Poesia glitch peterson ruiz 2016

Page 1

“Não existe arte revolucionária sem forma revolucionária" (Maiakovski)

APRESENTANDO A POESIA GLITCH Glitch é qualquer ocorrência não programada em um sistema eletrônico/digital ou nos elementos componentes do seu funcionamento. A 'estética glitch' destaca esse evento como linguagem artística, em forma de imagens, textos, sons, e outros códigos. Dessa forma, defeitos e falhas — em essência anti-comunicacionais — sejam eles acidentais ou


intencionais, materializam a premissa de que 'o meio é a mensagem' (McLuhan), criando assim novas possibilidades expressivas para a arte contemporânea. Rádio, video, tv, games, pixels, web art, cds, discos de vinil, fitas-cassette, etc. Todo sistema tecnológico (portanto sujeito a falhas) é um potencial gerador de 'glitch', uma arte que aceita o caos e a deformação como fontes e razão de sua existência. Este projeto de Poesia Glitch permanece na encruzilhada entre a plasticidade da Poesia Visual (poesia concreta, futurismo, vanguarda russa, etc), as possibilidades fonéticas da chamada Poesia Sonora (onomalíngua, dadaísmo, zaum, poesia letrista, etc) e o desconstrutivismo cyberpunk. O ponto de partida desta experiência foi um arquivo html acidentalmente corrompido ao ser salvo, e cujo conteúdo transformou-se em abstrações eletrônicas de letras, números e símbolos. O trabalho em software editor de texto limitou-se a um mínimo de intervenções: pequenos cortes, inserção de espaços, disposição em linhas curtas. A intenção foi criar um processo sutil de 'apalavramento', direcionando os grafismos a uma dinâmica que imitasse a fluência e a estrutura dos poemas. A opção por caracteres graúdos favorece o aspecto visual dessas composições, feitas de 'neopalavras', livres de obrigações sintáticas, centros energéticos auto-suficientes que geram momentos de descoberta e evocações incertas, expressões surpreendentes, reminescências de interjeições, questionamentos surreais, palavrões e sussurros, idiomas extintos e futuros, mensagens cifradas, celebração tipográfica. A ‘leitura’ das poesias glitch exige o abandono dos sistemas de compreensão convencionais. Aceitar e apreciar essa massa de signos 'sem sentido' é uma subversão à percepção com que absorvemos o mundo. É o sensorial em complemento ao intelectual, uma possibilidade simbiótica de fruição poética. Peterson Ruiz Sorocaba, 161130


INTRODUCING GLITCH POETRY Glitch is any unscheduled occurrence in an electronic/digital system or components of its operation. Glitch aesthetics highlight this event as an artistic language, using images, texts, sounds, and other codes. Defects and flaws - in essence anti-communicational - whether accidental or intentional, can materialize the premise that 'medium is the message' (McLuhan), creating new expressive possibilities for contemporary art. Radio, video, tv, games, pixels, web art, cds, vinyl records, cassette tapes, etc. Any technological system (thus subject to failure) is a potential glitch generator. Glitch Art accepts chaos and deformation as sources and reason for its existence. This project of Glitch Poetry remains at the crossroads between the plasticity of Visual Poetry (concrete poetry, futurism, Russian avant-garde, etc.), the phonetic possibilities of the so-called Sound Poetry (onomalanguage, dadaism, zaum, lettering poetry, etc.) and cyberpunk deconstructivism. The starting point of this experiment was an accidental corruption of a html file whose contents have been transformed into electronic abstractions of letters, numbers, and symbols. Working in a text editor software was limited to a minimum of interventions: brief cut-ups, insertion of space, short-line arrangement. My intention was to create a subtle process of 'enwordment', directing those groups of characters to imitate the dynamic flow and the structure of poems. The option for large characters enhances the visual aspect of these compositions, made of 'neowords', free from syntactic obligations, self-sufficient energy centers that generate moments of discovery and uncertain evocations, surprising expressions, reminiscences of interjections, surreal questioning, veiled profanity, whispers, foreign and future languages, encrypted messages, typographic celebration. Reading glitch poetry requires abandonment of understanding. Accepting and appreciating this mass of 'meaningless' signs is some experience of subverting the perception with which we absorb the world. It is the sensorial in complement to the intellectual, a symbiotic possibility of poetic enjoyment. Peterson Ruiz a.k.a. Ziur / Sorocaba, Brazil, 161207











































































































































































































































Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.