Portugal Post Julho 2012

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PORTUGAL POST ANO XIX • Nº 216 • Julho 2012 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: correio@free.de • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718

VPU com nova direcção e nova vida

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Entrevista com o novo presidente, Rogério Pires Pág. 3

A nova direcção da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha (VPU). Da esq.: Michaela Ferreira do Santos, Dra. Carla Batuca – Branco, Rogério Pires e Rosário Pinho Bayer. Foto: Paulo Santos

Portugal abandonado

Portugueses em Miltenberg

Crónica de Cristina Krippahl Pág. 5

Conversa com Joachim Bieber Presidente da Câmara Pág. 11

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PORTUGAL POST Nº 216 • Julho 2012

PORTUGAL POST

Editorial Mário dos Santos

Agraciado com a Medalha da Liberdade e Democracia da Assembleia da República Fundado em 1993 Director: Mário dos Santos Redação e Colaboradores Cristina Dangerfield-Vogt: Berlim Cristina Krippahl: Bona Joaquim Peito: Hanôver Luísa Costa Hölzl: Munique Correspondentes António Horta: Gelsenkirchen Elisabete Araújo: Euskirchen Fernando Roldão: Frankfurt/M João Ferreira: Singen Jorge Martins Rita: Estugarda Manuel Abrantes: Weilheim-Teck Maria dos Anjos Santos: Hamburgo Maria do Rosário Loures: Nuremberga Vitor Lima: Weinheim Colunistas António Justo: Kassel Carlos Gonçalves: Lisboa Glória de Sousa: Bona Helena Ferro de Gouveia: Bona Joaquim Nunes: Offenbach José Eduardo: Frankfurt / M Lagoa da Silva: Lisboa Luciano Caetano da Rosa: Berlim Marco Bertoloso:  Colónia Paulo Pisco: Lisboa Rui Paz: Dusseldórfia Teresa Soares: Nuremberga

VPU – Um recomeço feliz

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om a eleição de uma nova direcção, a Federação de Empresários Portugueses na Alemanha irá ganhar um novo impulso quanto mais não seja por ter no seu seio três mulheres, um acontecimento que se deve sublinhar, sabendo que não é normal haver um poder feminino em agremiações do género. As mulheres, a saber: as advogadas Michaela Ferreira dos Santos (Colónia) e Rosário Pinho Bayer (Berlin), bem como a Dra. Carla Batuca-Branco, são elementos que, devido à forte ligação à VPU e, por outro lado, à sua sensibilidade no que à área empresarial diz respeito, tendem puxar a federação para aquilo que foi criada há cerca de 16 anos, isto é, tornar-se no principal in-

terlocutor dos interesses empresariais entre a Alemanha – Portugal – Alemanha. Naturalmente que em razão disto, a VPU tornase também num importante parceiro dos interesses portugueses na Alemanha no que se refere às questões económicas. Para além dos três elementos femininos, a VPU conta também com um novo presidente, Rogério Pires, eleito por unanimidade e em quem se depõe muitas esperanças e se espera que faça da federação uma instituição de referência de modo a colocá-la no centro da actividade empresarial portuguesa na Alemanha. Para além de ser a primeira vez que a direcção da VPU é dirigida unicamente por portugueses (o que pode ser apenas um coincidência), tanto Rogério Pires com os

restantes membros da direcção da VPU conhecem como ninguém o terreno em que se movem. A sua juventude aliada à experiência, ao Know-how adquirido e aos contactos e prestígio que a VPU foi angariando ao longo dos seus dezasseis anos de existência pode constituir um (re)começo feliz da federação em direcção a um futuro em que, nesta área, todos devem remar para o mesmo lado. Sendo a Alemanha talvez um dos mais importantes parceiros comerciais de Portugal na Europa, é justo que se deseje uma Federação de Empresários lusos forte e com condições humanas e materiais que lhe permita corresponder àquilo que todos esperam dela

Tradução Barbara Böer-Alves

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Assuntos Sociais José Gomes Rodrigues

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Entrevista

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Rogério Pires, recém-eleito presidente da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha

“A VPU pode abrir portas junto de empresários e associações empresariais alemãs” Fundada em 1996 em Bona, a Federação de Empresários Portugueses na Alemanha (vulgo VPU) elegeu em meados do passado mês de Junho a sua nova direcção. Rogério Pires, responsável da representação do banco Santander Totta na Alemanha, candidatou-se e foi eleito o novo presidente da agremiação dos empresários lusos na Alemanha. Na primeira entrevista que dá ao PP, o novo presidente da VPU revela as linhas pelas quais vai pautar a sua acção num momento em que se antevê uma viragem após 16 anos de vida e de experiência da única federação de empresários lusos neste país. Com o senhor à frente da nova direcção da Federação de Empresários Portugueses na Alemanha, de que forma é que pensa dirigir uma agremiação virada para os interesses empresários lusos neste país? Rogério Pires: Os interesses dos empresários portugueses na Alemanha devem ser sempre representados ao mais alto nível possível. Num país como a Alemanha, onde a distância é um obstáculo, a minha função, enquanto Presidente, irá ser em apostar na descentralização, criando representações e mais parcerias estratégicas que correspondam aos interesses dos associados. Serão três as tarefas fundamentais da minha presidência: aumentar o número dos associados; continuar com a defesa e a representação dos interesses dos empresários, assim como darlhes assistência em termos de prestação de serviços e contactos úteis. Por outro lado, a VPU estará orientada para intensificar a (in)formação dos pequenos empresários e desenvolver eventos e exposições no sentido da divulgação dos nossos produtos com a colaboração e parceria das empresas do pequeno comércio e não só. Como é que o Governo português pode aproveitar, no bom sentido, a VPU num momento em que a aposta dos governantes é a diplomacia económica? Rogério Pires: Não é por acaso que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Paulo Portas, quer que os diplomatas portugueses façam estágios nas empresas, criando, assim, experiência no universo empresarial. Este anúncio demonstra que todas as associações empresariais preenchem

um papel fundamental na nova política económica de Portugal. No que diz respeito à nossa responsabilidade, digo-lhe que a VPU, enquanto única federação empresarial portuguesa na Alemanha, pode abrir portas junto de empresários, associações empresariais alemãs etc. Penso, que se deve aproveitar as nossas sinergias para esse objectivo. Existem, como é sabido, várias formas de desenvolver e cativar novos negócios, e algumas delas passam pela VPU, a qual dispõe de instrumentos e conhecimentos eficazes para quem procura parcerias, investimentos e ou comercialização de novos produtos na Alemanha.

ração? Rogério Pires: A VPU serve como plataforma para os seus associados e dispõe de contactos comerciais e de serviços personalizados e adequados para a uma boa performance das empresas no mercado alemão, nomeadamente em: Assistência Jurídica e Fiscal; Assistência na Constituição da Empresa; Planeamento e Desenvolvimento de Projectos/Modelos de Negócio; Gestão Empresarial; Consultaria de Mercados e Marketing; Consultaria de Recursos Humanos. A nossa presença na internet tem sido uma mais valia para os associados. Desde o início do ano incluímos uma Bolsa de Emprego para a qual chamo a atenção Recordo que somos uma das úni-

cas federações que dispõe de um programa de análise empresarial o qual irá estar em breve no nosso site da internet. Além desses aspectos, a VPU vê-se como interlocutor dos interesses dos empresários associados e os órgãos oficiais. Qual é o perfil dos associados da VPU e que interesses têm? Rogério Pires: Os associados abrangem todos os sectores de actividade economia com interesses na Alemanha e em Portugal. Como é que os interessados podem contactar a VPU? Rogério Pires: A VPU está presente na Internet através do seu site (www.vpu.org), que já sofreu algumas alterações e continua a ser actuaFoto: Paulo Santos

Quais são os elementos que fazem parte dos actuais corpos gerentes? Rogério Pires: Além da minha pessoa fazem parte da actual direcção a Doutora Carla Batuca-Branco, a Senhora Michaela Ferreira dos Santos e a Senhora Rosário Pinho Bayer, membros cujo conhecimento é fundamental para a VPU. Rogério Pires, o novo presidente da VPU PUB

À venda

Com cerca de 16 anos de existência não será o tempo de a VPU pensar num modelo de estrutura e funcionamento diferente, por exemplo, semelhante à de uma câmara de comércio? Rogério Pires: A actuação actual da VPU já é semelhante à de uma câmara de comércio, com uma diferença que é a falta de uma estrutura permanente ao serviços dos associados. Essa facto é substancial, mas não relevante, numa boa estrutura onde cada associado tem o poder de corresponder a uma solicitação de fora ou interna. Numa altura em que Portugal vive uma crise económico-financeira e considerando que a Alemanha é o segundo mercado europeu para as exportações portuguesas, de que forma é que a VPU pode contribuir para reforço das exportações lusas para este país? Rogério Pires: Como já referi, a VPU dispõe de um excelente conhecimento do mercado, de bons contactos empresariais e políticos, de uma estrutura de sócios empresariais em todos os ramos significativos que podem ser multiplicadores de negócios na Alemanha. Dispomos de parcerias estratégicas para uma boa comercialização e implementação de novas oportunidades de negócio.

Conquistar os pequenos comerciantes para a federação foi sempre um objectivo pouco conseguido. De que forma é que a nova direcção vai promover a VPU com o objectivo da conquista de mais associados? Rogério Pires: Sabe, esse, além de outros, é um dos grandes objectivos para estes dois anos. Infelizmente, o pequeno comerciante não está, ou está pouco, organizado, porque não vê vantagens imediatas numa filiação. Mas acho que é nesse pensamento que está o grande equívoco. Nesse segmento tem que haver uma atenção redobrada da VPU de modo a criar condições para a adesão desses empresários. Temos pequenos empresários com enorme potencial de crescimento cuja actividade pode ser útil à criação de uma rede de multiplicadores dos produtos e do bom nome de Portugal. Quais as vantagens que se oferecem aos empresários a partir do momento em que aderem à fede-

lizado para bem de todos. No que concerne à internet, actualmente temos uma parte interna com acesso exclusivo para os associados e a outra comum com acesso geral. A VPU está também contactável via telefone: 0221- 91265721, Postfach 102711, 50467 Köln e também via e-mail: info@vpu.org.

DIRECTÓRIO EMPRESARIAL LUSO-ALEMÃO 2ª edição

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Há já algum plano de iniciativas para os próximos tempos? Rogério Pires: Ainda este ano vamos promover duas iniciativas em colaboração com a casa editora do PORTUGAL POST, a saber: o lançamento da terceira edição do directório empresarial luso-alemão, uma série de exposições “Made in Portugal” em 4 pontos da Alemanha; o alargamento e reforço da nossa presença na internet, assim como desenvolvimento e implementação de novos projectos, os quais divulgaremos no nosso site e no PORTUGAL POST. Mário dos Santos


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Nacional & Comunidades

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ENSINO

REMESSAS

Manuais para alunos de português no estrangeiro distribuídos apenas em 2013

Há dez anos que emigrantes não enviavam tanto dinheiro para Portugal

A distribuição de livros aos alunos de português no estrangeiro como contrapartida pelo pagamento de uma propina de 120 euros vai avançar apenas no ano lectivo de 2013/2014, disse o secretário de Estado das Comunidades.

As remessas dos emigrantes portugueses aumentaram no início do ano para níveis de há dez anos, alcançando 822,4 milhões de euros entre Janeiro e Abril. Este valor representa mais 17,6% do que no mesmo período do ano passado e é o mais elevado desde 2002, segundo dados do Banco de Portugal noticiados no Diário Económico. Estes números sugerem uma inversão da tendência de queda das remessas, a par do aumento do número de portugueses que sai do país para trabalhar. Em 2009 caíram 8,2% e no ano passado estabilizaram, subindo apenas 0,19%. O aumento da emigração nos últimos anos e o agravamento da situação em Portugal poderá estar a levar os que estão fora a sentirem-se compelidos a ajudar mais os familiares que ficaram em Portugal, segundo especialistas ouvidos por aquele jornal. Numa primeira fase, quem emigra tem mais tendência para gastar dinheiro devido às novas despesas, refere Filipa Pinho, do Observatório da Emigração. Mesmo assim, o aumento das dificuldades “pode levar a que uma emigração mais antiga seja impelida a ajudar os seus familiares”, diz Jorge Malheiros, do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa.

A propina, que começará a ser cobrada já no próximo ano lectivo, sofrerá uma redução equivalente ao valor dos manuais escolares, disse José Cesário, sem avançar o valor do corte. „É preciso um diploma para a introdução da propina no sistema e concluiu-se que esse diploma deveria ser o decreto-lei 165, e sendo esse decreto é preciso fazer a sua revisão. É um processo que já começamos e que pressupõe um conjunto de audições, nomeadamente dos sindicatos de professores. Enquanto este processo não estiver concluído não é possível aplicar a propina, se não é possivel aplicar a propina não podemos iniciar um conjunto de actos, nomeadamente a distribuição de manuais escolares“, disse José Cesário. O titular da pasta a Emigração, que tutela o ensino de português no estrangeiro através do Instituto Camões, mostrou-se convencido de que a propina „possa ser aplicada logo após o verão“, lembrando que no presente ano

lectivo não poderá incluir os manuais escolares, que „estão a ser escolhidos agora e deverão estar na mão dos alunos em Agosto“. „A propina vai ser aplicada neste ano lectivo, mas parcialmente.[…] Terá um valor mais reduzido uma vez que não terá uma componente“, sublinhou. O Governo determinou o pagamento de uma propina de 120 euros para os alunos de português no ensino paralelo no estrangeiro, que foram ainda obrigados a fazer uma pré-inscrição „online“. A propina destina-se, segundo o Governo, a custear a inscrição, os manuais escolares, o aumento da formação de professores e a certificação dos cursos. Para o próximo ano lectivo, o Governo estima que estejam inscritos mais de 26 mil alunos, menos 9.000 do que os 35 mil alunos que compunham o universo a que se dirigia esta inscrição. O deputado socialista Paulo Pisco, que já por duas vezes questionou a falta de legislação sobre esta matéria em requerimentos di-

rigidos ao Governo, criticou a forma extemporânea como tudo foi feito. „Tudo foi definido antes de haver o devido enquadramento legal e só agora é que o governo surge a dizer que terá de haver primeiro a revisão do decreto-lei 165. Estava tudo definido e foi definido extemporaneamente e sem qualquer enquadramento legal“, disse. Para o parlamentar desde o início que havia um „problema de legalidade que só agora foi reconhecido pelo Governo“, disse Paulo Pisco. „A verdade é que agora estamos praticamente na fase final de constituição dos horários e ainda não há revisão do decreto-lei, nem sabemos se vai ser aprovado a

tempo para que a propina possa ser aplicada antes do ano letivo“, sublinhou. Para Paulo Pisco, há também um problema de constitucionalidade, já que a Constituição portuguesa prevê ensino básico e secundário gratuito para os filhos dos emigrantes. Por isso, o deputado socialista pediu ao provedor de Justiça que se pronunciasse sobre a medida. „Tratando-se de uma questão que tem um prazo de validade, o provedor de Justiça já se devia ter pronunciado sobre a constitucionalidade da decisão de cobrar a propina“, disse Paulo Pisco. Fonte da provedoria de Justiça adiantou à agencia Lusa que o „assunto está a ser estudado e acompanhado“.

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Parlamento aprova por unanimidade fim da „discriminação“ relativa à iniciativa legislativa dos emigrantes O Parlamento aprovou por unanimidade em votação final global o fim da „discriminação“ existente em relação à iniciativa legislativa dos emigrantes, que a partir de agora vão poder apresentar diplomas sobre todo o tipo de assuntos. Tinham sido apresentados dois projectos de lei, pelo PSD e pelo PS, que deram origem ao texto final apresentado pela comissão de Assuntos Constitucionais e que mereceu o voto favorável de todas as bancadas parlamentares. A Lei n.º 17/2003, de 4 de Junho, sobre a Iniciativa Legislativa de Cidadãos, previa que 35 mil cidadãos possam apresentar no parlamento iniciativas legislativas, mas os emigrantes só podiam apresentar iniciativas legislativas sobre assuntos que lhes digam directamente respeito. O novo diploma elimina essa diferenciação em função do lugar

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onde os cidadãos residem. Também em votação final global foi aprovada a proposta de lei do Governo para alterar o regime de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional. O diploma, aprovado com o voto favorável do PSD, CDS-PP e PS e o voto contra das restantes bancadas parlamentares, criminaliza a contratação de imigração

ilegal, cria um novo tipo de autorização de residência denominado ´Cartão Azul UE’ e reforça o combate aos casamentos e uniões de facto de conveniência. Por outro lado, são ainda introduzidas alterações ao „instituto do reagrupamento familiar“ e é feita uma clarificação da figura do „emigrante empreendedor“, facilitando os projectos de investimento em Portugal.


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Crónica Cristina Krippahl

Portugal abandonado

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alavras publicadas no dia 8 de Dezembro de 1871, nas “Farpas” de Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão. Pareceu-me oportuno repeti-las aqui, tendo em conta o debate em torno da “nova” emigração portuguesa. “Porque a emigração entre nós, não é como em toda a parte a transbordação de uma população que sobra, é a fuga de uma população que sofre;” No final do século XIX, em meados do século XX e no início do século XXI: ninguém sobra em Portugal, todos são necessários para tirar o país da miséria em que se encontra. Mas os nossos governantes, então como hoje, discordam. Acham que devem encorajar o Zé Povinho a partir para as Alemanhas e Franças, os Brasis e Angolas, fazer qualquer trabalho que consigam arranjar. O que importa é que enviem as remessas para sanear as contas por eles des-

feitas. Deste modo, a nossa elite, mais sobrinhos, cunhados e comadres, poderão continuar tranquilamente a gozar os tachos passados de mão em mão, afirmando-se salvadores da nação abandonada pelos seus melhores cidadãos. Levá-los a emigrar, a construir longe uma vida impossível no seu país, sempre é muito menos trabalhoso e muito mais cómodo do que lhes criar as condições para que possam ter uma vida digna desse nome na terra onde nasceram. Havia que trabalhar para isso, havia que lutar contra os interesses estabelecidos, as estruturas da cunha e corrupção, a inércia de quem se agarra ao tacho, a prepotência dos pequenos déspotas na administração pública, a vergonha que é a Justiça, e muito mais. Para quê, se o problema se resolve bem como de costume? Podem confiar que os portugueses acatam e não se defendem. Até a imprensa internacional já o noticiou. A apatia é apanágio nacional. “Porque não é o espírito de indústria, de actividade, de expansão, de criação, que leva os nossos colonos, - como leva os ingleses à Austrália e à Índia - é a miséria de um país esterilizado que expulsa, sacode e que instiga a emigrar, a procurar longe o pão;” É a luta para dar casa e pão

aos filhos e mantê-los na escola num país onde, até hoje, apenas 30% da população tem o ensino secundário. Há quem tenha partido para o estrangeiro também para assegurar as propinas elevadas dos filhos na escola particular. Não porque o ensino seja necessariamente melhor, mas porque há aqui a possibilidade de fazer hoje os bons contactos que amanhã abrem as portas à cunha e ao tacho. A esperança é que a grande crise mais que previsível da próxima geração – já que nada vai mudar – passe ao lado da prole a, e que toque a outros abandonar, mais uma vez, o país, os pais, a mulher, o marido, os filhos e os amigos. O progresso à portuguesa nunca tem nada a ver com trabalhar para o bem comum. Porque não basta, como é óbvio, apontar o dedo aos que seguram as rédeas e escusar-se de toda a responsabilidade pela situação. Empurrar responsabilidades para cima dos outros é um desporto nacional no qual somos campeões. Já assumir responsabilidades é um curso sem frequentação. Mais de 40% dos portugueses nem sentem que têm o dever de votar. Embora gostem de se queixar dos governantes que têm. E todos os piores vícios e corrupções apontados ás elites são piamente copiados no plano privado e profissional. É o chamado “desenrascanço”, a solução à portuguesa que nunca perde tempo

para perguntar se o meu comportamento prejudica o colega, o amigo, a família ou a sociedade em geral. A má consciência – onde existe, e é raro - é afogada numa cervejola e esquecida diante dum jogo de futebol. Os filhos aprendem em casa e depois ensinam aos próprios filhos. Poderia ter sido diferente. Se o ensino e a formação tivessem sido a prioridade dos nossos governantes desde a década de 80, quando a falta de fundos, graças à Europa, deixou de ser desculpa. Mas não houve quem ensinasse ás novas gerações que o cidadão tem direitos, mas também tem deveres. Em vez disso aprenderam que o “chico-espertismo” é que rende, e o resto que vá às favas. Se os dinheiros da Europa tivessem sido investidos para instruir um povo, despertar a sua curiosidade pelo funcionamento do mundo, encorajá-lo a pesquisar, criar e inovar, a situação hoje seria diferente. Mas já Salazar sabia perfeitamente que gente instruída e conhecedora dos seus direitos não se deixa manipular como um rebanho de ovelhas. Que gente que pensa pela própria cabeça um dia acaba por perceber que só a prosperidade de todos garante o bemestar individual. Seria o fim dos tachos. A lição não passou despercebida aos herdeiros de Salazar. Portugal no século XXI. E Eça de Queiroz e Ramalho Ortigão às voltas na campa. Foto: lusa

A emigração é decerto um mal. Porque aqueles que se oferecem mostram ser, por essa resolução, os mais enérgicos e os mais rijamente decididos; e num país de fracos e de indolentes, é um prejuízo perder as raras vontades firmes e os poucos braços viris.

Das Lehrwerk „Está bem“ Mit der neuen portugiesischen Rechtschreibung!

Als erstes Portugiesisch-Lehrwerk für europäisches Portugiesisch berücksichtigt das einbändige Lehrbuch „Está bem“ die Rechtschreibung von 2010. „Está bem“ kann an VHS und Hochschulseminaren, jedoch auch im Selbststudium eingesetzt werden. In 24 Lektionen, die in zügiger Progression bis zur Sprachbeherrschung auf Stufe B2 führen, wird das jeweils neu einzuführende Vokabular anhand von Dialogen und authentischen Texten vorgestellt, grammatische Phänomene werden systematisiert dargestellt und durch ein breitgefächertes, abwechslungsreiches Übungsangebot aufbereitet. Dabei vermittelt das Lehrbuch ein aktuelles, situativ ausgerichtetes Vokabular, das auch die Besonderheiten des brasilianischen Portugiesisch berücksichtigt, und weist gezielt auf klassische Fehlerquellen für deutschsprachige LernerInnen hin. Besonderes Augenmerk legt das Programm auf die soziokulturelle Realität der lusophonen Welt. Teilweise authentische Sachtexte beleuchten gesellschaftliche und historische Aspekte und vermitteln ein differenziertes landeskundliches Wissen. Mit integriertem Vokabelregister und einem umfangreichen Verzeichnis von Verbformen. Zum Lehrbuch sind eine Audio-CD sowie ein Lösungsheft mit integrierter Kurzgrammatik erhältlich Der Autor Joaquim Peito ist Lektor für Portugiesisch an der Georg-August-Universität von Göttingen So urteilt die Presse: «... für die sprachliche Grundausbildung an Universitäten ist es wohl uneingeschränkt geeignet. Ihm sind weitere Neuauflagen ... sowie zahlreiche Benutzer zu wünschen.» Daniel Reimann in «Zeitschrift für romanische Sprachen und ihre Didaktik», 10/08 Joaquim Peito, Está bem! Intensivkurs Portugiesisch, Schmetterling Verlag, 3., überarbeitete Auflage, ISBN 3-89657-872-3


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Opinião Paulo Pisco*

A importância da língua e o desprezo pelo ensino

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m Novembro do ano passado, o Presidente da República, quando discursava em Nova Iorque no Conselho de Segurança das Nações Unidas, fez questão de chamar a atenção para a importância da Língua Portuguesa. Cavaco Silva disse então que fazia questão de se dirigir a todos em Português, porque PUB

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as suas palavras seriam enten- contrário. A demonstrá-lo está campo, infelizmente, assistididas logo à partida por mais o número cada vez mais redu- mos a um desinvestimento sem de 250 milhões de cidadãos de zido de professores e alunos precedentes. oito países e ainda por “muitos nos cursos de Português no Não se trata apenas da deoutros milhões que a estuda- Estrangeiro. E a inédita e in- cisão de cobrar uma propina ram, ou estudam, por nela qualificável decisão de despe- ter sido tomada de forma disverem um importante ativo dir 49 professores a meio do plicente e sem qualquer enquaidentitário, cultural ou econó- ano, deixando milhares de alu- dramento legal. Trata-se mico”. Dizia ainda o Presi- nos sem aulas. também e, acima de tudo, de ir dente que falava em sentido contrário “num dos idiomas ao que diz a Constiem maior expantuição da República são em todo o Está, assim, em causa o cumprimento do ar- no que respeita à mundo, que já é a tigo 9º da Constituição da República, que criação de condições terceira língua eua que o Estado está estabelece que incumbe ao Estado defen- obrigado para faciliropeia em número global de falantes der o uso e a difusão internacional da Lín- tar o acesso ao ene a sexta a nível gua portuguesa. sino da Língua e da mundial”. cultura portuguesa. O Presidente tem toda a Uma das dimensões mais Como o acesso aos cursos razão. E seria bom que este relevantes da Lusofonia, de Português está cada vez imenso potencial da Língua aquilo que o Governo agora as- mais difícil, apesar de haver Portuguesa fosse entendido em sumiu sob o slogan “Lusofonia um claro aumento dos fluxos todas as suas dimensões pelo Global”, está relacionada com migratórios, é também a sua Governo. Infelizmente não é a expansão do ensino de Portu- valorização e expansão que isso que se passa. Bem pelo guês no estrangeiro. E, neste está em causa. Está, assim, em

causa o cumprimento do artigo 9º da Constituição da República, que estabelece que incumbe ao Estado defender o uso e a difusão internacional da Língua portuguesa. Além, é claro, do evidente desrespeito da Constituição quanto à gratuitidade do ensino, também reafirmada na Lei de Bases do Ensino. Bem pode, pois, o Governo tentar iludir os portugueses residentes no estrangeiro proclamando que o ensino seria “a âncora das políticas para as comunidades. Não é, como se está a ver. E o atual Secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, ficará como o governante que mais prejudicou o Ensino de Português no Estrangeiro. * Deputado do PS eleito pelas Comunidades

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Comunidades

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CELEBRAÇÕES DO DIA DE PORTUGAL EM BERLIM

“Não celebramos grandes batalhas, nem celebramos vitórias!...” O embaixador de Portugal prometeu e cumpriu. A Festa do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades foi a mais bonita de sempre na opinião de muitos dos convidados! E foi uma festa que conseguiu reunir as várias sinergias da comunidade portuguesa em Berlim, além dos convidados que viajaram de toda a Alemanha para Berlim-Zehlendorf com o fim de conhecer pessoalmente o Dr. Luís D’Almeida Sampaio e a embaixatriz e celebrar em português esta data nacional tão importante.

Recepção protocolar Num fim de tarde frio, no passado dia 5 de Junho, os diplomatas liderados pelo novo embaixador de Portugal e a sua esposa esperavam e cumprimentavam os convidados por ordem de entrada que iam ocupando o espaçoso jardim. Ao fundo deste avistavam-se as tendas com as mesas onde os cozinheiros preparavam alguns acepipes tipicamente portugueses. A gastronomia da festa esteve a cargo dos hotéis Pestana e Sana, hotéis de capital português situados na capital, enquanto as bebidas foram oferecidas pela Sogrape. Não faltaram os pastéis de nata nem o bacalhau, nem os vinhos branco, rosé e tinto, nem os canapés para acompanhar que PUB

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peus e os nossos amigos alemães nos apoiam. Como motor político, social e económico da União Europeia a Alemanha tem uma responsabilidade que os portugueses admiram. O nosso embaixador na Alemanha acredita que a União Europeia precisa de uma história de sucesso, e que nós vamos ser essa história de sucesso. Inovações festivas Inovador nesta festa foi a tômbola, sorteando pelos convidados estadias em hotéis portugueses e duas viagens da TAP para Portugal. As celebrações tiveram também pela primeira vez uma vertente cultural com actuações num pequeno palco do prestigiado músico de jazz, e baixista, Carlos Bica e esteve também presente o grupo Lavoisier, até há bem pouco tempo desconhecido, que nos encantou com a sua música. Apoios e sinergias Esta foi a primeira festa da nova era da diplomacia económica iniciada por Luís D’Almeida Sampaio na capital. A primeira festa do Dia de Portugal com uma circulavam apetitosos em bande- com uma grande vitória, ou uma dimensão sobretudo económica e jas. O jardim encheu e animou-se grande batalha, ou um grande empresarial. E, sublinhando que o de conversas. feito histórico, político ou reli- transporte é importante para o degioso, mas sim com a nossa cul- senvolvimento económico, fundaUm discurso inovador tura e herança linguística. Luís de mentou a escolha do dia 5 de e optimista Camões, que viveu no sec. XVI, o Junho para as celebrações com a Entretanto, o Senhor Embai- grande século da história de Por- data do início dos voos directos xador anunciou o hino português tugal, o século dos descobrimen- Lisboa-Berlim. O Senhor Embaie o alemão, seguindo-se o dis- tos, imortalizou a nossa história xador agradeceu também os curso aos convidados. Agradeceu nos Lusíadas – disse o embaixa- apoios da TAP e da Caixa Geral a presença dos amigos alemães, dor, que lembrou que, durante os dos Depósitos, do Hotel Pestana, do Hotel Sana e da Sodos colegas e amigos do corpo diplomático e de O embaixador afirmou, que seremos talvez a grape que contribuíram todos aqueles que viaja- única nação, entre as antigas, em que não se para o sucesso das celeram de perto ou de celebra o dia do país com uma grande vitória, brações daquele dia. O novo embaixador longe para estarem preou uma grande batalha, ou um grande feito português parece ser, de sentes na festa, destacando o Senhor António histórico, político ou religioso, mas sim com a facto, o que prega - um Manuel Pires, director nossa cultura e herança linguística. Luís de Ca- homem de acção que geral da Auto Europa da mões, que viveu no sec. XVI, o grande século veio para mudar mentaVolkswagen em Portu- da história de Portugal, o século dos descobri- lidades e acabar com os gal, que se deslocou mentos, imortalizou a nossa história nos Lusía- fatalismos, reunindo forças e juntando sinerespecialmente a Berlim das. gias locais para aproveipara as celebrações daquele dia. Chamou também a seiscentos anos da nossa história, tar o que temos de positivo no atenção para o facto de o Dia de sobrevivemos muitas crises e vi- nosso país – para dizermos ao Portugal ser habitualmente feste- vemos muitos sucessos e que, na mundo: aqui estamos nós, somos jado na data presumida da morte crise actual, não estamos sozinhos um país pequeno mas de muita do nosso grande poeta Camões. E, porque pertencemos ao melhor qualidade. Luís D’Almeida Samafirmou, que seremos talvez a clube de todos, a União Europeia. paio terminou o seu discurso, diúnica nação, entre as antigas, em Por esta razão não estaríamos sós zendo: “Divirtam-se!” que não se celebra o dia do país porque os nossos parceiros euro- Cristina Dangerfield-Vogt

TAP inaugura os voos directos Lisboa-Berlim A TAP iniciou os voos directos Lisboa-Berlim no passado dia 5 de Junho, celebrando este importante passo com um cocktail de lançamento na Universal Osthafen em Berlim. Estiveram presentes o novo director geral da TAP na Alemanha e Áustria, Carlos Lourenço, Sigrid Bacelar de Mello, directora de vendas em Berlim, vários parceiros comercias, desde operadores a agentes, e também jornalistas alemães e portugueses ligados ao sector do turismo. Um grupo de jornalistas portugueses participou no voo inaugural Lisboa-Berlim da TAP. Apesar das dificuldades criadas pelo adiamento da inauguração do novo aeroporto internacional de Berlim, Willy Brand, até ao próximo ano, a TAP iniciou os seus voos directos entre Lisboa e Berlim, conforme previamente divulgado e planeado, mantendo o mesmo horário, e a operar do aeroporto de Schönefeld, no Sueste da cidade de Berlim. Sigrid Bacelar de Mello apresentou a rota dos destinos da TAP e o responsável da TAP na Alemanha, Carlos Lourenço, afirmou ao Portugal Post que foram vendidos mais de setenta por cento dos lugares disponíveis para os meses de verão. Isto significa que, apesar do fiasco e do escândalo ligado ao atraso na abertura do novo aeroporto de Berlim, situação que está a ser muito criticada e, no processamento da qual, já começaram a rolar as cabeças dos presumíveis responsáveis, e, apesar, da concorrência das companhias aéreas “discounter”, a TAP está a impor-se no mercado e tem boas possibilidades comerciais no futuro. Com a provável transmissão de programas sobre o turismo em Portugal em alguns órgãos de comunicação social alemães depois do regresso às aulas, prevê-se um surto no turismo alemão rumo ao nosso país e consequente aumento de voos para Portugal. No âmbito destas notícias positivas, a celebração do lançamento dos voos directos Lisboa-Berlim teve lugar num clima de franco optimismo. C:D:-V.


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Comunidades

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HAMBURGO Uma longa tradição

Comunidade lusa em Hamburgo festejou dia de Portugal Decorreram nos dias 2 e 3 de Junho de 2012, no Museu de Etnologia da Cidade Livre e Hanseática de Hamburgo, as Comemorações do “Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas” relativas àquela área de jurisdição consular. Sob a iniciativa de um grupo da Comunidade local, com o patrocínio do BPI e da CGD bem como com a colaboração e apoio do Museu e do Consulado Geral de Portugal em Hamburgo, o evento integrou um vasto conjunto de actividades que assinalaram a data evocando as raízes mais genuínas da identidade e cultura portuguesas que incluiu a apresentação de ranchos folclóricos, do recém-formado “Grupo dos Zés Pereiras de Hamburgo”, concerto de Fado com guitarristas que vieram de Portugal, exposição sobre o ”Fado” e conferências sobre o tema. À noite o grupo de Hamburgo “Dá-lhe Gás” animou os mais jovens até de madrugada. As tradicionais iguarias da gastronomia popular portuguesa foram servidas a preceito pelo “Grupo Cultural e Recreativo de Harburg”, por vo-

luntárias da Missão Católica Portuguesa de Hamburgo e pelo “Grupo Cultural / Retalhos de Portugal”. Perante assinalável número de participantes, portugueses e alemães, o Cônsul-Geral de Portugal em Hamburgo, António Alves de Carvalho, dirigiu breves palavras, sublinhando a importância das comemorações do “Dia de Portugal”, na diáspora, referiu que a semana que então se iniciava seria marcada por diversos eventos num espírito de unidade e ligação entre todos os portugueses e luso-descendentes dá área de jurisdição e apelou à sua força e iniciativa para reforçarem o associativismo, solidariedade e voluntariado com o objectivo “ de afirmarem identidades e valores da Cultura, da Língua e História que nos caracterizam como portugueses fora da Mãe-Pátria” com esperança no futuro e confiança perante os desafios e adversidades do presente. O Cônsul-Geral sublinhou ainda a importância do envolvimento e do papel das escolas, dos professores, dos pais e alunos como agentes de integração e de

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Cônsul-Geral de Portugal enquanto discursava durante as celebrações do Dia de Portugal

afirmação de Portugal no Mundo a pensar nas novas gerações. Na ocasião, ofereceu ao anfitrião, o Professor Wulf Köpke, Director do Museu, a Medalha Oficial das Comemorações do “Dia de Portugal”

de 2012. Outros eventos tiveram lugar em diversas localidades da área de Hamburgo como foi o caso de Wahlstedt (Schsleswig-Holstein), Cuxhaven e Osnabrück (Baixa Saxónia).

ESTUGARDA Deputado Paulo Pisco:

Funcionários do consulado em Estugarda estão exaustos O deputado Paulo Pisco (PS) disse que os funcionários do consulado de Estugarda estão “exaustos” pelo aumento de trabalho e pela distância que alguns deles têm de percorrer entre as suas residências e os locais de trabalho. Paulo Pisco, deputado pela Emigração pelo círculo da Europa, deslocou-se recentemente à Alemanha. “Aquilo que pude constatar é que os funcionários do consulado estão exaustos, porque estão com grandes dificuldades em dar vazão ao atendimento no consulado, às solicitações (…)”, disse o parlamentar socialista. Paulo Pisco referiu que no consulado de Estugarda “o movimento está próximo de ter dobrado” e isto aconteceu depois do encerramento do vice-consulado de Frankfurt, pois estão a receber as pessoas que pertenciam a aquela área consular. Segundo o deputado, “metade dos funcionários que agora estão a atender no consulado de Estugarda vieram do extinto vice-consulado de Frankfurt” e, todos os dias, “têm de fazer uma viagem de duas

O deputado do PS também aproveitou a deslocação a Estugarda para se encontrar com os militantes socialistas naquela cidade. Foto: PP horas e meia em cada sentido”. “Esta é uma situação que deveria ser olhada pelo Governo para dar uma solução, para que houvesse um bom atendimento no consulado de Estugarda”, referiu. “Isso vem confirmar que a decisão de encerrar o vice-consulado de Frankfurt foi disparatada, que a poupança é nula e os transtornos para os portugueses, em todos os níveis, são imensos”, sublinhou

ainda. O deputado também se encontrou com membros da associação de pais da Escola Portuguesa de Estugarda, que demonstraram receio por um recuo do número de crianças nos cursos de língua portuguesa devido à aplicação da propina de 120 euros no Ensino do Português no Estrangeiro (EPE). De acordo com a associação, cerca de metade dos alunos que fi-

zeram a pré-inscrição no EPE, cerca de 300, não pretendem fazer a inscrição definitiva. O governo determinou a cobrança de uma propina de 120 euros nos cursos paralelos do EPE, que entrará em vigor a partir do próximo ano lectivo (2012-2013) ainda com um valor reduzido (a ser determinado pelo Governo) e em pleno no ano escolar 20122014.


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BERLIM

Direito de Resposta

Sardinhada e guitarradas no Dia de Portugal em Berlim turistas que, nas suas aventuras pela cidade, descobriam não só uma Berlim alternativa aos guias turísticos mas, mais ainda, uma capital alemã única e meridional apanhada num flash de sorte. Os cachecóis que Giselle Ataíde tinha distribuído identificavam não só o banco português que representa na capital como as cores nacionais e o nosso Portugal escrito a amarelo situavam-nos inequivocamente no extremo sul mais ocidental da Europa. E mostrámos ao mundo circundante que os cidadãos de um país em crise ainda se sabem divertir e acreditam absolutamente na sua equipa nacional.

O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades foi celebrado na capital com uma Sardinhada e Guitarradas. O churrasco foi organizado por dois portugueses e veteranos de Berlim. Prelúdio – O “Monbi” No passado dia 10 de Junho, teve lugar uma sardinhada no parque de Monbijou (conhecido por Monbi), no antigo centro-leste de Berlim. Este parque é ladeado a norte pela Oranienburgerstrasse, e a sul separado da Ilha dos Museus pelo rio Spree. É um dos poucos parques em Berlim onde ainda é permitido fazer churrascos, já que as exorbitantes despesas causadas pela remoção dos detritos deixados pelos “bacantes” ou “churrasqueiros” obrigaram o governo local a banir os “churrascos” do parque emblemático da cidade, o Tiergarten, onde numa faixa do relvado mesmo em frente ao palácio Bellevue, a residência oficial do presidente alemão na capital, se grelhava todos os verões e o parque se transformava numa mini-Istambul. Mas num Schluss mit Lustig pôs-se fim à multiculturalidade tradicional que animava os verdes tranquilos do parque mais central de Berlim. Felizmente ainda temos o Monbi, um parque que foi restaurado há uns anos, e onde, inicialmente, fora mandado construir o palácio de Monbijou por Frederico I para a condessa de Wartenberg. Bombardeado durante a II Guerra Mundial e depois de arrasadas as suas ruínas nos tempos da DDR, por razões ideológicas, o lugar do antigo palácio foi transformado num parque. Andante accelerando – Brumas lusitanas e outras

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Os dois iniciadores do evento: Pedro Jacinto e o Tiny Domingos Foto: PP A umas ruas de distância, e a tropeçar nas Stolpersteine do Scheunenviertel, o antigo bairro judeu de boas e más memórias (1), já se sentia no ar o perfume pouco habitual da sardinha portuguesa naquele bairro. Quando o PORTUGAL POST lá chegou, o Pedro Jacinto e o Tiny Domingos estavam de volta do churrasco meio envoltos pela fumarada. Foram eles que compraram as sardinhas congeladas em caixas e os pães para a sardinha no pão e abriram a “Churrasqueira do Monbi” em pleno centro da cidade leste, isto apesar das dificuldades de acesso devidas aos cordões que fecharam o centro para o Velothon. Algumas crianças ajoelhadas à volta de um plástico preto cheio de sardinhas congeladas batiam e escovavam de rostos sorridentes e concentrados o gelo que

envolvia o peixe nacional tão energeticamente que quase se ouvia os “ais” de sofrimento das sardinhas, salgando depois as ditas com sal marinho ganho manualmente das salinas portuguesas. Mas já a Helena Araújo, a bloguista de Berlim, exibia um esqueleto “sardínico” perfeito, testemunhando que apesar da sova imerecida as sardinhas estavam de se comer e chorar por mais! Vivace ma non troppo – os Portugueses como exóticos Entretanto, iam chegando mais portugueses de Berlim; o sol aquecia as conversas enfeitadas de gargalhadas e o perfume intenso daquela fumarada desconhecida e exótica provocava os olhares curiosos de alguns dos domingueiros flaneurs e dos

Finale – Guitarradas inesperadas Depois apareceu a Anne de Halle com uma caixa de viola à tiracolo, que era afinal uma guitarra portuguesa, e que a miúda alemã aprendera a tocar durante os cinco anos que estudara em Coimbra. “Mas só toco o fado de Coimbra” – disse, sorridente, e lá dedilhou umas notas coimbrenses! Envolvidos pelos fumos de alegres memórias, dizem os organizadores que, entre portugueses e alemães e crianças, teriam por lá passado umas cem pessoas – pelo menos os cem pães para as sardinhas no pão não deixaram rasto nem se teriam multiplicado. Estão de parabéns os portugueses de Berlim que prepararam e ajudaram em mais uma festa bem-sucedida e também todos os que por lá apareceram e contribuíram para a animação e o convívio entre os portugueses estrangeirados nesta cosmopolita e criativa cidade! (1) vejam a nossa reportagem “A propósito da Queda do Muro de Berlim” de Novembro 2011 Cristina Dangerfield-Vogt em Berlim

ESTUGARDA

TSV SCHMIDEn 1902 E.V. Maria João dos Santos Loureiro (guardaredes) e Jessica Correia Tabaio (avançada) são duas jovens luso-descendentes que integram a equipa feminina TSV Schmiden 1902 e.V. que, pela primeira vez no historial do clube, ganha um campeonato (Meisterschaft Kreisstaffel 2011/2012) Esta equipa é constituída por jogadoras de várias nacionalidades onde par-ticipam as duas jovens portuguesas oriundas do dístrito de Viseu, nascidas na Alemanha. Durante esta época também participaram em vários torneios de futebol da mesma classe, com uma boa prestação, tendo vencido alguns.

“Voto dainconsciência/ deputados dão luz verde ao fim do EPE” Fiquei muito surpreendido com o artigo na última edição do PP da Drª Teresa Soares com o título “Voto da inconsciência/deputados dão luz verde ao fim do EPE”, porque é incorreto e induz em erro quem o lê. Quando vi o comunicado na net pela primeira vez em meados de Maio, que falava no “voto de inconsciência” dos deputados, incluindo os do PS, falei com a Drª Teresa a explicar que não era verdade que o PS tivesse votado contra a Resolução do BE e que deveria corrigir o que disse. Votámos contra a Proposta de Resolução do PCP, mas votámos favoravelmente a do Bloco de Esquerda e expliquei as razões. Entre elas, o facto da Resolução do PCP ser inócua, injustamente acusatória em relação ao anterior Governo e não defender a anulação do pagamento da propina. Punha praticamente no mesmo saco o anterior Governo e o atual e isso é inaceitável. Mas o PS votou favoravelmente a Resolução do BE, porque era substancial, fazia uma boa defesa do EPE e defendia a eliminação do pagamento da propina, o que também defendemos. O PS decidiu não apresentar nenhuma Resolução porque, além que estarem condenadas à partida pela maioria PSD-CDS, considerou mais importante requerer a presença do Secretário de Estado das Comunidades na Comissão dos Negócios Estrangeiros, o que aconteceu no passado dia 26 de Junho, para dar explicações relativamente ao estado atual do EPE e as suas perspetivas futuras, dada a forte redução no número de alunos inscritos para o próximo ano letivo. É inaceitável, por isso, que mesmo assim, a Drª Teresa Soares tenha decidido avançar com a publicação do artigo no Portugal Post, aliás, em contradição com o desmentido que fez, a meu pedido, e divulgado na internet logo no dia 23 de Maio. Não creio que a Drª Teresa Soares com este tipo de atitude injusta em relação à defesa que eu e o PS temos feito do EPE esteja a defender da melhor maneira o Ensino do Português no Estrangeiro. E lamento que assim seja. Paulo Pisco Deputado do PS eleito pelas Comunidades


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MILTENBERG

Uma casa portuguesa, com certeza Fernando Roldão, Correspondente Foi no dia 2 de Junho de 2012 que os portugueses de Miltenberg vestiram os seus fatos domingueiros para assistir e participar na inauguração das novas instalações do Centro Português de Miltenberg. Diga-se que foi um dia especial de ambiente festivo e um acontecimento importante e que não queriam de todo perder. Para muitos foi o descansar de muitas horas de trabalho, sacrificando a sua família e o seu lazer, para poderem, finalmente, contemplar a obra feita nas suas horas livres, com muito suor e carinho. Era um pouco de cada um deles que estava ali, quase como um pedaço de terra da mãe pátria. Mas não foram só portugueses que estiveram presentes na festa, também os alemães marcaram a sua presença, a começar pelo presidente da edilidade Joachim Bieber. Pelo lado oficial, Portugal esteve representado na pessoa do CônsulGeral de Estugarda, Gomes Samuel, manifestando com a sua presença a sua solidariedade para com esta associação. Também a missão católica marcou presença, como de resto sempre o tem feito, através do padre Joaquim Costa (ver foto em baixo). As novas instalações do Centro estão localizadas numa zona sossegada, na Fahrweg 41, com bastante espaço exterior, que permite o estacionamento de um número razoável de viaturas. Tem um pateo exterior, onde um rancho pode dançar sem problemas ou instalar um palco para eventos: arraiais ou bailes ao ar livre. Foi o que aconteceu. O Rancho Folclórico Flores do Main, com os seus vivos e coloridos trajes minhotos, actuou e arrancou enormes aplausos para contentamento do grupo e da sua ensaiadora, Graça Fraga. Uma pa-

Momento em que o Cônsul-Geral de Portugal em Estugarda e o Presidente da Câmara local descerram a lápide alusiva à inauguração do Centro. A presidente do Centro assiste ao acto. Fotos: PP lavra também para a acordeonista Sandra Antunes que fez vibrar o som também ele colorido das músicas populares portuguesas. Os membros do grupo aproveitaram a presença do Portugal PORTUGAL POST para apelar aos homens que se juntem ao grupo, pois há falta deles para formar pares. A recepção oficial Na recepção às individualidades, convidados e associados, a presidente do Centro, Fernanda Belfiore, fez as honras da casa num discurso em alemão, secundada pelo presidente da assembleia-geral José Lopes que fez eco do mesmo na língua de Camões. Uma palavra para a restante direcção, a saber: o tesoureiro Rui Cireneu, o vice-presidente Fernando Santos, a secretária Elizabete Paulo e restantes membros do concelho fiscal e vogais. O presidente da autarquia de Miltenberg, Joachim Bieber, elogiou a comunidade portuguesa na sua ci-

dade, dizendo em breves palavras, que os portugueses já são parte da comunidade. Fez a entrega de um envelope com a quantia de quatro mil euros, para reforço da saúde da tesouraria. Um contributo assinalável da autarquia local, demonstrando, com este gesto, as boas relações que existem entre as duas comunidades. Depois foi a vez de discursar do Cônsul-Geral de Portugal em Estugarda que destacou o apoio e esforço do governo português a este projecto, sublinhando o papel do centro “na aproximacão aos jovens, aos menos jovens e aos idosos.Como área de lazer, é um dos objectivos que todas as comunidades portuguesas e que a nossa diáspora no exterior deve ter presente.” Procedeu-se então à benção das instalações pelo padre Joaquim, seguindo-se o descerramento de uma placa comemorativa do evento. Falaram alguns dos patrocinadores que ajudaram, na medida do possível, a tornar possível esta realidade.

Seguiu-se um jantar volante para todos num ambiente informal, ocasião para se trocar opiniões e fazer novos conhecimentos. Numa visita guiada às novas instalações, levamos os leitores através de uma sala com capacidade para cerca de 80 a 100 pessoas ,com uma área estimada em cerca de 60 metros quadrados onde se espera receber muitos visitantes. De seguida passamos pelo Bar e pela entrada com bastante espaço onde nos leva a uma cozinha moderna e bem equipadada, culminado numas instalações sanitárias bem apresentáveis. Depois descemos à cave e deparamo-nos com um salão de jogos com quase a mesma área do salão. Em suma, novas instalações para uma nova vida e um futuro promissor. O Portugal Post agradece o convite que lhe foi enderecado para este evento e também para estar presente nas festas da comemoração dos 775 anos do município de Miltenberg onde a comunidade portuguesa vai marcar a sua presença.

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Inauguração das novas instalações do Centro Português de Miltenberg

Informação Consular

Cartão do Cidadão Do ponto de vista físico, o Cartão de Cidadão tem um formato "smart card" e substitui os actuais bilhete de identidade, cartão do contribuinte, cartão de beneficiário da Segurança Social, cartão de eleitor e cartão de utente do Serviço Nacional de Saúde. Do ponto de vista visual, o cartão exibe, na frente, a fotografia e os elementos de identificação civil. No verso, tem os números de identificação dos diferentes organismos cujos cartões agrega e substitui, uma zona de leitura óptica e o chip. Do ponto de vista electrónico, tem um chip de contacto, com certificados digitais (para autenticação e assinatura electrónica), tendo a mesma informação do cartão físico, completada por outros dados, designadamente a morada. No âmbito da reforma das normas que regem a elaboração do recenseamento eleitoral, foi eliminado o cartão de eleitor, passando a ser utilizado apenas o cartão de cidadão. A obtenção do cartão de cidadão é obrigatória para todos os cidadãos nacionais a partir dos 6 anos de idade ou logo que a sua apresentação seja exigida, como por exemplo, para requerer um passaporte electrónico. Os bilhetes de identidade, cartões de contribuinte, cartões de utentes dos serviços de saúde e cartões de identificação da segurança social válidos, continuam a produzir os seus efeitos enquanto não tiver sido entregue o cartão de cidadão aos respectivos titulares. Legislação aplicável: Lei nº 7/2007, de 5 de Fevereiro, que cria o cartão de cidadão e rege a sua emissão, substituição, utilização e cancelamento. Nota importante: tem-se verificado que muitos nacionais solicitaram a emissão do cartão de cidadão durante as férias, não estando na sua posse por não lhes ter sido possível proceder ao levantamento. Por isso, é importante lembrar que só o próprio é que pode proceder ao levantamento do cartão de cidadão, por aposição das impressões digitais. Fonte; Consulado_Geral de Portugal em Hamburgo

Caro/a Leitor/a: Se é assinante, avise-nos se mudou ou vai mudar de residência. Ligue-nos: 0231-83 90 289


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Crónica Por Joaquim Nunes

O encanto e o desencanto das férias em Portugal

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á lá vão os tempos em que os (e)imigrantes contavam os dias que faltavam para as férias do verão em Portugal, como as crianças contam as noites que é preciso dormir até ao dia do seu aniversário. Uma vez por ano, aquelas quatro ou cinco semanas de verão que os patrões nos concediam em bloco constituiam o eixo à volta do qual o ano girava. Passava-se metade do ano a contar das últimas férias vividas e das suas aventuras, das horas que precisámos para a viagem, dos encontros e desencontros, do que se fez e do que ficou por fazer. A outra metade do ano falava-se das férias que aí vêm, já marcaste?, quando é que vais?, vais de carro? por quantas semanas? Que seria o ano na emigração, sem este tempo de férias em Portugal?! Inimaginável ! E para além das férias, uma vez no ano, não se voltava a Portugal a não ser por razões muito graves. Aconteceu alguma coisa? – era a pergunta que nos esperava quando se tornava conhecido que fomos lá baixo. Hoje, e de há uns anos para cá

com tendência crescente, vamos a ser motivo para essas companhias nos outros semelhantes. Mesmo se os caPortugal por qualquer toma-lá-dá- cá, indemnizarem... banalizaram as nossamentos onde fomos convidados por uma razão explícita ou sem mosas férias! Tiraram-lhe a magia eo o foram uma grande maçada, com a fastivo especial, simplesmente pelo praencanto ! quia da prenda aos noivos a aumentar zer de ir. O factor decisivo desta Bom, é verdade que mesmo já de ano para ano (“fico contente se não mudança de comportamentos tem a antes, a gente desejava sempre voltar for convidado...”). Mesmo se as nosver com certeza com estes voos a premais vezes. Mesmo se os encontros sas mulheres vinham de lá a suspirar, ços espectaculares que as companhias com a família não tinham corrido protestando que as férias foram tudo low-cost nos “oferecem”. E o novo bem. Mesmo se voltávamos de lá canmenos férias: com todo o trabalho de tema das nossas conversas é o de insados de andar de casa em casa, a viuma casa sempre cheia de gente. E a dagar quem é que consegue bilhetes sitar este e aquele, e pouco tempo nos propósito de casa, essas “obrinhas” mais baratos. E os preços têm vindo a sobrava para o necessário descanso. que todos os anos é preciso fazer na baixar tanto, que às tantas até casa que temos lá em baixo: nos sugerem a impressão de Um ano é uma nova pintura, que, a continuar assim, qualoutro ano umas reparações quer dia ainda vamos receber no telhado a meter água... E a propósito de casa, essas “obrinhas” que todos dinheiro dessas companhias, todos os anos há qualquer os anos é preciso fazer na casa que temos lá em como forma de agradecicoisa. Sim, nem sempre as baixo: Um ano é uma nova pintura, outro ano mento: “obrigado por nos ter férias eram o que promeumas reparações no telhado a meter água... todos preferido”, “obrigado por voar tiam. Apesar de tudo, as féos anos há qualquer coisa. Sim, nem sempre as féconnosco”... Saberão elas que rias em Portugal eram rias eram o que prometiam. Apesar de tudo, as féestão a desvalorizar as nossas sagradas, eram um tempo de rias em Portugal eram sagradas, eram um tempo férias em Portugal?! E que, “encanto”, um “bálsamo” a de “encanto”, um “bálsamo” a aliviar a dureza da qualquer dia, ir lá baixo e volaliviar a dureza da vida ao vida ao longo de todo o ano. tar torna-se uma coisa tão longo de todo o ano. banal, que nos secam as fontes Férias em Portugal: de alegria e de expectativa que agora que vamos mais vezes, tanto precisamos para um ano de traMesmo se nos fartávamos de gastar temos de fazer alguma coisa, para balho, aqui por estas paragens, longe dinheiro nos convites aos amigos que manter-lhe o encanto e, ao mesmo do sol e do mar?! E, isso sim, devia era “obrigatório” fazer, para retribuir tempo, aproveitar as ocasiões que a

nova mobilidade nos oferece. Baratas, sim, mas não sem valor. Vamos menos tempo e mais vezes? Talvez possamos distribuir os afazeres que nos esperam. Vamos para visitar a família? Pois então tomamos tempo para visitar. Vamos por causa das obras na casa? Vamos a isso! Queremos descansar, apanhar sol, saborear o mar e a natureza, recuperar energias? Então, temos agora o tempo e as ocasiões que antes não tínhamos, porque era preciso fazer tudo ao mesmo tempo. Importante é repensar, fazer opções, valorizar as nossas escolhas. “Há um Portugal desconhecido que espera por si”, dizia um slogan publicitário. É verdade! Porque não aproveitar para descobrir os cantos de Portugal que ainda não conhecemos? Os lugares e as paisagens, as gentes e tradições, a história e a vida actual do nosso país dão “programa” para muitas e muitas semanas de férias... E, quem sabe, ainda nos vai sobrar uma semanita de férias para conhecer outras terras, outros países, igualmente bonitos e interessantes, sem que diminua em nós o encanto que envolve as férias em Portugal.

Entrevista Presidente da Câmara de Miltenberg, Joachim Bieber

No âmbito da inauguração das novas instalações do Centro Português e, Miltenberh /M, o PORTUGAL POST teve a oportunidade de escutar o Presidente da Câmara local, Joachim Bieber, sobre a presença lusa na “sua” cidade. Senhor Presidente da Câmara de Miltenberg, gostaria que me explicasse qual é o significado da sua presença nesta inauguração? Joachim Bieber: Para a cidade de Miltenberg, a comunidade portuguesa tem uma grande importância. Os portugueses já estão nesta cidade há muitas décadas, fazem parte da cidade, são uma parte de Miltenberg, integraramse aqui, colaboram, participam na vida da comunidade, e é por isso que nós, a Câmara Municipal, também oferecemos a nossa ajuda para que conseguissem ter uma

Foto: Munícipio Miltenberg

Os portugueses fazem parte de Miltenberg

Joachim Bieber sede da associação. Antes tinham uma sede, na Caritas, mas, quando foi dissolvida, ajudámos a procurar, e ainda bem que estas instalações estavam livres. Na Câmara Municipal decidimos então unanimemente que os portugueses iriam receber estas instalações. Por isso, estamos também muito contentes por a nossa comunidade portuguesa ter agora uma sede própria da associação.

É público que a autarquia ajudou. Quais foram as motivações e o interesse da autarquia em dar esse apoio? Foi por a comunidade ser unida, por serem simpáticos e trabalhadores? Joachim Bieber: Sim. Nós temos muitos membros de outros Estados aqui e a colaboração funciona bem e às vezes menos bem, mas a colaboração com os portugueses funciona muito bem. Os nossos portugueses colaboram por exemplo quando há uma festa, eles participam na nossa festa da zona histórica, participam agora no aniversário da cidade, eles próprios mostram que se sentem bem em Miltenberg, que fazem parte da cidade; e os cidadãos de Miltenberg têm gosto em recebê-los. Isso também está relacionado com o facto de os portugueses e os alemães cooperarem bem uns com os outros, por exemplo na fábrica de papel, onde são colegas e amigos, e assim os alemães também vêem que os nossos cidadãos portugue-

ses fazem parte da nossa comunidade. Muito simpático, acho eu, pessoalmente – embora não seja um assunto do Presidente da Câmara, mas eu sou católico –, é o facto de participarem na procissão de Corpo de Deus, com a Nossa Senhora de Fátima. Eles participam, eles

fazem parte de Miltenberg. Está contente então com a integração dos portugueses em Miltenberg? Joachim Bieber: Sim, muito! Os portugueses são trabalhadores, são simpáticos. E vê-se bem o que fizeram aqui: isto estava uma ruína e agora está autêntica jóia. Gostaria de enviar uma mensagem final aos portugueses que estão em Miltenberg ou àqueles que querem vir para cá? Joachim Bieber: Estou muito contente por a comunidade portuguesa ter agora uma sede da associação, por agora ter um lar. Aqui podem encontrar-se e fazer novos planos para participar na sua cidade de Miltenberg. É um bom fundamento para a associação e para a colaboração entre a associação e a cidade. Fernando Roldão, Correspondente


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Negócios

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Vinho do Porto Made in Germany Um viticultor da Renânia-Palatinado produz, desde 2003, um “Vintage Port” procurando seguir na sua confecção o método português. Até a pisa das uvas é feita com os pés. Enquanto o vinho do Porto português chega a incluir 40 castas de uvas, segundo o Frankfurter Allgemeine de 21.04.2012, o Pfaelzer (alemão do Palatinado) usa apenas a casta “Cabernet Cubin” pelo facto de amadurecer muito bem e ter um máximo de aroma. Enquanto as uvas em Portugal são tratadas a uma

temperatura de 25 graus, o viticultor alemão fermenta-as a cinco graus. Aqui o direito de imitação atingiu o seu limite, revela o jornal alemão, afirmando que se compararmos o Vintage Port do Vale do Douro com o da Pfalz (Palatinado), “ao produto do Palatinado falta densidade de gosto, complexidade aromática e profundidade”. A singularidade do vinho do Douro vem-lhe do tipo de solo, das uvas, do clima e dos pipos, o que o do Palatinado não pode oferecer. Contudo, o viticultor alemão

Aveleda. Há 140 anos a criar brancos únicos. conseguirá engarrafar com o vinho o exótico do porto e a fé da ecologia alemã. Numa sociedade de mercado de massas importa menos a especialidade (mais para apreciadores) porque quem manda é o consumidor e isto sabem-no bem os alemães que trazem para sua casa o que é melhor, a nível de produtos, do estrangeiro. Pelos vistos o Vinho do Porto é como os portugueses, deixa-se integrar bem na Alemanha! António Justo

Lufthansa estuda ligações semanais entre a Madeira e a Alemanha A Lufthansa está a estudar a possibilidade de ligar semanalmente a Madeira à Alemanha, a partir do próximo inverno, disse o director da companhia aérea para Espanha e Portugal. Stephan Semsch adiantou, durante um encontro com a imprensa hoje, em Lisboa, que em causa estão ligações entre o Funchal e Berlim e Dusseldorf. Os voos Berlim-Funchal deverão avançar em setembro,

enquanto as ligações Dusseldorf-Funchal deverão começar em Novembro. No encontro de hoje com a imprensa, o director da com-

panhia aérea para Espanha e Portugal, afirmou que, no ano passado, a Lufthansa transportou mais de um milhão de passageiros de e para Portugal (Lisboa, Porto e Faro), o que representa um crescimento de 10 por cento em comparação com 2010. A Lufthansa e a Swiss oferecem actualmente 72 voos semanais, proporcionando ligações a mais de 280 destinos e 105 países. PUB

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No centro de Osnabrück situa-se o GRAND CAFE, um local requintado onde o bom gosto se alia a um bom atendimento por pessoal preparado para o receber bem. São cerca de 500 metros quadrados (200 dos quais concebidos para fumadores, mas à parte do restanto espaço) à sua disposição para o satisfazer quando quiser fazer uma pausa no seu dia-a-dia, quer para almoçar ou jantar, tomar um café, provar a confeitaria ou simplesmente saborear com toda a família um saboroso gelado italiano na esplanada.

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A Aveleda é uma em­ presa familiar que, desde a sua fundação em 1870, combina tra­ dição e inovação. O saber secular da Ave­ leda e a sua vontade constante de inovar estão na origem de vi­ nhos brancos de quali­ dade superior, que têm conquistado vários prémios nacionais e in­ ternacionais. O trabalho desenvol­ vido, ao longo dos anos, pela equipa de viticultura e enologia da Aveleda, com o apoio do Wine Consultant Denis Dubourdieu, considerado um dos maiores especialistas mundiais na produção de vinhos brancos, fizeram da Aveleda o maior exportador de vinhos brancos em Portugal. A especialização da empresa na produção de vinhos brancos levou ao lançamento da marca AVELEDA, uma marca exclusiva de vinhos brancos, de diversas regiões, com perfis distintos. O portfolio da marca AVELEDA divide­se assim nas gamas Regiões, Colheitas Selecio­ nadas e Reservas. REGIÕES: AVELEDA VINHO VERDE O Aveleda Vinho Verde reflete na perfeição o carácter da região dos Vinhos Verdes: vinho de cor citrina, jovem e equilibrado, apre­ senta um aroma suave e delicado, marcado por notas de fruta fresca. Na boca, revela­se fresco e vibrante. AVELEDA DOURO Proveniente da região demarcada mais antiga do Mundo, este vinho é a prova de que no Douro não se fazem só tintos de grande qualidade. Aliando a vasta experiência da Aveleda na produção de vinhos brancos, a uma criteriosa seleção da melhor fruta da região, obtém­se um vinho elegante no qual predominam notas tropicais e cítricas. Apresenta um final longo e frutado. COLHEITAS SELECIONADAS: QUINTA DA AVELEDA Produzido em exclusivo com uvas (das castas Loureiro e Alvarinho) da Quinta que lhe dá o nome, este vinho conjuga a qualidade vi­ tícola da propriedade com o saber da Aveleda na produção de vi­ nhos brancos de reconhecida qualidade. Os aromas florais da casta Loureiro fundem­se na perfeição com as notas tropicais do Alvarinho, resultando num vinho bastante complexo e elegante. AVELEDA ­ ALVARINHO Aclamada por muitos como sendo a casta “rainha” dos vinhos brancos em Portugal, o Alvarinho está na génese deste vinho mo­ nocasta, cujas uvas são provenientes da Aveleda. Vinho intenso e harmonioso, apresenta um ataque vivo e uma es­ trutura aveludada. Termina longo e frutado, com notas de mara­ cujá, flores brancas e citrinos. RESERVAS: AVELEDA RESERVA DA FAMÍLIA “Terroir” reconhecido historicamente pela sua elevada apetência para a pro­ dução de vinhos de alta qualidade, a Quinta da Aguieira (propriedade que a Aveleda detém além da Quinta da Aveleda) situa­se na região da Bairrada. Os vinhos aqui produzidos têm vindo a ganhar notoriedade no panorama in­ ternacional, beneficiando das altas pontuações que lhes vêm sendo atribuí­ das. É aqui que a Aveleda produz o seu Reserva da Família ­ Bairrada. Fruto da proximidade das vinhas ao oceano Atlântico, este vinho apresenta uma frescura exemplar. O solo, de composição argilo­calcárea, e o baixo ren­ dimento por planta, transmitem­lhe uma complexidade e concentração úni­ cas, que são completadas com os aromas bem fundidos das barricas de carvalho francês, nas quais o Chardonnay fermenta e estagia durante 8 meses.


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Livros

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Um Olhar sobre as circunstâncias do Mundo – Jerusalém de Gonçalo M. Tavares Luísa Coelho *

No dia 12 de junho, a Representação alemã da Comissão Europeia em Berlim, no âmbito das atividades da rede EUNIC, com o apoio do Instituto Camões e da Embaixada de Portugal, recebeu o escritor português Gonçalo M. Tavares. Gonçalo, em conversa com Thomas Wohlfahrt, falou da filosofia e da estética que está subjacente ao seu trabalho em geral e, sobretudo, apresentou a sua obra Jerusalém, traduzida para alemão por Marianne Gareis/DA com o título Die Versehrten. Este romance, publicado em Portugal em 2005 pela editora Caminho, recebeu vários prémios literários e foi selecionado para figurar na edição europeia dos “1001 livros para ler antes de morrer – um guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos”. Gonçalo M. Tavares é o escritor português mais unanimemente elogiado da atualidade. Muito premiado, em Portugal, no Brasil e em França, publicou o seu primeiro texto em 2001 e desde essa data nunca mais parou, numa produtividade assustadora. É natural de Luanda, onde nasceu em 1970 e de onde veio para Portugal aos 3 anos. Da infância e adolescência em Aveiro passou a Lisboa para estudar na Universidade de Motricidade Humana,

onde se licenciou e é, hoje em dia, Professor de Epistemologia. O livro Jerusalém, apresentado em Berlim, faz parte de uma tetralogia intitulada “O Reino - Livros Pretos” composta pelas seguintes obras: Um homem Klaus Klump (2003); A máquina de Joseph Walser (2004); Jerusalém (2005) e Aprender a rezar na era da técnica (2007). Em cada um destes quatro romances, cujo tema principal é o Mal, a acção passa-se numa cidade diferente, ocupada em tempo de guerra. No caso preciso da obra em questão, a cidade é Jerusalém, como cidade símbolo da encruzilhada de civilizações, remetendo para os caminhos obscuros que a mente humana pode percorrer. E o Reino a que referem estes Livros Pretos aparece-nos em filigrana como sendo apenas uno – o nosso Mundo (interior) – a nossa mente. São quatro romances árduos, com pequenos e bem definidos pontos de humor negro, onde o autor discorre sobre os comportamentos do homem moderno, os limites da razão e da religião, o pessimismo face ao futuro da humanidade, a desadequada utilização da tecnologia e sobre a nostalgia de um sagrado redentor. Através destes seus escritos, Gonçalo pega no Mundo, no Reino, e fragmenta-o para, de seguida, o reconstruir, aproximando perigosa-

mente as fronteiras entre a loucura, o medo, a dor e a lucidez e a razão. Neles espelha a alienação do mundo contemporâneo, numa escrita que balança entre o romance, o teatro e o ensaio e onde nos mostra o lado sombrio da modernidade. Faz-nos ver que a neutralidade não existe. Nós somos, ao mesmo tempo, os dois lados da nossa circunstância, o lado sombrio e o luminoso. Não há, na escrita de Gonçalo, qualquer desperdício de palavras. Vemo-nos perante um tom brusco, inscrito num estilo enxuto: “Escrevo rapidamente e muito. E depois, lentamente, corto e volto a cortar” – diz-nos Gonçalo sobre a sua técnica que resulta despojada e que é, finalmente, muito trabalhada. O seu discurso, propositadamente livre de artifícios estilísticos, faz uso de um lé-

xico corrente, com frases e parágrafos curtíssimos. A cada palavra corresponde o significado que cada leitor lhe quiser atribuir. Em traços sóbrios e contidos envolve-nos num labirinto de contradições humanas e absurdos que identificamos e reconhecemos. Que nos assustam. Os seus personagens e os espaços que percorrem têm nomes que nos são estranhos, para que o autor, e nós com ele, possamos criar uma distância entre o que conta e o que é contado, explica-nos Gonçalo. O leitor é uma peça chave na construção do sentido, no apagar do estranhamento. A ele, o autor, o criador do texto, compete-lhe dizer apenas o essencial. A estória de Jerusalém inicia-se na noite de 28 de maio, no momento em que quatro personagens vagueiam

na escuridão. Uma força secreta parece atrai-los para um encontro inevitável e as suas estórias individuais cruzam-se num ambiente de loucura e violência que nos levam a pensar e questionar a barbárie do mundo contemporâneo e o nosso próprio comportamento. A trama central gira à volta de Mylia, uma mulher que sofre de uma doença mental e que é internada num hospício pelo seu médico que é também o seu marido, Theodor Busbeck. Este último é um cientista que desenvolve um trabalho onde procura tecer as relações que se inscrevem entre o Mal e o Horror, ao longo da história da humanidade. Não há muita empatia entre o leitor e as personagens trágicas de Jerusalém que acabam por nos deixar solitárias num mundo hostil e desencantado. “É uma obra sobre o desencanto”, disse alguém ao autor: “Desencanto é a interrupção do canto, é uma coisa que incomoda”, respondeu um dia o autor. É sobretudo, uma obra que nos obriga a um mergulho na mente humana, que não nos deixa indiferentes, nos remete em questão e desafia o nosso otimismo. * Leitora do Instituto Camões em Berlim

Texto escrito de acordo com o Novo Acordo Ortográfico. PUB


Turismo

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Rota Vicentina pelo sudoeste alentejano já tem 200 quilómetros Os aromas, as cores, os sons, os relevos e até os sabores do sudoeste alentejano podem agora ser experimentados a pé num percurso de 200 quilómetros por cenários mais ou menos selvagens. Quando estiver concluída, a „Rota Vicentina“, percurso pedestre entre Santiago do Cacém e o cabo de São Vicente, oferecerá mais de 340 quilómetros de caminhos sinalizados. Para já, é possível desfrutar do percurso entre Santiago do Cacém e Odeceixe, onde Alentejo e Algarve se encontram. A agência Lusa aproveitou a inauguração da rota vicentina, esta sexta-feira, para se aventurar por um pequeno percurso, na serra do Cercal, numa zona de confluência entre os concelhos de Santiago do Cacém, Sines e Odemira. A imensidão de verde de ervas, arbustos e árvores é entrecortada pelo branco, amarelo e lilás de plantas como a giesta, a urze e o rosmaninho, com os odores a misturarem-se de forma indecifrável. Os medronheiros convidamnos a regressarmos no Outono, quando os seus frutos estarão madu-

ros.Entre o chilrear indistinto das aves e o zumbido dos insectos a voar detecta-se, a espaços, o cucar de um cuco e, de repente, sentimonos especialistas em zoologia. São sensações como estas e outras que os amantes de turismo de natureza procuram nos seus destinos. Foi a pensar nisso que a Asso-

ciação Casas Brancas, que reúne empresários da área do turismo da costa alentejana, decidiu implementar o projeto „Rota Vicentina“, em parceria com outras entidades. Marta Cabral, coordenadora do projecto, explicou à Lusa que, „para além de caminhos marcados, [os turistas] vão encontrar cultura, paisagem, pessoas que habitam estes

caminhos e todos os serviços turísticos disponíveis nesta região“. Em declarações aos jornalistas à margem da inauguração, a secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles, afirmou que „esta rota conseguiu conjugar duas coisas que, muitas vezes, são dadas como inconciliáveis: Conseguiu juntar aquilo que é um trilho muito marí-

timo e muito voltado para a costa, com outro trilho muito mais histórico e voltado mais para as populações e para a vida do interior“. „Este projecto mostra que a costa e os sítios que são menos litorais podem juntar-se num único produto que é excelente, que é a rota vicentina“, concluiu. Para Luís Freitas, proprietário de uma quinta de turismo rural em Bemposta (Odemira), a „rota vicentina vai activar e trazer novas soluções para a economia da região“. „Neste momento, com o norte de África em crise política, os caminhantes estão a virar-se para a Madeira e para os Açores, e creio que esta rota vicentina será uma mais-valia“, defendeu. Amílcar Romão, utilizador da serra do Cercal que a Lusa encontrou numa das suas corridas habituais de final de tarde, considerou este projeto „uma atitude bastante sensata por parte da Associação Casas Brancas“, apesar de ter lamentado que a inauguração não tivesse sido feita num dia de descanso, „afastando a população activa deste evento“. Paula Melo dos Santos, Lusa PUB


PORTUGAL POST 16 História Muro de Berlim foi construído há 51 anos e quando caiu arrastou o regime comunista Há 51 anos, as autoridades da República Democrática Alemã (RDA) justificaram a construção do Muro, uma barreira quase intransponível que dividiu Berlim ao longo de 155 quilómetros, com a necessidade de estancar a emigração em massa para ocidente e a sangria económica daí resultante para o regime comunista. Segundo estatísticas oficiais, entre o ano da fundação da RDA, em 1949, e 13 de Agosto de 1961, início da construção do Muro, emigraram do leste para o ocidente cerca de três milhões de alemães, descontentes com a transformação gradual da RDA num “satélite” da União Soviética. Só entre Janeiro e Agosto de 1961, mais de 160 mil alemães de leste decidiram mudar-se para a vizinha República Federal, em clima de agravamento das tensões na política internacional, em plena guerra fria. Em princípios de Junho de 1961, na Cimeira de Viena, o líder soviético Nikita Krutschev tentou convencer, sem êxito, o Presi-

dente norte-americano John F. Kennedy a aceitar a integração de Berlim Oeste no território da RDA, o que viria a revelar-se fundamental para a mudança da estratégia soviética na questão alemã. A 15 de Junho, o líder leste alemão Walter Ulbricht ainda che-

gou a garantir que a RDA não tencionava erguer nenhum muro, numa conferência de imprensa em Berlim Leste que passaria à história como símbolo da hipocrisia do sistema comunista. Mas os preparativos já decorriam desde Janeiro. Ulbricht era o

seu catalisador e obteve finalmente o beneplácito de Krutschev, desiludido com a firmeza de Kennedy, e menos de dois meses depois a maior metrópole alemã acordou dividida, com um dos lados convertido num enorme cativeiro.

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A operação, dirigida pelo líder das juventudes comunistas, Erich Honecker, começou na madrugada de um domingo. As milícias comunistas ergueram barreiras de arame farpado, esventraram ruas e ergueram barricadas na linha divisória entre o sector soviético e os sectores ocidentais de Berlim, impedindo a própria população de sair do país, e os alemães ocidentais de entrar em território da RDA.As potências ocidentais abdicaram de uma intervenção militar, para evitar um conflito directo que poderia conduzir a uma terceira guerra mundial. “É melhor um muro do que uma guerra”, disse Kennedy, segundo vários historiadores. Ao longo dos anos, a RDA reforçou o que ficou também conhecido como o “Muro da Vergonha”, erguendo uma dupla barreira de betão com uma “faixa da morte” onde foram colocadas minas anti-pessoais, armas de tiro automático e um sistema de vigilância que chegou a ter 47 mil guardas. PORTUGAL POST com Lusa PUB

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nos deu naqueles dias. Aqui deixo o meu muito obrigado. Mário Reis (32), Borken Eiscafe Manuel 
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PORTUGAL POST SHOP - Livros Ler + Português

Jorge Amado Capitães da Areia Preço: € 10,00
 Capitães da Areia é o livro de Jorge Amado mais vendido no mundo inteiro. Publicado em 1937, teve a sua primeira edição apreendida e queimada em praça pública pelas autoridades do Estado Novo. Em 1944 conheceu nova edição e, desde então, sucederam-se as edições nacionais e estrangeira, e as adaptações para a rádio, televisão e cinema. Jorge Amado descreve, em páginas carregadas de grande beleza e dramatismo, a vida dos meninos abandonados nas ruas de São Salvador da Bahia, conhecidos por Capitães da Areia.

Os Portugueses Autor: Barry Hatton Preço: € 29,00 Barry Hatton vive em Portugal há quase 25 anos. Correspondente da Associated Press em Portugal, o jornalista britânico revela no livro Os Portugueses aquilo que somos enquanto país e enquanto povo. Pelo menos aos olhos dos estrangeiros. No livro "Os Portugueses", Hatton relembra os principais momentos históricos que marcaram a nação, desde o período áureo dos Descobrimentos aos anos governados por Oliveira Salazar, sem esquecer a pela peculiar relação com Espanha, e termina com uma análise sobre a modernidade. «A minha intenção é lançar algumas luzes sobre este enigmático canto da Europa, descrever as idiossincrasias que tornam único este adorável e, por vezes, exasperante país e procurar explicações, fazendo o levantamento do caminho histórico que levou os portugueses até onde estão hoje.», avança o autor na nota prévia da obra. Paralelamente, a construção da identidade de Portugal enquanto povo e os vários estereótipos que (ainda) reinam além fronteiras são abordados e apresentados através de episódios vividos pelo autor ou por pessoas que lhe são próximas. De leitura obrigatória para todos quantos desconhecem a verdadeira alma lusa, portugueses ou não, "Os Portugueses" é uma obra obrigatória, escrita de forma apaixonada por um dos correspondentes mais antigos da imprensa internacional no nosso país.

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Aprender Português Borges/ Tirone/ Gôja Timi 3 livro do aluno (com CD-audio) acordo ortográfico Preço: € 30,90 TIMI 3 é um manual para alunos que estão a aprender PLE / PL2. Este projeto inclui: Livro do Aluno com vocabulário ilustrado, diálogos, jogos e exercícios variados. Inclui um CD áudio com apresentação de vocabulário, dramatização das bandas-desenhadas, exercícios de oralidade e uma canção por unidade, composta com músicas e letras originais, que permitem ao aluno consolidar e aprofundar o vocabulário de uma forma lúdica e agradável. Livro do Professor que oferece, passo a passo, pistas de exploração por exercício, assim como inúmeras ideias e recursos para cada unidade. Inclui uma sinopse dos conteúdos de cada unidade e soluções dos exercícios.

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Alemanha

PORTUGAL POST Nº 216 • Julho 2012

Governo alemão recorre à internet para recrutar imigrantes

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Alemanha lançou dois sítios na internet para atrair mão-de-obra qualificada e superar a escassez destes profissionais, a qual, conjugada com o envelhecimento da população, ameaça a sua boa saúde económica, noticiou a agência AFP. Lançados pelos ministérios do

Trabalho e da Economia e da Agência para o Emprego, os sítios dirigem-se ao pessoal qualificado na Alemanha (www.fachkraefteoffensive.de) e ao estrangeiro (www.make-it-in-germany.com). O primeiro quer facilitar o contacto entre os trabalhadores alemães e as empresas nos sectores onde a procura é forte, como

tecnologias, telecomunicações ou medicina. Com mapas e números, mostra que os Estados (‘Lander’) de Baden-Wurtemberg, no Sul, e da Renânia-do-Norte-Vestefália, no Oeste, são os que apresentam maiores necessidades de pessoal qualificado e apela a “garantir em conjunto o futuro da Alemanha”.

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O segundo sítio, disponível em alemão e em inglês, tem por objetivo elogiar a qualidade de vida na Alemanha e facilitar a procura de emprego e instalação aos estrangeiros. “Com o nosso portal, vamos mostrar aos trabalhadores estrangeiros qualificados porque vale a pena viver e trabalhar na Alemanha. Em particular, queremos mostrar-lhes que são sinceramente bem-vindos”, afirmou, em conferência de imprensa, o ministro da Economia, Philipp Rosler, salientando que a iniciativa dirige-se aos Estados da União Europeia, mas também a outros. O recrutamento de trabalhadores qualificados é uma prioridade governamental, dado que o envelhecimento acelerado da população e o desemprego baixo (6,7 por cento em Maio) compromete o futuro da economia alemã. “Em 2025, a Alemanha, por razões exclusivamente demográficas, terá falta de até seis milhões de pessoas em idade ativa”, afirmou, por seu turno, a ministra do Trabalho, Ursula von der Leyen. “Se ativarmos todos os recursos sem utilização, desde logo no país, mas também cada vez mais no estrangeiro, a Alemanha tem

boas possibilidades de permanecer um país forte na concorrência mundial”, argumentou. Já o presidente da Agência para o Emprego, Frank-Jurgen Weise, defendeu, com vista ao aproveitamento do potencial alemão, o aumento da participação no mercado de trabalho das mulheres e dos idosos, a formação dos desempregados e o combate ao insucesso escolar. Em todo o caso, o recurso aos imigrantes é indispensável. Weise estima em 200 mil o número de trabalhadores estrangeiros qualificados por ano, para satisfazer a necessidade desta mão-de-obra. A crise que afeta a Europa do Sul está a aproveitar à Alemanha, que está a conseguir atrair numerosos jovens diplomados europeus, sem perspetiva de emprego nos seus países. Em 2011, esta situação permitiu-lhe acolher o maior número de imigrantes conhecido desde 1996. Em particular, o número de pessoas provenientes da Grécia, apesar de fraco em valor absoluto, conheceu um crescimento de 90 por cento em relação a 2010, enquanto que o número dos chegados de Espanha cresceu em 52 por cento.

dezenas ou centenas de milhares? Quantas mulheres que, mesmo não tendo emprego oficialmente remunerado, estão há muito desligadas dessas estatísticas! Quantas serão? Há muito desistiram de mendigar um lugar de trabalho, deixando de se apresentarem periodicamente aos Serviços de Emprego. Deambulam de casa em casa em limpezas privadas, um serviço muitas vezes mal remunerado. Não descontam para a sua posterior reforma, prevendo-se engrossar mais tarde o número de pobres na sociedade. As estatísticas não perdem sequer uma silaba para as mencionar! Afinal quantos desempregados existem na Alemanha? Serão os estatísticos somente um meio para os mais incautos se deixarem inebriar, iludir e manter, deste modo, uma paz social camuflada? Será simplesmente propaganda política, nua e crua? Está comprovado que estas estatísticas são simplesmente manipuladas. Já em Março de 2008 as estatísticas de desemprego apresentavam um número irrisório de 3, 434 milhões desempregados, considerado então um recorde. Numa entrevista feita por uma agencia noticiosa, a News Press, em Marco

de 2008, a um alto funcionário do Instituto de Emprego de Berlin, que, por razoes óbvias, mantiveram o anonimato, este teve afirmações que alarmaram então a opinião pública. Já desde 1974, a altura em que o desemprego alcançou o recorde de um milhão de desempregados, a manipulação destes números tem sido uma constante. No mês em que se efetuou a entrevista, previa-se que os sem trabalho ultrapassariam os 9 milhões contra o numero que a máquina de Nuremberg tinha já lançado para fora. Os números reais são escondidos para embelezar e colorir as medidas políticas e a falaz eficácia dos diversos governos. A mentira não deixa de ser mentira e só passa a ser verdade para os mais incautos. Mas não é só neste campo que as estatísticas são deturpadas e colocadas ao serviço duma política que sendo ineficaz é vendida como eficaz e coberta de êxito. Existem outros campos, infelizmente! Esta realidade reflete-se infelizmente noutras paises e noutros povos! Mantenhamo-nos atentos e não nos deixem que nos vendam gato por lebre! Joseé Gomes Rodrigues

Desemprego e estatísticas

Quando a lebre sabe a gato O Instituto Nacional do Emprego (Arbeitsamt) ou Agencia de Trabalho (Jobcenter), como também é conhecido, tem a sua sede central na cidade bávara de Nuremberga. É um edifício de grande envergadura, luxuoso e rodeado de vidro que serve esta central. Todos os meses alimenta-nos com umas estatísticas sempre variáveis, sobre o número de desempregados na Alemanha. Constitui o termômetro da evolução da economia nacional. O leitor mais desprevenido, que acredita nos números que aquela grande máquina vai vomitando, chega mesmo a acreditar que o aumento do emprego vai de vento em popa. Teremos já chegado mesmo à luz ao fundo do túnel, como todos esperamos e sonhamos? Estará mesmo a economia alemã, ao ler estes números, na vanguarda dos restantes paises da Europa? A ver vamos! Uma leitura mais atenta, desprovida de ideologias que os diversos governos, independentemente do colorido político possam ter tido e, munidos duma certa curiosidade saudável e atenta, permite-nos obter uma leitura totalmente diferente. Descobrimos outros números tão diferentes, mas mesmo que nos

possa doer, são mais realistas. Certificamo-nos então que estamos mesmo longe de alcançar essa luz, que os políticos têm, ao longo de décadas, prometido. No mês de Abril o luxuoso e grandioso Instituto brindou-nos com a existência de apenas 3.082 milhões de desempregados. É um número que não tinha sido alcançado nos anteriores vinte anos. Não seria motivo suficiente de entusiasmo e de orgulho? A ver vamos! Onde estão incluídas os mais de um milhão de pessoas que, por estarem a freqüentar cursos de readaptação profissional, subsidiados pelo mesmo instituto de trabalho? Estes desempregados não constam nessas estatísticas. Não fazem parte dessas estatísticas os que permanecem em casa, passivamente, esperando descansadamente a sua reforma, ao abrigo de acordos sociais com a empresa e o Instituo de Emprego. Outros, por se terem decidido por uma ocupação por conta própria, por não preverem qualquer futuro ativo estando inscritos nessas listas, mesmo que recebam incentivos financeiros do mesmo instituto. Estes brilham igualmente pela sua ausências nessas cegas estatísticas. A procissão dos que não estão

contemplados nessas estatísticas poderá continuar, se somarmos ainda as muitas centenas de milhares que, apesar de possuírem no bolso um contrato de trabalho, estão a receber um complemento ao ordenado pelas entidades sociais da nação. A precariedade destes contratos não lhes permite saldarem os seus gastos fundamentais familiares e vitais. Não se poderão considerar estes como desempregados? Pelo menos parcialmente! A procissão ainda vai ainda no adro e deparamo-nos com as boas centenas de milhares de jovens que vegetam em casa, nos centros juvenis, sem um lugar de formação profissional e de trabalho que, por não terem direito, nem ao complemento de ajuda social ao desemprego por viverem a expensas e em casa dos pais, e outros que nem sequer tem direito ao seguro de desemprego por não terem ainda descontado o suficiente para este seguro. Quantos serão? Quantos serão os desempregados que, encontrando-se de baixa continuada estão a receber o subsidio correspondente das caixas de doença e não do Instituto de desemprego. Estes não contam para avaliar a temperatura desse termômetro. Quantos serão? Algumas

Fonte: Süddeutsche Zeitung,


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Consultório Miguel Krag, Advogado Portugal Haus Büschstr.7 20354 Hamburgo Leopoldstr. 10 44147 Dortmund Telf.: 040 - 20 90 52 74

PORTUGAL POST Nº 216 • Julho 2012

O consultório jurídico tem a colaboração permanente dos advogados Catarina Tavares, Lisboa, Michaela Ferreira dos Santos, Bona e Miguel Krag, Hamburgo

Michaela Ferreira dos Santos, Advogada Theodor-Heuss-Ring 23, 50668 Köln 0221 - 95 14 73 0

Heranças – Como agir depois de um óbito? Por Catarina Tavares, Advogada Av. Sidónio Pais, n.º 24, 5º Dto 1050-215 Lisboa Tel: 00351 - 213 163 450 catarina.tavares@mms.com.pt

Após o falecimento de uma pessoa, os seus herdeiros têm algumas obrigações nomeadamente fiscais e relacionadas com a habilitação de herdeiros. Existindo vários herdeiros, é nomeado o cabeça-de-casal, que em regra é o cônjuge viúvo ou na ausência deste, o filho mais velho. Depende sempre da quantidade e qualidade dos herdeiros existentes à data do óbito. O cabeça-de-casal ficará responsável pela administração dos bens existentes do falecido, devendo prestar contas aos res-

tantes herdeiros. As despesas e lucros fruto dos bens da herança, serão distribuídos pelos herdeiros de acordo com o seu quinhão hereditário, ou seja, a parte que cada um dos herdeiros detém na herança. A obrigação inicial que incumbe ao cabeça-de-casal é a participação do óbito em qualquer serviço de finanças. Esta comunicação deve ser efectuada até ao final do 3º mês seguinte ao do falecimento, caso contrário, os interessados terão de pagar uma coima que se agravará consoante o tempo que tiver decorrido desde o último dia do prazo legal. A par da comunicação, o cabeça de casal deve informar o serviço de finanças da existência de todos os herdeiros mediante

número de Identificação fiscal, bem como, juntar uma lista de todos os bens pertencentes à herança, sejam, imóveis, móveis, acções, participações sociais entre outros. Esta indicação e identificação de bens é obrigatória e crucial, uma vez, que quando os herdeiros decidirem fazer a partilha por herança, só poderão ser partilhados os bens que constam da relação de bens entregue no serviço de finanças. No caso de bens que apenas foram descobertos após a participação do óbito, é possível efectuar uma participação adicional de bens, regularizando desta forma a situação dos bens que compõem a herança. Outro passo imprescindível para quem pretenda fazer a ad-

ministração e partilha dos bens da herança é a realização de habilitação de herdeiros num cartório notarial ou no balcão das heranças. Será a habilitação de herdeiros que irá permitir identificar quem são os herdeiros de falecido, sendo que, este documento será sempre obrigatório para que se possa efectuar a partilha por herança e desta forma permitir a aquisição dos bens e registo dos mesmos na Conservatória em nome dos herdeiros. Actualmente já não é devido o “imposto sucessório” no momento da participação do óbito no serviço de finanças, ao contrário do que sucedia até 2004, quanto aos herdeiros que sejam cônjuge ou unido de facto, descendentes e ascendentes do fale-

cido. Os impostos apenas serão devidos no momento em que a partilha dos bens é efectuada, e só para aqueles que levam a mais do que a sua quota na herança. É importante reiterar que antes de qualquer partilha de bens por herança, os interessados terão sempre de fazer a participação do óbito ao serviço de finanças competente, juntamente, com a identificação de todos os herdeiros e relação de bens, bem como, a habilitação de herdeiros. Não existe ordem prioritária entre estes dois actos, todavia, o prazo da comunicação do óbito deve ser tido em atenção, para que não sejam aplicadas multas aos interessados. PUB

Natália da Silva Costa Advogada / Rechtsanwältin, LL.M. E-Mail: info@ra-natalia-costa.de http://www.ra-natalia-costa.de

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Claus Stefan Becker Tradutor ajuramentado junto dos Consulados-Gerais de Portugal em Estugarda Im Schulerdobel 24 79117 Freiburg i.Br Tel.: 0761 / 64 03 72 Fax:0 761 /64 03 77 E-Mail:info@portugiesisch-online.de

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PORTUGAL POST Nº 216 • Julho 2012

José Gomes Rodrigues rodrigues@live.de

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Desempregado, que fazer? • Como se integrar num mercado de trabalho exigente? • Discriminação por idade, que consequências? Ex.mo Sr. Diretor do Portugal Post Há alguns meses que estou desempregado e estamos a receber ajuda social ao desemprego (Hartz IV). Digo estamos porque agora até a minha esposa é considerada desempregada e o respectivo Instituto de Trabalho não nos deixam em paz. Temos de mendigar por todo o lado à procura dum lugar de trabalho. Apesar da nossa meia idade, muitas empresas rejeitam as nossas ofertas de mão de obra. Cada vez que nos dirigimos à responsável pelo nosso caso no “Arbeitsamt” o temor de obter respostas desagradáveis causa-nos até dores no estômago. A nossa saúde já não é o que era e o nosso alemão pode considerar-se com que seja básico. Nunca nos preocupamos pois trabalhámos sempre com portugueses e a minha esposa sempre se entendeu bem com as senhoras onde trabalha. O nosso filho já esta prestes a terminar a formação profissional. Nós estamos já cansados de mendigar de empresa em empresa. Será que poderá haver alguma possibilidade de libertar-nos desta dependência das autoridades? Antes de eu perder o meu lugar de trabalho, e estando a receber do seguro de desemprego, a minha esposa fazia algumas limpezas particulares. Agora nem isso! Digam o que poderemos fazer. Claro que podem colocar esta questão no nosso jornal. Desde já a nossa gratidão sincera! Leitor identificado Compreendemos a vossa condição que, infelizmente, se repete nos lares de muitos cidadãos a viverem na Alemanha e um pouco por toda a Europa. A saúde frágil, talvez até a idade, aliada aos reduzidos conhecimentos do alemão, como haveis indicado, pode condicionar e dificultar um novo emprego. A ajuda social ao desemprego é oriunda da caixa do povo, dos descontos dos cidadãos, ou seja, do Estado e, na sua aplicação em casos concretos de necessidade, tem em conta as necessidades de sobrevivência de todo o agregado familiar. Por esta razão, a sua esposa e, mesmo o seu filho, são tidos em conta neste processo. Como o seu filho está na formação profissional, não é considerado como desempregado o que não deixa de receber um subsídio de

sobrevivência da mesma caixa. Este subsídio abarca uma soma fixa para cada elemento do agregado familiar, que varia conforme a idade e que e inclui os gastos básicos com a alimentação e outros. Os gastos com a habitação são divididos igualmente por cada elemento a viver sobre o mesmo teto. Continuando com a análise da sua carta e querendo dar-lhes uma informação a mais completa possível, a sua esposa pode continuar a realizar o trabalho que fazia antes de receber este auxílio financeiro. Claro que terá de declará-los junto à correspondente repartição, obrigando-se a apresentar periodicamente um formulário próprio sobre o valor dos diversos ordenados que aufere. Estas receitas, além de outras possíveis fontes, como juros, possíveis reformas, rendas de possíveis casas ou apartamentos, terá de dá-las a conhecer igualmente e são tidas parcialmente em consideração no pagamento do respectivo subsídio. Declarando-os terá vantagem de não ser tão incomodada pela administração local, pois a dependência de viver da caixa pública, dos dinheiros do Estado, diminui, deste modo, consideravelmente. Abrir-se às alternativas de integração no trabalho Uma das condições essenciais, para usufruírem deste subsídio de sobrevivência é a de que se façam tudo o que esteja ao vosso alcance para libertar-se dessa situação de desemprego. Têm de se sentir obrigados a aceitar as diversas iniciativas, como sejam acções e cursos oferecidos pelo Instituto de Trabalho com esse fim. Existem acções que têm como objectivo melhorar ou facilitar uma mais rápida integração no mercado de trabalho. Não deixem de se informar junto da mesma administração sobre as possíveis iniciativas existentes na sua zona de residência. Conforme descreve na sua carta, parece que o involuntário desconhecimento da língua alemã está a ser para os dois um impedimento para um possível emprego e assim delinear convenientemente o vosso futuro. O conhecimento da língua poderá abrir-vos muitas portas. Facilita-vos uma integração social e até cultural, abrindo-vos outros e novos horizontes. Talvez este passo

poderia ser prioritário no vosso caso. Estes cursos são geralmente gratuitos havendo, em certos casos, subsídios para as vossas possíveis deslocações. Durante o tempo em que durarem estes cursos, não estais obrigados a “mendigar” emprego. O mesmo é válido na frequência de outras medidas de reintegração no mundo do trabalho. Valorize o seu tempo livre A idade pode até não constituir um impedimento importante para reiniciar uma nova carreira laboral. A vossa longa experiência de trabalho ter-vos-ão fornecido valores que poderão ser indispensáveis para esta nova reintegração. Pontualidade, responsabilidade são, entre outras, algumas ferramentas importantes e que contam muito na vossa balança perante uma possível selecção entre outros muitos candidatos a um possível lugar de trabalho. O importante nesta fase é nunca perderem a esperança e não se deixarem levar pelo pessimismo, que só leva a um comportamento passivo, à monotonia do nada fazer e até a entorpecer a própria vontade e mesmo a vossa moral. Pensem sempre positivo! Participem em actividades comunitárias e culturais. Ultrapassem, se vos for possível, as fronteiras nacionais. Do outro lado da barreira nacional, existe um mundo com muitas ofertas que o multiculturalismo lhe empresta uma beleza própria. Façam parte activa de movimentos ou grupos humanitários, sócios culturais, da defesa do ambiente ou de reflexão sobre o trabalho, até de religião onde possa reflectir e dar asas aos vossos sonhos. Sonhem sempre, visualizem já o vosso futuro! Valorizem o vosso tempo livre saindo de si mesmos. Dêem algo de vocês mesmos para Procurem ser activos e não deixem de perder as circunstâncias que se possam apresentar para enriquecerem humanamente. Quem procura e se esforça nada tem a temer. Com isto não tencionamos dar moral a ninguém. São ideias que podem ser-vos úteis a alcançar duas coisas importantes: um lugar de trabalho e libertá-lo desses temores que poderão permanecer infundados caso se coloque na disposição assinalada anteriormente. Não queiram

ser dependentes de quem quer que seja, nem dos dinheiros públicos. Mantenham a vossa consciência e livre! O trabalho não significa só ganha pão, mas deveria ser mais que isso. É dignidade e colaborar na construção dum mundo justo e novo! Existe um outro caminho que muitos já tentaram e continuam a tentar palmilhar que é ser o vosso próprio chefe, estabelecendo-se por conta própria. Prometemos dedicar-nos a este tema numa das próximas edições do nosso e vosso jornal.

Descriminação em virtude da idade? Será possível? Esta pode sair bem caro ao empregador Correu alguma tinta em muitos jornais a decisão dum tribunal de trabalho que, nas mais altas instâncias, condenou uma instituição de saúde ao tê-la condenada por descriminação dum funcionário superior dessa instituição. Aconteceu pela primeira vez que um tribunal toma a defesa dum alto funcionário contra a rescisão duma relação laboral por causa da idade. Foi a aplicação da lei anti-discriminatória que começou a fazer parte da lei alemã em 2006. Desenrolar da questão O desenrolar da questão é simples. Numa certa clínica em Colónia sob a responsabilidade da câmara local, tinha sido contratado em 2004 e por cinco anos, um médico que ocupava um alto cargo de responsabilidade nessa mesma clínica. Ao expirar em 31.05.2012 o contrato e este não ter sido prorrogado, como se esperava, foram então dispensados os seus serviços. No seu lugar foi colocado um outro funcionário, contratado para o efeito, mais jovem com apenas 41 anos de idade. Na altura da rescisão do contrato tinha aquele 62 anos de idade. Na imprensa local apareceu uma noticia; indicando que o alto funcionário tinha sido dispensado para dar lugar a alguém com idêntica qualificação, mas muito mais jovem. Enfim, este sempre poderia permanecer por mais tempo e, deste modo, manter uma linha mais constante na organização.

Compensação por danos morais Segundo o § 22 dessa legislação (lei anti - discriminatória) terá o sujeito que se sente discriminado obrigado a apresentar provas suficientes e fidedignas que justifiquem esse pretexto. Em vão, tentou o conselho da administração amenizar a acusa aludida e, tentando em vão procurado retirar o peso da acusação. Foi considerado de injustificado as razoes que o patronato aludiu em sua defesa, e os indícios justificados de descriminação por causa da idade pelo não prolongamento do contrato. A clínica foi então condenada a pagar, por danos imateriais, ou seja, pela discriminação considerada por idade, ao réu a quantia de 36.600 Euros. Foi opinião geral, assim como a do tribunal regional de Colónia que o valor desta compensação por danos morais causados, de insuficiente. Segundo decisão e a apreciação dum caso semelhante através do Tribunal Europeu, já em 1997, este considerou então que a penalidade, nestes casos, deve ser de tal forma que possa servir de exemplo para outras empresas e evitar-se, deste modo, a repetição de casos semelhantes. Convém ter em conta igualmente nesta apreciação, que a pessoa atingida teria de ser também compensada monetariamente pelos danos que ela sofreu ao ter sido relatado o seu caso na imprensa o que atentou contra a protecção da sua personalidade.

Indemnização por perdas materiais A compensação por danos materiais causada pelo não prolongamento do contrato, foram enormes já que, tendo em conta as mínimas ou as nulas possibilidades de ser admitido numa outra empresa, olhando à idade. A clinica foi condenada a pagar o ordenado normal até ele completar os 65 anos de idade, mesmo permanecendo simplesmente em casa, já que a clínica recusou-se a readmiti-lo. Enfim duro golpe contra a discriminação pela idade...não estávamos habituados a este tipo de decisões de instâncias superiores! (Número do processo: Az: II ZR 163/10)


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Agenda Tome Nota

IMPORTANTE As informações sobre os eventos a divulgar deverão dar entrada na nossa redacção até ao dia 15 de cada mês Tel.: 0231 - 83 90 289 Fax :0231-8390351 Email: correio@free.de

Tel: 030 - 590063500 Telefone de emergência (fora do horário normal de expediente):

0171 - 9952844 Consulado -Geral de Portugal em Hamburgo Büschstr 7 20354 - Hamburgo

Alfredo Stoffel Telefone: 0170 24 60 130 Alfredo.Stoffel@gmx.de José Eduardo, Telefone: 06196 - 82049 jeduardo@gmx.de Maria da Piedade Frias Telefone: 0711/8889895 piedadefrias@gmail.com

Tel: 040/3553484

Fernando Genro Telefone: 0151- 15775156 fernandogenro@hotmail.com

Consulado-Geral de Portugal em Düsseldorf Friedrichstr, 20 40217 -Düsseldorf

AICEP Portugal Zimmerstr.56 - 10117 Berlim Tel.: 030 254106-0

Tel: 0211/13878-12;13 Consulado-Geral de Portugal em Estugarda Königstr.20 70173 Stuttgart

Tel. 0711/2273974 Conselho das Comunidades Portuguesas: Alfredo Cardoso, Telelefone: 0172- 53 520 47 AlfredoCardoso@web.de

Federação de Empresários Portugueses (VPU) Hanauer Landstraße 114-116 60314 Frankfurt Tel.: +49 (0)69 90 501 933 Fax: +49 (0)69 597 99 529 Federação das Associações Portuguesas na Alemanha (FAPA) www.fapa-online.de Postfach 10 01 05 D-42801 Remscheid PUB

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"Um homem sensato pode apaixonar-se como um doido, mas não como um tolo François La Rochefoucauld "Com pouco nos divertimos, com muito menos nos afligimos Marquês Maricá

Julho 2012

Endereços Úteis Embaixada de Portugal Zimmerstr.56 10117 Berlin

Citações do mês

Às associações, clubes, bandas , etc..

Teatro 6,7 e 8. 07.2012 – COLÓnIA Grupo de Teatro Lusotaque de Colónia apresenta: A última dança do Maxim’s. No famoso clube Maxim’s, o dia começa de noite: para fugirem do dia-a-dia e libertarem-se das obrigações da sociedade, os clientes embriagam-se com absinto e cocaína e entretêm-se com a roleta. Um após o outro, cada cliente acaba por ceder aos encantos das bailarinas frívolas, as “papillons”, que voam pelo crepúsculo ao ritmo do charleston, do tango e do swing como borboletas esvoaçantes. A realidade, contudo, rapidamente irá sobrepor-se a este vai e vem excessivo. Sob um novo governo, os dias do Maxim’s parecem estar contados. A proprietária, Dista, tenta desesperadamente salvar o seu clube – e para tal está disposta a tudo! “A última dança do Maxim’s” é uma adaptação livre de textos dos autores Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros e Maria Judite de Carvalho e do encenador Filipe La Féria. O grupo Teatro Lusotaque convida à última dança do Maxim’s entre ganhos e derrotas, amor e ciúmes, vida e morte – faites vos jeux! Rien ne va

plus! Theater Die Baustelle em Colónia (Bonnerstr. 284) Reserva de bilhetes através do n° 0221/612480

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Exposição 10.07 a 31.08.2012 – HAMBURGO – Exposição de Fotografia na Kulturinitiative Jenfeld, Kelogstrasse 38, 22045 Hamburg. Até 16 de Julho – AACHEn - A exposição “História do Fado – Património imaterial da Humanidade” está patente ao público em Aachen, na RWTH Aachen, no Instituto de Filologia Românica. Associativismo 7 e 8. 07.2012 – MILTEnBERG / M – Festa dos 775 anos da cidade com participação cultural e gastronómica portuguesas. 8.07.2012 – FELLBACH - Festa de Verão ao ar livre organizada pelo Centro Português Fellbach e.V, e grupo Motard Lusitanos de Ludwigsburg, Estugarda, Missa campal às 11.00 h. Programa músical com os grupos da casa.

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Rancho Folclórico Estrelas de Fellbach, grupos de dança Hip-Hop, Mini Splash e The-Funnkys e para animar o baile , duo musical J&F. Jogos tradicionais portugueses para as crianças. Grelhados à moda portuguesa acompanhados de um bom vinho. Concentração do grupo Motard Lusitanos de Ludwigsburg. Entrevista Pode ler na edição on-line do PORTUGAL POST (www.portugalpost.de) a entrevista que o Embaixador de Portugal em Berlim concedeu ao nosso jornal. Leia e ficará a conhecer o pensamento do Embaixador sobre muitos assuntos que interessam à comunidade. Férias Para os que vão de férias neste mês de Julho, desejamos uma voa viagem e momentos de agradável descanso.

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Serviço

PORTUGAL POST Nº 216 • Julho 2012 Anunciadas após o encerramento dos postos consulares em Osnabrück e Frankfurt / M, aí estão as permanências consulares prometidas pelo Governo. As permanências funcionarão em todas as áreas consulares com a deslocação de técnicos dos consulados a localidades previamente escolhidas e, na maioria dos casos, os utentes serão atendidos em associações ou em missões católicas onde estarão técnicos munidos de equipamento apropriado. Em termos gerais, as permanências consulares poderão realizar quase todos os actos consulares, evitando gran-

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des deslocações dos utentes aos postos. Uma das vantagens destas permanências é todos os portugueses, independentemente de residirem noutra área consular, podem ver os seus assuntos resolvidos nas permanências consulares que são realizar realizar nas cidades que divulgamos nesta página. As permanências consulares vão poder facilitar a vida a muitos utentes. Não só por isto que, a funcionarem em pleno, poderão contribuir para uma melhoria dos serviços consulares prestados aos portugueses.

Mapa das permanências consulares na Alemanha Local: Datas:

Missão Católica Portuguesa, Mensal, 1.ª sexta-feira de cada mês

Marienstrasse, 38, 63069 Offenbach Funcionário responsável: Francisco Duarte, tel.:0711 / 22739 72

Local: Datas:

União D. Portuguesa de Mainz E. V Mensal, 2.ª sexta-feira de cada mês

Mombacherstr, 38, 55122 Mainz Funcionário responsável: Elisabete Marques, tel.:0711 / 22739 79

Local: Datas:

Associação Portuguesa de Desportos, Mensal, 3.ª sexta-feira de cada mês

Pariserstr.117 67655 Kaiserslautern Funcionário responsável: Fernanda Silva, tell.: 0711 / 22739 77

Local: Datas:

Missão Católica de Munique, Mensal, 4.ª sexta-feira de cada mês

Landsbergerstr. 39 80339 Munique Funcionário responsável: Eugénia Santos, tel.: 0711 / 22739 75

Local: Datas:

Missão Católica de Nuremberga, Mensal, 1.ª terça-feira de cada mês

Pirckheimerstr.. 12 90408 nuremberga Funcionário responsável: Isabel Popin, tel.: 0711 / 22739 79

Local: Datas:

Rathaus (Câmara Municipal) 2.ª terça-feira de cada mês

Hohgarten 2 Funcionário responsável: Helena Fernandes

78224 Singen 0711 / 22739 72

Fonte: Consulado-Geral de Portugal em Hamburgo Consulado-Geral de Portugal em Düsseldorf Consulado-Geral de Portugal em Estugarda

Consulado Geral de Portugal em Estugarda - Permanências Consulares 2012 (por marcação)

NOTA - nos dias feriados, a permanência consular realizar-se-á no dia útil seguinte

Consulado Geral de Portugal em Hamburgo - Permanências Consulares 2012 Osnabrück Local: Datas: Horário:

Centro Português de Osnabrück, 15 de Junho 10.00-15.00 h

Bünderstr. 6 29 de Junho 10.00-15.00 h

49084 Osnabrück 13 de Julho 10.00-15.00 h

nordhorn Local: Datas: Horário:

Centro Português de Nordhorn 23 de Junho 10.00-15.00 h

Heideweg 13

49529 Nordhorn

Cuxhaven Local: Datas: Horário:

Centro Cultural Português 7 de Julho 10.00-15.00 h

Präsident-Herwigstr. 33-34

27472 Cuxhaven

Münster Local: Datas: Horário:

Missão Católica Portuguesa 26.06.2012 9.30-15.00 h

Beelerdstiege 3 25.09.2012

48143 Münster 27.11.2012

Minden Local: Datas: Horário:

Centro Português de Minden 14.06.2012

Memelerstr.6 13.09.2012

32423 Minden 15.11.2012

Meschede Local: Datas: Horário:

Associação Portuguesa de Meschede 21.06.2012

Hennestrasse 12 20.09.2012

59872 Meschede 22.11.2012

#

Consulado Geral de Portugal em Düsseldorf - Permanências Consulares 2012


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Afins CAVALHEIRO Reformado, atractivo, viúvo, sem vícios a residir na Alemanha (NRW) totalmente independente, procura senhora sem compromissos e amorável entre os 65 e 70 anos de idade para construir harmoniosa relação. Contacto: TLM 0160 – 5011897 ou carta a este jornal Refª 0106

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poesias de amor e de outros sentires A tua voz Baloiça nesta noite entre o meu coração e o silêncio que forma no ar o tempo perfeito da saudade

Saúde e Bem estar

Receitas Culinárias

Alcoolismo

Escalopes de Porco com Maçã

O alcoolismo é a enfermidade caracterizada pelo habitual, compulsivo e alto consumo de álcool,além do desenvolvimento dos sintomas nefastos quando se deixa de beber repentinamente. SInTOMAS: Uma prolongada dependência do álcool traz como resultados sérios problemas: – No pâncreas (pancreatite aguda) ; No fígado (cirrose) ; No coração ; No aparelho urinário; Na pele; Nos órgãos sexuais (impotência); No aparelho digestivo (gastrite); No sistema nervoso, que fica totalmente desequilibrado devido à morte das células nervosas (neurónios), porque o álcool retira a água dessas células, produzindo uma série de transtornos nervosos, como a depressão, a angústia e, nos casos mais graves, o delirium tremens, que provoca alucinações. O álcool é uma substância que requer vitaminas e sais minerais para seu metabolismo. –Os filhos de mulheres alcoólicas podem contrair grandes problemas físicos e mentais. Elas apresentam abortos espontâneos mais facilmente, e produzem um retardo no crescimento do feto. Posteriormente, a criança se apresenta com hiperactividade e irritabilidade. Se uma pessoa grávida ingere álcool regularmente (assim como qualquer outra droga) o feto adquire uma dependência a tais drogas. CAUSAS DO ALCOOLISMO: Hereditário, meio ambiente, trabalho, beber socialmente, stress, depressão, ócio, personalidade imatura, solidão. TRATAMEnTO: Associação dos Alcoólicos Anónimos. RESSACA: Se você amanhece com a sensação de que a cabeça vai explodir depois de haver bebido álcool em excesso, siga os seguintes conselhos úteis para diminuir o seu mal-estar e para eliminar os resíduos tóxicos do álcool: a. O primeiro passo é tratar de remover o álcool que ainda se encontra no seu corpo, para o qual se usa um açúcar de nome frutose que queima rapidamente o álcool existente no corpo. Algumas frutas e, em maior quantidade, o mel de abelha, possuem frutose, por isso se recomenda a ingestão de um suco de maçã ou de papaia adoçados com mel de abelha. Além disso, ingerir uma boa quantidade de gel de aloé Vera, uma vez que ele é altamente hidratante e reduz a dilatação das artérias e veias da cabeça, reduzindo a dor, consequentemente. b. Se a dor de cabeça é forte de manhã, mesmo depois de ingerir a Aloé Vera, tome um chá de casca de sabugueiro ou duas aspirinas, preferencialmente antes de dormir e logo ao amanhecer (esta medida é recomendada pelo Dr. Kenneth Bloom, do Centro de Saúde da Universidade do Texas). c. Ingerir bastante água com suco de Aloé Vera antes de dormir e logo ao despertar no dia seguinte. Isto ajudará a neutralizar os efeitos da desidratação causada pelo álcool e você se sentirá melhor no dia seguinte. Fonte: Saúde e Bem estar

Ingredientes: 800 gr de lombo de porco; Sal q.b.;Farinha para polvilhar ; 3 colh. sopa de óleo ; 2 colh. sopa de margarina ; 2 maçãs reinetas ; 1 garrrafa pequena de sumo natural de maçã ; 2 hastes de salsa Corte a carne em escalopes finos, de preferência todos do mesmo tamanho. Tempere com sal e polvilhe com farinha. Aqueça o óleo e a margarina numa frigideira. Frite os escalopes com a salsa até alourarem por igual. Coloque num prato, depois de devidamente escorridos. Lave, corte em meias luas, retire as sementes às maçãs e salteie-as na gordura. Reserve noutro prato, depois de as escorrer. Num pirex, coloque em camadas as maçãs e os escalopes alternadamente. Regue com o sumo de maçã, cubra o pirex e leve ao forno para cozer brandamente durante cerca de 30 minutos. Bom apetite

DICA As pilhas gastas e velhas ainda podem ser reaproveitadas por mais algum tempo. Basta fervê-las com água. A fervura funciona como carga nova.

RIR Isaac Nin

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Uma senhora muito feia está gravemente doente e o marido chama o médico. — A sua esposa não me agrada nada — diz o médico. — Nem a mim, tão-pouco — responde o marido.

Creme de Tomate Ingredientes: 700g de tomate maduro; 1 cebola grande; 2 colheres de sopa de azeite; 1 dente de alho; 1 ramo de salsa; 1 folha de louro; 1L de caldo de carne; 4 colheres de sopa de arroz; sal; pimenta; 1 colher de sopa de manteiga. Pique a cebola, aloure-a com o azeite e junte o tomate sem peles e sem graínhas, o dente de alho esmagado, a salsa e o louro. Tape e deixe estufar durante 5 minutos. Regue com o caldo de carne, deixe levantar fervura, junte o arroz e tempere com pimenta. Deixe cozer durante 20 minutos. Retire a salsa e o louro e passe a sopa pelo passador. Rectifique o sal e, já fora do lume, junte a manteiga.

Creme Gelado de Café e Amêndoas Ingredientes: 1/2 lata de leite condensado; 1 colh. de sobremesa de café solúvel; 4 dl de natas ;100 g de amêndoa torrada e picada; 3 gemas; 1 cálice de Rum; Cerejas e amêndoas para decorar Misture o leite condensado com as amêndoas picadas, as gemas, o Rum, as natas e o café. Mexa bem até obter um creme homogéneo. Coloque em taças individuais no congelador, durante 4/5 horas. Enfeite com cerejas e amêndoas picadas. Bom apetite

Números em Síntese Quantidade aproximada de sangue que contém o corpo humano

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Autora: Cristina Candeias A astróloga residente do programa "Praça da Alegria", de Jorge Gabriel, tornouse um fenómeno nacional, com as suas previsões em directo. Este é o seu primeiro livro. O livro que nos ensina a atravessar o deserto para encontrar o oásis e a felicidade plena. É necessário reflectir sobre quem fomos, o que somos e o que temos de vir a ser. Só depois de aceitarmos os nossos processos de mudança a vida se nos revelará. Cupão de encomenda na página 18

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Histórias da emigração

Deixei Portugal quando tinha quase 19 anos Caros Senhores, Ficaria muito contente se publicarem esta minha participação. A minha história é uma parte da minha vida, talvez aquela mais importante dos 60 anos que até agora vivi e que se tornou num passo que mudou radicalmente a minha vida e de que nunca me arrependerei. Tinha eu quase 19 anos quando decidi acompanhar dois amigos que iam a salto para França. Estávamos todos os três com um pé na tropa. Esses meus amigos sabiam o que estavam a fazer, isto é, estavam conscientes de que iam fugir à tropa por convicções contra o regime que ao tempo vigorava em Portugal. Pelo meu lado, fugir era para mim naquela altura sair de uma situação de miséria e encontrar modo de vida digno num outro país. Nessa altura era a França o destino de muito portugueses; de todos, mesmo daqueles que fugiam por convicções politicas ou que eram contra a guerra nas antigas colónias portuguesas. Nunca esquecerei o dia em que nos pusemos andar em direcção à fronteira. Para não despertar a atenção de ninguém não levávamos bagagem. Levámos a roupa que tínhamos no corpo e...fosse o que Deus quisesse! O dinheiro também não era muito. Feitas as contas concluímos que com o que tínhamos talvez desse para comer até chegar à fronteira entre a Espanha e a França. De modo que concluímos que deveríamos evitar comprar bilhetes de comboio para poupar. Quer dizer: tínhamos de viajar sem pagar, clandestinamente. Isto assim dito é fácil, mas fazê-lo é muito, mas muito complicado. Mas antes tínhamos outras realidades para enfrentar. Chegar à fronteira entre Portugal e Espanha. Atravessá-la sem dar nas vistas e chegar à primeira cidade

espanhola para pormos o nosso plano de viajar sem pagar em acção. A passagem clandestina da fronteira espanhola foi feita durante a noite. Chegámos ali para os lados de Chaves a uma pequena localidade e, depois de comermos umas sandes numa taverna, pusemo-nos em marcha em direcção àquilo que pensávamos ser a Espanha. Foi duro. Muito duro. Atravessamos montes e florestas; despimo-nos da cinta para baixo para atravessar riachos; subimos e descemos encostas e depois, no fundo mais fundo da noite chegámos à fronteira que reconhecemos por mor de uma torre guardada por um vigilante que supusemos ser espanhol. Sem ruído, rastejamos durante largos minutos até deixarmos a torre para trás. Mais esperançados, caminhámos pela noite adentro até avistarmos um casario que àquela hora da manhã acordava. Passamos essa aldeia e uns quilómetros a seguir encontrámos por sorte um pequeno café. Lá nos indicaram o caminho até Ourense, Espanha. Indicaram, dizia eu, mas não disseram quanto tempo era preciso até chegar lá. Caminhámos por atalhos para evitar as estradas e qualquer encontros com as autoridades espanholas. Não verdade, não tínhamos passaporte. A única documentação que levávamos era a nossa Cédula Pessoal (uma espécie de BI). A Cédula era assim um livrinho com uma capa negra onde figuravam as informações de cada cidadão: nome, filiação, data e local de nascimento, sem fotografia, claro está. Chegámos a Ourense

extenuados. Era já noite. Alugámos um quarto numa pensão e ali recuperámos algumas forças e ficávamos protegidos de encontros indesejáveis com a polícia. Mais tarde, fomos à estação estudar o ambiente e ver o horário de saída dos comboios. Apanhámos um e tentamos a nossa sorte sem bilhete. Estabelecemos um turno de vigia e de alerta caso tivéssemos a passagem de um revisor. Quando isso acontecia, e não foram poucas as vezes, colocávamo-nos no exterior do comboio agarrados à porta durante alguns minutos até que o revisor passasse. Sinceramente, hoje seria impossível fazer isso devido à impossibilidades de se abrir uma porta em andamento. Também com a velocidade a que hoje os comboios andam seria impossível fazer o que fizemos. Mas éramos jovens e a nossa vontade de cumprir o nosso destino fazia o resto. Bom, não fomos apanhados

pelo revisor, mas sim por pior ainda. Quando dormitávamos convencidos que ninguém nos incomodaria, até porque o comboio rolava na noite sem grande afluxo de passageiros, deparamos com dois homens que nos acordavam pedindo-nos pelo bilhete e pela nossa identificação. Soubemos imediatamente a seguir que tínhamos à nossa frente dois policias à civil que controlavam o comboio devido à situação politica com que a Espanha se confrontava naquele tempo em que a ditadura do General Franco era atacada violentamente por grupos armados. Evidentemente que dissemos que éramos portugueses, que não tínhamos documentação e que o nosso destino era a França onde queríamos viver e trabalhar. Os polícias habituados a estes encontros com portugueses que iam a salto (ir a salto é uma forma de emigrar sem documentação) disseram-nos primeiramente que nos iam entregar na próxima paragem a uma esquadra da polícia. Digo primeiramente, mas depois de termos apelado aos seus sentimentos recorrendo a Deus que eles muito temiam lá nos deixaram em paz numa paragem que o comboio fez durante aquela viagem. Soubemos que a paragem era a cidade de Burgos. Vadiámos por ali. Comemos pão com chouriço e, à noite, voltamos ao mesmo jogo dos comboios exactamente da mesma forma e com os mesmos riscos. Três dias depois de deixamos Burgos chegámos a San Sebastian. Depois a Irun, na fronteira, onde vagueámos quase uma semana sem encontrarmos um modo de passar a fronteira entre os

dois países. Tentámos tudo, até atravessar um rio a nado, mas sem êxito devido à força da corrente que se fazia sentir. Já sem dinheiro e com uma fome danada tivemos a sorte de encontrar um dito “passador” português que nos pediu os olhos da cara para pormo-nos no outro lado. O encontro com esse dito “passador” foi proveitoso porque lá teve a generosidade de nos pagar umas sandes e uns copos de vinho e ternos indicado o modo de chegar ao outro lado, à desejada França, terra da Liberté, Égalité, Fraternité e, para nós, terra prometida. Não foi assim tão fácil como nos tinha pintado o tal simpático “passador ” portuga. Passamos as passa de todos os Algarves e mais alguns para chegar à França, que, segundo o nosso compatriota, era ali ao virar da esquina. Sei que “viajámos” no exterior de um comboio agarrados ao que se podia agarrar durante cerca de cinco, sete minutos – o tempo do trajecto entre Irun e Hendaye. Passadas outras dificuldades e não pequenos obstáculos lá chegamos a França. Os leitores poderão adivinhar o estado em que estávamos: feios, porcos e famintos. Esta foi a primeira fase de uma viagem que ainda iria demorar mais tempo e conhecer novas aventuras, dificuldades, lágrimas, desilusões, desânimos e sofrimentos. Os meus dois amigos de viagem ficaram em Paris. Hoje são duas pessoas bem postas na vida e muito reputadas. Eu, pelo meu lado, estive algum tempo em Paris até ter um passaporte válido por seis meses e aventurei-me com destino à Holanda onde estive dez anos. Depois, o meu destino foi a Alemanha onde permaneço e permanecerei como se estivesse a fazer uma viagem que ainda não chegou ao fim. Leitor identificado PUB


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Aumentos salariais na Alemanha podem ajudar a reequilibrar competitividade na EU A redução dos níveis salariais ao longo da última década é um dos motivos para a elevada competitividade da Alemanha diante de seus parceiros europeus. Agora a situação começa a inverterse. Ao longo de uma década os sindicatos alemães privilegiaram a manutenção dos postos de trabalho em detrimento dos aumentos salariais. Com as suas negociações salariais moderadas, eles acabaram por contribuir involuntariamente para aprofundar um desequilíbrio interno na zona do euro: enquanto a Alemanha ganhava em competitividade, os países do sul do bloco viam seus custos de trabalho aumentarem, em consequência de um boom económico baseado no endividamento. O resultado é conhecido: esses países agora precisariam desvalorizar suas moedas para voltar a ser competitivos, mas não podem fazer isso porque adoptaram o euro, a moeda comum. Há algum tempo, a então ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, actual responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI), ressaltara que existe um segundo caminho: a Alemanha deveria consumir mais e pagar melhores salários. Declarações como essa desencadearam uma acalorada discussão: deveria a Alemanha reduzir propositadamente o seu nível de competitividade para amenizar os problemas da zona do euro? De maneira alguma, diziam os especialistas, pois isso retiraria a pressão sobre os países do sul, para que eles melhorem a própria competitividade. Mudanças perceptíveis Mas, de lá para cá, os tempos mudaram. „Vemos uma mudança em relação aos salários“, diz o economistachefe do banco alemão Commerzbank, Jörg Krämer. Em três anos, países como Espanha e Portugal terão conseguido recuperar suas perdas em competitividade frente a outros países europeus, por causa da visível redução dos custos do trabalho nestes países. Também a Irlanda estaria nesse caminho.

Ou seja, os países em crise estão a ganhar competitividade em comparação com a Alemanha. A isso soma-se os altos acordos salariais fechados recentemente pelos sindicatos alemães, por exemplo nos serviços públicos. Os vencimentos para quase dois milhões de pessoas subiram 3,5% a partir de 1º de Março deste ano. A partir de 1º de Janeiro de 2013, o aumento será de 1,4% e, em 1º de Agosto, de outros 1,4%. Isso significa 4,9% ao final de 10 meses e 6,3% depois de 18 meses. Já os três milhões e meio de trabalhadores da indústria alemã da metalurgia e electrónica podem comemorar o melhor aumento salarial dos últimos 20 anos. Empregadores e sindicatos fecharam um acordo que prevê 4,3% de aumento. O sindicato do sector de mineração e energia química está a pedir 6% a mais nos vencimentos dos quase 550 mil empregados da indústria química. Também dessa negociação deverá sair um acordo colectivo que deverá ficar acima da inflação, hoje na casa dos 2% ao ano. Apoio dos políticos Os sindicatos alemães podem contar até mesmo com o apoio dos governantes. O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, declarou recentemente que está „tudo bem se

na Alemanha os salários subirem mais do que em outros países da União Europeia“. Segundo Schäuble, a Alemanha fez os seus trabalhos de casa no passado e pode hoje permitir-se acordos salariais com índices mais altos do que os outros países. „Passamos por muitos anos de reformas“, completou. O comissário europeu de Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, também vê a situação de maneira parecida. Durante a apresentação do relatório conjuntural da Comissão Europeia, Rehn afirmou que acompanha de perto o debate sobre melhores salários e afrouxamento da política inflacionária na Alemanha. „Custos salariais maiores vão estimular ainda mais a demanda interna [na Alemanha]. Isso é bom para um maior equilíbrio na economia de toda a zona do euro“. Os países do sul recuperam, os alemães diminuem sua competitividade aumentando salários: é essa a saída para a crise do euro? Os políticos concordam com esse nivelamento do desequilíbrio no bloco. Mas Kramer discorda: „A união monetária como um todo fica enfraquecida se a sua maior economia perde competitividade não apenas face aos países da periferia, mas também frente a outras economias de fora da Europa“. Rolf Wenkel, Cortesia DW

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