MURAL 61

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“Floripa é linda, mas beleza não é tudo e não dá para ignorar o que está acontecendo. Basta ver a Lagoa da Conceição, com algas gigantes e cheirando mal, puro esgoto. Aí você olha e tem várias mansões na beira dessa Lagoa totalmente poluída. Não combina.”

valdir agostinho | Minha primeira exposição individual, só de pandorgas, foi na Casa da Cultura, uma loucura, com orquestra me levando pela rua, lotado de gente. revista mural | Você lembra que ano foi isso? valdir agostinho | Ah, de datas eu não lembro, mas tenho tudo cata-

logado em casa. Sou uma bagunça organizada, está tudo lá. revista mural | Você também compõe e canta. Como a música entrou na tua vida? valdir agostinho | Eu ainda estava na galeria do Beto quando comprei meu primeiro violão. Tinha uma paixão pelo instrumento desde que via meu pai e meu tio, Mané Agostinho, tocando. revista mural | E você já escrevia nessa época? Lembra qual foi

a primeira música que você escreveu? valdir agostinho | Xi, teve tanta música que ficou perdida no tempo,

que eu esqueci… deixa eu ver (pensa): tinha uma que falava de amizade (cantarolando) ‘Se você quer vir comigo, pode vir você é meu amigo’ (pensa). Ah, o resto eu esqueci (risos). Depois compus “Joaquina”, e o Beto Stodieck e o Peixoto endoidaram com a música, mesmo eu tocando tão mal. Eu era metido (risos). | Conta aquela história do sonho que você teve quando foi para Nova Iorque, um mês antes do atentado às Torres Gêmeas. Você sonhou com a tragédia? valdir agostinho | Eu tinha ido à Nova Iorque por um mês e me apaixonei pela cidade. Até adiei a volta pro Brasil para ficar mais uns quinze dias. Aí numa noite tive um pesadelo terrível, suei um monte, molhei a roupa toda. No sonho eu estava numa esquina e caía uma bomba em Nova Iorque, e eu me debatendo todo para tentar fugir. Tinha uma voz, a voz mais linda do mundo, que me dizia (engrossando a voz): “Meu filho, aqui não é como tu pensas. Vai acontecer uma tragédia muito triste.” Para mim era a voz de Deus. Chorei muito no aeroporto quando estava embarcando de volta, sem saber direito a razão. E olha que eu não choro por nada, nem quando morre alguém. revista mural

| Agora você está de banda nova, a Bernunça Elétrica, fazendo um show que foi super elogiado na Maratona Cultural. Qual a expectativa com esse novo trabalho? valdir agostinho | Eu nunca tive uma banda tão boa. Sério. Esse show foi um dos melhores que eu já fiz, tudo ensaiadinho. E nós estamos só começando, agora é que tá ficando bom. revista mural

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