MURAL 87

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MURAL REVISTA PRIMAVERA22 #87 Marcelo Collaço Paulo ARTE PARA TODOS Benetton CORAÇÃO HARLEYRO Catedral ANO 100 Costao do Santinho RUMO AO ESG

INSTITUTO ILHA. BEM ESTAR EM PRIMEIRO LUGAR.

Cuidar da saúde das pessoas é muito mais que diagnosticar e tratar, é acreditar que é possível aliar boa medicina com humanização.

• Gastroenterologia Clínica • Endoscopia Digestiva Alta

• Colonoscopia • Retossigmoidoscopia • Balão Intragástrico

• Cápsula Endoscópica • Teste de Hidrogênio Expirado

• Teste de Calprotectina Fecal • Teste Nível Sêrico de Infliximabe

• Tratamento para Doença de Crohn e para Colite Ulcerativa

Rua Menino Deus, 63 • Bloco A Sala 507 • Centro • Florianópolis • SC Z 48 3224.8808 • W 48 99176.9976 Dr. Luciano Saporiti Resposável técnico CRM/SC 7152 Gastroenterologia RQE 3892 Endoscoía digestiva RQE 4017

Com ânimo –e aparência –renovados!

Você está com a impressão de que a fe licidade está – de volta – no ar? Pois é... A Revista Mural avisa: não é só impressão! Ela está de volta, sim; e que bom! Também, depois de dois anos controladas pelas restrições impostas pela pandemia, as pessoas estavam ansiosas para encontrar, reencontrar, sorrir juntas e abraçar. Enfim, festejar!

Não por acaso, nesta última edição de 2022 trouxemos três “murais” da Mural, com registros das comemorações dos aniversários de amigas de longa data, parceiras que fazem parte de nossa trajetória: Fernanda Bornhausen, Rita Cruz Lima Dias e Kátia Menezes. Festas lindas, que promoveram reencontros especiais e muito esperados, com toda muita energia e vontade. Creiam: é o prenúncio de um Verão pra lá de especial, com o retorno de costumes que nunca deveriam ter desaparecido, e que voltam revigorados.

E claro, se as festas voltaram, a Mural tinha que trazer algo novo, e por isso brindamos você com um visual total mente reformulado. Fizemos isso pensando em literalmente “renovar energias” e, claro, agradar vocês.

Isso fica claro também com a nossa matéria de capa, que mostra o trabalho da artista catarinense Marina Costa, dona de pinceladas fortes e cheias de energia que traduzem suas emoções em detalhes. Marina desejou dar vida às suas bonecas fashionistas por meio de um trabalho em videoarte. O resultado? Confira no ensaio!

Falando um pouco mais sobre arte, Urbano Salles foi conhecer o “Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Edu cação”, inaugurado no final de julho em Coqueiros. Além da exposição de obras, o ICP conta com um espaço para receber crianças e jovens. Arte e educação caminhando juntas, como deve ser. Urbano perguntou: “E como não ficar feliz diante de tanta beleza?”. Leia a matéria, veja as fotos e tente não se encantar.

Venha entender o que é o ESG, e veja que o Costao do Santinho tem em seu DNA os conceitos que moldam a sigla que agora é referência para qualquer empresa que se pre ocupe com sustentabilidade, meio-ambiente e governança.

Carlos Damião assina o texto sobre os 100 anos da “nova” Catedral, matéria que fez o Marco Cezar subir a inclinada e perigosa escadaria que leva ao sino. Ah! E tem também uma matéria sobre a Praça Forte São Luís, que vai sair do papel e levar vida e beleza a um terreno localizado em uma das áreas mais valorizados da Capital.

Abrimos espaço também para o programa de compos tagem em pátios remunerados e descentralizados criado pela prefeitura de Floripa. Assim como muito do que é feito por aqui, essa iniciativa tem tudo para se transformar em exemplo.

Escada bicentenária da Catedral. A placa avisa: “Devagar, escada irregular, perigo de queda”

E neste ano nosso Peninha comemorou 73 anos – como sempre com festa e entre amigos. Guardião da cultura aço riana, ele mora na Enseada do Brito, e conversou com a gente sobre a vida, sobre a arte em nossa Ilha e contou o que gostaria de ganhar como presente. Consegue adivinhar?

E que tal conhecer a estreia de Luciano Martins no metaverso? André Seben apresenta os detalhes e a gente literalmente viaja na ideia.

Mas tem muito mais: batemos um papo longo com o fotógrafo ‘amador’ Milton Ostetto, que se apaixonou pela captura de imagens e nunca mais parou.

E quando a gente se despede do frio, o Dario Lins vem apresentando mistérios e beleza da Pedra Furada, que fica em evidência no inverno, mas merece ser vista o ano todo.

Aqui em Floripa e lá em Pomerode conversamos com o maior harleyro do mundo, Dauzelei Benetton – o Benetton, que tem nas veias uma mistura de 40% de gasolina, 40% de óleo e 20% de sangue. E conhecemos também o Manga Fredi, dono de um camping e um bar – muito maneiro – que nasceram para atender um grupo de amigos... mas hoje são os principais points do motociclismo e rock’n’roll da região de Pomerode.

Ainda de carona em uma Harley Davidson, encontramos o Mauro Mamute, um cara para lá de especial que viaja livremente, sobre duas rodas, levando o projeto “Motor plug – Estrada e Rock’n’roll” para todos os lugares onde puder cantar.

E, claro, além dos murais dos aniversários e da festa da edição passada – que aconteceu no Donna – você vai encontrar nossos colunistas – Laura Sacchetti, Mariana Barbato, Daniele Maia, Roberta Ruiz e Ana Abreu –, falando com a competência de sempre sobre assuntos muito atuais e interessantes, mas também com carinha nova.

Tem bastante o que ler, matar a saudade e curtir.

Boa leitura!

LAURA SACCHETTI EDITORIAL 6
foto

DIREÇÃO

MARCO CEZAR

EDITOR-CHEFE

MARCO CEZAR

JORNALISTA RESPONSÁVEL MARCOS HEISE (MTb-SC 0932 JP)

REPÓRTER ESPECIAL LU ZUÊ

PROJETO GRÁFICO MÁRCIO BUENO

PLANEJAMENTO GRÁFICO AYRTON CRUZ

COLABORARAM NESTA EDIÇÃO

ANA CAROLINA ABREU ANDRÉ SEBEN ANDREI MANUILOV CAIO CEZAR CARLOS BORTOLOTTI CARLOS DAMIÃO CIRO COUTO CLÁUDIO BRANDÃO DANIELE MAIA DARIO LINS

FREDERIC DUCOUT GABRIEL LOTT GUIDO CASSANELLI IKE GEVAERD JONE CEZAR ARAUJO KONSTANTIN CHALABOV LAURA SACCHETTI MANOLO YLLERA MARCO COLLETTA

MARIANA TREMEL BARBATO MONIQUE VANDRESEN MILTON OSTETTO PRAJWAL CHOUGULE ROBERTA RUIZ RUBÉN P. BESCÓS SOFIA LEAL

URBANO MAYA SALLES @MARINACOSTA.ART

@PHBONAT

IMPRESSÃO

Maxigráfica | Curitiba/PR

As opiniões expressas pelos colunistas são de inteira responsabilidade dos mesmos e não refletem, necessariamente, o posicionamento da Revista Mural

COSTAO
10
PORTAS
32
BICENTENÁRIO DA
E CENTENÁRIO DA RENOVAÇÃO DA CATEDRAL 40 ADOTE UMA PRAÇA ENFIM, A PRAÇA! 46 RESÍDUOS ORGÂNICOS FLORIPA LIXO ZERO 50 HOMENAGEM PENINHA FEZ 73 ANOS, E COMO SEMPRE, COM FESTA. ELE MERECE! 54 FOTOGRAFIA MILTON OSTETTO PAPO DE FOTOGRAFIA DESAFIO NIGHT MODE PHOTO 64 74 METAVERSO O PIONEIRISMO DIGITAL DE LUCIANO MARTINS 60 ECO TRILHAS E AÍ, JÁ VISITOU A PEDRA FURADA? 78 POMERODE EM DUAS RODAS UM BAR NA TRILHA DOS MOTOCICLISTAS VIKINGS GASOLINA, ÓLEO E SANGUE CORRENDO NAS VEIAS 82 5 muralmarcocezar.com.br 0 contato@muralmarcocezar.com.br 1 48 3225-1555 EXPEDIENTE 8
COSTAO DO SANTINHO
RUMO AO ESG
ARTE E EDUCAÇÃO
ABERTAS PARA A ARTE
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
INDEPENDÊNCIA
MURAL DO PONTO UM PONTO DE LUZ 110 NUTRIÇÃO O PODER DO VERDE COMEMORAÇÕES UM BRINDE AOS 70 ANOS DE KÁTIA MENEZES RITA CRUZ LIMA DIAS E SEU ANIVERSÁRIO “SECRETO” FERNANDA BORNHAUSEN 6.0 120 112 SAÚDE BUCAL RASPADOR LINGUAL 122 FISIOTERAPIA CUIDADOS COM SEU CORPO NO PUERPÉRIO 124 SAÚDE O QUE A DERMATOLOGIA PODE FAZER PELO SEU CABELO? 126 PELO MUNDO QUINTA DA COMPORTA 100 MOTO E ROCK CANTANDO (E VIVENDO) SOBRE DUAS RODAS 92 MURAL DA MORAL PARA MATAR A SAUDADE E LAVAR A ALMA NA FESTA NO DONNA 106 CAPA DESIREE YASMIN / MARINACOSTA PRODUÇÃO EXECUTIVA @AGENCYTWOC DIREÇÃO CRIATIVA @CLAMENEZES FOTOS @PHBONAT BELEZA @CAROLBARRAGANA STYLING @CLAMENEZES 20 ROTAS CÊNICAS MARLBOROUGH 96 ÍNDICE 9

COSTAO ESG rumo ao

ENQUANTO AVANÇA NO PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO EM ESG, O COSTAO DO SANTINHO MOSTRA QUE ESTE CONCEITO ESTÁ EM SEU DNA

textosLUZUÊ fotosCIROCOUTOeMARCOCEZAR

Há 30 anos, quando cons truiu o Costao do Santinho Resort, o empresário Fernando Marcondes de Mattos não enfrentou um dilema para escolher entre um negócio que alcançasse resultados financeiros ou um empreendimento diferen ciado, amparado em práticas sus tentáveis, ambientais e sociais. De forma intuitiva e comprometida, ele uniu as duas coisas.

Visionário, ele colocava em prá tica um conceito popularizado nos últimos anos e que se refere à ado ção de melhores práticas ambien tais, sociais e de governança (exa tamente o significado da sigla ESG em inglês: Enviromental, Social and Governance) que, aliás, vêm sendo consideradas também um critério para investimentos e concessão de crédito. ESG tem a ver com a capacidade de uma empresa para

interpretar de forma efetiva esses valores e integrá-los ao negócio, considerando sua importância na busca pelo lucro.

No Costao do Santinho, isso sempre ficou evidente, conforme ex plicam os dois copresidentes, Leo nardo Freitas e Cleiton Tabalipa. “Os cuidados com o meio ambiente são garantidos na cláusula pétrea des de a fundação do empreendimento, e quando chegamos aqui fizemos questão de respeitar e valorizar os costumes e os bens da comunidade, promovendo a educação ambiental e cuidando das famílias dos nos sos colaboradores”, explica Frei tas. “Preservar o ambiente em que estamos inseridos, contribuir com a comunidade, apostar na gestão profissional e em governança cor porativa são práticas que estão em nosso DNA”, acrescenta Tabalipa.

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Uma proposta que se transformou em resultados

Ao longo dessas três décadas , o resort vem contribuindo com o desenvolvimento do bairro onde se localiza, promove a constante ca pacitação e valorização de seus colaboradores, dá suporte aos familiares e à comunidade em geral e é referência em preservação ambiental e sustentabili dade. “Nossos compromissos maiores sempre foram e continuarão sendo com o capital humano e com a preservação do local maravilhoso em que o Costao do Santinho foi construído”, ressalta Fernando Mar condes de Mattos, fundador do empreendimento. Vale lembrar que o resort está instalado em uma área de um milhão de m², e deste total, 750 mil m²

abrigam vegetação nativa preservada, formando a Unidade de Conservação do Morro das Aranhas, uma das maiores Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) em área urbana do Brasil.

A unidade de conservação permite preservar e proteger a biodiversidade local, onde se destacam a presença de duas espécies raras, duas espécies endêmicas e 12 ameaçadas de extinção do bioma Mata Atlântica. Ali é possível encontrar 160 espécies de aves, 20 espécies de bromélias, 65 espécies de orquídeas, 70 espécies arbóreas, 40 espécies da flora bioativa (medicinais), 10 espécies de mamíferos e uma diversidade de anfíbios, répteis e insetos.

Prioridade: cuidado com o meio ambiente

O resort conta também com uma estação de tratamento de esgoto, que devolve a água tratada com 98% de eficiência para utilização na rega das plantas, e o excedente vai para o campo de golfe. E quanto aos resíduos, a reciclagem alcança percentual de 100%.

O melhor é que tudo isso acontece de forma coordenada e simultânea à consolidação do Cos tao do Santinho, considerado um dos principais empreendimentos hoteleiros de alto padrão do País, o que contribui com o fortalecimento do turismo catarinense nos mercados nacional e internacional.

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Da prática espontânea à certificação

É FÁCIL MANTER ESSE PADRÃO DE EFICIÊNCIA E GARANTIR OS RESULTADOS?

Certamente não é simples, mas se trata de uma filosofia de atua ção e de um trabalho resiliente e res ponsável, que exige sintonia e esfor ços de todos os setores da empresa, investimento em recursos humanos, capacitação de colaboradores, infra estrutura e inovações, buscando a excelência tanto nos cuidados com o entorno como um todo, quanto com a equipe e os clientes finais.

Para a comunidade do entorno do Costao do Santinho, moradores, hóspedes, visitantes e colaboradores, os efeitos da adoção de comporta mentos e iniciativas relacionadas ao ESG são uma realidade desde a fundação – veja os depoimentos! –, mas como empresa, o resort busca agora a certificação oficial das prá

ticas que vão ao encontro do que a sigla determina.

Coordenador ambiental do resort, Ciro Carlos Mello Couto explica que atualmente o termo ESG vem ganhan do cada vez mais visibilidade também graças a uma preocupação crescente dos mercados corporativo e financeiro acerca da sustentabilidade. Por isso, no lugar de analisar apenas questões e índices financeiros, por exemplo, muitos investidores dão atenção ao respeito que uma empresa dedica aos fatores ambientais, sociais e de governança. “Estamos chegando ao final de 2022, e em nossa agenda institucional, que vai até 2030, já comemoramos o alcance dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – os chamados 17 ODS, instituídos pela Organização das Na ções Unidas em 2012”, explica. Ele se refere a uma campanha em prol da sus tentabilidade criada junto ao setor pri vado pela Rede Brasil do Pacto Global, jornada da qual o Costao do Santinho já faz parte, caminhando, agora, em busca de mais esta certificação, que tanto quanto tendência de mercado se firma como uma necessidade.

O ESG NO COSTAO DO SANTINHO

ENa área ambiental prioriza iniciativas e ações que visem proteger os recursos naturais como a economia circular, logística para o gerenciamento de resíduos, uso de energia limpa, tratamento, redução e reúso de água, além de quantificar, reduzir e compensar emissões.

SNo âmbito social os programas são para a garantia da saúde e segurança dos colaboradores; para a comunidade de entorno e colônia de pescadores, redução das desigualdades envolvendo saúde, bem-estar, renda e demais iniciativas positivas.

GA governança corporativa demonstra o comprometimento político e práticas de controle que traduzam transparência, governança, lisura nos processos e condutas corporativas. Assim, o Costao atua contra a corrupção, o assédio e a discriminação.

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O Costao no coração

Musa da campanha de lançamento do Costao do Santinho há 30 anos, Cristina de Vincenzi acompanhou o nascimento do resort e sua evolução ao longo dos anos. Para ela, o lugar é “mágico”.

“Quando minha família comprou um aparta mento aqui, existiam apenas duas Vilas, e já era maravilhoso. Sempre houve uma preocupação com o bem-estar dos moradores, com a oferta de atividades variadas e que atendessem a dife rentes idades e gostos. Sempre amei vir para cá, fosse para passar a temporada ou mesmo para aproveitar o espaço durante um dia”, conta.

Apaixonada pela vida em contato com a na tureza, Cristina afirma que o resort sempre lhe proporcionou momentos mágicos, e vê hoje a filha, Helena, de 12 anos, agir da mesma forma. “Quando ela era pequenina encontrava sempre o que fazer. Foi crescendo, mudando os gostos, mas nunca ficou sem opções, porque o Costao sempre foi assim”, conta.

Cristina destaca não apenas as características naturais do lugar como fundamentais para atrair e satisfazer o público, mas também a forma como o resort foi administrado desde o início, proporcio nando um ambiente agradável e acolhedor, onde os colaboradores estão sempre “de bem com a vida. “Desde o início existiu a preocupação com a preservação ambiental e com os colaboradores. Alguns vêm de fora, e encontram o suporte dos alojamentos, a creche para os filhos, um ambiente de trabalho onde são respeitados... como a ener gia não seria boa?”, questiona.

O reflexo da forma de se conduzir o negócio se reflete na atenção dedicada aos hóspedes pelos colaboradores. “As trilhas que encontramos aqui são maravilhosas e os guias sempre dispostos, bem-humorados e informados. Eles falam da história do lugar, explicam sobre as inscrições rupestres, dão dicas sobre a Ilha. É lazer, esporte e conhecimento, que se estende às tradições da pesca artesanal, quando é possível acompanhar as redes sendo puxadas pelos pescadores locais, que têm apoio do resort para a atividade. Para mim, é uma benção poder desfrutar das maravilhas que o Costao do Santinho proporciona”, finaliza.

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“O LUGAR É ÚNICO, A PRAIA É MARAVILHOSA E O COSTAO ABRAÇA A NATUREZA , MAS TUDO ISSO SERIA UMA SIMPLES COMPENSAÇÃO SE A ‘VIBE’ QUE LÁ EXISTE FOSSE DIFERENTE”, afirma Cristina.

Família unida, feliz e bem cuidada

Qualquer colaborador gosta de ser respei tado em seu ambiente de trabalho. E quando esse res peito vem acompanhado de benefícios que se estendem à família e possibilidade de crescimento profissional, não há do que reclamar.

Que o diga Aline Martins Manrique, mãe do pequeno Gustavo, que tem 1 ano e 3 meses e desde os quatro está na creche do resort, que fica a poucos metros da entrada do empreendimento.

Trabalhando no Costao há oito anos, a chef da cozinha do restaurante infantil lembra que quando veio de São Paulo para fazer faculdade de Gastronomia e trabalhar, morou no alojamento do resort. “Isso me ajudou muito. Foi o suporte que eu precisava”, relembra.

Além de destacar o clima familiar que existe entre os colaboradores, Aline valoriza muito as condições de trabalho disponibilizadas pela administração do resort.

Mas é a creche que ganha elogios enfáticos de Aline (mães entenderão!). “Quem trabalha em hotelaria sabe que a dedicação é muito grande. Não consigo imaginar como seria se eu não soubesse que meu filho está perto e sendo muito bem tratado. E em que outro lugar eu encontraria uma creche que abre todos os dias – inclusive sábados, domingos e feriados – que me permitisse trabalhar no que gosto e despreocupada com o bem-estar dele? É uma paz, uma tranquilidade, e sem custo algum”, conta.

Foi no Costao do Santinho que Aline conheceu o também chef de cozinha Gabriel Felipe de Oliveira, com quem está casada há três anos. O pai do Gustavo também vivenciou a possibilidade de crescer profis sionalmente. Contratado inicialmente como auxiliar de cozinha, atualmente ele trabalha no restaurante central do resort. “Aqui você cresce, e costumo dizer que trabalhar no Costao do Santinho é um passaporte para qualquer emprego”, conclui.

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“AQUI TENHO AUTONOMIA PARA DESENVOLVER O MEU TRABALHO E RECEBO FEEDBACKS CONSTANTEMENTE, O QUE ME ESTIMULA MUITO. SER RECONHECIDA E VALORIZADA É FUNDAMENTAL PARA A REALIZAÇÃO PROFISSIONAL”, conta Aline.

Antonieta Dilma Jorge, 68 anos, nunca mo rou noutro lugar que não fosse o Santinho. Casada com o pescador Antônio Manoel Filho, 70 anos, ela conta nos dedos quantos familiares trabalham no resort. “A família inteira tem uma ligação muito especial com o Costao do Santinho, e por aqui não há quem não tenha ficado feliz com a chegada do resort”, conta.

A história do casal é toda ligada ao bairro. Foi ali que se conheceram, se casaram, tiveram os filhos e construíram uma vida tranquila. Amam o bairro, e expli cam com simplicidade e carinho o porquê da gratidão direcionada ao resort.

Antônio começou a trabalhar na pesca aos 16 anos. “Pescar é minha vida”, conta. Talvez seja esse o motivo de o pescador prezar tanto pelo respeito que o Costao do Santinho tem pela tradição da pesca artesanal. Na área do empreendimento existe um rancho que todos os anos é “assumido” pela Colônia de Pescadores durante a temporada da tainha. Toda a infraestrutura do Costao é disponibilizada para a realização da ativi dade, trazendo segurança para os pescadores. “Além de preservar essa nossa tradição, o Costao mostra para as pessoas como é um rancho, como acontece a pesca, os peixes sendo puxados para a areia. Para os hóspedes é uma oportunidade para observarem a movimentação das pessoas e canoas, e para nós, a manutenção de uma história de vida”, explica.

Antônio e Antonieta são pais de Fabiana Jorge, que trabalhou como secretária do casal Fernando e Iolanda Marcondes de Mattos por quase 20 anos. “Eu tinha 19 anos e nunca tinha trabalhado antes. Comecei no setor de Recursos Humanos e depois de um ano passei a trabalhar com eles. Foram anos de dedica ção e satisfação, e só não estou lá hoje porque meu marido montou um negócio e acabou precisando da minha ajuda”, conta.

Fabiana não tem dúvidas: o Costao do Santinho impactou e segue impactando positivamente não apenas a vida da família, mas de toda a comunidade.

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Respeito às tradições e integração com
“COM ELE VEIO MUITO DESENVOLVIMENTO E GERAÇÃO DE EMPREGOS, SEMPRE COM UM CUIDADO ESPECIAL COM NOSSO BAIRRO, COMEÇANDO PELAS COISAS SIMPLES COMO A PINTURA DOS POSTES E MANUTENÇÃO DAS CALÇADAS... A GENTE ACABA MAIS FELIZ POR MORAR EM UM LUGAR BEM CUIDADO, SABE?”, confessa Antonieta.
a comunidade
COSTAO DO SANTINHO 16 Conhecer para amar, respeitar e preservar “TÃO IMPORTANTE QUANTO AS BRINCADEIRAS E O CONTATO COM A NATUREZA É O ELEVADO NÍVEL DE CONHECIMENTO E EXPERIÊNCIAS QUE CADA VISITANTE LEVARÁ CONSIGO”, disse Junior Teixeira.

Para além da preserva- ção em si, por meio da proximi dade e convivência, os ambientes do Costao do Santinho promovem a conscientização do público – espe cialmente o infantil – sobre o tema. Além do programa de Educação Ambiental voltado à comunidade escolar, o acesso e familiarização dos pequenos hóspedes com a grande variedade da fauna animal que vive no resort é uma iniciativa notável. Na “Fazendinha”, é pos sível encontrar múltiplas espécies de aves, répteis e roedores, que convivem numa área cercada e com acesso disponível aos hóspedes. Galinhas garnisés, d’Angola, fai

sões, marrecos, pato mandarim, perus e pavões, entre outros, di videm espaço com porquinhos da índia, coelhos e tartarugas.

Uma música calma transmite tranquilidade e estimula a obser vação e o passeio pelos jardins onde são plantadas flores, ervas para chás e cultivadas mudas de árvores e folhagens.

Há cerca de quatro meses a ‘Fa zendinha” ganhou o reforço da “Fa zenda Quatro Patas”, onde vivem um casal de porcos bem calmos, um carneiro e uma ovelha carinho sos, um bode curioso e uma cabra que teima em subir no telhado, uma mini pônei (que até dezembro terá

seu filhote), os cavalos Timão e Pumba e a vaquinha Mimosa e sua pequena Nala, uma bezerrinha de dois meses que nasceu no Costao.

“A Fazenda Quatro Patas é resul tado de nossa disposição constante em oferecer espaços e oportunida des diferenciadas aos nossos hóspe des, sempre com a preocupação de estimular o contato com todo esse ambiente lindo e bem preservado. O encantamento é visível, principal mente das crianças, que ficam com os olhos brilhando ao ter um contato tão próximo com os animais, tanto aqui quanto na Fazendinha”, contou Junior Teixeira, gerente de Opera ções do Costao do Santinho.

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Integração total

Organizado pela administra ção do resort, o Encontro Anual dos Colaboradores é um momento de integração, troca de experiências e confraternização. Trata-se de um dia inteiro dedicado a palestras, ati vidades interativas e sorteio de brin

des para comemorar os resultados alcançados e receber incentivos para mais uma temporada.

Em agosto deste ano aconte ceu a 26a edição do Encontro, que segundo a chef do restaurante in fantil do Costao do Santinho, Aline

Martins Manrique, é ansiosamente esperado pelos colaboradores e re conhecido como fundamental para melhorar cada vez mais a comuni cação interna. “É uma oportunidade para conhecermos a projeção de quaisquer mudanças programadas para o próximo período. Além de nunca ficarmos ‘no escuro’, é ex celente para encontrar pessoas de todos os setores e estreitar laços, percebendo que existe um objetivo comum”, explica.

Neste ano o evento foi batizado como “Rumo ao topo”, e repetindo a tradição, foi aberto pelo fundador do resort, Dr. Fernando Marcondes de Mattos, e depois houve falas dos copresidentes Leonardo Freitas e Cleiton Tabalipa.

O encontro de colaboradores é um evento que nasceu a partir da preocupação em fazer o colabora dor se sentir parte do todo. A pro posta é acolher e integrar, informar e entreter.

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CAPA 20
IMAGINE
PINTURA
CAPA 21
UMA
ROMPENDO OS LIMITES DA TELA E CRIANDO VIDA...

textosLUZUÊ fotos@PHBONAT

Vida à Arte

Esse foi o desejo da ar tista criciumense Marina Costa quando começou a desenvolver um projeto de videoarte a partir de seus trabalhos. A ideia era que as bonecas fashionistas retrata das em acrílico sobre tela carre gassem para fora dos quadros as emoções que Marina expressou com pinceladas fortes, marcantes e coloridas. Deu muito trabalho,

mas o resultado é encantador e abriu caminho para divulgação em cobiçadas publicações in ternacionais: além de conquistar espaço na Vogue italiana – a partir do trabalho da fotógrafa Caroli na Bonatelli –, Marina teve seu trabalho apresentado em portais internacionais e foi capa da revista canadense ‘Vigour’, que trabalha com moda, beleza e arte.

CAPA
CAPA 22

Para viabilizar o projeto de videoar te, Marina buscou a produtora Clarissa Menezes, amiga de adolescência e pro fissional reconhecida no ambiente de moda, que assina a produção executiva e direção criativa do trabalho. “Foi emo cionante! Nos conhecemos muito bem, Marina confia na minha experiência e juntas conseguimos encontrar o cami nho ideal para realizar o que projeta mos”, explica Clarissa.

Para produzir o material, Clarissa reu niu a prática profissional e seu networking, mobilizando uma equipe de 12 modelos, fotógrafa, videomaker, cabeleireiro, ma quiadora e auxiliares. “Na verdade, era um time, formado por profissionais de ponta, que atuam no mercado e sabiam que a intenção principal não era comercial”, acrescenta a produtora, destacando que todos abraçaram o projeto como forma de valorizar a expressão da arte. “Preci samos muito disso no Brasil”, justifica.

A captação das imagens levou um dia inteiro e não foi simples. A locação escolhida foi a Toca da Nega, no Pânta no do Sul. As modelos foram de barco e as telas de caminhão (que segundo lembrou Clarissa, quebrou no meio do caminho), e a equipe teve que trabalhar com toda a imprevisibilidade que uma locação ao ar livre envolve. Isso aconte ceu em 2021 e o trabalho foi concluído agora, na metade de 2022. Mas, segun do Clarissa, não existia pressa. “O que queríamos é que ficasse exatamente como o desejado”, avalia.

E ficou! “Há nas fotos telas das bo necas e modelos com figurino igual, como se a boneca da tela estivesse ganhando vida. E posteriormente elas se misturam com tinta acrílica criando um vídeo expressionista, emocional, e bastante original”, descreve Marina. Clarissa destaca que o trabalho envol veu uma produção “insana”, mas que tudo valeu muito a pena. “O resultado ficou incrível, porque nada foi enges sado. Usamos um drone na captação das imagens e isso mostrou todo o en volvimento com o ambiente”, explica.

É ver, amar e curtir muito!

CAPA 23

Expressão e equilíbrio

Nascida em Criciúma , no sul do Estado, Marina Costa procurou realização em três facul dades (Publicidade, Administração e Medicina), mas no lugar de satis fação pessoal acabou tendo que enfrentar ansiedade, angústia e medos. O diagnóstico de trans torno bipolar motivou internações e o início do que seria um longo tratamento, com diferentes tera pias. Uma delas foi a pintura. “Foi um período muito difícil da minha vida, em que me encontrei perdida e com meus pensamentos muito bagunçados. Comecei a pintar e isso ajudou a organizar minhas emoções e alcançar tranquilidade.

Foi uma experiência salvadora”, confidencia.

Estimulada pela família e pessoas próximas, Marina foi atrás de cursos de desenho e pintura, e mergulhou fundo no que começou como uma forma de tratamento e acabou se transformando em paixão e profissão.

Em janeiro de 2017, Marina in gressou na faculdade de Belas Ar tes, mas acabou interrompendo a graduação por problemas de saúde. Mas por lá Marina conheceu o ar tista Francisco Rosa, que acabou se transformando em professor e curador de seu trabalho, guiando a artista por um processo de muito crescimento e descobertas. Em uma

entrevista dada em 2018, quando falava sobre o trabalho de Marina, Rosa classificou a pintura da cata rinense como expressionista. “Inde pendentemente do tema, a pintura da Marina vai ter essa pegada mais larga, essa impressão de atacar a tela. Os traços largos revelam jus tamente este gestual tão forte no processo criativo dela”, explicou.

E essa é realmente a “pega da” de Marina, que experimentou outros estilos e até flertou com a escultura, mas se encontra mesmo na força do expressionismo. “Minha arte sempre teve uma ligação direta com a moda. Já passei pela arte contemporânea e pop art, mas meu

CAPA 24

AO BUSCAR EQUILÍBRIO EMOCIONAL , A ARTISTA MARINA COSTA ENCONTROU

NA PINTURA O CAMINHO QUE REALMENTE GOSTARIA DE SEGUIR

forte são as bonecas expressionistas, com o perfil mais fashion: olhos, bocas e rostos marcantes, que vêm a par tir de pinceladas coloridas e fortes e de muita emoção. Me realizo no meu mundo”, afirma.

Marina descobriu na pintura uma forma de entender e trabalhar sua an siedade, angústias e medos, de cuidar da saúde e da realização pessoal. Tal vez esteja aí o motivo maior de querer dar vida às suas bonecas, deixando evidente o quão amplo é o alcance da arte. “A arte é um ponto de emoção no meio do caos que estamos viven do, e abre portas para fugirmos dos processos mecânicos”, finaliza.

CAPA 25
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CAPA 27
@marinacosta.art Produção executiva @agencytwoc Direção criativa: @clamenezes Styling: @clamenezes Fotografia: @phbonat Beleza: @carolbarragana Assistência: @layrezendemakeup Fashion vídeo: @barkerick Modelos: @biacostafi @luaklauss @lianabanhuk @kalinkasonntag @maridski @im_amandarosa @anaclrcoelho @biacostafi @fuchsdesi @kero.cafe @geocandiido @bdbrunaa_ Agência: @megamodelsul @gasmodels_floripa @fordmodelssc @aro_mm Texto: @clarissaantunes A equipe envolvida CAPA 28
Jay Bistro Jurerê Avenida dos Búzios . 1136 Jurerê Internacional ter a sáb Reservas: (48) 3364-5997 / 9 8803-6945 Jay Bistro Miramar Rua Altamiro Guimarães . 20 Centro seg a sáb Reservas: (48) 3054-1234 jaybistro@hotmail.com . @jay.bistro . www.jaybistro.com.br

Portas abertas para aarte

ARTE E EDUCAÇÃO 32 INSTITUTO COLLAÇO PAULO É INAUGURADO COM UMA EXPOSIÇÃO DE OBRAS DO PERÍODO 1850-1930 E ANUNCIA MARTINHO DE HARO, ELKE HERING E RODRIGO DE HARO PARA 2023
textos URBANO MAYA SALLES fotos MARCO CEZAR

Pela primeira vez na his tória de Florianópolis um colecio nador de arte decidiu investir seus próprios recursos na implantação de um espaço, sem fins lucrativos, para expor e democratizar o acesso ao seu vasto acervo, além de cum prir uma função educativa.

O responsável por esse mar co na arte catarinense é Marcelo Collaço Paulo, 66 anos, médico on cologista e colecionador há mais de quatro décadas. O “Instituto Collaço Paulo – Centro de Arte e Educação” foi inaugurado num imó vel da família à beira mar na Praia do Meio, em Coqueiros, no fim de julho, e desde então tem recebido um número expressivo de visitan tes todas as tardes, de segunda a sábado, com entrada gratuita.

É a realização de um antigo sonho de Marcelo compartilhado pela esposa, Jeanine, sua parceira de vida e também colecionadora.

O desejo havia sido revelado em primeira mão à Revista Mural em 2017, quando o casal apresentou no Museu de Arte de Santa Catari na (MASC) sua primeira exposição, “Sensos Sentidos”, com 117 obras selecionadas, num evento saudado pelo público em geral e estudiosos

de arte como um dos mais impor tantes dos últimos tempos em San ta Catarina.

Desde o ano anterior, porém, Marcelo já havia começado a reve lar sua coleção – ainda timidamente – ao emprestar obras para mostras no Museu de Arte Moderna (MAM) e na Pinacoteca de São Paulo, em São Paulo, entre outros.

E aí veio a pandemia. Marcelo manteve rígido isolamento social, dando suas consultas por vídeo. A situação começou a mudar no início de 2022, quando ele voltou a aten der presencialmente seus pacientes e decidiu que havia chegado a hora de tirar seu projeto do papel.

A implantação do ICP evoluiu distante da curiosidade da impren sa. Quase um segredo. Quando a fundação do Instituto foi oficialmente divulgada, a sede já estava pronta e a equipe técnica formada. Como cura dora-chefe, Marcelo escolheu a dou tora em arte Francine Goudel. É dela a assinatura da primeira exposição da casa, “Mais Humano: Arte no Brasil de 1850-1930”, em cartaz até 21 de janeiro de 2023. Foi Goudel quem deu nome aos ambientes e escre veu os respectivos textos curatoriais. Também estão na equipe nomes como os da professora Joana Ama rante, da museóloga Cristina Dalla Nora e da jornalista Néri Pedroso.

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Joana Amarante e Francine Godel

“Jovem Médico” (1881), óleo sobre tela (150x87 cm) do pintor catarinense Victor Meirelles. Além da beleza e relevância da obra, o quadro remete à profissão do fundador do ICP, o médico Marcelo Collaço Paulo

Marcelo desenha o cenário que sente agora com as portas abertas: “A pandemia gerou uma necessida de de libertação. Os visitantes estão chegando aqui felizes, depois de muito tempo trancados em casa”.

E como não ficar feliz diante de tanta beleza? O passeio percorre um “roteiro” criado por Goudel. Além do hall, são cinco núcleos, cada um com paredes pintadas de uma cor que se harmoniza com as dos quadros – 77, no total, mais duas esculturas – de 34 artistas brasileiros e estrangeiros radicados ou com produção no País, de di ferentes escolas do período, como o impressionismo e o simbolismo.

“Flor de Manacá” (1922), óleo sobre tela (124x99 cm) de Georgina de Albuquerque. Pioneira num mundo dominado pelos homens, a pintora tem quatro obras na exposição e, em função do contexto histórico em que viveu, é a única mulher entre os 34 artistas selecionados para a temporada de abertura do Instituto Collaço Paulo

Um deleite visual raro, para ser degustado com calma, especial mente se guiado por Marcelo, que durante o tour vai informando em detalhes o contexto histórico e con ta fatos relevantes e curiosidades dos artistas e suas obras. “Eu busco significados nos elementos de uma tela. O público, porém, pode ter um olhar diferente. A beleza da arte é justamente buscar interpretações.”

Na entrada, ponto onde começa e termina a caminhada pela expo sição, o primeiro deslumbramento: a tela “A Menina Pintora” (1883),

“Menina Pintora” (1883), óleo sobre tela (52x42cm) de Pedro Américo. A tela retrata Carlotinha, filha do artista, e simboliza uma homenagem à arte. É, pela ordem definida pela curadoria, o primeiro quadro da exposição, recebendo os visitantes no hall de entrada do ICP

do pintor clássico Pedro Américo. Segundo Marcelo, a garota retrata da era a filha do pintor, Carlotinha.

“A opção por essa obra no início da exposição é uma homenagem à pintura”, explica. Também é de Américo outro retrato de Carlotinha, “A Menina Espanhola” (1881), um dos seis quadros que o artista ex pôs no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, em 1884. Cinco ficaram no acervo permanen te do museu e apenas esse ficou com a família porque retratava a filha. Só mais recentemente foi vendido. É um quadro com carac terística museológica.

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“Vista

Florianópolis” (1914),

é uma

Pedro Américo morreu na Itá lia. É o único artista brasileiro nas paredes do palácio em Florença que abriga a Galleria degli Uffizi, ao lado de gênios da pintura como Caravaggio e Botticelli.

Entrando à direita, o visitante inicia a circulação pelos cinco ei xos de exploração concebidos por Goudel: “Personas & Personagens” (retrato), “Alegorias do Sensível –Nueza e Nudez” (nu), “Costumário” (cenas de costume), “Ainda-Vive” (natureza morta) e “Demorar no Horizonte” (paisagem).

Além de Américo, o Instituto re serva outras maravilhas da pintura clássica do século XIX, quando grandes artistas foram colocados de escanteio pelo modernismo e pelos movimentos políticos da épo ca, que associavam o classicismo com a “velha monarquia” que viria a ser derrubada nos anos 1880.

É o caso do catarinense Victor Meirelles. Marcelo relata: “Ele mor reu pobre e abandonado porque tinha sido bolsista da monarquia. Havia se tornado alguém do pas sado, ninguém queria saber das suas obras. Por causa da política, muitos artistas de grande qualidade acabaram sendo sacrificados, mas agora, com a releitura da pintura nacional, estão novamente tendo ressonância”.

Célebre autor de telas, como “A Primeira Missa no Brasil”, Meirelles é o artista com maior número de tra balhos na exposição. No total, 15. São dele 12 aquarelas pintadas na Itália nos anos 1860 com estudos de trajes de diferentes épocas. Graças à técnica apurada do artista, é possí vel identificar até o veludo, a seda e outros tecidos presentes nas roupas. Também de Meirelles são a tela “Jo vem Médico”, selecionada pela rele vância e pela relação com a profissão de Collaço Paulo, uma surpreendente natureza morta e um estudo para a “Batalha de Guararapes”. Paisagens da antiga Dester ro estão presentes em três telas; uma do autodidata Eduardo Dias em 1914, mostrando a cidade do

“Passarinheiro” (1893), óleo sobre tela (33x24cm) do artista teuto-brasileiro Pedro Weingärtner. A pintura mostra um detalhe do antigo Rio da Bulha (hoje coberto pela Avenida Hercílio Luz), um ano antes de a cidade ter seu nome trocado para Florianópolis

ponto de vista do Hospital de Ca ridade, outra pintada pelo alemão Joseph Bruggemann por volta de 1860 e também no óleo sobre ma deira de Pedro Weingärtner (1893) que retrata lavadeiras no antigo Rio da Bulha, hoje, coberto, no trajeto da Avenida Hercílio Luz. “É pos sível observar um menino com as roupas largas. Isso era quase que regra na época entre a população mais pobre: os filhos mais novos dependiam das roupas dos mais velhos, mesmo que elas não ficas sem do tamanho certo”.

Weingärtner pintou o quadro numa parada na Desterro quando estava voltando de uma exposição no Rio de Janeiro para o Rio Grande do Sul, seu estado natal.

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de óleo sobre tela (60x87cm), do catarinense Eduardo Dias. A tela das expostas no ICP que exibem paisagens de Nossa Senhora do Desterro e da Florianópolis antiga

A visita

Dessa viagem surgiu outro importante qua dro em exposição até janeiro no ICP, “Os Revolucionários”. Sobre ele, Marcelo con ta: “O artista queria voltar a Porto Alegre. Contratou um guia, pegou um cavalo e foi descendo para o Rio Grande do Sul. Quan do chegou em Nova Veneza, encontrou os maragatos da Revolução Federalista. É um quadro histórico, e é a única pintura exis tente dos maragatos. Weingärtner teve que negociar com eles porque queriam degolar o guia acusando-o de espionagem”.

Após visitar os núcleos, a viagem pela exposição termina no hall com a visão da notável tela “A Visita”, de Eliseu Visconti. Ela retrata a filha do artista chegando na casa de Teresópolis e abraçando sua esposa. Visconti é considerado o maior impressionista brasi leiro. Mais um nome de primeira grandeza, para fechar o passeio.

A exposição recebeu logo nos primeiros dias muitas visitas ilustres, como a do artista catarinense radicado em São Paulo, Walmor Corrêa. Ele veio conhecer o novo espaço e aproveitou para convidar o colecionador a visitar a retrospectiva de sua obra que esteve em cartaz até 18 de setembro no MASC.

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“Nu Feminino” (1910), óleo sobre tela (80,5x100cm) de Arthur Timótheo da Silva. A obra integra o núcleo “Alegorias do Sensível – Nueza e Nudez”. Arthur foi um importante pintor negro brasileiro, vencedor do mais cobiçado prêmio da época: uma viagem de estudos à Europa “Raios de Sol” (1935), óleo sobre tela (80x65cm) de Eliseu Visconti, considerado o mais importante impressionista brasileiro. A paleta de cores do quadro inspirou os elementos de comunicação visual do Instituto, com ênfase no azul. A tela retrata os jardins da casa do artista em Teresópolis “Ao Sol” (1886), óleo sobre tela (117x278cm) de Henrique Bernardelli. Nascido no Chile, o artista veio morar com a família no Rio Grande do Sul nos anos 1860. Ele foi professor na Escola Nacional de Belas Artes. O quadro foi pintado em Capri, quando Bernardelli estudava na Itália

Arte e educação

O ICP tem dois pisos. No térreo, ficam as obras de arte em exposição e toda a seção administrativa, onde, longe da visão dos visitantes do dia a dia, há trabalhos de pintores catarinenses já falecidos, como Eli Heil, Luiz Henrique Schwanke e Meyer Filho. Na sala de reu niões, os móveis, nobres, são de jacarandá da Bahia. Embaixo, foi montado um espaço multicolorido para receber turmas, principalmente de crianças e jovens estudantes de colégios públicos e privados que agendem visitas. A dinâmica é assim: depois de conhecer a exposição conduzido por um mediador, o grupo visitante desce e encontra, no chamado “ateliê imersivo”, papéis, pincéis, tintas e até um banheiro projetado para os pequenos lavarem com facilidade as mãos. As visitas terão duração de 90 minutos, 45 deles reservados para o percurso expositivo e a outra metade do tempo para as atividades no andar inferior.

Com o objetivo de promover o conhecimento das artes visuais, Marcelo faz um convite: “Estamos aber tos para parcerias que contribuam com nossas ações educativas. Minha grande expectativa é ver as crianças chegando”.

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“Anticoli” (1899), óleo sobre tela (41x90cm) de Pedro Weingärtner. Exibe uma cena campestre em Anticoli Corrado, nos arredores de Roma. O pintor gostava da luz da região, e usava com frequência o local como cenário de suas pinturas. Este quadro foi pintado em Roma. Weingärtner estudou na Alemanha e na Itália “A Visita” (1927), óleo sobre tela (115x89cm) de Eliseu Visconti. Retrata a filha do artista, Yvone, visitando a mãe na Serra Fluminense. A tela é a última na sequência criada pela curadoria para a exploração dos núcleos da exposição

Instituto Collaço Paulo

Rua Desembargador Pedro Silva, no 2568 – Coqueiros

Telefone (48) 3025-4058

@institutocollacopaulo

O que vem por aí

A exposição “Mais Humano” é a primeira de muitas que virão daqui para frente no novo espaço em Co queiros. Após seu término, todos os quadros agora exibidos voltarão aos locais, não revelados, onde Marcelo guarda seu precioso acervo.

Parte da coleção está nas pare des da residência do colecionador, no Centro de Florianópolis. “Durante décadas, as pessoas que iam no meu apartamento adoravam o que viam. Essa é a sensação que temos aqui no Instituto. Na realidade, é quase como se eu estivesse trazendo minha cole ção de casa e convidando a compar tilharem essa alegria comigo.”

A agenda do ICP para 2023 já está definida, e será inteiramente dedicada à arte catarinense. Pela ordem, acontecerão três exposi ções: Martinho de Haro, Elke Hering e Rodrigo de Haro.

Marcelo conviveu desde jovem com Martinho e foi um dos ami gos mais fiéis de Rodrigo até sua morte, em julho do ano passado. Ele ressalta que Martinho era um gênio, que no fim dos anos 1930 foi estudar na França, escolhido por um júri de notáveis, e precisou antecipar sua volta para o Brasil

por causa da eclosão da Segunda Guerra Mundial.

Depois de Martinho, o ICP será ocupado pela obra da blumenauen se Elke Hering, morta em 1994. No total, serão cerca de 100 trabalhos, entre esculturas em bronze e cristal, e desenhos. “Fui comprando pen sando num dia fazer uma exposição. A Elke era uma artista excepcional, de vanguarda. Era uma pioneira que ocupou espaço e enfrentou o ma chismo, uma mulher que nos anos 1950/1960 estudou em Berlim e Munique”, elogia Marcelo.

Elke, aliás, era mãe da também artista Rafaela Hering Bell, aponta da pelo colecionador como uma de suas colaboradoras ao lado de Hele na Fretta, Bernardo Boiteux, Myrine Vlavianos e outros parceiros impor tantes. “Eles me ajudam muito para conseguir obras para o meu acervo.” Marcelo também adquire peças oferecidas por marchands de outros estados e, com frequência, em leilões de arte. Muitas obras vêm de espó lios familiares ou de comerciantes que vendem uma parte do que têm e guardam outra. Segundo o colecio nador, muitas vezes as negociações duram um longo tempo: “Tenho um

quadro de Arthur Timótheo que levei quase cinco anos para conseguir”. Depois de Elke, 2023 reservará ainda a primeira grande exposição de Rodrigo de Haro, filho de Martinho, após sua morte. “Costumo dizer que sua obra e seus enigmas serão es tudados pelos próximos 200 anos!”, prevê. Junto com a exposição, será lançado um livro no qual o profes sor da UFSC, Raul Antelo, escreveu sobre cada um dos mais de 20 de senhos indicados para o estudo por Marcelo. “Ele é um ensaísta maravi lhoso, de padrão internacional. Nos textos, encarou com brilhantismo o desafio, complexo, de buscar decifrar a mente de Rodrigo.”

Marcelo faz uma reflexão quando fala das perspectivas futuras do seu Instituto. “A pandemia fez todos nós pensarmos na finitude. Como todo colecionador, sou também um pre servacionista e gostaria muito que minha família levasse esse nosso so nho adiante para que ele tenha uma vida longa. Minha esposa já é minha principal parceira. Agora, estou muito feliz vendo meus filhos já conectados com nosso projeto. A arte tem um poder transformador e libertador, e isso é o mais importante de tudo.”

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Bicentenário da Independência e centenário da renovação da Catedral

Gravura de Vicente Prieto (1845). Acervo Paschoal e Huth Grieco. Imagem cedida por Gilberto Gerlach
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PRINCIPAL TEMPLO CATÓLICO DE FLORIANÓPOLIS FOI “MODERNIZADO” EM 1922

A Catedral Metropolitana de Florianópolis completou 100 anos de “modernização” no dia 7 de setembro de 2022.

O processo de transformação da antiga Igreja Matriz de Desterro começou em meados da década de 1910, para culminar com seu novo formato arquitetônico em 7 de setembro de 1922, como parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil.

A transformação física foi radical e preservou ape nas dois aspectos da igreja original, construída entre 1753 e 1763, conforme projeto do brigadeiro Silva Paes – então presidente (governador) da província de Santa Catarina.

Ainda no século 18 e, depois, no século 19, a igreja ganhou novos elementos arquitetônicos, que não re presentaram alterações significativas em seu formato.

textos CARLOS DAMIÃO fotos MARCO CEZAR e REPRODUÇÕES
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Comemoração

Para assinalar o centenário, na data a Arquidiocese de Florianópolis programou uma Missa pontifical de dedicação do altar a Santa Catarina de Alexandria, copadroeira da Catedral, e na mesma cerimônia, a bênção do templo centenário.

Além disso, uma sessão solene com entrega de troféus aos amigos da Catedral no Lira Tênis Clu be, e na sequência, um jantar de confraternização no mesmo local.

CRONOLOGIA

1673

Data de fundação de Desterro, pelo ban deirante paulista Francisco Dias Velho. O marco da fundação do povoado foi a construção da capela dedicada a Nossa Senhora do Desterro.

1908

1712

1726

Em 5 de março foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Desterro. Também em 1712, a vila foi elevada à categoria de freguesia.

Em 24 de fevereiro foi adotada oficial mente a denominação de Nossa Senho ra do Desterro para a freguesia. No dia 23 de março do mesmo ano a freguesia desmembrou-se de Laguna.

Ano em que a matriz foi elevada à cate goria de Igreja Catedral (Sé Episcopal). No mesmo ano, em 19 de março, foi criada a Mitra Metropolitana de Floria nópolis, ou seja, a Diocese de Florianó polis.

1910 Ano do início da mais radical mudan ça arquitetônica, com a finalidade de adequar a igreja às comemorações do centenário da Independência.

1922 Em 7 de setembro foi inaugurada a “nova Catedral”, totalmente diferente do mo delo arquitetônico original.

1753/73

Período de construção da nova igreja, com projeto do brigadeiro e engenheiro Silva Paes, então presidente da Provín cia (governador).

A igreja construída por Silva Paes sofreu alterações tanto no século 18, quanto no seguinte, século 19.

1942/46 Novas intervenções na construção, com acréscimos laterais, como a casa pa roquial e a sacristia voltada para a Rua Arcipreste Paiva.

2005/10 Restauração completa da igreja, com intervenções em seu interior e exterior.

2021/22 Nova pintura externa.

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A transformação

A “grande reforma” inaugurada em 1922 entregou à comunidade uma nova igreja, com estas alterações: a nave foi ampliada, as torres foram alteradas e foram acrescidos os alpendres neoclássicos na parte fron tal. Dentro do alpendre central foi preservada a bela portada de cantaria da construção original projetada por Silva Paes. Outra característica preservada foi o arco no fundo do altar, construído originalmente sobre uma coroa de pedra. O cura da Catedral, padre David Francisco Coelho, explica que as igrejas eram normal mente construídas em pontos altos da topografia dos povoados, em geral usando pedreiras como bases (o que facilitava e dava segurança à construção).

Ladrilho e órgão

Cura da Catedral há 10 anos, sacerdote há 41 anos, padre Davi é um dos quatro padres que atuam na Cate dral. Seu sonho é resgatar o ladrilho original do templo, substituído por um piso mais moderno em 1987. Outro plano é recuperar o órgão da igreja, que com pleta 100 anos em 2024. O órgão de tubos Speith Orgelbau foi fabricado em Rietberg, Alemanha, e tem 126 exemplares similares espalhados pelo mundo, três ou quatro no Brasil, sendo o da Catedral um deles.

Espaço Museal

Ainda na programação do centenário da Catedral consta a abertura do Espaço Museal, agregado ao Salão Paroquial, onde funcionou durante muitos anos o Cine Roxy.

O Espaço Museal é constituído por peças sa cras, documentos, fotografias e outras imagens, além de painéis que reconstituem a história da Catedral.

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Marco zero

A história da Catedral Metropolitana, desde seus pri mórdios, no século 18, é a própria história da co munidade central de Florianópolis. A cidade surgiu e cresceu em torno da igreja.

A Catedral é o marco zero da cidade. Todas as ruas têm a numeração dos imóveis baseada na distância a partir da igreja. Por exemplo: Rua Tenente Silveira, 200. Significa que o prédio em questão fica a 200 metros da Catedral.

Suas celebrações religiosas são marcantes na história da cidade, destacando-se entre as mais im portantes a Procissão anual do Senhor dos Passos, a Semana Santa, a Procissão anual de Corpus Christi e a Procissão anual dedicada a Santa Catarina de Alexandria (25 de novembro).

Todas as celebrações, das missas às procissões, são marcadas pelo som melodioso dos sinos do templo católico. São sete sinos no total, que já formaram o maior carrilhão de sinos do Brasil. Um deles foi doado pelo imperador Dom Pedro II em 1872. É o sino cha mado de São Joaquim, que fica logo abaixo do relógio.

Fuga para o Egito

Outra característica importante da Catedral é a es cultura Fuga para o Egito, esculpida em madeira pelo tirolês Ferdinand Demetz. As visitas de turistas e moradores à igreja sempre incluem a apreciação da magnífica obra artística, representando Maria, José e Jesus Cristo em sua viagem para o desterro (Egito), em busca de segurança.

Cemitério

Nos subterrâneos da Catedral estão os restos mor tais (ossos) de muitos moradores da ilha dos séculos 18 e 19 – inclusive, supostamente, açorianos e seus descendentes mais imediatos. Não há comprovação, mas é possível que tenha sido enterrado no templo o próprio brigadeiro Silva Paes.

Enterrar os mortos no interior das igrejas e nos seus entornos era um costume muito comum até cerca da metade do século 19. Mas essa tradição foi abolida por razões sanitárias, devido ao grande número de doenças provocadas pela putrefação dos cadáveres (os miasmas).

Dois expoentes da Igreja Católica foram sepulta dos no interior da Catedral: o primeiro e o segundo arcebispo de Florianópolis, Dom Joaquim Domingues de Oliveira (1878-1967) e Dom Afonso Niehues (19141993). Dom Joaquim foi arcebispo entre 1927 e 1967, sendo substituído por Dom Afonso, entre 1967 e 1991.

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Enfim, a Praça!

SIM! O GRUPO HABITASUL ENTROU NA HISTÓRIA

E ELA VAI SAIR DO PAPEL – E DA IMAGINAÇÃO DAS PESSOAS – PARA SE TRANSFORMAR EM UM ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA, CONTEMPLAÇÃO E LAZER PARA QUEM VISITA OU VIVE EM FLORIPA

textosLUZUÊ fotosMARCOCEZAR

Ela, no caso, é a Praça Forte São Luís, uma estrutura que será construída em uma área pública de cerca de 2 mil m² – ou trora ocupada pelo Forte São Luís da Praia de Fora, que lhe empresta o nome –, localizada entre as avenidas Jornalista Rubens de Arruda Ramos (a nossa Beira-Mar Norte) e Mauro Ramos, na esquina com a rua Bocaiúva.

Faz tempo que aquele pedaço de terra estava merecendo ser tratado com carinho e atenção, complementando com beleza e função social uma área valorizada e com vista extremamente privilegiada. Entretanto, até chegarmos aqui, a história foi longa e com muitos capítulos (veja box). Mas agora, vai!

Em setembro, por meio do programa Adote uma Praça – ini ciativa da Associação FloripAmanhã – o Grupo Habitasul adotou formalmente a Praça Forte São Luís, e já em outubro deu início às obras, que não demandarão gasto público. Trata-se de uma parceria público-privada, em que a Prefeitura municipal participa com a cessão do terreno e o adotante se responsabiliza pela construção e manutenção do espaço – esse, aliás, é um dos mais significativos da Capital.

Para o presidente do Grupo Habitasul, – que empreende em Santa Catarina desde 1980 –, Sérgio Ribas, essa ação é como

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uma retribuição ao Estado e a Florianópolis. “Este é o lugar onde encontramos, há várias décadas, a oportunidade de desenvolver nossos negócios e, desde então, sempre procuramos contribuir para a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento social e econômico do Estado e da Capital”, afirmou.

O projeto da Praça – doado pelo Beiramar Shopping – foi elaborado pelo Escritório JA8, da arquiteta Juliana Castro, e tem como propósito tornar o local atrativo, integrando a beleza natural aos elementos idealizados e valorizando a história de forma não literal. A ideia é criar um ambiente acolhedor, propí cio para lazer, convivência e contemplação. “Entendemos que a localização privilegiada da Praça nos permite trabalhar com elementos paisagísticos especiais com plasticidade marcante e que remetam à história do lugar”, explicou Juliana Castro. E nesse contexto, a água é o elemento de destaque do projeto, o que é lembrado pelo diretor de Negócios do Grupo Habitasul, José Mateus. “Elementos que valorizam a água estão presentes de diversas formas. O espelho d’água que a Praça vai ter é único, e não temos dúvidas de que esse se tornará um espaço turístico diferenciado de Florianópolis”, pontuou. Esse é um exemplo muito importante da viabilidade e importân cia das parcerias público-privadas. Por meio do programa Adote uma Praça, por exemplo, mais de 100 espaços públicos foram revitalizados na Capital sem a utilização de recursos públicos. No caso da construção da Praça Forte São Luís, por exemplo, o Grupo Habitasul deve investir cerca de R$ 3,5 milhões, en cerrando essa “longa história” com Floripa ganhando uma Praça mais do que especial, em um espaço nobre e – até agora – mal aproveitado. Sem dúvida, um final feliz!

Uma história

Quer conhecer um pouco da história do terreno onde está sendo construída a Pra ça Forte São Luís?

Então vamos voltar ao ano de 1770, quando a Ilha era governada por Fran cisco Souza de Menezes e a Coroa Por tuguesa buscava defender a todo custo suas terras. Aqui, por exemplo, estabe leceu um sistema de fortificações para enfrentar ataques, e para evitar a pirataria e contrabando na Baía Norte, em 1771 construiu o Forte São Luís, composto por uma bateria, quartel da tropa, quartel do comandante e cozinha (todos em uma única edificação), e uma casa de pólvora, um pouco mais isolada.

Mas, 68 anos depois, a realidade já era outra, e a Revolução Farroupilha chegava em nosso território. Em 1839 o Forte foi a leilão, e segundo o historiador Oswal do Rodrigues Cabral foi vendido “por um preço menor do que valia a cantaria de seus portões”. A única condição era a de que a edificação deveria ser demolida, pois havia o medo de que fosse tomada pelos revolucionários.

Fortaleza destruída, a área ficou aban donada por um longo tempo até que, no início do século XIX, o local recebeu a instalação de uma fonte. Foi transformado primeiro em um largo e depois virou uma praça (ali onde fica a Praça Lauro Muller, ao lado do Hotel Majestic).

Em 1928, quando foi construído o úl timo trecho da Avenida Mauro Ramos, a área original do Forte foi dividida, e até a década de 1990 o local onde será cons truída a Praça abrigava feiras.

Tudo é único

Na assinatura a adoção, Zena Becker (Prefeitura), Jaime de Souza (FloripAmanhã), Sérgio Ribas (Habitasul) e o prefeito Topázio Neto

Se a história do terreno e o projeto da Praça já são especiais, outra grata surpresa tem a ver com o tapume que limita a área durante a construção. O artista visual Wagner Wagz, integrante do projeto Street Art Tour – projeto apoiado pela Prefeitura por meio da Fundação Franklin Cascaes –, é o responsável pela interven ção, que começou a ser criada exatamente no dia da assinatura do termo de adoção.

Antes disso ainda, em 1976, o então prefeito da Capital, Esperidião Amin, viu cair por terra a ideia de transformar a área em praça. Ele foi informado pelo Comando do Exército (então proprietário do terreno) sobre planos para a construção de um edi fício de apartamentos destinado a oficiais.

Foi só 40 anos depois, em dezembro de 2016, que o Exército cedeu o terreno ao município, com o compromisso de que ali deveria ser construída uma Praça. Em 2018, foi feita a cessão oficial e nesses últimos quatro anos a Prefeitura, entidades e movimentos representativos da comu nidade lutaram para que o espaço fosse adotado. Isso agora é uma realidade, pelas mãos do Grupo Habitasul.

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Uma praça

para chamar de nossa

O 7 de setembro de 2022 foi mesmo muito especial. No mesmo dia em que o Brasil comemorou 200 anos da Proclamação da Independência, Floripa ganhou um presente que esperava há muito tempo: o Grupo Habitasul abraçou mais um projeto pela cidade e formalizou a adoção da Praça Forte São Luís, na Avenida Beira-Mar Norte

O prefeito Topázio Neto (centro) apresenta o Termo de Adoção junto às lideranças que participaram do processo

E foi com festa! Nem a chuva atrapalhou o even to, que reuniu autoridades, entidades representativas da comunidade, representantes do Exército Brasileiro (que cedeu o terreno para a cidade), e jornalistas na brasserie ‘L’Ile”, que fica ao lado do terreno. Em comum entre os presentes, a felicidade pela viabilização de um projeto tão importante para a cidade.

Por meio do Programa Adote uma Praça – iniciativa da Associação FloripAmanhã – mais de 100 espaços públicos já foram revitalizados sem a utilização de re cursos públicos, mas a adoção da Praça Forte São Luís tem um sentido especial. A história foi longa, cheia de idas e vindas e muitas dúvidas.

Agora é esperar para ver o resultado e aproveitar o espaço. A assinatura da formalização da adoção acon teceu no próprio terreno, em numa tenda especialmente montada para o evento. Marco Cezar estava lá, regis trando tudo. Confira!

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Andrea Druck e Péti Druck Topazio Neto, Pericles Druck e Marili Druck Péti Druck, Andrea e Pericles Druck Silene Roehrig, Lara e José Mateus Wagner Wagz Sérgio Ribas Judith Bussolo Petrelli e Marcello Petrelli Marili, Pericles, Márcio Abreu e Mônica Abreu Jorge Lacerda e Roberto Costa Luiz Bond, Zena, Paulo Scarduelli e Aline Cabral Daniela Gentil e Adir Gentil Beatriz Dutra e Márcia Dutra Cerimônia Turma da Habitasul Jorge Lacerda e Adir Gentil Rodrigo Rossoni dos Santos, Paulo Garbugio e Neri dis Santos Juliana Castro, Andrea Druck e Zena Becker Roberto Katumi e Valter Gallina

Lixo Zero Floripa

A AVANÇADA POLÍTICA PÚBLICA DA CAPITAL EM RELAÇÃO AOS RESÍDUOS ORGÂNICOS

Inovar é mesmo um verbo que tem a ver com Florianópolis. Independentemente do setor, ideias arrojadas são muito bem-vindas e sempre atraem holofotes sobre o que é feito por aqui. Foi com esse espírito que a Prefeitura de Florianópolis colocou em prática a primeira experiência no Brasil de pagamento pela realização de compostagem comunitária. Sim, pagamento!

Na essência, a proposta é simples, mas na verdade se tratada de uma iniciativa que agrega benefícios so ciais e ambientais. “Esse tipo de econegócio permite à cidade ter novos pontos de destino final adequado para os resíduos orgânicos. Na prática, aplicamos modelo de economia circular, com recuperação de resíduos e ampliação de hortas e jardins urbanos”, destacou o prefeito o Topázio Neto, que chamou atenção para o ineditismo da ação no Brasil, tanto pelo fato do poder público remunerar esse serviço de saneamento quanto por fazer a compostagem de forma descentralizada.

RESÍDUOS ORGÂNICOS 50
A
EM
E
UM PASSO ALÉM COM
CRIAÇÃO DO PROGRAMA DE COMPOSTAGEM
PÁTIOS REMUNERADOS
DESCENTRALIZADOS
textosLUZUÊ fotosSOFIA LEAL/PMF

A iniciativa já trouxe resultados que superaram as expectativas iniciais. Em junho, foram assinadas quatro ordens de serviço para processamento de aproxima damente 70 toneladas de resíduos orgânicos por mês nos pátios, mas em pouco mais de dois meses, já foram compostadas mais de 100 toneladas de restos de ali mentos, além das 250 toneladas que são processadas por mês pela Agroecológica Serviços Ambientais, no Centro de Valorização de Resíduos (CVR), localizada no bairro Itacorubi.

A realização da compostagem nas próprias comu nidades é vantajosa para a prefeitura, que economiza ao deixar de mandar restos de alimentos para o aterro sanitário. E o composto orgânico resultante é usado em hortas e jardins urbanos.

Pela caracterização dos resíduos gerados em Flo rianópolis, 35% do que vai para o aterro sanitário são orgânicos – entre restos de alimentos e podas – que podem ser recuperados pela coleta seletiva. Ano pas sado, com a seletiva flex Floripa, já foram desviadas do aterro 7,2 mil toneladas de orgânicos, gerando ganhos de R$ 2 milhões. “Vamos acelerar para dobrar essa quantidade, e para isso precisamos de novos pátios de compostagem”, planeja o secretário municipal de Meio Ambiente, Fábio Braga.

Pátios no Sul da Ilha e Cacupé

Três organizações operam pátios de compostagem no Sul da Ilha de San ta Catarina: Eduardo Elias Rodrigues (Destino Certo) e Associação de Ami gos do Parque Cultural do Campeche (Pacuca), no Campeche, e Composta Aí no Morro das Pedras. A microempresa de Francisca Aires Neves, Compostare, atua no Cacupé.

Essas organizações recebem R$ 156,81 por tonelada recuperada, valor que corresponde ao que a cidade deixa de gastar com transporte e aterramento do rejeito, mais remuneração pelo servi ço de responsável técnico para acom panhamento, operação, licenciamento e elaboração de relatórios de pátio de compostagem.

RESÍDUOS ORGÂNICOS 51

Valorização

de orgânicos

De acordo com o secretário Bra ga, o projeto colocado em prática tem um grande impacto social e ambiental. “Floripa já tinha inicia tivas de compostagem, mas com o projeto de valorização de orgânicos conseguimos construir esse modelo inovador”, afirma. Ele explica que, com preço padrão por tonelada e por responsabilidade técnica, tor nou-se possível credenciar ONGs, associações ou pequenas empre sas para fazer a compostagem nos bairros.

O adubo obtido com a com postagem tem tido alta procura no mercado, não só pela qualidade, mas também em razão da alta nos preços de insumos químicos.

Com os pátios, os resíduos orgânicos separados pelos mora dores são recuperados no próprio bairro, em sistemas que estimulam a agricultura urbana e a segurança alimentar e nutricional.

Alguém duvida que a iniciativa tem tudo para se transformar em exemplo?

EM TEMPO

A política pública em relação aos resíduos orgânicos adotada em Florianópolis nasceu do apoio e supor te às iniciativas comunitárias estruturados pela então autarquia Comcap no projeto “Ampliação e Fortalecimento da Valoriza ção de Resíduos Orgânicos no município de Florianópolis”. O projeto foi o segundo colocado nacional em edital do Fundo Na cional de Meio Ambiente, e viabilizado por acordo de cooperação financeira com o Fundo Socioambiental Caixa.

RESÍDUOS ORGÂNICOS 52

fez 73 anos, Peninha

HOMENAGEM 54 e como sempre, com festa. Ele merece!

SABE AQUELE DITO POPULAR ‘AGOSTO É O MÊS DO DESGOSTO’? NÃO POR AQUI... EM AGOSTO, A ALEGRIA DE SER E DE VIVER DE GELCI JOSÉ COELHO

– O NOSSO PENINHA – COMPLETA UM CICLO. E O SEGUINTE SEMPRE SE INICIA COM FESTA

Peninha sabe que o dia 10 de agosto nunca passa em bran co. E, segundo conta, mesmo sem qualquer programação seus aniver sários sempre foram muito feste jados. “Não sei qual é o mistério dessa data, mas sempre foi assim. Quando criança eu morava ao lado de uma capela dedicada a Santa Fi lomena, que é a santa do dia 10 de agosto. E essa capelinha fazia uma festa para celebrar a data: tinha pro cissão, barraquinhas, sino tocando, foguetório... uma festa danada de maravilhosa! E eu, guri pequeno, comemorando como se fosse pelo meu aniversário”, relembra.

E agora já virou tradição: repe tindo uma prática iniciada pela his toriadora Elisabete Nunes Pires – a Betinha, amiga de longa data de Peninha – todos os anos os amigos

vão até o casarão onde ele mora, na praça central da Enseada do Bri to, em Palhoça, cantar parabéns e festejar o aniversário do grande guardião da cultura e das tradições açorianas E sempre tem uma sur presa! “A Betinha adora aprontar. Já provocou festas memoráveis. Ano passado tinha saxofone (foi lindo), e neste teve banda”. Neste ano, quando Peninha comemorou 73 anos, Betinha não pode estar presente por problemas de saúde, e coube à dupla Roseane Pannini e Márcio Sodré organizar a festa, que contou com a presença de Valdir Agostinho e Banda (com Peninha fazendo backing vocal), Andrea Rihl e o boneco Frankolino, contadoras de histórias, Jone César de Araújo, Laércio Luiz, Bebel Orofino... era muita gente, uma verdadeira comu

nidade de artistas e pessoas ligadas à cultura, amigos do Peninha.

‘Mãe’ da ideia, Betinha conta que há algum tempo vem come morando o aniversário do amigo na Enseada, mas aos poucos o grupo foi crescendo “As pessoas que gostam dele foram chegando, dando sugestões para incrementar a comemoração e as ideias foram surgindo. E ele adora... adora festa, movimento, gente. Este ano fiquei de fora, mas já comecei a pensar em como comemorar os 74 anos dele”, afirma.

Peninha é modesto. “Eu real mente fico bem encabulado, e acho que não sou merecedor de todas essas coisas. Mas adoro. Fico tão emocionado que no dia demoro a dormir”, diz com uma risada con tagiante.

HOMENAGEM 55
textos LU ZUÊ fotos JONE CEZAR ARAUJO

E o presente?

Perguntado sobre o presidente de aniversário que esco lheria, Peninha não teve dúvidas: a Criação do Memorial da Ilha de Santa Catarina!

Para ele, nesse cenário de efervescência que se firma na cultura local, é possível destacar iniciativas extremamente positivas como a criação do Instituto Collaço Paulo (matéria página 32) “É uma iniciativa que vai facilitar o acesso do público a um acervo maravilhoso. Isso é fundamental! O Memorial de nossa Ilha seria assim... Temos um acervo fantástico sobre nossa colonização. Ele está protegido? Ok, mas guardado não interessa, pois estaremos sone gando informação à nossa gente, aos nossos estudantes e a quem nos visita. Um acervo tem que estar acessível.

Por isso, a criação do Memorial da Ilha de Santa Cata rina seria meu grande berro pedindo um presente”, afirma.

HOMENAGEM 56

Um encantador de pessoas

Nascido em São Pedro de Alcântara, Peninha cresceu e viveu boa parte de sua vida em São José, para onde sua família se mudou quando ele tinha três anos.

Apaixonado pela Ilha de Santa Catarina, ele explica o porquê com uma história – o que aliás é um há bito. “Diz a lenda que a Ilha de Santa Catarina foi a última obra do grande arquiteto do universo. Ele ficou tão encantado com tudo, que a Ilha ele deixou por último... e caprichou, enfeitando esse lugar como se fos se uma joia para coroar toda sua criação. Mas o que me encanta é também a grande capacidade de aconchego dessa Ilha. Diz a música que quem vai quer voltar. Eu digo que que vem nem quer sair”, explica.

E se ama tanto, por que nunca morou aqui? Ele diz que não que ria ser mais um a ajudar a poluir a Ilha. Além disso, tinha um projeto de montar uma casa-biblioteca, e para isso queria morar em um local menor, onde o contato com as pessoas é

fácil e direto, facilitando o acesso do público a seu grande acervo. “Ao lon go do tempo acabei juntando muita coisa – atualmente são cerca de seis mil volumes – e quando me aposen tei, em 2008, resolvi que era a hora e saí em busca do lugar. Procurei e encontrei o melhor de todos. Mas, infelizmente não tive a estrutura para viabilizar esse projeto”, conta.

Mesmo que não tenha sido da forma idealizada, Peninha deu um jeitinho de colocar a ideia em prática. “Eu pegava os livros bem ilustrados, bonitos de se ver, e ia na vizinhança, mostrando e oferecendo para que dessem uma olhada. Tempos depois eu voltava para buscar e escutava a pergunta: ‘Não tens outros para em prestar?’. É só criar o hábito. Eu tinha tantas obras, todas elas interessan tíssimas, que eu amo tanto, e queria compartilhar essa maravilha”, justifica.

Essa vontade de “compartilhar” é apontada por Isabel Ourofino e Elisabete Nunes Pires – Bebel e Betinha – como uma das caracte

rísticas mais marcantes e encanta doras do amigo. “Ele é uma pessoa muito especial. Com ele aprendi que não se deve sonegar uma informa ção, que devemos aprender a ‘abrir as comportas da alma’ para que o outro possa também realizar algo e brilhar”, explica Bebel. Na mes ma linha de pensamento, Betinha relembra os anos de convivência e trabalho em parceria para reafirmar essa generosidade natural de Peni nha. “Ele sempre teve e ainda tem uma necessidade muito grande de repassar para as pessoas tudo o que aprende. Ele sabe muito de muitas coisas, e todo o conhecimento ele compartilha”, complementa Betinha.

Peninha justifica os elogios de forma singela: “o que sempre fiz foi atender ao que São João me disse que é para eu não esquecer: a minha obrigação é mostrar o saber”.

E assim aquele grupo de amigos que comemora o aniversário de Pe ninha aumenta ano após ano. Peni nha encanta!

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Guardião da cultura açoriana

Formado em História e Museologia, Peninha é também artista plástico, ator, dramaturgo (com trabalhos premiados), profundo conhecedor e eterno apoiador de atividades culturais ligadas à herança dos açorianos, dos descendentes das nações africanas e indígenas que habitavam nosso litoral. Ah! E um excelente contador de histórias. Im perdível conhecer a lenda do Baile das Bruxas, criada pelo próprio.

Descendente de açorianos, sem pre se interessou por conhecer a cul tura que recebeu de seus antepas sados, descritos por ele como uma gente corajosa que veio povoar o litoral do Brasil meridional, trazendo na bagagem aspectos próprios de seu povo, mas tendo a sabedoria e disponibilidade de acrescentar tudo o que aprenderam com os povos que já estavam por aqui. “Por isso digo que nossa herança é de base açoriana, enriquecida pela presença indígena e africana”, defende.

Foi na UFSC que ele conheceu Franklin Cascaes, que trabalhava no setor de cultura popular do Mu seu de Arqueologia e Etnologia da UFSC (MArquE). Conversaram bas

tante, e segundo Peninha, foi como uma porta se abrindo. “Cascaes estava fazendo um trabalho mara vilhoso, altamente significativo, que usava a arte para documentar essas manifestações da herança açoriana. O que vi ele mostrando eram coi sas do meu dia a dia, e assim me entusiasmei. Perceber que o que a gente vivia estava sendo tão mara vilhosamente registrado por meio de desenhos, escritos, esculturas... tudo muito rico, foi emocionante, e me encantei ainda mais”, relembra. E uma coisa foi levando à outra. Depois de formado e já traba lhando no MArquE, Peninha fez especialização em Museologia no Museu de Arte de São Paulo (MASP). A intenção era adquirir conhecimento para tratar melhor o acervo do Museu da UFSC, e foi graças a essa especialização que nasceu um importante projeto de senvolvido em parceria com Elisa bete Pires. “Em 1995, Peninha era diretor do Museu Universitário, e eu, gerente de Museus da Funda ção Catarinense de Cultura. Juntos criamos o Núcleo de Estudos de Museologia (Nemu), e levávamos

museólogos para os municípios do interior, promovendo oficinas de ca pacitação. Foi um trabalho muito importante, que durou 10 anos”, afirma. Segundo Peninha, o traba lho foi tão significativo que chegou a ser reconhecido pelo Ministério da Cultura como modelo para ser replicado em outros Estados.

Incansável na divulgação e dis seminação da cultura açoriana, Pe ninha foi também responsável pela implantação do Núcleo de Estudos Açorianos (NEA), que faz um traba lho de promoção da cultura açoria na ao longo do litoral do Estado.

Tanto Bebel quanto Betinha afir mam com firmeza que é impossível mensurar a importância de Gelci José Coelho para a cultura catari nense. “Ele é uma joia rara, abso lutamente singular. Vemos crescer agora no cenário cultural da Ilha um movimento de muita gente boa, que trabalha com as referências locais a partir de uma perspectiva criativa. Peninha é isso... é a linguagem do popular local, mas recriada à luz das referências contemporâneas, a resistência da arte e da cultura”, conclui Isabel Ourofino.

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O pioneirismo digital de Luciano Martins O pioneirismo digital de Luciano Martins O pioneirismo digital de Luciano Martins

METAVERSO 60

ARTISTA PLÁSTICO INOVA COM GALERIA NO METAVERSO E COMÉRCIO DE NFTS DE ARTE

O artista plástico Luciano Martins lançou seu ambiente digital no Meta Art City, o primeiro me taverso de arte brasileiro, com a coleção Crazyt Cats. A experiência futurista envolve um passeio por sua galeria em realidade virtual e a possibilidade de visualizar um conjunto de suas obras e adquirir NFTs exclusivos. Toda a tecnolo gia foi desenvolvida com a empresa catarinense Digital Meta Group, que desenvolveu o Meta Art Gallery.

A iniciativa marca uma nova fase na carreira do artista. “Trata-se de uma tendência de comercialização

que ganha cada vez mais adeptos no mundo”, afirma. O NFT (nonfungible token ou token não fungí vel) é uma tecnologia que permite a criação de uma assinatura única, com certificado digital que assegura a autenticidade de uma obra, seja artística, um arquivo de imagem, canções e textos já publicados na internet, entre outros.

A galeria virtual proporciona uma experiência diferenciada e a imersão em um ambiente que surpreenderá o público pela qualidade e visual fu turista. Foi criada com a tecnologia “Unreal Engine”, a mesma utilizada

nos jogos da Epic Games, onde o público poderá interagir com uma interface de alta qualidade. O sis tema foi baseado na tecnologia Pi xel Stream, serviço com o mesmo princípio dos utilizados por aplicati vos de streaming como Netflix, que disponibiliza realidade aumentada que pode ser acessada e utilizada na web, sem a necessidade de baixar e nem instalar nenhuma aplicação.

“Desenvolvi obras exclusivas para esta galeria digital, seguindo referências globais que fazem muito sucesso no mercado de NFTs de arte”, assegura Martins.

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Segurança

Toda infraestrutura foi desenvolvida com sistema de segurança blockchain e padrões internacionais de regulamentação nas pla taformas Opensea e registradas na rede Etherium, onde os compradores poderão investir com total tranquilidade e a certeza de valorização das obras adquiridas. As pla taformas são indicadas àqueles que procu ram por variedade, iniciantes nesse mercado e comerciantes mais experientes, com um grande acervo de colecionáveis.

O artista fechou uma parceria com o Digital Meta Group e é sócio do Meta Art Gallery, trazendo sua visão e estilo artístico para direcionar o visual da plataforma, que em breve terá outros artistas participantes.

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foto MARCO CEZAR O OLHAR E
FOTOGRAFIA 64
textos LU ZUÊ fotos AYRTON CRUZ, MARCO CEZAR e MILTON OSTETTO
O TRABALHO MAIS QUE ESPECIAL DE QUEM AMA FOTOGRAFIA
Ostetto Milton

Observar o trabalho do fo tógrafo “amador” (classificação do próprio!) Milton Ostetto nos permi te conhecer muito do autor. E um detalhe importante: melhor mesmo é substituir os verbos “observar” e “conhecer” por admirar. Não há como ser de outra forma!

Assim como não poderia ser outro o caminho seguido por esse filho de italianos, nascido em 1954 na pequena Nova Veneza (região Sul de Santa Catarina), que na infância e adolescência passou os dias primeiro frequentando e depois trabalhando no cinema que o pai o mantinha na cidade: o Cine Veneza! De porteiro e faz-tudo, Milton acabou “evoluindo” para projecionista, e provavelmente vem daquela época o interesse que desenvolveu ao longo da vida pela força e significado das imagens.

No início dos anos 70, seguindo o caminho natural de qualquer moço ajuizado da época, Ostetto seguiu em direção à Capital para prestar vestibular. Não passou para Enge nharia Civil, mas em 1974 repetiu a experiência e foi aprovado para Engenharia Elétrica na UFSC.

Na “cidade grande”, começou a conviver com os fotógrafos Dario de Almeida Prado, Rivaldo de Souza,

Carlos Silva, Tarcisio Mattos, Eduar do Marques, e com o Celso Martins – jornalista que tinha “uma Canon maravilhosa, que me emprestava para fotografar por aí!”, conta Mil ton, citando vários profissionais que participaram desse início prático na fotografia. “Eu gostava muito de fotografar, mas não tinha grana, então um emprestava a câmera, ou tro me dava pontas de filmes, ou tro ajudava na ampliação”, lembra. Até o Marco Cezar entrou na história. Os truques de iluminação utilizados pelo editor da Mural despertavam a curiosidade do então iniciante e autodidata, que quebrava a cabeça tentando descobrir o segredo das luzes que destacavam os contras tes de cabelos loiros ou morenos.

“Aí o Carlinhos (Silva) me explicou como o Marco fazia, eu comprei uma luminária e comecei a testar as possibilidades em casa, com a ajuda da minha companheira Regi na. E aprendi”, disse.

A verdade é que o Milton fotógra fo nasceu e se aperfeiçoou de for ma natural, embalado pelo gosto de registrar momentos e pela vontade de aprender a fazer melhor. Não se negou a trabalhar como iluminador para Rivaldo Souza (que já partiu), comprou sua primeira máquina (uma

Minolta, mas queria mais!), vivenciou na prática a transição do negativo para o cromo, do analógico para o digital, teve alguns clientes, muitos parceiros... sempre fotografando e driblando quaisquer rasteiras que a vida apresentasse.

O Milton engenheiro eletricista trabalhava das 8 às 18 horas. En tão saia de casa às 6 horas para ir fotografar... ia para a Barra, para a Lagoa, andava por aí. Depois do trabalho, fazia a mesma coisa. To dos os cromos eram entregues para a Tempo Editorial – dos amigos e também fotógrafos Tarcísio Mattos (que certa vez recortou uma foto de Ostetto para “explicar” o correto en quadramento), e Eduardo Marques, que tinha como colaborador Sérgio Vignes – onde o material era cata logado, organizado, arquivado e às vezes comercializado. A condição era uma só: “Nunca segui pautas! Eu fotografava o que queria, o que via. A foto era – e ainda é – um hobby”, justifica Ostetto.

Mas um hobby que traduz a vida, as crenças e o jeito de ser do fotó grafo ‘amador’. “Cada foto minha é uma denúncia, uma história. É assim que eu vejo: a fotografia é aquilo que você é. E eu sempre enxergo o que eu sou”, conclui.

foto AYRTON CRUZ FOTOGRAFIA 65

Aprender sempre

Desde que morou por um período no Rio de Janeiro, Milton Ostetto acostumou-se a comprar livros. Conta que isso aconteceu porque lá ia a muitas exposições de fotógrafos e olhava admirado os trabalhos. Convenceuse, então, de que não sabia nada, e resolveu correr atrás. Por natureza própria gosta de aprender, e desde sempre gostou de estudar os trabalhos dos grandes pintores – que carregam consigo regras de composição e luz –analisar filmes e observar livros de fotógrafos. “Estudo fotografia todos os dias”, explica, e no momento dois livros estão na linha de frente: Índia, de Cartier Bresson, e um de Alex Webb, um fotógrafo de rua que ganha um elogio impublicável! “Tenho uma estante cheia de livros sobre arte e fotografia, pego sempre um ou dois e fico folheando... analisando elementos, luz, enquadramento. Isso me fascina!”, explica.

Livros são importantes? Com certeza! Tanto que até o momento, Milton imprime o sobrenome Ostetto em um livro sobre a colonização açoriana (Tás Co Olho – produzido em parceria com Orlando Azevedo e Tadeu Vilani), nos catálogos do Festival Instantes (de Portugal) e no livro Pesca da Tainha e a Pandemia.

foto AYRTON CRUZ FOTOGRAFIA 66

Um varal na rua, ao alcance de muitos –e variados – olhares

Se a fotografia representa aquilo que você é, a forma de apresentá -la ao público deve ser um exemplo daquilo que você acredita. Milton Ostetto é um fotógrafo que ama as ruas, as pessoas, a forma como vivem e as manifestações que ali acontecem. E é daqueles artistas que acreditam que a arte deve estar onde as pessoas estão.

Dito isso, vamos voltar ao ano de 2015, quando há muito tempo um grupo de amigos (fotógrafos, em sua maioria) se reunia nas manhãs de sábado nas mesinhas em fren te ao Bob’s da Trajano para con versar, trocar ideias, falar sobre a cidade, as pessoas e sobre fotos (principalmente!). E numa conversa entre Ostetto e Alexandre Freitas –ambos entusiastas das ruas, mas com olhares diferenciados – surgia a ideia de fazer uma exposição so bre a rua na rua. “Só que a gente viajou, e sonhamos com uma expo sição na Felipe Schmidt inteira, com fotos e mais fotos. O custo beirou os R$ 60 mil, o que era inviável”, confessa. A solução? Esticar um arame entre dois postes lá mesmo,

em frente ao local de encontro, e expor quantas fotos fosse possível.

Licenças foram viabilizadas jun to à administração municipal, e no dia 24 de abril de 2015 aconteceu a primeira exposição do que se tor naria uma tradição mensal no cal çadão da Trajano. Detalhe: as fotos (em formato 30 x 45 cm) são presas no arame por grampos de roupa, e o peso é sustentando por uma vara, que segura o “varal”. Tudo muito simples, como deve ser a vida e o acesso à arte.

Seria uma só vez, mas aí... Paulo Goethe (jornalista falecido em 2020, apaixonado pelo mar, por fotos e por fotos do mar) e Kleber Steinba ch, ligado em astrofotografia, foram apresentados por Ostetto e dividi ram o varal na segunda edição do evento, nominada “Do mar ao céu”. Depois disso, a procura pelo es paço foi constante, e até o período que antecedeu a pandemia, cerca de 50 exposições foram realizadas. E com a diminuição das restrições impostas pela Covid-19, em mar ço deste ano – com uma coletiva que reuniu boa parte dos fotógra

fos que já haviam participado da experiência – as exposições retor naram à rua.

É um projeto simples, com cus tos reduzidos e muito envolvimento pessoal, que pela sua acessibilida de e significado acabou criando raízes também em Portugal (leia página 38).

Entusiasta da proposta do iní cio ao além, Milton Ostetto declara: “Essa é a ideia do varal: permitir que qualquer pessoa exponha seu trabalho, em qualquer lugar”.

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Reconhecimento mais do que merecido

Em 2013, Ostetto foi convidado pelo fotógrafo Perei ra Lopes a participar da edição 2016 da exposição Instantes, em Portugal. Além da exposição individual Gente que ama o mar, Ostetto e o fotógrafo Alexandre Freitas realizaram uma exposição no formato varal (olha a semente plantada na rua Trajano, em Floripa, germinando em terras lusitanas).

É importante registrar que o sucesso do modelo “varal” foi tanto que os fotógrafos locais chegaram a entrar em contato com o fotógrafo catarinense soli citando informações sobre como viabilizar e realizar a exposição naquele formato. Resultado? A propos ta criou raízes, com varais pendurados nas ruas de Lisboa e em comunidades mais afastadas, mesmo entre árvores.

Tanto pelos resultados quanto pelo sucesso al cançado, desde que participou do Festival Instantes pela primeira vez, em 2016 (depois dessa, participou também em 2017 e 2020), Milton Ostetto conquis tou um reconhecimento especial. “Virei meio que um embaixador do Festival, com liberdade para indicar participantes, como o Caio Cezar (que faz parte da história da Mural), e para o próximo ano estão agen dadas as participações de José Ronconi (de Nova Veneza), Sérgio Ranalli (de Londrina – PR) e Lucila Horn (de Florianópolis).

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Uma experiência única... em todos os sentidos!

Morador do Campeche há aproximadamente 35 anos, Milton Ostetto foi, gradativa e lentamente – como reco mendam as regras da boa convivência –, construindo uma relação de respeito e confiança com os pescadores da região. “Era uma época em que não havia quase nada. Conheci o ‘seu’ Chico, que tinha o rancho de pescado res na beira da praia. Naquela época a relação com os pescadores era muito difícil, porque quem chegava lá estava invadindo um espaço já estabelecido”, relembra. Convidado pelo próprio Chico foi conhecer o rancho e – devidamente autorizado – começou a registrar os momentos que marcavam a convivência e trabalho dos cerca de 30 homens que dividiam o espaço. Mas não era só registrar! “Eu construí uma amizade antes de qualquer coisa. Ajudava a tirar o peixe, aprendi muito sobre fotografia naquele ambiente, compartilhei traba lhos e conhecimentos”, explica Milton Ostetto. Durante o período da pandemia, o fotógrafo acompa nhou todo o processo de convivência e trabalho adaptado que os pescadores tiveram que impor ao seu ofício. O resultado está materializado em uma publicação (de um único exemplar) – Pesca da Tainha e a Pandemia – com um registro belo, detalhado e minucioso do dia a dia do Rancho Fada (Família Daniel) que se redescobre dia após dia, influenciada pela natureza e pelas surpresas que a vida apresenta. Que bom que esse registro existe!

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CADA FOTO MINHA É UMA DENÚNCIA, UMA HISTÓRIA. É ASSIM QUE EU VEJO: A FOTOGRAFIA É AQUILO QUE VOCÊ É. E EU SEMPRE ENXERGO O QUE EU SOU.”

PELO MUNDO

Exposições

• Duas edições realizadas no CIC pelo grupo “7 Nós”, que era composto pelos fotógrafos Tarcísio Mattos, Eduardo Marques, Mário Bianchini, Danisio Silva, Debora Campos e Sérgio Vignes.

• Coletiva de 50 fotógrafos promovida pela Multicor, no Museu Escola em Florianópolis.

• Exposição em Vila Garcia, na Espanha.

• Coletiva com trabalho de 20 fotógrafos de diferentes lugares do mundo na Ilha de São Miguel, nos Açores.

• Duas exposições no Iraque com o tema “Fotografia de rua”.

Premiações

• Premiado 5 vezes no concurso promovido pela Canon Brasil, “Olhares Inspiradores”.

• Três vezes finalista no concurso “Los trabajos y los dias” promovido pela Escola Nacional Sindical da Colômbia.

• Segundo lugar no concurso SOMOS promovido pela A “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Por tuguesa”, em Macau.

Um livro diferente

“Cidades Vazias com gente dentro”, livro sobre a pandemia que reúne trabalhos de fotógrafos convidados de diversos lugares do mundo.

foto AYRTON CRUZ FOTOGRAFIA 72

Desafio Night Mode Photo

A foto de Andrei Manuilov (Moscou, Rússia) mostra uma composição equilibrada. As roupas penduradas levam o espectador a pensar sobre espaços urbanos densamente povoados

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foto ANDREI MANUILOV textos CLÁUDIO BRANDÃO e MONIQUE VANDRESEN fotos DIVULGAÇÃO APPLE

AS FOTOS DO DESAFIO PROMOVIDO PELA APPLE EM 2020 COM CINCO GANHADORES SÃO SURPREENDENTES

O desafio foi lançado para que usuários de iPhone 11 enviassem imagens capturadas com o modo noturno do aparelho, um dos prin cipais avanços incorporados ao modelo.

O russo Kanstantin Chalabov foi um dos ganhadores, com imagem de um caminhão em uma estrada repleta de neve, com os faróis e

a luz interna do veículo acessos. Andrei Manuilov, também da Rús sia, ficou entre os ganhadores com uma foto feita na área interna de um prédio, com diversas varandas e varais com roupas penduradas.

Os demais ganhadores foram Mtisun Soni, da Índia, com ima gem de uma árvore iluminada ar tificialmente, Rubén P. Bescós, da

Espanha, com foto de um grupo de pessoas que se desloca na contra luz, e Rustam Shagimordanov, ou tro russo, com cena de um vilarejo durante o inverno.

As imagens serão utilizadas em anúncios publicitários da Apple e os ganhadores serão remunerados por essa utilização comercial de suas imagens.

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foto RUBÉN P. BESCÓS foto KANSTANTIN CHALABOV A foto de Konstantin Chalabov (Moscou, Rússia) captura a tonalidade exterior da luz azul lindamente, bem como a iluminação incandescente dentro da cabine do caminhão e a luz dos faróis do caminhão Rubén P. Bescós (Pamplona, Navarra, Espanha), mostra porque a fotografia é a arte da luz, enquadrando o bando de peregrinos com uma silhueta nítida. Os detalhes das rachaduras nas rochas do primeiro plano contribuem para a história da longa e difícil jornada à frente desses peregrinos antes de chegarem ao seu local sagrado

“Sea Glass”, por Guido Cassanelli (@laion.ph), de Buenos Aires, Argentina, foi deita com a função macro do Iphone. A imagem tem extensão e escala infinitas. A variedade de cores é magnífica e a simetria torna tudo muito curioso

“Art in Nature” por Prajwal Chougule, de Kolhapur, Maharashtra, Índia, mostra gotas de orvalho na teia de aranha. Usa a função macro e é um exemplo de uma imagem simples, gráfica e linda

“The Cave” por Marco Colletta, de Taranto, Itália, é uma foto simples, usando a função macro. A riqueza de texturas e cores faz a imagem se destacar, e o foco sutil no primeiro plano é um elemento maravilhoso da composição que atrai o espectador

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foto GUIDO CASSANELLI foto PRAJWAL CHOUGULE foto MARCO COLLETTA

E aí, já visitou a

Pedra Furada?

SE NÃO, DEVERIA. IMPOSSÍVEL NÃO SE ENCANTAR POR UM DOS MAIS BELOS E ICÔNICOS LUGARES DA SERRA CATARINENSE. A PEDRA FURADA É LINDA E TEM MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR!

Famosa pelos invernos de frio intenso e pelas paisagens que se cobrem de branco devido às geadas e – não raramente – à neve, a Serra Catari nense é um dos destinos preferidos dos turistas no inverno. Mas não há dúvidas de que não é apenas na estação mais fria do ano que a região serrana tem roteiros incríveis, que enchem os olhos e encantam qualquer visitante.

Morros, cânions e cachoeiras são o cenário ideal para quem gosta de trilhas, do contato estreito com a natureza, de esportes radicais, ou mesmo simples mente de contemplar uma beleza sem fim.

Há para onde ir e o que fazer! E, também, muita história!

No cume do Morro da Igreja, por exemplo, a uma altitude de 1.822 m, têm-se uma das mais belas visões panorâmicas da Serra Catarinense. Incrustada numa escarpa do cânion está a Pedra Furada, o ícone máxi mo da região e do Parque Nacional de São Joaquim. O caos formou uma escultura em formato de “janela” com uma abertura que mede 8 metros de largura e 12 metros de altura. A sensação que se experimenta ao vê-la do mirante ou ao passar por dentro dela é indescritível. É uma experiência de tirar o fôlego!

textos e fotos DARIO LINS
ECO TRILHAS 78
foto GABRIEL LOTT

Uma história de milhões de anos

Para entendermos a história geológica de como se deu a formação da Pedra Furada precisamos voltar 240 milhões de anos, quanto toda a região era um imenso lago. Depois disso, há 150 milhões de anos o local se tornou um deserto. E “só” há 130 milhões de anos é que se iniciou o pro cesso de formação da Serra Geral, com inúmeros derrames vulcânicos fissurais que ocorreram em intervalos de milhares de anos, formando assim as camadas de rocha basáltica.

Hoje, depois de todo esse processo, podemos contemplar as belas paisagens e, em especial, a enigmática Pedra Fura da, que é o resultado da ação do tempo por um período de milhões de anos.

O refúgio dos jesuítas

A nomenclatura “Morro da Igreja” foi dada pelos padres jesuítas, que se refugiaram no local após o ata que do exército luso-espanhol, que destruiu os Sete Povos das Mis sões – também conhecidos como reduções. Morreram nessa batalha mais de 1.500 indígenas, entre eles o líder guarani Sepé Tiaraju.

Com o fim das reduções jesuíticas no Rio Grande do Sul, os padres e os índios migraram para o outro lado do rio Uruguai, seguindo para a Ar gentina, Paraguai e Santa Catarina.

Aqui em nosso Estado se esta beleceram no local hoje conhecido

como Campo dos Padres (nome em alusão à presença dos jesuítas no local). Mais ao sul, na Serra Geral, nos Campos da Santa Bár bara, os jesuítas avistaram uma escarpa monumental a qual as sociaram a uma catedral jesuíta. Foi certamente um saudosismo da catedral de São Miguel das Missões, deixada em ruínas pela Guerra Guaranítica.

Bem à frente da majestosa escarpa do Morro da Igreja está a enigmática Pedra Furada – ou Janela, como foi chamada pelos jesuítas.

Dos jesuítas, o que restou na re gião não foram apenas os nomes dados aos locais e os corpos sepul tados no Cemitério Jesuíta existente no Campo dos Padres. As lendas que nasceram com a passagem dos reli giosos pelo Morro da Igreja e Pedra Furada ainda instigam a imaginação das pessoas. Os moradores mais an tigos da região contam que os jesuítas esconderam quarenta cargueiros de ouro e prata em frente à Pedra Furada.

Imagine baús, panelas e potes com barras de ouro e prata en terrados entre as montanhas dos Aparados da Serra Geral!

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Atualmente a Pedra Furada e o Morro da Igreja estão dentro do Parque Nacional de São Joaquim. Parte do território é administrada pelo ICMbio e Aeronáutica, onde está instalado o Destacamento de Controle do Espaço Aéreo do Morro da Igreja (DTCEA-MDI), – que atua no monitoramento do espaço aéreo com Radar Primário e Radar Secundário, além de possuir Radar

Meteorológico, que diariamente emite atualizações e alertas sobre as condições climáticas.

As visitações ao mirante da Pedra Furada são obtidas diretamente com o ICMBio, mas é preciso avisar que aqueles que pretenderem se aventurar na trilha até o interior da Pedra Furada precisarão contratar um condu tor devidamente autorizado pelo ICMBio e Aeronáutica.

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SAIBA MAIS Para realizar a trilha da Pedra Furada e “conquistar” o ícone da serra catarinense, faça contato com Dario Lins/Eco trilhas Serra Catarinense. W 49 99801-6193 D www.ecotrilhasserracatarinense.com
Um local lindo e estratégico
CANAL DA BARRA TERÇA A DOMINGO: 11 ÀS 18H AS DELÍCIAS DA ILHA NO MELHOR LUGAR COMCONTAMOS UM DEEXCLUSIVOSERVIÇO LEVA E TRAZ VOCÊ LANCHA!DE RUA LAURINDO JOSÉ DE SOUZA, 291, FLORIANÓPOLIS/SC (48) 3234-4954 fedocadocanal fedocadocanal
POMERODE EM DUAS RODAS 82 Um bar na trilha dos ERA APENAS UM LUGAR PARA UM GRUPO DE AMIGOS, MAS ACABOU VIRANDO UM DOS PRINCIPAIS POINTS DO MOTOCICLISMO E ROCK’N’ROLL DA REGIÃO DE POMERODE motociclistas vikings textos LU ZUÊ fotos MARCO CEZAR

Cerca de onze séculos separam o surgimento dos vikings e o aparecimento dos motociclistas. Em Pomerode – mais especifica mente no Manga Rock Bar –, esses dois grupos tão distantes na histó ria se integram em uma atmosfera personalizada pelo proprietário, o empresário e motociclista Fredi Behling, popularmente conhecido Manga Fredi.

A fusão dos temas tem a ver com o espírito de liberdade e aventura que acompanha tanto os povos nórdicos que se espalharam pela Europa, quanto aqueles que curtem a vida sobre duas rodas. Segundo Fredi, a inspiração para a decoração viking utilizada no bar também tem a ver com a vinda do seu bisavô da Pomerânia, de onde deriva o nome da cidade: “Acho que as histórias se misturam. Meu pai, por exemplo, curtiu muito a onda das motocicle tas nos anos 1960. Ele teve moto, lambreta, mobilete. E eu também acabei indo pelo mesmo caminho. Faz seis anos que deixei de trabalhar na indústria têxtil, que durante anos foi minha ocupação. E hoje, além do bar temos o Manga Camping. É uma evolução constante”.

O Manga Rock Bar surgiu meio que na “garupa” do grupo de ami gos Griffus, formado por casais motociclistas de Pomerode (no Vale do Rio Itajaí), conhecida como a cidade mais alemã do Brasil. Cria do em 2010, o grupo foi batizado com o nome do Grifo, ser lendário de origens asiáticas milenares, que é um híbrido entre a águia e o leão. Trata-se de uma homenagem ao Grifo da Pomerânia, presente na bandeira do município. Como o grupo precisava de um local para se encontrar – principalmente para ouvir rock’n’roll e fazer churrasco –, o terreno da casa de Fredi serviu de base inicial.

O aumento da demanda, porém, fez com que o local se transformas se num ambiente “profissional”, sem perder o espírito de união tão caro aos frequentadores. “Com o bar, alguns amigos pediam para acampar no pomar que fica den tro do terreno da minha casa. O pessoal queria curtir, beber cerveja e ficar por ali mesmo, sem ter que precisar pilotar as motos de volta para casa. Foi assim que nasceu o camping. Uma coisa levou à outra”, explica Fredi.

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Família, pandemia e Harley-Davidson

Toda a família de Fredi ajuda a man ter o projeto envolvendo o bar e o camping. “Minha mulher, Betina, é uma grande parceira, tanto no Griffus quanto no trabalho. Nathan, meu filho mais velho, é muito inte ressado nas motocicletas; já The odor, o caçula, nem tanto. Mesmo assim, todos ajudam de alguma maneira a tocar os negócios. De certa forma, continua sendo um empreendimento familiar, mas hoje eu já tenho a ajuda de outros funcionários porque o projeto cres ceu”, revela.

Durante a pandemia da Co vid-19, o bar permaneceu fechado, mas o camping se manteve como um lugar bastante procurado por turistas. Para Manga, Pomerode tem se destacado muito na área do turismo, o que manteve a cida de movimentada apesar dos efeitos desse período de isolamento. “Cla ro, foi um período ruim para todo mundo. Hoje, porém, estamos reto mando as atividades. Abrimos o bar uma vez por mês para o público em geral, sempre com uma banda de rock. E nos outros dias alugamos

o espaço para eventos privados”, afirma.

Manga também sentiu na pró pria pele os efeitos do coronavírus, chegando mesmo a passar algum tempo na UTI de um hospital. “Sabe quando a vida dá uma trança pé na gente? Aí eu pensei: ‘eu tenho que aproveitar agora, porque pode não dar mais tempo’. Foi então que decidi realizar um sonho antigo e comprei uma Harley-Davidson”. A motocicleta anterior, uma Suzuki 1500 Intruder, permanece na família há mais de duas décadas. “Tenho uma certa difi culdade de me desfazer das coisas”, comenta. Não por acaso, para além do bar, do camping e das motocicle tas, sua fama em Pomerode também é a de uma pessoa que reaproveita os materiais que muitos jogariam no lixo. “Vou em oficinas de automó veis e fico procurando objetos que podem ser úteis em algum projeto. Muitos deles acabam fazendo parte do bar, que foi sendo montado aos poucos”, destaca. A decoração pe culiar reúne tanto objetos antigos ga rimpados por aí (algumas relíquias, na verdade!) quanto peças produzidas

artesanalmente pelo próprio Manga. “Adoro caveiras”, conta. Nem preci sava dizer!

E um detalhe: parece que o am biente nunca está finalizado, pois cada vez que se entra no bar é pos sível encontrar uma nova peça – ou peças – decorando o lugar.

Evoluir é um verbo-chave na vida de Fredi. Se o acaso teve sua parcela de responsabilidade, tam bém foi com a determinação de um motociclista viking que seus proje tos tiveram sucesso. “Felizmente, o Manga Rock Bar e o Manga Cam ping são duas referências em Po merode. Como eu disse antes, vejo isso tudo como uma evolução cons tante. Depois do que passei com a Covid, tento enxergar as coisas de boa, porque se levar a sério demais só atrapalha. Acho que isso tem tudo a ver com o espírito de quem tem uma Harley-Davidson e curte estar perto de outras pessoas com os mesmos interesses”, finaliza.

Quer conhecer? Visite: I mangarockbar/ F MangaRockBar/

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Gasolina, óleo e sangue correndo nas veias

“Sempre que faço um exame de sangue, o resultado já sei de antemão: 40% de gasolina, 40% de óleo e 20% de sangue”. A frase, repetida com frequência pelo geó logo, ex-funcionário público, mo tociclista por natureza e ‘harleyro’ por paixão, Dauzelei Benetton – o Benetton – é o resumo da relação que ele tem com o motociclismo. “Comecei a ter motos com 12 anos, quando troquei uma bicicleta que ganhei de Natal por uma BSA 4,5 hp. Naquela época não se falava em moto, mas sim em ‘motor’, e quando precisava consertar tinha

que ir atrás de um torneiro. E olha, depois disso não parei mais, tive várias motos... Harley, Indian, Hon da... foram muitas”, conta.

Mas a paixão maior mesmo sempre foram – e são – as lendá rias Harley-Davidson.

Entrar no apartamento de Be netton em Florianópolis é conhecer um universo à parte: difícil encon trar um centímetro de parede que não esteja escondido por uma foto, recortes de revistas – com maté rias onde aparece ao lado de me cânicos, companheiros de viagem e personalidades do mundo do

motociclismo –, cartas e até uma imagem de Jesus Cristo segurando o motor de uma Harley. Além dis so, jaquetas (“paramos de contar quando chegamos a 120!”), botas e até mesmo uma bateria (claro, Benetton ama rock’roll). Na mesa de vidro está desenhada a Rota 66! E detalhe: muita coisa foi transferi da para Pomerode, que há algum tempo é a sua morada principal.

Aos 68 anos, Benetton guarda na memória – e gosta de contar – muitas histórias. Como a verda deira “novela” da compra de sua primeira Harley zero km, que veio

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CONHECIDO COMO O MAIOR HARLEYRO DO MUNDO, BENETTON ESCOLHE A MODÉSTIA E SENTENCIA: “SOU UM DOS MILHARES. SOMOS UMA VERDADEIRA NAÇÃO!”
LUZUÊ fotosMARCOCEZAR,LAURASACCHETTI eARQUIVOPESSOAL
textos

direto dos Estados Unidos depois de uma conversa com Willie Da vidson (atualmente com 88 anos), neto de um dos fundadores da em presa e que durante anos foi chefe de styling da marca. Por telefone, ouviu do próprio Willie a frase: “A tua moto será embarcada em um voo comercial hoje, e amanhã es tará em São Paulo”.

Creiam: Benetton literalmente “acampou” na loja da Harley em Curitiba, e estava decidido a só sair dali em cima de sua Road King Classic Azul com Prata, 1450 cc. E assim foi, no dia 25 de dezembro de 2000. Ele conta que estaria com ela até hoje, não fosse um acidente no retorno de uma viagem ao Chile ter provocado perda total.

Atualmente Benetton tem três motos da marca. Uma delas é uma réplica perfeita da usada pelo perso nagem Wyatt, interpretado por Peter Fonda – no lendário filme Easy Rider. Construída pelo customizador Ce lio Motorcycles, de Curitiba, a moto teve como base uma Fat Boy 1997 de Benetton. Aliás, uma das fotos penduradas na parede do aparta mento é com o próprio Peter Fonda, quando o ator esteve no Brasil, em

2001, para participar do IV Moto Road, em Campo Grande (MS).

Motociclista na essência e na alma, no dia a dia Benetton usa o figurino característico: bandana, colete, bota, correntes e muitos anéis de prata – um anel de caveira, desenhado pelo próprio, foi dado como presente a Willie Davidson, quando se conheceram em Punta del Este no evento de comemora ção do aniversário da marca. “Ele ficou tão vidrado nos meus anéis que não tive dúvidas: o que ele mais gostou – uma caveira de prata que veio da Tailândia – e entreguei para ele na hora. Depois ganhei outro igual”, relembra. Como forma de gratidão, Willie enviou uma carta para Benetton, a quem considera o maior harleyro do mundo. “A es posa dele, Nancy, disse que nunca o tinha visto tão feliz como quando estivemos juntos”, conta.

Quem olha esse cara todo pa ramentado, tatuado (a marca e as asas características da Harley-Da vidson cobrem as costas de Benet ton), com jeitão de mau, acaba se surpreendendo com a sensibilidade que aflora com frequência e pelos mais variados motivos. Até mes

mo quando fala dos dois gatos –Matilde e Tisco – que vivem com ele e Inajara em Pomerode, ele se mostra como realmente é.

Quis o destino que no dia em que recebeu a Mural, Benetton es tivesse comemorando os 23 anos de criação do grupo “MC Legends Never Die” (que atualmente conta com cerca de 50 motociclistas), e as mensagens chegavam a todo ins tante pelo celular. E teve mais emo ção, porque no meio da entrevista recebeu a ligação do filho, Pietro, adiantando que havia sido aprovado no vestibular para Medicina.

Paizão, Benetton mostrou os braços arrepiados após receber a notícia, e contou a história do nascimento de Pietro: “Ele foi o primeiro bebê do mundo a nascer e, ainda na sala de parto, vestir um macacão completo da Harley. Eu, que não posso ver sangue, cortei o cordão umbilical e coloquei o macacão na hora!”. Na comemo ração do aniversário de 100 anos da Harley-Davidson, Pietro tinha 20 dias, e a “aventura” na sala de parto foi notícia em jornais brasileiros e internacionais.

É mesmo muita paixão.

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Mas nem só de motos vive

Dauzelei Benetton

Católico e praticante, o exfuncionário público sempre foi ligado em ações sociais e colo cou em prática diversas iniciativas filantrópicas ao longo da vida. Durante mais de 10 anos foi par ceiros da Apae ajudando a arrecadar fundos e organizar eventos, mobilizou colegas de serviço para ajudar grupos e famílias, além de contribuir e traba lhar na realização de festas religiosas. “O motociclismo é um estilo de vida, que te permite fazer amigos e amizades ver dadeiras. A gente aprende a se preocupar com os outros, a ter uma sensação de comu nidade, a viver em grupo. E não há dinheiro que pague isso tudo, e ainda a oportunidade de sentir o vento no rosto e estar tão integrado à natureza que se tem a sensação de retornar ao útero materno. Quem experimenta isso, sabe que é assim!”, explica.

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A vida em Pomerode

Há alguns anos, em uma festa no antigo bar John Bull, Benetton conheceu a fisioterapeuta Inajara Jasper. Gaúcha de Marcelino Ramos, Inajara vinha com certa frequência visitar Flo rianópolis, e o primeiro encontro aconteceu. Mesmo com o retorno para o Rio Grande do Sul, mantiveram contato. Ela lembra que em 2016, quando decidiu dar uma reformulada na vida e buscar melhores oportunidades de trabalho, Florianópolis foi a cidade escolhida, e a relação ficou mais constante.

Uma outra coisa os unia: a paixão pelas motos. “Meu primeiro contato foi na época da graduação. No último ano, para facilitar o deslocamento, ganhei uma Yamaha Neo, que depois acabei usando como entrada para comprar um carro. Mas a vontade e a certeza de que voltaria a ter moto continuou”, conta Inajara.

Em 2019, após uma breve passagem pela cidade natal, a fisioterapeuta retornou para Santa Catarina e desta vez estabeleceu-se em Pomerode. “Uma cidade acolhedora, gostosa de viver e com todo esse potencial turístico. Abri meu estúdio de Pilates, com espaço para fisioterapia e dermato funcional – área na qual me especializei –, e cá estou.”

Segundo conta, a chegada da pandemia, em 2020, fez com que o plano de ter sua pró pria moto passasse a ser realidade. “E tinha que ser uma Harley-Davidson”, sentencia.

Por incrível que pareça, Benetton não acha va uma boa ideia. “Ele dizia que era muito peri goso, que a moto era pesada, que eu não con seguiria segurar... ele foi meu inspirador, mas não meu incentivador. Mesmo assim, comprei minha primeira Harley – uma – Sportster 883 cc –, e aí coloquei em prática uma frase que trago comigo: ‘A vida só vai para frente depois que você sai da garupa’”, diz.

Logo surgiu a vontade de aumentar a po tência, e novamente Benetton tentou frear a ideia, dizendo que era preciso ter calma. Mas paixão é paixão, e em pouco tempo a troca aconteceu. “Agora estou com uma Deluxe 1600 cc, e uso bastante a moto.” Muito além da facilidade de deslocamento, Inajara aponta a sensação de liberdade e, ao mesmo tempo, a necessidade de autocontrole que pilotar a motocicleta proporciona, e a oportunidade do contato estreito com a natureza como expe riências terapêuticas. “Quando você está com pensamentos confusos ou com problemas, nada como um bom passeio de moto para reorganizar as ideias”, concluiu.

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Amizade instantânea fortalecida pelo motociclismo

Ao afirmar que o motociclismo é um estilo de vida que gera muitas e verdadeiras amizades, Benetton sabe bem do que está falando e coloca esse comportamento em prática no dia a dia.

Quando adquiriu o apartamen to em Pomerode, fez questão de conhecer o responsável pela obra, e assim teve o primeiro contato com Arlindo Arndt, proprietário da Construtora Arndt. “Fomos apre sentados e imediatamente nasceu uma amizade muito legal. Parecia que a gente se conhecia há tempos e, claro, a ligação com o motoci

clismo aumentou a sintonia entre nós. Sabe como é aquela relação de irmãos, de pessoas que se conhecem desde a infância? Ele sempre tem boas histórias, e as conversas normalmente são longas e alegres”, conta Arndt.

Proprietário de uma Boulevard 1500 cc, de cor preta, o empresário conta que a atração pelas motocicle tas surgiu na infância, e foi crescendo com o passar do tempo. Teve várias ao longo da vida, mas a aquisição desse primeiro modelo de estrada, em 2011, foi a realização de um so nho. Antes, com modelos menores,

não se aventurava sobre duas rodas pelas estradas, mas a segurança ex perimentada ao pilotar um modelo mais potente e robusto foi o estímu lo que precisava para se lançar em viagens longas. E com uma parceira especial: Vilma, a esposa, também se encantou pelas viagens sentindo o vento no rosto e a liberdade que só as motos proporcionam. “É até difícil descrever, mas quando está em cima de uma moto é o momento em que o ser humano se sente livre para voar. Não tem asas, mas é como se tivesse... e é preciso pouco mais para ser completamente feliz”, conclui.

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Cantando (e vivendo) sobre duas rodas

“Liberdade – essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda!”. A frase da escritora Cecília Mei reles, do livro Romanceiro da Inconfidência, ajuda a contar a história de Mauro Mamute em suas viagens pelo Brasil e pela América do Sul.

Aos 52 anos, Mamute une suas duas paixões – mo tocicletas e rock’n’roll – em apresentações bastante singulares: ele toca violão e canta literalmente sobre sua Harley-Davidson. Qualquer lugar é lugar para suas performances, que tanto podem acontecer em pra ças públicas quanto em locais bastante particulares, como asilos, hospitais, creches, o Mercado Público de Floripa (onde ele conversou com a Mural!), sem pre transmitindo sua mensagem sobre liberdade. “As pessoas ainda não descobriram isso, mas a gente está no mundo para evoluir. A gente não veio aqui no mundo só para acordar, trabalhar, pagar conta... e o mundo está tão caótico... por isso, eu digo para não se apegar a nada, porque se você se apega, você sofre. Não falo para ninguém sair por aí andando de moto, mas sim para que as pessoas façam o que têm vontade e que ainda não realizaram”, comenta o músico motociclista (ou motociclista músico?) com uma simplicidade encantadora.

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MAURO MAMUTE VIAJA LIVREMENTE , EM CIMA DE UMA MOTOCICLETA HARLEY-DAVIDSON, LEVANDO O PROJETO “MOTOR PLUG – ESTRADA E ROCK’N’ROLL” PARA TODOS OS LUGARES ONDE PUDER CANTAR
textosLUZUÊ fotosMARCOCEZAR

Da Ilha de Marajó para a Ilha de Santa Catarina

Nascido na Ilha de Marajó, no Pará, desde criança se encantou com as duas rodas. Primeiro, teve uma bicicleta. Aos 11 anos, um grave acidente, porém, quase encerrou sua trajetória: ao apostar corrida com um Fusca, Mamute perdeu o controle de sua bicicleta e bateu num poste. Passou uma semana em coma e, após se recuperar, re petiu o feito – então, com sucesso. “Eu não era uma criança muito fácil. Me encantei pelas motocicletas e pelo rock’n’roll ainda na infância, principalmente depois de ouvir o som das guitarras de Jimmy Hen drix e Jimmy Page (da banda Led Zeppelin). Saí de casa aos 16 anos e tive de provar para minha família que poderia viver dos meus so nhos”, revela.

A carreira musical começou há mais de 35 anos, mas nos últimos seis tem viajado pelo País num

projeto que está perto de se tornar livro (Vida longa e rock’n’roll) e uma série de documentários (Mo tor Plug – Estrada e Rock’n’roll). Mamute explica que faz o registro dos acontecimentos de cada dia, as apresentações musicais, os en contros com desconhecidos que acabam se tornando amigos. Aqui em Floripa, acabou conhecendo o “embaixador” da Harley-Davidson, Benetton (matéria na página 86), que se transformou em amigo e personagem de suas histórias de vida. O que os aproximou – é claro – foi a paixão por motos e por rock. “Conhecia o Benetton de nome –quem não conhece! –, mas foi de forma casual que nos encontramos, conversamos e ficamos sintoniza dos. O cara é show!”, conta. “O livro que estou escrevendo é como um diário; e o documentário é baseado no livro. Eu mesmo gravo e edito

o material. Vai ser uma produção em vários volumes e só vai terminar quando eu morrer”, explica.

Morando em Florianópolis há cinco anos e meio, Mamute conta que veio atraído pelas baixas tem peraturas e por mais qualidade de vida. “Eu adoro frio, talvez porque vim de um lugar muito quente. Quis ter contato com as quatro estações definidas. E essa região aqui de Santa Catarina tem luga res fantásticos”. A vida de viajante ainda inclui uma temporada de três anos na Europa, onde morou em Portugal, Suíça, Espanha e França, durante a década de 1990. Na Amé rica do Sul, já visitou a Argentina e o Uruguai, tendo planos de conhe cer o Chile na sequência. “Penso que não adianta conhecer o mundo todo sem conhecer o lugar que a gente vive. Então, faço uma coisa de cada vez.”

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Perdas na pandemia e uma nova fase

Como não poderia deixar de ser, a pandemia da Co vid-19 afetou diretamente a vida de Mauro Mamute. E não só pelo fato de seu segmento de atuação ter sido um dos mais afetados quanto à produção e, como consequência, economicamente. Ao longo da pan demia, foram mais de 30 amigos muito próximos que perderam a vida por causa do coronavírus.

“Eu fiquei mal pra caramba com tudo o que aconteceu [as mortes dos amigos]. O baixista e o baterista que tocavam comigo também faleceram. Então, eu toco como uma homenagem a eles também. Sempre representando a liberdade. Eu tive uma nova chance na vida e quero aproveitar. Quero viver mais 53 anos fazendo o que eu ainda não fiz”, destaca.

Para quem já viajou tanto, o atual momento ganhou um sentido especial. “É uma nova fase. Diferente. Essa viagem que eu estou fazendo está me trazendo grandes surpresas, como conhecer pessoas, conversar sobre a vida e incentivar os outros a realizar os sonhos. Dizem que a Harley-Davidson é um estilo de vida. E eu me iden tifiquei com isso: viver de modo meio selvagem, mas um selvagem domesticado, porque eu gosto de conforto.”

A atual companheira de duas rodas é uma entre as várias do modelo “custom” que já teve, mas a primeira da marca Harley-Davidson – “a Baby Twu é um sonho realizado” – e viaja com Mamute desde 2014, servin do ora como meio de transporte, ora como palco das apresentações e muitas vezes de casa. Sim... Mamute literalmente “acampa” usando a motocicleta como base. Assim, pode se acomodar em qualquer lugar. “Eu já tive outras motos antes, mas também não me apego a elas. Porque elas fazem parte de mim enquanto estão comigo. Eu já nasci livre sem ter uma motocicleta”, completa.

Como no Romanceiro da Inconfidência, a liberdade de Mauro Mamute não pode ser explicada, mas sen tida – e não há ninguém que não a entenda.

Contatos de Mauro Mamute para apoio e patrocínio: E mauromamute@gmail.com W (48) 99660-9772 MOTO E ROCK 94

UMA CÊNICA ROTA VINÍCOLA NA OCEANIA

A região vinícola de Marlborough está localizada no norte da Ilha Sul, na borda do Estreito de Cook, entre o Mar da Tasmânia e o Pacífico Sul/Oceania.

MARLBOROUGH

Olhe o mapa mundi, bem no cantinho inferior esquerdo. Lá está um lugar incrível! Assim é a Nova Zelândia, um “país arquipélago” localizado no sul do Oceano Pacífico (Oceania). As duas maiores ilhas – Ilha Norte e Sul – têm climas distintos (na Ilha Norte – onde fica a capital Wellington – as temperaturas tendem a ser mais elevadas, e na Ilha Sul (a maior das duas) costuma ser mais frio.

Os lagos, fiordes, geleiras e montanhas sempre cha maram atenção do público e fizeram do país um destino turístico famoso, inclusive pela grande opção de esportes de aventura. Mas além disso tudo, o que vem chaman

do muita atenção tem a ver com a produção de uvas e vinhos. É possível encontrar uvas das castas Pinot Noir, Chardonnay, Riesling, Pinot Gris e Gewürztraminer, entre outras, sendo cultivadas nas ilhas Norte e Sul, mas o carro chefe é a Sauvignon Blanc: o país é hoje o segundo maior produtor mundial dessa variedade.

Apesar de relativamente recente, a vitivinicultura da Nova Zelândia merece destaque, e a região de Marlborough (na Ilha Sul) responde por mais de 70% da produção total de vinho do país.

E é justamente essa a rota cênica que Ike Gevaerd nos apresenta nesta edição.

Um pouco sobre Marlborough

Dentre as atrações oferecidas para quem visita a Nova Zelândia, a região vinícola de Marlborough merece atenção especial, não apenas pelos seus vinhos –que podem ser degustados nas dezenas de adegas ao longo das suas belas e seguras estradas –, mas também pela hospitalidade de seus produtores.

Marlborough
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textos e fotos IKE GEVAERD

A viagem de Wellington até Blenheim

São dois aeroportos que nos levam ao terroir de Marl borough: o de Blenheim, no coração da região de Picton, ou o de Wellington, a capital da Nova Zelândia. Eu optei por fazer a travessia por um confortável ferry a partir do porto de Wellington. Foram 30 minutos de travessia.

O território

O

Paisagens

Dirigindo, caminhan do ou pedalando é possível observar pai sagens esplêndidas.

As uvas

A Sauvignon Blanc – que tornou a região mundialmente conhecida pela qualidade do seu vinho – e a Pinot Noir são as uvas que se destacam. Outras também produzem vinhos de qualidade diferenciada.

sol, clima fresco, pouca chuva e solo com boa dre nagem com 20.000 ha de vinhedos, tornam a região vinícola de Marlboruogh a maior do país.
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As vinícolas

As mais de 30 vinícolas distribuídas pelo território fazem a festa de quem para lá vai à procura de bons vinhos. E não são poucas as opções!

Os vinhos

Centenas de rótulos podem ser degustados nas pró prias vinícolas ou escolhidos nas prateleiras dos mer cados de Blenheim e nos seus bons restaurantes.

As estradas

Pequenas estradas que cortam vinhedos até rodovias munici pais seguras e bem sinalizadas conduzem aos prazeres do bom vinho.

Gastronomia

A utilização de produtos locais de qualidade pelos bons restaurantes da região é garantia de um final de passeio com qualidade. Na foto abaixo, o marisco verde, uma especiaria do mar da Tasmânia.

Interior da vinícola

Entrar nas vinícolas e ser recebido por seus donos é certamente uma experiência inesquecível por quem se aventura por aquela terra especial.

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O carvalho e o aço

Um ou outro? Independen temente de onde são arma zenados e envelhecidos, a maioria dos vinhos produ zidos em Marlborough é de boa qualidade, Teste os dois!

Cuidados com o meio ambiente

A referência de vinícola credenciada com o símbolo de sustentabilidade pode ser encontrada na grande maioria dos estabelecimentos visitados.

Lazer e recreação

Lojas que vendem azeite de oliva, cafés, ateliers que co mercializam artesanato e outros produtos locais podem ser visitados nos intervalos entre uma vinícola e outra. São complementos que ajudam a degustar o vinho.

Pois é

Foi realmente uma experiência diferente naquela ilha do Pacífico Sul. Não só pela qualidade dos seus vi nhos, mas também pela hospitalidade dos produtores. No foto, estou com Brian Bicknell, da vinícola Mahi, responsável por produzir um dos melhores vinhos que degustei. Qualidade e hospitalidade caminham juntas!

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QUINTA DA

PELO MUNDO
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BEM ESTAR E NATUREZA, O NOVO CONCEITO DO LUXO EM PORTUGAL

COMPORTA

A uma hora de Lis boa e a poucos quilômetros da praia da Comporta, esse hotel de 5 estrelas, imaginado e desenhado pelo conhecido ar quiteto português Miguel Câncio Martins, encontra-se cercado pela paz e tranquilidade da natureza. Com paredes em branco, o hotel reflete bem o estilo tradicional português, misturado com um design contemporâneo e um paisagismo de tirar o fôlego.

Ao redor de uma atmosfera idílica, a Quinta da Comporta foi desenhada para oferecer o máximo conforto e relaxamento aos seus hóspedes, o conceito do novo luxo, onde o conforto e o bem-estar – numa simplicidade de extremo bom gosto – são prioridades.

A piscina exterior tem vista deslumbrante para um arrozal e toda a natureza do lugar.

O hotel possui uma charmosa piscina coberta, com cons truções de madeira recuperada que lembram grandes celeiros; o spa – com produtos naturais à base de arroz (produção lo cal) – e os quartos são de uma simplicidade revigorante, com paredes brancas, piso de concreto, tapetes de sisal e poltro nas de vime. O check-in é realizado em um local com objetos

PELO MUNDO
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textosDANIELEMAIA @DMHLUXURY fotosDANIELEMAIA, FREDERIC DUCOUT eMANOLO YLLERA

colhidos a dedo, tudo de muito bom gosto, um am biente que combina o rústico tradicio nal com um mix contemporâneo, tornando o lugar extremamente acolhedor. Logo após completar um ano da inauguração, o hotel foi para a “Hot List 2020”, tradicional lista elabo rada pela Condé Nast Traveler, que reúne os melhores empreendimentos hoteleiros do ano. Essa lista é uma das mais cobiçadas no mundo da hotelaria. Entre os mais de 400 candidatos são selecionados 76 hotéis por todo o mundo. A Quinta da Comporta ficou entre os três empreen dimentos portugueses da lista, e é o único da região de Alentejo.

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O hotel fica numa pequena península, a me nos de uma hora e meia de Lisboa. Comporta é ainda muito pouco conhecido pelos brasileiros. A região tem uma paisagem paradisíaca e praias quilométricas com areias douradas, que emolduram um imenso mar azul. Trata-se de uma grande reserva natural com ar rozais extensos, e o pequeno e charmoso vilarejo de pescadores seduz os visitantes com sua arquitetura típica e colorida. Esse paraíso a ser descoberto está localizado bem ao sul da grande capital portuguesa, Lisboa, norte da costa alentejana, e longe do circuito turístico. Comporta já caiu no gosto de muitas celebri dades internacionais e visitantes europeus.

Extremamente charmoso, o vilarejo exibe uma beleza pitoresca da região: uma antiga e minúscula igreja numa pracinha e casas coloridas fazem parte de um verdadeiro cartão postal. Nos telhados das casas, ninhos de cegonhas fazem parte de um visual típico de Comporta, atraindo fotógrafos profissionais e amadores para o melhor clique.

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Lindas lojinhas recheadas de roupas e objetos úni cos, refletem o espírito sofisticado e despretensioso do sul da Europa. A Casa da Cultura, localizada pró xima à pracinha, apresenta interessantes exposições, artesanatos e vinhos locais. Outro lugar interessante do vilarejo é o famoso Museu do Arroz.

Uma dica para a hora do jantar é o restaurante Cavalariça, que oferece uma gastronomia contem porânea, com peixes frescos da região e deliciosas sobremesas. O restaurante foi construído num antigo celeiro e sua decoração é bem diferenciada e de muito bom gosto. Porém, na alta temporada é importante fazer reserva com antecedência.

Outra dica são os restaurantes na praia. O Sal é um dos mais badalados e muito bem frequentado. Nada mais nada menos do que a estrela Madonna era habitué do local quando residia em Portugal.

Comporta é sinônimo de imersão na natureza, e o hotel tem uma simplicidade especial combinada com sofisticação e luxo na medida certa! Impossível estar em Lisboa e não descobrir esse paraíso português!

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Owner DMHLuxury – Luxury Consulting/ Lifestyle/ Travel Correspondante France Revista Mensch et Revista Mural 5 www.dmhluxury.com FREDERIC DUCOUT 5 www.fredericducoutphotography.com MONOLO YLLERA 5 www.manoloyllera.com
DANIELE MAIA

Para matar a saudade e lavar a alma na festa no

Bem assim... uma noite que cumpriu seu papel e entra para a história da Mural como a primeira festa de lançamento pós-pandemia da nossa revista. Nossa, sim! Sem pre será nossa... Foi uma festa para mostrar que sabemos encarar mu danças de acordo com as fases, aceitar que sempre podemos fazer melhor e ser melhores. A Covid-19 nos fez encarar essa realidade... e assim foi.

A estrela da capa da Edição 86 foi o Kadu Almeida, parceiraço nos so, cicerone das noites de Floripa. Era 20 de maio, uma sexta-feira que tinha tudo para ser gelada e que acabou se tornando uma noite

ímpar – no espaço mais que espe cial do Donna, em Jurerê – aque cida pelo desfile de gente bonita demais, com energia de sobra, que há muito não se encontrava e que não escondia a ansiedade de se ver, de dançar, de ter a Mural nas mãos e folhear em conjunto uma edição feita com tanto carinho e cuidado. O que todos queriam era CO-ME-MO-RAR... e o encontro foi perfeito!

Marco Cezar – é claro! – estava lá, à frente de tudo, feliz demais e ansioso pela oportunidade de regis trar momentos especiais depois de cinco edições lançadas sem festa. E o resultado está nas próximas

páginas, traduzido em sorrisos sinceros, produções caprichadas, stories publicados, republicados e compartilhados, fazendo bombar o nome da MURAL!

Levante a mão quem também estava morrendo de saudades de ver este Mural da Moral a mil, repleto de gente feliz e de bem com a vida, celebrando o retorno à comemoração desta revista que faz parte – e ajuda a escrever – a história da Ilha.

A verdade é que assim como a raça de Floripa, a gente adora uma festa. E por isso, o dia 20 de maio de 2022 vai ficar na história! Na nossa e na sua! Confira!

Nelsa, Cleusa e Luciano Turma da Karina Barros Serginho, Jessinha, Rafael e Letícia
MURAL DA
106
Família Rafaela Linhares
MORAL
fotos IMARCO CEZAR
Donna
Victória Leandro Piazza e Bruna Nani Machado Attílio Colliti e Débora Aline, Caterine, Kátia e Keli Carol Pontes, Daniel Araújo, Michele e Francisco Angela Zill, Kadu Almeida e Valentina Santos Janaina, Roberta e Paola Aline Ivan Pereira, Edson Silva e Lu Soares Samira e Milena Soares Mariana Perez Deise Zimermann e Ricardo Pereira Taísa e Leandro Maria Eduarda, Taí e Maicon Rafaela Linhares Bertoli
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MURAL DA MORAL Giovanna Conzatti Gisa Bond Omaia Alex e Tchello Nelsa Andrade Giuliana e Vanessa Flávia e Janaina Turma do Sandro Turma do Rossi Turma do André Seben Omar, Isa e Déia Turma da Vanessa Miriam, Regis, Silvia e Maroca Turma da Josie Carol, Daniel, Carlos, Micheli, Francisco e Kadu Turma da Nani
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Daniela Borba
MURAL DA MORAL

Um ponto de luz

fotosCAIOCEZAR

Inaugurado em novembro de 2021 pelo fotógrafo Caio Cezar e pelo escritor Fábio Brüggemann, o Ponto Bar e Piadina rapidamente virou lugar de encontro de artistas, jornalistas e intelectuais, reunindo gente de várias gerações num ambiente de luz suave e acolhedora, repleto de livros e foto grafias. Tudo animado por uma playlist onde só entra música brasileira.

No cardápio, além de drinques bem cuidados, vinho e seis torneiras de cer veja artesanal, o bar serve as delicio sas piadinas, comida romana feita com massa fresca e recheios variados.

No quarteirão de entretenimento em que se transformou a Rua Victor Mei relles, o Ponto abre de terça a sábado, das 18 horas à meia-noite.

MURAL DO PONTO 110
@caiocezar, @atelienannyssouza39 e @fabiobruggemann
@a.mar.ilia heloisa.espada @leticiasais
@estelacamillo e @licalalita @nuneskll e @alinenatureza
@mandyjst e @mariliareginato @anitapoffo @joaogoularth_
e @damaziobea
MURAL DO PONTO 111 @sozimtheking @georgiandres @gassenandre @fabetinha e Roc de Castro @riosgb @giovanna_olivo e @bbiaclasen @laura_leticiac @larissapaul @didokruger e Antônio Monte Christo @yasmineholanda @eroticasalome @raaaaaaaafaaaaaaaaa @paulovasilescu @mimsss.art @_marusera e @martamarianova @c.canhete e @moraesyara @karinthedancercimbathedog e @renatoturnes @tibormax e @thaystonin

Um brinde aos 70 anos de Kátia Menezes

Foi com uma festa surpresa organizada pelos filhos que Kátia de Menezes Niebuhr festejou a chegada dos 70 bem vivi dos e felizes anos. Justamente ela, que sempre gostou de organizar comemorações e promover encontros, chegou à festa sem saber absolu tamente nada do que a esperava.

Junto com a surpresa veio a grande emoção de estar entre amigos queridos que há muito não via. “Eu amo meus amigos e sei que eles me amam também. O simples fato de reuni-los depois da pandemia já é uma festa, e quando tudo é organizado pelos filhos vem a certeza de que passamos a lição de casa bem de boa”, comemorou a aniversariante.

O ambiente lindo, música boa e gente fe liz demais, brindando à vida e ao reencontro num momento tão especial, deram o tom à comemoração.

Kátia estava feliz ao lado do marido, Socó, dos filhos e noras, dançou muito, aproveitou a noite e abriu o novo ciclo com chave de ouro e de bem com a vida. “A vida passa rápido. Então, vamos brindar aos bons momentos ao lado de pessoas que amamos. Isso é tudo de bom!”, contou.

Confira quem estava lá e como foi a festa!

textosLUZUÊ fotosMARCOCEZAR

COMEMORAÇÕES 112
Pinho e Nanda Pedro e Luísa Cristina e Kátia Lucinha e Luiz Fernando de Vincenzi Joel Menezes Niebuhr e Fernanda Família Menezes
COMEMORAÇÕES 113
Manoel, Maria Cláudia e Tóia Lucinha, Luciano, Cleusa, Beto, Beatriz, Kátia, Regina, Mário e Anastácio Cacau Ávila e Cacau Menezes Patrícia Prade, Péricles Prade e Kátia Menezes Niebuhr Maria Izabel Ávila e Fernanda Menezes Niebuhr Olita e Roque Rose Buendgens Leninha e Anastácio Socó e Kátia de Menezes Niebuhr Miriam, Maria Helena, Kátia, Juliana e Dora Lena e Roberto Costa Bruno, Tiane, Elisa, Luiz, Geninha, Mara, Natanael, Gina e Pinho Turma do Jay Witti, Gisa e Suzana Anastácio Kotzias, Luiz Fernando de Vincenzi, Odilon Tayer, Mário Kenji e Luciano Cassaroto Mário Kenji, Regina, Heloísa e Odilon Tayer Cícero e Gláucia Kátia e Sandra Camacho Joel, Pinho, Kátia e Pedro Cristina, Kátia, Betinha, Celeste e Fernanda Cacau Ávila, Flávia, Beatriz, Fausto Carioni, Maria Izabel e Hugo Carioni Fernanda, Kátia, Nanda e Luísa

Rita Cruz Lima Dias e seu aniversário “secreto”

O BAR ERA SECRETO, MAS NA FESTA, NINGUÉM ESCONDIA A FELICIDADE. PELAS FOTOS DO MARCO CEZAR É FÁCIL CONFIRMAR

Como é bom voltar a mostrar as festas que acontecem em Floripa aqui na Mural. E quando se pode dar parabéns e mostrar a felicidade de uma amiga querida, melhor ainda. Pois em setembro, Rita Cruz Lima Dias reuniu amigos para comemorar seu aniversário, e ao lado de seu Marcelo, abriu as portas do Citè Speakeasy, o intrigante e charmoso bar secreto localizado na região central da Ilha.

Família, amigos de longa data, pessoas queridas e que sempre movimentaram as baladas da Capital estavam lá, para abraçar e comemorar com o casal o início do novo ciclo.

COMEMORAÇÕES 114
Rita e Marcelo Carolina e Alexandre Pedro e Ticiane Ronan e Flávia
textosLUZUÊ fotosMARCOCEZAR
COMEMORAÇÕES 115
Aroldo, Rita e Heloísa Isabela, Carolina, Ticiane e Ana Paula Bruna e Paulinho Giba e Soninha Juliana e Marcos Ana e Daniel Marcela Mendes e Ricardo Halla Cristininha de Vincenci e Tutu Homem de Mello Rodrigo e Marcelo Saviane e Fabiano Félix e Nayara Rita, Henrique e Heloísa Fernando, Felipe e Vanroo Marcelo, Jô e Ricardo Cristina, Heloísa e Rita Rita, Jana, Soninha, Melina, Simara e Isabel Cris, Aroldo, Aninha e Waltinho Fernando, Simara, Rita, Fabiana e Felipe Cris, Valentina e Aroldo Dalva, Maneca e Adriana Fernando de Vincenzi, Simara e Isabel

Fernanda Bornhausen 6.0

E COMO ELA DIZ, COM MUITO SEDO

A data do aniversário é 4 de agosto, mas a comemoração foi no dia 5, cercada pela família e amigos queridos, distribuindo sorrisos e celebrando a vida com muito amor. SEDO = Setoronina + Endorfina + Dopamina + Ocitocina, e tem a ver com a forma de viver que Fernanda vem adotando, e fez com que, em suas palavras, chegasse aos 60 muito melhor do que estava há 10 anos.

A verdade é que alegria e energia não faltaram para Fernanda, que ao lado do marido, o sempre animadíssimo Renato Sá, recebeu os convidados e curtiu muito o início do novo ciclo de vida.

Marco Cezar estava lá, fazendo os re gistros da noite mais do que especial. A Mural sempre acompanhou Fernanda, e nesta data marcante não seria diferente. Confira nas próximas páginas.

COMEMORAÇÕES 116
textosLUZUÊ fotosMARCOCEZAR
COMEMORAÇÕES 117
Família Bornhausen Turma do Ian Annalisa e Renan Dalzotto Adriana Piazza e João Carlos Lewis Aldo e Sharon Guilherme, Jorge Bornhausen e Mano Jô Cintra, Fernanda, Maristela e Tero Cavalazzi Paulinho, Beto, Renan e Chico Lins Jeanne, Tânia, Lica Paludo e Lili Bornhausen Max Capella, Renato Sá e Juninho Paulinho, Guilherme e Juarez Clarisse e Ike Laura, Jorge, Fernanda, João e Alessandra Fernanda Bornhausen Sá e amigos há 48 anos do Colégio Catarinense Renato Sá e Fernanda Bornhausen Sá Ana Paula, Annalisa, Dada e Lica A raça Elisandra, Adriano, Alessandro e Mary
COMEMORAÇÕES 118
Chico Lins e Cristiane Amaral Isabel Campos e Serginho Koerich Marcos Ponsi e Mariela Silveira_ Marcela e Marlon Maria Morena Paula e Guido Phillipe, Bia e Jonja Clarisse e Kitty Déa e Fernanda Simone Keller Fernanda e Elvira Menezes Ike, Kiki e Jonja Márcia Dutra e Jorge Lacerda Paula, Tatiana e Lu Inácio Fernanda e amigas há 48 anos do Colégio Catarinense Fernanda e amigas há 48 anos do Colégio Catarinense Fernanda e amigas há 48 anos do Colégio Catarinense Eliane, Jeanne e Simone Lélia Nunes Egidio Martorano e Daniela Abreu Maristela Amirim e Tero Cavallazzi Diego Florentino e Juana Sirotsky Edson Boneca e Ana Paula Patrícia e Guilherme Grillo
Rua Joe Collaço, 1.034, Santa Mônica, Florianópolis/SC E rossi@rossicabeleireiros.com.br D www.rossicabeleireiros.com.br F RossiCabeleireiros I rossicabeleireiros 3024.3459 98842.0225 48. ANO 22

O poder do verde

AGREGADAS

À

ALIMENTAÇÃO, AS

PLANTAS

TRAZEM INÚMEROS

BENEFÍCIOS PARA A SAÚDE E BEM ESTAR

Outro dia li um artigo que perguntava: “O que pode ali viar a dor, te tornar uma pessoa melhor e ajudar na concentração?”. A resposta: uma planta. Claro, sem exageros, mas se pararmos para pensar no real significado dessa frase, faz todo sentido.

Hoje, as indústrias farmacêu tica e alimentícia gastam bilhões tentando encontrar fórmulas para melhorar a concentração, prevenir câncer, reduzir estresse... enquanto há um número menor de estudiosos (mas que já existem há muito mais tempo) que tentam uma abordagem mais leve: demonstrar que a natu reza pode ajudar as pessoas a se sentirem melhor!

Não estou falando em tom de crítica sobre isso. Acredito que ambas as indústrias têm um papel muito importante na manutenção da nossa saúde. O que quero é es timular a reflexão sobre o quanto você está terceirizando aos outros o cuidado com sua saúde, procu rando aquele milagre, que em uma embalagem ou cápsula, vai resolver todos os seus problemas.

Então, vamos ao primeiro pará grafo: plantas! Quero te convencer a realizar uma imersão no verde! E aqui, quando falo de verde, vai desde o verde que comemos, com o qual enfeitamos, que cultivamos ou com que temos contato. Pisar na grama, cultivar uma horta (pode ser só um cacto também), consumir folhas e vegetais... tudo isso, pode trazer inúmeros benefícios ao seu organismo. Artigos comprovam que há uma melhora na produtividade e diminuição de ansiedade quando temos o verde por perto.

Agora vamos à minha parte pre ferida: os benefícios do verde que comemos!

Quanto às folhas e vegetais, sai ba: quanto mais escura é a planta, maior o potencial terapêutico e as propriedades nutricionais! Hoje, inú meros artigos comprovam melhora no sistema imune, diminuição da pro dução de radicais livres, prevenção de doenças crônicas degenerativas e mesmo de câncer. Sem falar na detoxificação – na minha opinião uma das melhores qualidades, já que hoje nossa rotina está cercada de conta

minantes ambientais e nada como o potencial fitoquímico dos verdes para minimizar o estrago.

E tanto faz se você ouviu da sua avó ou na última notícia das redes sociais que comer verdes faz bem! A verdade é que é senso comum, sim! Então, destorçe o nariz e comece sua lista de compras: rúcula, agrião, cou ve, espinafre, acelga, salsa, coentro, manjericão... a oferta é enorme! Os verdes podem ser consumidos crus, refogados, em sucos, na forma de temperos frescos, sendo o astro prin cipal ou apenas dando um toque na receita. Lembre: além das folhas e vegetais mais tradicionais, hoje te mos os microverdes, as opções em pó concentradas (como a ora-pro nóbis, que é mato mas virou trend) e até a chlorella e spirulina (que são algas) podem entrar na dieta.

Capriche na decoração, no pra to, no destino de final de semana. Esqueça os milagres e entenda que o segredo está justamente em ali mentar seu corpo de forma natu ral e simples! Deixe sua vida mais colorida! E o verde é das melhores cores para começar!

NUTRIÇÃO 120
textos ANA CAROLINA ABREU fotos DIVULGAÇÃO

Razões para incluir os verdes na sua rotina

• Implementar os nutrientes: por serem ricos em vitamina A, cálcio, potássio, ferro, carotenóides e flavonóides, são uma ótima opção para repor várias vitaminas (quase um polivitamínico natural) em uma única garfada!

• Melhorar sua memória: estudos comprovam que consumir verdes – ou estar rodeado deles – tem atuação no cérebro, fazendo sua memória me lhorar e sua produtividade aumentar.

• Equilibrar sua microbiota: ao consumir verdes você alimenta os “bichinhos” saudáveis e aumenta a produção de enzimas digestivas. A composição das proteínas vegetais melhora a geração das células de defesa do organismo.

• Aumentar sua imunidade: por seus compostos bioativos, são importantes no suporte imune; seu corpo fica mais protegido ao ingerir os verdes.

• Reduzir o estresse: um dos nutrientes presen tes nos verdes são vitaminas do complexo B, como o ácido fólico. Além da metilação de DNA e crescimento celular, atuam como cofator na produção de neurotransmissores como a dopa mina e a serotonina.

• Envelhecer com suavidade: estudos têm demons trado que consumir verdes retarda o encurtamento dos telômeros (para quem não sabe os telômeros fazem parte dos nossos cromossomos e protegem nosso DNA; conforme envelhecemos, eles vão se reduzindo). Os antioxidantes presentes são os responsáveis.

• Fortalecer seus ossos: os verdes são ótimas fontes de cálcio e ainda têm uma melhor digestibilidade quando comparados aos laticínios, o que favorece a absorção de cálcio.

• Manter a glicemia estabilizada: por conterem fi bras, magnésio, vitamina C e antioxidantes, os verdes auxiliam no controle do açúcar no sangue.

• Limpar seu fígado: o verde é quase sinônimo de detox! Pela clorofila e seus fitoquímicos, atuam melhorando a produção de gluta tiona, eliminando toxinas e metais pesados do organismo.

• Deixar sua pele protegida.

• Proteger sua visão: vitamina A e carote nóides – como a ze axantina e a luteína – ajudam a prevenir a degeneração macular, que é como um enve lhecimento natural dos olhos.

Dica

Ainda não curte as folhas verdes? Comece com os microverdes! Eles são um pouco maiores que os brotos, mais concentrados em nutrientes do que as folhas grandes e – a melhor parte – com sabor bem suave e delicado tornam a apresentação do prato mais delicada e deixam qualquer prato mais saboroso e nutritivo! Inclusive, são a melhor for ma de iniciar uma hortinha simples em casa, pois são de fácil cuidado. Mas se você não curtir, sem problemas: hoje é fácil encontrar frescos à venda.

Curiosidade

Um estudo da Univerdade de Ro chester demonstrou que quanto mais imersas no verde as pessoas estão, mais generosas elas se tornam.

NUTRIÇÃO 121
VAMOS COMBINAR QUE O MUNDO ESTÁ PRECISANDO DE VERDE!

Raspador lingual

Escovar os dentes, passar o fio dental, usar o enxaguante bucal são comportamentos já inseridos no dia a dia, mas e o “raspador lingual”?

Conversando com pacientes e amigos, perce bi que esse não é um hábito unânime. Então, nesta edição vamos falar sobre a importância de raspar a língua – assim como o nome sugere, essa é a função do raspador: raspar, eliminando a saburra que fica presente no dorso da língua (massa esbranquiçada). A saburra é composta por bactérias, células mortas, restos alimentares e saliva.

Essa massa esbranquiçada aparece principalmente por uma má higiene, causando mau hálito. Porém, jejum prolongado, presença de fissuras na língua, estresse e doenças sistêmicas também podem fazer com que a saburra se acumule.

Além da melhora do aspecto lingual em relação à coloração mais saudável, os benefícios de usar o raspador são a melhora do hálito, o aumenta da pro dução de saliva, a melhora da digestão e, também, a diminuição do risco de lesões cariosas, doenças inflamatórias e gengivais.

O raspador deve ser usado após a escovação e uso do fio dental, sempre de trás pra frente, raspando a língua com uma leve pressão e passando na água corrente para eliminar a saburra do raspador.

Uma dica legal para melhorar o hálito ao acordar, é fazer a raspagem lingual em jejum, antes mesmo de escovar os dentes. Assim toda a saburra produ zida durante o sono – contendo as bactérias, toxinas e fungos – será eliminada. Com isso, sua digestão também irá melhorar.

Os raspadores podem ser encontrados em farmá cias, lojas do ramo ou sites, em formas e materiais distintos como cobre, inox e plástico. O importante é introduzir mais esse hábito na sua rotina e sentir os benefícios que ele irá trazer para sua saúde.

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Cuidados com seu corpo no

PUERPÉRIO

Entende-se por puerpério o período de 6 a 8 semanas pós-parto, durante o qual o corpo da mulher passa por profundas modificações físicas e emocionais para retornar ao estado pré-gravidez. Ao mesmo tempo em que se recupera lentamente do parto e das alterações ocorridas ao longo da gravidez, ela precisa também adaptar-se ao papel de mãe.

Durante o puerpério, a mulher precisa de cuidados especiais, e esse período – que se inicia uma a duas horas após a saída da placenta – pode ser dividido em:

• Puerpério imediato (1o ao 10o dia) – momento em que o corpo começa a se recuperar.

• Puerpério tardio (11o ao 45o dia) – período em que o corpo ainda está passando por transfor mações e os cuidados devem ser redobrados. O útero continua a regredir e a região genital se gue sofrendo modificações para se recuperar por completo do período gestacional.

• Puerpério remoto (a partir do 45o dia até enquanto a mulher amamentar) – quando a mulher estará sofrendo modificações da gestação (lactância).

O que quero trazer aqui para vocês são os cuidados com esse corpo que sofreu uma grande alteração e está em uma fase de instabilidade, necessitando de cuidados especiais ao longo desse período.

SAIBA MAIS

Músculo abdominal Assoalho pélvico Bacia Músculo Diafragma Músculo Paravertebral
FISIOTERAPIA 124

Devemos levar em consideração que todas as estru turas abdominais sofreram alterações de posição para poder acomodar o bebê, placenta, líquido e cordão umbilical, e para isso, graças à ação de hormônios as estruturas de suporte (ligamentos) ficam mais flexíveis e, consequentemente, instáveis.

Gosto de comparar nosso centro do corpo com um cilindro hidráulico que tem como função principal estabilizar as pressões dentro do abdome durante a geração de movimento. Calma lá! Sei que parece complicado, mas vou facilitar o entendimento. Imagine um cilindro... na parte de cima temos o músculo do diafragma (que fica logo abaixo das costelas), na parte de baixo os músculos do assoalho pélvico, na frente os abdominais e atrás os músculos costo-abdominais. Pronto! Fechamos nosso cilindro – e dentro dele temos nossas estruturas abdominais – que no período de puerpério fica bastante instável.

É aqui que eu quero chegar! Como podemos pro teger essas estruturas internas que estão “soltas”? A resposta é: ATIVANDO-AS!

Vale lembrar que no período de quarentena – sim, a mulher deve se resguardar e aguardar para retomar a prática de atividade física – é preciso ter calma, porém esse cilindro precisa ser ativado para manter a pressão intra-abdominal estável, diminuindo o risco de lesões.

Muitas pessoas acreditam que essa estabilização tem de vir de fora para dentro, com o uso de cintas, mas hoje já está mais que comprovado que usar cinta desativa o cilindro e enfraquece ainda mais os mús culos que são fundamentais para a estabilização e funcionamento adequado do corpo.

Então, sim!!! É preciso fazer ativações logo no pósparto imediato, protegendo o corpo e ajudando-o a retornar ao normal de uma maneira fisiológica e segura.

E não, não é possível ensinar essas ativações de uma maneira geral e indiscriminada. É fundamental uma avaliação de todos os lados de cada “cilindro”, pois a deficiência de uma das partes irá repercutir no funcionamento do todo.

Sendo assim, é fundamental a avaliação do fisiote rapeuta pélvico para considerar a correção se houver alguma disfunção, e ensinar a correta ativação dos músculos.

O resultado de todo esse cuidado é um corpo saudável, bonito, livre de disfunções e pronto para a prática de atividade física com segurança.

Não coloque seu corpo em risco. Saber ativar a estrutura irá prevenir situações de risco. E prevenir sempre é melhor do que remediar.

ROBERTA RUIZ

Fisioterapeuta – Crefito 38.482.

Pós-graduada pela USP em Fisioterapia Respiratória.

Instrutora de Pilates pela Physio Pilates Polestar (USA).

Pós-graduada em Fisioterapia Pélvica –Uroginecológica Funcional (Inspirar).

Formação em RPG e Terapias Manuais –Maitland (AUS).

Formação em podoposturologia (palmilhas posturais).

Proprietária do Espaço Integrata – www.integratafisio.com.br.

INTEGRATA PILATES E FISIOTERAPIA PÉLVICA

F Rua Gravata, 75 – Campeche – Florianópolis/SC C @integratafisio 1 (48) 99140-1810 g roruizfisio@gmail.com

FISIOTERAPIA 125

O que a dermatologia pode fazer pelo

seu cabelo?

Nos últimos anos, a dermatologia evoluiu muito no que diz respeito ao tratamento do couro cabeludo e dos fios de cabelo. Agora, com aparelhagem moderna, é possível diferenciar a causa da queda de cabelo. Durante o período de pandemia a procura pelos consultórios dermatológicos com queixa de queda de cabelo aumentou ainda mais, seja pelo estresse ou pelas sequelas pós-covid. Os pacientes buscam soluções rápidas e eficazes, e isso é possível graças aos tratamentos que evoluíram muito, com opções de medicações de uso oral, aparelhos e tratamentos em consultórios para um melhor resultado.

Queda de cabelo não é sempre igual!

Para fazer o diagnóstico é necessário fazer um histórico detalhado do seu caso, exame do couro cabeludo e dos fios, exames laboratoriais, tricoscopia e até biópsia, se for necessária.

Exames laboratoriais ajudam a diagnosticar carência de vitaminas, doenças autoimunes, alteração hormonal, anemia ou colagenoses, que podem estar associadas à queda dos fios.

Por meio da tricoscopia conseguimos visualizar o couro cabeludo e a espessura e característica dos fios. Ela permite ampliar em 70 vezes a visualização, é indolor e não invasiva, e além de diagnosticar, permite acompanhar o tratamento. Esse exame é realizado já na primeira consulta para avaliação da queda.

Após diagnosticarmos a causa da queda de cabelo podemos indicar loções capilares, medicações orais, suplementação vitamínica, intradermoterapia (injeção de medicações no couro cabeludo), tratamento com luzes (LED), laser, MMP capilar, microagulhamento, entre outros.

Além da queda – que afeta, em média, 40% dos homens e 30% das mulheres –, outra alteração com alta prevalência nesta época do ano é a dermatite sebor reica (caspa). A descamação do couro cabeludo pode vir associada à coceira e vermelhidão. O tratamento consiste em uso de shampoos específicos e loções.

Algumas dicas para evitar a caspa

• Banho morno e rápido, evitar água quente. A água quente resseca o couro cabeludo produzindo oleosidade como rebote;

• Rodízio de shampoos anticaspa, para trocar os ativos;

• Evitar tratamentos como alisamento e tin turas;

• Cuidar com o uso excessivo de secador; quando utilizar, manter o aparelho sempre a uma distância segura do couro cabeludo.

É bom lembrar que a caspa também obstrui o folículo, piorando a queda de cabelo.

Portanto, sempre que observar alterações no couro cabeludo ou seu cabelo estiver cain do excessivamente, o dermatologista deve ser consultado. Quanto antes for identificado o problema e o tratamento for iniciado, melhores serão os resultados.

Tempo é cabelo! Não deixe que isso abale sua autoestima.

SAÚDE 126
MARIANA TREMEL BARBATO Rua Ferreira Lima, 238, 6o andar, Florianópolis. Z
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I dramarianabarbato textos DR A MARIANA TREMEL BARBATO (CRM/SC: 10877 / RQE: 6741) foto DIVULGAÇÃO
(48) 3223-6891
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