP não cede a pressões, preferindo acatar com a perda de um anunciante a violar a deontologia jornalística. Levou algum tempo até que certa gente percebesse que o PP não é um panfleto, nem se deixa instrumentalizar para este ou aquele fim. Mas hoje, volvidos vinte anos, penso que só quem não quer mesmo é que não entende que o PP preza, acima de tudo, a sua independência. O que também significa, por outro lado, que o jornal não pode agradar a (leitores) gregos e troianos. A crítica, por exemplo, dirigida a certos vícios da comunidade, nem sempre é bem recebida. Mais triste ainda: por vezes, a valorização pelo jornal de actividades desenvolvidas por membros da comunidade em prol dos portugueses aqui residentes através de reportagens e entrevistas, não desperta o orgulho no ou na compatriota, mas antes a inveja. E como é difícil amesquinhar abertamente quem se engaja pelo bem dos outros, ou quem desenvolve um talento artístico ou académico que prestigia a nossa imagem na Alemanha, opta-se por atacar o jornal que lhe dá destaque, porque “eu é que sou bom e a mim ninguém me entrevista”. Mas estes leitores ávidos de pro-

tagonismo injustificado são uma pequenina minoria. A grande parte quer boa informação e algum entretenimento, aprecia o “fairplay”e mantém-se fiel ao PP, contribuindo decisivamente para que o jornal possa continuar a existir e servir a comunidade. As críticas construtivas destes leitores são imprescindíveis, pois ajudam a melhorar os conteúdos. Porque, evidentemente, o PP também comete erros. Como poderia ser de outra forma, se é feito por seres humanos? Mas os erros, quando apontados, são reconhecidos e emendados, com o devido pedido de desculpas. E os colaboradores esforçam-se por dar o melhor – a título benemérito, diga-se de passagem. Aliás, a falta de vantagem pecuniária na colaboração é talvez uma das razões pelas quais tão poucos jornalistas portugueses na Alemanha acham que merece a pena contribuir para um jornal que serve de fonte de informação e elo de ligação a uma comunidade muito dispersa. A outra razão é uma atitude já sobejamente conhecida: uma certa auto-proclamada “elite” entre os portugueses na Alemanha, pequena-burguesia bem-pensante, que se considera “acima de mero emigrante”, acha que escrever para a comunidade não a prestigia, nem lhe afaga devidamente o

ego. A noção de solidariedade não consta dos seus dicionários. Por sorte, muitos outros há que não pensam assim. Justamente, nos últimos tempos, o PP ganhou novos colaboradores, jovens ou não, jornalistas profissionais engajados e amadores com talento, com um domínio exemplar da língua e coisas importantes, interessantes, tristes e divertidas para dizer. Seria bom que outros seguissem o exemplo. Se me atrevesse a dar palpites para o futuro do PP, seria para encorajar a direcção a reforçar duas estratégias já lançadas, mas ainda fracamente desenvolvidas. A primeira, é a publicação de mais artigos em língua alemã, para conquistar leitores alemães interessados, mas também muitos jovens luso-descendentes que têm (ainda) dificuldades com a língua. Seria talvez útil recrutar igualmente colaboradores entre este grupo de luso-germanos. Também eles têm, decerto, histórias interessantes para contar. A segunda, é o reforço da presença do PP na Internet, com uma maior interacção entre o jornal e os seus leitores, e uma maior abertura a leitores interessados em todo o mundo. O PP nasceu praticamente com a World Wide Web (1991), nada mais natural que cresça agora com ela.


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Opinião

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

Opinião Paulo Pisco*

O teatro da crise e a obstinacão de um homem divulgação do relatório do FMI é mais um episódio do grande teatro em que se transformou a governação e tem como objetivo apoiar e justificar aquilo que Passos Coelho sempre defendeu. Quanto a Paulo Portas, mestre na arte da representação, veio fazer comentários de desaprovação relativamente a uma matéria que certamente conhecia bem, porque foi acompanhada pelo seu braço direito no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o Secretário de Estado do Assuntos Europeus, Morais Leitão. O documento do FMI, que contou com a participação ativa de membros do Governo, é a concretização das ideias que Passos Coelho apresentou em meados de 2010, quando lançou a ideia de uma revisão constitucional para eliminar o preceito da gratuitidade tendencial na Saúde e na Edução. Recentemente, pediu publicamente o envolvimento do PS para cortar quatro mil milhões de euros nas funções sociais, valor que, por coincidência, encaixa com o do

A

estudo do FMI. Portanto, trata-se de uma manhosice do PrimeiroMinistro que, obstinadamente, usa todos os artifícios para reduzir o peso do Estado, enquanto ao mesmo tempo vai aumentando a olhos vistos a importância do sector privado na Saúde, na Educação e nas prestações sociais. Se 2012 já foi um ano irrespirável com todo o cortejo de supressão de serviços e organismos, reduções de salários e pensões, diminuição dos direitos e regalias, imagine-se o que seria se o país tivesse de sofrer uma punição agravada em 2013, com tudo o que se anuncia no Orçamento de Estado e no documento do FMI. Estas angustiantes transformações em curso representam um sacrifício coletivo onde a solidariedade e a humanidade estão ausentes, uma vez que não são acompanhadas com soluções para os milhares de pessoas que estão a ser vítimas das decisões do Governo. Assim, em nome de uma suposta eficiência e sustentabilidade, o que se está a criar é um Estado associal, frio, individua-

Também se compreende melhor agora que quando os membros do Governo iniciaram a sua chocante campanha para que os portugueses deixassem a sua “zona de conforto” e emigrassem, com a participação ativa do Primeiro-Ministro, isso era parte de uma estratégia para aguentar melhor o embate das duras transformações que o país está a sofrer por causa da obstinação insensível de Passos Coelho.

lista e classista, gerador de desigualdades económicas e sociais. Como consequência de um panorama marcado pelo empobrecimento, pelo desemprego, pelo incumprimento das obrigações económicas das famílias e das empresas, pelos cortes nos subsídios de desemprego e na sua duração, pelo aumento do custo de vida e pela asfixia fiscal, compreende-se que a vontade de emigrar se tenha tornado o tema dominante. Não se fala noutra coisa, seja qual for a profissão das pessoas, o seu estatuto social ou o nível educativo. Os portugueses sentem-se rejeitados pelo seu próprio país. Também se compreende melhor agora que quando os membros do Governo iniciaram a sua chocante campanha para que os portugueses deixassem a sua “zona de conforto” e emigrassem, com a participação ativa do PrimeiroMinistro, isso era parte de uma estratégia para aguentar melhor o embate das duras transformações que o país está a sofrer por causa da obstinação insensível de Pas-

sos Coelho. Exportava assim o desemprego, reduzia os encargos sociais e atenuava as tensões na sociedade. Com efeito, se em 2011 e em 2012 tiverem saído do país cerca de 200.000 portugueses, como referem alguns membros do Governo, isso poderá representar algo como, no mínimo, a anulação de menos três por cento na taxa de desemprego atual e vários milhões de euros poupados em prestações sociais. Esta estratégia ultraliberal e desestruturante, que nunca deveria ser caucionada pela União Europeia, pelo menos na dimensão dos sacrifícios que está a impor, está, por isso, profundamente errada, porque não prevê alternativas para as pessoas atingidas por esta hecatombe, degrada a solidariedade e a coesão social e promove ativamente as debandadas migratórias que, como alertou o Banco de Portugal no Boletim Económico do Outono, poderão pôr em causa o nosso desenvolvimento a médio prazo. E isto assim é insustentável. * Deputado do PS

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Comunidades

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

O dia 8 de Janeiro deste ano fica marcado como um dia triste para a comunidade - O falecimento de Rui Paz. Gravemente doente, Rui paz encontrava-se nos cuidados intensivos de um hospital depois de se ter submetido a um transplante. Era a sua última esperança. Todos acreditavam que Rui Paz iria ultrapassar a sua doença. Mas não foi feliz e não resistiu a uma infecção pulmonar. Para além das suas capacidades de músico, compositor e professor,

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Rui Paz será recordado também pela sua entrega às causas sociais; ao desejo e à luta por um mundo melhor; à sua bondade e à sua apurada sensibilidade enquanto professor de harpa. Rui Paz foi um homem que deve ser recordado como um exemplo a seguir e merece uma justa homenagem de todos, ou seja, merece ser lembrado como um Homem bom e solidário. Por fim, o nosso jornal perde também um colaborador, cronista e um grande Amigo. Redacção dp PP

Rui Paz: um Homem solidário, companheiro e amigo Texto em homenagem à memória de Rui Paz da responsabilidade dos membros do Conselho das Comunidades Portuguesas eleitos pela Alemanha Os Conselheiros das Comunidades Portuguesas na Alemanha, em nome de toda a comunidade, querem desta forma apresentar as nossas sentidas condolências à família do falecido Rui Paz . O Conselho das Comunidades e a comunidade portuguesa na Alemanha, estão de luto pela morte deste nosso querido amigo. Perdemos um grande amigo mas acima de tudo perdemos um Grande Homem. Sempre que somos surpreendidos com a triste notícia da morte de um amigo sentimos uma mágoa profunda. Essa mágoa é tanto maior for o número de pessoas a senti-la. O Rui Paz teve o talento de realizar uma grande obra mas, acima de tudo, teve a qualidade de saber fazer muitas amizades. É por isso que a sua partida, deixa uma enorme mágoa em muita gente. Ficará para sempre nas nossas memórias essa grande qualidade de se ter sempre preocupado com o bem estar dos outros, sobretudo com o dos mais desprotegidos. Nos tempos em que vivemos, numa altura em que o egoísmo é predominante, poucos são aqueles que, como o Rui Paz o fazia, se preocupam mais com os outros do que consigo próprio. E todos nós, aqueles que o conheceram, lhe reconhecemos essa grande qualidade das pessoas grandes, a de estar sempre pronto a sacrificar-se ele próprio para poder ajudar os outros. Nós, Conselheiros das Comunidades, sabemos bem do que falamos quando nos referimos ao Rui Paz. Ele estava sempre disponível para ouvir e procurar resoluções para os problemas das comunidades. Esteve sempre

na primeira linha pela defesa dos mais fracos e na luta por um mundo melhor e mais justo. No que nos toca a nós, diáspora portuguesa, o Rui Paz sempre lutou para que fossemos tratados de uma forma digna, onde quer que nos encontrássemos. No nosso País, que fossemos respeitados como o devem ser todos os outros portugueses, o que muitas vezes é esquecido pelos nossos governantes. Nos países de acolhimento que fossemos tratados como cidadãos de plenos direitos e de acordo com as convenções internacionais. Quando a notícia da morte do Rui Paz chegou aos colegas do CCP espalhados pelo Mundo, muitas foram as reacções que de imediato nos chegaram. Destacamos duas que são a síntese do que diziam todas as outras e a confirmação o que todos os conselheiros do CCP pensam deste nosso amigo. Um dos conselheiros do Brasil escreveu: “Foi com profunda tristeza que recebi a notícia do falecimento do Rui Paz, com quem tive a honra de participar em reuniões de trabalho do CCP, onde o Rui se destacava pela sua educação, fidalguia, seriedade, patriotismo, e amor às causas ímpares. A diáspora fica mais pobre e o nosso País perde um autêntico e digno representante.” Uma conselheira da Europa escreveu: “É com grande tristeza que recebo esta notícia. O Rui quando o conheci conseguiu tocar-me bem fundo e transmitir-me o calor humano que ele continha no seu coração. Pouco tempo depois era como o tivesse conhecido desde sempre. Ele era simplesmente a bondade em pessoa que transmitia a paz e procurava a justiça. O Rui gostava de ajudar o

próximo e fazia tudo o que estava ao seu alcance para o conseguir. Das poucas vezes que tive o privilégio de estar com ele deu para ver e admirar o grande Homem que ele era. Tinha um coração enorme e muito valioso que por ironia do destino acabou por lhe roubar a vida”. Estes dois depoimentos definem bem o grande Homem que foi o Rui Paz. As suas qualidades de se colocar sempre do lado dos fracos na defesa pelas coisas justas, fizeram dele uma pessoa amada e respeitada pela comunidade, por todos os que o conheceram A sua luta pela defesa da manutenção dos consulados de Frankfurt e de Osnabrück e o seu empenho pela defesa do ensino da língua portuguesa foram das ultimas lutas que travou. Recordamos com saudade a forma como se bateu pela defesa da comunidade portuguesa na Alemanha na reunião, em Osnabrück, com o Senhor Presidente da República. O Rui Paz, foi um daqueles que tiveram a coragem de enfrentar a ditadura fascista, através da sua música e da sua participação nas vigílias das igrejas de S. Domingos e do Rato em Lisboa, e outras acções que contribuíram para a queda do fascismo. A morte do Rui Paz deixa-nos a todos mais pobres. Dar continuidade ao seu trabalho será a melhor homenagem que lhe podemos prestar. Vamos por isso seguir-lhe o exemplo. Se o conseguirmos podemos dizer que o Rui Paz ficará sempre connosco. Os Conselheiros das Comunidades Portuguesas Piedade Frias, Alfredo Stoffel, Alfredo Cardoso, Fernando Genro, José Eduardo

Rui Paz (1949 -2013) Rui Paz era natural. Músico, compositor e professor de harpa, tendo terminado o curso no Conservatório Nacional de Lisboa com 20 anos. Residia em Dusseldorf e leccionou harpa na FolkWang Musikschule em Essen, desde o início dos anos 80, e dirigiu o “Teatro Acústico”. Os seus alunos actuaram em diversos países e a classe de harpa da Folkwang Musikschule é a maior e a mais premiada da Alemanha. Cedo se interessou pela situação política do seu país, tendo participado em diversas iniciativas, de que se destaca a vigília de protesto contra a

guerra colonial que se realizou na Igreja de S. Domingos, na passagem do ano 1968/69, onde um dos cânticos entoados foi a “Cantata da Paz”, com letra de Sofia de Mello Breyner e composição musical de Rui Paz. Em 1975 entrou para funcionário do PCP, tendo sido responsável pela sua organização em França e na Alemanha. Era colunista do PORTUGAL POST e membro eleito foi eleito para o Conselho das Comunidades Portuguesas, em 2003, fazendo partedo seu Conselho Permanente. Em 2008, foi reeleito para o CCP, tarefa que viria a

deixar devido ao seu estado de saúde. Eram também Membro do Organismo do PCP para a Coordenação dos Emigrantes na Europa, pertencia ao Organismo de Direcção Nacional do Partido na Alemanha, organização de que era responsável. Profundamente humanista, modesto e discreto, Rui Paz deixa recordações de uma vida dedicada à defesa dos direitos das comunidades portuguesas na diáspora e uma vida dedicada à luta pela pelos valores em que acreditava: liberdade, a democracia e o socialismo.

Agradecimento Os nossos agradecimentos a todos os, que pela morte do nosso querido marido e pai, Rui Clemente Paz, nos dirigiram palavras de conforto, pessoalmente ou por escrito, que entenderam a perda que tivemos e juntamente connosco lhe foram prestar a sua última homenagem. Marlene, Ana, Rasmus, Fernando, Graça e família


Serviço

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

Serviço

Plano das Permanências Consulares Por se revelar de interesse público, damos aqui a conhecer o plano das permanências consulares (serviços consulares itinerantes) das áreas consulares de Estugarda, Dusseldorf e Hamburgo.Recorda-se os leitores que os utentes deste serviço podem ÁREA COnSULAR DE ESTUGARDA nuremberga: Datas: 5. 02. • 5.03. • 2.04. • 7.05. • 4.06 • 23.07 • 6.08. • 2.09 • 11.0.5 • 3.12 Local: Missão Católica Portuguesa, Hersbrucker Str. 41, 90480 Nürnberg Offenbach Datas: 1+19.02 • 1 + 19. 03 • 5 + 16. 04 • 3 + 21.05 • 7 + 18..06 • 5 + 16.07 • 2 + 20.08 • 6 + 17.09 • 4 + 15.10 • 8 + 19.11 • 6 + 17. 12 Local: Missão Católica Portuguesa, Marienstr. 38, 63069 Offenbach Singen Datas: 13. 02 • 12.03 • 9.04 • 14.05 • 11.06 • 9.07 • 13. 08 • 10.09 • 8.10 • 12.11 • 10.12 Local: Rathaus / Câmara Municipal, Hohgarten 2, 78224 Singen Mainz: Datas: 8 + 26.02 • 8 + 26.03 • 12 + 23. 04 • 10 + 28.05 • 14 + 25.06 • 12 + 23.07 • 9 + 27.08 • 13 + 24.09 • 11 + 22.10 • 15 + 26.11 • 13 + 23.12 Local: União Desportiva Portuguesa e.V., Mombacher Str. 38, 55122 Mainz Kaiserslautern Datas: 15.02 • 15.03 • 19.04 • 17.05 • 21.06 • 19.07 • 16.08 • 20.09 • 18.10 • 22.11 • 20.12 Local: Associação Portuguesa de Desportos, Pariser Str. 117, 67655 Kaiserslautern Munique Datas: 22.02 • 22.03 • 26.04 • 24.05 • 28. 06 • 26.07 • 23.08 • 27.09 • 25.10 • 29.11 • 30.12 Local: Missão Católica Portuguesa, Landsberger Str. 39, 80339 München Horário de cada permanência: entre as 10h00 e as 15h00

Embaixada de Portugal promove mais mais um concurso para atribuição de Bolsas de Estudo Encontra-se aberto, até ao dia 1 de março de 2013, o prazo de candidatura às Bolsas de Estudo para Estudantes Universitários portugueses que completaram o Ensino Secundário Liceal alemão na Alemanha em 2012 e ingressaram no Ensino Superior na Alemanha no ano lectivo 2012/13. Esta iniciativa foi concebida como um incentivo aos jovens portugueses para a frequência do Ensino Superior na Alemanha que tenham obtido as melhores notas no final do Ensino Secundário Liceal neste país. Os estudantes interessados deverão enviar uma carta de candidatura à Embaixada de Portugal em Berlim acompanhada dos documentos mencionados no Regulamento em anexo. A presente iniciativa da Embaixada de Portugal em Berlim conta com o financiamento de três bolsas pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas). As Bolsas de Estudo a atribuir, num máximo de 3 (três), são no montante de 1.500 (mil e quinhentos) Euros cada uma.

tratar de assuntos, tais como: Cartão do Cidadão, Passaporte, etc.. Antes de se deslocarem, os utentes terão de fazer a marcação com antecedência junto do consulado da sua área de residência. ÁREA COnSULAR DE DUSSELDORF Minden: Datas: 10.01 • 14.03.• 02.05. • 11.07. • 12.09. • 14.11. Local: Centro Português de Minden, Memelstr. 6, 32423 Minden Meschede: Datas: 17.01. • 21.03. • 16.05. • 18.07. • 19.09. • 21.11. Local: Associação Portuguesa de Meschede, Hennestr. 12, 59872 Meschede Münster Datas: 22.01. • 26.02. • 26.03. • 23.04. • 28.05. • 25.06. • 23.07. • 27.08. • 24.09. • 22.10. • 26.11. • 17.12. Local: Missão Católica Portuguesa, Beelertstiege 3, 48143 Münster Horário de todas as permanências: 10h00 – 13h00 e 13h30 às 15h30 Marcacão obrigatória: Telefone: 0211 – 138 78 25 ÁREA COnSULAR DE HAMBURGO: Bremerhaven: Datas: 14.01.• 04.03.• 22.04.• 27.05. Local: Moliceiro Grill (Markttreff), Neumarktstr. 12, Cuxhaven Datas: 09.02.• 23.03.• 04.05.• 15.06. Local: Centro Cultural Português, Präsident-Herwigstr. 33-34, nordhorn Datas: 06.04.•18.05. Local: Centro Português de Nordhorn, Heideweg 13, Nordhorn Osnabrück Datas: 25.01.• 15.02.• 01.03.• 22.03.• 05.04.13 19.04.• 03.05.• 24.05.• 07.06.• 21.06. Local: Centro Português de Osnabrück, Bünderstr. 6, 49084 Osnabrück Horário de todas as permanências: 10h00 às 15h00

50 Anos

Comunidade Portuguesa na Alemanha

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A presença da comunidade portuguesa na Alemanha vai em 2014 completar 50 anos. Tudo aconteceu em 1964 quando os governos português e alemão assinaram um acordo de recrutamento de mão-de-obra. A ideia era trazer trabalhadores dos países do sul numa altura em que a Alemanha “explodia” economicamente. Depois, quando não precisos, deveriam voltar a casa. Mais tarde isso verificou-se não funcionar. As pessoas lançaram raízes neste país. Quando as autoridades deste país constataram que as pessoas não podiam voltar como vieram disseram: Mandamos vir trabalhadores e, afinal, vieram pessoas. Na altura, era preciso muita força de braços. Depois de utilizados e gastos deveriam voltar à procedência. A partir desta edição e até Maio de 2014, o PORTUGAL POST vai passar a publicar pequenos textos de opinião de leitores que têm como objectivo evocar os 50 anos de presença lusa neste país. Se o leitor quer opinar sobre esta efeméride, escreva-nos para correio@free.de O seu depoimento é importante! Nota: os depoimentos não deverão ultrapassar as 200 palavras

||||| Ó Primeiro depoimento na página

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Regulamento ARTIGO 1º

ARTIGO 2º ARTIGO 3º

ARTIGO 4º

ARTIGO 5º trasse, 56 – ARTIGO 6º

ARTIGO 7º

A Embaixada de Portugal em Berlim, com o patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros (Direcção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas), abre um concurso de Bolsas de Estudo destinadas a estudantes portugueses que tenham concluído com reconhecido mérito, no ano de 2012, o Ensino Secundário Liceal alemão na Alemanha e estejam inscritos no Ensino Universitário, ou equivalente, alemão na Alemanha. As Bolsas de Estudo, 3 (três), serão concedidas aos estudantes que tenham obtido as melhores notas no Ensino Secundário Liceal, sendo o montante de cada uma de 1.500 (mil e quinhentos) Euros. Podem candidatar-se os estudantes que preencham as seguintes condições: Sejam portugueses ou possuam a dupla nacionalidade, Sejam residentes na Alemanha, Tenham concluído o Ensino Secundário Liceal alemão na Alemanha em 2012, Estejam inscritos no primeiro semestre do Ensino Universitário, ou equivalente, alemão na Alemanha. As cartas de candidatura às Bolsas deverão ser acompanhadas dos seguintes documentos: Certificado comprovativo da conclusão do Ensino Secundário Liceal na Alemanha, em 2012, com a indicação das notas finais, Certificado comprovativo da inscrição num estabelecimento de Ensino Universitário, ou equivalente, alemão na Alemanha, Fotocópia do Bilhete de Identidade / Cartão do Cidadão português ou do passaporte, Fotocópia de documento comprovativo da residência na Alemanha (“Aufenthaltsbescheinigung”). As cartas de candidatura, acompanhadas de todos os documentos mencionados no Artigo anterior e mencionando o endereço de E-Mail do candidato, deverão ser remetidas à Embaixada de Portugal em Berlim – Zimmers10117 Berlim, até ao dia 1 de março de 2013 (data do carimbo dos correios). As candidaturas serão apreciadas por um Júri composto por: Dr. António Moniz, Conselheiro de Embaixada Dra. Sílvia Melo-Pfeifer, Coordenadora-Geral do Ensino Dra. Anália Gonçalves Chilenge, Técnica O montante da Bolsa de Estudo será entregue em data e modalidades a anunciar.


Comunidades

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

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Berlim – Apresentação de um projecto multilateral de língua portuguesa Escolas por esse mundo fora ensinam o português aos seus alunos. O projecto Comenius surge como resposta aos interesses dos alunos e pretende estabelecer um elo entre essas escolas, onde há professores a ensinar o português, e proporcionar uma plataforma de comunicação multicultural plurilinguística aos seus alunos e professores. No dia 18 de Dezembro foi apresentado o projecto Comenius na biblioteca da Embaixada de Portugal. Estiveram presentes Sílvia Pfeiffer, a responsável pela coordenação do ensino na Alemanha, e vários professores de português ao nível internacional que se deslocaram a Berlim para o efeito. A sessão foi iniciada pelo Senhor Embaixador de Portugal, Luís de Almeida Sampaio. O Embaixador afirmou que o que nos coloca noutro plano a nível internacional relativamente aos outros países europeus é a nossa língua, a identidade lusófona, a cultura em língua portuguesa; prosseguiu afirmando que isto é decisivo do ponto de vista civilizacional e que os professores são muito importantes neste aspecto na escola. O português é um língua veicular no mundo na sua dimensão de globa-

lidade. Nem o alemão nem o francês têm essa dimensão e a acção dos professores tem a importância estratégica de uma cultura multi-continental. Acentuou ainda que o Brasil é o grande veículo na marca que ela vai deixar no séc. XXI no mundo internacional que vem aí. Luís de Almeida terminou dizendo que a Alemanha é um país vital na União Europeia, o mais importante mesmo no quadro europeu, e que, o que nos valoriza, é sermos os representantes desta língua na Alemanha do ponto de vista diplomático, cultural e económico. De seguida foi apresentado o projecto Comenius, que é uma parceria multilateral e um programa de aprendizagem ao longo da vida, do pré-escolar até ao fim do liceu. Nesta reunião realçou-se a importância de a escola contribuir para a aprendizagem de lín-

guas estrangeiras e a sensibilização para a diversidade cultural e linguística, passando por dar a conhecer as celebrações de diferentes culturas das famílias bilingues e multiculturais que são também aspectos importantes deste projecto. No projecto Comenius existem várias escolas parceiras onde se ensina o português. Entre elas estão: a escola Manuel Pacheco em Badajoz onde se ensina o português, a Gundschule Neues Tor em Berlim, a Whyril primary school em Londres, e também uma escola na Guiana francesa e a associação de solidariedade social – Coração Delta (na fronteira com Badajoz). Este projecto é orientado para as multi-literacias e os alunos dos vários parceiros conversam por Skype. O projecto terá a duração de dois anos e já estão agendadas actividades.

GENTE Nuno Crato visita Escola Europeia em Berlim O Ministro da Educação, Nuno Crato, e o Embaixador de Portugal, Luís Sampaio de Almeida, visitaram a escola Neues Tor em Berlim, no dia 11 de Dezembro, por ocasião da inauguração da exposição fotográfica de Gonçalo Silva. Esta escola primária com classes bilingues, português-alemão, é exemplar no seu trabalho pela língua portuguesa. Os alunos tiveram oportunidade de entrevistar não só o fotógrafo e o fotojornalista português, mas também o Ministro e o Embaixador. Foram entrevistas muito simpáticas em que os entrevistados se despiram das suas funções para falar com as crianças sobre Alexandra Schmidt, Embaixador Luís de Almeida Sampaio, Professora de o seu mundo numa linguagem português Sofia Ferreira, Ministro da Educação Nuno Crato, Silvia Pfeiffer e acessível e os alunos tiveram Sub-director da escola Herr Berhard Riemer oportunidade de ver de perto e falar com personalidades que apenas conhecem da televisão e dos jornais e que, normalmente, lhes são inacessíveis. Os professores aproveitaram a oportunidade para proporcionar uma visita guiada da escola a Nuno Crato e apresentar alguns dos projectos escolares ligados à língua e cultura portuguesas. Cristina Dangerfield-Vogt

Sílvia Pfeiffer salientou a importância da divulgação do projecto e a importância de a Europa defender as suas culturas que são semelhantes. Disse ainda, que este pretende ser um fórum de discussão para o ensino do português. Sugeriu que em cada semestre se coloquem questões diferentes e que estas poderiam ser: como é ter raízes portuguesas, qual o relacionamento afectivo com a língua, de que palavras se gosta mais e dar exemplos. Colocar no site do programa desenhos sobre a imagem que se tem da língua, como vivem as crianças com o seu plurilinguísmo, a diferença entre o estar lá de férias e a vivência cá em aulas, enfim pôr as crianças a conversar por vários meios sobre estes e outros pontos. Salientou também a importância de dar instrumentos aos profes-

sores para construírem os seus projectos evitando burocracias desnecessárias e trabalhando com os alunos e não apenas para os alunos. Uma das professoras da escola londrina afirmou que as crianças têm muitas vezes vergonha de falar português, o que é um fenómeno típico quando a língua dominante é diferente. Por sua vez a directora da escola espanhola disse que o português é a segunda língua estrangeira mais ensinada na Estremadura espanhola e que o povo português é muito tranquilo e educado e que os espanhóis muito poderiam aprender com os portugueses. O encontro terminou com um Porto de Honra oferecido pela Embaixada. Cristina Dangerfield-Vogt Em Berlim

Motivos para festejar: sim ou não? Em 2014 Portugal e Alemanha celebram o 50° aniversário do acordo de recrutamento de mãode-obra. Com a reconstrução após a Segunda Guerra Mundial e derivado ao milagre económico, a Alemanha necessitou da ajuda de mãode-obra. Mas também a situação no Ultramar e em Portugal após a revolução do 25 de Abril levaram sobre tudo homens a emigrarem para a Alemanha, à procura de um futuro melhor. O acordo entre Portugal e Alemanha facilitou a emigração e muitos portugueses aventuraram-se a ir para um país distante e desconhecido, sem falarem a língua ou conhecerem as condições que os esperavam. Muitos portugueses faziam trabalhos pesados aos quais os alemães se negavam e viviam em barracas, economizando assim o dinheiro para mandar para Portugal. A emigração era para durar poucos anos, apenas para orientar um pouco a vida, mas muitos viram nascer e crescer neste país os filhos e netos, e a Alemanha tornou-se uma segunda « pátria », apesar das saudades continuarem a viver no peito. Tanto o acordo entre Portugal e Alemanha como as dificuldades e os grandes esforços pelos quais passaram muitos portugueses, deviam ser recordados, apresentando exposições e fazendo entrevistas com testemunhas do início da emigração para a Alemanha. Elisabete Araújo


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Entrevista

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

Organização do Partido Comunista na Alemanha

Somos dezenas de militantes na Alemanha

Aspecto de uma reunião dp PCP na Alemanha. Foto: PCP

Com esta entrevista ao PCP, conclui-se a série de conversas que o PORTUGAL POST fez a todos os partidos (PSD, PS e PCP) com estruturas organizadas junto da comunidade portuguesa neste país. A finalidade das entrevistas foi apenas uma: tentar compreender o que os partidos pensam sobre questões que dizem respeito às pessoas. A entrevista que aqui se publica não tem propriamente um interlocutor como, de resto, é normal. Os responsáveis deste partido na Alemanha quiseram responder (por escrito) em nome colectivo. Fica, pois, aqui a entrevista em que se aborda algumas questões da vida do PCP e das suas ideias sobre a vida da comunidade. Desde quando e de que forma é que o PCP está organizado na Alemanha? Mesmo antes do derrube do regime fascista em Portugal, existiam células do Partido Comunista Português dispersas por toda a Alemanha, cujas, após o 25 de abril de 74 se reforçaram organizando uma estrutura própria do Partido, (ODN) Organismo de Direção Nacional . O ODN, é o organismo responsável pela coordenação junto de outros organismos centrais na emigração e em Portugal e é eleito em Assembleias da Organização do Partido na Alemanha, tendo a última sido realizada no dia 4 de Novembro de 2012. Depois existem as organizações regionais, os núcleos de Düsseldorf, Frankfurt e Hamburgo. Estamos também a trabalhar na reativação dos núcleos de Osnabrück e Estugarda. Quantos militantes tem? São dezenas de militantes que com o aumento da Emigração e com o novo recrutamento tendem a aumentar. A rede de militantes está espalhada por toda a Alemanha em mais de 40 localidades. Sabe-se que em processos eleitorais a votação dos eleitores na Alemanha no PCP tem ficado aquém do que normalmente esperam. A que se deve a fraca votação no partido se considerarmos que o PCP está e esteve na oposição sem responsabilidades em medidas governamentais que, sabe-se, costumam desgastar os partidos de poder? A nossa influência política e so-

cial é superior ao número de votos, tanto em Portugal como na Alemanha e nos outros países. A fraca votação, essa deve-se a vários fatores: Órgãos da comunicação social nas mãos do grande capital e do seu Governo, silenciamento e deturpação das nossas propostas, forte e diária campanha anticomunista, os enormíssimos meios financeiros e humanos de que os outros partidos dispõem para o contacto com as comunidades e para as suas campanhas, com as alterações à Lei do recenseamento eleitoral, as pessoas que deixaram de estar recenseadas na Alemanha porque tiraram o Cartão de cidadão em Portugal e deram a morada de lá, falta de empenhamento dos consulados e embaixadas, da comunicação social e do Governo em campanhas de estímulo à votação, etc. Mas mesmo assim, estamos a conseguir alargar a nossa votação e a aumentar o nosso apoio político e social. A força do Partido Comunista Português reside na maneira de agir dos seus militantes, do empenhamento e da sua intervenção onde quer que a injustiça social impere, onde quer que a democracia esteja a ser ameaçada, onde quer que os cidadãos portugueses estejam a ser privados dos seus direitos, seja em Portugal ou no estrangeiro. A presença da comunidade lusa na Alemanha data de há quase 50 anos. Acha que faz algum sentido haver partidos organizados junto de uma comunidade que quase assimilou e se integrou na sociedade que a acolhe? Faz todo o sentido!

A questão da integração, é uma questão que realmente os nossos governantes vêm desde há muito tempo querendo implementar no seio das Comunidades portuguesas assinando consequentemente acórdãos bilaterais com as autoridades dos países acolhedores para se descartarem de responsabilidades, assinando constantemente protocolos que não defendem os nossos valores culturais, a nossa língua e sobretudo a nossa identidade. Não confundamos integração com direitos políticos ou eleitorais e muito menos assimilação, porque assimilar é nunca participar totalmente nos direitos fundamentais dos países de acolhimento. Portanto, além de fazer todo o sentido, é um dever patriótico a existência de partidos políticos na emigração. Nós comunistas portugueses, estaremos organizados no nosso Partido onde quer que haja exploração capitalista, na defesa dos interesses e direitos da comunidade portuguesa na diáspora e mesmo que bem inseridos nos países de acolhimento, a esmagadora maioria, não perde a sua identidade nacional, as suas raízes e os elos de ligação à sua pátria, à sua língua e à sua cultura Em vosso entender, quais são a as razões da vossa luta, ou seja, porque é que a comunidade precisa do PCP? Tanto aqui, como em Portugal o PCP esteve sempre na linha da frente aquando lutas reivindicativas a bem da Comunidade portuguesa. A razão da nossa luta na emigração é de defender os direitos que os nossos compatriotas adquiriram nos países de acolhimento e dizer-lhes que estamos

e estaremos ao seu lado sempre que for necessário. A comunidade precisa do PCP para os esclarecer quanto à real política de direita que os Governos fazem contra os portugueses, que procuram noutros países melhores condições de vida, para estimular a sua organização em defesa dos seus direitos como: Uma rede Consular adequada à comunidade, um ensino de Português garantido e gratuito para todos, condições de trabalho dignas para os funcionários consulares assim como para os professores do (EPE) Ensino de Português no Estrangeiro e para esclarecer e apoiar os trabalhadores portugueses a quem não se respeitam os contratos de trabalho. Quer dizer que falta uma voz do PCP no parlamento para as causas da comunidade fazia sentido? Não! A comunidade portuguesa na Alemanha tem voz na Assembleia da República, assim como no Parlamento Europeu, com deputados eleitos pelo PCP/CDU responsáveis pelos assuntos das comunidades nos respetivos grupos parlamentares. Mas é nossa aspiração e pela qual lutamos, que os portugueses que vivem e trabalham no estrangeiro, reconhecendo o papel e a importância política e social do PCP nos dêem os votos necessários para poder eleger um deputado à AR. Como se sabe, o Governo impôs o pagamento de uma “propina” aos alunos que frequentam o ensino sob a responsabilidade do estado português. Não será justo os portugueses “dar um pequeno contributo”, como diz o secretário de Estado das Comunidades, para ajudar a pagar os materiais de apoio num momento de grave crise em Portugal? Combatemos a propina porque a consideramos ilegal e que vai contra a Constituição da República. O Governo define agora o EPE como sendo um ensino especial, com novas componentes, explicando assim o pagamento da propina. A propina é para financiar o quê? Os manuais escolares? - Mas os pais já eram os responsáveis pela compra dos manuais! A certificação? – Mas já havia uma certificação! Bastava só informar os professores sobre os parâmetros exigidos. O programa nacional de leitura? – O que é que tem o EPE a ver com este programa? Melhorar a formação dos professores? – Quer-se criar um grupo de professores só para ensinar no EPE? Há muitas incógnitas neste processo que em nada é transparente e cada vez mais perguntas deixa em aberto! Está-se a criar um pequeno monstro burocrático que em nada ajuda o EPE e deixa um travo amargo a mais um imposto camuflado. A emigração desde sempre tem dado um valioso contributo para a economia portuguesa aumentando constantemente as suas remessas financeiras. Não somos da mesma opi-

nião do (SECP) Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas quando afirma que “o que são 10 euros por mês (...)”: A questão que se coloca vai mais além do que os 10 euros, é uma questão de princípio e um direito constitucional. Acham as permanências consulares uma medida eficaz e resolvem o encerramento dos postos de Osnabrück e de Frankfurt? As Permanências Consulares poderiam ser vistas como uma mais valia para a Comunidade partindo do momento que tivessem sido criadas como complemento à rede consular existente: os 3 Consulados-Gerais (Hamburgo, Düsseldorf, Estugarda), 2 Vice-Consulados (Frankfurt e Osnabrueck) e uma Secção Consular em Berlim. Mas a política economicista deste governo encerrou os Vice-Consulados sem ter feito um plano sobre onde e quando é que as Permanências Consulares seriam feitas. Uma análise receita – custo ainda não existe. Assim que existam dados que possam clarificar a situação financeira das mesmas, é provável que muitas Permanências Consulares deixem mesmo de existir. Deixem-nos dizer que as Permanências Consulares estão a ser feitas às costas dos funcionários consulares e do funcionamento regular dos Consulados-Gerais. Partindo do principio que o que está por trás de toda esta remodelação é o aspeto economicista; portanto devemos esperar mais um pouco para ver quais os novos “ajustes” que este governo nos irá impor. Por último, uma palavra sobre vosso camarada Rui Paz. De que maneira é que se vai sentir a sua falta? Foi para nós, todos aqueles que o acompanharam bem de perto nas reuniões, nas festas do nosso Partido, nos trabalhos unitários, nas conversas entre amigos e camaradas uma honra termos conhecido este homem que ficará sempre bem presente entre nós. Futuramente iremos sentir a falta deste valioso compatriota. Deste incansável lutador por uma sociedade mais justa. Deste internacionalista e comunista sem medo. Deste patriota eloquente que dedicou toda a sua vida ao serviço de sua Pátria e das Comunidades portuguesas no estrangeiro. Deste homem Bom. Deste humanista, com uma cultura geral invejável, mas sempre pronto para ouvir humilde e coerentemente os seus compatriotas sobre variadíssimas questões sociais, politicas e comunitárias. Deste homem que mesmo sem vaidade deixou uma página escrita na história da emigração. Mas somos um coletivo partidário forte e unido, capaz de dar sequência à intervenção do Partido e ao seu reforço. O Rui Paz foi uma grande personalidade com um comportamento e postura reconhecido dentro e fora do nosso partido e a melhor homenagem que lhe podemos prestar é continuar com o trabalho que temos vindo a desenvolver nas últimas décadas por um Portugal melhor. Mário dos Santos


Emigrar

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Emigração está a fazer das crianças “pequenas pessoas adultas” O aumento da emigração reflecte-se na sala de aula de Rute Coimbra, que ensina francês a crianças recém-chegadas a Vallauris, no sul de França: os alunos portugueses são mais, e as dificuldades económicas das famílias fazem deles “pequenas pessoas adultas”. Esta portuguesa radicada em França há mais de 30 anos, professora primária, especializada no ensino do francês como língua estrangeira, contou à agência Lusa que durante a última década tem assistido a um aumento do número de alunos portugueses na escola onde trabalha, a Primária Alphonse Daudet, em Vallauris, no sul do país. Na sua sala de aula – que acolhe uma turma especial, composta por alunos internacionais recém-chegados, entre os seis e os 12 anos –, há 15 portugueses e cabo-verdianos, num total de 25 crianças. Há poucos anos, diz, “não eram mais de cinco”.

Regra geral, estas crianças integram famílias “pobres ou de classe média”, que saíram de Portugal ou de Cabo Verde (muitas vezes passando antes por Portugal, para obter autorizações de residência e trabalho) devido a “problemas económicos”. Os pais chegam a França à procura de emprego “para pagarem os créditos, como o da casa, e para poderem continuar a pôr os miúdos na escola”, acrescenta. Com esta mudança, diz a professora, coincide a mudança para um apartamento muito mais pequeno do que aquele em que viviam ("quase todos dormem num sofá"), e um contexto de precariedade e exploração laboral dos pais, que faz com que os adultos tenham, para além de ordenados “muito abaixo do mínimo” e a horas “difíceis”, pouco tempo para acompanhar as crianças na escola. “Os miúdos são obrigados a crescer um pouco de empurrão. Já são pequenas pessoas adultas: têm que prestar atenção aos horários,

fazer comida, preparar a sua roupa, a pasta da escola, etc.”, acrescenta Rute Coimbra. Segundo esta professora, que acompanha de perto a instalação das famílias no novo país, através dos seus alunos, “a maioria das

mulheres levanta-se às 02:00, 03:00 da manhã”, para trabalhar para empresas de limpeza. Os homens “trabalham, na maioria, nas obras, e também são mal pagos". "Os patrões sabem que eles estão presos [a responsabilidades], que têm que pagar um aluguer, que não vão voltar para Portugal, que têm aqui a família, e que se sujeitam, às vezes, a qualquer salário, a qualquer emprego”. “São condições difíceis. Acho que mesmo mais difíceis do que as dos primeiros tempos de emigração dos meus pais”, acrescenta. Também é regra que a maioria das crianças nestas circunstâncias tenha dificuldades escolares: “A língua é diferente, as condições de escolaridade são diferentes, e os pais, além de terem pouco ou nenhum tempo, às vezes não têm capacidade para ajudarem os filhos”, explica a professora, lembrando que pode existir, por vezes, algum desconhecimento

sobre “a importância da escolaridade”, que se reflete, por exemplo, no facto de muitas destas crianças chegarem a França a meio de um ano letivo. Rute Coimbra tem também notado uma diferença de atitude entre os novos emigrantes portugueses: “Antes, as pessoas vinham com a intenção de ganhar algum dinheiro para depois ir embora. Vinham com a esperança de uma vida melhor na sua terra. Agora não. Vêm com uma tal revolta, que dizem logo que nunca mais voltam para Portugal”, conclui. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que em 2011 emigraram, no total, 43.998 pessoas, incluindo cidadãos de Portugal e estrangeiros. Estes números representam um aumento de 85 por cento das saídas em relação a 2010. Do total de 43.998 pessoas que abandonaram Portugal, estima-se que 41.444 seriam portugueses e 2.554 teriam nacionalidades estrangeiras. PUB


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Porto

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Rua da baixa do Porto é “roteiro sentimental” para quem procura a própria infância Entre a imundice e fachadas decrépitas que perfilam a rua dos Mártires da Liberdade, no Porto, escondem-se negócios que, como as antiguidades e anacronismos que vendem e são, ocultam sob o pó velharias que para outros serão tesouros. Numa zona do Porto que prima pelos seus antiquários, alfarrabistas, lojas de candeeiros clássicos ou antros de coleccionismo, a Máquinas de Outros Tempos, por exemplo, chama a atenção pelas centenas de câmaras fotográficas de rolo, com “flashes” dos anos 1930 e 1940, e projectores de filmes de 8mm que exibe e acumula. Já a Livraria Académica prescinde de chamadas de atenção, consagrada há décadas pela fama e oferta de alfarrabista fiável e por uma carteira de clientes que contou com alguns dos escritores que, já mortos - e outros “porque agora mortos” -, continua a vender. Pouco acima, aos 48 anos e enquadrado num espaço que mal chega aos dois metros quadrados, António Marinho dirige a Porto Toys, aberta em junho de 2012 num cubículo ideal para um quiosque, mas que vende miniaturas, carrinhos, cromos e cadernetas, entre bibelôs, postais e pasquins de inícios do século XX. “Tenho muitos artigos que fazem

parte do meu passado, da minha infância, nomeadamente postais dos sítios aonde ia, assim como algumas miniaturas de automóveis do meu tempo de meninice”, conta à Lusa António Marinho, enquanto adverte: “Coleccionador, não sou. Compro para vender”. A clientela da Porto Toys é feita “sobretudo de pessoas para cima dos 50 anos” e o proprietário acredita que “o que leva as pessoas a colecionar é o saudosismo e a nostalgia do tempo de criança. Do tempo em que tiveram uma determinada coleção de cromos, ou carrinhos, ou brinquedos de qualquer tipo. Depois perdem tempo à procura e quanto mais difícil de arranjar mais bem sabe quando a peça é adquirida”, disse à Lusa. Pouco meses antes da Porto Toys, já António Viterbo abria a Máquinas de Outros Tempos para pagar os estudos de Educação Social. Aos 25 anos, este apaixonado pelas câmaras do início e meados do século XX acredita que “hoje em dia está a voltar-se ao revivalismo, ao encontro do passado. As pessoas gostam muito de reviver, de voltar ao que já fizeram”, disse à Lusa. “O Instagram, o Impossible Project ou a Lomografia fizeram com que as pessoas voltassem a utilizar câmaras [analógicas] pelas cores diferen-

tes, pelo modo diferente de criar uma imagem”, considerou o empresário, para quem o fascínio do retrato ou paisagem à moda antiga reside no “rolo de filme em que há a magia da fotografia, em que se espera para revelar para ver se realmente ficou bem.”Numa zona que entre a rua da Conceição, a travessa do Coronel Pacheco e rua do General Silveira chegou a ser conhecida por Bairro dos Livros, Nuno Cadavez, 77 anos, explicou à Lusa onde fica a Livraria Académica. “Sempre que me perguntam onde

fica, digo que é na rua dos Homens Casados”, brincou o alfarrabista, em alusão aos martírios da liberdade que, ao que conta, sofreu noutros moldes e para quem a melhor forma de os aplacar foi mesmo a venda de livros antigos e de muitas primeiras edições. “Entrei aqui com treze anos”, recordou, “escolhido de entre vários garotos que andavam por aí, talvez porque vinha da aldeia e seria, possivelmente, uma pedra fácil de burilar, sem vícios”, um ponto de partida que para o fundador Joaquim Guedes da Silva terá sido uma aposta ganha,

agora que o pupilo conta com 64 anos à frente da casa que completou um século de vida no passado 16 de Novembro. Nuno Cadavez parte da própria adolescência para supor que “o cliente procura sempre recordar aquilo que lhe foi agradável na infância. Os brinquedos, os objectos, os livros com que brincou e, portanto, faz destes lugares que estão agora, de facto, bem sortidos desse tipo de gente, uma espécie de roteiro sentimental”, considerou, para voltar ao comércio de memórias. André Sá, Lusa PUB

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nos deu naqueles dias. Aqui deixo o meu muito obrigado. Mário Reis (32), Borken Eiscafe Manuel 
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Modo de Vida

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O nosso império dos sentidos – Retrato de uma activista pelos direitos das minorias Cristina Dangerfield-Vogt Em Berlim Queer ou straight, heterossexual, homossexual ou transsexuais, poli ou mono - amor, zonas de conforto e o bondage: somos tudo isso e muito mais, alguns escondidos e outros, out of the closet, abertamente. O ser humano é um complexo poço sem fundo, um iceberg de que apenas se avista o topo. Tal como Alice no País das Maravilhas que ao olhar-se intensamente ao espelho se debruçou e caiu no mundo do outro lado do espelho, o Portugal Post foi viajar pelas reflexões ademais controladas pelo super-ego ou sublimadas por valores sobre-humanos. Entre o controle e a liberdade, a tolerância e a condenação, o desafio e a aceitação, queer saiu à rua também em Portugal para conseguir visibilidade para os seus direitos, não menos, através da arte. Lembremos que há um século atrás estes grupos de desejos minoritários eram julgados pela lei como criminosos e que hoje se discutem temas como o casamento homossexual, os direitos de adopção dos homossexuais, o reconhecimento a nível fiscal das uniões de facto dos homossexuais, entre outros. Foi longo o caminho percorrido para alcançar o respeito pelos direitos daqueles que são diferentes das maiorias. E a luta continua com os activistas portugueses dentro e fora de Portugal. Ann Antidote é o nome artístico de uma portuguesa que vive em Berlim há vários anos e que um dia, no Porto, se apercebeu que asfixiava naquele mundo onde tudo era previsível. Liceu, faculdade, emprego, casa e casamento, filhos e tudo o resto eram perspectivas demasiado limitadoras para uma jovem que queria mais. Provavelmente, não saberia ainda bem o quê, mas uma coisa era certa: não estava disposta a viver aquela previsibilidade asfixiante e, simultaneamente, sentia um coração espaçoso e repleto de amor que queria partilhar. Partiu com o companheiro para a

Alemanha onde longe das estruturas familiares lhe seria mais fácil desabrochar e evoluir sem que lhe fizessem grandes perguntas, sem que a julgassem pela sua origem e família, mas apenas por aquilo que é no momento presente. Este posicionamento trouxea de Munique para Berlim e, nesta mulher que queria ser livre e alargar os horizontes, cresceu a activista pelos direitos das minorias e um empenhamento que se traduz em iniciativas e colaborações em projectos artísticos, workshops, vídeos – um longo palmarés de actividades quase subversivas do status quo a que estamos habituados. Estes projectos são meios de divulgação e informação e, muito importante, contribuem para a protecção e segurança dos seus actores. Ann Antidote reconheceu que no seu coração havia lugar não só para o companheiro, cujo relacionamento alcançou recentemente os vinte anos, mas também para outros, que poderiam ser outras. Poderíamos dizer que nos haréns dos sultões otomanos se praticava este coração aberto ao amor, pelo menos da parte do sultão, no que era uma versão muito unilateral da poligamia. Contudo o poliamor, que se pode ver como um estado de alma, distingue-se dos hárens, e caracterizase pela liberdade e pelo consenso dos envolvidos e por aceitar o amor que se sente pelos outros, pela vontade de praticar e receber de braços abertos esse amor, sem distinção de sexos. Na liberdade de expressão desse poliamor há lugar para uma fantasia, cujos horizontes são limitados pelo consenso dos cúmplices. Acreditando firmemente que vale lutar por esta causa, Ann Antidote tem participado em marchas e demonstrações pelos direitos dos grupos com gostos minoritários e, recentemente, em mostras artísticas de arte queer, tanto em Portugal como um pouco por toda a Alemanha. Em Lisboa colaborou na mostra “Isto Também Sou Eu”, que teve lugar o ano passado e em que participaram conhecidos artistas plásticos. A exposição pretendia

ser um “ground zero da arte queer em Portugal” e, segundo o artista plástico João Galrão, que dela participou, um dos elementos caracterizadores foi a ideia da “transgressão como forma de comunicar para provocar reacções no público”. Ann Antidote colabora na exposição Femina Natura a decorrer actualmente em Lisboa. Sair da zona de conforto, quebrar os limites impostos por uma sociedade, em que a discrição é uma regra de comportamento, despir as peles que nos impuseram e vestir as do livre arbítrio, é uma luta renhida contra preconceitos, animosidades, agressividades, muito desgastante e que exige uma grande introspecção e reflexão sobre o que se é, para onde se quer ir e como lá chegar, e como não desistir. Não é com ligeireza que se faz opções por gostos minoritários que levarão a uma catalogação e a um previsível ostracismo pela sociedade heterossexual com carácter perpétuo. Ann Antidote diz que o limite do amor é precisar sempre de um cúmplice e que o consentimento é uma regra de comportamento imprescindível. Neste contexto surge a gestão de sentimentos e de aprender a viver com o ser diferente num meio muitas vezes hostil. A activista organiza workshops sobre temas diversos, entre eles destaco a gestão do ciúme, já que num contexto assumidamente de poliamor, este sentimento terá uma forte presença. Muitos dos workshops da activista incidem ainda sobre o bondage que, no sentido clássico, consiste na submissão do elemento passivo que sentirá prazer quando manietado por cordas. Mas no sentido que lhe dá a activista, trata-se de criar uma zona de conforto diferente caracterizada pelo consenso e cumplicidade, que se distancia das visões sado-masoquistas retidas de uma leitura apressada das obras do Marquês de Sade. Os workshops de bondage e o rope-jam mostram um tricotar de cordas consensual em vários estilos adaptado à pessoa e à situação dadas e que poderá visitar mensalmente em Berlim.

Ann Antidote é o nome artístico de uma portuguesa que vive em Berlim Como esclarecia o título de um destes workshops e rope-jam: “como nunca mais olhar para os atacadores dos sapatos da mesma maneira”. A participação nos eventos requer inscrição prévia. Ann Antidote realizou “Ferien in Schlampenau” (Férias no Vale das Galdérias), um documentário apresentado na 5ª edição do Festival de Cinema Fetichista que teve lugar em

Kiel em Setembro do ano passado. O filme é sobre um campo de férias só de mulheres que vivem durante aquele tempo longe da quotidiana heteronormalidade. Estão previstos vários workshops sobre temas relacionados com o poliamor e bondage ao longo de 2013 que serão organizados por Ann Antidote e terão lugar em Portugal e na Alemanha.

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Interview

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

Schriftstellerin Ana Cristina Silva

„Ich schreibe über die psychologische Seite des menschlichen Lebens“ Die Schriftstellerin Ana Cristina Silva ist Universitätsdozentin, hält Vorlesungen über die Psychologie der Sprache und leitet ein Praxisseminar am Hochschulinstitut für Angewandte Psychologie. Nach ihrer Promotion zum Doktor der Bildungspsychologie spezialisierte sie sich auf den Bereich Lesen und Schreiben, betrieb Forschung auf diesem Gebiet und veröffentlichte eine wissenschaftliche Arbeit darüber in Portugal und im Ausland. 2002 unternahm sie den ersten Ausflug in die Literatur und hat bis heute ca. zehn Bücher veröffentlicht. Daraus nennen wir zwei von der Kritik sehr gut aufgenommene Bücher, nämlich: „Die Feuer der Inquisition“ und „Rote Briefe“. Unser Anliegen ist, mit diesem Interview eine Schriftstellerin der neuen Generation vorzustellen, die seit der vorigen Ausgabe nun Artikel für die PORTUGAL POST schreibt.

An welchem Buch arbeiten Sie zur Zeit? Momentan arbeite ich an einem Buch, das die Geschichte eines Arztes aus der jüdischen Diaspora in Portugal im XVI. Jahrhundert erzählt; es spielt in Bordeaux, Hamburg und Amsterdam und beleuchtet die Geschichte einer Familie von Nachkommen portugiesischer Juden in Amsterdam, die in Auschwitz ermordet wurden. Es ist ein Buch, dessen Handlungsmittelpunkt sich schließlich sehr auf Deutschland konzentriert. Im XVI. und XVII. Jahrhundert wurde Deutschland zum Zufluchtsort und freiheitlichen Zielpunkt für die Sephardim, die spanisch-portugiesischen Juden. In Hamburg zum Beispiel duldete man, dass Juden nach den Regeln ihrer Religion lebten. Andererseits beschäftigt sich das Buch mit dem Holocaust und diesem fast industriellen Massaker, dem Versuch, die Juden auszulöschen. Ich glaube, es ist das erste literarische Werk, das dieses Thema im Bezug auf Abkömmlinge von jüdischen Neuchristen aus Portugal angeht. Ihr Buch „Rote Briefe“ war eines aus ihrem literarischen Gesamtwerk, das bei Publikum und Kritikern größte Aufmerksamkeit gefunden hat. Abgesehen davon, dass es für den „Fernando-Namora-Preis nominiert wurde, wurde es kürzlich von der Zeitung „Expresso“ in die Liste der zehn besten Bücher des Jahres 2012 aufgenommen. Woher kommt dieser Erfolg ihrer Werke?

Ich denke, diese Arbeit verdankt vieles der suggestiven Romanfigur Carolina Loff da Fonseca, weil sie ein polemischer Charakter ist. Sie war eine herausragende Aktivistin der kommunistischen Partei. Sie hat sich, als sie in den vierziger Jahren festgenommen wurde, in ein Mitglied der politischen Polizei verliebte. Aber das Buch ist vor allem eine Reise in die Vergangenheit einer Mutter, die ihre kleine Tochter in der Sowjetunion zurückließ, wie es damals bei Mitgliedern der kommunistischen Partei häufig vorkam, denn kollektive Ideale galten mehr als persönliche Gefühle. Diese Frau schreibt für ihre Tochter einen Roman, um zu erklären, warum sie ihr Kind verließ, wobei das Schreiben selbst für die Mutter erlösend wirkt. Ein anderes interessantes Element ist, dass sich das Leben dieser Hauptfigur auf dem Hintergrund großer Ereignisse des XX. Jahrhunderts abspielt wie den stalinistischen Säuberungen und dem spanischen Bürgerkrieg. Kurz zusammengefasst beschäftigt sich also ein wesentlicher Teil ihres Werkes, sagen wir, mit historischen Persönlichkeiten. Zum Beispiel in ihrem letzten Buch “O Rei do Monte Brasil” (Der König vom Berg Brasil), in dem Sie historische Gestalten wie Mouzinho de Albuquerque und Gugunhana, einander gegenüberstellen und ebenso im Buch “Bela”, über die Dichterin Florbela Espanca. Aus welchem Blickwinkel stellen Sie ihren Lesern diese Personlichkeiten vor? Die Kritiker sagen, ich schreibe

psychologische Romane und ich denke schon, dass ich über die psychologische Seite des menschlichen Lebens schreibe. So hat mich im „König vom Berg Brasil“ zum Beispiel an den beiden sagenumwobenen Personen, die „verschiedenen Zivilisationen“ angehörten (nämlich der europäischen und der afrikanischen), nach ihrem Machtverlust der Prozess des seelischen Niedergangs interessiert. Mouzinho begeht schließlich Selbstmord und Gungunhana plant unmögliche Racheprojekte. In dem Buch über die Dichterin Florbela Espanca, „Bela“, wollte ich den Schmerz erklären, der ihr Leben und ihre Lyrik prägt. Bela wurde von der Ehefrau ihres Vaters aufgezogen und ihre natürliche Mutter kam ins Haus als ihre Amme. Die tragische Geschichte ihrer drei Ehen, ihre ewige Suche nach einer alles überwindenden Liebe und die furchtbare Qual, die sie zum Selbstmord getrieben haben dürfte, haben ihren Ursprung wohl in der Suche nach dieser ersten und wichtigsten Liebe, die ihr als Kind gefehlt hat und das ist in gewisser Weise der Leitfaden der Erzählung. Möchten Sie aus Ihrem literarischen Werk vielleicht das hervorheben, das Sie am liebsten geschrieben haben? Die Arbeit, die mir am meisten Spaß gemacht hat ist „Die Feuer der Inquisition“. Es ist ein Buch über die Gewaltausübung der Inquisition gegen Juden und Neuchristen im XVI. Jahrhundert. Dieses Buch hat meine besondere Liebe, weil es die Geschichte des Widerstandes einer Jüdin ist, die, von der Inquisition gefangen gesetzt wird. Um die Schrekken des Gefängnisses zu überstehen, ruft sie sich die Geschichte ihrer Großmutter ins Gedächtnis. Diese erlebte die Taufe stehend und den Raub der jüdischen Kinder auf Geheiß von D. Manuel, bewahrte die jüdische Religion und ermöglichte die Flucht von Neuchristen aus Portugal. Es ist ein Buch, in dem sich bekannte Persönlichkeiten wie Beatriz Luna oder Damião de Góis und erfundene Personen wie der Inquisitor oder die weibliche Hauptperson Sara de Leão begegnen. Hat Ihr Hauptthema um Fragen des täglichen Lebens in Büchern wie in „Die durchsichtige Frau“ über häusliche Gewalt mit ihrer

akademischen Ausbildung in Psychologie zu tun? Teilweise schon, da ich ja die psychologische Situation von geschlagenen Frauen untersucht habe. Dieses Buch ist eine Protesterklärung gegen gebräuchliche Ansichten über häusliche Gewalt wie vor allem den Gedanken „je mehr du mich schlägst, umso mehr liebe ich dich“. In Wirklichkeit sind, wie in meiner Geschichte, die ersten Gewaltausbrüche sporadisch und von unzähligen Entschuldigungen und Liebesschwüren des Agressors begleitet. Dann werden sie langsam systematisch und brechen bei Nichtigkeiten hervor. Angst und Scham ergreifen die Opfer. Die fortgesetzte Erniedrigung bewirkt, dass die Opfer zu glauben beginnen, sie seien ein Niemand und würden nie ohne die Männer überleben können, wie diese es ihnen so oft wiederholen. Dadurch bringen sie es nicht fertig, ihr Heim zu verlassen und die Männer zu verklagen. Da es mir schwer fällt, die Geschichte eines Opfers zu schreiben, das nicht auch Widerstand leistet, plant meine Hauptfigur, Clara, die Ermordung ihres agressiven Ehemannes. Sie kann ihr Vorhaben nur wegen eines dieser Zufälle nicht in die Tat umsetzen .... An dem Tag, an dem sie ihren Mann ermorden will, hat dieser einen Unfall und ist dann auf Clara angewiesen. Den Rest erfährt, wer das Buch liest. Bei den materiellen Schwierigkeiten - und nicht nur diesen mit denen sich die Leute in Portugal momentan wegen der Krise herumschlagen, sinkt damit nicht das Interesse an Büchern und Lektüre? Natürlich ist der Buchsektor von der Krise nicht unberührt geblieben. Die soziale Krise, in der Portugal steckt, macht sich in einer Politik der gezielten Verarmung eines Großteils der Bevölkerung bemerkbar, mit sinkenden Löhnen und auf unerträgliche Höhen steigenden Steuern. Die Menschen haben geringere Kaufkraft um Bücher zu erwerben. Dringend notwendig müssen die Schulbücher der Kinder bezahlt werden, die Medikamente oder die Miete, und die Bücher rutschen auf der Dringlichkeitsskala nach unten. Von außen gesehen, hat man einerseits den Eindruck einer gewissen Passivität gegenüber den Lebensbedingungen der Menschen von seiten der portugiesischen Intellektuellen (Künstler, Schriftsteller, etc.) und andererseits fehlt eine klare Stellungnahme zur schwierigen sozialen und politischen Lage, in der sich das Land befindet. Sind denn nicht letztendlich die Künstler und Intellektuellen das „Gewissen“ des Volkes, was bedeutet, das Gewissen dieses Teils der Gesellschaft kann gut mit der jetzigen Lage leben? Teilweise stimme ich Ihnen zu. Es gibt einige Stellungnahmen von den genannten Intellektuellen zum bedrückenden Zustand unseres Landes und zur neoliberalen Politik unserer Regierenden, die die Troika benutzen, um ihr ideologisches Programm durchzuführen. Zum Beispiel, den of-

fenen Brief des Dichters Eugénio Lisboa an Passos Coelho. Erst diese Woche schrieb der Schriftsteller Miguel Real im Público, die Zukunft „erhebt sich wie ein mächtiger Gedanke an das Aus: das Aus der Arbeitslosigkeit, das Aus der Pleite, das Aus der Verarmung, das Aus des familiären, beruflichen und sozialen Scheiterns“Indessen wäre angesichts einer Politik des Abbaus des Sozialstaates durch die derzeitige Regierung zweifelsohne ein schärferes Vorgehen der Intellektuellen und eine systematischere Widerstandsbewegung der Bevölkerung im Allgemeinen nötig. Außer ihrer literarischen Tätigkeit haben Sie einen Doktor in Bildungspsychologie, mit Spezialisierung auf dem Gebiet des Lesen- und Schreibenlernens. Da das Erlernen der Muttersprache eine der großen Sorgen der Portugiesen im Ausland ist, welchen Rat würden Sie den (Emigranten-) Familien und Eltern im Umgang mit ihren Kindern geben, damit diese nicht den Kontakt zur Muttersprache verlieren? Ich würde den Emigranten raten, mit ihren Kindern Portugiesisch zu sprechen. Kleine Kinder können mühelos eine, zwei, drei Sprachen gleichzeitig lernen, ohne sie je zu vermischen. Die Tatsache, dass Auswanderer mit ihren Kindern Portugiesisch sprechen und die Kinder im Kindergarten Zugang zum Deutschen haben, eröffnet ihnen die Möglichkeit, zweisprachig aufzuwachsen, mit allen Vorteilen, die dies mit sich bringt. Auch das Erlernen der Schriftsprache Portugiesisch ist damit sehr viel leichter. Natürlich müssen die Kinder in einem formalen Unterricht, der vom portugiesischen Staat sicherzustellen ist, Portugiesisch schreiben lernen. Neben brillanten Reden über die Gemeinden (von Portugiesen) im Ausland ist die Sicherstellung der staatlichen Bildung für die Kinder von Emigranten notwendig. Dies gilt vor allem, wenn man die Bindung an Portugal in der zweiten Auswanderergeneration aufrecht erhalten will. Die gefühlsmäßigen Bindungen werden ganz natürlich über die Sprache gefördert und diese Investition muss eine verfassungsmäßige Aufgabe des portugiesischen Staates sein. Welches Buch wollen Sie als nächstes herausgeben? Mein nächstes Buch ist fertig und soll im Prinzip im September herauskommen. Es heißt „Der zweite Tod der Anna Karenina“, denn es will verschiedene Formen des Ehebruchs beleuchten. Das Buch beschreibt die Schrecken der Schützengräben im ersten Weltkrieg, das Vorurteil gegen die Homosexualität, die Beziehung zwischen Theater und Leben und ist vor allem eine Abrechnung zwischen einem Mann und einer Frau, die sich gegenseitig verraten haben, und eine Darstellung dessen, was ihr Leben hätte werden können. Das Interview führte Mário dos Santos (Übersetzung aus dem Portugiesischen von Barbara Böer Alves)


Entrevista

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

Escritora Ana Cristina Silva

“Escrevo sobre a dimensão psicológica das vivências humanas” A escritora Ana Cristina Silva é docente universitária leccionando ascadeiras de Psicologia da Linguagem e Seminário de Estágio no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Doutorada em Psicologia da Educação, especializou-se na área de aprendizagem da leitura e da escrita, desenvolvendo investigação neste domínio com obra científica publicada em Portugal e no estrangeiro. Em 2002 efectuou as primeiras incursões no domínio da literatura, tendo publicado até ao momento cerca de um dezena de livros. De todos, refira-se dois dos livros mais aclamados pela crítica da especialidade, a saber: “As fogueiras de Inquisição” e “Cartas Vermelhas”. O objectivo desta entrevista tem a ver com a intenção em divulgar uma escritora da nova geração que, desde a passada edição, passou a ser uma cronista do PORTUGAL POST.

Em que livro está neste momento a trabalhar? Neste momento estou a trabalhar num livro que relaciona a história de um médico judeu da diáspora portuguesa do século XVI, que terá passado por Bordéus, Hamburgo e Amesterdão, e a história de uma família descendente dos judeus portugueses de Amesterdão que acabaram mortos em Auschwitz. É um livro, cuja acção acaba por estar muito centrada na Alemanha. No século XVI, XVII a Alemanha constituí-se como um refúgio e destino de liberdade para os judeus sefarditas. Em Hamburgo, por exemplo, tolerava-se que os judeus judeízassem. Por outro lado, aborda o holocausto e esse massacre a nível quase industrial que foi a tentativa de extermínio dos judeus. Creio que é a primeira obra de ficcção que aborda este tema em relação aos judeus descendentes de cristãos-novos portugueses. O seu livro “Cartas Vermelhas” tem sido, de toda a sua produção literária, uma das suas obras que mais tem chamado a atenção do público e da crítica. Para além

de ter sido nomeado para o “Prémio Fernando Namora”, foi recentemente seleccionado pelo jornal Expresso como um dos dez melhores livros de 2012. A que se deve o êxito desta sua obra? Acho que a obra deve muito à figura inspiradora do romance, Carolina Loff da Fonseca, pelo seu carácter polémico. Ela era uma destacada militante do partido comunista que, ao ser presa nos anos quarenta, se apaixonou por um membro da polícia política. No entanto, o livro é sobretudo uma viagem ao passado de uma mãe que deixou a filha pequena na União Soviética, como era frequente acontecer com elementos do partido comunista, em que os ideais colectivos teriam de sobrepor-se aos sentimentos individuais. A personagem escreve um romance à filha para que ela compreenda o seu abandono, sendo o acto de escrita um exercício de redenção. Um outro motivo de interesse é o facto da vida da personagem se cruzar com grandes acontecimentos doséculo XX, como sejam as purgas estalinistas ou a guerra civil espanhola.

Numa apreciação muito sintética, uma parte significativa da sua obra retrata figuras, digamos, históricas. Por exemplo, último livro “O Rei do Monte do Brasil”, em que confronta figuras como Mouzinho de Albuquerque e Gugunhana, e, ainda, o livro “Bela” sobre a poetisa Florbela Espanca. Sobre que perspectiva é que dá a conhecer aos seus leitores essas figuras? Os críticos dizem que escrevo romances psicológicos e, de facto, acho que escrevo sobre a dimensão psicológica das vivências humanas. Por exemplo, no “Rei do Monte Brasil”, o que me interessou foi o processo de degradação psicológica de duas personagens míticas, pertencentes a civilizações diferentes (europeia e africana) depois de terem perdido o poder. Mouzinho acaba por se suicidar e Gungunhana arquitecta vinganças impossíveis. No caso do livro sobre a poetisa Florbela Espanca, Bela, interessou-me explicar a dor que caracterizou a sua vida e os seus poemas. Bela foi criada pela mulher do pai e a mãe verdadeira ia amamenta-la lá a casa. A história trágica dos seus três casamentos, a sua eterna busca por um amor transcendente e a angústia terrível que a terá levado ao suicídio terão as suas origens na busca de um amor primordial que lhe faltou na infância e, de algum modo, é esse o fio condutor da narrativa. No que diz respeito aos livros de ficção, gostaria de destacar a obra que mais lhe deu prazer em

personagens reais como Beatriz Luna ou Damião de Góis e personagens ficcionadas como o Inquisidor ou a protagonistas feminina, Sara de Leão. No que toca à sua preocupação sobre questões do quotidiano em livros, como seja “A Mulher transparente” sobre violência doméstica, isso tem a ver com a sua formação académica ligada à psicologia? Terá em parte, na medida em que estudei as características psicológicas das mulheres espancadas. Este livro é uma espécie de manifesto contra uma visão sobre a violência doméstica, nomeadamente a ideia de que ìquanto mais me bates, mais eu gosto de tiî. De facto, tal como acontece na minha história, os primeiros episódios de violência são esporádicos e acompanhados de inúmeras desculpas do agressor e de declarações de amor. Depois, lentamente, passam a ser sistemáticos e desencadeados por insignificâncias. O medo e a vergonha vão-se instalando nas vítimas. A contínua desvalorização das vítimas fazem com que comecem a acreditar que não são ninguém e que não conseguirão sobreviver sem os maridos, como eles tantas vezes repetem. Isso faz com que elas não consigam abandonar o lar ou fazer queixa contra eles. Como tenho dificuldade em escrever uma história de uma vitima que não seja também uma resistente, a minha personagem, Clara, planeou o assassinato do marido agressor e só não o concretizou por uma daquelas coincidências No dia em que ia matar o marido, este teve um acidente, ficando à mercê de Clara. O resto fica para quem ler o livro. Com as dificuldades materiais e não só - com que as pessoas em Portugal se confrontam neste momento devido à situação de crise, será que os livros e a leitura descem na escala de interesses das pessoas? Naturalmente, o sector livreiro não escapou à crise. A situação de crise social em que Portugal está mergulhado traduz-se por uma política deliberada de empobrecimento de grande parte da população, com diminuição dos salários e aumento da carga fiscal para níveis insuportáveis. As pessoas têm menos poder de com-

A acção do livro que estou a escrever acaba por estar muito centrada na Alemanha. É sobre portugueses que morreram em Auschwitz escrever? A obra que mais prazer me deu foi “As fogueiras da Inquisição”. É um livro sobre a violência da Inquisição contra os judeus e cristãos- novos no seculo XVI. Deu-me especial prazer esse livro porque é uma história de resistência de uma judia presa pela Inquisição que, para sobreviver aos horrores da prisão, evoca a história da avó. Esta última sobreviveu ao baptismo em pé e ao rapto das crianças judias a mando de D. Manuel, preservou a religião judaica e organizou a fuga de cristãos-novos para fora de Portugal. É um livro onde se cruzam

pra para adquirirem livros. As necessidades prementes são pagar os livros da escola das crianças, os remédios ou a renda da casa e os livros ficam, neste contexto, em segundo plano. Visto de fora, sente-se alguma passividade pela parte dos intelectuais portugueses (artistas, escritores, etc.) face às condições de vida das pessoas, por um lado, e, por outro, uma ausência de tomada de posição clara sobre a grave situação social e política que o país neste momento. Afinal, não são os artistas e os inte-

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lectuais a “consciência” do povo, ou seja, a consciência deste sector da sociedade está a viver bem com a situação? Concordo em parte. Há algumas tomadas de posição dos chamados intelectuais em relação ao estado calamitoso do nosso país e às políticas neo-liberais dos nossos governantes, os quais usam a Troika para implementar o seu programa ideológico. Por exemplo, a carta aberta do poeta Eugénio Lisboa a Passos Coelho. Ainda esta semana no Público, o escritor Miguel Real escrevia que o futuro “levanta-se como um poderoso Sentimento do Nada: o Nada do desemprego, o Nada da falência, o Nada do empobrecimento, o Nada da frustração familiar, profissional e social”. No entanto, face à política de desmantelamento do estado social do actual governo era, sem dúvida, necessário uma intervenção mais acutilante dos intelectuais e um movimento de resistência mais sistemático da população em geral. Para além da sua actividade literária, a senhora é doutorada em psicologia da educação, com especialização na área da aprendizagem da leitura e da escrita. Sendo a aprendizagem da língua uma das grandes preocupações dos portugueses residentes no estrangeiro, que aconselhamentos daria às famílias e aos pais (emigrantes) para lidarem com os filhos para que não percam o contacto com a língua materna? Aconselharia os emigrantes a falarem com os filhos em português. As crianças pequenas são capazes de aprender sem esforço uma, duas, três línguas ao mesmo tempo sem nunca as misturarem. O facto dos emigrantes falarem com os filhos em português e as crianças terem acesso ao alemão na creche, permitir-lhes-á serem bilingues com todas as vantagens que isso traz. A aprendizagem do português escrito estará igualmente muito facilitada. Evidentemente que a aprendizagem do português escrito nas crianças emigrantes implica um processo de ensino formal que terá de ser assegurado pelo Estado português. Para além dos discursos eloquentes sobre as comunidades no estrangeiro, é preciso assegurar a educação formal dos filhos dos emigrantes se se pretender manter o vínculo dos descendentes portugueses a Portugal. Os laços afectivos passam, naturalmente, pela língua e esse investimento deve ser uma responsabilidade constitucional do Estado português Qual o próximo livro a editar? O meu próximo livro está pronto e em princípio sai em Setembro. Chama-se „A segunda morte de Ana Karenina” porque procura abordar as várias formas de adultério. O livro foca o horror das trincheiras na primeira guerra mundial, o preconceito em relação à homossexualidade,a relação entre o teatro e vida e sobretudo é um ajuste de contas entre um homem e uma mulher que se traíram mutuamente e uma projecção do que poderia ter sido a sua vida. Entrevista conduzida por Mário dos Santos


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Direitos autorais na internet e o comportamento da nova geração Michaela Ferreira dos Santos, Advogada

A internet é uma ferramenta incrível que, entre outras coisas, permite a distribuição em larga escala de qualquer informação. Acontece que a legislação alemã protege qualquer tipo de produção intelectual, seja ela virtual ou não. Basicamente, todo autor é considerado dono da sua obra, pelo menos dono do conteúdo enquanto criador. O roubo de propriedade intelectual é conhecido como Plágio e considerado crime. Ao lucrar direta- ou indiretamente com o conteúdo distribuído pela internet, trata-se de exloração comercial da obra. Lucrar com

vendas não autorizadas, seja ele de livros, música ou filmes, é considerado Pirataria, ou seja é crime. Direito de uso VS. Direito de Distribuição de conteúdo online Muita gente acredita que, se o conteúdo está disponível, pode ser baixado livremente. Acontece que não é bem assim. Ao comprar um CD numa loja virtual como a iTunes Store por exemplo, adquirimos o direito de uso, mas não o direito de distribuição, comercialização ou alteração da obra. O mesmo acontece com filmes. Isto torna-se muito complicado na internet. Por mais que não esteja a lucrar com a distri-

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buição de um determinado conteúdo, o fato de torná-lo disponível para outra pessoa infringe os direitos de distribuição da obra. Colocar no YouTube, por exemplo, um filme inteiro para qualquer pessoa assistir é considerado crime, pois rompe com o direito do autor de vender e lucrar com a sua obra. Isso passa a ser complicado nos meios de distribuição P2P (Peer to Peer), ou pessoa a pessoa. Quem começou com isso foi o Napster há 10 anos atrás, quando criou uma rede de usuários que compartilhavam arquivos em MP3. Depois surgiram outros programas como o Morpheus e o Kazaa e atualmente temos o Emule e o Ares Galaxy que servem para o

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mesmo propósito. Foram criados inclusive outros sistemas e protocolos de transferência de dados, como o Torrent. O grande problema das redes P2P é que elas em si não são meios para pirataria, mas sim para a distribuição de conteúdos. A legalidade do material depende na verdade de quem o distribui, isto é: se ele detém ou não o direito de distribuição. Muitos músicos independentes utilizam as redes P2P para distribuir as suas músicas legalmente, mas usuários comuns também fazem o mesmo ilegalmente com conteúdos cujos direitos são de gravadoras ou de outras pessoas.

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Conclusão Por mais que os direitos autorais sejam um tema complicado, vale sempre o bom senso. Será que o que eu estou a fazer com esta obra musical, audiovisual ou literária é algo que eu gostaria que fizessem com uma obra minha? Saber respeitar o conteúdo alheio é o ponto mais importante para saber se estamos a agir corretamente. Há uma quantidade expressiva de jovens adolescentes, comprando, jogando, comunicando, crakeando, hackeando etc. Chamo atenção especial à responsabilidade civil dos país. Ao serem processados por plágio na internet, contem com multas e custos judicials superiores a 1.000,00 €.

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Complemento da ajuda social aos reformados Exmos senhores do Portugal Post Eu e a minha esposa iremos receber uma pequena reforma e tencionamos permanecer aqui para ficarmos mais perto dos nossos netos que amamos mais do que outra coisa do mundo. Tenho presenciado queixas de algumas pessoas, até dos que se consideram políticos a exigirem do nosso governo português um maior apoio às pessoas que já se encontram na situação de reformados. Portugal é a nossa pátria. Fomos nós que, com as nossas poupanças, elevamos o nosso país. Acho justo que se olhe para nós com outros olhos. Mas chego a pensar que os alemães deveriam ter uma outra atitude para connosco. Apesar do nosso trabalho ter sido duro, o pouco tempo de descontos e o nosso pequeno ordenado não nos deram condições suficientes para uma reforma maior. Há pessoas que informam que nós até teremos uma ajuda financeira que se somará à nossa reforma. Será verdade? Dizemse tantas coisas nessas ruas da cidade e em frente dos comércios, sem se falar, claro, nos cafés e no centro. Há anos o PP escreveu algo sobre o assunto, agradecia que repetisse a informação. Obrigado! Leitor devidamente identificado Caríssimo leitor, obrigado pelas suas palavras. Claro que vamos repetir a informação e, deste modo, podemos, mais uma vez, alertar os nossos leitores e prestar-lhe o serviço que merecem. Ainda bem que o nosso leitor não se deixa levar pelas informações relatadas na rua. Dou-lhe razão, a nossa pátria poderá ter uma responsabilidade para com os seus cidadãos, espalhados um pouco por todo o mundo. Acho justo também que seja a sociedade que nos acolheu que cumpra com maior rigor os seus trabalhos de casa. Portugal está longe e é certo que os seus emigrantes ajudaram, e em muito, a crescer a sua economia, ajudandono seu desenvolvimento, mas com maior incidência em épocas anteriores. O REFORMADO E AS AJUDAS FInAnCEIRAS A QUE TEM DIREITO O país de acolhimento está a cumprir, talvez em parte, como alguém dirá, com as suas obrigações. Todo o cidadão, com residência legal no espaço geográfico da Alemanha, tem o direito de levar uma vida em que as suas necessidades fundamentais sejam respeitadas. Se a reforma e os outros rendimentos forem inferiores à tabela da ajuda social geral, então estes terão direito a um subsidio complementar para atingirem esse nível.

plesmente 103 € por mês 450 € – 135 € = 315 € Esta quantia fruto do seu trabalho, entraria no cálculo, reduzindo deste modo esta ajuda reduzindo o peso da caixa pública. É PERMITIDA ALGUMA RESERVA FInAnCEIRA?

Esta possibilidade de financiamento complementar, por parte das entidades sociais nas diversas câmaras, já vigora desde Janeiro de 2003. É a chamada “Grundsicherung im Alter”. Esta lei assegura aos reformados que possuam baixos recursos financeiros, a levarem uma vida mais digna, mesmo que modesta. Num tempo em que o nível de vida aumentou e com ela as rendas de casa com os seus condomínios, é de todo aconselhável aproveitar esta oportunidade. Convém também fazer menção que o valor desta ajuda tem aumentado gradualmente com os anos. Vamos explanar o mais pormenorizado possível este tema. Assim podemos ajudar a evitar que na praça pública se continue a falar sem conhecimento de causa. O COMPLEMEnTO À PEnSÃO EM nÚMEROS A legislação prevê o complemento da ajuda social aos reformados De uma quantia base mensal de 382 € se vive só. Ao casal é previsto uma soma de 690 €. Além desta ajuda receberá uma quantia ajustada com a habitação. Estas quantias são as mesmas da ajuda social ao desemprego, a famosa lei de Harttz IV. Um casal que tenha custos com a habitação no valor mensal de 500 €, quantia base que é considerada na cidade de Colónia, necessita, para fazer face às suas necessidades fundamentais, de 1.190 €, mensalmente. A esta quantia ser- lhe-ão subtraídos os rendimentos que tiver com as reformas, incluindo as da empresa, os juros que possa haver ou os rendimentos imobiliários que possa receber. Convém ainda acrescentar e es-

clarecer neste capítulo que ao beneficiário desta ajuda financeira à pensão é-lhe permitido ainda trabalhar algumas horas diárias e usufruir dum ordenado complementar. Esta soma é também tida em conta neste cálculo. Se usufruir dum ordenado de 450 € mensais, poderá reter para si 135 €, o restante entrará no calculo, vindo diminuir, desta maneira, a ajuda social à pensão nessa quantia restante.

Antes de ser decidida esta ajuda estatal, os requerentes, devem apresentar e comprovar todas as fontes económicas disponíveis e regulares. Havendo-as, devem, antes de receberem qualquer apoio financeiro, gastar os seus rendimentos ou as suas poupanças acumuladas, sendo-lhes permitido possuírem em dinheiro a quantia de 3. 214 € ( 2.600 € e mais 614 € para o outro cônjuge) sendo casados ou mesmo vivendo juntos. Para os que receberem até à idade de 60 anos algum prémio oriundo de algum seguro ou mesmo duma Indemnização por rescisão do contrato de trabalho, por parte da entidade patronal, é aconselhável e conveniente comprar uma casa ou apartamento adequado. Este objecto não entra no calculo como contaria a soma das poupanças acumuladas durante a vida. As opiniões divergem quanto à dimensão do objecto. A opinião geral prevê, para quem viva só, uma dimensão de 60 a 70 m2 se é apartamento ou casa de habitação.

RECAPITULAnDO OS nÚMEROS E EXEMPLIFICAnDO

ESTA AJUDA DEPEnDEnTE DA SITUAÇÃO FInAnCEIRA DOS FILHOS?

Vamos recapitular com um exemplo: o casal Manuel e Margarida Marques (nomes fictícios) , recebem de reforma da Alemanha a quantia de 600 € mensais. A empresa do marido paga-lhe ainda 52 € mensais de pensão. De Portugal é-lhe creditado na sua conta da Caixa de Pensões o valor mensal de 125 €. A renda de casa que lhes é reconhecida, na cidade onde vive, é, incluindo os custos adicionais, é de 496 €. Este simpático casal irá receber a módica soma correspondente à ajuda social à pensão, de “Grundsicherung “ de 293 € . Vejamos a avaliação a necessidade fundamental do casal Marques: gastos com a habitação e tabela social em vigor: 495 € + 690 € = 1.185 € Reduzamos a essa quantia as fontes financeiras: reformas legais, pensão da firma, reforma de Portugal, 600 € + 52 € + 125 € = 777€ . Isto caso não haja outras receitas financeiras. O simpático casal receberá na sua conta a módica quantia mensal de 418 €. Mas se ele ou ela trabalhassem parcialmente e auferissem um ordenado mensal de 450 € receberia sim-

Esta ajuda é concedida independentemente do ordenado e das fontes financeiras dos filhos, a não ser que tenham uma receita anual que não superem os 100.000 € anuais, depois de consideradas com estes ganhos. Depois da morte de um cônjuge ou dos dois e, tendo estes deixado alguns bens, estes não serão tidos em conta para um possível reembolso das ajudas auferidas tidas em vida. notas importantes e à margem • Antes de iniciarem as férias ou de qualquer ausência demorada do local de residência, deverão informar a entendida responsável pelo pagamento desta ajuda. São obrigados a declarar o modo de financiamento das necessárias despesas. Quem quiser passar o inverno em Maiorca ou no Algarve, não tem, durante este tempo, direito a esta ajuda. • È permitido possuir um automóvel, desde que este não seja considerado objecto luxuoso. Se o for, terá de o vender e viver do resultado da venda, antes de requerer esta ajuda. Existem diver-

gências quanto à definição de luxuoso. • Qualquer que seja a alteração que haja na sua situação financeira ou do seu estado civil, deve informar as autoridades competentes no devido prazo. REFLEXÃO SOBRE A QUESTÃO: PORTUGAL OU ALEMAnHA? Não há dúvida que somos filhas e filhos de Portugal. Não temos dúvidas quanto às dificuldades financeiras que o nossa país está atravessando. Claro que não fomos nós os causadores destes dissabores, antes pelo contrário. Verdade também é que foi aqui que vivemos a maior parte da nossa vida. Foi aqui que não evitamos esforços e canseiras para podermos usufruir destas pensões, mesmo que, na sua maioria não ultrapassem o Rendimento Mínimo Garantido. Acho que teremos de apelar com maior veemência a esta sociedade que há muitos anos nos acolheu. Foi aqui que a maior parte dos impostos foram pagos, permitindo, em grande parte, o engrandecimento desta nação. Existem muitos e atraentes projectos em diversas cidades na Alemanha, onde muitos dos nossos compatriotas vivem. A terceira idade tem tido nesta sociedade um espaço e um tratamento digno. O problema que se nos impõe é o conhecimento insuficiente da língua o que poderá provocar uma certa insegurança no contacto com os colegas alemães ou de outras nacionalidades. Vivemos um pouco, durante estes anos, simplesmente ao lado e à margem deles, enraizados quase e simplesmente nos nossos espaços nacionais. As missões católicas não constituíram excepções a esta situação, exceptuando, como sempre, alguns casos pontuais. Procuremos entrar neste esquema existente e integrarnos neles convenientemente. Assim iremos também enriquecer culturalmente e dar cor e brilho a esta sociedade que muito nos deve e que muito necessita de modelos de vida diferentes como o nosso. Necessitamos de pessoas e de instituições abertas que motivem e que saibam arrastar para este novo estilo de vida que nos dignifica.

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A Mão de Diabo é o décimo romance de José Rodrigues dos Santos, autor da Gradiva que já vendeu mais de um milhão de exemplares e está publicado em dezoito línguas. Este novo livro aborda a crise, um tema relativamente ao qual a sociedade está particularmente sensível. Seguramente despertará a curiosidade dos leitores.

de Ana Cristina Silva

A história de uma militante comunista que se apaixona por um inspector da PIDE Preço: € 25,99 Nascida em Cabo Verde de família branca e abastada, Carol nunca se resignou à miséria das ilhas. E, movida pelo sonho de construir uma sociedade mais justa, ingressou ainda jovem no Partido Comunista. Não se importando de usar a beleza como arma ideológica, abraçou a luta revolucionária, apaixonou-se por um camarada e ficou grávida pouco antes de ser presa. Foi a sua mãe quem tratou de Helena nos primeiros tempos, mas, depois de libertada, Carol levou-a para Moscovo.. Aí, o contacto com as purgas estalinistas não chegou para abalar as suas convicções, mas o clima de denúncia e traição catapultou-a para o cenário da Guerra Civil espanhola, obrigando-a a deixar Helena para trás; e, apesar de ter escapado aos fuzilamentos franquistas, a eclosão da Segunda Guerra Mundial impediu Carol de voltar à União Soviética para ir buscar a criança. Será apenas vinte anos mais tarde que mãe e filha se reencontrarão em Berlim, mas a frieza e o ressentimento de Helena farão com que, na viagem de regresso a Lisboa, Carol decida escrever um romance autobiográfico com o qual a filha possa, se não perdoar-lhe, pelo menos compreender as circunstâncias do abandono, a clandestinidade, a prisão, a guerra, a espionagem e o inconcebível casamento com um inspector da polícia política. Inspirado na vida de Carolina Loff da Fonseca, este romance extremamente empolgante vai muito além dos factos, confirmando Ana Cristina Silva como uma das mais dotadas autoras de romance psicológico em Portugal.

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Aprenda a Viver Sem Stress Páginas: 100 Preço: 18,99

Quanto mais tempo da sua vida é que está disposto a desperdiçar? Quanto mais tempo da sua vida está disposto a continuar a sofrer? Quanto da sua vida está disposto a finalmente reivindicar hoje? Quanto mais tempo vai deixar que os outros mandem nas suas escolhas? E, se reivindicar a sua vida, acha que fica a dever alguma coisa aos outros?

 Quando você cede ao stress, você não está ser você mesmo. Quando você cede ao stress, você passa ao lado da vida, da sua vida. Você vive em permanente sobrevivência. E quem sobrevive, sofre. E quem sofre, vive em stress. . "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro que o ajuda a reencontrar-se.

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Endereços Úteis Embaixada de Portugal Zimmerstr.56 10117 Berlin

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0171 - 9952844 Consulado -Geral de Portugal em Hamburgo Büschstr 7 20354 - Hamburgo

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Fernando Genro Telefone: 0151- 15775156 fernandogenro@hotmail.com

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Tel. 0711/2273974 Conselho das Comunidades Portuguesas: Alfredo Cardoso, Telelefone: 0172- 53 520 47 AlfredoCardoso@web.de

Federação de Empresários Portugueses (VPU) Postfach 10 27 11 50467 Köln Tel.: +49. 221 789 52 412 E-Mail: info@vpu.org Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) www.fapa-online.de Postfach 10 01 05 D-42801 Remscheid

Ao serviço do Fado há mais de 14 anos Na voz a grande fadista Elisabete Ferreira CONTACTO: 0173 - 29 38 194

Comunicado da Embaixada de Portugal em Berlim

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas terá festejos oficiais em Düsseldorf A Embaixada de Portugal em Berlim e o Consulado Geral de Portugal em Düsseldorf gostariam de informar que, com vista a conceder uma maior valorização e visibilidade ao Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, este passará, a partir de 2013, a ser comemorado oficialmente de forma descentralizada, cada ano numa área consular diferente. No presente ano, os festejos

terão lugar na cidade de Düsseldorf, no próximo dia 8 de junho, no Marktplatz (junto à Câmara Municipal). As comemorações contarão com a presença das principais autoridades portuguesas na Alemanha e autoridades alemãs do Estado da Renânia do Norte-Vestefália e incluirão um extenso programa cultural (que será oportunamente divulgado), bem como uma apresentação do nosso País a nível

turístico e económico. Será igualmente disponibilizada uma mostra gastronómica e de vinhos. A Embaixada de Portugal em Berlim e o Consulado Geral de Portugal em Düsseldorf convidam os portugueses e luso-descendentes residentes na Alemanha a participar nesta efeméride, cujo êxito está dependente do envolvimento de todos e que constituirá um momento único de convívio e união da nossa comunidade.

Haverá um novo papel para as nossas associações e centros? Todos notamos a crise crescente que vai arrastando há já algum tempo as nossas associações e centros. Seria louvável que as direcções destas instituições fossem compostas também por estes elementos criativos da terceira idade. Não se abriria aqui uma possibilidade de alargar horizontes e provocar que estas pessoas pudessem ocupar os tempos vazios e livres destes espaços. Para tal não seria possível criar projectos nacionais, ou melhor ainda, multinacionais em colaboração com as autoridades da cidade e as diferentes organizações vocacionadas para este trabalho?

O nosso país poderia mostra um maior interesse em encontrar soluções para proporcionar uma maior qualidade e dignidade aos seus filhos nestas idades a viverem na diáspora. Sabemos que tem havido viagens de turismo para pessoas da terceira idade que obedeçam a determinadas condições quase impossíveis de se. Não seria possível alargar estas experiências a outros compatriotas noutras paragens, diminuindo também as exigências? Já há muitos anos que o governo espanhol facilita permanências de grupos de reformados da diáspora em estâncias de férias. Estas férias realizam-se geral-

mente nas estações baixas de turismo, permitindo, deste modo, que alguns hotéis possam estar activados durante este tempo. Não constituiria uma solução para a nossa economia, já tão arruinada? Existem outras experiências com a comunidade turca que seria interessante escavar. Os estados reduzem consideravelmente os impostos para estas instancias de férias durante este tempo, incentivando assim um turismo sustentável, possibilitando assim a vinda destas pessoas, continuando a dar trabalho reduzindo o desemprego possível e comum nesta estação baixa. JGR


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Passar o Tempo

Rir O marido chega a casa vindo do hospital, onde visitou a sua sogra. A sua mulher pergunta: - Como está a minha mãe? O marido responde: - A tua mãe está muito bem, saudável como um cavalo e ainda viverá por muito tempo. Na semana que vem ela vai receber alta do hospital e virá morar connosco por muitos e muitos anos. A mulher, surpresa, pergunta: - Como pode ser? Ainda ontem ela parecia estar no leito de morte e a equipa médica dizia que ela deveria ter poucos dias de vida!? O marido responde: - Eu não sei como estava ontem, mas hoje, quando perguntei ao médico o estado da tua mãe, ele respondeu-me que deveríamos preparar-nos para o pior...

Esta é a história de uma aldeia que era cortada ao meio por um rio. Resolveu-se então construir uma ponte para ligar os dois lados da povoação. Quando terminou a construção da ponte surgiu o problema: como saber se a ponte é ou não é resistente? Foi quando um dos engenheiros teve a brilhante ideia: - Vamos colocar todas as SOGRAS em cima da ponte. Se resistir, tudo bem. Se não resistir, MELHOR AINDA!

Vai um homem à caça com a sua sogra. Já na mata, e de repente, um urso sai de um arbusto e ataca violentamente a respectiva sogra. Esta gritava desesperadamente: - Dispara!... Dispara!... - Não tenho rolo! - gritou o genro...

poesias de amor e de outros sentires

Livros e flores Teus olhos são meus livros. Que livro há aí melhor, Em que melhor se leia A página do amor? Flores me são teus lábios. Onde há mais bela flor, Em que melhor se beba O bálsamo do amor? Machado de Assis

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Saúde e Bem estar

Receitas Culinárias

Cirrose Hepática

Coelho à Caçador

A Cirrose é um processo degenerativo do fígado em que se produz uma inflamação eendurecimento das células e tecidos do mesmo. OS SINTOMAS principais são: febre, indigestão e prisão de ventre ou diarreia, icterícia(enfermidade do fígado que produz uma coloração amarela), ascite (líquido na cavidadeabdominal). Problemas posteriores incluem anemia, inflamação do fígado e problemas da vesícula biliar. A CAUSA principal da cirrose é o consumo excessivo de álcool, mas também pode ser decorrente de uma hepatite ou devido a uma má nutrição. TRATAMENTO: Inclua a ingestão de grande quantidade de proteínas vegetais (excepto o feijão) e elimine toda a proteína de origem animal. Para restituir os tecidos danificados deve-se, complementar este tratamento com as vitaminas do complexo B (contidas na Geleia Real), em especial a B1, C, D e K. Deve-se adicionar uma dieta rica em calorias e carboidratos, energia que servirá para regenerar as células danificadas. Se surgir icterícia (cor amarelada) diminuir o consumo de alimentos que contenham as vitaminas A, E, D e K. ELIMINAR: produtos lácteos, ovos, carne de porco, abacate, nozes, já que eles podem interferir no funcionamento do fígado. Se existe inflamação nesse órgão, elimine o sal dos alimentos. Além disso, elimine os produtos gordurosos como a manteiga, a margarina, o leite e os queijos; também o café, a pimenta e os estimulantes. ATENÇÃO! Não consuma gorduras, óleo de peixe nem vitamina A em quantidades, muito menos consuma óleo de fígado de bacalhau e nunca o misture com álcool. FÍGADO O fígado é a maior glândula do corpo, assim como é o único órgão que pode regenerar-se, uma vez que uma parte dele é eliminada. – As funções do fígado são: Produzir a bílis que se acumula na vesícula biliar (bolsa anexa ao fígado). A bílis é indispensável para a digestão das gorduras, pois as emulsiona em pequenos glóbulos para serem assimilados. – A bílis ajuda a assimilação das vitaminas A, D, E e K, e do cálcio. – Por outro lado, o fígado é o acumulador dos excedentes das vitaminas A, B12 e D paraseu uso futuro. – Ajuda na síntese dos ácidos gordos e açúcares, assim como na produção de colesterol,além de oxidar a gordura para produzir energia a partir dela. – O fígado e o rim são os órgãos que desintoxicam o organismo. – Outra função importante do fígado é o controlo do açúcar no sangue, actuando sobre ahormona tiroxina, responsável pelo metabolismo celular. – O açúcar excedente do corpo é convertido em glicogénio no fígado e desta maneira seacumula para ser reconvertido de novo em açúcar quando for necessário. DESINTOXICAÇÃO: Recomenda-se uma desintoxicação prévia de 3 dias à base de sucos (laranja e uva), aos quais se adicionam suco Aloé, que é altamente desintoxicante. Também se recomendam lavagens de cólon e intestino com café (ver este método em „Desintoxicação de Fígado e Rins“ ou também com enemas de limão e água 2 vezes por semana, já que ali se concentram muitas toxinas que podem ir ao fígado e aos rins. O Dr. James F. Balche, em seu livro „Prescription for Nutritonal Healing“ recomenda grandeingestão de Aloé como desintoxicante juntamente com 8 a 10 copos de água por dia. Recomenda-se também eliminar o álcool, as farinhas e açúcares refinados e alimentos fritos. Consulte o seu médico

Ingredientes: 1 coelho Vinho tinto 2 cebolas 1 alho Sal e pimenta Cravinho 1 folha de louro Farinha 2 colh. sopa de margarina 4 colh. sopa de azeite 2 tomates Receita: Corte o coelho aos bocados e ponha-o a marinar no vinho tinto com as cebolas e o alho cortados às rodelas, sal, pimenta, cravinho e o louro. Tire os pedaços de coelho da marinada, reservando o líquido, passe-os por farinha e aloure-os na margarina e azeite. Junte ao coelho as cebolas, os alhos, o louro e os tomates pelados e cortados aos bocados. Deixe ferver um pouco, junte o liquido da marinada e rectifique os temperos. Tape e deixe cozer suavemente até o coelho estar macio.

Sopa de Cogumelos com Gambas Ingredientes: 250 gr de cogumelos frescos 50 gr de farinha de arroz 1 L de caldo de carne 50 gr de margarina Parte branca de 1 alho francês 0,5 dl de natas 2 gemas 100 gr de gambas cozidas Sal q.b. Receita: Limpe e pique o alho francês, e leve ao lume com a margarina. Deixe refogar, sem alourar. Junte os cogumelos lavados, mexa e deixe estufar um pouco. Adicione o caldo com a farinha de arroz previamente dissolvida e deixe ferver durante 5 minutos. Passe com a varinha mágica até obter um creme fino e rectifique o sal. Numa taça, misture as natas com as gemas e adicione ao creme. Deixe aquecer, sem ferver, e junte as gambas descascadas.

Números em Síntese

Fonte: Saúde e Bem Estar

Quantidade de quilos de pescado que os portugueses comem por ano per capita

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Vidas

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Facebook: Quem vê caras não vê corações Às vezes acontecem coisas connosco que, se nos forem contadas, temos dificuldade em acreditar. O que me aconteceu poderia muito acontecer a qualquer um de nós desde que tenha uma conta no facebook e acumule amigos sobre amigos, ou seja, gente que nunca não conhecemos de lado nenhum e, gostando daquilo que dizemos ou porque temos uma foto que nos faz mais bonitas do que aquilo que somos. Também acontece que a alguns que nos pedem amizade não lhes interessar a fotografia para nada. Também não lhes interessa aquilo que pensamos das coisas belas e dos nossos gostos. O que eles querem é meterem conversa para armarem armadilhas que, se não estamos atentas, caímos que

nem patinhos. Diz-se e fala-se de muita coisa no facebook. Há gente para todos os gostos e feitios: feios, bonitos, inteligentes, sabichões, malcriados, bondosos, pedantes, falsos, verdadeiros e palermas, para não dizer outra coisa. Há pessoas que se alimentam do facebook. Estou em crer que seriam muitos tristes se não tivessem acesso a esse meio. Como não sou diferente de ninguém, também eu me agarro ao facebook como se fizesse parte da minha vida e, através dele, colecciono amigos (já tenho quase trezentos). Nesta vida virtual, nas duas ou três horas que estou no facebook há pelo menos uns cinco ou seis homens que se metem comigo de

maneiras muito diferentes: uns directos, outros românticos e outros à procura de amantes. Há casados (embora mintam e digam que não são), solteiros, divorciados, viúvos... Eu sei lá, é só escolher! Infelizmente, caí na armadilha de um. Entrou assim de bons modos, bem-educado e muito cavalheiro. No seu abum de fotografias via-se que era um homem bem posto e atraente; um sorriso largo e dentes brancos e perfeitos. Para condizer, estava sempre bem vestido, nas fotos. Chama-se, dizia o seu perfil, Orlando. Da sua idade, nada dizia, tinha apenas nascido a 13 de Junho. Também dizia que morava aqui numa cidade perto de Freiburgo. Mandava-me sempre mensa-

Por: Paulo Freixinho

r Palavras cruzadas

Receba PORTUGAL POST em sua casa por apenas 22,45 € /ano HORIZOnTAIS: 1 - Espíritos. Romper. 2 - Quadro pintado sobre tela, pano ou madeira. Jazigo de minérios. 3 - Recurso (fig.). Preposição que indica lugar. Estrela. 4 - Curso de água natural. Presunçoso. 5 - Antes de Cristo (abrev.). (...) Elfenkämper, embaixador da Alemanha em Lisboa. 6 - Estar informado. Pessoa louca. 7 - Arenoso. Elas. 8 - Terreno em que há valas para as águas. Víscera dupla. 9 - Ovário dos peixes. Atmosfera. Batráquio anuro semelhante à rã. 10 - Azáfama. Ser vivo irracional. 11 - Ser infiel a. Fruto silvestre. VERTICAIS: 1 - Raspas. Forma internacional de vóltio. 2 - Fome (pop.). Ajustar. 3 - Coisa delicada que se oferece. Poesia narrativa que reproduz narrações ou lendas. 4 - Nome feminino. Planta trepadeira da família das araliáceas. Suspiro. 5 - Partícula apassivante que indica que um verbo está na voz passiva. Caminho estreito. 6 - Fiel. Tontura. 7 - Delicado. Sódio (s.q.). 8 - A unidade. Rijo. Anuência. 9 - Galhofa. Galho. 10 - Idade. Construir ou separar com taipa. 11 - Lâmina com muitos orifícios para coar a água e outros líquidos. O que se dá aos pobres por caridade.

gens muito educadas e sentidas. Às vezes falávamos no Chat horas a fio. As conversas era sobre isto e aquilo. Não demorou muito tempo e começamos e falar de nós. Eu dizia-lhe que vivia só por estar divorciada do meu ex, que trabalhava e, infelizmente, não tinha filhos. Dizia-lhe que gostava muito de crianças e ele respondia que sim, embora não tivesse filhos e fosse ainda solteiro. Numa dessas conversas revelámos um ao outro a nossa idade: ele tinha 42, disse-me, e eu informei-o que tinha 38 anos. Ele era de facto muito cavalheiro. Sem dar por isso, já só nos sentávamos ao computador para falar um com o outro. Havia partes do dia em que ele não ligava o facebook: à hora do jantar e aos domingos. Durante as nossas conversas falávamos de tudo como se fossemos dois namorados. Chegámos a ponto em que quase dissemos coisas íntimas um ao outro. Parecíamos já dois namorados. Neste andar, houve um dia em que lhe dei a entender que já seria o tempo de nos encontrarmos: falei nisso por ele não se decidir e nunca ter colocado essa hipótese. Afinal, só morávamos a 220 quilómetros um do outro e éramos livres, com tempo ao fim-de-semana. Quer dizer, podíamos ter um encontro bonito e que a partir daí poderia nascer uma relação. Inicialmente, ele desculpou-se com questões de tempo. Dizia que os domingos passava-os com a mãe, pessoa idosa a viver num asilo. Inicialmente, louvei o seu gesto por querer estar ao lado da sua querida mãe. Falei-lhe, então, na possibilidade de eu ir ter com ele num Sábado. Disse que sim, mas que depois me confirmava a data que lhe dava jeito. Enquanto não nos víamos, o facebook era o meio do nosso namoro. Conclusão, já não podíamos passar uma sem o outro. Um dia propus-lhe que nos visse-mos pela câmara do computador. O facebook dá também a possibilidade das pessoas comunicarem entre si através de vídeo. A sua resposta foi uma esfarrapada desculpa: ah, não, deixa para uma outra altura porque aqui não há boa luz, etc. Não o podia obrigar, como era óbvio. A partir de um determinado dia deixou de aparecer no facebook. Também não me respondia aos sms que lhe enviava. Fiquei triste. Já estava habituada a ele e, pouco a pouco, ia descobrindo emoções e sentimentos que a ele me ligavam. É certo que já começava a pensar numa relação com

ele. A minha vida de solitária não podia perdurar muito. Afinal, ninguém gosta de estar sozinho e, quando o estamos, pensamos mais intensamente em conseguir alguém para comungarmos a nossa vida e os nossos sentimentos. Passaram dias e dias. Eu continuava a frequentar o facebook e alguns homens continuava a lançar o isco. É certo que também mantinha conversas absolutamente normais com pessoas “amigas”. Mas desse Orlando nunca mais ouvi nada. Às vezes ia ver o seu mural e ele estava parado no tempo. Tinha deixado de escrever coisas. Um dia há um homem que me pede amizade. Aceitei e não estive a ver quem era ou não era. Foi este que, alguns dias depois, também se meteu comigo. Por curiosidade, fui ver o seu mural e as suas fotografias. Era um Alfredo Dias, dizia que tinha 58 anos e morava perto de Estugarda. A foto do seu perfil era a de um homem já entrado na idade, calvo, com uma cara redonda e enrugada e um olhar de poucos amigos. Dando uma volta pelas fotos dele deparei que havia ali algo estranho porque em algumas das fotografias aparecia o tal Orlando e outras que este último tinha também no seu álbum. Movida pela curiosidade, aceitei conversa com o calvo com a intenção de tirar “nabos da púcara”. Primeiramente comecei por aceitar os seus elogios à minha pessoa, se bem que eram mais piropos do que cumprimentos. Havia naquilo que ele dizia, ou seja, na forma como escrevia, semelhanças com o paleio do tal Orlando. Foi então que lhe perguntei se ele conhecia o tal Orlando. A resposta foi um não, disse que não, não conhecia. Disse-lhe que ele tinha uma foto do tal Orlando no seu álbum. Insistiu que não conhecia, explicou. Vi que ali anda marusca. Ele, a escrever, cometia os mesmos erros que o tal Orlando fazia. Um dia esse A. Dias meteu de novo conversa comigo e fui directa: Ouve lá, não serás tu o dito Orlando? A resposta demorou muito. Voltei a insistir. Lá me confessou. Disse que sim e pediu-me desculpa. A sua explicação para aquela encenação, disse, é que ele tinha problemas com a sua figura, com a sua idade e com a sua condição de mal casado e tinha colocado uma foto de um sobrinho dele para impressionar. Desliguei o chat, não lhe disse nada e “desamiguei-o” do meu minha página do facebook I.Marques

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Economia & Negócios

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na Feira Heimtextil 2013 em Frankfurt

O

Portugal Post visitou no passado dia 10 de janeiro, a maior feira mundial de Têxteis-Lar, no centro de exposições da Messe Frankfurt, na cidade de Frankfurt am Main. A Heimtextil é a maior feira internacional para artigos têxteis-lar e decoração de interiores. É o ponto de partida para os profissionais de todo o mundo definirem as suas compras e um evento de orientação global de tendências do setor com participação de expositores de várias partes do mundo. Depois de passar a habitual cerimónia de controlo de entrada no recinto, dirigimo-nos ao

Fórum de tendências para admirar a exposição “Being – Internationale Heimtextil Trends” que mais uma vez mostrou aos estilistas de todo o mundo as novas tendências a seguir neste setor para as próximas coleções. Até lá chegar percorremos quilómetros de passadeiras rolantes de tal forma a feira é extensa. Tentem imaginar um espaço onde cabem 2.600 expositores e 70.000 visitantes profissionais de 120 países! O ecletismo manifestado na mistura de estilos e o padrão estético apresentado sugerem para as próximas coleções uma franca variedade de referências ao

mundo das viagens e ao orientalismo. O limite entre a criação da moda e a criação da arte vem-se reduzindo, e nesse aspeto os “estilistas” estão cada vez mais criativos e inovadores, tendo apresentado quatro temas: “O historiador, O excêntrico, O inventor e O Geologista. Estes temas vão seguramente aparecer nas lojas no próximo inverno. Portugal apareceu entre os melhores com produtos de 20 empresas selecionados para esta mostra de tendências. A sociedade moderna rompeu com o sentido de tradição, e tanto a arte como a moda seguem a direção da novidade, PUB

do diferente, do nunca visto, possibilitando a relação moda/arte. As tendências surgem primeiro na arte, passam depois para a arquitetura e para as coleções de vestuário e mais tarde são assimiladas pelos têxteis-lar e design de interiores. A nossa visita a esta feira tinha como objetivo observar a participação das 62 empresas portuguesas expositoras. Durante a visita tivemos oportunidade de trocar impressões com o Presidente da Messe Frankfurt, Wolfgang Marzin, que elogiou o número e a qualidade da participação portuguesa nesta feira, que considera impressionante. A impressão geral que pudemos recolher e que nos foi transmitida é a de que o ano de 2013 poderá ser um ano melhor para as exportações portuguesas neste setor. Foi-nos referido o regresso dos compradores americanos e também dos compradores europeus que após desviarem as suas compras durante alguns anos para a Ásia estão de novo a comprar às nossas empresas. Surgiram também compradores de novos mercados da América Latina e a curiosidade de algumas das nossas empresas referirem estar a exportar produtos de muito elevada qualidade para a China. A forma como as empresas nacionais aqui presentes se apresentaram revela que este é um cluster nacional de sucesso e que deve orgulhar todos os portugueses. A afirmação internacional deste setor é a prova como é possível às nossas empresas reformularem a sua estratégia, refazerem o seu caminho, reequacionarem o seu modelo de negócio e readaptarem os seus recursos e produtos com sucesso. O excesso de capacidade produtiva mundial e a liberalização do

comércio criou um efeito negativo nos preços de fabrico. Tal significou, nomeadamente para a têxtil portuguesa, uma espiral negativa para aqueles que insistiram no modelo de negócio convencional e no fabrico de artigos indiferenciados perante rivais cada vez mais competitivos no preço. As empresas que aqui visitamos foram as que mostraram ser capazes criar vantagens competitivas, não assentes no preço, mas num novo modelo de negócio, com base no serviço ao cliente. De referir também o assinalável investimento que as maiores empresas nacionais realizaram na construção e decoração dos seus stands, que atinge o apogeu no Hall 11, o de maior prestigio na feira, onde os stands das nossas empresas se afirmam por entre as melhores do setor quer em termos de inovação e criatividade quer em termos de qualidade. Se há uns anos atrás as empresas italianas dominavam o Hall de maior prestigio conhecido como “Dream Land”, hoje são as nossas empresas que se apresentam em maior número. Particularmente notáveis os stands das empresas Coelima, Lameirinho, Home Flavours Texteis, Texteis J. F. almeida, JMA, Mundotextil, António de Almeida, Lasa, Sampedro, Fábrica de Tecidos do Carvalho, Bom dia, Felpinter. Porque consideramos difícil transmitir o que vimos apenas recorrendo a texto, juntamos alguns exemplos de fotografias que tivemos oportunidade de recolher durante a nossa visita: A Associação Seletiva Moda´, num stand ocupando uma área de 150 m2, apresentou as propostas portuguesas de tendências e inovações, surpreendendo pela decoração e qualidade das suas propostas: Durante a visita percebe-

mos com clareza que as vantagens competitivas deste cluster nacional são: • Em primeiro lugar, a indiscutível flexibilidade produtiva da maioria das nossas estruturas, permitindo assim responder à renovação constante da oferta que o mercado exige, proporcionando prazos de entrega muito curtos e séries de produção – quantidades por modelo – com mínimos baixos, que permitem deste modo aceder a produtos de nicho, a programas flash, que a concorrência mais longínqua não consegue abordar; • Em segundo lugar não podemos deixar de salientar o elevado knowhow técnico (o “saber fazer”) que este setor nacional possui. A nossa indústria está preparada tecnicamente para produzir a melhor qualidade, o mais difícil, o mais inovador e o mais complexo produto do mercado. Durante esta visita podemos observar como se aplica na Alemanha o modelo da diplomacia económica, contribuindo para um novo ciclo em que o Embaixador de Portugal e o Diretor do Centro de Negócios da Aicep em Berlim se alavancaram mutuamente em prol de mais e melhores exportações nacionais, da internacionalização das empresas portuguesas e da promoção de Portugal e das suas marcas. No final do dia, longe da multidão e ao pisar a neve ainda fresca depositada no passeio, um momento de emoção invadiu o nosso espírito, tão forte nos marcou a brilhante presença das empresas portuguesas.

Da esquerda para a direita: Representante Messe Frankfurt em Portugal Cristina Motta, Presidente Associação ANIT-LAR Amadeu Fernandes, Diretor Geral Messe Frankfurt Detlef Braun, Embaixador Almeida Sampaio, Diretor Geral Associação APT Paulo Vaz, Pedro Macedo Leão, Mónica Lisboa Conselheira da Embaixada em Berlim, Estagiário na Embaixada João Gonçalves e Presidente do Conselho Administração da Lameirinho Coelho Lima


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Última • Nº 223 • Fevereiro 2013

Köln Alaaf! Salvador M. Riccardo

E

stávamos em Fevereiro e entrei na cidade de Colónia confortavelmente sentado a bordo do comboio rápido ICE. Ao atravessar a ponte metálica sobre o Reno pude apreciar o gigantismo da catedral que emerge da cidade e parece querer furar as nuvens no céu. Estava longe de imaginar o que me esperava. Uma semana antes na minha caixa de correio eletrónico uma mensagem do meu amigo Klaus convidava-me a conhecer o famoso Carnaval de Colónia. Saí do comboio já mascarado, de campino ribatejano, e Klaus propôs-me logo ir tomar um pequeno-almoço. Chegados ao famoso Früh - o local era imenso, um verdadeiro labirinto, com vários andares, salas escondidas, escadas por toda parte - foi com algum espanto que me apercebi que os palhaços e os grupos de samba à minha volta pediam ao empregado não café mas antes cerveja como bebida! Os garçons andavam com umas bandejinhas sempre lotadas de copos cheios (se bem me lembro o nome da tal bandeja era

Kölschkranz), e iam distribuindo pelas mesas. Já um pouco alcoolizado vi-me conduzido desta vez para a Zülpicher Strasse, um dos hotspots do Carnaval de Colónia. A rua estava fechada ao trânsito e não passavam elétricos. Aqui estava a decorrer uma cerimónia onde o Presidente da Câmara e o „Dreigestirn“ atiravam chaves aos habitantes de Colónia, autorizando-os a fazer o que quisessem durante uma semana. Para quem

não sabe os três membros do “Dreigestirn” são eleitos e representam a Virgem (mãe protetora de Colónia), o Príncipe (Alto Representante do Carnaval) e o camponês (símbolo da libertação das garras do Arcebispo de Colónia). Já participei em muitos desfiles de Carnaval, mas tenho que confessar que esta loucura numa quinta-feira, supostamente um dia normal de trabalho, me apanhou desprevenido. Apenas vos posso dizer

que durante o Carnaval aqui tudo era permitido. No início achei um pouco estranho ver todos mascarados a entrarem nos locais habituais de trabalho, para o início de mais um dia de trabalho – afinal eu estava na Alemanha … ou sei lá antes no Carnaval do Rio?. Até podia ser, só que o mercúrio do termómetro mais perto dos zero do que dos trinta graus não deixava margem para grandes ilusões. Klaus trabalhava tal como uma grande percentagem dos habitantes de Colónia na seguradora Gerling – uma instituição da cidade. Dentro do edifício austero e massivo da sede da Gerling, o ambiente naquela manhã era de festa. Nos corredores mais palhaços (o traje favorito), um traje tradicional do Vietname, uma girafa vinham ao nosso encontro e cumprimentavam-nos alegremente. Toda esta excitação me pareceu bizarra, mas terminado o carnaval, quando a cidade voltou ao normal fiquei com a impressão de ter estado num outro mundo. O Carnaval terminou na terça-feira à noite com a Nubbelverbrennung, uma cerimónia de queimar Nubbels ou bonecas de pano de tamanho humano, insultando-as, para os habitantes de Colónia se verem

perdoados dos pecados cometidos durante o carnaval. Lembro-me de ser ainda criança, naquela fase em que a consciência começa a surgir nas nossas cabeças e nos faz estar conscientes do que nos rodeia. Quando ainda não percebemos mas já não estamos alheados do que se passa à nossa volta. Lembrome do Carnaval que fazíamos perpetuando as tradições. Visitavam-se as principais artérias da aldeia com alegria e alguns excessos. Ninguém se importava com isso mesmo que todos soubessem quem eram os mascarados. Era uma tarde de festa e folia. Tudo era acompanhado por foguetes, música, risadas, comida e vinho. Depois de toda a encenação Religiosa e Pagã, esperava-se pela noite onde se realizava a mais emblemática manifestação Carnavalesca de transição de estação. Na minha terra, chamavam-lhe o „Arturinho“ (vulgo Pai Velho), nome que davam ao Entrudo ou „Estruído“. Fazia-se um boneco de palha ao qual se atiçava lume. Previamente escondidas nas suas entranhas estavam morteiros de foguetes que davam uma certa espetacularidade à queima daquela figura empalhada.

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