Portugal Post Agosto 2012

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PORTUGAL POST ANO XIX • Nº 217 • Agosto 2012 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: correio@free.de • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718

Münster

Rosália Rodrigues: uma mulher de fé e solidária Pág. 7

n PSD quer conhecer perfil dos presos portugueses

no estrangeiro › São 103 os portugueses detidos em prisões na Alemanha Pág. 4

n José Gomes Rodrigues

homenageado pela cidade de Neuss Pág.10 n Crónica de Glória Sousa

“In Ornung” no Verão Pág. 13 Encerramento do Vice-Consulado em Osnabrück discutido na Assembleia da República A oposição criticou no parlamento a decisão governamental de encerrar o vice -consulado de Portugal em Osnabruck ,

enquanto CDS e PS lembraram a necessidade de contenção de gastos. Pág. 11

Câmara de Comércio Luso-Alemã prepara uma acção na Alemanha para relançar imagem de Portugal A Câmara de Comércio Luso-Alemã está a neste país a imagem de Portugal, que saiu lipreparar para Setembro um `road show` em geiramente “prejudicada” com a crise interquatro cidades alemãs, a fim de relançar nacional. Pág. 23 Publicidade

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PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

PORTUGAL POST

Editorial Mário dos Santos

Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 Director: Mário dos Santos Redação e Colaboradores Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim Cristina Krippahl: Bona Joaquim Peito: Hanôver Luísa Costa Hölzl: Munique Correspondentes António Horta: Gelsenkirchen Elisabete Araújo: Euskirchen Fernando Roldão: Frankfurt/M João Ferreira: Singen Jorge Martins Rita: Estugarda Manuel Abrantes: Weilheim-Teck Maria dos Anjos Santos: Hamburgo Maria do Rosário Loures: Nuremberga Vitor Lima: Weinheim Colunistas António Justo: Kassel Carlos Gonçalves: Lisboa Glória de Sousa: Bona Helena Ferro de Gouveia: Bona Joaquim Nunes: Offenbach José Eduardo: Frankfurt / M Luciano Caetano da Rosa: Berlim Luísa Coelho: Berlim Marco Bertoloso:  Colónia Paulo Pisco: Lisboa Rui Paz: Dusseldórfia Salvador M. Riccardo: Lisboa Teresa Soares: Nuremberga Tradução Barbara Böer-Alves

E agora, será que Osnabrück desiste?

T

ivemos a paciência de assistir pela tv à tarde parlamentar no dia em que estava anunciada a discussão da petição contra o encerramento do vice-consulado em Osnabrück. Quem assistiu viu, como nós, o decorrer do rol de muitas outras petições apresentadas por cidadãos, associações e autarquias sobre as mais diversas situações de um país que se arrasta para o canto mais miserável da Europa, com cerca de um milhão de desempregados, sendo que mais de metade não tem subsídio de desemprego, isto é, vive sem qualquer fonte de rendimento. Voltando ao parlamento, as petições que se apresentavam nesse dia eram de cidadãos que pediam a abertura de centros médicos, a redução de preços de medicamentos, a abertura de serviços públicos e escolas, etc.. Quando chegou a vez dos deputados discutirem a petição contra o encerramento do vice-consulado em Osnabrück sentimos que

ela estava a mais naquele lugar, ou melhor, que era um assunto de parca importância,“discutido” porque a ordem de trabalhos assim o obrigava. A forte impressão com que se ficou é que, logo que o assunto acaba, os deputados (salvo raras excepções) esquecem a petição, Osnabrück e o consulado. No fim, os interessados e visados devem ter feito a pergunta a si próprios se valeu a pena o trabalho de recolha das mais de 5000 assinaturas para levar a questão ao parlamento. A pergunta daqueles que seguiram a “discussão” deve ter sido a seguinte: E agora? Agora? Agora nada!... Aquilo que se assistiu no parlamento não foi um debate, foi assim uma coisa “chata” sobre a qual se deve dizer algo para “inglês ver”. Pois, e agora? A esta interrogação o Governo respondeu no dia seguinte ao debate desta forma: “a decisão de encerrar o posto em Osnabrück está

tomada”. As esperanças de muitos, que viam no parlamento uma oportunidade para que o governo reconsiderasse a sua decisão, saíram, assim, goradas. Chegados a esta situação, somos de opinião que aqueles que estão mais empenhados nessa luta deveriam avaliar realisticamente a situação e virar as exigências da luta para melhores, mais regulares e mais eficazes permanências consulares. Insiste-se, por exemplo, que o ConsuladoGeral em Düsseldorf deve rever o actual plano das suas permanências e aplicar, talvez, um plano idêntico ao do consulado em Estugarda. Por seu turno, os responsáveis pelos postos consulares devem considerar que, paralelamente às permanências, a presença de técnicos sociais durante o horário das permanências poderia tornar-se uma realidade. São muitos os cidadãos em situação de carência social. Esta deve ser a luta, pensamos nós.

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PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

Segundo comissário do Conselho da Europa

Crianças portuguesas estão a emigrar para trabalhar Os alertas do comissário Nils Muiznieks surgem num relatório que resulta de uma visita a Portugal O comissário do Conselho da Europa para os direitos humanos alertou que há crianças portuguesas a emigrar para trabalhar por causa da crise e famílias a retirar idosos das instituições para beneficiar das suas reformas. Os alertas do comissário Nils Muiznieks surgem num relatório que resulta de uma visita a Portugal, entre 7 e 9 de Maio, durante a qual se debruçou sobre o impacto da crise e das medidas de austeridade sobre os direitos humanos. “Durante a sua visita, o comissário foi informado de que, desde o início da crise, tem havido casos de crianças a migrar por motivos de trabalho para outros estadosmembros da UE”, pode ler-se no relatório de 18 páginas. O documento acrescenta, citando especialistas, organizações da sociedade civil e sindicatos ouvidos pelo comissário, que “a crise financeira, o aumento do desemprego e a diminuição das fontes de rendimento das famílias devido às medidas de austeridade levaram as famílias a fazer novamente uso do trabalho infantil, nomeadamente no sector informal e

na agricultura”. Recordando que o país já regista uma elevada taxa de abandono escolar, o comissário apela às autoridades portuguesas que

monitorizem a evolução deste problema e que não descontinuem programas que visam prevenir o trabalho infantil. O responsável refere, por

exemplo, ao Programa Integrado de Educação e Formação, que visa prevenir o trabalho infantil, alertando ter sabido, durante a sua visita, de que este “poderá ser descontinuado”. Nils Muiznieks manifesta também preocupação com relatos de que a pobreza infantil está a aumentar em Portugal, como consequência do aumento do desemprego e das medidas de austeridade, nomeadamente os cortes nos abonos de família. O comissário teme que as medidas de austeridade dos últimos dois anos ameacem seriamente as melhorias alcançadas na última década e apela às autoridades que tomem particular atenção ao possível impacto da crise no trabalho infantil e na violência doméstica contra as crianças. Isto porque “uma situação socioeconómica cada vez mais difícil para as famílias, que são sujeitas a elevados níveis de ‘stress’ e pressão, pode resultar em sérios riscos de violência doméstica contra as crianças”. O risco de violência doméstica afecta também os idosos, alerta o

responsável, que diz ter tido conhecimento de que muitos casos de violação dos direitos humanos, incluindo violência, “resultam de famílias que estão a retirar os idosos das instituições e a levá-los para casa para poderem beneficiar das suas pensões. “Interlocutores do comissário que trabalham com idosos relataram um aumento dos casos de extorsão, maus-tratos e, por vezes, negligência depois de idosos com problemas de saúde serem retirados das instituições”, especifica o texto, que cita números da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima que atestam um aumento de 158% no número de casos de violência contra idosos entre 2000 e 2011. O comissário reconhece que o programa de emergência social, lançado pelo governo no ano passado, inclui uma série de medidas que visam mitigar os efeitos da austeridade nos idosos, mas considera que, sozinhas, estas medidas “podem não ser suficientes para responder de forma abrangente às crescentes dificuldades que enfrentam muitos idosos”.

Mais de 70 mil portugueses emigram todos os anos Mais de 70 mil portugueses estão a emigrar todos os anos, segundo o relatório anual divulgado pela OCDE, que indica que a maioria dos que abandonam o país tem menos de 29 anos. A entrada de imigrantes e saída de portugueses para outros países diminuiu cerca de 12 por cento em 2010, revela o relatório „International Migration Outlook 2012“, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). A tendência de diminuição de circulação de pessoas regista-se há já vários anos. Apesar de, na última década, a taxa migratória (diferença entre imigrantes e emigrantes) continuar positiva mais 182 mil pessoas — a verdade é que representa apenas me-

tade do valor registado entre 1991 e 2000. Uma das causas para esta diminuição está na saída de portugueses. Desde meados da década passada, são cada vez mais os que decidem abandonar o país à procura de uma vida melhor. Actualmente, mais de 70 mil pessoas emigram todos os anos. Portugal surge assim no relatório da OCDE ao lado da Grécia, Irlanda, Itália e Espanha, onde já era espectável que o agravamento da situação económica levasse a um aumento da emigração. As mesmas razões - a crise económica e falta de emprego provocaram também uma diminuição de entradas no país. Segundo o relatório, são cada vez menos os imigrantes não europeus que pedem vistos de longa duração: em 2010, os serviços receberam menos de 15 mil pedidos,

registando o valor mais baixo desde 2003. Os pedidos de autorização para estudar em Portugal passaram a ser os que têm mais peso estatístico, representando quase metade (47%) da totalidade dos vistos de longa duração. Logo a seguir surgem os vistos atribuídos às famílias (cerca de 25%) e, finalmente, os vistos de trabalho (16%). Os pedidos para requerer um visto de trabalho têm vindo a diminuir desde 2009, altura em que deixaram de atingir o limite máximo permitido pelo Governo, de 3.800 por ano. A maioria dos imigrantes que vivem em Portugal são de países lusófonos, em especial de Cabo Verde e Brasil. O relatório destaca a forte presença dos imigrantes dos PALOP (42%), de brasileiros (23% do total) e os chineses (7%).

Já os imigrantes de leste são cada vez menos. Entre 2009 e 2010, o número de novas autorizações de residência passou de 61.400 para 50.700. E o número de estrangeiros legalizados diminuiu dois por cento em 2010, atingindo os 448 mil: 27% eram brasileiros, 11% ucranianos e 10% cabo-verdianos. Entre as razões para a diminuição da imigração, o relatório aponta o aumento de casos de dupla nacionalidade, naturalização portuguesa (principalmente entre os PALOPS) e regresso ao país de origem (mais habitual entre os imigrantes de leste). No que toca ao exílio, Portugal registou um aumento de pessoas exiladas (de 140 em 2009 para 160 em 2010), mas continua a ser o país da OCDE que recebe menos pedidos. O relatório analisou ainda as

políticas de migração e as alterações legislativas nacionais (feitas em 2006, 2007 e 2008), chamando especial atenção para o facto de „a integração dos imigrantes continuar a ser uma prioridade política“. O documento sublinha ainda as 122 medidas do I Plano Nacional de Integração (2007-2009) que abrangia áreas como educação, saúde, Segurança Social, racismo ou trabalho. „Os objectivos foram considerados por todos como tendo sido atingidos a 80%“, lê-se no documento, que refere que o II Plano para a Integração dos Imigrantes (em vigor entre 2010 e 2013) passou a ter 90 medidas e dois novos focos: a promoção da diversidade e protecção dos imigrantes mais velhos e a protecção contra o empobrecimento e desemprego imigrante.


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Nacional & Comunidades

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ENSINO

JOSÉ CESÁRIO

Próximo ano lectivo no estrangeiro com O pior que se pode fazer é ignorar que a emigração existe mais alunos e menos cursos A rede de ensino de português no estrangeiro terá no próximo ano lectivo mais alunos, mas menos cursos, disse o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, admitindo casos de maior concentração de alunos por turma „Na rede tradicional do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) vamos ter um número de alunos ligeiramente superior àquele com que terminámos o actual ano lectivo, ou seja, teremos 57.212 alunos (56.191 em 2011/2012), que se distribuirão por 3.603 cursos, que é um número ligeiramente inferior àquele com que terminamos este ano (3.621)“, disse José Cesário. Ainda assim, o secretário de Estado, que tutela o ensino de português no estrangeiro através do Instituto Camões, garante que se conseguiu „manter a resposta às necessidades da rede tradicional“. A rede „tradicional“ do EPE inclui os cursos de português integrados nos sistemas de ensino locais e os cursos associativos e paralelos em países como a Alemanha, Espanha, Andorra, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Reino Unido, Suíça, África do Sul, Namíbia, Suazilândia e Zimbabué. O responsável admitiu que em

alguns casos aumentou o número de alunos por turma. „Em alguns casos temos efectivamente mais alunos por turma. A regra dos 15 alunos por turma, que já existia, foi agora executada com maior rigor“, explicou o secretário de Estado. Adiantou que, relativamente aos cursos paralelos do ensino básico acabaram, na generalidade dos países, as situações de alunos com apenas uma hora lectiva semanal de português. José Cesário, que está a negociar com os sindicatos de professores o Regime Jurídico do Ensino Português no Estrangeiro, adiantou que as conversações estão a decorrer „de forma satisfatória“ relativamente a questões como as regras dos concursos ou a necessidade de certificação das aprendizagens. „Temos apenas um ponto de divergência em que é difícil haver acordo que é a questão da introdução de propinas no sistema“, disse o governante, ressalvando que,

apesar de ser importante, „em boa verdade não é um ponto de negociação“. O Governo tinha anunciado a introdução de uma propina de 120 euros a pagar pelos alunos de português no estrangeiro no próximo ano lectivo para cobrir despesas com os manuais e com a certificação, mas até ao momento ainda não aprovou a legislação que permitirá cobrar a referida taxa. Para já, é certo que o valor da taxa a pagar no próximo ano não incluirá o montante referente aos manuais. „A partir do momento em que saia o decreto começará a ser aplicada [a propina] embora em modalidades diferenciadas tendo em consideração o que é possível fazer. Este ano lectivo não é possível fazer a distribuição dos manuais escolares e é evidente que não vamos considerar essa modalidade na propina“, explicou. Questionado sobre se haverá cobrança da propina caso não seja possível chegar a acordo com os sindicatos e aprovar o decreto-lei antes do início do ano c, que em alguns países ocorre em Agosto, José Cesário respondeu que „os governos se fazem para governar e tomar decisões“.

O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, afirmou que o pior que se pode fazer é ignorar a existência do fenómeno da emigração nacional, que atravessa um dos maiores picos de sempre. “O pior que podemos fazer é fazer de conta de que ela não existe”, afirmou o secretário de Estado durante uma sessão de esclarecimento a trabalhadores do sector da construção sobre “Trabalhar no Estrangeiro” no Marco de Canavezes, no âmbito da campanha desse mesmo nome feita em parceria com o Sindicato da Construção de Portugal, com a Segurança Social e com as autoridades laborais. Perante uma plateia de mais de 20 pessoas, José Cesário reconheceu que se está a assistir a “uma das maiores ondas de emigração de sempre”, lembrando, ainda assim, que “o português sempre emigrou”, citando os 30.000 cidadãos que saíram do país durante os primeiros anos da década de 1990, momentos de crescimento económico. José Cesário alertou para os riscos que qualquer emigrante corre, conhecendo o secretário de Estado “alguns a quem aconteceram coisas inimagináveis”, não só

no sector da construção, mas também na agricultura, hotelaria e outros. O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas apelou a que as pessoas se informassem antes de sair do país e admitiu que há falhas no atendimento em países estrangeiros: “Há consulados que são actuantes, mas outros? Que Deus nos ajude!” Segundo José Cesário há hoje 92 câmaras municipais com gabinetes de apoio ao emigrante, que podem dar apoio aos trabalhadores que estiveram no estrangeiro de modo a que possam reclamar as reformas a que têm direito pelos anos passados no exterior. Quando interpelado por um membro do público, um trabalhador de 58 anos que pediu ao Governo mais esforços para trazer até aos desempregados as ofertas de trabalho no estrangeiro, José Cesário deu os exemplos de “dezenas largas” de enfermeiros que foram para França e Alemanha e o caso “estranho” de centenas de aplicadores de estores pedidos pela Suíça ainda no mês passado. Por outro lado, também se dá o caso contrário, como o do Luxemburgo, de onde chegou o pedido para que se passe a palavra: “Não venha para cá mais ninguém”.

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PSD quer conhecer perfil dos presos portugueses no estrangeiro › São 103 os Portugueses detidos em prisões na Alemanha O deputado social-democrata Carlos Gonçalves pediu ao Governo informações que permitam traçar o perfil dos cerca de 2.500 presos portugueses no estrangeiro, número que este ano consta pela primeira vez do Relatório de Segurança Interna. Carlos Gonçalves, eleito pelo círculo da Europa, adianta que em 2011 o Relatório de Segurança Interna regista a existência de 2.481 reclusos portugueses no estrangeiro, dos quais 509 em França, 268 nos Estados Unidos, 190 no Luxemburgo 103 na Alemanha, mas ressalva a falta de dados sobre os crimes cometidos e a duração das penas. Em pergunta dirigida ao Ministério da Administração Interna, o deputado pede informações complementares que permitam

„perceber melhor uma outra realidade da emigração portuguesa“. Apesar de reconhecer que os números do Relatório de Segurança Interna não são exaustivos, Carlos Gonçalves considera-os

“bastante diminutos tendo em conta a dimensão das comunidades“, acrescentando que são „um sinal bastante reconfortante do sucesso da integração“ dos emigrantes.

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Ncional & Comunidades

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Crónica Joaquim Peito

Relvas e as ervas daninhas O por enquanto ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares Dr. Miguel Relvas (em Portugal qualquer licenciado se arroga o direito de ser tratado com um dr. antes do nome) fez em apenas um ano uma licenciatura que tem um plano de estudos de 36 cadeiras semestrais distribuídas por três anos

nicialmente chamaram “geração rasca, ao grupo dos jovens que se abstiam que protestavam contra provas gerais de acesso e que se acorrentavam a portas de faculdades porque não queriam pagar propinas. Depois, passaram a chamarem-se “geração à rasca, aqueles que ainda conseguiram um emprego mas que nunca serão ricos, os que terão de trabalhar mais de 40 anos com a incerteza de uma reforma no horizonte. Mas agora percebe-se que a geração jovem portuguesa, aqueles que têm até pouco mais de 30 anos, é afinal a geração “parva”. A designação provém da música “Que Parva Que Eu Sou” dos Deolinda, uma canção que se tem tornado um vírus, ganhando fãs a cada dia que passa em vídeos no Youtube, em blogues, nas páginas dos jornais ou na televisão. “Sou da geração sem remuneração /E não me incomoda esta condição / Que parva que eu sou / Porque isto está mal e vai continuar / Já é uma sorte eu poder estagiar / Que parva que eu sou / E fico a pensar / Que mundo tão parvo / Onde para ser escravo é preciso estudar”. A música cantada pela voz já quase inconfundível de Ana Bacalhau fica rapidamente no ouvido e a letra começa a pairar a nossa mente. “Sou da geração ‘casinha dos pais’/ Se já tenho tudo, pra quê querer mais?/ Que parva que eu sou / Fil-

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hos, maridos, estou sempre a adiar / E ainda me falta o carro pagar...” A verdade é que, sem reflexão ou talvez não...), os Deolinda criaram um hino para a geração jovem atual, aqueles que têm de pagar propinas para fazer um curso superior, aqueles que dificilmente encontram um trabalho que não implique o pagamento a recibo verde aqueles que não conseguem ter o seu próprio espaço porque não ganham o suficiente para pagar uma renda, aqueles que preferem casar depois dos 30 e filhos (se os tiverem) já perto dos 40... A letra é aquela que milhares de jovens portugueses têm sentido na pele, sem que conseguissem porém transformar medos, desejos, rancores em palavras e versos que rimam. “Sou da geração ‘vou queixarme pra quê?’ / ‘Há alguém bem pior do que eu na TV’ / ‘Que parva que eu sou / Sou da geração ‘eu já não posso mais!’ /Que esta situação dura há tempo demais...” E foi também por isso que a atual geração jovem portuguesa já se apoderou de todas as palavras da música dos Deolinda. Porque o futuro do país depende de nós e deles, dos mais novos, daqueles que começam agora a entrar nessa “geração parva”, que não tem nada de tonta e apenas não tem sido imune à parvoíce do mundo

em que vivemos. Mas „Que Parva Que Eu“ serei se continuar a acreditar que, mais cedo ou mais tarde, a geração jovem deixará de ser rotulada e ‘rasca’, ‘à rasca’ ou ‘parva’, que será tratada com o devido respeito, que deixará de se lamentar pelo presente, que terá oportunidades para mostrar aquilo que realmente vale. Pois é Deolinda: que parvos que somos. Que parvos que fomos. Que parvos temos sido. Mas ninguém pode ser parvo tanto tempo assim. Vê lá: se mudássemos aqui uma

letra, e substituíssemos ali por outra — voilà! Sou licenciado – turbo! O leitor sabe concerteza do que se trata. Tem sido manchete nas últimas semanas em jornais, programas televisivos, blogues etc. O por enquanto ministroadjunto e dos Assuntos Parlamentares Dr. Miguel Relvas (em Portugal qualquer licenciado se arroga o direito de ser tratado com um dr. antes do nome) fez em apenas um ano uma licenciatura que tem um plano de estudos de 36 cadeiras semestrais distribuídas por três anos. Concluiu com êxito uma cadeira de Ciência Politica e Direito Constitucional na Universidade Livre com 10 valores. Pediu o ingresso na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias em setembro de 2006 e concluiu uma licenciatura em Ciência Politica e Relações Internacionais em outubro de 2007 com média de 11 valores de classificação final. Desta forma a Universidade Lusófona conferiu uma licenciatura em Ciência Política ao (Dr.) Miguel Relvas em apenas um ano devido ao seu espetacular curriculum profissional, reconhecendo dessa forma a sua elevada estatura intelectual. Na civilizada Europa este ministro já teria sido demitido ou demitia-se! Bom! Eu Sempre sonhei com o

Governo e sindicato acordam alteração de regime de ensino de português no estrangeiro O Governo e o Sindicato dos Professores no Estrangeiro assinaram em Lisboa um acordo de alteração ao regime jurídico do ensino do português no estrangeiro. A certificação de acordo com os níveis linguísticos, a regulação da avaliação de professores ou a simplificação do concurso são alguns dos aspectos incluídos no documento assinado. “Introduzimos aspectos muito importantes, como a certificação de acordo com os níveis linguísticos. Há a partir de agora uma regulação diferente da questão da avaliação que até aqui era tratada de forma menos correcta”, disse o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, na cerimónia que decorreu no Ministério dos Negócios Estran-

geiros, em Lisboa. Do lado do Sindicato dos professores no estrangeiro (SPE/FENFROF), o documento foi assinado pelo secretário-geral, Carlos Pato, na presença da presidente do Camões-Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho. A simplificação do concurso, “que para os professores vai passar a ser muito mais simples, com uma prova de avaliação de conhecimentos, um elemento fixo”, ou a validade por um período de dois anos do concurso e da comissão de serviço, “que dá uma estabilidade diferente ao sistema e aos próprios professores”, foram outros aspectos sublinhados por José Cesário. Numa curta intervenção, após a assinatura do documento, o secretário de Estado ressalvou ainda outra com-

ponente do acordo, que prevê a abertura da escola à família. “Os pais passam a ter o conhecimento do plano de ensino-aprendizagem global para a turma, e do programa, elementos que até aqui nem sempre dispunham”, disse Cesário, que assinalou também a eliminação de algumas diferenças de tratamento entre os diversos tipos de professores no terreno, que passam a ter acesso às mesmas funções. A introdução da propina, defendida pelo governo, foi a única matéria em que se registou um visível desacordo entre as duas partes, num universo que abrange cerca de 57 mil alunos e 400 professores (perto de 450 com os leitores de português). “Embora a propina seja um elemento que poderá ser utilizado ou não pelo executivo, neste momento consi-

deramo-la indispensável para introduzir no sistema elementos qualitativos, nomeadamente a avaliação, a formação para os professores, os incentivos à leitura, e mesmo a regularização do processo de escolha dos manuais escolares”, justificou José Cesário. No entanto, o SPE/FENFROF fez questão de inserir no acordo uma declaração final em que considera “muito negativa a criação de uma propina neste subsistema de ensino [que rondará os 150 euros anuais] a ser paga pelas famílias, considerando-a uma medida que discrimina os cidadãos portugueses na diáspora e que contraria o imperativo constitucional que garante a gratuidade de frequência no ensino público”. O secretário de Estado garantiu ainda que o decreto será aplicado já no corrente ano lectivo.

alargamento das Novas Oportunidades ao Ensino Superior e fiquei muito feliz por terem dado o devido valor à cadeira de Direito que o senhor ministro fez há 27 anos com nota 10. Depois, naturalmente, o processo foi “encurtado por equivalências reconhecidas” (palavras do Dr. Relvas), após análise do seu magnífico currículo profissional. A génese dos factos é clara. O ministro Relvas tem uma licenciatura (para ser ministro não é necessário ser licenciado) em que, de facto, fez exame a quatro cadeiras semestrais, tendo obtido equivalências para as restantes trinta e duas, assim concluindo um curso universitário em tempo recorde. Um expediente com cobertura legal que choca a generalidade dos portugueses. É dentro desse mesmo espírito que solicito igual tratamento para a minha pessoa. Vamos lá fazer as contas. Embora seja licenciado pela Universidade do Porto com uns simpáticos 18 valores, a verdade é que o curso levou-me quatro anos a concluir. Tenho 25 anos de trabalho nos mais variados campos. Fiz formação profissional em diversas áreas... Já para não falar das sessões de catequese que frequentei durante todo o ensino básico. Não fui à tropa. Sou presidente da Liga Internacional dos Homens Inúteis, coleciono colheres do século XVI e muitas outras atividades de mérito reconhecimento. Nesse sentido, e após análise da oferta disponível no site da Universidade Lusófona, gostaria de requerer a atribuição do grau de licenciado em: Animação Digital (tenho visto muitos desenhos animados com os meus filhos), Ciência das Religiões (às vezes vou à missa), Ciências Aeronáuticas (já viajei muito de avião), Ciências da Nutrição (como imensa fruta), Direito (fui duas vezes processado), Economia (sustento uma família), Fotografia (tiro sempre nas férias) e Turismo (visitei 55 países). Já agora, se a Universidade Lusófona vier a ministrar Medicina, não se esqueça de mim. A minha mulher é médica, e tendo em conta que eu durmo com ela há mais de vinte anos, estou certo de que em seis meses posso perfeitamente ser doutor. EXIJO que quem „tratou“ da „licenciatura“ do Relvas, trate do meu doutoramento honoris causa. JÁ! Voltando ao princípio, parece que não temos só uma geração de jovens “à rasca”, mas, se a moda pega, estamos a criar uma nova geração de licenciados a turbo diesel…


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Opinião Carlos Gonçalves*

Algumas notas sobre um ano do Governo na área das Comunidades

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assado um ano de governação do PSD importa fazer um pequeno balanço do que foi já feito no âmbito das matérias relacionadas com as Comunidades Portuguesas. Este governo tem demonstrado ter um rumo e uma ideia para a definição de políticas para a nossa Diáspora, procurando concretizar uma estratégia baseada em quatro grandes áreas: acompanhamento dos fluxos migratórios, ensino do português no estrangeiro, acção consular e participação cívica e política dos portugueses residentes no estrangeiro. No que diz respeito ao acompanhamento dos portugueses que saem para o estrangeiro foram lançadas várias campanhas de informação para novos emigrantes, destinadas a evitar algumas situações bastante desagradáveis que aconteceram no passado recente com compatriotas nossos. Ao mesmo tempo tem havido a preocupação de ampliar a rede de Gabinetes Municipais de Apoio ao Emigrante, cada vez mais procurados, não apenas pelos próprios emigrantes de regresso a Portugal como também por aqueles que querem sair do país. O acordo com o Observatório da Emigração foi reformulado, estando neste momento, a ser promovidas novas investigações sobre migrações em articulação com várias universidades. Neste campo, estão também a ser a preparados acordos com diversas entidades locais que per-

mitam o apoio a determinadas comunidades e aos novos emigrantes. A atitude do Governo em relação a esta problemática merece da minha parte a minha total concordância. Ao contrário do anterior executivo que sempre escamoteou a realidade dos fluxos migratórios o Governo actual não hesitou em assumir esta questão como preponderante pois, como eu costumo referir, só reconhecendo os problemas é possível encontrar as políticas adequadas com vista à sua solução. No plano, fundamental, do ensino do português no estrangeiro (EPE), a acção do Governo tem passado por garantir, acima de tudo, a qualidade desse ensino, através de uma certificação das aprendizagens e dos professores que até agora não tinha acontecido. Está a ser promovida uma maior integração do português nos currículos dos sistemas educativos locais, uma redefinição da rede do EPE, procurando o seu alargamento aos EUA, Canada, Austrália, só para dar alguns exemplos, uma aposta clara na certificação das aprendizagens no próximo ano lectivo e estão a ser desenvolvidos os meios para a constituição de uma base de dados, com os processos individuais dos alunos do EPE. O Governo aposta na qualidade investindo na avaliação, certificação e formação. São três condições essenciais para valorizar o EPE e para assim melhor

servir as comunidades portuguesas. Recentemente o executivo anunciou que o número de alunos para o próximo ano lectivo será ligeiramente superior ao do ano transacto e o número de cursos e professores idêntico. No entanto, assistimos durante um ano a uma especulação sem limites sobre o EPE alimentada por quem que nunca fazendo parte da solução tudo faz para que aqueles que têm iniciativa não tenham sucesso. Durante um ano ouvimos dizer que o EPE iria acabar, que este ensino iria exclusivamente ser assumido pelo movimento associativo, que iriam ser despedidos a maioria dos professores, etc. O que ganhou o EPE com este tipo de intervenções ? Ainda no âmbito do EPE quero destacar a aposta no apoio pedagógico e na formação de professores, a revisão do DL n.º 165.º-C/2009 (regime jurídico dos professores e coordenações de ensino no estrangeiro), tendo em vista encontrar um processo que permita simplificar o concurso para os lugares de professores no estrangeiro e o desenvolvimento do ensino do português para adultos, nomeadamente através de um aumento da oferta de cursos e que teve o acordo de uma das estruturas sindicais representativas dos professores. Quanto à questão da acção consular, o Governo apostou claramente no desenvolvimento da missão nos postos de forma a que

estes tenham um maior envolvimento nas matérias relacionadas com a diplomacia económica, coordenação do ensino, acompanhamento social e com a participação política e com o recenseamento eleitoral. Ao mesmo tempo, já se iniciaram as novas presenças consulares com equipamentos móveis para o cartão do cidadão e passaporte electrónico, o que permite levar os serviços consulares a cerca de 200 novos locais. Esta é a grande medida do Governo, já elogiada no Portugal Post, e que leva os serviços Consulares junto das pessoas e que pode revolucionar a relação entre as nossas comunidades e a rede diplomática portuguesa. Finalmente no que diz respeito à participação cívica e política dos portugueses residentes no estrangeiro houve uma aposta no aumento do recenseamento eleitoral que passou a ser mesmo acto consular desde o início deste ano, estão a ser promovidas acções dirigidas a luso-descendentes, às mulheres migrantes, aos luso-eleitos (com o encontro mundial que realizou recentemente em Cascais) e com a comunicação social. Passado apenas um ano o Governo já deu passos firmes no caminho que decidiu trilhar no campo das comunidades portuguesas. Apresentou trabalho e ideias, que naturalmente podem ser alvo de contraditório e não ir ao encontro de todos aqueles que beneficiam destas medidas. Mas

só quem trabalha e apresenta ideias é alvo de contestação. Aqueles que nada fazem nunca falham. Não é o caso deste Governo…o caminho está definido e é claramente no sentido de trabalhar para as Comunidades Portuguesas. NOTA: No passado dia 12 o Grupo Parlamentar do CSU do Bundestag visitou a Assembleia da República. Teve lugar na sala do Senado uma reunião na qual tive a honra de participar e em que ficou claro o reconhecimento daquele Grupo Parlamentar em relação ao esforço que Portugal e os Portugueses estão a fazer para cumprir o programa de assistência financeira. Foram feitos vários elogios e foi importante ouvir essa opinião. Tive também oportunidade de discutir com vários colegas do Parlamento Alemão a situação da nossa comunidade residente na Alemanha e foram muitos os elogios que recebi. Elogios sobre uma comunidade exemplar que contribui diariamente para o sucesso do país que os acolheu sem esquecer a sua terra natal. Para quem representa as comunidades na Assembleia da República é uma honra poder ouvir por Deputados alemães este tipo de palavras. Obrigado.

* Deputado do PSD pela emigração

REPORTAGEM O Presidente da República recebeu deputados da CSU no Parlamento da Alemanha O Presidente da República recebeu, em audiência, 41 deputados do Grupo Parlamentar da União Social Cristã (CSU) no Parlamento Federal Alemão (Bundestag), entre os quais um Vice-Presidente do Bundestag, três Ministros federais e dois Secretários de Estado, que realizam uma visita de trabalho a Portugal em Julho último. Na ocasião, e em resposta às palavras da Presidente do Grupo Parlamentar da CSU, Gerda Hasselfeldt, o Presidente da República proferiu uma intervenção. Foto: Lusa


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PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

MÜNSTER

Fala o Leitor

Rosália Rodrigues

Uma mulher de fé No passado domingo, 8 de Julho de 2012, a comunidade portuguesa despediu-se formalmente de Rosália Rodrigues, na qualidade de secretária da missão católica portuguesa de Münster. Nascida a 22 de Março de 1977, desempenhou estas funções desde 1 de Janeiro de 2000, funções que irão cessar no dia 31 do corrente mês. Rosália Rodrigues, de 35 anos, casada e mãe de 2 filhas, reside em Amelsbüren. Nasceu e cresceu no seio de uma família católica praticante, frequentou a catequese, tornando-se mais tarde catequista, leitora e a responsável pelos catequistas, assumindo, igualmente, a organização de missas em língua portuguesa há cerca de 20 anos. Para além destas funções, Rosália Rodrigues também visita pessoas adoentadas, tanto em suas casas como no hospital. Durante a sua vida vivenciou diversas experiências no seio da igreja e dos seus colaboradores, que, sem quaisquer dúvidas, provocaram um fascínio pela fé e pela igreja. Este seu passado fez com que a vontade de viver a fé tivesse crescido, daí a sua vontade em praticar ainda mais e de se tornar uma profissional melhor. Na sua vida houve pessoas que a impressionaram pelo facto de lhe terem ensinado muito. Assim, recordou o antigo chefe Vítor Coutinho e o auxiliar do bispo de Münster, Dom Josef Voß, que tinham uma maneira fascinante de transmitir a fé. Esta sua experiência de vida fez com que Rosália Rodrigues pensasse fre-

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quentemente que também o queria fazer. Para além das funções de secretária, Rosália Rodrigues também auxiliou o pároco, bem como o coordenador desta organização, numa tarefa que lhe ocupava cerca de 19,5 horas semanais. Todas as tarefas levadas a cabo não foram fáceis uma vez que havia correspondência em várias línguas que tinha de ser respondida, atendimento telefónico e pessoal que tinha de ser levado a cabo, a contabilidade, a organização de missas em língua portuguesa, a construção de material de trabalho, a correspondência do pároco, formalidades na Alemanha e em Portugal que tinham de ser tratadas no que concerne a donativos e ainda a parte referente à tradução bem como o encaminhamento de situações ligadas aos problemas vividos pelos emigrantes.

Exemplo de portuguesismo

Todas estas tarefas foram levadas a cabo com uma grande responsabilidade, profissionalismo e empenho por Rosália Rodrigues, que demonstrou sempre uma enorme capacidade de adaptação e domínio das tecnologias de informação e comunicação. Neste momento pretende formar-se como assistente pastoral, cargo para o qual se sente preparada pelos longos anos de vivências cristãs. Não podemos deixar de agradecer a Rosália Rodrigues toda a sua dedicação em prol daqueles que mais necessitaram dos seus serviços. Toda a comunidade irá sentir a falta desta lusodescendente que habituou todos ao seu exímio profissionalismo, sentido de responsabilidade e preocupação para com o próximo, que foram sempre muito além dos seus deveres profissionais. PUB

Foi lindo ver portugueses na rua a aplaudir a nossa selecção durante o europeu de futebol. Crianças, jovens, adultos, reformados, pessoas de todas as idades... Vi carros com cachecóis, bandeiras, chapéus, bandeiras à janela de casa, todos tinham orgulho no nosso país e manifestavam-no da maneira mais visível possível. Crianças e jovens nascidos aqui na Alemanha muitos deles nem falando português, tendo apenas amigos alemães, mostravam ainda assim todo o seu apoio à nossa selecção de futebol. Vi portugueses que não conhecia e não se identificavam como tal, mas fiquei a saber que o eram depois de ver os seus carros enfeitados de verde e vermelho, vestidos com as cores de Portugal. Mesmo nas cidades mais pequenas, como a cidade onde eu moro, o europeu de futebol foi bom, para saber que há mais portugueses, do que eu pensava e conhecia, apaixonados e fiéis ao nosso Portugal. É de facto lindo! Vi pessoas a chorar de alegria na hora das vitórias e de tristeza quando Portugal foi eliminado da prova. Isto é de facto ser português a cem por cento! Isto é ter orgulho em Portugal! Isto é ter honra em ser português e não negar a pátria! E o que é feito de muito destes portugueses tão fiéis à pátria, antes e depois do europeu de futebol? Que fidelidade existe à cultura portuguesa? Não mandam os filhos à escola portuguesa porque não vão apren der nada? Sendo portugueses ou seus descendentes, devem conhecer a língua e cultura portuguesas! Não mandam os filhos para a catequese em português porque

isso é para os pobres e atrasados? Não apoiam o folclore porque já passou de moda? Não frequentam as associações portuguesas porque não têm actividades nenhumas? Mas essas mesmas pessoas não participam no desenvolvimento das associações! Não vão à missa portuguesa porque isso é para reformados e para quem não tem mais que fazer? Pois, na minha opinião, ser fiel à pátria é mantermos viva a nossa língua e cultura. É não deixarmos acabar as nossas missões católicas, as associações, o folclore, as festas tradicionais e a nossa língua. Não nos devemos esquecer que somos portugueses, sempre e não apenas quando há futebol! Mesmo que vivamos uma vida inteira na Alemanha, mesmo talvez nascendo cá, o sangue que nos corre nas veias é português. Vamos ser portugueses a tempo inteiro ajudando a manter vivas a nossa língua, a cultura, as nossas tradições, as festas populares e religiosas, porque isto é que é ser português e não só quando há futebol. Não nos podemos lembrar do nosso país apenas ocasionalmente, já que é isso que os nossos governantes fazem com nós emigrantes e ós não queremos ser iguais a eles. Mesmo mostrando as nossas origens, nada perturbará a nossa integração na comunidade alemã, porque disso já demos provas. Aliás, somos exemplo entre todas as comunidades estrangeiras. Português sempre. Sejam felizes.

Manuel Machado Membro do Conselho de Integração da cidade de Burscheid

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Victor Rodrigues, cabeleireiro

Vitor Sousa

Viver como um alemão sem deixar de ser português

Uma queda especial para a arte

O PORTUGAL POST nas suas viagens por terras germânicas, tem conhecido e falado com muitos portugueses que só se diferenciam dos alemães pela língua. A forma como os eles se integram no quotidiano é formidável e exemplar. Fomos fazer uma reportagem em Mainz e ficámos a conhecer mais um português de sucesso. Chama-se Victor Rodrigues e é cabeleireiro profissional (mestre). Tivemos a oportunidade de o ver trabalhar num evento em que colocou à prova as suas qualidades.Foi um desafio de bastante responsabilidade, conforme nos confidenciou durante a conversa que mantivemos. Penteou todas as candidatas ao concurso de Miss Portugal Deutschland, conforme o PP noticiou (ver edição de Junho de 2012), colocando a sua arte numa montra gigante, tendo ainda tempo para ser nosso parceiro na mesa do júri. Quisemos conhecer melhor este compatriota e fomos até ao seu salão em Gross Umstadt, onde podemos, então com mais calma, conhecer mais um português na Alemanha. Olhando para trás, recorda que já lá vão 34 anos desde que aqui chegou. Não podíamos deixar de fazer a habitual pergunta: como aconteceu a sua vinda para este país? Victor Rodrigues: A mim ninguém me perguntou se queria vir. Os meus pais deixaram-me em Portugal para vir para cá trabalhar. Ao fim de 3 anos chamaram os meus irmãos mais velhos. Eu fiquei até à idade dos 8 anos, tendo sido nessa altura que me foram buscar. Eu andava na escola primária, na 2ª classe, quando isso aconteceu. Os meus irmãos já andavam na escola alemã e já conseguiam tomar conta de mim. Não foi fácil a integração. Não sabia falar. Tudo era novo e estranho. Era um mundo novo para mim. Eu vivia numa pequena aldeia, em casa dos meus avós ,em Ruivães perto de Famalicão. Quando aqui cheguei só brincava com as outras crianças portuguesas. Como é que elas reagiram à sua entrada? V.R.: Por essa parte não houve problema. Eles aceitaram-me bem. O único problema era a língua. Lembrome do primeiro inverno com a neve. O clima na minha aldeia também era frio e chuvoso, mas a neve foi realmente a grande novidade.Foi bonito, foi diferente. Só conhecia dos livros ou dos filmes. Com que idade começou a trabalhar? V.R.: Tirei a escola normal até à idade dos 16 anos, tendo iniciado o meu curso profissional que durou 3 anos. Depois de concluí-lo, fui de novo para a escola para tirar o de mestre. Estive a trabalhar meio ano numa escola, dando aulas para me aperfeiçoar e poder finalizar o meu curso de mestre. Entretanto, o meu cunhado e a minha irmã, que já tinham um salão, ,começaram a proporme para eu ficar com ele. Inicialmente não aceitei, mas depois a minha mãe começou a dizer-me que era bom vir e estar perto da família.Sou casado com uma cidadã alemã. Tenho dois filhos, um menino e uma menina que já nasceram cá. Qual a língua que se fala em sua casa? V.R.: Falamos todos alemão. A minha esposa, como já disse é alemã e eu quando chegava a casa falava também alemão. Os meus filhos cresceram a ouvir e relacionar-se nesta língua. Quando me apercebi que também gostaria que eles falassem o português já era um pouco tarde. Eles nunca se tinham apercebido deste facto por serem crianças, mas agora já são eles que pedem para aprender o português. A minha filha que já tem 13 anos pede-me para eu falar mais vezes com ela em português. Às vezes

sinto-me um pouco mal com isto, porque não gostaria que eles não soubessem falar o português. Vou todos os anos a Portugal e sinto-os às vezes meio perdidos. A sorte deles é a avó falar o alemão, porque de resto , tenho que ser eu traduzir. Sentem um pouco aquilo que senti quando vim para cá, mas apesar disso eles gostam muito de lá ir. Definitivamente a sua vida é na Alemanha? V.R.: Sim. Portugal de momento só para férias. Tenho aqui tudo. O meu salão e a minha casa. Era como deixar cá tudo e ir recomeçar para lá. Os meus clientes são quase todos alemães, a minha esposa alemã, tudo isso torna a minha vida mais alemã. Tenho uma óptima equipa de trabalho, onde também há portugueses. Tem projectos profissionais em que os seus filhos possam apare-

cer e seguir as suas pisadas? V.R.: O meu filho ainda é muito novo, mas à minha filha faltam-lhe 3 anos para terminar a escola. Se ela quiser e gostar, estou disposto a apoiá-la, tanto mais que já manifestou gosto dentro da área da estética. Se ela um dia quiser ainda há espaço para aumentar o salão. Esta profissão requer muita dedicação e actualização, coisa que faço todos os meses. A conversa estava a chegar ao fim. Entre umas tesouradas e umas penteadelas no cabelo do correspondente do PP, ouvimos o conselho final do Victor Rodrigues, um português de sucesso. Para se viver aqui com gosto e poder usufruir do máximo ,é necessário conviver muito com os naturais, consolidar a língua e ambientar-se o melhor possível. Nunca deixando de ser português, mas vivendo como um alemão. Fernando Roldão, correspondente

Victor Sousa é um português de 49 anos, assentador de soalhos, actualmente radicado em Singen, com 23 anos de Alemanha e oriundo de Meda, Concelho da Guarda. Tudo isto seria normal se não se tratasse de um simples trabalhador com uma apurada sensibilidade para as artes plásticas. O artista descobriu a sua inclinação para as belas artes quando, há cerca de 20 anos, ao visitar uma exposição, pensa dedicar-se a conceber obras de arte e tornar-se, alguns anos mais tarde, num artista reconhecido pelo seu talento. Começou, então, por recolher produtos inaproveitáveis, considerados como “lixo” para realizar colagens e esculturas de grande relevo artístico. Ad obras que concebeu, e que estiveram patentes no espaço de uma associação portuguesa em Singen, foram inspiradas no famoso filme “ Lista de Schindler”. Diz o artista que, com os seus últimos trabalhos, pretende documentar e honrar a história do industrial Alemão Oscar Schindler que, durante a segunda guerra mundial, salvou do extermínio cerca de 1200 judeus. Victor Sousa utiliza as suas obras com madeiras, parafusos, metais e arame farpado ou outros desperdícios que encontra no lixo. Os seus temas são políticos e sobre história contemporânea. “Schindlers Liste” é, neste momento, a sua obra principal, que levou cerca de dois anos e meio de trabalho

a ser concebida. Uma das peças mais relevantes é aquela onde gravou 840 nomes da lista de Schindler em barras metálicas. A inauguração da sua exposição, que esteve patente durante uma semana na sede do Futebol Clube Magriços, Singen, contou com individualidades de peso, como o conhecido jornalista Ulrich Sahm, durante muitos anos correspondente no médio oriente para vários mídia alemães, que enalteceu a obra arte de Victor Sousa, sublinhando que nunca ninguém teve a ideia de realizar um trabalho no género em honra de Oscar Schindler e dos judeus. Ulrich Sahm disse ainda que história fica mais completa com a obra de arte da autoria de Victor Sousa, um simples emigrante português na Alemanha. A inauguração da exposição contou com a participação musical do pianista Timon Altwegg e a violinista Hana Gubenko. Estiveram presentes, para além de Ulrich Sahm, que veio expressamente de Israel para estar presente na exposição, o presidente da câmara Singen, Bernd Häusler, e do município de Gotmadingen, Dr. Klinger, e ainda diversas individualidades de partidos políticos, personagens ligadas às artes. De registar que, apesar de convidados, ninguém esteve a representar a diplomacia portuguesa, ausência esta notada pelos presentes. João Ferreira Correspondente

Testemunhas de Jeová reuniram-se em congresso Testemunhas de Jeová da lusofopnia reuniram-se em Bingen no passado mês de Junho para participarem ao seu congresso anual que, segundo os seus organizadores, este ano esteve debaixo do tema „Proteja Seu Coração“ Segundo um comunicado enviado à nossa redacção, o tema central foi “considerado á base de conselhos biblicos que se relacionam com o coração simbólico”. De acordo com João Mendes membro do departamento das relações públicas daquela associa-

ção religiosa - “algumas das vantagem de proteger o próprio coração são que isso nos ajuda a tomar decisões sábias, melhorar a vida familiar, reforçar a própria relação pessoal com Deus e sentir verdadeira alegria.” A entrada para este evento foi gratuita. A assistência de nacionais de países lusófonos foi 954. Sete novas Testemunhas de Jeová foram baptizadas durante o congresso Em todo o mundo existem mais de 7,6 milhões de crentes.


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DÜSSELDORF

Exposição “ A escola Portuguesa faz parte de estudo a Lisboa” patente no consulado em Düsseldorf PUB

Os alunos durante a visita a Lisboa

A convite da Sra. Cônsul, Maria Manuel Durão, encontram-se expostos, no Consulado Geral de Portugal em Düsseldorf, os trabalhos dos alunos dos Cursos de Português Língua de Origem, das cidades de Duisburg e de Mülheim an der Ruhr. Estes trabalhos surgiram na sequência de uma visita de estudo que os grupos efetuaram à cidade de Lisboa, de 25 a 30 de Outubro de 2011 e relatam-nos as experiências vividas nestes 6 dias. Todo o ambiente cultural desta viagem superou as nossas expetativas, chegando assim a casa mais orgulhosos que nunca em sermos portugueses, povo rico de uma cultura e história inigualáveis. “Conhecemos muitas coisas de maneira diferente do que na altura em que se vai com os pais (...) eu acho que os próximos grupos também devem fazer uma visita de estudo porque esta viagem foi

Aspecto da inauguração da exposição com a presença da Cônsul-Gerla

uma lição para a nossa vida” (Laura Gomes, 16 anos). “A visita de estudo a Lisboa foi uma experiência muito bonita e interessante. Agora já sei que Lisboa tem um castelo (...) também já podia fazer de guia para a minha família se algum dia visitarmos Lisboa juntos” (Fábio Adrego, 15 anos). “Essa viagem a Lisboa nos uniu muito, não só estudantes com estudantes, mas também com os professores que nos acompanharam. Nós nos conhecemos melhor e conhecemos a maravilhosa capital, Lisboa. O país onde nasceu a língua portuguesa que aprendemos cada dia um pouco mais por muitos e muitos anos. Todos os lugares que visitamos ficaram marcados na minha cabeça e aos lugares que não visitamos ou que não pudemos aproveitar suficiente, somente fica a vontade de voltar a Lisboa o mais

rápido possível. Foi um lugar maravilhoso e a viagem foi algo marcante na vida de todos nós, especialmente para mim que terminei as aulas de português pouco tempo após a viagem” (Eduardo Barbosa, 16 anos). No dia 9 de Maio de 2012, teve lugar a inauguração da exposição, onde estiveram presentes os alunos e respetivas famílias, a Sra. Cônsul, a docente de apoio pedagógico, Joana Andrade, a professora, Margarida Richman, o Director da Representação do Banco Santander Totta na Alemanha, que apoiou o evento, e os acompanhantes desta visita: eu, professora dos cursos, Rosa Maria Ferreira e a antropóloga, Dra. Ângela Nunes (CRIA/UNL). A sessão teve início às 18 horas, com uma fala da Sra. Cônsul, onde focou a importância deste tipo de projeto e elogiou os

GENTE Calceteiros O PP encontrou dois artistas da arte da calçada portuguesa. Mais uma presença lusa,desta feita embelezando os passeios,os parques e ruas alemãs. São portugueses e têm por nome Luís Moreira e Arnaldo Varela. Venha conhecê-los na próxima edição. Foto: PP

alunos pelos seus trabalhos excelentes. Seguidamente, um dos alunos, Fábio Adrego contou, com um jeito muito descontraído e divertido, acerca das nossas vivências em Lisboa. Rodrigo Louro explicou-nos o que o fascinou mais nesta visita e Eduardo Barbosa recitou o poema “Lisboa...” de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa. No final, como prova de agradecimento, cada um dos alunos ofereceu uma rosa amarela à Sra. Cônsul. A exposição encontrar-se-á disponível ao público até final do mês de Agosto, dando de seguida lugar a novas exposições, de temáticas variadas. Convido-o a percorrer o corredor de atendimento geral do Consulado e a partilhar as experiências que estes alunos tiveram na visita à capital, através dos 12 quadros com relatórios e fotografias que se encontram expostos. Num dos quadros podemos observar a visita ao Oceanário de Lisboa, noutro os divertimentos inesquecíveis no Pavilhão do Conhecimento, noutro quadro podemos apreciar o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre de Belém e o Padrão dos Descobrimentos... Quer saber como tudo começou e ainda mais curiosidades acerca desta viagem? Visite o nosso blogue: http://portuguesdu-mh.blogspot.com Rosa Ferreira, professora Informação consular O Consulado-Geral de Portugal em Estugarda informa a comunidade portuguesa da sua área de jurisdição consular que tem um novo hororário de atendimento ao público: Segund, Terça, Quinta e Sextafeira: das 8h30 à 13h30 Quarta-Feira: das 8h30 às 15h30


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PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 201212

NEUSS

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Informação Consular

José Gomes Rodrigues recebe prémio oficial

35 anos de dedicação à inserção da população migrante em Neuss contados na primeira pessoa Perdoem a minha ousadia se falo aqui de mim, mas faço-o, obedecendo ao desejo de alguns amigos e instituições que solicitaram a descrição e o desenrolar dum acontecimento agradável de que fui alvo. As entidades alemãs desta cidade de Neuss, responsáveis pela inserção social dos imigrantes, decidiram agraciar individualidades e associações que se tenham notabilizado de diversas formas na integração desta população específica. No próprio dia em que viajava a Portugal para participar no acostumado encontro anual de ex-colegas de estudos, recebo uma carta do Presidente da Câmara desta cidade solicitando a minha presença urgente na semana seguinte, dia 14 de Maio, numa das novas salas de recepção oficial da Câmara. Teria sido uma das pessoas propostas, segundo o teor do convite, para a atribuição do prémio de integração da cidade (Integrationsförderpreis). Esquivar-me seria a melhor alternativa, mas, segundo o coordenador da efeméride, a minha presença era irrefutável. Após o regresso da cidade de Viriato e vestido a rigor, de fato bem polido e engomado, de gravata a condizer com as riscas verdes da camisa, lá me apresentei no bem delineado anfiteatro, há pouco inaugurado. A minha esposa e companheira fiel de longa data, acompanhou-me, não fosse o fato ainda engelhar ou os passos me conduzirem para outro local sem tanta praxe. A sala estava repleta. Muitos dos presentes eram-me familiares, pois tínhamos cooperado e partilhado experiências e vivencias do ofício ao longo destes 33 anos de serviço. O meu trabalho estava, há anos, orientado na integração de estrangeiros ou, melhor dito, concidadãos oriundos de diversas culturas e do mundo. Estes totalizam, nesta cidade, dormitório da metrópole de Düsseldorf, mais de 15% dos habitantes o que perfaz numa população de 151.000 habitantes, 20 mil com cidadãos possuidores dos de passaportes de mais de 90 nacionalidades Representantes das mais diversas associações, organizações e instituições que se dedicam à promoção sócio-cultural destes concidadãos não faltaram ao evento. O diversificado colorido partidário da cidade, os representantes das Igrejas e de outras religiões, coroaram, com a sua presença, a ocorrência. Uma orquestra da câmara emoldurou o evento. Foram galardoados comigo, com um lindo certificado-diploma, devidamente autenticado com as insígnias da cidade e a assinatura do Presidente da Câmara, outras individualidades e grupos que se tinham notabilizado pelo esforço

José G. Rodrigues, à esq., recebe cumprimentos de amigos e entidades abnegado em prol da integração da população migrante. Ao ouvir o meu nome, entre os agraciados, alegreime, levantei-me do meu lugar e, após uma pequena apresentação oral sobre a minha ação profissional, recebi algumas palmas por parte da assembleia presente. Ao ser-me entregue este galardão pelas mãos do Presidente do Conselho de Integração da cidade, em representação do Presidente da Câmara e, perante este importante auditório, revi, como uma película a cores, toda a minha vida profissional durante os 35 anos dedicados à emigração. Mergulhei nas minhas singulares raízes. Pensei nas gentes calejadas e bem temperadas pelo abrasador sol dos áridos campos da minha aldeia, Vila Nova do Campo, que marcaram o meu carácter e a minha maneira de atuar. Os diversos professores, os muitos colegas de escola e de seminário, os amigos que, durante tantos anos, comigo caminharam, estiveram presentes como atores neste rápido

filme. Sou, nada mais e nada menos, o fruto das muitas encruzilhadas. Agradeci o gesto tão simpático das autoridades civis e dediquei-o a todos com quem convivi e servi no meu caminho profissional e que foram os sujeitos e os obreiros desta pequena festa de reconhecimento publico. A minha família teve também, nesta efeméride, um lugar de relevo, não fosse a paciência e a necessária compreensão que sempre demonstraram. Não sendo eu a pessoa indicada para nomear as razoes que levaram a esta nomeação, deixo aqui a tradução do alemão da proposta escrita apresentada pela responsável dos serviços de Integração sócio-cultural da Caritas, instutuicao que servi: “Desde 1977 até Dezembro de 2010, o José Gomes Rodrigues foi Assistente Social no departamento de Integração da Caritas. Antes desta data, tinha exercido funções pedagógicas como professor da escola complementar de Língua e Cultura Portuguesa das crianças e jovens nas cidades de Dortmund, Mulheim / Ruhr, Duisburg e Bochum. Dedicou-se exemplarmente e durante a maior parte do seu tempo de serviço à Integração dos concidadãos com passaporte estrangeiro. Iniciou, deu forma e levou a cabo um grande número de projectos de inserção social. Duma forma exemplar, é de mencionar a fundação dum projeto piloto de teatro intercultural, em colaboração com a escola superior de teatro, a OFF - Theater da Renânia do Norte e Vestfália. Ele mesmo manifestou-se talentoso como ator em palco. Esta iniciativa obteve tanto êxito, que lhe valeram três honrosos prémios. Transformou-se, desde então, num campo de trabalho e um método pedagógico frutífero e prioritário na Integração intercultural dos concidadãos estrangeiros que

ganhou raízes. O diálogo entre as diversas religiões presentes na cidade constituiu também um dos seus campos de atuacção tendo, com as suas diversas iniciativas, aproximado os indivíduos na sua diversidade biográfica, cultural e religiosa. Provocou o conhecimento recíproco, o respeito e a aceitação mútua entre as diversas religiões de maior presença nesta sociedade: o cristianismo e o Islão, entre outras. O interesse e tenacidade que demonstrava no seu actuar era de tal ordem que ultrapassava o seu horário regular de trabalho. Apesar de desligado actualmente destas funções, por escolha própria, e por idade, continua a dedicar-se como voluntário e mostrando muito interesse nestes projetos de inserção”. Até aqui a responsável pelos serviços! Termino este trabalho descrevendo o testemunho de alguém que deixou escrito no facebook. “O José Rodrigues vai ser, na próxima segunda-feira, homenageado pela Câmara da cidade de Neuss, na Alemanha, com o prémio de integração „Integrationsförderpreis „ Esta condecoração serve para reconhecer o grande contributo deste português na área das integrações dos povos e das culturas nesta cidade germânica, na Renânia do Norte e Vestefália. Destaca-se que José Rodrigues foi ao longo dos anos Assistente Social da Caritas. Ultimamente, deslocou-se por alguns meses a Moçambique, onde está envolvido em projetos de promoção social. Sem a mínima dúvida, José Rodrigues, é na atualidade uma das personalidades da Comunidade Portuguesa na Alemanha que mais simbolizam um espírito puro de humanidade. Uma das suas áreas profissionais preferidas foi o diálogo intercultural a nível religioso. Os nossos parabéns e nosso reconhecimento!“ Perdoe-me quem me achar ainda suspeito, mas a minha intenção foi e continua a ser simplesmente a de elevar a comunidade portuguesa e de valorizar as nossas raízes. Continuo, e sem estar preso a horários a disponibilizar os meus serviços como solidariedade humana e cristã. O voluntariado dá-me asas para sonhar num mundo mais justo, onde e ser cristão se traduz, antes de mais, numa maior responsabilidade na edificação da sociedade, nos moldes da fé que professo. Procuro libertar-me do peso dogmático e dum certo espiritualismo passivo, que me possam afastar do bater do coração do homem da rua que é meu próximo. O seu passaporte ou a crença religiosa que possam professar tem pouco ou nenhum peso nas minhas decisões. J.G.R.

Divórcio Divórcio A partir de 01/03/2001, conforme resulta do disposto no Regulamento (CE) n.º 1347/2000, de 29 de Maio, as decisões proferidas num Estado-Membro relativas à competência em matéria matrimonial e de regulação do poder paternal em relação aos filhos comuns do casal, são reconhecidas nos outros EstadosMembros sem necessidade de recurso a qualquer procedimento. Deixou, portanto, de ser necessário recorrer ao Tribunal de Relação em Portugal para revisão de sentença estrangeira quando existe uma sentença de divórcio pronunciada na Alemanha depois de 01/03/2001. O Regulamento (CE) n.º 2201/2003 do Conselho, de 27 de Novembro de 2003, relativo à competência, ao reconhecimento e à execução de decisões em matéria matrimonial e em
matéria de responsabilidade parental substitui e, por conseguinte, revoga o Regulamento (CE) n.º 1347/2000, com efeitos à data da sua aplicação, seguidamente indicada.
Entrou em vigor em 01/08/2004 e é directamente aplicável a partir de 1 de Março de 2005 nos Estados-Membros, em conformidade com o Tratado que institui a Comunidade Europeia. Assim, todos os nacionais cujo casamento foi dissolvido por decisão de um Tribunal local, podem regularizar a sua situação, dirigindo-se a qualquer posto consular.

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PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

Encerramento do Vice-Consulado em Osnabrück:

Parlamento dedicou vinte minutos à discussão da petição › Toda a oposição contra o encerramento A oposição criticou no parlamento a decisão governamental de encerrar o vice -consulado de Portugal em Osnabruck, enquanto CDS e PS lembraram a necessidade de contenção de gastos.

A troca de argumentos foi feita no debate, realizado no passado dia 25 de Julho, de uma petição contra o encerramento do vice-consulado, promovida por emigrantes e com mais de 5 mil subscritores. No texto que entregaram em Janeiro na Assembleia da República, os peticionários manifestam a sua firme oposição ao encerramento e destacaram o „papel fundamental“ que o posto consular desempenhou ao longo de 35 anos, abrangendo uma área de 61.000 quilómetros quadrados, junto de mais de 23 mil emigrantes residentes na região. Os peticionários consideram que o encerramento é „um violento e inadmissível atentado à democracia“ e à defesa „do uso e da promoção da difusão internacional da língua e da cultura portuguesas“ e lembram que o vice-consulado „não foi o causador do atual estado deficitário em que o país se encontra“. Estes considerandos foram reto-

mados por vários partidos da oposição (PCP, Bloco de Esquerda e PS) no debate parlamentar de hoje. O deputado comunista João Ramos referiu que os que contestam o encerramento de postos consulares „têm razões mais que suficientes para estarem descontentes com a actividade do Governo“. O mesmo deputado disse que o seu partido apresentou um projeto de resolução recomendando a suspensão do encerramento de postos consulares na França e na Alemanha, diploma que foi rejeitado pelo PSD e CDS. Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, criticou igualmente a reforma consular anunciada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e apontou que „de encerramento em encerramento há uma rede consular que serve cada vez menos aqueles que devia servir“. O socialista Paulo Pisco afirmou que „este Governo tem cometido muitos erros, mas a decisão de encerrar postos consulares na Europa, que funcionavam bem e que seriam essenciais numa altura em que aumentam os fluxos migratórios, é incompreensível“. Para o deputado socialista, „nenhum dos critérios que o Governo definiu para o encerramento se aplicava aos que foram encerrados, nem os custos, nem o número de actos consu-

O deputado socialista Paulo Pisco recebeu no parlamento um elemento do grupo dos peticionários, Mirelle Neto. Foto: PP lares praticados, nem o número de portugueses que serviam“. Paulo Pisco acusou o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, de „obsessão persecutória“ ao encerrar o posto de Osnabrück. „Acabou por fazer o que não conseguiu no final 2002“, afirmou. O CDS, pela voz de José Lino Rodrigues, considerou que os argumentos dos peticionários são legíti-

mos, mas demarcou-se deles, alegando que a reforma consular obrigou a fazer escolhas com o objectivo de „servir melhor“. „A situação calamitosa das contas públicas determinou que o Ministério dos Negócios Estrangeiros fizesse uma revisão da sua estrutura diplomática e consular“, explicou. Carlos Gonçalves, do PSD, afirmou que as „redes consulares e diplo-

máticas não são estáticas“ e lembrou que o actual Governo decidiu encerrar vários serviços consulares e diplomáticos devido à necessidade de reduzir a despesa do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Mas o esforço de contenção de despesa „foi suportado sobretudo com o encerramento de embaixadas e o regresso a Lisboa de funcionários em comissão de serviço“, justificou. PUB


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Livros

PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

Um Ano em Telavive:

Crónicas de uma portuguesa (berlinense) em Israel Luísa Coelho * O desentendimento entre as diferentes civilizações desta pretensa aldeia global em que se transformou o mundo resulta, em grande parte, da ignorância mútua. Só a identificação, a informação e a desmistificação dos mal-entendidos interculturais permitirão a construção de um mundo em que se possa viver em tolerância. A literatura de viagens contemporânea trabalha no sentido de mostrar o outro, de o dar a ver nas suas diferenças e semelhanças, apagando os estereótipos que fossilizam as representações e impedem a compreensão; procura limar os efeitos dos mal-entendidos e das leituras erradas que impedem, sem cessar, a aproximação dos seres humanos. Viajante é todo aquele que parte com intenção de regressar e o relato da sua viagem é o bem mais precioso que ele nos pode trazer.Um Ano em Telavive, o livro de Cristina Vogt-da Silva, publicado pela

Papiro Editora em 2009, é o relato das várias viagens que compreendem a sua estadia prolongada num espaço que lhe era estranho - Israel. Viagens pela geografia, pelas religiões, pelas línguas, pela arquitetura, pela culinária, pela História e pelas estórias que fazem uma cultura e formam uma nação. Viagem pela beleza poética do inesperado “Aspiramos os perfumes e as fragrâncias das flores coloridas, descansamos os olhos no arco-íris formado pelos vestidos... (pág.162)”, pela decepção do que era esperado e não é encontrado “Nada resta nem da mística nem do exotismo das mil e uma noites…” “E nós, os únicos turistas que passeiam à procura de glórias antigas, encontramos apenas desolação. ??(pág.95)” Este livro conduz-nos pelos vários discursos que circulam e se fazem ouvir em Israel, um país de muros e fronteiras, de mar e de areia, pelo qual a autora vagueia – permanecendo incógnita, suspendendo a sua

identidade individual e perdendo, ou melhor, ganhando o seu tempo a observar para depois registar e informar. ?Transformar o olhar em escrita. Diz-nos mesmo que “a vontade de escrever surgiu da necessidade de compreender um país … (pág.193)”. ?Percebe-se, na vontade de criar este texto, a relação íntima que Cristina estabelece entre a palavra escrita e a compreensão da vida, da sua vida e da vida dos outros. O texto viaja pelas palavras escritas, por si e pelos outros, escritores e jornalistas, afixadas nas paredes das cidades ou fixadas em textos, em várias línguas, como se só na sua integralidade de símbolos e signos elas pudessem dar-nos a imagem mais próxima da realidade.?Formalmente, o texto da Cristina é híbrido. É uma mescla de crónica, de diário, de textos epistolares, de artigos e impressões de viagens, definindo os vários registos que circulam por um texto recheado de tripla adjectivação “O cheiro a incenso é intenso,

estonteante e alucinante (pág.19)” que nos transmite a sensação de que as palavras não lhe chegam para descrever aquilo que ela sabe que ficará sempre por dizer “senti que muito tinha ficado para contar (pág.193)”, numa abundância de advérbios de modo que marcam um tempo de descoberta, lento e íntimo, de que a escolha das fotos e as suas lacónicas legendas, a preto e branco, testemunham “Vista da minha janela (pág. ?48)”. A autora mostra, sem estabelecer juízos de valor, diferenças “os homens entram separados das mulheres (pág.19)” “…há carreiras reservadas exclusivamente aos judeus ultra-ortodoxos, com segregação dos sexos; os homens sentam-se à frente e as mulheres atrás (pág.32)” ?e semelhanças inesperadas “Os sinos tocavam melodias que todos conhecemos e nos transportam a outros lugares. (pág. 110)”. Insiste no seu espanto pelas descobertas mais importunas, tais como o clima, “o

calor tem sido insuportável, o ar deixou de ser invisível tal é a humidade que se consegue agarrá-lo com as mãos, a temperatura não desce praticamente durante a noite (pág.39)” e deita o seu olhar familiar às culturas que encontra e que reconhece “…na montra de um pequeno restaurante vejo especialidades culinárias que conheço de outras paragens…(pág.136)”. A estrutura narrativa escolhida pela autora é pautada pelo ritmo dos rituais tradicionais que são celebrados no decorrer do ano. Foi uma aposta feliz. Um tempo da escrita marcado pela celebração. A verosimilhança é-nos dada pelos excertos jornalísticos, registados em língua inglesa como no original “….another air strike on a car in Gaza killed an Islamic Operative …. (pág.105)” que acompanham, com notícias sobre atos de guerra, por contraste, uma estadia em paz e onde os textos canónicos pontuam a realidade com a sua sabedoria ancestral “não

semearás os teus campos, nem podarás as tuas árvores … .(pág.108)”. Cristina sabe que é uma observadora, observada. Relata o quotidiano como alguém que habita um espaço, faz apontamentos do pitoresco, comentários oportunos, usa um tom leve e humorístico, vai ao cabeleireiro, acompanha o filho ao colégio e às aulas de ténis, faz compras de alimentos, vai ao supermercado, usa a bicicleta na sua vida diária, frequenta aulas de línguas, interage com as pessoas na rua, regista a memória da experiência da vivência real. Deixa-nos mais ricos e com vontade de aprofundar o conhecimento que este livro nos trouxe. Obrigada, Cristina. * Leitora do Instituto Camões em Berlim

O livro Um Ano em Telavive pode ser encomendado à autora através do PORTUGAL POST.

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Milhares de judeus da Europa que eram descendentes de portugueses morreram nas câmaras de gás nazis, garante a investigadora Esther Mucznik, autora do livro “Portugueses no Holocausto”, lançado no final do mês de Junho. Mucznik cita o caso “de um dos grandes pintores da escola holandesa”, Baruch Leão Lopes de Laguna, de origem portuguesa, que morreu em 1943, no campo de concentração de Auschwitz – e “com ele desapareceram quatro mil judeus de origem portuguesa na Holanda, que acabaram nas câmaras de gás”, acrescenta a investigadora. A autora de “Portugueses no Holocausto” lembra ainda que também havia luso-descendentes noutras partes da Europa, como deportados de Salónica, na Grécia, que acabaram mor-

tos. A investigadora procurou o rasto de portugueses e descendentes de portugueses que morreram devido às políticas de exterminação racial da Alemanha nazi, mas também actos de salvação de vidas, como os do diplomata Aristides de Sousa Mendes, cuja “coragem e sensibilidade à dor que o rodeava foram determinantes no salvamento de

milhares de pessoas”. Sousa Mendes não é o único. No Memorial dos Justos, em Jerusalém, consta também o nome de outro diplomata, Carlos Sampaio Garrido, e a investigadora cita ainda, entre outros, Alfredo Casanova, em Génova, Lencastre de Menezes, em Atenas, José Luís Archer, em Paris, Teixeira Branquinho, em Budapeste, e a infanta Maria Adelaide de Bragança que, em Viena, “não ficou indiferente ao sofrimento e não hesitou em ajudar a resistência”. Em França, o português José Brito Mendes “arrisca a sua vida, escondendo a pequena Cecile”, cujos pais judeus tinham sido deportados para os campos da morte, como escreve a investigadora. O livro Portugueses no Holocausto pode ser encomendado ao PORTUGAL POST. Ver na pág. 18


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PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

Crónica Por Glória Sousa

“In Ordnung” no Verão

O

céu estava cinzento e de mau humor, não se poupando a aguaceiros, na últiam semana. Neste dia, finalmente, parece ter acordado simpático, deixando o sol à espreita com olhos de ver e ficar por mais dias. É do Verão, com ar de Verão mesmo, de céu azul, sol, calor, t-shirt e sandálias do que mais sinto saudades, nesta altura, além da falta crónica que me fazem a família, os amigos e a boa comidinha. E como é dia de sol, é dia de pedalar junto ao Reno, passar ao lado do “Biergarten”, parar e estender a toalha sobre o verde aparado e folhear um livro. Se não parar, pelo menos aprecio o doce e lento deleite dos germânicos ao sol. Há uns bons meses atrás, estranhava esta obsessão cultural pelo sol. Mas primeiro estranha-se, depois entranha-se, como dizia Fernando Pessoa. Os solarengos dias de Verão são fugazes, salpicando, aqui e acolá, a estação. Por isso, aproveitá-

los é uma necessidade, é preciso Esta necessidade de viver o mo- se desfazem facilmente do que não sair à rua, aquecer as costas peda- mento escapa ao nosso fado. Enru- usam, desmobilando o passeio à lando, descobrir as amostrinhas de gamos a mente com a saudade do porta de casa a cada “Sparmülle” ou praia roubadas às margens do Reno. ontem, calculando já o amanhã e o no “Flohmarkt”. Penso que nós, Talvez porque o sol brilha e depois. E ainda que em Portugal se portugueses, ainda que tivéssemos torra tão naturalmente no nosso goste de ver a mesa farta e, quem saído em águas revoltas para descoVerão português, desvalorizamos, pode, gaste boa parte do seu salário brir o mundo e, depois de conhepor vezes, a nossa calorosa sorte, em presentes em véspera de Natal, cido, atravessado fronteiras da maltratando, por vezes, com o clau- parece-me que o vivemos de uma velha Europa ambicionando um strofóbico shopping dias que aqui forma mais aligeirada, vaga. sorridente futuro, temos um cordão seriam quase divinos. Do mesmo modo que se alimen- umbilical forte, resistente, ao tempo Na verdade, este “carpe diem” tam do entusiasmo do momento, e agarrado às coisas. Cada quinquildo povo alemão, parece-me, haria, encaixotada no sótão, vai muito além dos dias de cada papelinho amarelo e já O nosso “desenrasca” é inimaginável no dicioVerão, alastrando-se e ajusem tinta conta uma história, nário alemão. Pelo contrário, em terra de stando-se às estações, calenque faz parte da nossa e, por chanceler, tudo deve estar sempre “in Orddário adentro. Quando chega isso, impossível de abandonung” a época dos espargos, eles nar. brotam, verdes e brancos, Mas esta nossa apendipor todo o lado comemorando a Pri- creio que, ao mesmo tempo, os ale- cite é mais forte ainda em relação às mavera; as cerejas e os morangos mães se desprendem naturalmente pessoas. Os cordõezinhos invisíenchem olhos e bocas e sobram dos bens materiais. Não que não veis, entrançados, o longo das gerapara compotas; com a entrada do façam questão de calçar as sapatil- ções, amarram-nos à família e aos Outono, as abóboras alaranjam as has de montanha e os “kispos” tim- amigos, aprofundado em terra fértil bancas das feirinhas e dos superme- brados com a “patinha do lobo”, a as suas longas e emotivas raízes. cados; e o vinho quente aquece os preços impróprios para almas lusi- Por isso, o núcleo familiar alarga-se concorridos e iluminados mercadin- tanas, longe disso, pois amam qua- do neto ao avó com a mesma elastihos de Natal. lidade. Mas o que quero dizer é que cidade que os filhos partilham o

tecto com os pais muito para lá dos 18 anos, altura em que a maior parte dos jovens alemães se emancipa. Talvez por isso, sejamos também um povo de emoções mais quentes e afectuosas, mais flexível, mais propício à desorganização e a inventar soluções que esfumem as preocupações de quem está perto, mesmo que em cima da hora. Este nosso “desenrasca” é inimaginável no dicionário alemão. Pelo contrário, em terra de chanceler, tudo deve estar sempre “in Ordnung” e quase tudo acontece porque existe um “Termin” previamente estabelecido. A reputada organização alemã move a vida num ritmo constante, pré-determinado, cendenciado e sem grandes sobressaltos. E, talvez por isso, é concebido de antemão que sempre que o disco amarelo brilha lá bem no alto, há que sair, pedalar e acalorar o tronco, repetidamente encasacado, caminhar no parque ou ir ao “Biergarten”. Se assim for, por agora, da minha parte “alles ist in Ordnung”.

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Reportagem

PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

Na Serra do Caldeirão (Algarve) a rota da cortiça deu lugar à “rota do carvão“

São Brás de Alportel uma semana após o incêndio Manuel Dias, 71 anos, perdeu animais e um armazém devido ao incêndio que deflagrou em São Brás de Alportel, 26 de julho de 2012. O concelho algarvio sofreu há uma semana atrás um incêndio que consumiu grande parte do seu território causando um prejuizo enorme e afetando familias que ficaram com as suas casas danificadas para além de perderem as suas fontes de rendimento e os seus meios de subsistência. Foto: Mário Cruz

Isabel Pires, 67 anos, olha em lágrimas para a terra que deu sustento à sua família durante gerações. A serra do Caldeirão está hoje transformada na „rota do carvão“, com hectares de encosta queimada, onde não se vislumbra qualquer fonte de rendimento. Em 2004, um outro incêndio consumiu parte da produção de montado de sobro e cerca de 400 colmeias da habitante da Cova da Muda, São Brás de Alportel. A tragédia repetiu-se há uma semana mas, desta vez, com mais dramatismo. Foi perdido todo o trabalho de uma vida. „O que não ardeu em 2004 ardeu agora. Acresce ainda o prejuízo do investimento feito nestes oito anos. Todo o montado ficou destruído e mais de 150 colmeias. O que a serra produziu em décadas, as chamas destruíram em poucos minutos. Foi o fim“, vaticina

Isabel Pires, enquanto aponta para as abelhas que sobreviveram ao „inferno“ e pousam no mel que ainda escorre pelo solo seco e queimado. Indignada, a moradora acredita que a desgraça, que consumiu 35% do total do concelho de São Brás de Alportel, podia ter sido evitada, caso as entidades responsáveis tivessem actuado no período que mediou os dois grandes incêndios. „Durante estes oito anos devia ter-se feito muita coisa. Esta é uma zona crítica, mas os nossos governantes nunca ligaram à serra nem aos seus moradores. Fizeram-se miradouros,

criou-se uma rota da cortiça e agora faz-se a rota do carvão. Depois de estar tudo queimado é que se fazem os corta fogos“, lamenta a habitante, antes de nos deixar na estrada que separa São Brás de Alportel e Tavira. Ao longo da encosta o cenário é desolador. O que antes era uma paisagem verde, é agora um deserto negro sem vida e em silêncio. O cheiro a queimado e os focos de fumo a sair das entranhas de algumas árvores transportam-nos para o incêndio que atingiu o coração da Serra do Caldeirão, onde estiveram mais de mil bombeiros. Este é o Algarve profundo, bem diferente das imagens turísticas das praias que aparecem na televisão. Ao fim de alguns quilómetros, a única pessoa que avistamos foi um ciclista e algumas povoações „perdidas“ no meio da serra. Chegados à aldeia de Cabeça do Velho, uma das zonas

mais fustigadas, está Maria Ramos, 55 anos, que reside com os pais. Além do montado de sobro, o fogo consumiu tudo o que estava no interior dos nove anexos espalhados pela serra. „Cerca de 300 litros de azeite, 50 caixas de batatas e de alfarrobeiras, centenas de litros de vinho, quatro motociclos e as alfaias agrícolas. Morreram sete coelhos e dois patos. Isto é uma tristeza enorme. A serra transformou-se num deserto de cinzas. Era visitada por muitas pessoas e turistas, mas agora quem é que vem para cá?“, questiona, Maria Ramos, ao pé do que um dia foi um motociclo. Ao seu lado está Guiomar Rodrigues. Enquanto conta como combateu o incêndio sozinha a partir do telhado da sua habitação, a sexagenária aponta para uma galinha morta na encosta e leva-nos até duas casas queimadas que serviam de arru-

mações. De um bidão corre ainda vinho tinto. Na parede negra permanece um quadro de nossa senhora de Fátima. Num dos lados está o ferro e as molas contorcidos de duas camas. A ração para os animais resumese a cinzas. Subindo a serra do Caldeirão pelo lado de Tavira, o negro continua a ser a cor predominante. Manuel Dias, 71 anos, reside na zona de Castelão. As duas arrecadações onde guardava as ferramentas para trabalhar a terra arderam. O burro sem nome - acabou por morrer quando tentava fugir das chamas. A alegria de Manuel Dias, ao acordar todos os dias e de ver a serra verde e pujante, deu agora lugar à tristeza, à angústia e à desilusão de ver „morrer“ o que tinha tanta vida. Jorge Afonso da Silva Lusa


Manuela Aguiar

A ex-secretária de Estado da Emigração, Manuela Aguiar, disse que só aconselha as pessoas a emigrar quem desconhece a história da emigração em Portugal, mostrando-se impressionada com a quantidade dos que deixam o país.

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Emigracão

PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

Só encoraja portugueses a emigrar quem não conhece a história da emigração

„Só encoraja os portugueses a emigrar quem não conhece a história da emigração portuguesa. Recomendar aos portugueses que emigrem é absolutamente desnecessário porque se precisarem, sabem como emigrar, sempre souberam. O que é dramático é

que Portugal tenha que voltar a ser um país de emigração por razões económicas, porque as pessoas estão pobres e não têm modo de vida em Portugal“, disse Manuela Aguiar. Manuela Aguiar mostrou-se impressionada com o número de portugueses que anualmente estão a deixar o país e que o Governo estima entre 120 mil a 150 mil. „Num país com a tradição migratória portuguesa, era evidente que à mínima crise os portugueses voltariam a sair, mas ninguém esperava a crise que vivemos e eu não esperava que os números atingissem esses patamares“, disse. Manuela Aguiar, que ocupou a pasta da Emigração entre 19801987, sublinhou que „verdadeiramente a emigração nunca parou“, considerando que na década de 90, quando a saída de portugueses se processava a „ritmos muito su-

periores“ aos da década de 80, os governos, independente do partido, „negavam que houvesse emigração“. „Os [actuais] números da emigração são espantosos e ninguém sabe ao certo, podem ser muitos mais. Quando vemos que há mais de 100 mil portugueses em Luanda, que no Brasil os vistos emitidos são dezenas de milhar, é óbvio que a emigração está a atingir uma dimensão e volume espantosos“, disse, elogiando o actual secretário de Estado por ter tido um discurso „realista“ em relação ao fenómeno. A ex-deputada contesta também o discurso de que estão a emigrar sobretudo os mais qualificados e defende que é preciso manter as novas vagas de emigrantes ligadas a Portugal. „Há um discurso um pouco ufanista no sentido de dizer que Portugal está a perder a gente

mais qualificada e que os que estão a emigrar têm todos altas qualificações. Isso não é verdade. Os que têm dificuldades, uns qualificados e outros não qualificados, estão a emigrar da mesma maneira“, disse. Para Manuela Aguiar, „existe um risco potencial“ desta nova geração de emigrantes „se integrar de forma muito mais individualizada“, afastando-se assim de Portugal. „Sendo uma emigração muito jovem e não precisando de enviar dinheiro para as famílias em Portugal, será uma emigração que envia muito menos remessas e muito menos ligada ao país e às comunidades portuguesas no estrangeiro“, considerou. Por isso, defendeu, „deve ser feito um esforço no sentido de saber onde essas pessoas estão e de tentar promover o encontro entre todos esses portugueses“. PUB

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O processo de partilha, tal como o divórcio, pode ocorrer por duas vias, uma em que existe acordo entre os ex-cônjuges ou na ausência do mesmo, pela via judicial. Hoje em dia, existindo acordo entre os ex-cônjuges, a partilha pode ser realizada em vários locais, nomeadamente, no Balcão Partilhas nas Conservatórias de Registo Civil, num cartório notarial e até mesmo num escritório de advogados. A partilha com acordo, será sempre o método mais célere e económico de se colocar um fim ao património comum, resultante do casamento entre duas pessoas. Não

havendo acordo, o processo ocorre num tribunal, podendo demorar vários anos a ser resolvido, o que faz com que os interessados, sejam obrigados a pagar taxa de justiça e custas judiciais que aumentam consoante o tempo em que o processo se encontra pendente. Havendo acordo, há que ter em atenção aos valores do activo (imóveis, recheio dos imóveis, veículos automóveis) e do passivo (empréstimos bancários para aquisição de imóveis e veículos e outros existentes). Apurados os valores, poderá existir várias situações, uma que um dos cônjuges fica com imóveis e empréstimos e tem de pagar tornas ao outro cônjuge, ou até uma situação em que o activo e passivo é dividido entre os ex-cônjuges, não existindo direito a tornas entre eles. A existência de tornas leva a que exista lugar a liquidação e pagamento de imposto, de IMT e Imposto do Selo, que terão de ser

liquidadas a quem leva a mais do que o seu direito, ou seja, da sua quota do património conjugal, assim sendo, será responsável pelo imposto, aquele que fica incumbido de pagar as respectivas tornas. Uma situação muito recorrente na partilha por divórcio, acontece quando ambos os cônjuges são responsáveis pelo empréstimo de aquisição de habitação ou outros constituídos na esfera conjugal. Situação que está directamente relacionada com a desvinculação daquele cônjuge que fica sem o imóvel em que incide(m) o(s) empréstimo(s), ou vinculação total daquele que assume integralmente o passivo resultante de outro empréstimo. Ora, o facto de numa partilha os cônjuges acordarem que apenas um deles fica vinculado ao empréstimo assumido ainda enquanto casados, não obriga o Banco a aceitar a desoneração de um dos cônjuges.

Para que tal desoneração/desvinculação ocorra, é preciso que o Banco autorize tal operação. E como é que isto se processa? É preciso abrir um processo no Banco, em que o mesmo irá analisar a taxa de esforço do cônjuge que pretende assumir exclusivamente o empréstimo; tal análise, é feita, atendendo ao empréstimo concedido, aos vencimentos e IRS do cônjuge e ainda é necessária uma prestação de garantia, geralmente, a fiança de terceiros. Só após ponderosa análise é que o Banco poderá autorizar a desvinculação do outro cônjuge, sendo que só a partir desse momento, é que se produzirão os efeitos da desvinculação. E pode ocorrer a situação em que o Banco decida não autorizar a desvinculação? Pode. Neste caso, para o Banco continuam ambos os cônjuges responsáveis pelo cumprimento do empréstimo, mesmo que, em termos de registo predial,

a casa (objecto de hipoteca do banco) já se encontre registada no nome de apenas um dos cônjuges, em virtude da partilha ter avançado sem prévia decisão do banco. Atendendo a este risco de vinculação, existem alguns bancos, que solicitam o pedido prévio de autorização antes de se proceder à partilha por divórcio, o que muitas vezes, faz que os direitos dos dois cônjuges fiquem acautelados. Desta feita, concluímos que a melhor forma de se proceder à divisão do património conjugal, é pela partilha por acordo, que poderá ser feita de forma célere e com custos controlados, no balcão de partilhas, ou através dos balcões únicos dos advogados, cartórios notariais, entre outros. Especial atenção, será exigida no caso da existência de empréstimos bancários, pedindo previamente autorização da entidade bancária, para desvinculação de um dos cônjuges. PUB

TRADUÇÕES PORTUGUÊS ALEMÃO

Claus Stefan Becker Tradutor ajuramentado junto dos Consulados-Gerais de Portugal em Estugarda Im Schulerdobel 24 79117 Freiburg i.Br Tel.: 0761 / 64 03 72 Fax:0 761 /64 03 77 E-Mail:info@portugiesisch-online.de

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PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

José Gomes Rodrigues rodrigues@live.de

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Seja o seu próprio patrão • Incentivos financeiros para criar a sua empresa • Como criar a sua micro empresa • Férias e subsidio de férias para trabalho reduzido SEJA O SEU PRÓPRIO PATRÃO – CRIE A SUA PRÓPRIA EMPRESA Exmo Sr. Mário dos Santos e equipe de colaboradores Saudações muito amigas a toda a equipe e colaboradores do jornal. Como dirigente associativo tenho a dizer-vos que nossa comunidade portuguesa situada numa pequena mas linda cidade algures na Renânia do Norte que atraiu outrora muitos compatriotas para trabalharem nas muitas indústrias então existentes, agradece o envio do vosso e nosso jornal. Não só as informações gerais, mas a informação social tem merecido um interesse especial dos nossos sócios. A sua leitura tem tido muitos adeptos no nosso centro. A vossa neutralidade político - partidária dá-vos a “chance” duma maior ressonância e importância. Continuem assim. Só os leitores podem ser os vossos juízes. Existem, infelizmente, ainda alguns desempregados de longa data. Muitos gostariam de acabar com esta situação. Notamos que nas outras comunidades, em especial na comunidade turca, se estabeleceram e continuam a estabelecer-se conta próprio, causando até uma certa inveja, ou melhor, o desejo de os imitar. Quais as possibilidades financeiras existentes para que possamos ser patrões de nós mesmos? Leitor e dirigente associativo devidamente credenciado Sabe sempre bem, saber que o nosso esforço tem-se feito eco através do interesse manifestado de tantos leitores. Estas mensagens impulsionam-nos a continuarmos e a esforçar-nos por melhorar. A nossa sincera gratidão. Claro que procuramos ser neutrais nos campos que indica. Um jornal como o PP não pode ser simplesmente um veículo de informação partidário, mas muito mais que isso. Os leitores continuam a ser, isso é verdade, os nossos verdadeiros juízes. São eles a nossa razão de ser. O seu interesse pela problemática dos compatriotas da sua cidade merece o nosso cordial apreço. A situação na sua cidade repete-se, infelizmente, noutras. O desemprego, assim como o trabalho precário e mal pago tem sido, infelizmente uma constante noutras cidades e já há vários anos, apesar das badaladas dissonantes dos políticos. Cremos que a situação da comunidade turca não é, já pelo seu número, comparável à nossa. O seu modo de estar na sociedade, as suas raízes culturais, aliada a uma capacidade maior de organização e de comunicação entre si dá-lhe asas a uma diferente independência financeira. Não é neces-

sário invejá-los e não sei se são de todo imitáveis. Nós portugueses temos tido outros valores no mundo do trabalho. Mas seria interessante ver a nossa comunidade com um pouco mais de espírito aventureiro neste campo. Mas que este actuar seja bem medido e estudado de forma a que possamos criar mais riqueza. Existem incentivos financeiros por parte do Instituto de Desemprego para promover o trabalho por conta própria, fundando a própria empresa. É uma decisão que exige coragem e um certo espírito de risco. No passado ano mais de 240.000 desempregados, usando estes incentivos, decidiram acabar com o próprio desemprego passando a ser o seu próprio chefe. Pelos estudos efectuados a estas opções chegou-se à conclusão que esta foi uma óptima decisão. O êxito destas micro-empresas atingiu mais de 80% após o ano e meio. Para que esta decisão seja meritória e tenha o êxito esperado, convém ter em conta as seguintes questões: Análise do mercado Antes de realizar pôr em prática a ideia, terá o interessado de averiguar a situação do mercado local e analisar se o tipo de trabalho por conta própria poderá trazer o rendimento esperado. É necessário também possuir algumas bases teóricas e práticas de contabilidade e conhecimentos comerciais. Estas noções podem ser adquiridas em seminários que são proporcionados por organizações e escolas de adultos (VHS). Tanto os Institutos de desemprego como as Câmaras de Comercio e Indústria poderão sempre prestar uma ajuda importante. Preparação indispensável Deverá planear, em primeiro lugar, este para si importante passo com bastante antecedência. Procurará, através de seminários, que são oferecidos para apoiar as pessoas que querem enveredar por este caminho, acumular conhecimentos., Adquirir o necessário

“treinamento” e reunir os conhecimentos suficientes no sector em que aspira abrir o negócio. Estes constituem um esforço que poderá ajudar e bem ao seu êxito. Em segundo lugar, deve informar-se com a maior precisão possível sobre o tipo e o local do negócio. Para que a ideia não fracasse, convém recolher o parecer de especialistas na matéria através dum consultor empresarial ou fiscal. Em terceiro lugar, deverá informar com muita antecedência o competente Instituto de emprego sobre a proposta de criação da empresa. Plano de negócios Procure escrever da forma mais detalhada possível o conceito do seu negócio. Este conceito deve apresentá-lo aos possíveis credores, seja ao “Arbeitsamt” também chamado “Jobcenter” e aos possíveis institutos de crédito. Quem não tem a necessária confiança para o realizar pode pedir a colaboração de algum conselheiro ou servir-se da ajuda de programas de software. Este plano deverá ser verificado por especialistas. Financiamentos possíveis Os desempregados que na altura da fundação da empresa tenham ainda direito ao mínimo de 150 dias de seguro do desemprego, têm a possibilidade de requerem junto do “Arbeitsamt“ a apoio à fundação da sua pequena empresa (Gründungszuschuss). Os que usufruírem a ajuda social ao desemprego ( Hartz IV ou Arbeitslosengeld II ) poderão requerer o subsídio de abertura ou da fundação ( Einstiegsgeld). Só o próprio Instituto local pode indicar com exactidão o montante destes incentivos financeiros. No primeiro caso, os subsídios são dados em duas fases, que perfazem 15 meses na sua totalidade. Nos primeiros seis meses as ajudas resumem-se a 300 € mensais e no montante do seguro de desemprego que recebiam

antes. Nos nove meses seguintes continuam a ser-lhe consignados mais 300 € mensais desde que comprove que continua a manter a actividade normal e intensiva comparável a um empresário. Estes incentivos dependem também da sua residências, pois podem diferir de Estado para Estado. Existem outros bancos de crédito, como o KfWBank e outros, que estão vocacionados para este tipo de créditos. Convém ter em conta ainda antes do processo e durante o processo de realizar o seu sonho de independência financeira as seguintes observações: • Convém ter presente sempre que estas ajudas não são um direito que confere aos desempregados mas um possível subsídio que poderá ser conferido ou até negado. • Em caso do interessado desistir de levar avante o seu projecto empresarial, continuará a receber o seguros de desemprego até ao máximo dos dias a que tinha direito antes de começar o seu projecto. • A isenção fiscal, de impostos sobre estas subvenções estatais, é outro atributo a ter em conta. • Outras informações sobre o tema podeis lê-las em: www.existenzgruender.de, www.gruendungswerkstatt.de, entre outras.

FÉRIAS E MINI JOB – TRABALHO COM HORÁRIO REDUZIDO Exmos Senhores do Portugal Post Já trabalho numa empresa há alguns anos mas o meu ordenado mensal não ultrapassa os 400 €. É o tipo de trabalho que chamam de mini job. Até agora não tenho o ordenado durante a minha ausência por motivo de férias, nem um possível correspondente subsídio. Há quem me tenha dito que até teria esses direitos. Bom, sempre era uma ajudinha financeira e nos tempos que correm, estaria a calhar!

Podiam indicar como é a lei e férias nestes trabalhos de tempo reduzido? Leitora devidamente identificada Ao aproximarem-se as férias começase com muita antecedência fazer contas. Quem tiver um trabalho reduzido que não ultrapasse os 400 € mensais, deve lembrar-se que poderá ter direito também a tempo de férias completas, desde que esteja numa relação de trabalho há mais de seis meses. O tempo de direito de férias são geralmente 24 dias úteis. Se houver um acordo tarifário na empresa, este tempo pode ser ultrapassado. Regulação do direito de férias Mesmo que tenha trabalhado um ou dois meses nestas condições de pagamento, terá direito a férias, percentualmente. Com um mês de trabalho poderá usufruir de um até dois dias livres por férias. Subsídio de férias Se o horário de trabalho normal forem 9,5 horas por semana. O que significaria 25% do tempo dum operário com um horário normal na mesma empresa, neste caso terá direito a um quarto de subsídio de férias dum operário com horário regular. Se a soma deste complemento de férias com a subsídio de Natal ultrapassarem a média de 400 € mensais, então terá de ter cuidado, pois, sendo assim, este trabalho será considerada como se fosse uma ocupação com obrigatoriedade de descontos. Não existe, em princípio, um direito a este subsídio de férias, este só é obrigatório se o patrão se obrigou, através dum acordo tarifário, ou, se a sua atribuição estiver regulado internamente pela empresa. Mais se informa que, segundo as leis laborais, as férias para o ano em curso, devem ser gozadas até o final do ano. As que teriam direito em 2011 caducaram com o fim do anos, a não ser que haja um acordo privado entre a senhora e o patronato PUB

Se é empresário ou pretende trabalhar por conta própria, inscreva-se na Federação de Empresários Portugueses na Alemanha e retire daí vantagens para o desenvolvimento do seu negócio. Contacte-nos: Verband Portugiesischer Unternehmen in Deutschland e.V. Postfach 10 27 11 50467 Köln Tem mais questões a colocar sobre a filiação? Estamos ao seu dispor por email ou por telefone : 0221 - 91265721 E-mail: info@vpu.org


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Portugueses no Holocausto Autora: Esther Mucznik Preço: 33,50

Os Portugueses Autor: Barry Hatton Preço: € 29,00 Barry Hatton vive em Portugal há quase 25 anos. Correspondente da Associated Press em Portugal, o jornalista britânico revela no livro Os Portugueses aquilo que somos enquanto país e enquanto povo. Pelo menos aos olhos dos estrangeiros. No livro "Os Portugueses", Hatton relembra os principais momentos históricos que marcaram a nação, desde o período áureo dos Descobrimentos aos anos governados por Oliveira Salazar, sem esquecer a pela peculiar relação com Espanha, e termina com uma análise sobre a modernidade. «A minha intenção é lançar algumas luzes sobre este enigmático canto da Europa, descrever as idiossincrasias que tornam único este adorável e, por vezes, exasperante país e procurar explicações, fazendo o levantamento do caminho histórico que levou os portugueses até onde estão hoje.», avança o autor na nota prévia da obra. Paralelamente, a construção da identidade de Portugal enquanto povo e os vários estereótipos que (ainda) reinam além fronteiras são abordados e apresentados através de episódios vividos pelo autor ou por pessoas que lhe são próximas. De leitura obrigatória para todos quantos desconhecem a verdadeira alma lusa, portugueses ou não, "Os Portugueses" é uma obra obrigatória, escrita de forma apaixonada por um dos correspondentes mais antigos da imprensa internacional no nosso país.

Grandes Obras Os Maias Eça de Queirós Livro de Bolso Preço: € 11,90

Formas de pagamento Junte a este cupão um cheque à ordem de PORTUGAL POSTVERLAG e envie-o para a morada do jornal ou, se preferir, pode pagar por débito na sua conta bancária. Se o desejar, pode ainda receber a sua encomenda à cobrança contra uma taxa que varia entre os 4 e os 7 € (para encomendas que ultrapassem os dois quilos) que é acrescida ao valor da sua encomenda. Não se aceitam devoluções.

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Máscaras de Salazar Autor: Fernando Dacosta

Preis: € 30,90 Uma obra decisiva para a compreensão do século XX português Máscaras de Salazar é a recriação de uma crónica pessoal a partir de testemunhos, de diálogos, de declarações, de confidências, de segredos que Fernando Dacosta teve com vários protagonistas (e opositores) do Estado Novo, inclusive Salazar. Para julgar é preciso compreender. Daí o contributo deste livro, memória de gerações de pessoas convictas de um desígnio que foi morrendo com elas. É urgente reter a palavra, o testemunho com que influenciaram para sempre o nosso presente e o nosso futuro. Através de dezenas de depoimentos inéditos, incluindo os do próprio Salazar e de D. Maria, a governanta-virgem, a revelação de dados até agora completamente desconhecidos: O ex-presidente do Conselho não caiu de nenhuma cadeira. Conservou, escondidas, duas cápsulas de cianeto fornecidas por Hitler. A Pide matou Delgado sem o seu conhecimento. Foi ele que sugeriu a fuga de Cunhal da prisão de Caxias. As razões que levaram a Santa Sé a considerá-lo a «encarnaço viva do demónio».

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Baruch Leão Lopes de Laguna, um dos grandes pintores da escola holandesa do século XIX, judeu de origem portuguesa, morreu em 1943 no campo de concentração de Auschwitz. Não foi o único, com ele desapareceram 4 mil judeus de origem portuguesa na Holanda, que acabaram nas câmaras de gás. No memorial do campo de Bergen-Belsen consta o nome de 21 portugueses deportados de Salónica, entre estes Porper Colomar e Richard Lopes que não sobreviveram. Em França, José Brito Mendes arrisca a sua vida, escondendo a pequena Cecile, cujos pais judeus são deportados para os campos da morte. Uma história de coragem e humanismo no meio da atrocidade. Em Viena, a infanta Maria Adelaide de Bragança também não ficou indiferente ao sofrimento, e não hesitou em ajudar a resistência nomeadamente no cuidado dos feridos, no transporte de armas e mantimentos, tendo sido presa pela Gestapo. Esther Mucznik traz-nos um livro absolutamente original, baseado numa investigação profunda e cuidada em que nos conta a história que faltava contar sobre a posição de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial.

Aprender Português Borges/ Tirone/ Gôja Timi 3 livro do aluno (com CD-audio) acordo ortográfico Preço: € 30,90 TIMI 3 é um manual para alunos que estão a aprender PLE / PL2. Este projeto inclui: Livro do Aluno com vocabulário ilustrado, diálogos, jogos e exercícios variados. Inclui um CD áudio com apresentação de vocabulário, dramatização das bandas-desenhadas, exercícios de oralidade e uma canção por unidade, composta com músicas e letras originais, que permitem ao aluno consolidar e aprofundar o vocabulário de uma forma lúdica e agradável. Livro do Professor que oferece, passo a passo, pistas de exploração por exercício, assim como inúmeras ideias e recursos para cada unidade. Inclui uma sinopse dos conteúdos de cada unidade e soluções dos exercícios.

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Alfredo Stoffel Telefone: 0170 24 60 130 Alfredo.Stoffel@gmx.de José Eduardo, Telefone: 06196 - 82049 jeduardo@gmx.de Maria da Piedade Frias Telefone: 0711/8889895 piedadefrias@gmail.com

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Fernando Genro Telefone: 0151- 15775156 fernandogenro@hotmail.com

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Tel: 0211/13878-12;13 Consulado-Geral de Portugal em Estugarda Königstr.20 70173 Stuttgart

Tel. 0711/2273974 Conselho das Comunidades Portuguesas: Alfredo Cardoso, Telelefone: 0172- 53 520 47 AlfredoCardoso@web.de

Federação de Empresários Portugueses (VPU) Postfach 10 27 11 50467 Köln Tel.: +49. 221 789 52 412 E-Mail: info@vpu.org Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) www.fapa-online.de Postfach 10 01 05 D-42801 Remscheid

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Exposições Até 31.08.2012 – HAMBURGO – Exposição de fotografia sobre Portugal. Local: Freien Kulturinitiative Jenfeld, Kelogstrasse 38, 22045 Hamburg. Até 8.09.2012 – FRIESENHEIM – Exposição no Atelier MirArte. Esculturas em mármore do artista Filipe Mirante. Local: Obere Neugasse 20, 55278 Friesenheim Em Setembro De 10.09 a 09.10 - DÜSSELDORF - Exposição dos artistas plásticos portugueses João Maria Gusmão e Pedro Paiva (representantes de Portugal na Bienal de Veneza 2009) Kunsthalle Düsseldorf www.kunsthalle-düsseldorf.de/

20.10.2012 KÖLN. Local: Philharmonie 27.10.2012 DORTMUND. Local: Konzerthaus Sugestões Visitar um Museu Haus der Geschichte der Bundesrepublik Deutschland Willy-Brandt-Allee 14 53113 Bonn Tel: (02 28) 91 65-0 Ler um Livro Portugueses no Holocausto Autora: Esther Mucznik Encomendar ao PORTUGAL POST SHOP

Assinaturas Se ainda não é assinante do PORTUGAL POST, basta telefonar ao número 0231-83 90 289 e solicitar informações ou pode mesmo fazer a sua assinatura via telefone

Concertos 11.08.2012 - BAD HERSFELD – Actuação do grupo Sina Nossa. Local: Buchcafé Bad. Início: 20h00 14.08.2012- WUPPERTAL – Cristina Branco & Ensemble. Local: Skulpturenpark Waldfrieden, KlangArt 2011. Hirschstraße 12, 42285 Wuppertal Início: 19h00 Madredeus na Alemanha 14.10.2012 BREMEN. Local: Glocke 16.10.2012 BERLIM. Local: Haus der Kulturen der Welt 18.10.2012 HAMBURGO . Local: Fabrik

- com a sua energia no palco e com a voz sensual e carismática de Anabela Ribeiro. Sina Nossa não é um grupo de fado no sentido clássico. Basta olhar para os intrumentos utilizados como piano, acordeão ou percussão para notar que este conjunto musical gosta de ultrapassar fronteiras. Gostam também de misturar os seus fados com outros estilos musicais. Nos temas podem-se ouvir influências de música clássica, pop e jazz. Os arranjos trazem vestígios de tango, flamenco, latin e gypsy-swing. Mas é esta mistura ecléctica que faz dos Sina Nossa um projecto especial com um futuro prometedor. Fonte: Sina Nossa

Música CD "Alforria", Sina Nossa Sina Nossa é um grupo de músicos constituído por 5 jovens lusodescendentes, um brasileiro e um alemão que se juntaram em 2005 com o intuito de dar ao fado um rosto moderno. Este grupo tem evoluído um reportório multifacetado, com temas própios e temas clássicos do fado, convencendo o público seja português ou de outro país

FERNANDO ROLDÃO ORGANISTA CANTOR - BAILES CASAMENTOS FESTAS EVENTOS - KARAOKE

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poesias de amor e de outros sentires Se sou amado, quanto mais amado mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, devo esquecer também, Pois amor é feito espelho: -tem que ter reflexo. Pablo Neruda

Saúde e Bem estar Coluna Vertebral Desajustes e dores nas costas Os problemas de coluna são diversos e muito variados. Pela coluna passam cerca de 20 milhões de fibras nervosas. Algumas delas levam informações até o cérebro. Outras vão do cérebro aos músculos, aos intestinos, aos órgãos internos e, enfim, a todo o organismo. Esses nervos saem da coluna pela parte posterior do corpo. A postura incorrecta, o stress, um movimento brusco, uma queda, uma má alimentação ou um mau colchão podem ocasionar dois tipos principais de problemas na coluna. 1. Um desajuste ou subluxação, que é o movimento de uma das vértebras no que diz respeito à posição das vértebras adjacentes. Esse tipo de problema se apresenta em 70% dos casos. 2. Hérnia de disco: outro problema considerável é a hérnia de disco (os discos são cartilagens amortecedoras formadas por muitas capas que se unem e se localizam entre cada uma das vértebras). Quando o disco, por causas variadas, perde a sua forma e sai de dentro das vértebras chama-se hérnia. Esses dois feitos podem aprisionar e pinçar alguns conjuntos de nervos que saem da coluna até o corpo, produzindo-se dores de todo o tipo, desde males estomacais a dores de cabeça e dores nas costas (a chamada ciática). Focaremos em especial as dores nas costas desde a parte superior até o cóccix. SINTOMAS: As dores nas costas são muito comuns, sobretudo em adultos. Estas dores ocasionadas por qualquer das causas mencionadas anteriormente apresentam-se com mais frequência na parte superior das costas afectando os discos que ficam entre as vértebras cervicais 5, 6 e 7, provocando uma dor quando se fica sentado por muito tempo. Outra dor muito comum é a da região lombar ou parte inferior das costas (discos entre as vértebras lombares impedindo a pessoa de se mover ou de ficar numa mesma posição por longo período. As dores que se apresentam são geralmente agudas e pungentes, sobretudo na região lombar, devido ao pinçamento do nervo ciático (ver ciática neste mesmo livro), que faz com que a dor se estenda por toda a perna. CAUSAS: As causas podem ser muito variadas: uma queda, posturas inadequadas para trabalhar ou estudar, dormir em colchões em mau estado, acidentes, torceduras durante o desporto, tumores, infecções, excesso de peso, stress, etc. As deformações ou problemas da coluna podem ser ocasionadas por alguma enfermidade dos ossos, dos músculos e das articulações, entre as quais se encontram a osteoporose, a artrite reumatóide e osteoartrite. Fonte: Saúde e Bem Estar

DICA Para tirar cheiro de alho e cebola das mãos, guarde sempre na geladeira um pouco de pó de café usado. Ele é excelente.

PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

Receitas Culinárias Sopa de Camarão 250g de camarão; 1 copo de vinho branco; 2 cenouras; 3 cebolas; 1 alho; 1 folha de louro; azeite; 2 nabos; 3 tomates maduros; 1 colher de sopa de farinha; bocadinhos de pão frito ou torrado. Coza os camarões em água, e depois de cozidos tire-os com uma escumadeira e deite na água o vinho branco, as cenouras inteiras e 2 das cebolas. Com a outra cebola, o alho, a folha de louro e um fio de azeite faça um refogado, e depois de o passar por um passador junte-o ao caldo, assim como os nabos e os tomates. Leve ao lume para cozer os legumes, esmague-os com o passe-vite, e engrosse o caldo com a farinha, previamente torrada numa frigideira no forno. Deite depois os camarões descascados dentro da sopa e sirva com os bocadinhos de pão.

Salada de polvo 1,2 kg de polvo congelado, 2 cebolas, 4 dl de azeite , 1 cabeça de alho , 4 dentes de alho , Batatas , Sal e pimenta q.b. Receita: Coza o polvo na panela de pressão durante cerca de 15 minutos, juntamente com a cabeça de alhos, à qual foram retiradas as peles brancas. Escorra o polvo, deixe arrefecer e grelhe sobre brasas. Corte em bocados, disponha numa saladeira e regue com azeite, as cebolas descascadas e cortadas em rodelas fininhas e os dentes de alho descascados e picados. Acompanhe com batatas cozidas e, se gostar, regue com vinagre. Bom apetite

Bavaroise de Morango 5 dl de polme de morangos (cerca de 600 gr de morangos), 300 gr de açúcar, 4 folhas de gelatina branca, 3 folhas de gelatina vermelha , 4 dl de natas Receita: Ferva o açúcar com 2 dl de água. Triture os morangos já bem lavados e sem pé para obter a polme. Quando a calda começar a ganhar ponto, junte a gelatina, previamente demolhada em água fria e escorrida. Assim que a gelatina estiver bem dissolvida, acrescente a polme dos morangos e retire do lume. Logo que o preparado já só esteja morno, adicione as natas batidas, para incorporar. Deite a mistura numa forma de pudim passada por água fria e leve ao frigorífico. Passadas umas horas, desenforme num prato de serviço. Pode enfeitar com chantilly e morangos. Bom apetite

RIR Num restaurante, um cliente diz para o empregado: — Quando penso que há oito dias que estou de férias nesta terra!... Lamento muito não ter vindo aqui, logo no primeiro dia da minha chegada. — O senhor está a lisonjear a nossa casa — replica o empregado. — Não, não — rectifica o cliente — Queria dizer que melhor era ter comido este peixe, há oito dias, do que hoje ao almoço.

Números em Síntese Cada português consome em média quilos de peixe por ano

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Vidas

PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

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Quem com ferros mata, com ferros morre Olá! Tenho lido todas as histórias publicadas no PORTUGAL POST e guardo-as. Algumas até as releio e passo bons momentos com elas. Também eu pensei escrever mas não sabia muito bem se o deveria fazer por não me querer expor assim perante um auditório tão grande como são os leitores do jornal. Pensei bem e aqui vai aquilo que tenho para contar. Tenho 53 anos e sou divorciada há muitos anos. Os filhos que tenho já estão crescidos e têm a sua vida de casados. Vim para a Alemanha quando tinha 29 anos. O meu marido já estava cá quando aqui cheguei. Os primeiros tempos aqui foram difíceis. A língua e os costumes eram um entrave, mas, talvez como aconteceu a muita gente, lá me fui habituando e consegui ultrapassar esses obstáculos. No primeiro ano que aqui cheguei fiquei grávida do meu primeiro filho, isto para dizer que quando cheguei aqui foi para dar filhos ao meu homem, tratar da vida de casa, fazer-lhe de comer e tratar de todas essas tarefas a que muitos mulheres se acostumaram fazer. Pensava eu que era assim, que tinha de ser assim. A minha vida era a casa. Quando saia à rua era para ir às compras ou levar os filhos ao parque infantil. No parque ficava sozinha com receio de me aproximar de outras mães por não saber a língua. Tempos mais tarde, conheci uma mulher portuguesa mais ou menos da minha idade sem filhos que me fazia o favor de me visitar e assim passávamos horas a conversar disto e daquilo e que teve influência na mudança que se veio a registar na minha vida. Como ela sabia falar muito bem alemão .- já cá estava há muito tempo – íamos a um “Mütterzentrum” e fazíamos conhecimentos. Nesse Zentrum havia mulheres estrangeiras que estavam na mesma situação que eu

estava. Enquanto isto, o meu homem trabalhava e os fins-de-semana passava-os na associação a jogar às cartas ou a ir assistir ao futebol da equipa da associação. Isto para dizer que não tinha o marido aos fins-de-semana. Às vezes ia à sede da associação e pensei até inscrever-me no grupo de folclore, mas, como tinha já três filhos, o tempo não era muito e, valha a verdade, a vontade também me faltava. Eu gostava muito do meu marido. Sentia muita pena que ele não me desse a atenção que eu merecia e que não fizesse planos para estar mais tempo connosco. Gostava muito quando íamos todos a Portugal de férias. Aí sim, nesse tempo fazíamos muitas coisas em conjunto. Tinham passado alguns anos após o minha vinda para aqui quando alguém me disse que o meu marido andava com a amiga que me vinha visitar. Não quis acreditar. Ela era casada e nada me dizia que ela fosse mulher desse género. Não liguei muito. Sabia que na associação, entre os portugueses, se dizia muitas coisas que não passavam de boatos. A verdade é que o tal boato continuava e chegava-me de todas as maneiras. Um dia perdi as estribeiras e chamei o meu marido à cozinha e contei-lhe que de vez em quando ouvia esse boato e perguntei-lhe claramente se havia alguma coisa de verdade naquilo que se dizia. “Estás maluca!... Mas quem é que te diz isso?...”, foi a resposta dele. E disse que eu não deveria ligar às más línguas, que os portugueses eram assim, etc e tal. Fiquei descansada. Acreditava no meu marido e duvidava que essa minha amiga fosse mulher para se meter numa coisas dessas. O tempo ia passando e fazia a vida do costume: tratar dos filhos, do homem, da casa e sem tempo para mim. Quanto a essa tal amiga, fazía-

mos o que sempre tínhamos feito: ela visitava-me mais do que eu a ela por mor dos filhos. Falávamos de coisas simples e banais. Um dia disse-lhe “Sabes que dizem no meio português que és amante do meu homem?”. Não respondeu. Ficou longos minutos sem falar e notei depois no tom da sua voz um tremer estranho que acompanhava um vermelhão na cara. A resposta foi, claro, “Credo, que maluquice! Mas quem diz isso?...” Contei-lhe também que já tinha perguntado ao meu marido e chegámos à conclusão que isso não passava de má língua, invejas e outras coisas que tais para nos separar porque se sabia que éramos amigas. As coisas ficaram por aqui. Eu e o meu marido levava-mos uma vida normal, quero dizer, normal para mim, pois eu continuava – e isso sei-o hoje – a ter uma vida cinzenta sem me completar humana e profissionalmente. Não tinha trabalho, ou melhor, o meu trabalho era o de casa: lavar, arrumar, cozinhar, remendar todos os santos dias. A minha única diversão era a televisão ligada à RTPi. Até então nunca me tinha divertido e de passeios eram só nas férias, quando tínhamos. Um dia saí para ir ao médico. Tinha deixado os filhos com a mãe do meu marido. Saí de casa seriam aí umas 15h00. Como tinha consulta apenas às 16h45 fui dar uma volta pelo centro da cidade, coisa que eu muito raramente fazia. Andava pois a ver as montras e a distrair-me um pouco quando vi a minha amiga enfrente de um café que se chama Extrablatt. Fiquei contente de a ver e acenei para que ela me visse. Não me viu e continuei a dirigir-me na sua direcção quando vi, para minha aflição, o meu marido a surgir por detrás dela e a pegar-lhe pela sinta, beijando-a e a levá-la para o interior do café. Não queria acreditar no que

tinha visto. Fiquei ali como que pregada ao chão com o coração a bater desatinadamente. De repente, as lágrimas, que não sabia se eram de tristeza ou de raiva, corriam-me pelas faces e, afinal, o boato não era boato mas uma verdade bem dura! Esqueci a consulta e fui tomada por uma grande, mas muito grande tristeza. Saí dali e pus-me dentro de uma sapataria enfrente do café para me certificar se o que tinha visto não teria sido uma visão ou coisa assim. Passado algum tempo, talvez uma hora, eles saíram muito agar-

rados e à saída do café beijaram-se na boca e seguiram em direcções distintas. Refeita e com a tristeza transformada em raiva e ódio segui para casa. Quando ele chegou eu nada disse, comportei-me como todos os dias e já tinha na cabeça uma vingança que passava por conquistar o marido da minha amiga, amante do meu homem. E assim o fiz. Eles pensavam que eu não sabia da relação deles. Eles não sabiam da minha relação com o marido dela e o marido dela, meu amante, não sabia de nada. Isabel M.

É triste viver assim I

V

Nasci, cresci e fui p‘rá escola Aos vinte anos fui p‘rá tropa No tempo da minha mocidade, Emigrei, regressei e casei E logo compreendi Que acabou a liberdade.

Eu não estava preparado P‘ra este acontecimento Mas foi Deus que assim quis, Tive esta infelicidade É uma realidade No mundo sou infeliz.

II

VI

Os tempos foram passando A idade foi aumentando E comecei a meditar, Sem nunca mais me esquecer Pouco em pouco fui pensando Que me devia casar.

Vivo decerto sozinho Embora tenha dois filhos Que zelam a minha vida, Mas não há nada que pague A falta da minha esposa Que era a pessoa mais querida.

III

VII

Namorámos e casámos Com a esposa que eu tive Foi de facto bom tempinho, Mas que grande azar o meu A minha esposa faleceu Agora fiquei sózinho.

Não desejo a ninguém A minha situação A maneira do meu viver, Quem foi jamais voltará Toda a família que resta Essa é que fica a sofrer.

IV

VIII

É uma situação Do pior que pode haver Mas tudo isto existe, Só quem passa por elas É que nota a falta delas Viver sozinho é triste.

Marido e filhos todos os dias Continuamente noite e dia Sempre no mesmo a pensar, Mas nada se pode fazer Somente pedir a Deus Que a tenha em bom lugar. Arnaldo Lopes, Witten

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Economia & Negócios

PORTUGAL POST Nº 217 • Agosto 2012

Câmara de Comércio Luso-Alemã prepara `road show` para relançar imagem de Portugal A Câmara de Comércio LusoAlemã está a preparar para Setembro um `road show` em quatro cidades alemãs, a fim de relançar neste país a imagem de Portugal, que saiu ligeiramente „prejudicada“ com a crise internacional. „O investimento alemão em Portugal, como é do conhecimento público, está em stand-by“, disse às agência de noicías Lusa Rosária Carvalho (gerente da delegação do Porto da Câmara de Comércio Luso-Alemã), à margem do debate „Desafios à internacionalização da Economia“, que decorreu no passado mês de Julho no Porto. A responsável considerou, porém, que a crise „não veio acrescentar muito mais à realidade que já existia“, lembrando que „desde a queda do muro de Berlim, a Alemanha virou-se para horizontes diferentes e esta crise não veio prejudicar os negócios

de uma forma muito directa“. „A nossa percepção é que veio, sim, prejudicar um bocadinho a imagem de Portugal“, lamentou a responsável, que contou estar a ser desenvolvido um projecto pela Câmara de Comércio, designado `Portugal Plus` no sentido de „repor um bocado da imagem, da competência, seriedade, honestidade do tecido empresarial português“. Nesse sentido está a ser prepa-

rado um `road show` que irá passar em setembro „pelas quatro principais cidades alemãs“. Rosária Carvalho assinalou o „grande esforço“ que está a ser

feito pela Câmara de Comércio e „que envolve também instituições governamentais alemãs e portuguesas“, a fim de mostrar que „se algo não correu bem no passado recente, foi por circunstâncias diversas“, mas „Portugal continuará e deverá continuar a ser um parceiro fidedigno do comércio e da indústria alemã“. A estratégia da Câmara de Comércio passa também por „estar sempre atentos e sempre apoiar todo o empresário português e tentar captar investimento alemão.“ „Vemos isso como nossa missão: apoiar a bilateralidade e o comércio e os negócios entre os dois países, disse a responsável, concluindo que „a procura de negócios na Alemanha [por parte] dos empresários portugueses tem sido crescente e notória e a câmara de comércio tem serviços específicos de apoio à internacionalização, sempre numa vertente bilateral“.

Língua alemã dificulta recrutamento de médicos e enfermeiros portugueses Uma empresa alemã que está desde Maio em Portugal a recrutar médicos e enfermeiros para trabalhar na Alemanha já recebeu «muitos currículos», mas apenas 10 profissionais estão aptos a avançar com o processo, cujo maior obstáculo é a língua. «Já recebemos muitos currículos. Lamentavelmente não podemos dar continuidade a todos os candidatos, pois um grande número não possui os conhecimentos básicos da língua alemã», disse Katharina Fortmann do Rego, responsável pelo recrutamento da empresa Brandler & Rauschelbach. Neste momento, há «10 pessoas altamente qualificadas com diferentes níveis de conhecimento da língua alemã dispostas a avançar com o processo de recrutamento», disse. A responsável informou que os candidatos às entrevistas, que irão decorrer no dia 21 de Julho na Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, em Lisboa, terão

«obrigatoriamente» de enviar o currículo para kfrego@medicjob.com. «Estamos optimistas em conseguir contratar o maior número possível de profissionais de saúde, após verificar que cumprem com os requisitos linguísticos», sublinhou. Segundo a responsável, tratase de mais de 5500 vagas para médicos em hospitais e mais 12000 para enfermeiros e auxiliares. Sobre os requisitos necessários para trabalhar como médico ou enfermeiro na Alemanha, Katharina Fortmann explicou que o principal é saber alemão.?«Para começar o procedimento de recrutamento connosco, é necessário no mínimo um nível básico A1/A2. A partir deste nível oferecemos a possibilidade de fazer o curso intensivo no estado federado Thüringen, na Alemanha, e assim obter o nível requisitado B2», explicou. Os contratos são de tempo inteiro, mas também podem ser temporários, e os «benefícios e sa-

lários dependem da experiência do candidato».?Os salários brutos por ano nos hospitais variam entre 45 mil a 55 mil para os médicos assistentes, entre 50 mil a 73 mil para os especialistas e entre 68500 e 92000 para os chefes de serviço. Já os salários brutos a anuais dos enfermeiros variam entre os 21.600 e os 26.400 euros. Sobre as razões que levaram a recrutar estes profissionais em Portugal, a responsável adiantou que a empresa já trabalha nesta área há alguns anos e teve «bastante sucesso nos recrutamentos de médicos e enfermeiros para a Alemanha em países como Ucrânia e Hungria». Katharina viveu os últimos quatro anos em Lisboa e acompanhou de perto o desenvolvimento da situação económica portuguesa. «Com as recentes notícias de enfermeiros a trabalhar por 3,95 euros/hora, acredito que as duas partes, alemães e portugueses, podem tirar proveito deste recrutamento», frisou. PP com Lusa

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Metade das bicicletas mais famosas de Paris foram feitas em Portugal

Turistam utilizam bicicletas VeliB' que há cinco anos integram a rede de transportes públicos da capital francesa, aluga “liberdade, ecologia e saúde”, empresta “vida à parisiense” a visitantes e moradores, e é uma bicicleta ‘made in’ Portugal, em Paris, França, 14 de julho de 2012. As VeliB' são 23 mil e fazem no domingo cinco anos. Estão espalhadas pelos 1700 pontos de acesso em toda a cidade e arredores. Funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana. Têm habitués, fãs e curiosos. Foto: Remy-Pierre Ribiere / Lusa A Velib’ é de quem quiser pedalá-la: há cinco anos que integra a rede de transportes públicos da capital francesa, aluga “liberdade, ecologia e saúde”, empresta “vida parisiense” a visitantes e moradores, e é uma bicicleta ‘made in’ Portugal. São 23 mil e fazem no domingo cinco anos. Estão espalhadas pelos 1700 pontos de acesso em toda a cidade e arredores. Funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana. Têm habitués, fãs e curiosos. As Velib’ são as bicicletas mais famosas de Paris, e metade das que correm a cidade foram feitas em Portugal. Este sistema de bicicletas urbanas foi “um ponto de partida muito importante” para a empresa Órbita, disse o presidente da empresa, Aurélio Ferreira. Em cinco anos, estas bicicletas fizeram mais de 130 milhões de trajectos e conquistaram mais de 220 mil clientes anuais. Em 2011 foram alugadas mais de 30 milhões de vezes. “Hoje, o mundo está todo preocupado com a mobilidade, e somos consultados permanentemente para bicicletas urbanas. Estamos com um sistema de bicicletas urbanas que está a ter uma grande aceitação em Portugal e em todo o mundo”, afirmou. Este modelo, que os pés do mundo inteiro pedalam em Paris, é “muito especial” e “continua actual”. O responsável diz que a empresa tem apenas substituído algumas peças com desgaste normal, e garante que tudo “está a funcionar impecavelmente”. Os ciclistas, dos ocasionais aos diários, confirmam. Sílvia Pinto tem 45 anos, vive em São Paulo, no Brasil, e é administradora. Encostou a sua Velib’ para tirar

uma fotografia. Está de férias em Paris com a família, que também encostou, e que espera agora por ela. Todos gostam “muito” de andar de bicicleta, e por isso procuraram o serviço: “Foi muito simples. Na esquina do nosso hotel havia um ponto de bicicleta. Põe-se o cartão de crédito, pega-se na bicicleta e anda-se pela cidade inteira. É uma bicicleta de óptima qualidade, funciona superbem. Delícia. Tudo dez!”, disse à Lusa. Luciano Iaçu e Nicolás Salores, ambos estudantes, e ambos com 25 anos, são argentinos. Vieram de Buenos Aires passar férias em Paris. Contam à Lusa que o posto de turismo os informou de que este serviço existia e estava acessível a turistas: “Decidimos usá-las. Temo-las usado em vez do metro, e quando já estamos cansados de andar a pé. Assim vemos muito mais da cidade”, afirmaram. Também Magali Lambert, de 58 anos, não tem razões de queixa. Esta parisiense é utilizadora diária da Velib’ desde o início do projeto. “Utilizo-a todos os dias, sempre que posso. Vendi recentemente o meu carro porque estava farta. É muito caro em Paris. Subscrevi o serviço anual, pago 29 euros por ano, e posso utilizar gratuitamente a bicicleta por períodos de meia hora. Sou muito mais feliz”, contou. As bicicletas, diz, “são boas e robustas”. Não percebe, acrescenta, como é que “há quem consiga estragar algumas”. “O serviço está cada vez melhor, mas podia melhorar ainda mais se houvesse apenas bicicletas na cidade, se os carros fossem apenas para quem não pudesse deslocar-se de outra forma”, concluiu.


Boas fe´rias

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Lisboa – uma sinfonia de luz Cada um tem a sua própria maneira de descobrir uma cidade. Quando eu tenho amigos que me visitam, a primeira coisa que faço é desenhar um mapa do meu bairro, para que os meus amigos possam descobrir os sítios certos a visitar: o meu restaurante favorito e também as lojas locais onde me dá prazer comprar. Eu gosto

muito mais dos mapas pessoais que mostram as cidades como nós as vemos com os nossos próprios olhos. Uma amiga recebeu-me em Lisboa num apartamento num prédio do século XIX localizado numa rua tranquila da zona histórica do „Príncipe Real „. Ali as vistas sobre a cidade e o rio Tejo eram deslumbrantes. “Home away from home”. Quando mudamos para outro lugar, torna-se muito mais fácil adaptarmo-nos a uma outra cultura e a uma cidade estranha quando nos sentimos em casa logo desde o primeiro mo-

mento. Abrir as janelas, apreciar a vista, ver televisão, navegar na Internet e ler no sofá. Fazer o que costumamos fazer em casa. Eu gostei muito dos painéis de azulejos nas paredes e do ambiente nas ruas. Lisboa é uma cidade luminosa e vale a pena deixar os óculos de sol no bolso e experimentar a beleza da sua luz. É uma sinfonia de luz. Em Lisboa descobrimos uma antiga capital do “velho mundo” que escapou à monotonia de um urbanismo sem alma do período pós-guerra que caracteriza muitas cidades europeias. Em Lisboa cada casa é um livro de pedras capaz de contar histórias e os pla-

nos que os nossos olhos descobrem são verdadeiros ecrãs de cinema. A cada instante somos surpreendidos. Quem adora uma combinação de fachadas antigas, ruas estreitas, zonas trendy e uma vida nocturna badalada tem absolutamente que visitar Lisboa. Lisboa foi durante muitos séculos a capital de um império marítimo e surpreende a cada instante com uma herança que funde a cultura de vários continentes, incluindo África e Ásia. A cidade oferece vários “hot spots” espalhando os turistas. Estive em Praga no ano passado e senti-me completamente à deriva. Visões de uma ponte sobrelotada, cheia de grupos de turistas a tirar foto-

grafias a cada segundo, assombraram-me. No palco, como na vida, tudo tem o seu tédio: lojas de souvenirs para turistas, empregados de restaurante a atirarem menus para debaixo do meu nariz e lojistas repetindo sem cessar que me adoram. Estes comportamentos aborrecidos podem ser vistos como parte da autenticidade de muitas cidades, mas para mim estes exageros só contribuem para arruinar as minhas férias. Percorrendo Lisboa, nunca senti que eu era para eles apenas mais um turista lucrativo. Salvador M. Riccardo

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