Querida Matemática, resolve os teus problemas

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Querida Matemática, resolve os teus problemas

Um dia, a incógnita de uma equação, ao acordar, reparou que havia algo diferente. Foi até ao segundo membro, fazendo-se acompanhar pelo seu valor e notou que o sinal de igual que mantinha a harmonia entre membros tinha desaparecido para dar lugar a um sujeito do qual nada se sabia. Um intruso! A incógnita, extremamente preocupada, convocou de imediato o resto dos habitantes da equação para uma reunião geral importantíssima. Como nenhum sabia o que se passava, decidiram todos levar o problema ao tribunal dos números, isto é, a tabuada. Sim, porque é a tabuada quem trata os problemas das contas mal resolvidas. Estava uma fila enorme naquele papel quadriculado. Mais de cem quadradinhos preenchidos por más resoluções. E entre a adorada geometria com os seus problemas quadrados, a hipotenusa resmungona de um triângulo rectângulo e uma letra B zangada que lá foi parar por acaso quando se dirigia para as palavras, a incógnita lá foi atendida. A tabuada, primária como é, desconhecia o que fazer. Mas, como também é influentíssima junto de todos os números encaminhou a incógnita para os seus amigos peritos em resoluções bicudas. As raízes quadradas não sabiam o que se passava e garantiram que estavam mais preocupadas em não deixar que a raiz cúbica lhes tirasse o lugar do que em pensar, os expoentes garantiram que sabiam o que fazer mas que não diriam um único número sobre o assunto uma vez que não tinham sido convidados, e teve de ser um cateto simpático e distraído a explicar-lhes o que se passava. Ele disse que podia ser um sinal de maior ou menor conforme o lado para o qual estivesse virado (sim, porque os números também têm fases «não»). A incógnita voltou para a sua folha pensando que seria agora muito mais fácil. Ao chegar lá, virou-se para o sinal e disse: — Quem és tu afinal? Um maior zangado ou um menor imprudente? — Não sejas assim incógnita! Eu só quero resolver as coisas entre nós. E assim foi! Dançaram todos numa bela festa. Reduziram-se denominadores, trocaram-se membros e festejos, lançou-se uma recta pelo papel quadriculado, traçaram-se pontos e tudo! E até vieram o casal de infinitos (o − ∞ e o + ∞ ) para serem padrinhos da cerimónia. Os parêntesis é que foram embora mais cedo, o costume. Já a festa ia longa quando ao depararem-se com uma questão matemática ficaram todos muito aflitos.


A incógnita estava negativa! E o segundo membro, positivo. — Não pode ser! E agora? — perguntou a incógnita baralhada. — Ahah! Nós estamos resolvidos, aviados e positivos! Querida Matemática, cresce e resolve os teus próprios problemas! — apressaram-se a dizer os do segundo, membro. Uns prepotentes aqueles do segundo membro. No meio daquela confusão, o sinal de maior começou a ficar muito triste e virou-se para o outro lado (eu disse que isto acontecia) e o menos atrás da incógnita, descontente afirmou: — Se muda um, mudamos todos! E mudaram-se positivos para negativos e vice-versa. Quando acabaram as mudanças: — Já sei! Cá está a solução! Se todos formos unidos e mudarmos acabamos a equação! — A INequação! — corrigiram em coro.

Fim

Mariana Alves, 9º C


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