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AMBIOTECH BRASIL 180215 ENVELHECIMENTO , VIDA E MORTE

FICAR MUITO TEMPO SENTADO PODE MATAR 170915 http://bbc.in/2xcQ3Wb VOCÊ SÓ APRENDE A VIVER QUANDO SABE O QUE É MORRER. HISTÓRIAS DE QUEM VIVE COM O HIV DESDE OS ANOS 80 180211 http://bbc.in/2HfHA9q

ADOLESCÊNCIA AGORA VAI ATÉ OS 24 ANOS http://bbc.in/2n9yIK6 180119

ILHA GREGA GUARDA O SEGREDO DA LONGA VIDA 180109 http://bbc.in/2qNUiYK

TERAPIA REVERTE ENVELHECIMENTO https://abr.ai/2o377vp 170304

VOCÊ JÁ ATINGIU O AUGE DA VIDA? https://bbc.in/2GuIMW6 150605

CORAÇÕES MAIS SAUDÁVEIS ESTÃO EM UM POVOADO BOLIVIANO http://bbc.in/2hGsttX 170320 MÉDICOS REATIVAM CONSCIÊNCIA DE PACIENTE EM COMA APÓS 15 ANOS 170926 https://bbc.in/2futCUo

Seleção e edição das matérias: Peterson Ruiz. Para ver os conteúdos originais, com mais fotos, ferramentas, comentários, etc, clique nos links azuis. Este 'clipping' é um projeto gráfico e editorial de caráter experimental e sem fins lucrativos. Curta a página no facebook: https://www.facebook.com/Ambiotech-Brasil-177756419450228


ADOLESCÊNCIA AGORA VAI ATÉ OS 24 ANOS BBC-180119 http://bbc.in/2n9yIK6 Adolescência agora vai até os 24 anos de idade, e não só até os 19, defendem cientistas 19 janeiro 2018 / Com reportagem de Katie Silver, da BBC News. Aquela fase odiada pela maioria das pessoas, a adolescência, ganhou uma sobrevida de cinco anos. Em vez de terminar aos 19, idade considerada na maioria dos países, um grupo de cientistas defende que a adolescência se estende dos 10 até os 24 anos. O fato de jovens estarem optando por estudar por um período de tempo mais longo, não só até a faculdade, assim como a decisão cada vez mais frequente de adiar casamento e maternidade/ paternidade, estariam mudando a percepção das pessoas de quando a vida adulta começa, dizem pesquisadores australianos em um artigo publicado nesta semana na revista científica Lancet Child & Adolescent Health. Para eles, a redefinição da duração da adolescência seria essencial para assegurar que as leis que dizem respeito a esses jovens continuassem sendo asseguradas. Outros especialistas, no entanto, dizem que postergar o fim da adolescência pode mais adiante infantilizar os jovens. Puberdade A duração da adolescência já chegou a ser alterada antes, quando se concluiu que, com os avanços da saúde e da nutrição, a puberdade iniciava antes do 14 anos, como se convencionava.

Essa fase tem início quando uma parte do cérebro, o hipotálamo, ativa as glândulas hipófise e gônadas, que, entre outras coisas, liberam hormônios sexuais. Ela costumava acontecer por volta dos 14 anos, mas caiu gradualmente no mundo desenvolvido nas últimas décadas até o patamar de 10 anos. Como consequência, em países industrializados como o Reino Unido a idade média para a primeira menstruação de uma garota caiu quatro anos nos últimos 150 anos. Metade das mulheres agora fica menstruada pela primeira vez entre 12 e 13 anos. A biologia também é usada como argumento por aqueles que defendem que a adolescência termina mais tarde - e que dizem, por exemplo, que o corpo continua a se desenvolver. O cerébro continua se desenvolvendo depois dos 20 anos, trabalhando de maneira mais rápida e eficiente. E para muitos os dentes do siso não nascem até que complete 25 anos. Adiando planos familiares Os mais jovens também estão adiando o casamento e a maternidade/paternidade. De acordo com o Escritório Nacional de Estatísticas do Reino Unidos, a idade média para o primeiro casamento de um homem era 32,5 anos em 2013 e de 30,6 para as mulheres na Inglaterra e no País de Gales. Isso significa um aumento de 8 anos desde 1973. No artigo que explica os motivos para o aumento da duração da adolescência, Susan Sawyer, diretora do Centro para a Saúde do Adolescente do Hospital Royal Children's em Melbourne, na Austrália, escreve: "Apesar de muitos privilégios legais da vida adulta começarem aos 18 anos, a adoção das responsabilidades e do papel de adulto geralmente acontece mais tarde". Ela diz que postergar o casamento, o momento de ter filhos


e a independência financeira significa "semidependência", o que caracteriza que a adolescência foi estendida. No Brasil, a permanência por cada vez mais tempo dos jovens na casa dos pais é uma marca da chamada "geração canguru", nome dado pelo IBGE em 2013 ao fenômeno que engloba pessoas de 25 a 34 anos e que vem crescendo no país. Os dados foram divulgados na Síntese de Indicadores Sociais - Uma análise das condições de vida da população brasileira, com dados referetes ao intervalo entre 2002 e 2012. Mudança nas leis Essa mudança, pondera Sawyer, precisa ser levada em consideração pelos políticos, para que as leis e benefícios voltados a esse público sejam alterados. "Definições de idade são sempre arbitrárias, mas nossa atual definição de adolescência está excessivamente restrita", diz a cientista. Russell Viner, presidente da associação Royal College de pediatria e saúde infantil, diz que no Reino Unido a idade média para um jovem sair de casa é 25 anos. Ele apoia a ideia de que a adolescência seja estendida até os 24 anos e diz que os serviços no Reino Unido já levam isso em conta. Segundo ele, hoje as leis no Reino Unido consideram a idade de até 24 anos para o governo garantir a provisão de serviços para crianças e adolescentes que precisam de atendimento especial (seja por abandono ou outro motivo) e que têm necessidades especiais em termos educacionais. Infantilizar os adultos A socióloga da Universidade de Kent Jan Macvarish, que estuda paternidade, diz que há um perigo em estender o conceito de adolescência. "Crianças mais velhas e jovens são moldados de maneira mais significativa pelas expectativas da sociedade sobre eles

com o seu intrínseco crescimento biológico", ela diz. "Não há nada necessariamente infantil em passar o início dos seus 20 anos no ensino superior ou tendo experiências no mundo do trabalho." E não deveríamos arriscar transformar o desejo deles por independência em uma patologia. "A sociedade deveria manter as expectativas mais altas em relação à geração seguinte", diz Macvarish. Viner discorda dela e diz que ampliar a adolescência pode ser visto como dar poder aos jovens ao reconhecer as diferenças deles. "Contanto que isso seja feito de uma posição de reconhecimento dos pontos fortes dos jovens e do potencial do desenvolvimento deles em vez de focar os problemas da adolescência."

TERAPIA REVERTE ENVELHECIMENTO 170304 https://abr.ai/2o377vp Terapia reverte envelhecimento “aposentando” células idosas / Técnica é capaz de interromper o estado conhecido como senescência, em que células mais velhas se recusam a morrer / Por Guilherme Eler access_time 3 abr 2017, 17h53 - Publicado em 3 abr 2017, 17h37 Nosso processo de envelhecimento passa primeiro pelas células. Os cabelos brancos e as dores na coluna são fruto de uma ordem natural e até então aparentemente irreversível: as células já não acompanham mais o ritmo de renovação exigido, e passam a se replicar em velocidade bem menor do que demanda um corpo jovem


e saudável. No entanto, cientistas holandeses parecem ter encontrado uma forma de contornar esse mecanismo. Utilizando uma terapia inovadora que “aposenta” as células idosas, eles conseguiram reverter o envelhecimento de ratos em laboratório – e até dar um jeitinho em sua queda excessiva de pelos. A chave para o efeito está na utilização de um peptídeo especializado, que, no melhor estilo “exterminador do passado” tem a tarefa de encontrar e eliminar as células mais antigas, chamadas senescentes. As células senescentes são as que perderam sua capacidade de renovação celular e, apesar de não possuírem mais metabolismo, também se recusam a morrer por completo. E essa “teimosia” é perigosa: células mais velhas são também mais permissivas ao surgimento de doenças ou desenvolvimento de tumores, por exemplo. Há um mecanismo que determina se uma célula permanecerá em estado de senescência, e ele é estabelecido pela interação entre as proteínas celulares FOXO4 e p53. A aplicação da técnica está justamente aí: o peptídeo FOXO4 é capaz de interromper a comunicação entre as duas proteínas, fazendo com que a célula sofra apoptose – algo como um “suicídio” celular. Para testar o método, os pesquisadores utilizaram dois tipos de ratos. Havia aqueles que naturalmente já estavam no fim de suas vidas e também os que foram geneticamente modificados para se tornar idosos. O peptídeo foi aplicado nas cobaias três vezes por semana durante dez meses, e os resultados vieram rapidamente: os ratos modificados geneticamente começaram a recuperar sua pelagem após dez dias. Três semanas depois do início dos testes, os ratos idosos corriam o dobro da distância dos seus vizinhos que não

receberam o tratamento. Eles também mostraram melhora em suas funções renais, um mês após começado o experimento. Segundo a pesquisa, não foram encontrados efeitos colaterais. O próximo passo do grupo é adaptar a técnica para o tratamento de humanos, mantendo a eficiência e a ausência de efeitos colaterais. A ideia é que ela seja uma alternativa ao tratamento do glioblastoma multiforme, um tipo de tumor do cérebro que pode ser identificado pelo peptídeo FOXO4, afirmou Peter L.J. de Keizer, um dos autores do estudo, ao site Science Daily. A pesquisa foi publicada na revista científica Cell.

CORAÇÕES MAIS SAUDÁVEIS ESTÃO EM POVOADO BOLIVIANO 170320 http://bbc.in/2hGsttX Corações mais saudáveis do mundo estão em povoado indígena da Bolívia, indica estudo / James Gallagher / BBC / 20 março 2017 Os corações mais saudáveis do mundo são dos tsimane (ou chimane), um povo indígena que vive nas florestas no norte da Bolívia, revela um novo estudo. Segundo a pesquisa, publicada na revista científica Lancet, praticamente nenhum tsimane tinha sinais de artérias entupidas ─ inclusive aqueles com idade avançada. "É


uma população incrível" com dietas e estilos de vida radicalmente diferentes, dizem os pesquisadores.

Pesquisa revela que nenhum tsimane tinha sinais de artérias entupidas Os responsáveis pelo estudo afirmam que, apesar de o restante do mundo não poder fazer o mesmo, há lições a serem aprendidas. Atualmente, a população dos tsimane está estimada em 16 mil. Eles caçam, pescam e cultivam alimentos ao longo do Rio raniqui, na floresta amazônica da Bolívia. O estilo de vida deles guarda semelhanças com o da civilização humana de milhares de anos atrás. O povoado isolado exigiu esforço dos cientistas, que tiveram de pegar vários voos e até uma canoa para chegar ao local. Tsimane caçam, pescam e cultivam alimentos ao longo do rio Maniqui, na Amazônia

Como é a dieta tsimane - e no que ela difere da nossa? - 17% da dieta dos tsimane é uma combinação de carnes de porco selvagem, anta e capivara; - 7% é composta de peixes frescos, como piranha e bagre; - O restante vem da agricultura, como arroz, milho, mandioca e banana da terra; - Eles também consomem grandes quantidades de frutas silvestres e nozes. Ou seja... - 72% das calorias diárias dos tsimane vêm de carboidratos, comparado a 52% nos Estados Unidos; - 14% vêm de gorduras, comparado com 34% nos Estados Unidos (eles também consomem muito menos gordura saturada); - Tanto os tsimane quanto os americanos consomem o mesmo porcentual de proteínas (14%), mas o povo indígena come mais carne magra.


Atividade física Os tsimane também são mais bem mais ativos - os homens dão 17 mil passos por dia, e as mulheres, 16 mil. Até os maiores de 60 anos têm um desempenho bem acima do recomendado: 15 mil. Quão saudável é o coração dos tsimane? Para chegar às conclusões, os cientistas observaram o nível de cálcio nas artérias dos tsimane - que indica o sinal de entupimento dos vasos sanguíneos e o risco de parada cardíaca. Eles examinaram o coração de 705 integrantes do povoado indígena por meio de tomografia computadorizada - e também receberam a ajuda de um grupo de pesquisa com experiência na análise de corpos mumificados. Aos 45 anos, quase nenhum tsimane tinha CAC nas suas artérias, comparado a 25% dos americanos. E quando atingiram a idade de 75 anos, dois terços dos tsimane não apresentavam nenhuma formação de cálcio no coração, comparado a 80% dos americanos. Os pesquisadores vêm estudando o povo há muito tempo. Dessa forma, eliminaram a possibilidade de que os resultados do estudo pudessem ter sido afetados pela morte precoce de alguns dos integrantes da comunidade. Um dos pesquisadores, Michael Gurven, professor de antropologia da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, disse à BBC que o nível de cálcio no coração dos tsimane "é muito menor do que em qualquer outra população do mundo para a qual existem dados". "As mulheres japonesas são as que chegam mais perto (dos tsimane), mas mesmo assim há um oceano de distância", acrescentou.

Os tsimane também fumam menos, mas contraem mais infecções, o que potencialmente aumenta o risco de problemas cardíacos por causa da inflamação no corpo. Os pesquisadores acreditam, contudo, que vermes intestinais - que atenuam as reações do sistema imunológico - podem ser mais comuns nos organismos dos integrantes do povo indígena, ajudando, assim, a proteger seus corações. O que os tsimane podem nos ensinar? "Diria que precisamos de uma abordagem mais holística em relação ao exercício físico do que simplesmente praticá-los no fim de semana", diz Gurven. Para Gregory Thomas, do centro médico Long Beach Memorial na Califórnia, que também participou do estudo, "para manter a nossa saúde em dia, devemos nos exercitar muito mais do que nos exercitamos".


palavras, ter uma dieta saudável pobre em gorduras saturadas e repleta de produtos não processados, não fumar e ser ativo ao longo da vida está associado a um risco menor de entupimento de vasos sanguíneos", conclui. As doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, são a maior causa de mortes no Brasil - são mais de 700 paradas cardíacas por dia e 300 mil mortes por ano (um terço do total geral). A alta freqüência do problema posiciona o Brasil entre os dez países com maior índice de mortes por doenças cardiovasculares.

"O mundo moderno está nos mantendo vivos, mas a urbanização e a especialização da força de trabalho podem ser novos fatores de risco (para o coração)", acrescentou o especialista. "Os tsimane também vivem em pequenas comunidades, socializam bastante e mantêm uma perspectiva otimista para a vida", completou. Reações Gavin Sandercock, professor de fisiologia clínica na Universidade de Essex, no Reino Unido, que não participou do estudo, elogiou as descobertas da pesquisa. "É uma excelente pesquisa com descobertas únicas", afirmou. "Os tsiname obtêm 72% de sua energia dos carboidratos. E o fato de eles terem os melhores indicadores de saúde cardiovascular já registrados vai de encontro à suposição de que os carboidratos não são saudáveis." Já o professor Naveed Sattar, da Universidade de Glasgow, disse se tratar de "um maravilhoso estudo da vida real que reafirma tudo o que entendemos sobre como prevenir doenças coronarianas". "Em outras

VOCÊ SÓ APRENDE A VIVER QUANDO SABE O QUE É MORRER. HISTÓRIAS DE QUEM VIVE COM O HIV DESDE OS ANOS 80 180211 http://bbc.in/2HfHA9q 'Você só aprende a viver quando sabe o que é morrer': as histórias de quem vive com HIV desde os anos 80 / Vinícius Lemos / De Cuiabá para a BBC Brasil / 11 fevereiro 2018 Uma sentença de morte. Desta forma, a servidora pública Leiry Maria Rodrigues, de 54 anos, classifica o resultado do exame que revelou que ela convivia com o vírus HIV em 11 de agosto de 1989,


aos 25 anos. Na época, não havia muitos esclarecimentos sobre o assunto e tampouco tratamento eficaz. Então, a expectativa de vida para aqueles que possuíam o vírus não passava de um ano. "O médico me disse que não havia nada a ser feito. Eu questionei: 'então vou esperar morrer?'. Ele disse que era 'mais ou menos isso'. Eu completei: 'a única prevenção que posso fazer é comprar um caixão e colocar atrás da porta?'. Novamente, ele me disse que era 'mais ou menos isso'", relata Rodrigues, que convive com o vírus há quase 30 anos.

relacionamento sério, deixamos de usar preservativo", revela. Desde a descoberta do vírus, ela nunca deixou de trabalhar, teve uma filha - que nasceu sem o vírus - e começou a cursar psicologia, curso no qual se formará neste ano. "Levo uma vida normal, apesar de tomar medicamentos e ter algumas poucas complicações em razão do HIV. Nunca pensei que fosse viver tanto tempo. Costumo dizer que sou uma sobrevivente." Entre 1980 e 1990, conforme o Ministério da Saúde, foram notificados 25.513 casos de Aids no Brasil, 80% deles em homens. As pessoas que sobreviveram ao vírus nos anos 80 viram amigos e parentes morrerem em decorrência de Aids - doença desenvolvida quando o sistema imunológico é afetado pelo vírus HIV. Elas carregavam consigo a certeza de que teriam o mesmo destino em poucos meses. Hoje, 30 anos depois, se consideram vitoriosos por estarem vivos.

Leiry Maria Rodrigues descobriu que convivia com HIV aos 25 anos, em 1989 (Foto: Emanoele Daiane) Com tratamento, expectativa de vida de infectados com HIV já está 'perto do normal', diz estudo Ela foi infectada por um namorado com quem ficou por dois anos. "Ele morreu, em decorrência da Aids, e o médico pediu que eu fizesse o exame. Sempre me cuidei, mas como era um

O infectologista Alexandre Naime Barbosa, membro do Comitê de HIV/Aids da Sociedade Brasileira de Infectologia, explica que muitos sobreviveram ao HIV em razão do modo como seus organismos reagiram ao vírus. "Todos nós somos programados, ao nascer, para termos respostas distintas, mais forte ou mais fracas, a diferentes doenças. Há pessoas que se infectam pelo vírus, mas o próprio sistema imune consegue controlá-lo e por isso têm a quantidade de vírus muito baixa. Elas podem passar a vida toda sem descobrir que são portadoras do HIV. Isso explica porque muita gente se infectou na década de 80 e está bem até hoje."


poucas opções de tratamento, as pessoas que eram infectadas pelo vírus costumavam ficar doentes com frequência. Com a fragilidade na saúde, as doenças oportunistas eram responsáveis por grande parte das mortes. De acordo com o Ministério da Saúde, assim como hoje, o perfil da epidemia de HIV/Aids no Brasil na década de 80 era composto majoritariamente por homens que faziam sexo com outros homens. Havia também um grande número de hemofílicos, infectados durante transfusões de sangue, além de usuários de drogas injetáveis. As mulheres passaram a representar uma parcela relevante entre os infectados apenas no início da década de 90. A terapia antirretroviral é uma combinação de três remédios ou mais para impedir a multiplicação do vírus HIV no corpo humano (Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY) "Porém, 90% das pessoas infectadas ficam doentes em um período de seis a oito anos, caso não se tratem. Há também aquelas que em menos de dois anos após adquirir o vírus já sofrem complicações", diz. Apesar de terem sobrevivido e levarem uma vida normal, aqueles que convivem com o HIV há quase três décadas carregam consigo mazelas em decorrência do vírus e das décadas de tratamento. Muitos se assustam com a aparente tranquilidade com a qual gerações mais novas têm lidado com o tema. "Certa vez, estava em um congresso e um médico falou que o HIV era igual à gripe. Mas não é verdade. A gripe é um probleminha, enquanto o HIV é um problemão, para a vida toda", relata o escritor Beto Volpe, que contraiu o vírus em 1989, aos 28 anos. Os anos 80 O HIV foi descoberto em 1981, ano em que foram descritos os primeiros casos em humanos. Até o início dos anos 90, em razão das

Os medicamentos antirretrovirais começaram a surgir ainda na década de 80, com o objetivo de impedir a multiplicação do vírus causador da Aids e evitar o enfraquecimento do sistema imunológico. Segundo o Ministério da Saúde, o primeiro medicamento foi o AZT, criado em 1987. No entanto, longe de representar uma solução, ele apenas garantia uma sobrevida de até dois anos ao paciente, já que não era capaz de bloquear completamente a ação do HIV no organismo. As dificuldades de tratamento eram conhecidas por Volpe, hoje com 56 anos, que já havia perdido amigos em decorrência do vírus. "Dos anos 70 ao início dos 80, eu não costumava usar camisinha, não era comum. Mas depois da descoberta do HIV, passei a usar. Cheguei a fazer um teste em maio de 1989, que deu negativo. Mas tive um envolvimento com outro rapaz, ele pediu para deixarmos de usar camisinha e acabei cedendo. Depois, ele descobriu que estava com o vírus. Eu também", narra.


Logo após a descoberta do vírus, Beto obteve licença médica no trabalho em um banco de São Paulo. "Isso era concedido imediatamente. Muita gente foi aposentada compulsoriamente por conta do HIV", diz. Em seu caso, a aposentadoria chegou no início dos anos 90. Ele conta que o resultado positivo para o HIV fez com que mudasse o modo como enxergava a vida. "Era uma morte anunciada. Então passei a curtir o hoje, porque poderia não haver amanhã. Acredito que viver com o vírus é como qualquer pessoa deveria viver, mesmo que não o tenha. É aproveitar as coisas como se não houvesse amanhã, se alimentar corretamente e fazer exercícios", diz. A sensação de não ter tempo e a necessidade de aproveitar a vida também surgiram na jornalista e escritora Valéria Polizzi, hoje com 46 anos, que descobriu ter HIV, em 1989, aos 18 anos. Ela deixou de fazer planos a longo prazo, pois acreditava que poderia morrer em poucos meses. "Era ano de vestibular, mas acabei indo para Nova York, para morar com uma tia. Depois voltei, fiz vestibular e passei para Letras. Mas ainda era muito forte a ideia de que iria morrer em pouco tempo. Eu pensava: 'não vai dar tempo'. Acabei largando o curso. Depois fiz teatro e, anos mais tarde, decidi cursar jornalismo." "Até hoje, tenho problemas em fazer planos a longo prazo. Se alguém me falar sobre algo no fim do ano, penso que o fim de 2018 não existe. Vamos ficar apenas com o primeiro semestre, por enquanto, que está ótimo", declara. Tratamentos A ausência de tratamentos trazia incerteza às pessoas que descobriam conviver com o HIV nos anos 80 e 90. O arquiteto e arteterapeuta José Hélio Costalunga, de 66 anos, que descobriu estar infectado com o HIV em 1988, se recorda dos obstáculos encontrados após receber o exame positivo. "O médico me disse que eu deveria esperar o incerto. Faziam acompanhamento da minha

imunologia e outros exames para ver como estava a minha situação. Era apenas isso." "Eu 'toquei o barco' e segui em frente. Preferi enfrentar a realidade da vida. Pensei: 'se tiver que morrer, morri. Se tiver que viver, vivi'. E assim fui vivendo", completa. O arquiteto foi infectado pelo HIV durante um namoro, aos 36 anos. O parceiro dele contraiu o vírus por volta de 1985 e somente foi descobrir cerca de três anos depois. "Ele começou a adoecer, emagrecer e descobriu que havia sido infectado. Em seguida, fiz o teste e deu positivo também." Além da incerteza sobre o vírus, Costalunga também teve de lidar com o estado terminal do parceiro. "Foi uma situação muito difícil, mas fiquei ao lado dele até o período em que faleceu", conta. Costalunga afirma ter levado uma vida normal, sem grandes complicações com o vírus, até o ano de 1995, quando teve a primeira doença oportunista. "Eu tive uma tuberculose ganglionar e precisei me tratar." Ele somente começou a tomar os medicamentos antirretrovirais no ano seguinte. "Meus clientes fizeram uma vaquinha e um deles, que estava indo passear em Nova York, comprou o coquetel. Foi assim que tomei a minha primeira dose", relata. O coquetel de medicamentos antirretrovirais - feito por meio da combinação de três drogas - foi desenvolvido em 1996. No mesmo ano, os remédios passaram a ser distribuídos gratuitamente no Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Desta forma, houve redução nos números de mortes em decorrência da Aids.

"Esses medicamentos mudaram o modo como o HIV era tratado, porque, pela primeira vez na história da medicina, pacientes ficaram com a carga viral indetectável no sangue, ou seja, zeraram a taxa de HIV. Assim, passaram a ter uma qualidade de vida muito boa e uma


expectativa de vida muito próxima ou igual à de pessoas sem o vírus", diz o infectologista Alexandre Naime.

Polizzi deixou de fazer planos a longo prazo, pois acreditava que poderia morrer em poucos meses (Foto: Arquivo Pessoal) 'Preferi enfrentar a realidade da vida. Pensei: 'se tiver que morrer, morri. Se tiver que viver, vivi', disse José Hélio Costalunga (BBC Brasil) Para a escritora Valéria Polizzi, os coquetéis foram fundamentais para conviver com o HIV. "Eu tive uma tuberculose em 94, quando estava nos Estados Unidos. Então, fiz tratamento com o AZT. Porém, o efeito dele era curto e meses depois tive de parar de tomar, porque não me ajudava mais. Somente em 97, quando comecei a tomar o coquetel, as coisas melhoraram e consegui me estabilizar", detalha. "Eu cheguei a parar de tomar um dos tipos de medicação do coquetel, porque passava mal o dia inteiro. Cheguei a falar ao meu pai: 'prefiro morrer a levar uma vida assim'. Mas isso varia de pessoa para pessoa. Depois, fui me adaptando aos medicamentos ao qual meu organismo reagiu melhor", acrescenta.

Envelhecimento precoce Uma das dificuldades destacadas por aqueles que convivem com o HIV há décadas é o envelhecimento precoce. Eles afirmam terem desenvolvidos doenças que são comuns a pessoas com idades mais avançadas que as suas. José Hélio Costalunga possui neuropatia periférica, que fez com que ele perdesse o equilíbrio. "Hoje em dia, passo o tempo inteiro tonto. Ando de bengala. Isso é para o resto da vida." "Essa perda de equilíbrio acontece com pessoas de 75 a 85 anos, mas comigo foi aos 65, em razão do envelhecimento precoce causado pelo HIV. Há muitos estudiosos que estão considerando que as pessoas com HIV se tornam idosas aos 50 anos", diz. Beto Volpe também revela ter tido algumas doenças precocemente. "Tive catarata aos 38 anos. Conheço gente que teve osteoporose aos 27.


Tenho várias mazelas como triglicérides, colesterol e glicemia alterados, desde a faixa dos 30 anos", pontua.

toxicidade óssea ou renal, dislipidemia - níveis elevados de gordura no sangue -, resistência à insulina ou doença cardiovascular."

Conforme o infectologista Alexandre Naime, o envelhecimento precoce é recorrente em alguns pacientes que vivem com HIV em razão de uma inflamação crônica causada pelo vírus. "É como se o indivíduo passasse por desafios imunológicos e respondesse com uma série de marcadores inflamatórios, que causam efeitos colaterais. Essa inflamação, com o passar dos anos, aumenta os riscos de doenças. Isso é muito mais intenso naqueles sem tratamento ou que não fazem o tratamento corretamente. Porém, também pode ocorrer, em menor quantidade, naqueles que tomam os medicamentos corretamente e possuem carga viral indetectável." "Entre esses problemas precoces estão acidente vascular cerebral, infarto, diabetes, hipertensão, fibrose, entre outros", acrescenta.

No entanto, a pasta afirma que os antirretrovirais adotados atualmente possuem menos efeitos considerados graves ou intoleráveis que os utilizados anos atrás. "Os benefícios da supressão viral e a melhora na função imunológica, como resultado da terapia antirretroviral, superam largamente os riscos associados aos efeitos adversos de alguns desses medicamentos."

Para José Hélio Costalunga, a medicina enfrenta um novo dilema relacionado ao HIV: como tratar os sobreviventes da epidemia dos anos 80. "O nosso problema agora é o envelhecimento precoce. Os remédios ativam isso ainda mais. O que cura, mata. Ele ajuda, mas também causa transtornos, como qualquer outra medicação", afirma. Os efeitos colaterais das drogas se acumulam. Leiry Rodrigues diz sofrer com a lipodistrofia - distribuição anormal de gordura - e lipoatrofia - perda de gordura em algumas áreas do corpo. Já Polizzi passou a sofrer de inflamação renal. Por meio de comunicado, em resposta à BBC Brasil, o Ministério da Saúde reconhece que há problemas decorrentes do longo período de utilização dos medicamentos. "Podem ocorrer algumas adversidades como

Remédios para controlar HIV começaram a ser distribuídos gratuitamente no Brasil em 1996 O preconceito e a banalização Além dos efeitos da doença e dos medicamentos sobre o corpo, os pacientes de HIV tem que lidar com um binômio de reações que os preocupa: o preconceito em relação à sua condição e a banalização


do vírus. "Os próprios médicos diziam que era melhor não contar pra ninguém, senão nossa vida acabava", conta Valéria Polizzi. Com Volpe, o preconceito se manifestou até mesmo no consultório médico, nos anos 90. "Quando cheguei, o médico não deixou que eu o cumprimentasse e me disse para ficar atrás de uma linha amarela. Ele havia feito uma faixa, a dois metros, para as pessoas com HIV que iam lá." Desde 2014, o Brasil possui Lei Antidiscriminação, em 2014, que tornou crime qualquer tipo de discriminação aos portadores do vírus da imunodeficiência e a doentes de Aids. Se os 30 anos na companhia da doença não reduziram o preconceito para quem vive com HIV, o avanço no tratamento e a diminuição do tamanho do tabu tem causado uma certa banalização da questão. A primeira geração de infectados assiste com preocupação ao descaso de alguns jovens em relação à prevenção: 52,5% dos casos atuais de HIV são diagnosticados na faixa etária entre 20 e 34 anos de idade. De acordo com o Ministério da Saúde, os jovens homossexuais figuram entre a parcela de pessoas em que houve os maiores aumentos de registros de Aids no Brasil. "Do ano de 2006 para o de 2016, a taxa de detecção de casos de AIDS por 100 mil habitantes quase triplicou entre os homens de 15 a 19 anos. Entre os de 20 a 24 anos, a taxa mais que duplicou", diz o órgão. "Hoje, o descaso é muito grande, por conta dessa banalização. Muita gente pensa 'tem terapia, então é só tomar que está tudo bem'. Mas as coisas não são assim tão simples", declara Rodrigues.

Um dos temores de José Hélio Costalunga, que atua em movimentos sociais em favor de pessoas com HIV, é que o Governo Federal deixe de entregar os medicamentos gratuitos. "No ano passado houve falta de medicação no Brasil. Muitos jovens pensam que está tudo lindo e maravilhoso, porque existe tratamento, mas as coisas não estão assim. Falta medicação e a gente não sabe o que vai ser daqui pra frente, ainda mais com as mudanças econômicas que estão acontecendo no Brasil", declara. O Ministério da Saúde, porém, nega que exista a possibilidade de falta de remédios contra o HIV no Brasil. A pasta justifica que dificuldades com logística na distribuição de medicamentos podem ter prejudicado algumas regiões. Expectativas para o futuro Para quem sobreviveu aos anos 80 com o HIV, todos os dias é classificado como uma nova oportunidade. Valéria Polizzi, que acreditava que não chegaria aos 19 anos, ainda se surpreende quando se lembra do momento em que descobriu o vírus. "A gente não ia sobreviver. Se alguém me falasse que eu chegaria aos 45 anos, não acreditaria. É duro chegar assim, tendo que tomar remédios todos os dias, com uma série de efeitos colaterais. É um pé no saco. Mas é o que a gente tem." Ela torce para que os estudos avancem e que as novas gerações tenham, cada vez mais, menos efeitos colaterais. José Hélio Costalunga afirma ter aprendido muito sobre a vida desde que descobriu o vírus. "Eu entendi, na real, o que um mestre dizia: 'você só vai aprender a viver quando souber o que é morrer'. A gente só entende a vida quando descobre o que é a morte. Passei a entender que o momento é agora, nem antes nem depois."


FICAR MUITO TEMPO SENTADO PODE MATAR 170915 http://bbc.in/2xcQ3Wb Ficar sentado por longos períodos pode aumentar risco de morte, mesmo para pessoas ativas / 15 setembro 2017 Cientistas americanos alertam que passar muito tempo sentado pode aumentar o risco de morte mesmo para pessoas que não são sedentárias. De acordo com um estudo publicado no início da semana pela revista especializada Annals of Internal Medicine, e que estudou quase 8 mil adultos, pessoas que passam muito tempo sentadas precisam se movimentar a cada 30 minutos para ajudar a evitar uma morte prematura. "As autoridades médicas falam para as pessoas se exercitarem e não passarem muito tempo sentadas, mas não dizem como. Sugerimos recomendações específicas como cinco minutos de caminhada rápida para cada 30 minutos consecutivos que se passa sentado", explica Keith Diaz, da Faculdade de Medicina da Universidade Columbia, em Nova York, principal autor do estudo. Diaz comandou uma equipe de profissionais de várias instituições acadêmicas americanas. Eles analisaram dados sobre diferenças geográficas e raciais na ocorrência de derrames nos Estados Unidos, em especial uma amostragem criada para tentar explicar porque negros tendem a sofrer mais episódios que brancos - um programa conhecido como Regards, levado a cabo pelo Instituto Nacional de Saúde do país. Durante quatro anos, os cientistas acompanharam

7.985 indivíduos brancos e negros, com idade a partir de 45 anos, que se voluntariaram para o Regards. Para medir o tempo de sedentarismo desses adultos, foram usados aparelhos para medir a aceleração dos indivíduos. Analisando os dados, os cientistas descobriram que, em média, o comportamento sedentário correspondia a 12,3 horas de 16 "acordadas". Estudos anteriores tinham registrado uma média de 9 a 10 horas, mas Diaz vê na diferença uma consequência do envelhecimento. "À medida que envelhecemos, nossas funções físicas e mentais diminuem de ritmo, o que nos faz ficar mais sedentários. Estudamos uma população começando na meia-idade. E também pode ser que, ao contrário de outros estudos, monitoramos ativamente o tempo de sedentarismo em vez de confiar em autoavaliações", especula Diaz. Os pesquisadores constataram que o risco de morte cresceu proporcionalmente ao tempo os participantes passavam sentados. E significativamente: segundo o pesquisador, aqueles que se sentavam mais de 13 horas por dia, por exemplo, tinham duas vezes mais chance de morrer que os que passavam menos de 11 horas na posição. Também foi constatado que a duração de cada período sentado faz diferença: pessoas que passaram períodos de menos de meia hora sentadas apresentaram risco 55% menor de morte do que pessoas que superavam essa marca. Os pesquisadores ressaltam que o estudo não teve como objetivo explicar como o comportamento sedentário afeta a saúde, mas sim analisar diferenças entre tempo total de sedentarismo e períodos ininterruptos de sedentarismo. "Médicos e pesquisadores estão cada vez mais convencidos de que ficar sentado por muito tempo é o novo tabagismo", diz Monika Safford, da Universidade de Cornell, e coautora do estudo.


MÉDICOS REATIVAM CONSCIÊNCIA DE PACIENTE EM COMA APÓS 15 ANOS 170926 https://bbc.in/2futCUo Como médicos conseguiram 'reativar' consciência de paciente após 15 anos de estado vegetativo / Michelle Roberts / BBC News / 26 setembro 2017 Um homem de 35 anos que estava em estado vegetativo havia 15 anos apresentou sinais de consciência e movimentou a cabeça e os olhos após receber um implante para estímulo elétrico do sistema nervoso. Um eletrodo foi inserido próximo à artéria carótida e um gerador de impulsos elétricos, implantado sob a clavícula do paciente. A cirurgia aconteceu em Lyon, na França. O homem, que entrou em coma depois de sofrer um acidente de carro, recebeu estímulos de 30 hertz, em ciclos de 30 segundos, seguidos de cinco minutos de descanso. Progressivamente, a intensidade foi sendo aumentada. Um mês depois, passou a responder a instruções simples, como seguir objetos com olhos. Especialistas dizem que os resultados são potencialmente animadores, mas que é preciso repetir o experimento. Estimuladores do nervo vago (ENV), que conecta o cérebro e diversos órgãos do tórax e do abdome, podem não funcionar com a mesma eficiência em diferentes padrões de lesão cerebral.

Um mês depois de receber um implante, paciente passou a responder a instruções simples | Foto: Corazzol et al Desafio Angela Sirigu, do Instituto das Ciências Cognitivas Marc Jeannerod, contou que, para testar a técnica, foi escolhido um paciente com um caso desafiador. O nervo vago controla funções automáticas ou subconscientes, incluindo alerta e vigília. Após um mês de estímulos, a mãe do paciente relatou que ele apresentou melhor capacidade em ficar acordado ao ouvir o terapeuta lendo um livro. E as varreduras cerebrais indicaram essa melhora, de acordo com o relatório publicado na revista científica Current Biology. O paciente também começou a responder a situações de "ameaça". Por exemplo: quando o médico aproximava a cabeça subitamente, ele reagia com surpresa, abrindo os olhos. "A plasticidade cerebral e o reparo do cérebro ainda são possíveis mesmo quando a esperança parece ter desaparecido", disse Sirigu, que é integrante da equipe responsável pelo estudo.


e adormecer em intervalos regulares e ter reflexos básicos; também pode controlar batimentos cardíacos e respirar sem assistência. - Uma pessoa em estado vegetativo não mostra respostas significativas, como seguir um objeto com os olhos ou responder a vozes; também não demonstra sinais de experimentar emoções. - Um estado vegetativo é considerado contínuo ou persistente é quando ocorre por mais de quatro semanas. - Um estado vegetativo permanente é definido com mais de seis meses se for causado por uma lesão cerebral não traumática ou com mais de 12 meses se for provocado por uma lesão cerebral traumática, como um golpe na cabeça. - Se uma pessoa está em estado vegetativo permanente, a recuperação é extremamente improvável, mas não é impossível. Tomografia que mostra a atividade cerebral do paciente antes (equerda) e depois (direita) do tratamento | Foto: Corazzol et al "Após o relato desse caso, devemos considerar testes em populações maiores de pacientes", completou. Segundo ela, o tratamento pode ser importante para pacientes que mantém minimamente um estado de consciência e pode oferecer mais caminhos para essas pessoas se comunicarem com o mundo exterior. Vladimir Litvak, especialista do Instituto de Neurologia da University College London, pede cautela. "Pode ser uma frente interessante, mas eu sugiro ser cauteloso sobre esses resultados até eles serem reproduzidos em mais pacientes", afirmou. "É difícil saber, com base em um único caso, como o tratamento vai funcionar na população geral de pacientes." Estado vegetativo - É chamado de estado vegetativo quando uma pessoa está acordada sem sinais de consciência; ela pode abrir os olhos, acordar

VOCÊ JÁ ATINGIU O AUGE DA VIDA? https://bbc.in/2GuIMW6 150605 Você já atingiu o auge da sua vida? David Robson / Da BBC Future / 5 junho 2015 Dizem que a vida começa aos 40. E que os 60 são os novos 50. Mas qual é a verdade? Qual é a melhor idade para se ter? Na tentativa de descobrir as resposta, a BBC Future vasculhou a literatura médica para analisar a fundo como vários aspectos do nosso corpo se modificam ao longo da vida – da memória à sexualidade. E ficamos positivamente surpresos com o que desvendamos. Forma física


Para atividades que exigem explosões de energia rápidas e repentinas – como correr os 100m rasos ou praticar arremesso de peso –, o melhor é estar na casa dos 20 anos, já que o declínio dessa capacidade vem logo depois disso. Jogadores de futebol podem chegar a esse ponto até antes. Já atletas mais velhos têm um desempenho melhor em modalidades de “ultra-resistência”, como corridas muito longas. Mesmo depois dos 30 ou 40 anos, a queda é suave e gradual. Sunny McKee, por exemplo, comemorou seu 61º aniversário competindo em seu primeiro Ironman, famosa prova de triatlo que combina uma maratona tradicional (42 km) com 4 quilômetros de natação e 180 quilômetros de ciclismo. A realidade mostra que muitos praticantes desse tipo de esporte se tornam tão “viciados” que permanecem ativos até seus 70 e tantos anos. Memória Após os 20 anos, nossa capacidade de incluir novas informações na memória entra em decadência. Aliás, é possível que a memória tenha começado a perder seu brilho até mesmo antes de terminarmos o ensino médio. Já nossa memória de trabalho (ou memória de curto prazo) – como, por exemplo, se lembrar de instruções para chegar a algum lugar – se mantém estável por mais tempo, mas cai gradualmente depois dos 40. Outra má notícia: é nessa idade também que deixamos para trás o auge da nossa criatividade. Prova disso é que a maioria dos ganhadores do prêmio Nobel fizeram suas descobertas por volta dos 40 anos. Além disso, a substância branca do cérebro, responsável pelas conexões de longa distância que formam as “supervias expressas” de informação, tende a começar a diminuir com a idade. Isso poderia fazer o cérebro funcionar mais lentamente, de maneira geral.

Conhecimentos Apesar da perda de memória, aprendizado e raciocínio social melhoram com o tempo. Mas há um lado positivo. Apesar de os fatos demorarem um pouco mais para serem assimilados, outras habilidades continuam se desenvolvendo – a compreensão escrita e a aritmética, por exemplo, melhoram até a chamada meia-idade. O raciocínio social – a capacidade de navegarmos através das complexidades de nossas amizades – atinge seu apogeu ainda mais tarde. Isso quer dizer que nossas habilidades mentais melhoram e decaem em ondas – uma passa, mas outra vem logo em seguida. “Não existe nenhuma idade em que estejamos no auge de tudo – nem na maior parte das coisas”, afirma Josh Harshorne, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que conduziu boa parte da pesquisa. Sexualidade Estudo mostra que 30% das pessoas saudáveis de 65 a 74 anos fazem sexo semanalmente. Se filmes e novelas servissem de parâmetro da realidade, pessoas de 20 a 30 e poucos anos viveriam uma orgia contínua. Mas a verdade é que nem o desejo sexual nem a atividade sexual despencam rapidamente até pelo menos os meados dos 50. E até nessa idade, o declínio está longe de ser vertiginoso. Segundo um estudo que examinou “a expectativa da vida sexual ativa”, homens com 55 anos hoje podem esperar 15 ou mais anos de sexo relativamente frequente, enquanto as mulheres dessa idade ainda têm pouco mais de uma década de relações sexuais frequentes pela frente. O ato sexual pode não ser vigoroso como já foi, mas de acordo com o estudo, 30% das pessoas saudáveis com idades entre 65 e 74 anos ainda fazem sexo pelo menos uma vez por semana. Além disso, a queda no desejo sexual


traz outras compensações. Quando a libido começa a cair, o prazer de viver aumenta. Isso pode ser um paradoxo, já que a saúde física gera tantas reclamações conforme envelhecemos. Mas isso pode ser parcialmente explicado pelo fato de uma pessoa finalmente ter aprendido a equilibrar suas emoções após o tumulto das décadas anteriores. Elixir da juventude? Sendo assim, o que podemos aprender com esses dados? A grosso modo, que o pico sexual ocorre aos 20 e poucos, o auge da forma física aos 30 e poucos, a mente aos 40 e 50 e a felicidade aos 60. Mas isso são apenas médias, e cada pessoa tem uma trajetória diferente. Por isso, o mais importante é reconhecer que a idade traz doses parecidas de altos e baixos. Ou seja, não existe um auge definitivo na vida. A boa notícia, no entanto, é que alguns dos aspectos negativos do envelhecimento podem ser evitados ao máximo. O exercício, principalmente, não só melhora a forma física e afasta doenças como a diabete e o câncer, como também reforça a memória. As pessoas saudáveis também costumam aproveitar até cinco anos a mais de atividade sexual na terceira idade do que quem sofre de alguma doença. Psicólogos também estão percebendo que a atitude mental também tem um papel importante. Por isso vemos pessoas que dizem se sentirem mais jovens do que realmente são – e uma perspectiva juvenil as torna mais ativas e mais longevas. Nada pode reverter o envelhecimento. Mas ao mapearmos o terreno e reconhecermos os altos e baixos da vida, podemos ao menos ter uma viagem mais prazerosa. É o mais perto que podemos chegar de um elixir da juventude.

UMA ILHA GREGA GUARDA O SEGREDO DA LONGA VIDA 180109 http://bbc.in/2qNUiYK

Marissa Tejada / BBC Travel / 9 janeiro 2018 Ioanna Proiou desliza os dedos enrugados pela lã azul pastel estirada sobre o seu tear. Cabelos brancos, presos de lado, e óculos de aros grossos, Ioanna trabalha no passo seguro de quem aperfeiçoou sua técnica por mais de 90 anos. Aos 105 anos de idade, ela faz bolsas e roupas para vender em sua lojinha no vilarejo de Christos, na região montanhosa de Raches na ilha grega de Icaria. Christos tem 300 habitantes e para chegar lá, é preciso fazer uma travessia de nove horas no mar Egeu a partir de Atenas. Manuseando a avalanca em compasso rítmico, o tear chacoalhando


ligeiramente, a tecelã diz que ainda é apaixonada por seu trabalho, mesmo após todos esses anos. "Faça uma coisa na vida que desperte sua paixão", ela recomenda. "Quando meu marido morreu, décadas atrás, eu continuei fazendo o que amo. Anos depois, um homem me pediu em casamento, mas eu recusei. Já sou casada com meu tear." Tranquilidade Não muito distante da lojinha de Proiou, a pracinha de Christos Raches é um lugar de tranquilidade. Os moradores bebericam café à sombra de pés de plátano e trocam um dedo de prosa do lado de fora das casas. O comércio abre e fecha as suas portas à conveniência do dono, sem horário fixo. Muitas lojas funcionam na base da confiança: os moradores levam o que querem e deixam o dinheiro no balcão. Icaria é uma das 'zonas azuis' que guardam o segredo da longevidade. É um cenário que poderia se aplicar a outras ilhas gregas, mas Icaria tem um diferencial: aqui, um terço da população da ilha ultrapassa os 90 anos de idade. Assim como a Sardenha (Itália), Nicoya (Costa Rica), Okinawa (Japão) e Loma Linda (Califórnia), Icaria forma parte das Zonas Azuis, locais no mundo onde as pessoas vivem por mais tempo e de forma mais saudável. As localidades foram identificadas pelo projeto Blue Zone (Zona Azul, em inglês), uma iniciativa do ex-explorador da National Geographic Dan Buettner - que desde então se converteu em autor de vários best-sellers sobre o tema. Segredo da vida longa Especialistas normalmente citam uma dieta saudável e uma vida ativa como as chaves da longevidade. Médicos e antropólogos

ligados ao projeto Blue Zone também ressaltam a importância de laços familiares e religião. Em Icaria, os indivíduos fazem um esforço para permanecer juntos de suas famílias e vizinhos. Os mais velhos desempenham um papel importante na comunidade. Avôs e avós costumam ajudar na criação dos netos ou tocar os negócios. Proiou, a tecelã, credita sua longevidade à paixão pelo tear. "Não queira mais do que realmente precisa", ela aconselha. "Ter inveja dos outros só traz estresse." Christodoulos Xenakis, um médico aposentado, tem outra teoria que explica como os moradores em Icaria fazem para evitar a ansiedade. Nós nos encontramos rapidamente logo que eu havia chegado na ilha e marcamos de nos encontrar novamente, com mais tempo. Mas não foi fácil achá-lo de novo. "Ninguém marca as coisas aqui", ele encolhe os ombros quando finalmente o vejo, alguns dias depois. O tempo é uma parte essencial de Icaria, mas não como outras pessoas imaginam. "É como dizer: 'até de manhã, de tarde ou de noite'", ele compara. "Não temos esse estresse." Os moradores locais preferem gastar seu tempo de forma prazerosa. Xenakis, um senhor de 81 anos - considerado jovem para os padrões da ilha - descreve animado o seu mais recente projeto: a organização de uma regata sênior, onde a idade mínima para os capitães dos barcos é 70 anos. Vinte equipes velejarão 14 milhas náuticas (cerca de 26km) da ilha vizinha de Samos a Icaria, ida e volta. "A regata não é exatamente uma corrida", ele esclarece, "mas é para mostrar que ainda podemos e somos capazes de fazer as coisas". "Sempre tem coisa para fazer com o seu tempo", ele ensina. "Mas quando você usa seu tempo para fazer as coisas que te deixam feliz ou que deixam outras pessoas felizes, como não se sentir melhor e mais saudável?"


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