Revista - O Semeador Internacional - Ed. Maio

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FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936

MAIO DE 2015 Nº 909

O SEMEADOR Internacional ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO FUNDADO EM 1º DE MARÇO DE 1944

O pedido de uma mãe

Pintura mediúnica da FEESP. Tela pintada pela médium Regina Napoleão durante Programa Um Sentido Para Sua Vida

www.feesp.org.br

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R$ 6,50


Sumário

3 O pedido de uma mãe 4 Psicografia 5 Palestras públicas na FEESP 6 Curiosidade do mês de Maio 8 Provas e sofrimento 10 A ciência do corpo e da alma 12 Comunhão com Deus 15 O dever das mães segundo Editorial

Especial Dia das Mães

Programação de Palestras Públicas Alceu Nunes

Alexandra Strama

João Demétrio Loricchio

Paulo Oliveira

Psicografia

Emmanuel

16 Psicologia do Espírito Roberto Vilmar Quaresma

19 Terra: mundo de regeneração 21 A humildade e os Espíritos de Roberto Watanabe

Renato Costa

Escol

23 Entrevista no Programa “Um Especial

Sentido Para Sua Vida” com o 1º astronauta brasileiro Marcos Pontes

EXPEDIENTE Revista bimestral Assinatura anual: R$ 36,00 Fundado em 1º de março de 1944, por Marta Cajado de Oliveira (Diretora Responsável 1896/1989); Pedro Camargo “Vinícius” (Diretor Gerente - 1878/1966) e Cmte. Edgard Armond (Diretor Secretário - 1894/1982). Conselho Editorial Julieta Ignez Pacheco de Souza, presidente da FEESP, Maria Elizabete Baptista, vice presidente, Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia, diretora da Área de Divulgação, e demais membros da Diretoria Executiva da FEESP Editor: Altamirando Dantas de Assis Carneiro (MTb 13.704) E-mail: divulgacao@feesp.org.br As opiniões manifestadas em artigos assinados, bem como nos livros anunciados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, obrigatoriamente, o pensamento da Revista O Semeador Internacional, de seu Conselho Editorial ou da FEESP. Redação: Rua Maria Paula, 140, Edifício Allan Kardec, 3º Andar, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3115-5544 Ramal 224 Administração: Rua Maria Paula, 140 – Edifício Allan Kardec, 8º Andar, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3115-5544 – Fax.: (11) 3104-2344. Portal: www.feesp.org.br E-mail: divulgacao@feesp.org.br Registrado de acordo com os artigos 136131 do Decreto Federal 4.853 de 1939. CNPJ 61.669.966/0014-25 – Inscrição Estadual: 114.816.133.117 Assistência Social da FEESP: Casa Transitória Fabiano de Cristo, Av. Condessa Elizabeth de Robiano, 454, Belenzinho, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2797-2990 Casa do Caminho, Av. Moisés Maimonides, 40, Vila Progresso, Itaquera, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2052-5711 Sede Santo Amaro: Rua Santo Amaro, 370, Bela Vista, São Paulo – SP, Tel.: 3107-2023 Centro de Convívio Infanto-Juvenil D. Maria Francisca Marcondes Guimarães – Rua França, 145, B. Bosque dos Eucaliptos, São José dos Campos – SP Diretoria Executiva: Presidente: Julieta Ignez Pacheco de Souza Vice Presidente: Maria Elizabete Baptista Diretor da Área de Assistência e Serviço Social: Eli de Andrade Diretora da Área de Ensino: Zulmira Hassesian Diretora da Área de Assistência Espiritual: Maria de Cássia Anselmo Diretora da Área de Divulgação: Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Diretora da Área de Infância, Juventude e Mocidade: Vera Lúcia Leite Diretora da Área Financeira: Guiomar Cisotto Bonfanti Diretora da Área Federativa: Nancy César Campos Raymundo Presidente do Conselho Deliberativo: Afonso Moreira Junior Editoração: TUTTO (11) 2468-3384 Impressão: Gráfica Brasil (11) 3266-4554


Editorial

E E

O pedido de uma mãe

m Jerusalém a esposa Zebedeu, mãe dos apóstolos Tiago e João, pediu a Jesus para que os seus dois filhos se assentassem, um a sua direita e outro a sua esquerda, no Reino

dos Céus. Ao ouvir, Jesus falou aos irmãos: “-Podeis vós beber o cálice que eu hei de beber e ser batizado com o batismo com que eu sou batizado?” Tiago e João responderam de imediato: “- Podemos.” Diante da corajosa resposta, Jesus disse: “- Na verdade bebereis o meu cálice mas o assentar-se à mim direita ou a esquerda, não me pertence dá-lo por que o lugar é para aqueles que meu Pai tem preparado.”

Primeiramente reflitamos sobre o pedido dessa mãe, que para a história passou sem nome, porém jamais esquecida pelo ato de profundo amor aos seus filhos e grande confiança e fé no Mestre Jesus. Que mãe hoje não faria o mesmo pedido em suas orações? Que mãe não desejaria ver seu filho em felicidade plena, sem sofrimentos ou angustias? Jesus, exímio educador incumbiu-se não só de dizer a ela mas também aos seus filhos através de linguagem utilizada na época, como vimos acima, no texto do Evangelho de Marcos, que cada um deveria cumprir suas tarefas programadas pelo Pai de acordo com sua condição evolutiva. Jesus, Espírito evoluído que já era, dotado de vários dons, sabia que os seus queridos amigos Tiago e João beberiam do mesmo cálice, porque ambos já divulgavam Suas mensagens com muito empenho e sem medo. De fato anos mais tarde Tiago foi morto através da espada por ordem de Herodes quando de uma das perseguições movidas contra os cristãos e João desencarnou na ilha grega de Pátmos após prolongado exílio como consequência da propaganda que fazia sobre os ensinamentos de Jesus. Antes porém deixou o Apocalipse ditado pelo Mestre. Embora fossem Espíritos com certo grau de evolução para aguentar os martírios, ainda não eram o suficientemente evoluídos para estarem no patamar das Esferas Crísticas. Percebemos que Jesus falava em evolução através do trabalho em prol da humanidade e que o Pai decidia através de Leis Misericordiosas. Não era Ele, Jesus, que

Silvia Cristina Puglia Diretora da Área de Divulgação podia resolver tudo protegendo seus grandes amigos e colaboradores do maravilhoso Messiado de Amor. Ele colocou-se no papel de filho de Deus como todos nós, porém com seu potencial de entendimento e amor jamais deixou de ensinar corretamente sem preocupar-se de tomar atitudes que desagradassem, muitas vezes a maioria das pessoas.

Como no segundo domingo de Maio comemoramos o dia das mães escolhemos esse texto do Evangelho em homenagem às mães: -Àquelas que de imediato não entendem sua sublime missão e vêm seus filhos mortos por um ideal... - Àquelas que tiram o pão de si próprias para oferecê-lo aos filhos... - Àquelas que não medem esforços para que seus filhos se eduquem para o bem... - Àquelas que não têm vergonha de seus filhos com problemas “especiais”... - Àquelas que igualmente amam seus filhos que não estiveram nos seus ventres... - Àquelas que conseguem perdoar os inimigos dos seus próprios filhos... - Àquelas que orando por seus filhos, conseguem lembrar dos outros filhos de Deus... -Àquelas que por seu grande amor se comprometeram de vir como mães... Abraços

Silvia Cristina Puglia

O SEMEADOR Internacional

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Dia das Mães Jesus lembra-nos: “Eu vim para servir e não para ser servido”. A cada instante da vida somos convidados a servir com o amor dos nossos corações. Amor que é derramado na mais bela flor, materializada nos seres que Deus confiou a nós. E os filhos, como pérolas divinas, encaminhados à mãe na oportunidade maior, são as vias para que esse amor cresça e se frutifique em atos de bondade, generosidade, humildade e fraternidade. Os filhos não nos pertencem porque são as setas que norteiam a caminhada na jornada divina. Ora direcionadas por atalhos equivocados, ora direcionadas para a estrada principal rumo ao Pai, mas sempre amparadas na fé, abnegação, dedicação e renúncias maternas. Quão profunda é a relação maternal e filial, quão complexa e divinal no papel a ela conferido. Quanto a ser produzido na construção afetiva desta relação no desenvolvimento de caridade, qual estuário a abrigar seres tão necessitados de amor, como são os filhos. E o olhar se alonga sonhadoramente em projetos, algumas vezes distanciados do Projeto Maior do Pai, para o brilho fugaz da materialidade ilusória e passageira. Há que se ter a meta constante de educar com o mais profundo amor aqueles seres unidos às mães para os devidos acertos de equívocos de antanho. E Deus, em sua sabedoria infinita, clareia os passos da jornada difícil e espinhosa da tarefa maternal permeando os corações maternos de fé, coragem, perseverança e paciência. Aproveitemos as oportunidades oferecidas pelo Pai, pois os filhos são Espíritos que passam por nós, mães consanguíneas ou não, porém dignos de serem muito amados. Muita Paz

Psicografado por Nirley de Oliveira Lima Que faz parte do grupo de Psicografia Literária da Área de Divulgação

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TODOS OS DOMINGOS NA FEESP FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ENTIDADE FEDERATIVA E ORIENTADORA DO ESPIRITISMO ESTADUAL

MAIO / 2015 03/05 10h

TEMA: A LEI DO TRABALHO E A EVOLUÇÃO PALESTRANTE: Lidia Maria Conceição Andrade ATRAÇÃO MUSICAL: Andrea Bien

10/05 10h

TEMA: O AMOR DE MARIA DE NAZARÉ PALESTRANTE: Heloisa Pires ATRAÇÃO MUSICAL: Orquestra e Coral Carlos Gomes

17/05 10h

TEMA: O INSTINTO, A INTELIGÊNCIA E O AMOR PALESTRANTE: Albertina Ap. Veigas Corceiro ATRAÇÃO MUSICAL: Marcos Antonio e Silvia Regina Orfão

23/05 17h

Espetáculo Teatral O FILHO PRÓDIGO

24/05

SEMINÁRIO: VENCENDO OS DESAFIOS FAMILIARES PALESTRAS COM: Izaias Claro, André Martinez e Maria de Cássia Anselmo

domingo

domingo

domingo

sábado

das 9h às 16h15 domingo

30/05 18h

FILME: 07KM DE JERUSALÉM Entrada gratuita

31/05 10h

TEMA: A TERAPIA DO PERDÃO PALESTRANTE: Roberto Carlos Gonçalves Buchmann ATRAÇÃO MUSICAL: Grupo Portal do Som

sábado

domingo

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CURIOSIDADES DO MÊS DE MAIO

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mês de maio que atravessamos, é um dos assinada pela Princesa Isabel aconteceu a liberdade total mais ricos na comemoração de datas im- e definitiva dos negros brasileiros, abolindo de vez essa portantes. mancha na nossa história, embora – diga-se de passagem – ainda não se tenha conseguido abolir totalmente Temos o 1 de Maio como Dia do Trabalho, um feria- o preconceito racial. do nacional. Em 1886, milhares de trabalhadores foram às ruas Temos o 2º Domingo de maio para comemorar para exigir melhores condições de trabalho (a jornada o dia das Mães. de trabalho durava treze horas). Houve um confronto Essa data surgiu em razão do sofrimento de uma jocom a polícia que provocou a morte de alguns mani- vem americana que, após o desencarne de sua mãe pasfestantes. O fato gerou revolta, terminando em outros sou por uma longa depressão. Suas amigas, para aliviar enfrentamentos com os policiais e sete deles foram seu sofrimento, fizeram uma homenagem para a mãe, mortos. O resultado foi a morte de doze manifestantes que, aliás, havia trabalhado durante a guerra civil. e dezenas de feridos. Mas as mães já eram homenageadas desde os tempos A Segunda Internacional Socialista, ocorrida na mais antigos, havendo, entre os gregos, uma comemoFrança (de 1889 a 1916), criou o Dia Mundial do Tra- ração à mãe dos deuses, chamada Réia. E essa comebalho, que seria comemorado no dia 1º de Maio de moração estendeu-se à Idade Média e acabou chegando cada ano, mas aqui no Brasil, somente em 1925 a data aos dias de hoje, o que inspirou as jovens americanas tornou-se oficial, através de um decreto do então pre- que conseguiram, em 1914, com o presidente Thomas sidente Artur Bernardes. Woodrow, a oficialização da data, que se espalhou pelo mundo todo. Temos o 13 de maio que comemora a abolição da escravatura. Em diferentes localidades, a comemoração é feita em No século XVI não havia operários para realizar tra- dias diferentes. Na Noruega, é comemorada no segunbalhos manuais pesados. Os portugueses, então, depois do domingo de fevereiro, na África do Sul e em Portude tentarem escravizar sem sucesso os nossos índios, gal, no primeiro domingo de maio; no México, é uma buscaram negros na África para trabalharem à força, data fixa, dia 10 de maio. Na Tailândia, dia 12 de agosto, debaixo de chicote. Essa escravidão durou mais ou me- para homenagear também sua rainha. nos 300 anos e, no século XIX surgiu o movimento Aqui no Brasil, a data foi instituída pela Associação abolicionista defendendo a abolição da escravatura, que Cristã de Moços em Maio de 1918, sendo oficializada foi ocorrendo em etapas e de modo bastante lento, pois em 1932, pelo presidente Getúlio Vargas. somente em 13 de maio de 1888, através da lei Áurea Há muitas outras datas em outros países. Mas, além

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delas, em nossas pesquisas, descobrimos fatos espíritas que irão nos esclarecer bastante. Allan Kardec escolheu, como primeira entrevista de sua Revista Espírita (Janeiro de 1858), uma comunicação relacionada ao amor materno. Com a leitura, teremos muitas respostas às nossas dúvidas, tanto no que se refere ao amor materno, quanto no que diz respeito à reencarnação. Os trechos mais esclarecedores estão sublinhados para chamar a atenção. A entrevista é com o Espírito de uma menina de 14 anos que desencarnou depois de uma doença longa e dolorosa. Sua mãe, inconsolável, procurou uma médium para comunicar-se com a filha e ter alívio para seu sofrimento. A médium procurada pela mãe era inexperiente e pediu a ajuda de Kardec para essa comunicação. Estavam presentes apenas três pessoas: a mãe, a médium e o Codificador. Foi esta a comunicação:

pois estarmos conversando? Além disso, a senhora já me tem visto em sonhos. A Mãe – Eu pensei que fosse tudo imaginação minha. Julie – Não, mamãe, sou eu mesmo; estou sempre contigo, procurando te consolar; eu é que lhe dei a inspiração de me chamar. Tenho muita coisa a dizer. Mamãe, desconfie do senhor F... ele não está sendo sincero com a senhora. A Mãe – Mas o que ele pode fazer contra mim? Julie – Só posso preveni-la contra ele; o motivo não posso revelar. A Mãe – Então você está entre os anjos! Julie – Ainda não sou perfeita, mamãe. Para a senhora eu não tinha defeitos, mas agora eu percebo quanto falta para a minha perfeição; só vou consegui-la em novas vidas que serão cada vez mais felizes. A Mãe – Mas você era tão boa, por que sofreu tanto nesta vida? Julie – Eram provas, mamãe! Eu apenas suportei tudo com paciência e confiança em Deus; por isso, hoje sou feliz. Até breve, mãe querida!

A Mãe – Em nome de Deus todo poderoso, peço ao Espírito de Julie, minha filha querida, que compareça, se Deus assim permitir. Julie – Mãe! Estou aqui. Eu sou Lili. (Lili era um apelido familiar, conhecido apenas pela mãe que, ao ouvi-lo caiu em prantos.) Julie – Mamãe, por que está chorando? Eu sou feliz, muito feliz; não estou mais sofrendo e estou sempre ao seu lado. A Mãe – Mas onde você está que eu não vejo? Julie – Do seu lado, com minha mão sobre a senhora Y... (a médium) para que ela vá escrevendo o que eu digo. Observe a minha letra. (A letra era, de fato, da menina.) A Mãe – Você falou em sua mão. Então, você tem um corpo? Julie – Agora tenho só a aparência daquele corpo que me trazia sofrimento. Não ficou feliz por saber que eu não sofro mais,

Observação de Kardec – Não podemos duvidar da felicidade que essa mãe, antes tão sofredora, passou a sentir ao conversar com a filha, provando que a separação não acontece com a morte, que as almas se interligam e vão se expandindo e podem partilhar seus pensamentos. Embora não possamos identificar as pessoas pelo nome, fomos autorizados a narrar o acontecido, agradecendo à mãe que nos lembrou como seria maravilhoso se todos os que perdem seus entes queridos pudessem sentir o mesmo consolo. Com essa evidência, deixamos aqui uma dupla homenagem neste mês de Maio, principalmente às mães que pensam terem perdido seus filhos e filhas e aos filhos e filhas que pensam terem perdido suas mães.

Alceu Nunes foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É expositor, escritor, palestrante e articulista espírita de revista e jornais.

O SEMEADOR Internacional

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PROVAS E

sofrimentos

“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós” – Paulo (Romanos 8:18)

P P

aulo de Tarso, o corajoso apóstolo, dentre os seus inúmeros ensinamentos, mostra-nos, em vários deles, que os sofrimentos que enfrentamos com dignidade e humildade, são um passaporte para um futuro mais tranquilo. Os sofrimentos, advindos de provas e/ou expiações, muitas vezes são inevitáveis, porém, há o bem e o mal sofrer, como já nos adverte o Espírito Lacordaire em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. “Quando o Cristo disse: ‘Bem-aventurados os aflitos, o Reino dos Céus lhes pertence’, não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao Reino de Deus” (Cap.5, item 18). Por que para nós é tão difícil passar pelas provas ásperas que nos trazem o sofrimento? Rebeldia contra Deus, impaciência, orgulho etc etc etc. Poderíamos desenrolar aqui uma lista imensa de motivos, todos calcados em nossas imperfeições, porém, quando compreendemos que o sofrimento é opcional, muita coisa muda. Muda nossa maneira de encarar a vida. Muda o jeito com que vemos o próximo. Muda, sobretudo, o modo como nos sentimos nas provas. A tempestade pode machucar, mas só nos levará junto se deixarmos. Vontade! Perseverança! Coragem! Fé! Precisamos de mais alguma coisa? Sim, se não acrescentarmos o amor à essas palavras, não conseguiremos ir muito adiante. Amor que temos em nossa essência, mesmo que achemos que ele anda meio apagado em meio ao turbilhão do cotidiano exigente. A sociedade egoísta, o ambiente de trabalho conturbado, o familiar beligerante, todos eles nos colocam à prova, porém, só sofreremos com seus ataques quando nos sentimos mais frágeis que eles. E quando supomos que os sofrimentos nunca passarão. Diz-nos Kardec, em “O Céu e o Inferno”, que “uma condição inerente à inferioridade dos Espíritos é não 8

lobrigarem o termo da provação, acreditando-a eterna, como eterno lhes parece deva ser um tal castigo” (Cap. 7 – Código penal da vida futura, nº 15). Logo adiante ele afirma que não há provações eternas, nem castigos, muito menos sofrimento que dure para sempre. ` Evoluímos com nossos erros. Por vezes, não admitimos que eles se encontram em nós, mas basta que a vida siga seu curso natural para compreendermos, mais cedo ou mais tarde, que somos os verdadeiros condutores da nossa história. Pode demorar, mas todos chegaremos lá. Que nos sintamos revigorados com Tiago, quando ele setencia: “Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor. Eis que temos por felizes aos que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó, e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheia de terna misericórdia, e compassivo” (5:10-11). Paciência de Jó e fé, pois, como ainda diz Paulo de Tarso “se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Romanos 8:31).

Alexandra Strama foi conferencista dos Congressos Espíritas 2008, 2011 e 2014. É expositora, palestrante e articulista espírita de revistas e jornais.


Codificação Espírita Com capas novas e conteúdos totalmente revisados.

ALLAN KARD EC OBRAS DO AU TOR PARA ES TUDOS FILOSÓ CIENTÍFICOS FICOS, E RELIGIOSO DA DOUTRINA I - O LIVRO DO ESPÍRITA S ES

PÍRITOS .......... II - REVISTA ES .............................. PÍRITA ............... .............................. .............................. III - REVISTA .................. 1857 ESPÍRITA .......... .............................. .............................. ....................... 185 IV - REVISTA .............................. ESPÍRITA .......... 8 ........................... .............................. V - O LIVRO DO 1859 .............................. S MÉDIUNS ..... ........................... .............................. VI - REVISTA 1860 ESPÍRITA .......... .............................. .............................. ........................ 186 VII - REVISTA .............................. 1 ESPÍRITA.......... ........................... .............................. VIII - REVISTA 1861 .............................. ESPÍRITA .......... .......................... .............................. IX - O EVANGE 186 2 .............................. LHO SEGUND O O ESPIRITI ........................ 186 X - REVISTA ES SMO.................... 3 PÍRITA............... .............................. .............................. XI - O CÉU E O .. 1864 .............................. INFERNO .......... ........................ 186 .............................. XII - REVISTA 4 .............................. ESPÍRITA.......... .............................. ........................ 186 XIII - REVISTA .............................. 5 ESPÍRITA .......... .......................... .............................. XIV - REVISTA 1865 .............................. ESPÍRITA .......... ........................ 186 .............................. XV - REVISTA 6 .............................. ESPÍRITA.......... .............................. ........................ 186 XVI - A GÊNESE .............................. 7 .............................. .......................... XVII - REVISTA .............................. 1868 .............................. ESPÍRITA.......... .............................. ..................... 186 XVIII - INICIA 8 ÇÃO ESPÍRITA .............................. .............................. ....................... 186 XIX - OBRAS PÓ .............................. 9 STUMAS .......... .......................... .............................. 186 9 .............................. ........................ 189 0

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Inicie já sua coleção!

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A CIÊNCIA DO

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corpo e da alma

Mestre Nazareno nos alertou: Na verdade o Espírito está preparado, mas a carne é fraca, por saber que o Espírito antes de reencarnar é preparado para uma nova existência nas Câmaras Reencarnatórias onde, mentores especializados, preparam grupos de Espíritos merecedores para novos caminhos e percalços que deverão ser percorridos por cada um em nova jornada. Nessas várias reuniões que antecedem o retorno físico são despertos para a nova comunhão familiar que ocorrerá e a necessidade de aconchego de algozes do passado, bem como de outros já harmonizados, para juntos, buscarem o reequilíbrio e avanço evolutivo. Dessa forma, esses outros Espíritos que formarão o novo lar são buscados nas esferas espirituais que se encontram para, também, fazerem parte dessas assembleias, com o fim de conhecimento do retorno e do novo lar que farão parte. Paralelamente, outros tarefeiros dessa área, além de ajudarem na escolha mais adequada dos futuros corpos físicos, injetam tratamento energéticos em seus perispíritos, como forma mais adequada para suportarem a nova caminhada terrestre. Em desdobramento, por várias vezes, fomos encaminhados para participar e, também, levar a palavra esclarecedora sobre o que deverão esperar na próxima reencarnação e, assim, se prepararem para a nova peregrinação que ocorrerá. Dessas experiências vividas na espiritualidade, constata-se o mesmo aqui na crosta terrestre, ou seja, as palestras que frequentamos são, na realidade, preparações para a “morte”, porém do corpo material para a vida imortal do Espírito. Isto posto, é bom se ter ciência que o corpo físico atual é o que mais se necessita para a presente existência e a família que se possuí é a melhor para as necessidades evolutivas e, nunca, deve-se fugir desses compromissos assumidos do lado de lá, pois, apesar das desavenças e dos transtornos que podem ocorrer é o melhor com vista ao reequilíbrio. Ao se retornar a este campo terrestre progressista, já na gestação da futura mãe, recebe-se as mesmas energias adquiridas em existências pretéritas; energias sutis da evolução conquistada de existências pretéritas; energias densas referentes das que se carrega junto ao perispírito ao desencarnar, as quais serão filtradas durante o 10

percurso deste novo corpo, para serem extirpadas em definitivo do Espírito. Do exposto entende-se que as enfermidades individuais ou, até mesmo, coletivas que advêm através de epidemias regionais ou globais, são para o saneamento do Espírito Imortal, o qual ficará livre dessas cargas negativas que estavam impregnadas no Espírito. Jesus, o Divino Instrutor, a respeito já ensinava com as seguintes palavras: Somos escravos de nossos pecados. A Ciência já certificou que tudo é energia, a qual dependerá da agregação que se dará a ela: negativa ou positiva. Por outro lado, a Doutrina Espírita especifica a existência da Lei de Afinidade, para o bem ou para o mal, e a Lei de Ação e Reação das ações por condutas, palavras e pensamentos, leis essas que imperam na evolução atual do nosso Mundo Terra, justamente a procura do reequilíbrio de tudo que foi desequilibrado. Hoje, mais do nunca, estão acontecendo esses fatos através dos inúmeros contágios virais, de doenças ainda desconhecidas, de mortes coletivas, tragédias e calamidades, tudo há mais de dois mil anos anunciados pelo Mestre Divino, para esses tempos denominados por Tempos Chegados. Como vimos em linhas anteriores, na escolha da nova vestimenta carnal, esta virá com sua imunologia mais fraca, em determinado órgão do restante do corpo, o que leva a facilidade dos contágios imperativos para a eliminação das energias negativas do Espírito para o corpo material, assim, livrando-se desse “peso” espiritual que não deixava subir em esferas mais altas, a caminho de Deus. Toda mecânica do encarne e desencarne está ligada, aqui na Terra, tendo em vista as energias advindas deste planeta. As leis científicas afirmam que os corpos são produtos das energias peculiares a este orbe. Por exemplo: Se pegarmos uma rocha e entregarmos a um químico e pedir para nos revelar de que elementos ela é constituída, receberemos como resposta que na mesma contêm: cálcio, potássio, ferro, sódio, zinco, magnésio, entre outros elementos; por outro lado, se formos a uma clínica de análise sanguínea e pedirmos ao analista clínico para retirar alguns centímetros de sangue e nos informar quais são elementos principais que o compõem, teremos como resposta o seguinte: cálcio, po-


tássio, ferro, sódio, zinco, magnésio, entre outros. Destarte, explica-se que somos Filhos da Terra, dessa forma, na gestação do novo corpo físico são atraídos para sua formação, adequado a vivência aqui no planeta, tanto energias advindas do campo espiritual, quanto do campo material, seguindo nossa tese científica, a Genética Espiritual(1) preparada nas Câmaras Reencarnatórias. Finalizando esta matéria, juntamente com outra tese científica nossa: A Ecologia e a Reencarnação(2), contemplam os ensinos de Jesus que nos alertou sobre o cuidado com os desequilíbrios materiais e morais, a saber: paixões, ódios, vícios, orgulhos, egoísmo, cobiça, inveja, e ciúme, são energias pertencentes ao nosso mundo mais denso e, ao desencarnar, os quais, em hipótese nenhuma, pode-se levar impregnados

no Espírito, pois essas energias densas vão atrair o Espírito para o reencarne, por serem desse plano mais denso. O Espírito ao levar essas energias não o deixa ir para planos mais altos, por estarem sendo atraídos pela gravitação do plano mais denso. Eis porque reencarnamos. Por derradeiro, lembremos-nos das palavras de dois gênios: “A Ciência sem a Religião é manca e a Religião sem a Ciência é cega” - Albert Einstein; “Somos doentes em laboriosa restauração” e “Todos somos enfermos pedindo alta” - Emmanuel. 1. CRIMINOLOGIA GENÉTICA ESPIRITUAL, Mundo Maior Editora, nosso livro, SP, 2000; 2. A ECOLOGIA E AS CALAMIDADES, Mundo Maior Editora, nosso livro, SP, 2012.

João Demétrio Loricchio foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP de 2014. É expositor, palestrante e articulista espírita de revista e jornais.

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COMUNHÃO

com Deus

Eu e o Pai somos um. (João, 10:30) “Orar, a seu turno, não exprime somente adorar e aquietar-se, mas acima de tudo, comungar com o Poder Divino, que é crescimento incessante para a luz, e com o Divino Amor, que é serviço infatigável no bem.”(1)

M M

uitas questões continuam sendo levantadas sobre essa passagem, registrada por João, quando Jesus afirma ser um só com o Pai. A interpretação mais casuística levou a entendimentos que afetaram, e afetam ainda, milhões de pessoas que acabam prendendo-se ao formalismo e à discussão dogmática, deixando o perfume que a essência desse ensinamento nos apresenta. Quando se consulta um bom dicionário de língua portuguesa, vamos encontrar como uma das definições do verbo “comungar” a seguinte: “Ter parte em, afinidade, contato, ligação, comunicação com...”. Comungar com Deus, portanto, é estar em contato com Ele, estabelecendo e mantendo a ligação com Aquele que é a “causa primária de todas as coisas”. (2) E todos nós sabemos que o meio de entrar em contato com Deus, é pelo pensamento, conforme nos explicam os Espíritos que orientaram a codificação kardequiana, na questão 649 de O Livro dos Espíritos, quando Allan

Kardec pergunta sobre em que, de fato, consiste a adoração. E a resposta, simples e direta dada pelos Espíritos, diz: “Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma.” Sabemos, portanto, que quando elevamos nosso pensamento a Deus estamos entrando em contato, nos ligando, nos comunicando com Aquele que criou a tudo e a todos. Nós, em nossa ingênua presunção, vulgarizamos o ato da prece, que é a forma mais eficaz de contatarmos a Divina Sabedoria, tornando-o num simples repetir automático de palavras decoradas que é feito para atender a uma obrigação ritualística, quando, na verdade, deveríamos entender que esse momento é sublime, pois estamos conversando com Deus. Vulgarizamos esse ato de adoração quando simplesmente repetimos palavras que, na maioria das vezes, nada significam de fato para aquele que se supõe em oração. Muitos, ainda, repetem as palavras decoradas das orações que encerram sentimentos puros e profundos, por assim entenderem que pelo simples fato de reproduzi-las já se está protegido contra os males e dificuldades da vida e contra as tentações. Doce ilusão! A adoração, através da prece sincera, é um ato agradável a Deus, pois representa o desejo do filho aproximar-se do Pai. Dizem-nos os Espíritos que “A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, pois, para Ele, a intenção é tudo.” A eficácia desse processo de comunicação está muito mais no significado, que no ato em si. Entendemos, portanto, que podemos conversar com Deus. Mas, o


que diremos a Ele, quando estivermos orando? Basicamente, poderemos agradecer. Agradecer por tudo que recebemos, pelas experiências que estamos vivenciando, pela família, pelo trabalho, e por tantas e tantas dádivas que Ele nos oferece diariamente. A ingratidão representa sinal de orgulho, pois só não agradece aquele que se julga merecedor e com direitos naturais a tudo o que possui, esquecendo-se de que nada tem de si mesmo, além de suas aquisições morais, sendo que o restante, a rigor, é de posse transitória. Outra finalidade da prece é a de louvar. Louvar a Deus, não simplesmente de forma contemplativa, mas de forma prática através do exercício do bem e do serviço ao próximo. A posição contemplativa e inoperante distancia-se da Divina Providência, como a noite do dia. O universo é ação. Nada está ocioso. A prece, portanto, em sentido de louvor deve também ser ativa. O terceiro objetivo da prece é o de PEDIR. Este é sem dúvida aquele que a maioria de nós usa e abusa. Entendemos que este objetivo é o único e o mais importante, colocando muitas vezes, Deus e seus mensageiros, na condição de serviçais que devem anotar nossos pedidos e satisfazer a todos eles. Chegamos ao cúmulo de comercializar com o Poder Divino, oferecendo algo em troca para se conseguir atingir o alvo almejado. Diante da nossa ignorância do que venha a ser Deus em sua grandiosidade, temos a ousadia de rebaixar o Criador à condição de um ser mesquinho e sequioso pela posse de bens terrenos, que, aliás, já Lhe pertencem, pois foi Ele que a tudo criou. Visto dessa forma, esse comportamento tão comum, de “comprar” as benesses divinas, não nos parece algo insano e completamente

sem sentido? Jesus, nosso modelo maior e referência única da Bondade e do Amor sobre a Terra, exemplificou no “faça-se a Tua vontade e não a minha”, o real sentido da adoração. A prece proferida pelo Mestre no Getsêmani demonstra a forma mais elevada de adoração a Deus, dizendo ao Pai que se submetia à Sua vontade. Que sofreria o que fora necessário sofrer, pois sabia que as lições de amor e perdão de que fora instrumento, causaria muitas dissensões e exigiram muita perseverança e espírito de sacrifício, uma vez que essas modificações não ocorreriam de maneira impositiva, mas sim através da colaboração do próprio homem, na construção do amor através dos milênios sem conta. Comunhão com Deus é, portanto, o nosso grande alvo que só se alcança pela prática de ações alinhadas com vontade do Pai Amoroso e Justo, diante daqueles que se nos apresentam em nosso caminho, propiciando-nos o ensejo de avaliarmos o quanto estamos de fato rumando para o nosso Criador, através da prática dos ensinos trazidos pelo Mestre Jesus.

1 - EMMANUEL [Espírito], PALAVRAS DE VIDA ETERNA, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Comunhão Espírita Cristã, 37ª. reimpressão, 2013 - Mensagem No. 3 – Evitando a Tentação. 2 - KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos – Instituto de Difusão Espírita – Araras-SP, 135ª. Edição junho/2001, questão No. 1 – O que é Deus?

Paulo Oliveira Articulista de jornais e revistas espíritas e trabalhador da FEESP

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O DEVER DAS MÃES

Q Q

segundo Emmanuel

ue deve fazer a mãe terrestre para cumprir evangelicamente os seus deveres, conduzindo os filhos para o bem e para a verdade? - No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de toda a compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família. Dentro dessa esfera de trabalho, na mais santificada tarefa de renúncia pessoal, a mulher cristã acende a verdadeira luz para o caminho dos filhos através da vida. A missão materna resume-se em dar sempre o amor de Deus, o Pai de Infinita Bondade, que pôs no coração das mães a sagrada essência da vida. Nos labores do mundo, existem aquelas que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente particularista; contudo, é preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte da ternura. A mãe terrestre deve compreender antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são filhos de Deus. Desde a infância, deve prepara-los para o trabalho e para a luta que os esperam. Desde os primeiros anos, deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-lhe as atitudes e concentrando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais propícia à edificação das bases de uma vida. Deve sentir os filhos de outras mães como se fossem os seus próprios, sem guardar, de modo algum, a falsa compreensão de que os seus são melhores e mais altamente aquinhoados que os das outras. Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja necessária no processo da educação, reconhecida a heterogeneidade das tendências e a diversidade dos temperamentos. Sacrificar-se de todos os modos ao seu alcance, sem quebrar o padrão de grandeza espiritual de sua tarefa, pela paz dos filhos, ensinando-lhes que toda dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino, e que todo desperdício é falta grave. Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio, para que sejam igualmente amparados no mundo, na hora de amargura que os espera, comum a todos os espíritos encarnados.

Nos problemas da dor e do trabalho, da provação e da experiência, não deve dar razão a qualquer queixa dos filhos, sem exame desapaixonado e meticuloso das questões, levantando-lhes os sentimentos para Deus, sem permitir que estacionem na futilidade ou nos prejuízos morais das situações transitórias do mundo. Será ele no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo do trabalho e a fonte de harmonia para todos. Buscará na piedosa Mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs, transmitindo aos que a cercam os dons sublimes da humildade e da perseverança, sem qualquer preocupação pelas gloriosas efêmeras da vida material. Cumprindo esse programa de esforço evangélico, na hipótese de fracassarem todas as suas dedicações e renúncias, compete às mães incompreendidas entregar o fruto de seu labores a Deus, prescindindo de qualquer julgamento do mundo, pois que o Pai de Misericórdia saberá apreciar os seus sacrifícios e abençoarão as suas penas, no instituto sagrado da vida familiar.

Pelo Espírito: Emmanuel Do livro: O Consolador Psicografado por: Francisco Cândido Xavier

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PSICOLOGIA DO

Espírito

O O

(Uma simples abordagem relativa à Assistência Fraterna)

lhemos o homem, mas, do conjunto, examinemos em primeiro lugar o Espírito. Pois, o primado cabe-lhe por ser o gerenciador e o único que segue com a carga psíquica armazenada, proporcionada pelo estado homem, seja ela benigna ou maligna. Informam-nos os Amigos espirituais, em muitas de suas investidas, que estamos na Era do Espírito. Fato que nos chama a atenção para a condição de nos apoiarmos no homem, mas, transcendermos em prol do Espírito, o sobrevivente do conjunto, o imortal. Nesta linha de raciocínio, propiciada pelos Amigos desencarnados, toda função psicológica exercida deve centrar-se no Espírito, ou seja, na causa geradora dos efeitos sustentados pelo homem; pois, quando os motivos se articulam no homem, antecipadamente, foram coordenados no Espírito, no pensamento; e este impulsionado por um sentimento aciona a vontade que, por sua vez, coloca o livre-arbítrio em ação levando o corpo

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físico ao exercício do desejo da vontade, que tem origem no Espírito. Mesmo quando a articulação não acontece no âmbito material o pensamento já movimentou energias que, aderidas ao perispírito, mostram o panorama espiritual do Ser; definem seus sentimentos e lhe acarretam benefícios ou reparações íntimas. Está mais do que comprovado: idéias, pensamentos e sentimentos são produzidos no Ser imortal; então, embora as vibrações não acionem o ambiente físico seus efeitos se farão sentir no transcurso do tempo. A Lei de Causa e Efeito nem sempre é imediata. Ela guarda a causa e dilui o efeito nos momentos em que a Lei de Deus verifique oportunidades para corrigir o indivíduo ou felicitá-lo. Se o efeito surgir beneficamente será duradouro, por determinado período de tempo ou para sempre, em dependendo da causa. Parte daí a necessidade de aplicar-se a Psicologia do Espírito, ou seja, analisar-se onde notadamente são pro-


duzidas as causas, sejam elas quais forem, e, então, providenciar-se correções ou potencializá-las com medidas adequadas. Medidas que trabalhem nas vibrações promovendo ajustes a patamares mais elevados. Obviamente tendo como modelo as mensagens e os exemplos conhecidos do Mestre Jesus, o psicólogo e educador incomparável. Visto que o Espírito, na Terra, se encontra reencarnado com o propósito maior de educar-se e reeducar-se. As emanações espirituais, ou seja, as idéias, os sentimentos e os pensamentos devem ser os parâmetros da busca da Psicologia do Espírito. Mas, não é só. Após esses termos terem sidos conquistados é necessário procurar quais os motivos que os provocaram, a fim de apurar-se, mais eficazmente, quais medidas devam ser efetivadas para direcionar o

Espírito no sentido do Evangelho de Jesus. Tomadas que podem ser viabilizadas através do diálogo, observando-se as colocações e permitindo-se sentir quais energias envolvem essas colocações; deixando-se que a sensibilidade sinta o clamor dos verbos pronunciados; agrega-se ao contexto do diálogo às expressões e os movimentos quando da verbalização; obter-se-á, por esta via de ação, dados do conjunto de necessidades do Espírito. Nunca podemos esquecer que não está no cabeçalho da pauta o ego, mas sim o Espírito. Então, este diagnóstico servirá para atuar nas causas que motivaram o Espírito a ser causa dos efeitos reclamados e observados. Não situar-se no seu desarranjo, mas no porquê do desarranjo, no sentido mais profundo

e transcendente. Tomar-se-á, também, detalhes da sua Ambientação Reencarnatória a fim de melhor avaliar-se os propósitos fundamentais do seu Planejamento Reencarnatório. O somatório e a analise de todos os dados colhidos darão a descrição da pauta a ser trabalhada por quem estiver processando o atendimento, a assistência fraterna. Faz-se importante jamais passar despercebido que para se trabalhar no exercício prático a Psicologia do Espírito há, impreterivelmente, necessidade do postulante conhecer profundamente a Doutrina dos Espíritos e o Evangelho de Jesus; compreender em seus pormenores como é elaborado um Planejamento Reencarnatório, e como este planejamento se assenta na Ambientação Reencarnatória.

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É indispensável que na Assistência Fraterna haja o acolhimento do Ser não demonstrando que é um Espírito necessitado de amparo devido a erros cometidos, mas sim, que há o propósito de ajudá-lo em seus embaraços e compromissos, por ser um irmão em processo evolutivo, assim como todos que o cercam. As observações explicitadas guardam em seus escaninhos que os primeiros a experimentarem, podemos assim dizer, a Psicologia do Espírito, devem ser os próprios que haverão de exercitá-la em favor do próximo. A Psicologia do Espírito é determinante nas resoluções dos distúrbios espirituais sedimentados e profundos, por não se limitar simplesmente na causa que promoveu o efeito; ela busca nas gavetas da memória os motivos que provocaram as causas do presente. São esses dados armazenados na memória contínua que necessitam ser trabalhados para, efetivamente, eliminarse os agravos e desagravos apresen-

tados na existência em curso. Contudo, mesmo que soluções aparentes ou posteriormente determinantes não sejam promovidas depois de assistências fraternas terem sido concretizadas, ficarão depositados no Ser os meios pelos quais deverá orientar-se para a paz procurada; ou seja, as sementes benignas foram carinhosamente depositadas na sua memória, e aguardarão, apenas, a oportunidade para desabrocharem. Porém, embora assim aconteça, tenham as sementes que esperar pelo tempo, mecanismos iniciarão o processo de aprimoramento inconsciente, e algumas variações se verificarão entrelaçadas ao bem. Despertemos todos para a vida e seus estágios: “Somos Espíritos em experiências humanas e não corpos em experiências espirituais.” ¹ Claro fica onde devem ser aplicados os meios psicológicos em busca do alinhamento para a individuação, conforme esclareceu Carl Gustav Jung.

¹ Pelos Caminhos do Entendimento do Espírito – Alzira B. F. Amui e Luciano S. Varanda – Obra mediúnica do Método Evangelização de Espíritos, sob orientação de Eurípedes Barsanulfo - Editor Grupo Espírita Esperança e Caridade, 3ª ed. - Capítulo O Espírito e o seu Planejamento Reencarnatório.

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Roberto Vilmar Quaresma foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP de 2011 e 2014. É expositor, palestrante e articulista espírita de revista e jornais. Contato: quaresmaroberto@ig.com.br


TERRA: MUNDO DE

N N

regeneração?

inguém há de negar que a Humanidade vivencia atualmente um momento dramático com a escalada da violência e do terror, as crises políticas e éticas, a desigualdade econômica e social e, além de tudo isso, os efeitos da deterioração do ecossistema planetário. Há de se convir, porém, que não é de hoje que padecemos essas mazelas, pois, embora tenha há muito tempo ingressado no domínio da razão, o Homem insiste em se manter sob o jugo de seus instintos e paixões, de maneira que o que temos vivenciado não é mais do que uma consequência desse fato. Jesus, que conhecia a dureza de nossos corações, já previra as aflições pelas quais haveríamos de passar, ao dizer: “vereis se levantar povo contra povo e reino contra reino; e haverá peste, fome e tremores de terra em diversos lugares, e todas essas coisas não serão senão o começo das dores.” (Mt 24:78) Basta olhar para a História, em seu prisma religioso, para ver o quanto distorcemos o Evangelho de Amor do Mestre: de perseguidos nos tornamos perseguidores, deixando os tristes vestígios da Inquisição e das Cruzadas na Idade Média e das guerras religiosas na Idade Moderna, das quais resultou o desencanto do Homem em relação à religião e, por consequência, o surgimento do materialismo e seu apego à dimensão temporal do mundo, refletido hoje no narcisismo exacerbado, no consumismo desenfreado, na hostilidade pelo que é diferente e no desdém pelas dores do próximo. O Espírito Santo Agostinho nos ensina que a Terra é um planeta de expiações e provas, isto é, um mundo onde ainda predomina o mal, o que condiz com o cenário acima delineado. Todavia, o eminente sábio também nos informa que, consoante à progressão dos mundos, nosso planeta se elevará a um patamar superior onde não haverá mais o predomínio do mal, embora tampouco ainda do bem. Nesse sentido, ele nos diz que a Terra “chegou a um de seus períodos de transformação, e vai passar de mundo expiatório a mundo regenerador.” (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. III. Item 19) Também nessa mesma linha, Kardec nos relata que “os tempos marcados por Deus são chegados, em que grandes acontecimentos vão se realizar para a regeneração da Humanidade.” (A Gênese, XVIII.1) Mas, se é assim, como explicar que, desde meados do

século XIX, quando essas informações foram trazidas a público, o mundo não cessou de padecer das convulsões sociais de toda sorte, haja vista as duas grandes guerras mundiais, as experiências nefastas do totalitarismo e o recrudescimento dos conflitos bélicos que se estendem aos dias de hoje? A razão é que o processo de transição não se mede por dias, meses ou anos, mas por gerações que se sucedem e que, gradativamente, vão se alinhando aos tempos marcados por Deus. E assim como ocorrera com os iniciadores da raça adâmica (A Gênese, XI.45), os Espíritos ainda recalcitrantes no egoísmo exacerbado “irão expiar seu endurecimento, uns nos mundos inferiores, outros, em raças terrestres atrasadas, onde levarão seus conhecimentos adquiridos, e onde irão com a missão de as fazer progredir. Serão substituídos por Espíritos melhores, que farão reinar entre si a justiça, a paz, a fraternidade.” (A Gênese, XVIII.27) Nesse sentido, Kardec esclarece que os grandes desencarnes coletivos, causados, por exemplo, pelas convulsões sociais anteriormente citadas, já operam no sentido da renovação planetária (A Gênese, XVIII.32). É necessário observar também que o processo de transição envolve não só a Humanidade encarnada, hoje por volta dos sete bilhões, mas também a desencarnada que, segundo nos informa Emmanuel, é muito superior à encarnada (Roteiro, Cap. 9). E aqui é importante notar que a Misericórdia Divina é sempre pródiga nas oportunidades de regeneração que concede aos recalcitrantes. Nesse sentido, o livro do Apocalipse já nos traz a seguinte profecia: vi então uma estrela cair do céu na terra e foi-lhe dada a chave do poço do abismo; e ela o abriu e saiu do poço uma fumaça como a de uma grande fornalha; da fumaça saíram gafanhotos pela terra, e foi-lhes dado poder semelhante ao dos escorpiões da terra (Apoc, 9:1-3). Nelson Lobo de Barros nos explica, em A mensagem do Apocalipse - Cap. 9, que o abismo representa as regiões inferiores onde residem os gafanhotos, isto é, Espíritos altamente perversos, que têm tido, desde o ano de 1950, a oportunidade de se reencarnar no planeta. Isso pode explicar, por um lado, os atos hediondos de que temos tido notícia nos dias atuais, mas, por outro lado, há que se considerar que desconhecemos quantos deles podem estar aproveitando de forma positiva a oportunidade para a necessária regeneração. A Misericórdia Divina age também por meio de ab19 O SEMEADOR Internacional


negados benfeitores, sejam do plano físico ou do espiritual. Deste, valeria citar o relato de André Luiz, em Nosso Lar, acerca das operações de socorro às vítimas do nazismo na década de 40 do século passado, assim como, o relato de Manoel Philomeno de Miranda, em Transição Planetária, sobre as operações de auxílio aos atingidos pelo tsunami com epicentro na Indonésia, ocorrido ao final de 2004. Por último, e conforme já citado, os Espíritos impenitentes serão substituídos por outros de mais elevada condição espiritual, o que certamente contribuirá para acelerar o processo de transformação da Humanidade. Nesse sentido, Manoel Philomeno nos informa acerca da reencarnação, que ora se processa, de grandes missionários do passado que retornam para estimular o progresso nos campos do saber, da cultura e da espiritualidade, assim como, de Espíritos oriundos de orbes de condição superior à Terra (Transição Planetária, Cap. 3). Infelizmente, ele nos alerta também que a violência, a sensualidade, a abjeção, os escândalos, a corrupção atingirão níveis máximos dantes jamais pensados, alcançando o fundo do poço, enquanto as enfermidades degenerativas, os transtornos bipolares de conduta, as cardiopatias, os cânceres, os vícios e desvarios sexuais clamarão por paz, pelo retorno à ética, à moral, ao equilíbrio (Idem). Não é outro o alerta que também já nos fazia Emmanuel: Uma tempestade de amargura varrerá toda a Terra. Os filhos de Jerusalém de todos os séculos devem chorar, contemplando essas chuvas de lágrimas e de sangue que rebentarão das nuvens pesadas de suas consciências enegrecidas (A caminho da luz, Cap. XXV). Estes, enfim, são momentos em que nossa fé e perseverança são submetidas à prova de fogo. Que fazer, então? É a pergunta que nos martela a mente. É necessário que nos 20

fortaleçamos em nossas resistên- mais próximos da Terra, isto é, os cias morais, que recorramos à prece benfeitores espirituais necessitam fortalecedora e que não temamos da cooperação dos homens de boa as consequências que possam advir vontade, entre os quais se acham ao nosso ser corporal, pois os flage- aqueles que, sob a lídima claridade los destruidores não destroem senão o cor- da Doutrina Espírita, já compreenpo, e não atingem o Espírito (A Gênese, dem que o amor e o serviço de beXVIII.33), que é imortal em sua essên- nemerência ao próximo é atitude nacia. Assim procedendo, agiremos não como tural de quem aspira à condição de as cinco virgens negligentes que se viram discípulo do Mestre. Cientes disso, desprevenidas ante a chegada repentina do busquemos, nós os trabalhadores da esposo, mas como aquelas que saíram ao última hora, realizar diligentemente RDECque nos cabe S, encontro dele levando o óleo de sua perseve- a pequena parte nesALLAN KA FICO TUDOS FILOSÓ ES RA PA R TO TA rança para manter acesa a chama sa monumental tarefa concernente ESPÍRI S DO AU RAsua RINA OBde IOSO DA DOUT TÍFICOS E RELIG EN CI ................ 1857 à ...... ...... fé (Mt, 25:1-13). Ou, como dizia o à transição de nosso ........................orbe rumo .. 1858 .............................. .............................. S ESPÍRITOS ...... 9 .............................. ...... I - O LIVRO DO ...... ...... ...... ...... ...... ............. 185 ......regeneração. TA ............ ...... ÍRI ...... ESP ...... TA ...... próprio Mestre: aquele que IIperseverar condição de mundo de ...... VIS - RE .................. ................... 1860 ÍRITA .................. .............................. ...... ...... 1 ...... 186 ...... III - REVISTA ESP ..... ...... ...... ÍRITA .................. .............................. .............................. IV - REVISTA ESP até o fim, será salvo (Mt, 24:13). ....... 1861 DIUNS .................. .............................. MÉ S ...... DO ...... ...... RO ...... LIV 1862 V-O .............................. .............................. TA ESPÍRITA ...... .............................. 3 VI - REVIS .............................. ...................... 186 É necessário também saber que ...... ...... TA ...... ÍRI ...... ESP ...... ........................ .... 1864 VII - REVISTA TA ........................ .............................. ÍRI ...... ESP ...... TA ...... VIS MO RE ... 1864 VIII .............................. não estamos sós, pois aqueles que, HO SEG......UN......DO......O......ESP......IRI......TIS.................................... 5 IX - O EVANGEL ...................... 186 ...... TA ...... ÍRI ...... ESP - REVISTA ...... 1865 .............................. .............................. ERNO .................. ...... INF ...... O E ...... U independentemente de sua XXIcrença ...... CÉ O .... 1866 .................. .............................. ÍRITA.................. .............................. 1867 XII - REVISTA ESP .............................. ............................ TA ...... ÍRI ...... ESP ...... TA ...... - REVIS XIII bem, religiosa, trilham o caminho do ............ 1868 .............................. .............................. ESPÍRITA ............ ...... TA ...... VIS ...... RE ...... XIV ......... 1868 ............ ÍRITA.................. .............................. 9 .............................. XV - REVISTA ESP constituem a maioria da Humanida........................... 186 .............................. ...... ...... ...... ...... ...... SE ...... NE XVI - A GÊ .............................. .............. 1869 ESPÍRITA............ .............................. TA ...... VIS ...... RE 0 ...... II 189 ...... .... XV ............ .............................. O ESPÍRITA ...... de. E isso é algo que frequentemen.............................. XVIII - INICIAÇÃ S .............................. MA STU PÓ S XIX - OBRA te esquecemos, por isso, convém lembrar aquela passagem de O Livro dos Espíritos em que Kardec pergunta por que os maus, que são a minoria, exercem maior influência que os bons, e recebe a resposta, um tanto quanto constrangedora, de que é por causa da fraqueza dos bons. É interessante observar, porém, a conclusão da resposta: os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a preponderância (O Livro dos Espíritos, q.932). Eis ai algo que merece uma ponderada reflexão. É necessário, enfim, que tenhamos consciência plena de que o Mestre está no leme, uma vez que, referindo-se à Terra, Emmanuel assevera que Jesus é o seu único diretor no plano das realidades imortais, e agora que o mundo se entrega a todas as expectativas angustiosas, os espaços mais próximos da Terra se movimentam a favor do restabeRoberto Watanabe lecimento da verdade e da paz, a camié expositor da Área de nho de uma nova era (A caminho da Ensino da Federação Espírita do luz, Cap. XXIV). Mas para que esse Estado de São Paulo. objetivo seja alcançado, os espaços Contato: rowata@uol.com.br capa.indd 1


A HUMILDADE E OS

A

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Espíritos de Escol

prendemos, ao estudar a Doutrina Espírita, que a vaidade é uma das características morais que deve ser vencida para que o Espírito avance em direção á perfeição. Sabemos, também, que, quanto mais um Espírito avança na senda da moralidade, mais esse avanço é percebido pelos que interagem com ele ao passo que cada vez é menos percebido por ele mesmo. Quando estive com minha esposa na Índia, em outubro de 2010, adquirimos várias lembranças daquele maravilhoso país de cultura milenar, entre eles, dois livros sobre um dos Espíritos mensageiros que esteve entre nós no século passado e que recebeu de seus compatriotas o título de Mahatma, que significa “grande alma”. O primeiro foi adquirido, se não me engano, na livraria do museu de Gandhi em Mumbai e se chama “An Autobiography or The Story of My Experiments with Truth”. Soube recentemente que existe uma tradução brasileira editada pela Palas Athena, que leva o nome de “Gandhi - Autobiografia: Minha Vida e Meus Experimentos com a Verdade”. O segundo livro foi comprado na livraria que existe no sítio histórico onde Gandhi foi assassinado, chamando-se “The Life of Mahatma Gandhi”, escrito pelo jornalista americano Louis Fischer. Descobri que uma tradução para o português deste livro com o nome “A Vida de Mahatma Ghandi” foi editada pelo Círculo do Livro e teve também uma edição em 1983 pela Martin Claret, no entanto, não o encontrei mais como edição nova. O livro de Louis Fischer foi um best-seller, em cuja capa se lê a seguinte declaração de Sir Richard Attenborough, o diretor que levou às telas o filme que levou em 1983 o Oscar de melhor filme e fez com que Ben Kingsley levasse o de melhor ator: “A melhor biografia de Ghandi ... Fui cativado desde a primeira página .. ela mudou a minha vida.” Como se pode ver, não é uma obra qualquer. Pois bem, com um elogio desses na capa do livro, comecei a lê-lo tão logo voltei de férias. A autobiografia, no entanto, ficou esquecida na estante. O livro de Luis Fischer é realmente empolgante, desses de se ler de um só fôlego. O jornalista, admirado, como não poderia deixar de ser, com a personalidade notável cuja vida ele descrevia, é capaz de levar o leitor espírita a crer, ao terminar sua leitura, que Gandhi foi um Espírito Superior, uma mensageiro enviado à Terra para servir de exemplo das excelsas virtudes que espera-

mos um dia serem também nosso patrimônio. Percebese, ao se ler esse livro, um Ghandi que refletia, decidia e agia, consciente de que perseguia nobres objetivos e sempre seguro de chegar até eles. Certamente um ser superior, um ser de cuja existência Einstein teria dito que as gerações futuras duvidariam, um ser não humano, portanto. A autobiografia, por outro lado, significativamente contendo o subtítulo de “Minha Vida e Meus Experimentos com a Verdade”, mostra o que havia por trás do mito: um homem real, procurando sempre acertar, seguir o caminho da verdade, do bem, mas acometido de dúvidas, incertezas, ficando às vezes triste e ocasionalmente se arrependendo de atitudes tomadas sem a devida reflexão. Mostra um homem de carne e osso como todos nós. Não é possível resumir os dois livros quanto ao conteúdo e menos ainda quanto ao estilo, por isso, recomento ao leitor estudioso que procure os dois livros e

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os leia para entender o que eu quero dizer. A reflexão que deixo ao amigo e à amiga leitores é que a evolução de um Espírito jamais é percebida por ele mesmo, sendo, antes, percebida por todos com que ele interage. A humildade, portanto, não é uma virtude a ser conquistada de forma isolada, mas uma que toma conta de nós aos poucos, à medida que vamos superando nossas más inclinações e realizando nossa transformação moral, isto é, à medida que vamos nos tornando espíritas verdadeiros. Alguém poderia questionar: “Se os Espíritos nos disseram que nosso guia e modelo é Jesus, por que nos preocuparíamos em usar Gandhi como exemplo?” A resposta que eu tenho é muito simples: “Vocês conhecem alguém que tenha sido chamado de bom dizer que não é bom?” Foi ninguém menos que nosso Mestre Jesus. Segundo o relato de Marcos (10: 17-18): E, colocando-se Jesus a caminho,

correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, indagou-lhe: “Bom Mestre! O que devo fazer para herdar a vida eterna?” Replicou-lhe Jesus: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus! Jesus não aceitou ser chamado de bom, aceitou reencarnar no seio de uma família modesta em um país dominado, procurava a companhia dos doentes do corpo e da alma para ajudá-los e criticava abertamente os cínicos e os orgulhosos. Não terá ele dado exemplo de humildade bastante para todos nós? Certamente deu. No entanto, isso foi há dois milênios e muitos dos que conviveram com Gandhi sequer conheciam a história da passagem de Jesus pelo nosso orbe. Gandhi, como um bom e avançado discípulo, veio à Terra para lembrar a todos que as grandes almas são humildes. Eis o motivo pelo qual esse modesto artigo para falar de humildade cita o exemplo da “Grande Alma” Gandhi. Sigamos o exemplo do Mestre Je-

sus ou, se preferirmos um modelo mais contemporâneo, o de Ghandi, Chico Xavier, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce. São diversos os modelos disponíveis. Só precisamos de vontade para imitá-los. Vamos em frente, pois.

Central de Doações da FEESP Ajude-nos a transformar vidas! Tel.: 31155544 ramal 230 doacoes@feesp.org.br

Renato Costa foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011 e 2014. É articulista, escritor e palestrante espírita. Contato: rsncosta@terra.com.br

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Silvia Cristina Puglia entrevista o 1º astronauta brasileiro Marcos Pontes

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ascido em Bauru, interior de São Paulo em 1963, Marcos é astronauta profissional, especialista de missão, formado pela NASA (EUA) e pela ROSCOSMOS (Rússia). Atualmente, palestrante motivacional, Coaching especialista em desempenho pessoal e desenvolvimento profissional, Mestre em Engenharia de Sistemas, Engenheiro Aeronáutico pelo ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), Diretor Técnico do Instituto Nacional para o Desenvolvimento Espacial e Aeronáutico, Embaixador Mundial do Ensino Profissionalizante, Embaixador das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, presidente da Fundação Astronauta Marcos, onde desenvolve vários projetos sociais. Em Março de 2006, Marcos realizou a primeira missão espacial tripulada da história do Brasil: A Missão Centenária. Permaneceu no espaço por 10 dias e tornou-se o primeiro astronauta do Brasil. Comemoramos no mês de Abril de 2015, nove anos deste feito. Silvia Cristina Puglia – Gostaria de começar perguntando sobre sua vida. Onde Nasceu? Como foi sua infância? Marcos Pontes– Eu nasci em Bauru no estado de São Paulo. Sobre meu começo, gostaria de dizer antes que converso com muitos jovens pelo Brasil e fora do Brasil, e eles têm aquela falsa impressão de que se não vier de uma família rica, se não tiver grandes recursos no inicio você não vai ter chance te obter grandes sucessos e do meu ponto de vista é quase o contrário. Por exemplo, meu pai era servente de serviços gerais, em alguns lugares chamado de faxineiro, do Instituto Brasileiro do Café, minha mãe era escriturária e nós morávamos na periferia de Bauru. Eu era daqueles garotos que corriam descalços por lá e que tinha o sonho de voar. Mas não tinha dinheiro para pagar horas de voo. Além disso, eu tinha que ajudar em casa, o que não é muito diferente da vida de muitos jovens. Quando tinha 14 anos, con-

Marcos Pontes e Silvia Cristina Puglia segui meu primeiro emprego como eletricista aprendiz da Rede Ferroviária Federal. Meu sonho era voar, mas a realidade daquele momento era que precisava ajudar em casa e conseguir uma maneira de pagar um estudo melhor. De manhã eu estudava no SENAI, à tarde eu trabalhava como eletricista e ganhava meio salário mínimo, com isso pagava o curso noturno profissionalizante de eletrônica e o dinheirinho que sobrava eu ajudava em casa. Aos finais de semana eu ficava no aeroclube, junto com os pilotos, tentando estar próximo do meu objetivo. E foi lá que eu tive uma indicação: “Entre na Força Aérea. Lá você pode voar, pode ser piloto, etc.”. Eu estava com 17 anos quando fiz o vestibular. Quando falava para os meus amigos que eu queria ser piloto, eles diziam: “Isso é impossível. É coisa para filho de rico. Você nunca vai conseguir fazer isso. Vai ficar frustrado.”. Mas sempre digo: não desista dos seus sonhos! Independente do que as pessoas falam pra você de negativo, o que nós vemos muito hoje em dia, não desista dos seus sonhos! Cheguei chateado aquele dia e minha mãe percebeu. Ela olhou bem para mim com seus olhos azuis e disse: “Você consegue ser o que você quiser na sua vida. Não 23 O SEMEADOR Internacional


Marcos – Eu vejo o sonho como um elemento muito importante para concretizarmos um processo, por três razões. Primeira razão é que a maioria das pessoas que não tem sucesso em alguma coisa é porque primariamente não sabem o que querem. Para isso, definição de meta Silvia – Percebemos que as é uma exigência de qualquer projepessoas têm sonhos, mas muitas to. Precisamos definir exatamente o vezes elas só ficam sonhando. que queremos e o sonho nos ajuda Não fazem como você, por exem- a definir. A segunda coisa é ter um plo, que construiu uma base real, planejamento bem feito e o sonho buscando outro trabalho para funciona como um “simulador do concretizar o sonho maior. O que futuro” para pensarmos quais são falar dos sonhos? os passos para chegar até ele. A dê ouvido a essas coisas ruins. Você consegue ser, desde que você estude, trabalhe, persista e sempre faça mais do que esperam de você.”. Fiz a prova e passei em 2° lugar do país. Levo essa lição comigo até hoje.

terceira razão é que seja qual for o sonho de cada um, nós vamos cair muitas vezes até chegar lá. Ninguém consegue realizar nada de importante sem cair e levantar muitas vezes e cada vez que levantamos precisamos de um sonho para nos motivar a nos erguer e continuar a caminhar. O sonho nos ajuda muito. Silvia – Dentro do espiritismo o sonho é algo que trazemos dentro de nós como intuição de outras encarnações. Como você vê essa intuição. Marcos – Por ser coaching e trabalhar com formação de pessoas eu vejo a intuição, da maneira como você colocou, como sendo a missão de vida, que é essencial para a pessoa ter um propósito de viver e isso ajuda em muitos sentidos. O meu propósito, que notei naquela época, era voar. Eu sentia que poderia contribuir com isso. E quando fazemos algo que está alinhado com nossa missão de vida, nos sentimos bem, fazemos cada vez melhor e também fazemos o bem para outras pessoas. Silvia – E depois que você entrou para a Força Aérea? Marcos - Fui para Academia para ser piloto e fiz Curso de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e Bacharel em Administração Pública. De lá fui para Natal (RN) e me formei como piloto de caça. Depois fui transferido para Santa Maria (RS), onde fui do 10° Grupo de Aviação. Lá me tornei instrutor de caça da aviação, era líder de esquadrilha, podendo liderar quatro aviões. Foi lá que casei e meu primeiro filho Fabio nasceu. A vida estava muito sossegada, mas como nunca gostei de sossego, eu queria continuar estudando. Pedi

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Homenagem da FEESP para Marcos Pontes o 1° Astronauta do Brasil


para fazer o curso de engenharia no ITA e fui autorizado. Prestei vestibular e não foi fácil, precisei estudar muito, mas entrei. Na época fui muito criticado, pois havia toda minha formação para piloto, líder da esquadrilha e eu estava indo para outro caminho, o da Engenharia. Diziam que era porque eu queria subir mais rápido na carreira. Mas a crítica faz parte do sucesso e eu segui em frente. Pude observar uma coisa que ainda não tinham notado que era positiva para a Força Aérea, haviam duas formações separadas, a do piloto de testes e o engenheiro de testes, pensei então em somar essa duas funções para ser um profissional mais qualificado e certamente criaria oportunidades interessantes. Fui bem sucedido. Fiz mestrado no ITA em Otimização de Trajetórias Orbitais e outro mestrado em Engenharia de Sistemas nos Estados Unidos. Foi nessa época que o Brasil entrou para o programa da Estação Espacial Internacional. A NASA então iria abrir uma nova turma em 1998 e para o Brasil participar precisava fornecer 1 recurso humano para que eles viessem para cá fazer a seleção. Abriu-se então um concurso público e meu irmão que havia visto primeiro me informou. Fiz então minha inscrição, participei do processo aqui no Brasil e fui selecionado pela NASA para ingressar na 17° Turma de Astronautas. Silvia – E você também foi selecionado pela Rússia? Marcos - Eu fui pela Rússia também, porque naquela época ainda estava corrente a investigação do acidente da Columbia, onde perdi sete amigos. Não tinham voos de ônibus espacial por isso e a Agen-

cia Espacial Brasileira então decidiu fazer a missão com a Rússia. Sai de Huston e fui fazer outro treinamento de dois anos em Moscou. Como já tinha a formação de especialista em missão pela NASA, que é como um mecânico da espaçonave, então é necessário conhecer muito bem os sistemas, montar e desmontar, configurar, eu precisei aprender toda parte russa disso em cinco meses, inclusive a língua. Silvia – Como foi esse momento em que você foi avisado que estava aprovado para ir ao espaço? Marcos – Quando fui avisado de que estava selecionado aqui no Brasil pra representar o país como astronauta na NASA, junto de outros 15 países participantes do programa da estação espacial, foi um momento bastante marcante. Porque embora você participe com vontade, com o desejo de ser escolhido, sabemos que são milhares de ótimos candidatos. Mas de repente quando o chefe de seleção me avisou foi uma sensação interessante. E antes que eu pudesse comemorar ele disse: “Saiba que se você aceitar existem sacrifícios envolvidos nisso. Primeiro, saiba que o treinamento é 24h por dia, 7 dias por semana, você sacrificará muito o convívio com a família. Segundo, você é militar da Força Aérea. Já sonhou em ser Brigadeiro da Aeronáutica?” Eu disse: “Já sim senhor!” Respondi pensando que ele ia me promover. Ele continuou “Já pensou em ser Ministro?” Respondi imediato “Já sim senhor!”. Ele continuou: “Então, talvez você nunca seja porque a Agência Espacial Brasileira é Civil, não tem nada haver com o campo militar. Hoje o programa que você vai participar é civil, com finalidades civis, o Brasil

é signatário do Acordo Internacional de Uso Pacífico Espaço Exterior e não pode ter desenvolvimento militar. A NASA é civil, a Estação Internacional Espacial é civil. Portanto para aceitar essa função de astronauta você terá que abandonar a suas funções militares. Vou perguntar uma vez só você quer seguir a carreira de astronauta ou não?” Foi assim que decidi. Acabei cumprindo essa tarefa e fui para Houston. Silvia – Como você se sentiu dentro da astronave? Marcos – É uma sensação muito marcante. Primeiro porque é preciso treinar muito para estar ali. Segundo porque é necessário dedicar uma boa parte da vida com aquele objetivo e é uma missão que eu estava cumprindo para um país. Depois tem os fatores que todos os seres humanos têm medo ansiedade, tudo isso. E somos treinados para trabalhar essas emoções e continuar a operar a espaçonave de maneira segura apesar dessas emoções. Imagina: Estamos sentados naquele foguete que tem 49 metros de comprimento, é um edifício de 16 andares basicamente. Estamos sentados no topo com 200 toneladas de combustível embaixo. Em um espaço quase de um fusca com três acentos na frente, muito apertado. A decolagem acontece em 6 segundos e o foguete vibra tanto que chega a quebrar o esmalte dos dentes, mas é normal. Da decolagem até alcançar o espaço, que é quando os motores são cortados, o tempo é de 9 minutos e a velocidade vai de 0 até 25.000Km/h. Quando houve o corte dos motores, eu soltei as luvas e elas ficaram flutuando na minha frente. Pensei: “sonhei tanto para chegar aqui”. De O SEMEADOR 25 Internacional


repente eu estava no espaço. Olhei pela pequena janela para o lado de fora, vi aquele planeta azul, lindo! Apesar de filmar ou fotografar em alta definição, nós não conseguimos captar a visão que é a Terra a olho nu. Parece que tem uma espécie de aura em volta dela. Um corpo brilhante e vivo que paira por todo o planeta. É uma coisa realmente magnífica. A primeira coisa que eu lembrei quando estava olhando a Terra naquele momento foi lá atrás, em Bauru, quando me disseram: “Você nunca vai ser piloto. Isso é impossível para você.” E também me lembrei da minha mãe com seus olhos azuis, um azul igual ao da Terra, me olhando e dizendo: “Você consegue ser o que quiser na vida!”. Silvia – Como você sentiu Deus naqueles momentos em que esteve no espaço? Marcos – Essa é uma pergunta interessante que eu recebo muito. Eu olhei para Terra do espaço e pensei, essa é uma espaçonave azul, com mais de sete bilhões de tripulantes viajando a mais de 100 mil Km/h. As pessoas pensam que eu me senti grande por ser astronauta e estar no espaço, mas muito pelo contrário, quando eu vi a Terra me senti muito pequeno,

Marcos Pontes e a equipe do Programa Um Sentido Para Sua Vida muito insignificante perante a Terra. E pensei, fiz tudo isso para chegar até aqui e provar para mim mesmo que sou insignificante? Mas algumas vezes na vida precisamos bater no fundo do poço, desligar das coisas para dar valor àquilo que é importante ou não. E uma coisa que veio na minha cabeça foi que essa Terra, bonita espaçonave da gente, perante o restante do universo, também é insignificante. Um pontinho azul e pálido. Mas se a Terra desaparecer de uma hora para outra, o universo de antes é diferente do universo de depois. Se um de nós, embora insignificantes, desaparecermos de uma hora para outra, o universo de antes é diferente do universo de depois. O que dá uma sensação de continuidade, de pertencer a alguma coisa. Nós somos parte da criação do universo, como

um pedacinho dessa criação, mas nós somos essa criação. Então aquilo que nós escutamos desde criança e está na bíblia inclusive, “Trate as outras pessoas como gostaria que as outras pessoas te tratassem.”, faz completo sentido, porque se somos parte da mesma coisa, se eu te fizer mal, estarei fazendo mal à uma parte de mim se eu fizer bem estarei fazendo para uma parte de mim. E é assim que eu vejo a religião nesse sentido. Eu sou católico, acredito em Deus. E quando fui ao espaço, voltei acreditando mais ainda. Mas não em um Deus que fica completamente separado de todo mundo, que vai ficar jogando raio em quem fizer alguma coisa errada. Mas sim em um Deus que está dentro de cada um de nós e que é todos nós ao mesmo tempo. Que é tudo que já existiu, existe ou vai existir. Independente de estarmos aqui fisicamente ou não, somos parte de tudo isso. Isso me dá calma. Se formos pensar, todas as religiões tem um sentido muito positivo que é o de unir pessoas. Às vezes elas são mal utilizadas e acabam causando separação. Não por causa da religião e muito menos por causa de Deus, mas talvez por uma interpretação errada que a gente tenha e queira separar.


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