Revista O Semeador ed. de Julho e Agosto de 2017

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FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936

O SEMEADOR Internacional

Julho|Agosto de 2017 Nº 917

ÓRGÃO DA FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO FUNDADO EM 1º DE MARÇO DE 1944

www.feesp.org.br

| e-mail: redacao@feesp.org.br

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R$ 6,50

Congresso Espírita FEESP 2017 supera expectativas * Público interessado * Conferencistas excelentes * * Homenagem à Divaldo Franco pelos 70 anos de oratória *

Diretoria da FEESP e representantes de Entidades Espíritas

Zulmira Hassesian presidente da FEESP

Silvia Puglia presidente emérita e Divaldo Franco (homenagem)

Jorge Godinho B. Nery presidente da FEB


Sumário

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7 10 11 13 15 24 25 27

Editorial

Caros leitores Zulmira da Conceição Hassesian

A loucura sob novo prisma João Demétrio Loricchio

Sono, sonho e sonambulismo Umberto Fabbri

O valor do tempo Leda Maria Flaborea

Parábola do mordomo infiel Roberto Vilmar Quaresma

O momento Terra ESPECIAL

Congresso Espírita 2017 Área de Ensino

Cursos de Férias FEESP Programação de Palestras Públicas

Palestras públicas na FEESP Agende-se

Festa Kardec

EXPEDIENTE Revista bimestral Assinatura anual: R$ 36,00 Fundado em 1º de março de 1944, por Marta Cajado de Oliveira (Diretora Responsável 1896/1989); Pedro Camargo “Vinícius” (Diretor Gerente - 1878/1966) e Cmte. Edgard Armond (Diretor Secretário - 1894/1982). Conselho Editorial Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia, Fátima Luisa Giro, Paulo Sergio de Oliveira. Editor: Altamirando Dantas de Assis Carneiro (MTb 13.704) As opiniões manifestadas em artigos assinados, bem como nos livros anunciados são de responsabilidade de seus autores, não refletindo, obrigatoriamente, o pensamento da Revista O Semeador Internacional, de seu Conselho Editorial ou da FEESP. FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO CNPJ 61.669.966/0014-25 Rua Maria Paula, 140, Bela Vista, CEP 01319-000, São Paulo - SP Tel.: (11) 3188-8383 Portal: www.feesp.org.br Email: redacao@feesp.org.br Diretoria Executiva: Presidente Zulmira da Conceição Chaves Hassesian presidente@feesp.org.br Vice-Presidente João Baptista do Valle vicepresidente@feesp.org.br Diretora da Área de Assistência Social Ivanira dos Santos Julio social@feesp.org.br Diretora Área de Ensino Fátima Luisa Giro ensino@feesp.org.br Diretora Área Espiritual Vera Cristina Marques de Oliveira Millano espiritual@feesp.org.br Diretora Área de Divulgação Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia divulgacao@feesp.org.br Diretora Área Infância, Juventude e Mocidade Vera Lúcia Leite infanciamocidade@feesp.org.br Diretora Área Financeira Guiomar Cisotto Bonfanti financeiro@feesp.org.br Diretora Área Federativa Regina Helena Tuma Carlim federativa@feesp.org.br Assistência Social da FEESP Casa Transitória Fabiano de Cristo CNPJ: 61.669.966/0002-91 Av. Condessa Elizabeth de Robiano, 454, Belenzinho, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2797-2999 Sede Santo Amaro: Rua Santo Amaro, 370, Bela Vista, São Paulo – SP, Tel.: (11) 3107-2023 Casa do Caminho, Av. Moisés Maimonides, 40, Vila Progresso, Itaquera, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2052-5711 Centro de Convívio Infanto-Juvenil D. Maria Francisca Marcondes Guimarães – Rua Franca, 145, B. Bosque dos Eucaliptos, São José dos Campos – SP (12) 3916-3981 Editoração: TUTTO (11) 2468-3384 Impressão: Marmar (11) 99961-4414


Editorial

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Caros leitores

N

esse editorial, não tínhamos como não agradecer a todos que participaram do Congresso Espírita FEESP 2017. Desde os conferencistas, famosos profissionais liberais espíritas, que se superaram nas suas tarefas de esclarecimento ao grande público que se inscreveu para usufruir dos seus conhecimentos, do carisma e especialmente do grande amor que demonstraram com suas brilhantes participações. Longas filas se formaram nos intervalos, para os autógrafos dessas autoridades, que incansáveis, atenderam a todos os pedidos. Com a participação dos queridos conferencistas o conteúdo doutrinário do Congresso esteve preservado para alegria e satisfação dos participantes. As explicações dos problemas sociais atuais em relação ao ensinamento de Jesus, sobre o “grão de mostarda”, atingiram níveis de excelência neste Congresso. Muito felizes ficamos quando esses expoentes do Espiritismo nos agradeceram pela receptividade. Os anjos de guarda, como eles se referiram aos mediadores da FEESP foram realmente atenciosos e eficientes, todos excelentes expositores da Doutrina Espírita. Os voluntários da FEESP prepararam-se para receber os congressistas, arrumando, reformando, enfeitando todo o prédio da Maria Paula, principalmente o Auditório Bezerra de Menezes que recebeu um palco especialmente para o Coral e Orquestra Carlos Gomes e moderna aparelhagem de som e imagem. Ressaltamos aqui a bela apresentação do Coral e Orquestra. Nossa intenção foi a de trazer o melhor na parte doutrinária e ao mesmo tempo dar conforto e segurança para todos inclusive com médicos, ambulância e equipe de passes espirituais de plantão. Graças a Deus não houve intercorrências. Aos caros internautas, telespectadores do programa “Um sentido para sua vida” que residem distantes de São Paulo, em outros países, prometeram e estão cumprindo. Estamos disponibilizando os vídeos das palestras no programa que vai ao ar pela TV Aberta São Paulo e depois ficam alocados no site da FEESP. Também as aulas da Área de Ensino da FEESP que prometemos, já estão sendo gravadas e estarão no mês de julho nos horários da TV Aberta; posteriormente estarão no site. A FEESP tem por hábito, desde que reiniciou seus Congressos em 2008, de convidar os responsáveis por Entidades Espíritas, através de e-mails ou telefonemas.

Silvia Cristina Puglia Diretora da Área de Divulgação Assim, nos deram a honra de participar da cerimônia de abertura, os representantes: FEB – Federação Espírita Brasileira - Jorge Godinho Barreto Nery Aliança Espírita Evangélica - Eduardo Miyashiro AME-Associação dos Médicos Espíritas - Marcelo Saad Casas André Luiz – Jether Jacomini USE – União das Sociedades Espíritas – Júlia Nezu A diretoria da FEESP representada por Zulmira Hassesian, Vera Lúcia Leite, Vera Cristina Milano, Fátima Luíza Giro, Guiomar Cisoto Bonfanti, Ivanira dos Santos de Júlio, Damaris Marin Ramos e Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia, todos devidamente apresentados por Vera Regina Braga, mestre de cerimônias da FEESP. A FEESP sentiu-se prestigiada pelos 2.748 congressistas inscritos. Muito obrigada por acreditarem nos projetos da FEESP, no empenho dos seus diretores, que sempre se preocuparam seriamente com a divulgação do Espiritismo, que segundo Emmanuel, é a maior caridade que podemos praticar. Já estamos com saudades de todos. Abraços Silva Cristina Puglia Diretora da Área de Divulgação

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A LOUCURA

sob novo prisma

“Perseverança e fé vencerão todas as dificuldades, como acontece sempre que combatemos uma enfermidade inveterada por longo abandono” Bezerra de Menezes

A PRISMA A LOUCUR A SOB NOVO

s Dr. Bezerra de Meneze

A

loucura sob novo prisma foi um livro póstu- mento dos casos de distúrbio mental nos meios científicos e mo de Adolfo Bezerra de Menezes, editado mesmo em Centros Espíritas. Podemos citar um expoente pela primeira vez em 1921. Tem o propósito da Doutrina Espírita, Inácio Ferreira, que deu largos passos de abordar o tema das doenças mentais dos neste sentido com o estudo sobre a psiquiatria e a reencarnapontos de vista espiritual e científico. A FEESP devido à ção. A falta de conhecimento neste sentido dificulta a profisua preocupação com a pureza doutrinária, ou seja, seguir laxia e o tratamento destes distúrbios. fidedignamente os postulados de Allan Kardec apresenta No livro, propriamente dito, temos a Introdução feita sob nesse livro um aprofundamento do tema já relatado na pri- o pseudônimo Max. Inicia relatando as perturbações pela lemeira edição de O Livro dos Espíritos. Vemos que não há são no cérebro e suas repercussões e, em contraponto da muitas referências dos continuadores da Doutrina Espírita, questão fisiológica, os efeitos da loucura sem lesão cerebral; mas podemos nos basear no próprio Allan Kardec e na a questão do cérebro e o pensamento e suas relações. O livro plêiade de Espíritos que se propuseram a nos enaltecer o se divide em três capítulos, os quais relatamos sucintamente: tema. Isto pode ser verificado no Capítulo IX (Parte SeNo primeiro capítulo gunda) intitulado “Da intervenção dos espíritos no mundo corpóreo”, em especial os textos sobre Possessos e ConDiscorre sobre o Princípio Espiritual do ser humano, que vulsionários; bem como no capítulo VII, nos textos sobre “idiotismo e loucura”. Encontrar-se-á também no livro é a Alma. Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”, já apreA Gênese, estes pontos dissertados dando-nos uma ideia senta a distinção entre Espírito e Alma, na qual o primeiro é mais ampla sobre a Possessão. A “Loucura” sempre foi dis- o desencarnado e o segundo é o encarnado para a Doutrina cutida e abordada de diversas formas, em épocas diferentes Espírita. O cérebro não segrega o pensamento – o ser penapresentando e analisando sua significância em cada perío- sante é a Alma. O cérebro por si só não tem a faculdade de pensar; é instrumento e não agente. do sócio-histórico. Na atualidaSobre a demonstração da realidade da Alma, vemos as de, a preocupa- experimentações das manifestações anímicas, por anestesia ção com a saúde e por sono magnético. Estes atuam e produzem o sono mental é um dos que traz a inconsciência e o esquecimento, atuando sobre aspectos que, os sentidos. No entanto, nota-se que mesmo estando o corpara nós espíri- po dormindo, o homem não só dorme, e este é a prova detas, é dede Cavalcanti, conhe- dutiva de que há nele outro elemento que o mantém vivo, Menezes suma Adolfo Bezerra de Menezes Dr. Bezerra de Menezes cido popularmente como Dr. Bezerra Meneze de Bezerra mente m p o r tama, t â 29ndecAgosto is (Riacho a de. 1831do enquanto a suspensão dos órgãos corporais. Destaca-se a ou isimples Sangue, atual Jaguare médico, foi 1900), de Abril Rio de Janeiro —O ser, 11 dehumano expoente da experiência de Velpeau, em que os pacientes embora anesmilitar, escritor, jornalista, político e Doutrina Espírita no Brasil. quando do lan- tesiados, hipnotizados, revelam fatos, resolvem problemas. deve sera Espíritavisto Conheceu a Doutrin uesa de O çamento da tradução em língua portug de um exem- Foi demonstrado por Esquirol que o Espírito, sem o conatravés 1875), s (em dos Espírito de uma forma Livro ória pelo plar que lhe foi oferecido com dedicat Travassos. Sobre tradutor, Dr. Joaquim Carlos seuintegral. Ainda registrou curso da matéria, raciocina, compara, resolve e descobre, Bezerra próprio o obra, a o contato com posteriormente: Tijuca, ao que leva à dedução que existe na constituição humana, na morava existem poucos eu e “Deu-mo na cidade uei com o liuma hora de viagem de bonde. Embarq viagem, longa a o para e, como não tinha distraçãsobre vroestudos algo além da matéria, que explica a visão que sonâmbulos o inferno disse comigo: ora, Deus! Não hei de ir para Depois, é ridículo confessar-me ignoporaler isto… importância o todastêm, das revelações de locais onde nunca estiveram antes. rante desta filosofia, quando tenho estudad abri o livro as escolas filosóficas. Pensando assim, com a Bíblia.Há provas inúmeras que o homem, mesmo após a morte, dome a ele,livro como acontecerado e prendinovo para fosse que nada ava encontr Lia, mas não era novo para Entretanto, tudo aquilode Espírito. Bezerra meu Dr. pode manifestar-se. se achaque o tudo ouvido mim!... Eu já tinha lido ou seriamenei-me Preocup s’. Espírito dos Livro ‘O no va Menezes nomesmo dizia: A demonstração desta realidade, racional e até científica te com este fato maravilhoso e a mim ou, mesmo parece que eu era espírita inconsciente, nascença.” da existência da Alma, desmistificam a tradição popular, ainmodo ente, detratase diz vulgarmde como Reformador,

A loucura sob novo prisma

Pintura Mediúnica da FEESP

FEDERAÇÃO ESPÍRITA

O

DO ESTADO DE SÃO PAUL

Com o lançamento do periódico

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da que esta tenha sua contribuição para compreendermos a imortalidade do ser que tem continuidade espiritual. No segundo capítulo Vemos três pontos discutidos: 1. Explanação cosmogônica: Deus cria Espíritos em identidade de condições simples e ignorantes destinados à perfeição (relativa). Estes trazem latentes todas as faculdades que, exercitadas em cada encarnação, vão aperfeiçoando o Espírito. Cada um segundo suas obras. O Espírito possui o Livre Arbítrio, tendo a responsabilidade pelo uso da liberdade e responsabilidade de seus atos, pensamentos, sentimentos e palavras. Uma única existência é insuficiente; temos uma jornada evolutiva: a pluralidade das existências e dos mundos. Para isso, temos o auxílio de Espíritos Benfeitores – o próprio Bezerra de Menezes, como Espírito. Pela Escala Espírita, que vai de Espíritos imperfeitos a Espíritos Superiores, nos revela um olhar mais cuidadoso que devemos ter para com todos; bem como, termos em mente que vivemos cercados de Espíritos que nos influenciam. 2. Ciência Espírita: a união da alma com o corpo se dá pelo perispírito; célula a célula pelo processo reencarnatório. O Espírito para viver em um mundo material precisa de um intermediário, mais denso ou rarefeito, segundo o mundo que habita. Este perispírito que lhe dará a forma predita com base nas vivências anteriores. O perispírito é o órgão sensório do Espírito e armazena as impressões que vão se manifestar fisiologicamente. A Terra, sendo planeta de expiações e provas, é escola e hospital. Tem em sua programação reencarnatória períodos mais sofridos nos quais a resignação é preponderante até sua cura; só que essa cura pode não se

dar numa existência. 3. Influencia dos Espíritos: Como já relatamos, a Escala dos Espíritos determina a influência, devido à sintonia e afinidade. No terceiro capítulo Há casos verificados de loucura sem lesão cerebral. Se assim for, não pode ser cientificamente contestado que o cérebro não gera o pensamento, e independentemente daquele órgão pode o pensamento sofrer perturbações. A alma por suas relações com o corpo, enquanto estiver presa tem a necessidade do cérebro para transmiti-lo. Se o cérebro apresentar lesão ocorrerá problemas na transmissão do pensamento, explicando-se facilmente, portanto, a loucura por lesão cerebral. É a Alma que pensa, raciocina, delibera, guarda memória, sente o cheiro, o gosto, e tem as impressões do tato, ouve e etc. Assim, não manifestar seu pensamento claro nítido quando o cérebro sofre é tão natural quanto o artista não manifestar seu talento por falta do respectivo instrumento. Logo, todo o organismo é instrumento da alma. A cura das moléstias de fundo orgânico e das que são efeitos de causas morais, não se pode alcançar pelos mesmos meios. Em síntese, é preciso distinguir, para tratamentos distintos as duas espécies

de loucura: Loucura Científica ou Orgânica – Há lesão cerebral. Loucura Moral ou Psicológica – Trata-se de perturbação da faculdade anímica e não do instrumento de manifestação, ou seja, sem a presença de lesão cerebral. Alguns Espíritos, possuídos por seu desejo de vingança, atuam fluidicamente sobre seus desafetos: inspiram maus pensamentos, chegando a dominar nossa vontade. Tornam-nos subjugados, como hipnotizados. Cada um de nós forma sua atmosfera moral, dentro da qual só podem penetrar Espíritos da mesma natureza. Assim, aqueles que cultivam bons pensamentos, que modelam suas ações pelo cumprimento do dever e do bem, não podem ser avassalados pelos obsessores. Bezerra adverte que as obsessões são sempre devidas a um “desfalecimento” seguido de um “arrastamento”. A este estado, a Ciência chama loucura, e o é; mas a esta loucura o Espiritismo chama Obsessão. Pela perturbação na transmissão do pensamento pela interposição dos fluidos do obsessor entre o agente e o instrumento, de modo que fica interrompida a comunicação regular dos dois. Bezerra narra o caso de um de seus filhos que, moço de grande inteligência, foi subitamente tomado de alienação

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mental. Estudava medicina quando isso aconteceu. E, Bezerra diz que quando passava os acessos e tinha momentos de lucidez conversava normalmente. Uma vez, seu filho disse que sabia estar praticando o mal, mas que era arrastado por uma força superior à sua vontade. Bezerra recorreu ao Espiritismo. Na obsessão é indispensável evocar o ob-

SÁBADOS, ÀS 16 H. RÁDIO BOA NOVA 1450 AM COM ALEXANDRA STRAMA 6

sessor e alcançar dele que desista da perseguição. Em nova reunião veio o inimigo e disse que gostaria de atingir diretamente Bezerra, como não podia em razão de seu adiantamento moral e espiritual, atingia-o indiretamente através do filho. Quando o obsessor finalmente arrependido o deixou, seu cérebro não se restabeleceu de pronto, tal a influência fluídica do obsessor. Não teve mais acessos, ficou calmo. Ainda assim, não recuperou a vivacidade da inteligência. Vemos nesta obra ímpar da Doutrina Espírita a oportunidade de estudo e pesquisa no campo psiquiátrico, psicológico, espiritual e mesmo moral para que possamos ampliar os meios profiláticos e de tratamento cada vez mais efetivos na saúde mental e na qualidade de vida, já que quando há condições favoráveis, a Alma pode desenvolver suas potencialidades com maior plenitude.

Texto do livro do Congresso Espírita FEESP 2014

Zulmira da Conceição Chaves Hassesian É presidente da FEESP. zulmirahassesian@feesp.org.br


SONO, SONHO

E E

e sonambulismo

nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu espírito derramarei sobre toda carne e, vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões; vossos velhos terão sonhos. (Joel 02:28) Há, aproximadamente, 830 anos a.C. o profeta Joel já fazia prenúncios para os dias de hoje ao referir-se “e nos últimos dias”, como sendo o período dos três últimos séculos do Mundo de Provas e Expiações a que vivemos, a contar do século XIX, com o advento da maior reforma para a Humanidade, o envio pelo Cristo do Outro Consolador, ou seja, a Doutrina Espírita. Realmente vem acontecendo o “derramamento sobre toda carne” dos Espíritos de Luz, seja qual for a religião, a raça ou a família, onde haverá premonições, visões e sonhos com instruções, orientações e de aprimoramento moral, fatos esses, repetidos pelos apóstolos no dia do Pentecostes, quando se expressaram em diversas línguas (xenoglossia), para o espanto do povo presente. (Atos 2:17) Quanto ao sono, a ciência médica diz que se trata de um período de repouso para o corpo e a mente, durante o qual a volição, isto é, a vontade e a consciência estão em inatividade parcial ou completa. Já para a ciência espírita, o repouso é somente para o corpo físico, que refaz a vitalidade. Entretanto, quanto à mente, esta não entra em repouso e, a consciên-

cia pode ficar com inatividade parcial, mas, nunca completa, em razão da comprovação no desdobramento do Corpo Espiritual, onde ocorre com a consciência lúcida. Allan Kardec afirma que “pelo efeito do sono, os Espíritos estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos”. O sono, também, segue os estágios conhecidos, como o da Sonolência, onde acontece vagueio e pensamentos incertos; Sono Leve, com fácil despertar; Sono Mais Profundo, como o sono considerado normal; Sono Bem Profundo, aquele que entra no estágio REM (Rapid Eye Movement, ou seja, movimento rápido dos olhos), onde acontecem os sonhos. Com relação aos sonhos, os primeiros estudos vieram pelo francês, Hervey de Sanint-Denys, em 1653, e colocou em evidência a expressão Onirologia, palavra grega, onde “logia” condiz com “estudo ou ciência” e “oniro”, como “sonho”, assim, entendendo-se Ciência do Sonho. Posteriormente, os pesquisadores, Stephen Laberge e Keith Hearne confirmaram a existência do sonho lúcido, o qual é vivenciado na espiritualidade, que foi batizado por Onirofania. Na obra O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, mais precisamente na questão 402, diz que o Sonho é a lembrança do que o seu Espírito viu durante o sono. Na segunda parte desta obra, no capítulo VIII, faz-se um estudo mais profundo a respeito e tem o título “Emancipação da Alma”, ou seja, libertação da alma ou independência da alma. Classifica os sonhos em sonho fisiológico, quando ocorre sobre influência do corpo físico; sonho psicológico, pela influência do estado íntimo do encarnado; sonho espírita, pela lembrança de contatos no mundo espiritual. Como exemplos, temos os sonhos de José, pai de Jesus; sonhos do faraó, interpretados por José, filho de Jacó e o famoso sonho lúcido do presidente americano, Abraham Lincoln, que sonhou no dia 22 de março de 1865, que estando à porta do salão nobre da Casa Branca, onde acontecia um velório e, indagando de um soldado de quem era o velório, teve como resposta que era do presidente Lincoln. Acordando, em seguida, assustado, viu que estava vivo. Porém, no dia de 14 de abril do mesmo ano, tendo um compromisso de estar presente num evento no Teatro Ford, foi vítima de homicídio por um fanático. Quanto ao sonambulismo, na obra O livro dos Médiuns, capítulo XIV, item 174, Kardec afirma que “o sonâmbulo age por influência do seu próprio Espírito. É sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe além dos li-

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mites dos sentidos físicos”. Assim, bem ao contrário do “médium” que serve de instrumento a outra inteligência e o que ele diz não é dele. Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento e o médium exprime o pensamento de outro. Assim, o sonambulismo é uma faculdade, é uma qualidade do próprio Espírito do encarnado. Atualmente, existe uma ciência experimental denominada por Conscienciologia e ou Projeciologia, fundada em 1988, por Waldo Vieira, o qual criou o Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia – IIPC – que tem como meta compreender e praticar as vivências fora do corpo físico. Modernamente, simplificou-se a denominação dessa faculdade para “Desdobramento”, que segundo o pesquisador e escritor Wagner Borges (1) conceitua como “a capacidade que todo o ser humano possui, de projetar a consciência para fora do corpo, utilizando-se dos corpos sutis de manifestação”. Com este novo conceito, que im8

plica na utilização dos corpos sutis de manifestação, surgiram dúvidas sobre esses corpos, onde muitos alegam que Kardec não os mencionou nas obras básicas da codificação, o que não concordamos, pois em O Livro dos Espíritos, nas explicações das questões 135 e 135ª, o codificador diz que “o homem é formado por três elementos essenciais; o primeiro o corpo ou ser material, análogo aos animais; o segundo elemento a alma, Espírito encarnado cujo corpo é a sua habitação e o terceiro elemento o perispírito, uma substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e une a alma e o corpo”. Ora, Kardec diz claramente que “o homem é formado por três elementos essenciais”, assim, logicamente, existem outros elementos secundários, bem como, mais adiante afirma: “uma substância semimaterial (perispírito) que serve de primeiro envoltório ao Espírito”, assim, se existe “primeiro”, existe segundo, terceiro, quarto envoltório. Precisa-se entender que O

Livro dos Espíritos é a obra básica da Doutrina Espírita e, como a Constituição Federal, que somente traz as leis fundamentais e essenciais do Brasil, mas que aceita leis complementares para sua regulamentação. Dessa forma, também, a obra básica filosófica da doutrina aceita outras obras que a regulamentam e explicam. O Desdobramento pode ocorrer durante o sono, no transe, na síncope, no desmaio, ou sob a influência de anestésicos. Pode ser um Desdobramento Natural, quando o Espírito se desloca do corpo sem o concurso da vontade ou, ainda, o Desdobramento Provocado, quando pela sua própria vontade consegue este êxito. Para a emancipação da alma não há necessidade de um sono profundo, pois somente com um cochilo pode ocorrer o “Desdobramento” do Corpo Espiritual, quando então, se pode ver e ouvir os Espíritos e ter consciência nítida de todo o ocorrido. Como já vimos não se trata de mediu-


nidade, mas qualidade adquirida pelo Espírito do próprio encarnado, fato esse que ficou chamado por Animismo ou Anímico e amplamente estudado pelo cientista Ernesto Bozzano, que conceitua como o desprendimento parcial e lúcido do perispírito do encarnado, quando toma conhecimento do extrafísico e podendo entrar em contato com desencarnados de vários planos, dependendo de sua evolução, bem como, até com encarnados. Nessa situação de desprendimento pode, ainda, ter conhecimento do passado e do futuro de suas existências ou de terceiros. Para o Espírito tudo é presente. Com o corpo físico ativo (acordado) vive o presente, sem conhecimento do passado e do futuro; com o corpo físico em repouso (sono) o Espírito continua a viver o presente na espiritualidade, pois ele não dorme, com raras exceções. Quanto ao presente, passado e futuro, somente se tem esse entendimento, aqui na Terra, durante a existência do Espírito encarnado, em razão do corpo físico necessitar do repouso para recuperação da vitalidade, entretanto, ao acordar desse repouso, entende que é outro dia e que antes do repouso já ficou no passado e o futuro será ao acor-

dar de outro repouso. Por exemplo: se estamos em uma reunião por volta das 22:00 horas, do dia 15, diremos que estamos no presente, entretanto, se passar das 24:00 horas, torna-se dia 16, mas se continuarmos acordados nessa reunião diremos, também, que estamos no presente, assim o dia 15 não será passado e nem o dia 16 o futuro. Mesmo quando o Espírito encarnado ainda não conquistou o “desdobramento consciente”, ele tem os contatos extrafísico, mas ao despertar do sono, não lembrará, em razão, que o Espírito ao retornar ao corpo com suas energias mais rarefeitas, ao encontro com as energias mais densas do corpo físico, apaga a lembrança. Por outro lado, conforme a atividade do Espírito na espiritualidade durante o sono físico, ao acordar poderá sentir fadiga. O Espírito emancipado, através de seu Corpo Perispiritual, tem várias propriedades, entre elas, a de volitar no espaço, a de plasmagem ou modelagem, a de poder ir de um plano espiritual a outro mais superior, através de outros corpos mais sutis, bem como, ao sentir qualquer perturbação no corpo físico, retornará ao mesmo com a rapidez de um raio.

1- BORGES, Wagner, livro Viagem Espiritual I e II e conteúdo do site www.ippb. org.br

João Demétrio Loricchio foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP de 2008, 2011, 2014 e 2017. É expositor, palestrante, escritor e articulista espírita de revista e jornais. joaodemetrio@terra.com.br

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O VALOR DO TEMPO

T T

udo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou... Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer o bem na sua vida” (Eclesiastes 3:1-13.) O tempo tem um papel fundamental em nossas existências. Os ponteiros inexoráveis do relógio não param, não se detêm perante os dias, anos e séculos, e tanto pode ser nosso aliado como inimigo, depende sempre de como o utilizamos. Se soubermos aproveitá-lo, o ganhamos, mas se dele nos descuidamos, o perdemos, e dizem que o tempo não se recupera que ele não volta atrás. Uma grande verdade é que precisamos muito dele. Ele é imprescindível para realizarmos nossa evolução, nosso crescimento material e espiritual. Sem o tempo como poderíamos usufruir da reencarnação? Como seria possível adquirir o conhecimento necessário para aprender as Leis Divinas e compreender todas as suas aplicações? Como nos diz o texto acima, Deus nos oferece um tempo para tudo; nascer, crescer, morrer. Estes estágios nos trazem oportunidades valiosas e em cada uma dessas fases, surgem grandes aprendizados. Na infância a criança está aberta para receber e ser contagiada pela educação, e aprender outros valores que poderão nortear sua vida futura. É tempo de conquistar corações com a nova apresentação corporal. Vestidos de anjos, encantamos os familiares e possivelmente antigos desafetos. É tempo de recomeçar... Na maioridade, as lutas pela sobrevivência material e emocional se desenvolvem de acordo com nossas disposições e posturas. Buscamos geralmente a felicidade, nos enganamos, nos arrependemos, voltamos a tentar novamente. “Tempo de plantar e se arrancar o que se plantou”, como podemos observar, sempre é possível retomar a oportunidade, e tentar outra vez. Infelizmente, alguns estacionam no meio do caminho se culpando, ou culpando o semelhante, e parados veem o tempo passar, desperdiçando-o. É tempo de continuar... Na velhice consolidamos os aprendizados, aparamos as arestas e temos ainda um tempo de partida, deste, para outro mundo. E quando lá chegamos, tudo recomeça, pois, se por um lado aqui morremos, por outro em nova dimensão renascemos. É tempo de refletir... O tempo não para, nem tampouco a vida... Muitos dizem que somente o tempo cura nossas dores, e

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somente ele pode cicatrizar nosso coração. Na realidade com sua ajuda, conseguimos trabalhar nosso íntimo, modificando os sentimentos que nos adoecem, aplicando os remédios infalíveis do perdão, da paciência, da compreensão, da fé, da piedade e da resignação. Para passar bem o tempo, não há forma melhor do que o trabalho que aprimora nossa essência espiritual, que auxilia os que necessitam e que traz o conforto material. A preguiça, o desânimo, a ociosidade são inimigos do nosso crescimento, pois matam o tempo e queimam as grandes oportunidades que Deus nos oferece. Todavia, querer acelerar o tempo cultivando a ansiedade e a pressa também constituem uma atitude enganosa. O equilíbrio é fundamental para melhor administrar nossa vida, nosso tempo, nossa imortalidade. Temos a imortalidade à nossa frente, contudo, nos cabe escolher como passaremos por ela. Sofrendo por desperdiçar o tempo ou trabalhando na construção do Reino Divino em nós para mais rápido usufruirmos da verdadeira felicidade. Não perca tempo!

Umberto Fabbri foi conferencistas dos Congressos Espíritas 2008, 2011, 2014 e 2017. É escritor, expositor, palestrante e articulista espírita de revistas e jornais. umberto.fabbri@uol.com.br


PARÁBOLA DO

mordomo infiel

No Mundo Maior possuiremos somente as qualidades nobres que houvermos conquistado

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ada homem é servidor e administrador frente à obra de Deus. Servidor porque trabalha na seara divina e administrador porque terá de prestar contas do resultado dessa tarefa perante a Justiça divina. Podemos entender, então, que administrador não é aquele que cuida apenas dos interesses coletivos, particulares ou públicos com esforço pessoal, pois “cada inteligência da Terra dará conta dos recursos que lhe foram confiados”, afirma o benfeitor espiritual Emmanuel1, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier. Lembra, também, que esses recursos não são apenas a fortuna e autoridade. Vão além, muito além... O corpo físico, a saúde, as oportunidades de crescimento pelas possibilidades de servir, de estudar, de bem usar o tempo; o próprio lar, os amigos e as experiências pelas quais passamos e que nos permitem aprender mais são dádivas do Céu. Mesmo a ocasião de viver em harmonia com tudo e com todos que nos cercam a existência ou de ajudar alguém a quem necessite são bênçãos vindas do Celeiro Divino do amor para nossa evolução espiritual. Todos esses recursos são talentos preciosos que repousam em nossos corações, o tabernáculo sagrado da parábola, em nossas mãos e no nosso

caminho. Por isso é preciso velar pelo que realizamos com eles, pois chegará o dia em que o Pai nos dirá: “dá conta da tua administração”. Fica claro na passagem evangélica a preocupação do Mestre em nos alertar para o fato de que somos instrumentos dos quais Ele se utiliza para ajudar o outro, embora ambos, (o outro e nós), sejamos imperfeitos, e a possibilidade do uso dos bens materiais para fins espirituais. Assim, o senhor das terras na parábola é Deus e nós o mordomo ou o administrador infiel. O fato é que essa parábola talvez seja uma das mais difíceis de serem compreendidas em sua essência, a menos que pretendamos, com uma leitura literal, imaginar que Jesus possa compactuar com a esperteza, com a desonestidade. Se o Mestre não compactua com essas atitudes, o que Ele quis dizer? Para compreendermos isso, é necessário penetrarmos no campo do espírito: segundo a parábola o mordomo foi denunciado por ser esbanjador, mas é preciso entender que ele não era gastador, ou seja apenas facilitava os negócios, trazendo prejuízos ao patrão. O dono das terras agiu com justiça despedindo-o, e com misericórdia não o denunciando para ser preso e punido.

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Esse fato é de grande importância para a sequência da história que Jesus narra, pois o administrador, tendo que apresentar as contas ao patrão, aposta na misericórdia com a qual havia agido consigo e faz a mesma coisa com os arrendatários das terras: reduziu as dívidas deles, procurando imitar a conduta do patrão. Mas, o que significa, no campo do Espírito, reduzir a dívida do outro? Vamos entender essa lição do Excelso Amigo: do ponto de vista de Jesus, cada vez que auxiliamos alguém, conquistamos novos amigos encarnados e desencarnados e essa ajuda retorna a nós quando necessitamos, diminuindo a nossa conta junto à contabilidade divina. Granjeamos novos amigos, conforme o pedido d`Ele. Quando ajudamos os tutelados desses amigos encarnados, os Espíritos marcam o bem que fazemos e nos devolvem, mais tarde, quando precisarmos. Diminuímos os débitos dos companheiros encarnados, quando impedimos, com nossa ajuda, de cometerem novos desatinos ou levá-los a repensar suas escolhas, trazendo-os de volta ao equilíbrio. E de tanto fazer o bem, aprendemos a amar incondicionalmente. Não é isso que diz o apóstolo Pedro, na sua primeira carta, capítulo 4, versículo 8: “O amor cobre uma multidão de pecados”? A leitura cuidadosa da parábola permite observarmos a proposta de Jesus para imitarmos o mordomo infiel, juntando tesouros no Céu e não na Terra, como lembra Mateus, no capítulo 6, versículo 20. O benfeitor Emmanuel, através da abendiçoada psicografia de Francisco Cândido Xavier, diz: “(...) cresçamos na virtude e incorporemos a verdadeira sabedoria, porque amanhã serás visitado pela mão niveladora da morte e possuirás tão somente

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as qualidades nobres que houveres instalado em si mesmo 2. Mas, como nós poderemos imitar a atitude do mordomo? Como poderemos diminuir o débito das criaturas? Através das palavras que consolam, que confortam, que erguem as criaturas do desespero para a esperança. Mostremos ao amado Mestre nossa capacidade de auxiliar o próximo ofertando o ombro amigo, o alimento para o corpo e para o Espírito, o esclarecimento que o tira da ignorância das culpas e penas eternas... Deus é Pai de amor, justiça e misericórdia e apesar das nossas imperfeições, somos Seus colaboradores na construção de um mundo melhor. Granjeai amigos, nos diz a parábola. Amigos sinceros, devotados pelo uso correto dos bens materiais, porque toda dificuldade do homem sobre a Terra está em assumir atitude correta em face dos bens materiais”.3 A riqueza das injustiças inclui nosso passado total, com todas as lições dolorosas que o caracteriza. Para Cairbar Schutel, a parábola trata de duas qualidades: a fidelidade, a firmeza de caráter e a infidelidade. Pergunta ele: somos fiéis nos nossos deveres? Temos reconhecimento, gratidão, indulgência, caridade e amor? Entendemos o convite do Mestre para sermos perfeitos como o nosso Pai Celestial o é? Evidentemente que nossa dificuldade ainda é imensa frente aos generosos convites do Divino Amigo. Ainda não conseguimos compreender o que os ensinamentos evangélicos significam. A fidelidade, a justiça, mesmo no pouco, é algo difícil de realizarmos em nós. O que dirá então no muito? Como o apóstolo Paulo de Tarso, ainda que demoremos, um dia faremos a mesma pergunta4: “quem me separará do amor de Cristo?”

1 - XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. 10.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1982, lição 75. 2 - idem – lição 177. 3 - RODHEN, Humberto – Sabedoria das Parábolas – Editora Martin Claret – São Paulo – SP. 12ª edição, pg. 76 4 - Paulo, (romanos, 8:39).

Leda Maria Flaborea, expositora da Feesp. Articulista de vários periódicos espíritas impressos e virtuais. ledaflaborea@uol.com.br


S S

O MOMENTO

em julgamentos e preferências olhemos o mundo por todos os ângulos que nos são possíveis. Verificaremos que os impulsos e os comportamentos em nada deixam a desejar ao Sermão Profético de Jesus, grafado por Mateus, capítulo 24: 6 a 14: “... E estareis na eminência de ouvir de guerra e relatos de guerra; olhai, não vos alarmeis, pois é necessário acontecer essas coisas, mas ainda não é o fim. Pois se levantará nação contra nação, reino contra reino; haverá fomes e terremotos em todos os lugares. Todas essas coisas são o começo das dores de parto. Então, vos entregarão à provação e vos matarão; e sereis odiados por todas as nações por causa do meu nome. Neste tempo, muitos se escandalizarão, entregarão uns aos outros e odiarão uns aos outros. Muitos falsos profetas serão levantados e enganarão a mui-

Terra

tos. E por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo. Este Evangelho do Reino será proclamado em toda a terra habitada, para testemunho a todas as nações. E então virá o fim. ...” Os Espíritos ligados ao planeta Terra, tanto os encarnados como os desencarnados, certamente contaram os dias e as noites, porém, permaneceram com as mesmas qualidades ancestrais e brutais, sem darem conta que o Sol fortaleceu a Terra e ela progrediu; que a sua configuração geográfica se alterou ao longo do tempo; que as ferramentas para aprimoramento espiritual foram surgindo no plano material, inclusive o próprio corpo denso tornou-se mais flexível; enfim, ainda assim, o egoísmo e a prepotência, ligada ao egotismo, levaram grandes plêiades de Espíritos encarnados, principalmente, a se acharem soberanas nas comunidades nas quais se instalaram, para aperfeiçoamento das funções espirituais. Esses irmãos morreram em vida; sentido figurado para qualificar aqueles que dispensaram as razões evolutivas das existências, e as tornaram construções de equívocos a serem desfeitos no futuro, através da dor e do sofrimento, instrumentos inequívocos doados por Deus, até perceberem que a vida não é para apegar-se à matéria, à corrupção e à brutalidade, mas sim, servir-se da matéria e do tempo doado pelo Pai para aprimoramento espiritual em busca da

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felicidade, dissipando a ignorância. O momento Terra mostra-nos os olhos fechados e os ouvidos tapados com os quais caminhamos; isto porque, os avisos e as orientações vêm de longe, pois em o Antigo Testamento encontramos Jesus, por meio do profeta Zacarias, capítulo 13: 8 e 9, nos alertando: “E acontecerá em toda a Terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.” E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é o meu Deus.” Sentimos que o progresso espiritual caminhou a passos curtos; obviamente por ter se deixado levar pelos prazeres da carne e das coisas do mundo denso. O orgulho e a vaidade invadiu o psiquismo dos encarnados, levando-os a situações trevosas, e atraindo condições perniciosas do plano espiritual, que até hoje se agregam aos encarnados em sintonia, e colaboram em todos os delitos que se realizam todos os dias em prol da violência, das perturbações, das corrupções e dos transtornos e conflito entre indivíduos, comunidades e nações. Nossas colocações encontram apoio nas palavras de André Luiz, no livro Libertação, capítulo I – Ouvindo elucidações (trecho): “Expressando-nos coletivamente, sabemos hoje que o Espírito humano lida com a razão há, precisamente, quarenta mil anos... Todavia, com o mesmo furioso ímpeto com que o homem de Neandertal aniquilava o companheiro, a golpes de sílex, o homem da atualidade, classificada de gloriosa era das grandes potências, extermina o próprio irmão a tiros de fuzil. 14

... Nos campos da Crosta Planetária, queda-se a inteligência, qual se fora anestesiada por perigosos narcóticos da ilusão...” O momento Terra não dispõe de mais espaço para a irracionalidade, e para costumes na faixa vibratória do mal consequente. Podemos afirmar, com raras exceções, que todos os Espíritos encarnados, e desencarnados também, caminhantes no campo de emanações magnéticas da Terra, são, de alguma forma, conhecedores das Leis Divinas. Então, imediatamente, precisam colocá-las em prática, caso partam para outros procedimentos, estarão sustentando à vontade de prosseguirem em um caminho mais longo e tortuoso para definirem a paz. Isto é, o bem, em considerando o evidenciado acima, e a etapa evolutiva do planeta, a transição para a fase de Regeneração, precisa estar vigente nas ações ou, pelo menos, estar moldando os pensamentos, não mais os deixando exercitarem o descabido; isto tem que acontecer agora, não depois.

Roberto Vilmar Quaresma foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP de 2008, 2011, 2014 e 2017. É expositor, escritor, palestrante e articulista espírita de revista e jornais robertovilmarquaresma@gmail.com


Abertura do Congresso Dia 28 de abril de 2017

Coral e Orquestra Carlos Gomes da FEESP

Eduardo Miyashiro diretor geral da Aliança

Alan Vilches, diretoria e convidados

Jetter Jacomini representante das Casas André Luiz

Marcelo Saad presidente da Associação Médico Espírita

Júlia Nezu presidente da USE

Auditório Bezerra de Menezes

Silvia Cristina Puglia presidente emérita FEESP e diretora da área de divulgação

Homenagem Divaldo Franco aos 70 anos de oratória


Divaldo Franco no auditório Bezerra de Menezes

Autógrafo Divaldo Franco, Zulmira Hassesian e Silvia Puglia

Alexandre e equipe (brindes)

Recepção aos conferencistas

Staff divulgação

Gicélia, Maria do Carmo, Sônia e Diego Recepção aos convidados

Vera Braga

Staff livraria FEESP

Dia 29 de abril de 2017

Umberto Fabbri

Umberto Fabbri no auditório Bezerram de Menezes

Paulo Pio


Edelson da Silva Jr

José Damião

José Damião e Silvia Puglia

Edelson da Silva Jr no auditório

Miguel Sardano

Alberto Almeida e Paulo Oliveira

Paulo Wedderhoff

Alberto Almeida

Alberto Almeida

Paulo Wedderhoff e Jussara Morseli

Sebastião Camargo

Público no auditório Bezerra de Menezes


Geraldo Lemos

Renato Costa

João Lourenço Navajas

Geraldo Lemos

Renato Costa

João Lourenço Navajas

Maria José e equipe da cozinha

Pintura Mediúnica

Pintura Mediúnica

Pintura Mediúnica

Público na FEESP

Feirão de livros


Hideo e equipe do som e imagem

André Calió

Zezinho

Dia 30 de abril de 2017

Vilson Disposti

Irvênia Prada

Alejandro Vera

Vilson Disposti

Irvênia Prada

Alejandro Vera

Vilson Disposti

Carlos Baccelli

Carlos Baccelli


J. Demétrio Loricchio

André Trigueiro

Américo Canhoto

J. Demétrio Loricchio

André Trigueiro

Américo Canhoto

Eduardo Miyashiro

Joel Beraldo

Eduardo Miyashiro Café da FEESP

Joel Beraldo

Eduardo Miyashiro

Autógrafos na FEESP


Ademar José Gevaerd

Manolo Quesada

Mario Pietro Peres

Ademar José Gevaerd

Manolo Quesada

Mario Pietro Peres

Renato Prieto - Teatro

Teatro Renato Prieto

Livraria da FEESP

Renato Prieto

Entrevista de Silvia Puglia à Boa Nova

Auditório André Luiz


Dia 1º de maio de 2017

Jetter Jacomini

Jetter Jacomini

Roberto Vilmar Quaresma

Heloisa Pires

Roberto Vilmar Quaresma

Heloisa Pires

Feirão de livros

Equipe Sala Vip

Feirão de livros

Marcel Souto Maior

Marcel Souto Maior

Marcel Souto Maior

Lídia, Flávia, Silvia e Marcel Souto Maior


José Carlos de Lucca

José Carlos de Lucca

Alexandre, Adriana e Luiz (Staff da divulgação)

Zulmira Hassesian (Retrospectiva)

José Carlos de Lucca

Silvia Puglia (Retrospectiva)

Lindalva Melo (médica responsável pelos plantões)

Vera Braga (mestre de cerimônia)

Agradecimento especial aos doadores do Congresso Caderninhos de anotação e canetas personalizadas Ana Maria Vidros para grãos de mostarda Alexandre Fronzaglia Crachás, sacolas, blocos de notas e ambulância Ramalho Sacolas de livros, cordões para crachás Celisa Germano Datashow Equipe das palestras de domingo – Hideo


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ÁREA DE DIVULGAÇÃO

PALESTRAS E APRESENTAÇÕES AGOSTO 2017

DOMINGOS DAS 10H ÀS 12H

06/08 10h 13/08

GRAVIDEZ ANTE O ESPIRITISMO PALESTRANTE: Carlos dos Anjos MUSICAL:Sandra Carvalhaes (piano) Leandro Gomes (violino)

A PROMESSA VIVA DE JESUS

DOMINGO PALESTRANTE: Flávia Manzano

10h

19/08 SÁBADO

18h

MUSICAL: Coral e orquestra Carlos Gomes da FEESP

TEATRO ESPÍRITA

PEÇA: “O Mistério da Mansão Winston”

20/08

DOMINGO

8 /17h

26/08 SÁBADO 18h 27/08

DOMINGO

10h

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TEATRO ESPÍRITA PEÇA: “O Mistério da Mansão Winston”

“TOME SUA CRUZ E... SEGUE-ME”. PALESTRANTE: Marcia Prasinos MUSICAL: Chaves de Luz


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ª Festa Beneficente de RuaTípica

a s e c n a r F

Em Homenagem a Allan Kardec

Dia 08 de Outubro das 10h às 20h a i l í m a f a e d i v n o C ! s o g i m ea

- Comidas típicas - Shows com artistas famosos e - Sorteio de brindes

Rua Maria Paula, 140 - Bela Vista São Paulo


O Ã Ç ES N E AD T A ID V NO

Agora, 2 programas diferentes em 4 horários

Um sentido para sua vida Apresentação Silvia Cristina Puglia

* Entrevistas, Pinturas Mediúnicas, Palestras, Depoimentos Sextas-feiras às 14h e Reprise aos Domingos às 16h

* Aulas de Doutrina Espírita Sábados às 8h Reprise às quartas-feiras às 23h

Nos canais 09 da NET/ 36 da CLAROTV/ 186 da VIVOTV e 08 VIVO Fibra Os programas já apresentados encontram-se no Portal da FEESP. www.feesp.org.br


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