Revista O Semeador (FEESP)

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FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936

JANEIRO DE 2013 Nº 895

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Desejamos um mundo mais feliz em 2013 Eleições 2012 Julieta Ignez Pacheco de Souza é eleita a nova presidente da FEESP para o próximo triênio


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O DE SÃO PAUL DO ESTA DO NAL O ESPÍ RITA ÃO NACIO FEDE RAÇÃ - DISTR IBUIÇ ORG ÃO DA 432 - Ano XXXV de 2012 - Nº Dezem bro

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FUNDADA EM 12 DE JULHO DE 1936

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Nº 894

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a lista de Acompanhe serão palestras que mês. neste realizadas Página 6

Encontro da Família

Festival da Primavera

no último Aconteceu o dia 30, o lind Festival da FEESP com ica. muita mús 13 e Páginas 12

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Palestras da FEESP nos as Centros Espírit

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ncia, Área da Infâ e MocidaJuventude SP realiza de da FEE o com comemoraçã Teatro. emocionante Página 14

Mário Pietro Peres, presiden te de AME, e Silvi a Puglia

Umberto Fabbri

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Chico Xavier

Eleito pelo pov o brasileiro o maior brasileir o de todos os tempos.

Xavier Cisco Cândido

Palestras s Públicas ao Domingos

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Agora, o Jornal Espírita está mais informativo; você saberá tudo sobre as palestras doutrinárias ministradas aos domingos na FEESP. São 8 palestras, com seus resumos, recheadas de comentários. A Revista O Semeador Internacional é elaborada com artigos de renomados articulistas espíritas, que muito contribuem para o entendimento da Doutrina Espírita. Seja um assinante! Informações:

(11) 3106-1619, 3107-1276, 3115-5544, ramal 217 livraria da Sede Maria Paula. Fax.: (11) 3104-5245. Portal: www.feesp.org.br E-mail: divulgacao@feesp.org.br


EXPEDIENTE Revista bimestral Assinatura anual: R$ 36,00 Fundado em 1º de março de 1944, por Marta Cajado de Oliveira (Diretora Responsável 1896/1989); Pedro Camargo “Vinícius” (Diretor Gerente - 1878/1966) e Cmte. Edgard Armond (Diretor Secretário - 1894/1982). Conselho Editorial Julieta Ignez Pacheco de Souza, presidente da FEESP, Maria Elizabete Baptista, vice presidente, Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia, diretora da Área de Divulgação, e demais membros da Diretoria Executiva da FEESP Editor: Altamirando Dantas de Assis Carneiro (MTb 13.704) Reportagens: Sandra Cappellano Barbosa (MTb 13.555) E-mail: divulgacao@feesp.org.br As opiniões manifestadas em artigos assinados, bem como nos livros anunciados são de responsabilidade de seus autores e editores, não refletindo, obrigatoriamente, o pensamento da Revista O Semeador Internacional, de seu Conselho Editorial ou da FEESP. Redação: Rua Maria Paula, 140, Edifício Allan Kardec, 3º Andar, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3107-5544 Administração: Rua Maria Paula, 140 – Edifício Allan Kardec, 8º Andar, Bela Vista, São Paulo – SP, CEP 01319-000 – Tel.: (11) 3106-1619, 3107-5279, 3107-1276, 3115-5544 – Fax.: (11) 3104-2344. Portal: www.feesp.org.br E-mail: divulgacao@feesp.org.br Registrado de acordo com os artigos 136131 do Decreto Federal 4.853 de 1939. CNPJ 61.669.966/0014-25 – Inscrição Estadual: 114.816.133.117 Assistência Social da FEESP: Casa Transitória Fabiano de Cristo, Av. Condessa Elizabeth de Robiano, 454, Belenzinho, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2797-2990 Casa do Caminho, Av. Moisés Maimonides, 40, Vila Progresso, Itaquera, São Paulo – SP, Tel.: (11) 2052-5711 Sede Santo Amaro: Rua Santo Amaro, 370, Bela Vista, São Paulo – SP, Tel.: 3107-2023 Centro de Convívio Infanto-Juvenil D. Maria Francisca Marcondes Guimarães – Rua França, 145, B. Bosque dos Eucaliptos, São José dos Campos – SP Diretoria Executiva: Presidente: Julieta Ignez Pacheco de Souza Vice Presidente: Maria Elizabete Baptista Diretor da Área de Assistência e Serviço Social: Eli de Andrade Diretora da Área de Ensino: Zulmira Hassesian Diretora da Área de Assistência Espiritual: Maria de Cássia Anselmo Diretora da Área de Divulgação: Silvia Cristina Stars de Carvalho Puglia Diretora da Área de Infância, Juventude e Mocidade: Vera Lúcia Leite Diretora da Área Financeira: Sonia Puggina Diretora da Área Federativa: Nancy César Campos Raymundo Presidente do Conselho Deliberativo: Afonso Moreira Junior Editoração: TUTTO (11) 2409-7926 Impressão: Gráfica Brasil (11) 3266-4554

Sumário

4 5 6 8

Editorial

Desejamos um mundo mais feliz em 2013 Programação das Palestras

Palestras aos Domingos Umberto Fabbri

Distribuição de Natal Roberto Vilmar Quaresma

Fidelidade: condição Espírita básica

11 Mais que as luzes externas do Orson Peter Carrara

Natal

12 Transformação 15 Visão Espiritual do Apocalipse 19 Transição Antonio Donizeti do Espírito Santo Antonio Dermachi

João Demétrio Loricchio

Portal da nova geração

23 Clube do Livro Espírita 24 As Leis Universais e a FEESP

Ubiraci de Souza Leal

nossa evolução

3 O SEMEADOR Internacional


Editorial

Desejamos um mundo mais feliz em 2013

H

Silvia Puglia - Diretora Executiva da Área de Divulgação da FEESP

H

á diversos planetas que circulam no espaço infinito, oferecendo morada aos Espíritos encarnados ou desencarnados, de acordo com o seu estágio evolutivo. A Terra já foi um mundo primitivo e hoje encontra-se em transição; passa aos poucos de expiação e provas para regeneração, porque, como todos os planetas, está inserida na Lei do Progresso. Vê-se ainda na Terra muito das características do mundo de expiação e provas, no qual os seres humanos devem lutar ao mesmo tempo contra a perversidade dos homens e a inclemência da natureza, situações estas penosas, mas que desenvolvem a solidariedade e a inteligência. Por outro lado, as características do mundo de regeneração já podem ser sentidas através das sensações de paz, pela isenção das paixões desordenadas daqueles que já compreendem o grande ensinamento de Jesus: “Amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.” Aqueles que já conseguem praticar o bem aos semelhantes, desprendidos de si mesmos! Não sejamos incrédulos ou fanáticos. Olhemos a nossa volta. Quantos voluntários anônimos exis-

4

tem em Centros Espíritas, hospitais, presídios, creches ou asilos, levando o pão ou uma palavra amiga, remédios, ou um abraço fraterno, sem nada desejar em troca. Se esses homens conservarem-se no caminho do Bem, poderão sentir a vibração mais elevada da transformação do planeta Terra para um mundo melhor. Não nos preocupemos com a fim do mundo. Somos imortais. Não sabemos o dia e a hora dos acontecimentos para que aprendamos a “Vigiar e Orar” constantemente, uma vez que, na condição intermediária como está a Terra, o bem e o mal se misturam e um pode predominar sobre o outro. Somos responsáveis pelo destino do planeta Terra, tanto material como espiritual. Para a melhoria do planeta não prescindimos do Evangelho de Jesus. Para que a Terra seja um mundo “Feliz”, precisamos nos empenhar na divulgação do Espiritismo, porque nas obras da Codificação de Allan Kardec, o ensino moral do Cristo está explicado de forma clara e sem preconceitos. Os medos e paixões se desfazem com o entendimento e a prática do bem. A sintonia vibratória dos seres humanos torna-se mais estável e homogênea. A solidariedade mais consciente transformará a vida no planeta. A felicidade enfim se estabilizará. Que o ano de 2013 seja para todos o ano da renovação para o verdadeiro amor através do Evangelho de Jesus, guia seguro da felicidade.


TODOS OS DOMINGOS NA FEESP

Palestras ao público em geral Todos os domingos, às 10 horas, a FEESP abre o Auditório Bezerra de Menezes para receber o público em geral com concertos e palestras enriquecedoras! Os temas são palpitantes e atuais, sempre desenvolvidos por expositores de alto gabarito. E a abertura, feita por músicos de elevada categoria, prepara o ambiente espiritual para a absorção de mensagens revigorantes e consoladoras para o atribulado dia a dia de todos nós! Compareça e traga sua família! Endereço: Rua Maria Paula, 140, Bela Vista, São Paulo, Capital. Estacionamento e lanchonete no local. FEDERAÇÃO ESPÍRITA DO ESTADO DE SÃO PAULO

ENTIDADE FEDERATIVA E ORIENTADORA DO ESPIRITISMO ESTADUAL

Auditório Bezerra de Menezes Palestras e apresentações de domingo

janeiro / 2013

1 10h

TEMA: Reencarnação, misericórdia divina PALESTRANTE: Maria de Cássia Anselmo

6 10h

TEMA: Os três reis magos PALESTRANTE: Flávia Manzano ATRAÇÃO MUSICAL: Edjalma

13 10h

TEMA: Motivação sobre a perspectiva espírita PALESTRANTE: Marco Antonio Galindo ATRAÇÃO MUSICAL: Paula Zamp

20 10h

TEMA: Mistérios ocultos aos sábios prudentes PALESTRANTE: Miriam Canhete Lobo ATRAÇÃO MUSICAL: Margareth Águila

27 10h

TEMA: O homem diante da vida PALESTRANTE: Antonio Roberto dos Santos (Bob) ATRAÇÃO MUSICAL: Amélia Raymundo 5 O SEMEADOR Internacional


Distribuição

N N

de natal Umberto Fabbri

ão é sem emoção que relatamos nossa primeira experiência no Grupo Espírita da Prece, dirigido pelo nosso inesquecível Chico Xavier, quando da primeira distribuição de artigos de primeira necessidade e presentes, naquele Natal de 1983. Os caminhões chegavam ao final da tarde de sexta feira. Sim! Eram caminhões que o Lar Oficina Augusto Cesar enviava para Uberaba, com a participação de centenas de pessoas, conscientes da necessidade da prática da caridade, e que se empenhavam em preparar os enxovais, as cestas de alimentos, brinquedos; fora outros produtos perecíveis, como frutas, pão e leite que seriam comprados em Uberaba. Atenderíamos à uma fila de 15.000 pessoas, que chegaria, depois de alguns poucos anos a 25.000 ou 30.000 pessoas carentes. Como o Codificador Allan Kardec nos ensina em relação a caridade, no livro Viagem Espírita, em 1862 e outras Viagens de Kardec- Edições FEB - Rio de Janeiro, 2005: “...a palavra caridade tem uma acepção muito ampla. Há caridade em pensamentos, em palavras, em ações; não consiste apenas na esmola. Alguém é caridoso em pensamentos sendo indulgente para com as faltas do próximo; caridoso em palavras, nada dizendo que possa prejudicar a outrem; caridoso em ações quando assiste 6

o próximo na medida de suas forças. O pobre, que partilha seu naco de pão com outro mais pobre que ele, é mais caridoso e tem mais mérito aos olhos de Deus do que aquele que dá o supérfluo, sem de nada se privar. A caridade é a antítese do egoísmo; a primeira é a abnegação da personalidade, o segundo é a exaltação da personalidade. Uma diz: Para vós em primeiro ligar, para mim depois; e o outro: Para mim antes, para vós se sobrar. A primeira está toda inteira nestas palavras do Cristo: “Fazei aos outros o que quereríeis que vos fizessem”. Numa palavra, aplica-se sem exceção a todas as relações sociais.” A preparação do Grupo Espírita da Prece se dava depois da sessão de sexta feira à noite, quando descarregávamos os caminhões durante a madrugada, para começarmos a distribuição na manhã do sábado, por volta das 6h. Uma noite de arrumação e preparação, para recebermos pessoas que ficavam ou se revezavam em uma fila a céu aberto, durante uma semana. Mães e seus filhos em situação de miséria e por vezes, com bebês de colo, senhores e senhoras necessitados de quase tudo, adolescentes esfomeados, todos esperando não só pelo que iriam receber, mas também para poderem beijar as mãos do “Tio Chico”. Mãos essas que eram beijadas e no mesmo instante, o Chico retribuía, beijando as mãos das mesmas pessoas. Não me lembro o autor, mas certa feita a pessoa que visitava o Chico, depois de ver-lhe os lábios sangrando de tanto beijar as mãos de todos que passavam por ele, perguntou-lhe: - Por que Chico você beija as mãos de todas as pessoas que passam por aqui, para te visitar? Chico respondeu: - Porque eu não tenho mais forças para abaixar e beijar-lhes os pés. Na fila gigantesca, quanta dor podia ser vista nos olhos cansados daquelas pessoas, a refletirem a nossa falta de amor para com o semelhante, que infelizmente ainda, insistimos em não atender ao ensinamento de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu


vos amei.”(Jo 15,12) 6h da manhã, começa a distribuição, depois da prece com o Chico. Fato curioso é que na chegada do médium, o cansaço das pessoas como que desaparecia por encanto. Claro, era a sua energia, a vibração de sua aura que nos envolvia a todos. Cientistas da NASA (National Aeronautics and Space Administration), já haviam comprovado que a circunferência da aura do Chico chegava entre 16 à 20 metros, enquanto que na maioria das pessoas, ela não passa de 20 centímetros. A previsão do término da distribuição era maios ou menos ao meio dia ou uma hora da tarde. Calor insuportável; de repente aproveitadores tentaram, como em outras oportunidades também fazem, criar tumulto, para se aproveitarem e entrarem na frente daqueles que haviam suportado chuva e sol durante dias. Parava-se tudo. Buscava-se ordem e, por vezes os policiais que auxiliavam o grupo, faziam cordões de isolamento para segurarem parte da multidão. O carro do Corpo de Bombeiros fazia a gentileza de aspergir água sobre

todos nós, para refrescar um pouco, e para que pessoas não desmaiassem. Alguns casos eram inevitáveis. Reorganizada a fila, recomeçava-se o trabalho da distribuição. O Chico mantinha-se sereno e transmitia serenidade para todos. A organização se fazia como se a multidão tivera recebido um passe coletivo e todos ficavam em paz. Era de impressionar. No final da tarde, estávamos todos esgotados e falei para um colega: - Não dá para voltar mais à Uberaba! É muita loucura!!! Como Emmanuel tem razão: - Somos constantes em nossa inconstância!!!! -Ainda bem que somos, porque em fevereiro do ano seguinte, exatos dois meses depois, estávamos de volta à Uberaba e, as nossas visitas, durariam mais 20 anos, com intervalos de 45 à 60 dias. Umberto Fabbri Do livro “Cisco Cândido Xavier”, do autor, à venda na Livraria da FEESP, à Rua Maria Paula, 140 – Bela Vista – São Paulo – SP – Tel.: 11 31155544 – ramal 217.

Umberto Fabbri foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É palestrante e articulista espírita, e colaborador da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Contato: umberto.fabbri@uol.com.br

7 O SEMEADOR Internacional


FIDELIDADE:

O O

condição Espírita básica Roberto Vilmar Quaresma

fato de conduzir-se pelas pautas da Doutrina Espírita não libera o indivíduo para dizer-se pronto para a vida. Até porque, sabemos todos que cada um tem interpretação particular sobre os seus estudos e as suas crenças. Daí, nem sempre aqueles que dizem: Senhor! Senhor! entrarão no reino do céu. Ou seja, muitos traduzem e ajustam os significados da Doutrina para conteudo que lhes interessa; isto é, traduzem o que acreditam ter entendido da forma que lhes é aprazível, segundo suas analises errôneas e corrompidas pelas necessidades as quais se ajustam. Denominam-se, para tanto, seguidores de uma linha religiosa existente; entretanto, na realidade, seguem uma criação própria, e não aquilo que tentam expor aos que lhes cercam. Observa-se, dentro deste contexto, que o Espiritismo vem servindo de palco para pensadores inescrupulosos; pois, não se permitem às práticas espíritas; mas sim, as destorcem e as tornam práticas egoicas, visto valorizarem muito mais os pendores materiais; porquanto, envolvidos encontram-se pelos prazeres mundanos. Vestem-se de um simbolismo espírita para viabilizarem seus haveres e questões, valendo-se da bem e tão falada fraternidade. Quando tocados por alguém quanto às providências a serem consagradas levando em conta os aprendizados espíritas, desviam toda a história para torná-la motivo de um amanhã que nunca acontece. E não são poucas as vezes que demonstram aborrecimento pela inferência imputada considerando o campo da espiritualidade, a tal ponto que aparentam a indignação pela abordagem ter sido feita preservando-se as questões espirituais. Assumem plataformas como se para conquistarmos o reino do céu devêssemos subir nas escalas materiais até conseguirmos nos projetar de palanques, para platéias ovacionarem as palavras proferidas ou, de outra forma, como se necessário fosse aduzirmos posições qualificadas por privilégios do mundo, e apresentassem elas, dentro desse contexto, importância máxima. 8

Esquecidos estão, entretanto, que muitas vezes o mendigo que cruzamos na via pública tem bagagem espiritual superior, face os princípios já alcançados; condição essa, que se permite colocar como pedinte para servir a Deus, procurando nos promover em virtudes ainda esquecidas no interior do coração. O reino do céu, antes de quaisquer outras investidas, deve ser fundado neste mesmo coração esquecido das qualidades virtuosas a serem desenvolvidas. Enquanto o mendigo segue florindo o seu caminho com perfumes que no amanhã hão de aromatizar os seus momentos, grande parte dos homens que circula pelas casas religiosas, especialmente as espíritas, não estão dignificando as oportunidades que lhes foram doadas por Deus, as mesmas propiciadas pelo senhor que partiu e dividiu os talentos com os servos para serem multiplicados, conforme o aconselhamento deixado por Jesus em uma de suas parábolas.¹ Assiste-se comodismo, falta de estudo, personalismo, autoritarismo e, até mesmo, atos ludibriadores e corruptivos em sentidos vários. Alguns se apoderam dos postulados espíritas e os transformam como aqueles outros transformaram, ou melhor, adulteraram os textos originais do Novo Testamento; assim chamado o conjunto dos ensinos de Jesus grafados pelos evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João. Certamente estão esquecidos de que o Consolador² – Doutrina Espírita – prometido por Jesus fora por Ele mesmo trazido; o Mestre preparou todo o desenvolvimento e comandou toda a coordenação; por este motivo constata-se que estão tendo a mesma prática condenável, adúltera, como tiveram aqueloutros; muitos, dizem-se seus seguidores e desvirtuam, dissimuladamente, princípios básicos. Assim interagem, apesar de todos os ensinos do Mestre nos advertir quanto ao uso da verdade em todas as questões da vida, a fim de não depararmos amanhã com situações mórbidas aguardando os reparos devidos que, queiramos ou não, necessariamente haveremos de


cumprir, no momento imediato ou no tempo que construirmos. Ademais, quanto maior o número de novos dias, neste caso, proporcionalmente agasalharemos dores e sofrimentos, produtos esperados das inverdades constituídas. Pois bem, ainda assim, pisoteamos a certeza para darmos continuidade a porções fúteis, inúteis. Todavia, como Jesus está sempre nos alertando para as máculas que projetamos e firmamos no caminho, permitiu que o nobre Codificador da Doutrina Espírita viesse junto a nós e lançasse, novamente, os motivos que precisávamos, e ainda precisamos urgentemente utilizá-los; esta regeneração pessoal deve dar-se em brevíssimo tempo, se desejamos continuar envolvidos pela psicosfera do Planeta Terra. Assim posicionou-se Allan Kardec, em 1889, na Sociedade Espírita Fraternidade, no Rio de Janeiro, em mensagem mediúnica³ (trecho):

“Porventura os homens que têm a boa vontade de estudar convosco os mistérios do Criador, preparando seus Espíritos para o ressurgir na outra vida, encontram em vós os instrumentos disciplinados – os médiuns perfeitamente compenetrados do importante papel que representam na família humana e cheios dessa seriedade, que dá uma idéia exata da grandeza da nossa Doutrina? Ou a vossa propaganda se limita tão somente a falar do Espiritismo? ... Uma vez por todas vos digo, meus amigos: - Os vossos trabalhos, os vossos labores não podem ficar no estrito limite da boa vontade e da propaganda sem os meios elementares indicados pela mais simples razão. ... Fazei a luz pelo vosso esforço; iluminai todo o vosso ser com a doce claridade das virtudes; disciplinai-vos pelos bons costumes no Templo de Ismael, Templo onde se adora a Deus, se venera o Cristo e se cultiva a Caridade. Então sim; - distribuí a luz, ela vos pertence.” Vivenciamos 2012 e as palavras de Kardec se ajustam com o momento,

e as necessidades que se evidenciam a cada dia no Movimento Espírita. Enfim, são letras para usarmos no ‘agora’. Conseguintemente para mais nos certificarmos das condições que se fazem imprescindíveis e daquelas que imediatamente devemos nos desprender, Deus permite vir ao nosso convívio o mestre de Sacramento tecer orientações, não só para nos relembrar as do mestre de Lyon, mas, também, para ser mais uma luz a indicar e iluminar os caminhos que devemos seguir. Assim, hodiernamente, Eurípedes Barsanulfo deixou-nos, dentre outras direções a tomar, os seguintes trechos que retiramos de recente mensagem4: “Estamos convidando todos os espíritas para se engajarem nesta campanha. Há urgente necessidade de que a fé, a esperança e o otimismo renasçam nos corações. ... Os espíritas não devem engrossar as fileiras do desalento. Temos o dever inadiável de transmitir coragem, infundir ânimo, 9 O SEMEADOR Internacional


reaquecer esperanças e despertar a fé! Ah! a fé no nosso futuro! ... Responsabilidade nossa. Tarefa nossa. Estamos cientes de tudo isto e nos deixamos levar pelo desânimo, este vírus de perigo inimaginável. ... Que cada Centro, cada grupo, cada reunião promova nossa campanha. Que haja uma renovação dessa psicosfera sombria e que as pessoas realmente sofredoras e abatidas pelas provações, encontrem em nossas Casas um clima de paz, de otimismo e de esperança! Que vocês levem a nossa palavra a toda parte.” Reflitamos, transcendendo sobre as colocações deixadas pelos insignes mestres, e tomando como alicerce para as cogitações as palavras do Mestre Jesus5: “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.” No sentimento transferido no desenvolvimento do texto verifica-se claramente que a preponderância da fidelidade é essencial para o caminhar do verdadeiro espírita. Aquele que se manifesta insincero com os postulados automaticamente coloca-se em nível obscuro; a matéria o domina e, embora se diga espírita, apenas o é 10

no verbo pronunciado. Em o Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo XVII, item 4 – encontramos e destacamos um pequeno trecho: “Aquele que pode ser, com razão, qualificado de espírita verdadeiro e sincero, se acha em grau superior de adiantamento moral. O Espírito, que nele domina a matéria de modo mais completo, dá-lhe uma percepção mais clara do futuro; os princípios da Doutrina lhe fazem vibrar as fibras que nos outros se conservam inertes.” Ser bom espírita implica, sem quaisquer subterfúgios, à manutenção da fidelidade aos traçados da Codificação exercida por Allan Kardec. ¹ Parábola dos Talentos – Mateus 25: 14 a 30 / Lucas 19: 11 a 27. ² Veja: João 14: 16 e 15: 26 ³ Livro Bezerra de Menezes – Canuto Abreu – FEESP; veja capítulo “As Instruções de Allan Kardec”. 4 Mensagem psicografada por Suely Caldas Schubert no Centro Espírita Jesus no Lar, em 27/05/2012, tendo como primeiras palavras: Irmãos queridos. 5 Mateus 5: 37

Roberto Vilmar Quaresma foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É expositor, palestrante e articulista espírita de revistas e jornais. Contato: www.quaresmaroberto@ig.com.br


Mais que as luzes

EXTERNAS DO NATAL

A A

solidariedade fica em clara evidência por ocasião do Natal. Muito natural, em face ao próprio clima natalino que domina a sociedade e motiva ações em favor do próximo. Embora ela esteja sempre presente nas ações humanas, muitas vezes de forma oculta ou anônima, é no Natal que mais há movimentações nesse sentido. É que ela, a solidariedade, é filha do amor ou da caridade. A caridade pensa antes nos outros e vai ao encontro das necessidades do próximo. Inspirada pela presença do Cristo no planeta e desenvolvida por vários de seus missionários que vieram ao planeta, ela se contagia nos corações humanos por ocasião do Natal. É que nos deixamos todos, envolver pela doce lembrança do Mestre da Humanidade, que nos pede, sim, aliviar as agruras humanas onde pudermos. Isso inclui a comida, o remédio, o brinquedo, a roupa, mas também a gentileza, o afeto, a paciência, a tolerância... Melhor que incorporássemos todas essas virtudes no cotidiano de cada dia. Muito mais que as luzes externas do Natal, que enfeitam as casas e criam os apelos comerciais, o Natal significa a lembrança da perene mensagem de amor. Muito mais que presentes e eventos de alimentação, que nossas atitudes reflitam as luzes interiores que vamos adquirindo com a noção do dever que temos de espalhar e viver o amor em suas várias manifestações, especialmente aquelas que atenuem, aliviem, o ambiente onde vivemos,

Orson Peter Carrara com quem vivemos. Sim, movimentemos ações solidárias, integremos equipes, apoiemos iniciativas. Aqui na cidade, com em tantas outras, em instituições, há decisões e planejamentos diversos para que não falte alimento, roupa, lazer e nem carinho para quem se sente sozinho ou aflito por razões que nem sempre alcançaremos. A conhecida frase SEJA SOLIDÁRIO PARA NÃO SER SOLITÁRIO é de grande expressão e devemos pensar nela. Quando nos estendemos as mãos mutuamente, nos tornamos ligados por laços indestrutíveis, onde se incluem a amizade, a gratidão e, claro, a consciência do dever. Nesse momento difícil e desafiador da humanidade, com o império das drogas, da violência e da corrupção, ergamos a decisão de algo fazer, continuando a fazer, para levar felicidade a quem se sente solitário e aflito. Que as músicas comoventes do Natal nos sensibilizem para as ações no bem, da caridade, do amor. Crianças, jovens, idosos, homens ou mulheres não importa. Sempre haverá alguém em conflito, com dúvidas, com dificuldades. Sejamos nós aqueles que chegam com o sorriso, a compreensão, o estímulo. Para fazermos a vida melhor.

Orson Peter Carrara foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É escritor e palestrante espírita. Seu trabalho pode ser conhecido pelo site www. orsonpcarrara.com.br ou pelo blogorsonpetercarrara.blogspot.com. Contato: orsonpeter92@gmail.com

11 O SEMEADOR Internacional


transformação

E E

Antonio Donizeti do Espírito Santo

m um dos sábados de novembro deste ano 2012 estava no saguão da Federação Espirita do Estado de São Paulo onde colaboro na Área de Ensino, entre outras atividades e, sentado á mesa conversando com quatro alunos num agradável tête-à-tête, indaguei: - O final do ano está chegando e vocês, o que pretendem fazer no ano novo que se aproxima? Uma aluna disse que queria emagrecer porque estava acima do peso, outro esclareceu que pretendia pintar o apartamento, outro notificou-nos que iria viajar para alguns estados do Brasil para conhecer novas paisagens e a outra aluna deu-nos ciência de que pretendia modificar todo o vestuário comprando roupas novas. Fiz essa introdução porque, diante de mim e do notebook tenho um exemplar do fabuloso livro do querido e saudoso Doutor Hernani Guimarães Andrade titulado REENCARNAÇÃO NO BRASIL, adquirido em 1995 na livraria da Federação Espirita. Permita-me o leitor explicar que o Doutor Hernani é um daqueles pioneiros cujas obras estão tão esquecidas, infelizmente. Fundador e Diretor do IBPP – Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofisicas onde, por intermédio de pesquisas cientificas ofereceu provas inequívocas da realidade espiritual, confirmando largamente os princípios da Doutrina Espirita. Diz-nos o Doutor Hernani que as dificuldades maiores estão no campo cientifico. Parece que os nossos cientistas sentem arrepios na coluna ao ouvir esta palavra: reencarnação! De fato, deve ser assustador a idéia de após a morte retornar a vida física em novo corpo, recomeçando uma nova vida passando por experiências desconhecidas. Ainda mais se a vida atual é cheia de dificuldades, de percalços, de dores e de incompreensões. A idéia de retornar e correr o risco de viver novamente as mesmas dificuldades não é agradável. Essa estranheza não é de agora. A epígrafe retirada do Evangelho Segundo João e colocada abaixo do título mostra a estranheza de Nicode12

mos, Doutor da Lei Judaica, há mais de dois mil anos, quando conversava com Jesus. Estranheza real é notar que atualmente a resistência e os arrepios existem justamente na comunidade cientifica onde a pesquisa é algo do cotidiano! É contraditória tal conduta, já que basta uma olhada no dicionário Houaiss (tenho a versão eletrônica) que vai definir a palavra ciência como sendo “corpo de conhecimentos sistematizados adquiridos via observação, identificação, pesquisa e explicação de determinadas categorias de fenômenos e fatos e formulados metódica e racionalmente.” (grifo meu) Felizmente temos pioneiros como nosso querido e saudoso Doutor Hernani que, corajosamente e encaixado nas obrigações que o cientista tem diante do fato, coloca-se no campo da pesquisa e nos oferece o resultado obtido. No livro referido o Doutor Hernani selecionou oito dos milhares de casos de reencarnação catalogados pelo IBPP. São casos oriundos do rigor da metodologia cientifica e, apesar disso, ainda encontram pessoas que preferem tapar os olhos e dizer que o sol se apagou do que abri-los e ver a vida como de fato é. Para não cansar o leitor, escolhi um dos oito casos e vou resumi-lo sugerindo o estudo pormenorizado da obra citada. Imagine o leitor que, repentinamente uma menina de aparência normal e saudável, entre os dois e sete anos de vez em quando ficasse parada e espontaneamente falasse em italiano, isto sem jamais ter tido contato com alguém que fale tal idioma ou a família ter viajado para a Itália. Imagine a menina demonstrando medo intenso por aviões, ao ponto de esconder-se e cobrir a cabeça com as mãos como fazem os soldados, pedindo para fechar todas as janelas e portas para evitar que o avião entre. Simone foi essa criança e os pais, entre uma preocupação e outra catalogou essas ações e permitiram que o Doutor Hernani tivesse acesso a elas e a menina. No relato a menina Simone lembra-se, com riqueza


impressionante de detalhes; de várias situações vividas na Itália da segunda guerra mundial. Deu nomes de amigas daquela época, falou da região em que morou, da roupa que usava e da comida, descreveu a morte de pessoas e falou como foram enterradas. Simone estava com três anos e um mês de idade quando contou este episódio. “Simone parou um momento e disse, olhando bem para mim: sabe, Vó, quando eu estava lá no Capitólio, veio um menino correndo com uma canetinha na mão, mas não era canetinha, era uma bomba que estourou... Senti qualquer coisa de indescritível, dentro de mim, mas perguntei: - e depois? - a bomba estourou e machucou

muito minha prima, a minha amiga, Afonsa Dinari, na cabeça, e saía muito sangue – e Simone, passando as mãos na cabecinha, mostrava como o sangue estava caindo – e então eu percebendo agora o que havia acontecido, tornei a perguntar: - e você querida? - eu fiquei escondidinha no cantinho; (e com os dois bracinhos apertados no peito demonstrava dor, medo, susto); - eu continuei – e depois querida? - depois eu e minha amiga fomos subindo, subindo... - as escadas do Capitólio? Interrompi eu; - não Vó, fomos subindo, subindo, lá no alto. - não suportei mais, com lágrimas, larguei tudo e peguei Simone

no colo, abraçando-a com muito carinho e ainda perguntei: - e depois? - não sei – foi a resposta – eu vim pra cá.” A transcrição acima (mantive a redação e estética do original) é da avó da menina Simone, mostrando nitidamente a lembrança da experiência reencarnatória anterior à vida atual. Esta é uma parte do relato extenso e detalhado do caso, estudado e comprovado pelo saudoso Doutor Hernani. Mesmo causando estranheza ou encontrando a relutância de alguns, a reencarnação é a porta abençoada por intermédio da qual retornamos a vida física, em novo corpo, para novo processo de aprendizado. Apesar dos arrepios e da resistência às provas existentes, a reencarna13 O SEMEADOR Internacional


ção existe e tem como meta a autoeducação. Repetiremos situações de dor, de constrangimento, de dissabores somente se continuarmos optando por repetir erros do passado, agora com novas aparências. Quando passamos pelo mesmo caminho varias vezes, geralmente apreendemos detalhes antes não vistos e evitamos pedras nas quais tropeçamos anteriormente. Em belíssima mensagem psicografada por Chico Xavier e constante do livro O ESPIRITO DA VERDADE, o Doutor Augusto Militão Pacheco – um dos fundadores da Federação Espirita do Estado de São Paulo vai nos dizer: “- Não julgas que já é tempo de renovar? Sem renovação, que vale a vida humana?” Muito pouco adianta, ao final ou inicio de cada novo ano emagrecermos o corpo físico, pintarmos o apartamento, viajarmos para ver novas paisagens ou trocarmos todo o vestuário. Isto é cuidar do exterior, é passar pela etapa reencarnatória mudando a aparência sem fazer as mudanças reais! Diz- nos o Doutor Augusto: “Se fosse para continuares repetindo aquilo que já foste e o que fizeste, não terias necessidade de novo corpo e de nova existência 14

– prosseguirias de alma jungida á matéria gasta da encarnação precedente, enfeitando um jardim de cadáveres.” Aproveitemos a oportunidade para, diante do novo ano que se descortina promovermos as mudanças de profundidade. Estabeleçamos o compromisso de mudar de endereço: do mal para o bem! Nada de taparmos os olhos e falarmos que o sol se apagou. Vamos olhar a vida como de fato é, autoconfiantes e motivados, aprendendo com os obstáculos e seguindo adiante, desenvolvendo novos talentos. O querido leitor poderá perguntar-me: - Como fazer? Ainda é o Doutor Augusto que pautando-se no Evangelho de Jesus nos orienta: “Ama e trabalha. Trabalha e serve. Perante o bem, quase sempre, temos sido somente constantes na inconstância e fiéis a infidelidade, esquecidos de que tudo se transforma, com exceção da necessidade de transformar.”

Antonio Donizeti do Espirito Santo foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É expositor da Área de Ensino da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Contato: adeshappy@ibest.com.br


VISÃO ESPIRITUAL

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do apocalipse

Antonio Dermachi

gita-se agoniada a incrédula humanidade diante de acontecimentos cataclísmicos sem precedentes na história. Maremotos e “tsunamis” assustadores têm varrido vários países do oriente ceifando milhares e milhares de vidas. Vulcões enfurecidos têm cuspido fogo e lava elevando nuvens de fumaça e gases venenosos a quilômetros de altura, interrompendo o tráfego aéreo, enquanto um mar de lava incandescente incendeia tudo nas imediações. Terremotos gigantescos em escala jamais vistos anteriormente têm sacudido o mundo, destruído países, sepultando nos escombros das cidades destruídas, centenas de vidas preciosas. Furacões e tempestades cuja violência jamais se teve notícia têm açoitado impiedosamente países tropicais do Caribe e Estados do Norte Americano, enquanto tornados enfurecidos têm se manifestado com incidência e violência sem precedentes. Invernos rigorosíssimos e nevascas tormentosas ocorrem no Hemisfério Norte, enquanto o Hemisfério Sul sofre o castigo de chuvas torrenciais seguidas de enchentes assustadoras, além de secas causticantes têm assolado regiões que nunca haviam anteriormente vivido tal experiência. Ao lado da natureza enfurecida, o homem segue seu

caminho ensimesmado, mas distraído, sem se dar conta que a humanidade vive um momento de solene gravidade, na transição Planetária, já prevista a milênios pela espiritualidade e relatada por João Evangelista no último livro do Evangelho, o Apocalipse. A natureza se manifesta enfurecida diante dos desmandos e da ganância do homem que destrói o próprio lar planetário em nome do progresso e do lucro, enquanto a humanidade vive tremendos conflitos íntimos, distantes de Deus e da Verdade que ilumina e liberta, se entregando a desvarios e atitudes inconcebíveis, considerando o grau de intelectualidade e desenvolvimentos alcançados na era do Terceiro Milênio. Paira no ar vibrações de violência gratuita, de brutalidade absurda, de devassidão moral sem limites, de fúria destrutiva ao lado do progresso tecnológico alcançado. A violência e a brutalidade sem limites tomaram conta dos noticiários. Todos os dias a mídia dá conta de crimes hediondos, horrorosos, impiedosos, que assustam, agridem, amedrontam e violentam o bom senso do cidadão de bem, onde a marca registrada é o requinte da crueldade de seus autores. As famílias se desagregam assistindo programas televisivos que pregam estranha moral, sexo desvirtuado e a inversão de valores. Como em uma hipnose coletiva milhões de criaturas passam horas e horas diante

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aparelho assistindo programas de cultura inútil, cultuando pessoas vazias e inúteis, que são chamados de heróis, esquecendo os verdadeiros valores da alma. No campo das sensações físico sexuais, extrapolam-se os limites do inverossímil, na exploração do corpo humano enquanto a pedofilia aumenta assustadoramente colocando o ser humano no patamar mais baixo da animalidade irracional. Livros de conteúdo sexual deplorável “surfam” nas ondas dos instintos mais primitivos do ser humano, explorando o lado infeliz das mulheres no que tange à prostituição e do sexo desvirtuado, transformamse em filmes que invadem as telas, lotam salas de cinemas vendendo a falsa imagem que o sucesso a qualquer custo vale a pena, influenciando negativamente os jovens, que acabam encarando tudo como se fosse algo absolutamente natural e válido. Ouve-se falar todos os dias em guerras e rumores de guerra. A inteligência humana colocada a serviço de nações belicosas queima neurônios para descobrir, fabricar e aprimorar armas de destruição em massa, dizimando homens, mulheres e crianças indefesas diante de governantes inescrupulosos e cruéis. Nas mesas fartas dos poderosos o desperdício e o egoísmo imperam, enquanto nos lares mais humildes e nas regiões esquecidas dos mandatários, a fome impera torturando milhões de seres humanos que morrem 16

à míngua diante da insensibilidade dos governantes inescrupulosos. Enfim, este é o cenário a que estamos assistindo entristecidos, ao verificar que apesar de transcorridos mais de dois mil anos da vinda do Divino Mestre, o ser humano demonstra que pouco aprendeu das lições inesquecíveis do Mestre Amado e continua ainda fazendo a equivocada opção por Barrabás. A voz do Cristo ainda vibra no espaço ressoando em nossa consciência no sublime convite: “vem comigo, siga meus passos”. Mas ainda indecisos, titubeamos e não damos ouvido à voz do Mestre que ainda ecoa no vazio porque não acordamos para as responsabilidades espirituais. De um modo geral fazemos ouvidos moucos ao sublime chamamento e muitos ainda se comprazem na sintonia das forças negativas que gravitam na atmosfera terrena. O Divino Amigo sabia que apesar das dores e das tribulações que haveríamos de passar nestes dias, muitos não iriam acordar e se dar conta da gravidade do momento quando disse: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Sobre a terra angustia entre as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das ondas. Haverá muitos que desmaiarão de terror pela expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo, pois os poderes do céu serão abalados.” (Lucas, XXI v. 25/26). “Assim também quando virdes acontecer estas coisas, sabei que está próximo o Reino de

Deus.”(Lucas, XXI, v. 31). “Ouvireis falar de guerra e rumores de guerra, olhai, não vos assusteis porque é necessário que assim seja, mas ainda não é o fim. Porquanto levantar-seá nação contra nação, reino contra reino e haverá fomes e terremotos em vários lugares. Tudo isto porém, é o princípio das dores.” (Mateus, XXIV, v. 6, 7, 8). Ruge a natureza enfurecida reclamando da insanidade e dos desmandos humanos. Emite constantemente sinais de alerta que algo grave está acontecendo, enquanto o ser humano segue sua trajetória insensível e distraído, apesar das vozes daqueles que percebem a gravidade do momento e se levantam em brados de alerta. Por outro lado, as hostes das trevas atuam com ferocidade extrema sobre as mentes invigilantes que oferecem sintonia para as investidas do mal. Uma extensa onda magnética de energias negativas envolvem o orbe terrestre em perigosa imantação daqueles que oferecem campo de atuação de espíritos infelizes e perversos, cujo símbolo tão a gosto de nossos irmãos evangélicos é a figura de satanás ou do demônio. Por esta razão João Evangelista em sua visão na Ilha de Patmos alertou impressionado: “Continue o injusto em suas injustiças, continue o imundo a praticar imundícies, o justo continue na prática da justiça e o santo continue a santificar-se.” (Apocalipse – XXII – v. 11). Na visão espiritual do apóstolo,


identificou ele a onda vibratória bestial que envolve a terra referindo-se a ela através do número 666 que à semelhança do imã que atrai a limalha de ferro por sua poderosa atração magnética, esta onda vibratória atrai aqueles que estão na sintonia da injustiça, que envolve aqueles que estão no teor vibratório da sujeira e da imundície. Por esta razão, os bons terão que se justificar e se santificar, isto é, se fortalecerem para enfrentar as provar acerbas que cercam a humanidade. Terão que procurar os sentimentos mais elevados, santificando-se a cada instante e dando testemunhos pelo Cristo diante da violência que campeia, da barbárie que assusta, da brutalidade que amedronta, da inversão dos valores que corrompe e dos tormentos que agridem. Quem nos alerta para este momento tão doloroso é o próprio Cristo: “Vede para que ninguém vos engane. Porque virão muitos em meu nome dizendo: eu sou o Cristo e enganarão a muitos. Surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e milagres para enganar, se possível, até os próprios eleitos.” (Mateus, V. XXIV, cap. 5, 6, 7, 24) A espiritualidade tem se desdobrado trazendo-nos mensagem cujo teor é inequívoco, nos informando que estamos atravessando um solene momento de transição planetária, onde serão identificados por suas atitudes os que se postarão à direita ou à esquerda do Cristo.

Os mansos herdarão a terra, (Mateus, V, vers. 5) após a grande tribulação já na vigência da era da “Regeneração” simbolizada pelo Evangelista João como a Nova Jerusalém, que será uma seara abençoada de trabalho para reconstrução de um planeta exaurido. Mas haverá a paz tão almejada e amor iluminará as criaturas que merecerem aqui permanecer. Por outro lado, os reprovados no grande exame final, seguirão para uma nova morada, na figura de um novo planeta primitivo, consoante o teor vibratório dos sentidos dos degredados. Mas mesmo os banidos, apesar de habitarem um planeta primitivo, inóspito e distante, não estarão distanciados das bênçãos do Cristo que os alcançará com seu amor infinito e acompanhará com desvelo amoroso os passos na trajetória de regeneração espiritual de cada um. O panorama é preocupante e assustador. O tema tem chamado a atenção do público de uma forma equivocada onde se explora a ignorância, o fanatismo de muitos com literaturas onde estabelecem o ano de 2012 como uma data fatídica, esquecendo que o próprio Cristo nos alertou, que o dia e a hora, apenas o Pai sabe. Filmes alarmistas produzidos a peso de ouro por Hollywood lotam os cinemas exagerando em efeitos especiais que levam o público a extremos que variam entre o temor e a incredulidade. Entretanto, a Doutrina Espírita

nos traz a luz do esclarecimento: sim, é verdade, estamos assistindo a um momento de extrema gravidade planetária porque os sinais são inequívocos. Todavia, O Criador Supremo, a Inteligência Suprema do Universo, o Pai Celeste em sua grandiosa obra da criação povoou o universo com inumeráveis mundos, galáxias, nebulosas e incontáveis sistemas solares iguais ao nosso que rodopiam no grande balé cósmico e em uma sinfonia fantástica e bela obedecem aos ditames supremos da grande sabedoria do Criador. Inumeráveis mundos enfeitam a obra do Pai Celeste cintilando em focos luminosos no infinito cósmico. Quantos planetas existem ainda em condições primitivas, outros em condições iguais ao nosso e outros que já galgaram a condição de planetas felizes acolhendo no seio de cada um, humanidades ditosas porque já passaram pelo exame seletivo que ora se encontra em curso no planeta terra. À primeira vista, alguém mais apressado e desavisado pode ter a impressão que as forças espirituais superiores foram apanhadas de surpresa pela atuação insidiosa das forças do mal, comandadas pelo demônio e satanás e que a criatura humana está perdida, entregue à própria sorte. Como disse Jesus: Olhai e não vos assusteis, porque é necessário que assim seja, porque é apenas o prin17 O SEMEADOR Internacional


das dores. As hostes do Cristo operam atuando com serenidade em suaves chamamentos para que o ser humano desperte enquanto é tempo para herdar a terra, na condição da mansuetude dos sentimentos. Aqueles que têm ouvidos de ouvir, que ouçam. O espiritismo, como o Consolador Prometido, vem nos trazer o consolo, a esperança e a certeza inabalável que não estamos simplesmente jogados ao léu, ao sabor dos ventos e das ondas enfurecidas, pois tudo obedece a um grande plano do Criador. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, para alcançarmos a suprema felicidade e a perfeição no longo processo evolutivo espiritual. Na grande obra da criação, nenhuma ovelha se perderá, pois, apesar das dores, das tribulações, da agonia, do terrível embate com as forças do mal, este é um processo natural de evolução dos mundos, e todos os planetas gravitam no espaço infinito vivenciando este mesmo processo evolutivo, assim como aconteceu em um dos planetas do Sistema Capela, que guarda profunda afinidade com a Terra, porque nosso orbe foi o berço que acolheu aqueles que de lá foram banidos, representados no antigo testamento pela figura de Adão e Eva expulsos do paraíso porque fizeram mau uso do fruto do bem, simbolizado pela maçã. A humanidade terrena chegou a um ponto de seriedade evolutiva e anseia pela paz e fraternidade enquanto que, em contraponto, existe 18

uma horda de espíritos indisciplinados que teimam em seguir caminhos contrários da violência, da devassidão, do egoísmo, da mentira e da falsidade. Estes irmãos serão banidos da face terrena em benefício daqueles que desejam o bem e lutam pela paz, e em próprio benefício, uma vez que terão a oportunidade de um novo recomeço em um planeta primitivo e inóspito, considerando a condição evolutiva da terra. Não estarão desamparados porque a misericórdia divina os ampara sempre e o infinito amor do Divino Mestre aquecerá seus corações exortando-os ao bom ânimo na dura luta de suor e lágrimas que haverá de resgatar as mazelas de cada um. Estes espíritos, nossos irmãos degredados, possivelmente quando estiverem neste planeta distante, certamente guardarão em suas memórias e no inconsciente a lembrança de um paraíso perdido e em momentos de meditação sentirão saudades do nosso abençoado planeta que nas noites escuras deverá emitir brilho majestoso que encantará a vista destes irmãos e em suas memórias. Descreverão de forma simbólica histórias verdadeiras de que também um dia estiveram em um jardim florido, um Édem paradisíaco, mas que desobedeceram as leis Divinas e por esta razão foram banidos do paraíso. Certamente irão chorar lágrimas de tristeza de um arrependimento tardio. Alguns mais disciplinados e dotados de boa vontade, haverão de

se regenerar e retornar mais rápido ao convívio daqueles que herdaram a terra. Outros mais endurecidos, ainda irão se deter um pouco mais na indisciplina até que a dor os ensine o caminho do amor, que é o destino de todos nós. A humanidade feliz que permanecer na terra, os mansos de coração e sentimento, herdarão um planeta a ser reconstruído segundo os ditames amorosos do Cristo e do Pai Eterno. Enfrentarão árduo trabalho mas, irmanados em sentimentos de amor e fraternidade, cantarão de felicidade pela bondade incomensurável do Criador que faculta a cada criatura a oportunidade de construir seu próprio destino e cantarão hosanas de louvor e alegria: - Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade!

Antonio Demarchi foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É palestrante espírita. Contato: a.demarchi@yahoo.com.br


Transição - Portal da

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nova geração João Demétrio Loricchio

Terra, em sua constituição física possui os seus grandes períodos de atividade e de repouso. Cada período de atividade e cada período de repouso da matéria planetária são calculados, pelos geólogos, em 260.000 mil anos. No período de repouso da matéria terrestre, a vida se reorganiza e surgem novos caminhos para a evolução dos espíritos. Desses 260.000 mil anos de atividade, 60 a 64 mil anos são empregados na reorganização dos pródomos da vida organizada, surgindo assim, em seguida, o desenvolvimento das grandes raças domiciliadas na Terra. Dentro desses 60 a 64 mil anos de reorganização de nossa Casa Planetária, ocorrem grandes transformações a cada 28 mil anos. Dentro desse período tivemos duas raças na Terra, a grande raça Lemuriana, como portadora de urna inteligência algo mais avançada e, logo após, a raça Atlântida, na qual a inteligência do mundo se elevou de maneira considerável. Atualmente achamo-nos nos últimos períodos da

grande raça Ariana. Todas essas raças foram grandes ciclos de progresso e evolução para o aperfeiçoamento espiritual que é o objetivo do Espírito. Só para se ter uma ideia, a raça Atlântida existiu há aproximadamente 37.000 anos e as últimas ilhas remanescentes dessa civilização submergiram, mais ou menos, há 10 mil anos antes de Sócrates. (1) Segundo os dicionários portugueses, Transição é o ato ou efeito de transitar, ou seja, a passagem de um lugar para outro, ou de um sistema para outro, ou de uma fase para outra. Com relação ao cristianismo, a luz da Doutrina Espírita, é o findar de um mundo de expiações e provas e o adentrar num mundo de regeneração. A gênese mosaica descreve fato idêntico ao que ocorre na atualidade, com os chamados “exilados de capela”, quando os habitantes de um dos planetas do sistema Capela, ou Cabra, evoluíram moralmente e adentraram em um mundo ditoso, sendo que milhões de espíritos não conseguiram acompanhar essa evolução, ocorrendo o exílio dos mesmos para o planeta Terra, onde o grande amor de Jesus, governador deste planeta, abraçou-os com sua misericórdia. É o que o Antigo Testamento descreve como a “perda do paraíso”, pois, realmente esses espíritos perderam a oportunidade de adentrarem num Mundo Ditoso, verdadeiro paraíso. Esses são, também, referidos nas Escrituras como “anjos decaídos”, pois, estavam em um mundo mais evoluído que o nosso e decaíram ao reencarnar aqui, trazendo em si o denominado “pecado original”, devido à falta de expurgo de certas paixões e vícios, que não conseguiram desvencilhar-se. O que as Escrituras designam, figuradamente, como sendo Adão o primeiro homem aqui na Terra, na realidade, está se referindo à raça adâmica, que são esses espíritos exilados do sistema Capela que aqui chegaram. A expressão Adão, deriva 19 O SEMEADOR Internacional


da palavra em hebreu Haadam, que tem o significado de Homem, ou Humanidade, e não nome próprio como uma individualidade. Portanto, raça adâmica é aquela que perdeu a oportunidade de viver em um Mundo Ditoso, que iria adentrar, mas por falta de uma evolução moral, retornaram a este Mundo de Expiações e Provas, para essa conquista. Atualmente, o nosso planeta passa por grandes transformações. Estamos em final de mais um ciclo evolutivo. É o fim de um mundo velho. Fim de uma era (de Peixes) que envolverá todos os setores do entendimento humano. Entidades de profundo amor estão prontas para ajudar os seres humanos, e o próprio planeta, na complexa transição pela qual estão passando. A Humanidade não se preparou devidamente para essa transição, porque não trabalhou o lado espiritual, o lado moral, e como são imprescindíveis esses conhecimentos cósmicos, esses irmãos estão aqui para ajudar no resgate planetário das pessoas que estiverem preparadas para tanto. A transformação material é visível aos nossos olhos físicos, mas a necessária transformação moral é, na realidade, uma transformação energética, não vistas por esses olhos, mas sim, pelos olhos espirituais. Os Tempos Chegados, anunciados por Jesus, são os tempos atuais que vivenciamos. Foram dois mil anos de preparação através dos ensinos cristãos. É só observar os grandes acontecimentos que vem ocorrendo, e que ainda continuarão a ocorrer, bem como, os movimentos geográficos e climáticos para se certificar das previsões feitas pelo Meigo Nazareno. Aqueles que, aos poucos, se ade-

quaram ao cristianismo, hoje estão no equilíbrio espiritual, enquanto que, outros que não se importaram com a prática moral das Boas Novas, hoje se encontram em total desequilíbrio espiritual e material. São os que se encontram hoje em nosso meio social como verdadeiros bárbaros e fora de nossa cultura, pois são espíritos que retornam, nesses tempos designados, advindos de permanência de séculos nos umbrais da espiritualidade, trazendo personalidade e cultura completamente diferente da atual. Esses Tempos Chegados foram anunciados pelo Mestre Divino, com as seguintes palavras proféticas: Ora, quando o Filho do Homem vier em sua Majestade, acompanhado de todos os anjos, assentar-se-á no trono de sua glória; e, reunidas à sua frente todas as nações, Ele separará uns dos outros, como um pastor separa dos bodes as ovelhas, e colocará à sua direita as ovelhas e à sua esquerda os bodes. Então, dirá o rei aos que estiverem à sua direita: vinde, benditos de meu pai, tomai posse do reino que vos foi preparado desde o princípio do mundo...(2) Ao predizer a separação para a Humanidade e marcar o fim do velho mundo, Jesus marca sinais de fenômenos extraordinários, como tremores de terra, flagelos diversos, ou sinais no céu, que são os efeitos físicos dentro das Leis Naturais. Os místicos e adeptos de crendices e superstições esperam o fim do mundo, como outrora, anunciavam para o já passado ano de 2.000. No Universo tudo é harmonia, tudo é equilíbrio. Segue sempre uma lei progressista, tanto nas leis físicas como nas morais. Ambas concorrem para depuração de espíritos que povoam os planetas, encarnados e desencarnados. Assim, as nebulosas reagem sobre outras nebulosas; sis-

temas sobre sistemas; galáxias sobre galáxias; planetas sobre planetas; átomos sobre átomos. Portanto, tudo que sair da harmonia e do equilíbrio da natureza traz destruição, dor e sofrimento. Allan Kardec (3) diz que o progresso material e espiritual anda junto, pois a perfeição da habitação está sempre relacionada com a perfeição do habitante, portanto, para se conhecer que tipo de mundo é o nosso planeta, é só observar que tipo de seres humanos que os habitam. Esse duplo avanço se realiza de duas maneiras: uma lenta, gradual e insensível; outra por mudanças bruscas. Esse movimento universal é regido e coordenado pelo progresso moral, leis que regem o Universo. Vivenciamos tempos de se estabelecer uma nova ordem. São as quedas das tradições e dos conceitos do mundo velho que está agonizando, cheios de crenças errôneas e de superstições, por conceitos do mundo novo, as normas evangélicas sem dogmas. Esses nossos tempos serão lembrados na posterioridade, identicamente, como lembramos hoje dos tempos bárbaros da idade média, tempos esses que somente vivem na História. O que existe, ainda hoje, são os resquícios de um fim de tempos de expiações e provas, que serão erradicados ao seu tempo certo. As comoções que estão acontecendo são consequências do não atendimento daquilo que deveria ser mudado aos poucos, com uma renovação lenta e progressista, mas não ocorreu, provocando uma mudança brusca, em razão, que tais reformas não poderão passar dos tempos atuais. A Humanidade é um ser coletivo.


É a família da Terra. Para sua renovação é necessária a renovação de cada um. A renovação individual é feita, dia a dia, ano a ano, enquanto que, a coletiva é de século a século. São elas que refletem na aura da Terra, ou na alma da Terra, ou, mais corretamente, na psicosfera da Terra. É a renovação do nosso planeta. Esse acontecimento marcará o fim do Mundo de Provas e Expiações e começo do Mundo de Regeneração, onde os espíritos que não alcançarem a compatibilidade energética desse novo mundo, não mais conseguirão reencarnar neste planeta, não porque Deus não quer, mas sim, por incompatibilidade energética. A Doutrina Espírita, através da sua quinta obra da codificação, A Gênese, (3) anuncia as partidas coletivas que presenciamos atualmente, que têm por objetivo, ativar as mudanças necessárias na natureza planetária e transformar o mais rápido possível a moralidade da Humanidade. Allan Kardec, na questão 1019, do O Livro dos Espíritos, (4) faz um questionamento pertinente ao Espírito de Verdade: O reino do bem poderá um dia cumprir-se na Terra? Tem como resposta o seguinte: “O bem reinará na Terra quando os espíritos que vêm habitá-lo, os bons superarem os maus”. Portanto, a regeneração da Humanidade vai depender, exclusivamente, da renovação integral dos espíritos, principalmente, as modificações em suas disposições morais. Destarte, aqueles que estão praticando o mal pelo mal e o sentimento do bem não lhe afetam, moralmente, ou energeticamente, serão incompatíveis para seguir reencarnando em nosso planeta. Serão excluídos dessa evolução, por hora, porque trariam

novamente a perturbação e o atraso. Expiarão seu endurecimento, uns em mundos inferiores; outros, nas raças terrestres atrasadas, mas sempre levando seus conhecimentos adquiridos e terão por missão o progresso do seu novo meio. Ora, com a ausência de espíritos imperfeitos para esse novo mundo moral, o ser humano será mais feliz e caminhará mais rapidamente para a sua regeneração e continuará pretendendo mundos mais evoluídos. Os que partem, serão substituídos por espíritos melhores, que farão reinar a justiça, a paz e a fraternidade. A geração antiga será, gradativamente, substituída pela nova que já está aparecendo, sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas e sem que, exteriormente, se perceba qualquer coisa. Em cada criança que nascer, em lugar de um espírito atrasado e inclinado ao mal, virá encarnar um espírito mais adiantado e inclinado ao bem. Assistimos uma geração de espíritos partindo e uma nova chegando. É nesse sentido que Jesus anunciou: Eu vos digo, em verdade, que esta geração não passará sem que estes fatos sejam realizados.(2) A nova geração de espíritos trará intuições inatas de suas procedências superiores e deverão fundar a era do

progresso moral. Na realidade, não serão compostos exclusivamente de espíritos eminentemente superiores, mas, também, daqueles que já progrediram, ao ponto de assimilarem todas as ideias progressistas e aptas a secundar o movimento regenerador. A professora, escritora e metafísica Nancy Ann Tappe autora do livro “Entendendo Sua Vida Através da Cor” (5), foi quem, em 1970, pela primeira vez, apresentou a expressão Crianças Índigo, referindo-se a esta nova geração anunciada por Kardec, há mais de 155 anos. Essa autora foi diagnosticada como possuidora de dois sistemas neurológicos que se cruzam e criam uma situação em que ela pode ver a aura humana, idêntica as câmaras Kirlian. As Crianças Índigo, que também são conhecidas por Crianças Estrelas, Crianças Azuis ou Mentes Brilhantes, na realidade, não condiz totalmente à nova geração aqui mencionada, pois ainda trazem certos desequilíbrios. Segundo o dicionário, (6) Índigo é a cor do anil, ou seja, azul. A anil, em química, é a cor radiante eletromagnética. No conceito da nobre escritora, Índigo é aquele que mostra um incomum jogo de atributos psicológicos. É um padrão de conduta ainda não documentado. Diz, ainda, que o conceito é insuficiente, pois cri21 O SEMEADOR Internacional


minosos, psicopatas e superdotados têm esses atributos, como exemplo cita Hitler e Stálin, os quais, também, apresentavam padrão anteriormente não documentado e não eram Índigos, por não possuírem em seu código genético o carimbo da paz. Em 1980, estimou-se a existência de 1% desses seres encarnados, ou seja, cerca de 60 milhões deles e, em testes realizados com os mesmos, consta que possuem maior número de DNA e não mais duas “hélices”, mas doze, assim, têm maior defesa imunológica, bem como, traz uma nova consciência e um novo código genético. Possuem certas características, como são vegetarianos, não suportam carne; não aceitam erros, mentiras, oposições e violências; não aceitam serem tratados como crianças; a hereditariedade dos pais não é absoluta, pois os genes penetram, mas não se estabilizam; possuem grau maior na moral e ética, como também, maior conhecimento científico, filosófico e cultural; maior sensibilidade e todos possuem mediunidade evoluída. Para a Igreja são fatos que ocorrem pela teoria da graça divina, entretanto, pela lógica e bom senso, não cabe em um Deus infinitamente justo e sábio estar favorecendo somente alguns, enquanto, para a Doutrina Espírita, a reencarnação explica definitivamente esses fatos. Sócrates já dizia: “Aprender é recordar”. Esses espíritos estão chegando a Terra para transformação do planeta; para a transformação educacional, familiar, política, espiritual, moral, em fim, transformação da sociedade humana; trazem uma nova energia e uma nova raça. É a grande

reforma que está acontecendo. Assim, mesmo com todas essas transformações e transtornos transitórios, devemos estar preparados para enfrentarmos esse movimento transitório, com estudo, busca das verdades, fraternidade com o próximo, aí, então, estaremos contribuindo para a reforma planetária, pois Jesus alertou: Aquele que perseverar até o fim será salvo. (7) Por outro lado, Francisco Cândido Xavier, ensinou uma grande verdade: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, mas qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. (8) Por derradeiro, novamente, Jesus anuncia um fato que deverá acontecer: Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim.(3) Fim do Mundo de Expiações e Provas, início do Mundo de Regeneração. (1) LORICCHIO, João Demétrio, livro Demetrius - Das Trevas à Santidade, Editora Mundo Maior, SP, 2008; (2) KARDEC, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Editora Mundo Maior, Mateus 15:31/46, SP, 2000; (3) KARDEC, Allan, A Gênese, Editora Mundo Maior, SP, 2002; (4) KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos, Editora Mundo Maior, SP, 2004; (5) TAPPE. Ann Nancy, livro Entendendo Sua Vida Através da Cor, 1970;

João Demétrio Loricchio foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É autor e palestrante espírita. Contato: joaodemetrio@terra.com.br


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As Leis Universais e a

nossa evolução

O O

Ubiraci de Souza Leal

espiritismo é uma religião que se estrutura, também, através de seu aspecto científico e filosófico. Com o desenvolvimento das ciências, nos dias de hoje, em diversos aspectos, a astronomia, a antropologia, a paleontologia, a genética, a medicina e muitos outros e o desenvolvimento tecnológico, cada vez mais o homem vem encontrando respostas para suas perguntas, mas em contra posição cada vez mais ele se relaciona com o aspecto material deste universo que vivemos. Se a tecnologia facilita a divulgação desses conhecimentos por outro lado, a facilidade de deturpá-los é maior. Dentro desse quadro o espiritismo tem para si um lado positivo. Como ciência os conhecimentos apresentados através de obras básicas, passam a ser comprovados. Como filosofia os modelos das causas dos acontecimentos se tornam teorias científicas, que se reforçam pelo desenvolvimento da ciência. Para explicar a criação do homem ao espiritismo era necessário combater conceitos de um Adão e Eva como primeiros seres como um fato absurdo, o que hoje pela lei da evolução das espécies e da genética acabou sendo de fácil explicação. Para se explicar a criação do universo, o espiritismo fala de um fluido universal que preenche todo o universo, mas que as teorias da astronomia não comprovavam e o pior tentavam combater, o que hoje com o descobrimento das partículas subatômicas a teoria de criação do universo torna-se mais explicável, comprovando o conceito espírita, e isso vai além, quando a ciência descobre que não apenas o universo encontra-se em expansão (o que poderia caracterizar que um dia ele viesse a comprimir), mas tem sua massa em aumento constante, o que nos leva a entender que a criação divina é constante. Todo esse conhecimento, todos esses fatos acontecendo levam o homem cordato à aceitação da vida como um processo onde a divindade é participativa. Analisando-se o universo em suas várias fases de evolução somos levados a compreender que existe uma evolução, caso contrário teriam ocorrido fatos que burlando leis que regem esse universo, o levariam a um colapso; mas não é o que comprova a física em seus vários níveis de conhecimento. Isso nos leva a acreditar

que pelo menos nos próximos milhares de anos o nosso universo continuará existindo. Mas o que importa ao homem todo esse conhecimento se em sua vida terrestre ele vive em média de 70 a 80 anos? Ele em linhas gerais não tem escolha, mas como espírito, esses poucos anos poderão ter outro significado. Essa filosofia que o faz entender a ciência, o leva a entender que não há lógica em se analisar o homem em uma única existência. Se a evolução do universo não dá saltos a evolução do espírito também não poderá dar; portanto o conceito de reencarnação não é apenas aceito por poucos. Portanto aqueles que como os espíritas aceitam a vida num processo evolutivo que ocorre em várias encarnações, têm uma esperança maior, apesar das vidas efêmeras em cada encarnação. DOGMAS Mas para o homem não é só isso que basta, porque só esse conhecimento não é consolo, para quem continua sofrendo as indignações da vida. Daí o espiritismo trazer como orientação, duas máximas: “Fora da caridade não há salvação” e “temos que ter a fé racional”, porque o consolo não é sabermos que teremos após esta, outra vida. O consolo é sabermos que dentro da justiça divina, se ainda não conseguimos através das nossas atitudes o mérito da felicidade, se continuarmos nos esforçando, um dia o conseguiremos. Essas duas máximas são conceituais para quem pretende seguir o espiritismo, porque seguir o espiritismo, não é apenas acreditar em seus princípios, ou possuir grandes conhecimentos científicos, ou ainda, juntando as duas coisas, saber que sempre estamos em evolução, quer nos esforcemos ou não. Para sermos espíritas é necessário muito mais. Seguir o espiritismo significa antes de tudo, conhecermo-nos intimamente e conhecermos as leis que regem as nossas vidas, para que possamos nos melhorar e nossa melhora será muito mais fácil se aceitarmos as duas máximas e a praticarmos com consciência. Devemos fazer uma reflexão sobre nossas vidas e tomarmos uma direção “racional” e “satisfatória”, para que não venhamos a desperdiçar mais tempo nesta existência. Muitas vezes dizemos que esta ou aquela religião


possui dogmas, ou seja, conceitos que não são explicados, por diversas razões, ou porque realmente não tem explicação. Mas nós espíritas muitas vezes tratamos dos conceitos do espiritismo dogmaticamente, não porque eles sejam dogmáticos na essência, mas porque nós não nos esforçamos para entendê-los realmente. Será que se acreditamos em uma coisa ou simplesmente a conhecemos estaremos sujeitos a ela? De acordo com a Lei dos Homens nós não podemos praticar determinadas ações, pois elas constituem infrações. Por exemplo, ao dirigir, ultrapassando a velocidade permitida em uma via é passivo de multa, se formos autuados, mas se, por alguma razão, a placa que indica o limite de velocidade não estiver na via, a multa poderá não ser considerada, se recorrermos ao órgão res-

ponsável pela via. Nas Leis Divinas (que regem o universo) as coisas são diferentes. Se eu estiver no décimo andar de um edifício e desconhecer, ou declarar-me desconhecedor da Lei da Gravidade, e eu saltar pela janela, estarei sujeito às mesmas penalidades de quem a conhece e o pior de tudo não terei para quem recorrer. Portanto, como seguidor do espiritismo não adianta eu desconhecer determinadas leis que elas não deixarão de agir sobre mim; aliás, não preciso ser um espírita para que isso aconteça. Assim sendo nesta vida não posso seguir dogmas, acreditar nos ensinamentos do espiritismo porque eles são baseados na ciência e na filosofia e, portanto, falam a verdade. Tenho que entender essas verdades e mais ainda tenho que praticá-las conscientemente. Se ajudo o próximo com doações,

posso não estar praticando a verdadeira caridade, posso estar agindo como um fariseu que sabia da importância de ajudar o próximo, mas sua prática não envolvia o desejo de doar-se ao próximo e sim da conveniência de que ao doar poderia estar comprando um lugar no céu. LEIS UNIVERSAIS - A LEI É EVOLUÇÃO Quando falamos em universo, conceitualmente estamos falando da criação divina onde está contido tudo que existe, quer seja material, quer seja espiritual. A Lei é a Evolução e todas as demais leis são particularidades diferentes dessa lei, por isso quando observo uma lei num fato ocorrido, as demais leis particulares também poderão ser observadas. Vejamos algumas leis que são a evolução: Lei das Unidades Coletivas, Lei dos Ci25 O SEMEADOR Internacional


clos Múltiplos, Leis dos Limites Dimensionais, Lei do Amor e do Perdão, Lei da Causa e Efeito, Lei do Trabalho, Lei do Mínimo Esforço. Numa tentativa de dar um enunciado à Lei geral, dentro do aspecto material, teremos: “A evolução se caracteriza na passagem de um estado para outro mais estável”. Por exemplo, uma bomba (instabilidade latente) ao explodir passa para um estado mais estável, apesar do estrago que isso venha a causar. Analisando isso dentro do aspecto espiritual, podemos observar que muitos dos acontecimentos que ocorrem em nossas vidas, são autênticas bombas que um dia explodirão. São problemas que criamos e não tentamos resolver, são comportamentos indevidos que praticamos e deixamos a solução para a providência divina e ela ocorre através de doenças que somatizamos e sofrimentos, ao passo que, se nós tivéssemos desarmado essa bomba não teria acontecido. Em muitos casos deixamos essa bomba nos destruir para depois reconstruir e nem sempre isso é possível numa mesma encarnação. Um outro aspecto da Evolução é a Lei do Progresso,

que nos permite perceber em pouco tempo se ocorreu uma evolução, através de parâmetros rotineiramente materiais. Como Lei geral a Evolução só pode ser entendida quando comparamos dois estados, ocorridos dentro de uma razoável distância Espaço-Tempo e levando em consideração conjuntamente o aspecto material e o espiritual. Por isso é mais fácil analisá-la através de suas leis particulares. LEI DA CAUSA E EFEITO Esta lei dentro do aspecto material é conhecida por Lei da Ação e Reação. A cada ação haverá sempre uma reação de mesma intensidade e sentido oposto. Toda causa produzirá um efeito com características idênticas à causa que a produziu. Com característica da relação entre as causas e efeitos temos, não só intensidade e sentido, mas: se breve ou duradoura, tipos de sentimentos envolvidos (construtivos ou destrutivos), serem fluídicos ou materiais, contínuos ou intermitentes, etc. A simples análise de um fato ocorrido não nos permite deduzir o seu efeito. Muitas vezes as causas geradas em uma encarnação têm seu efeito em outra, ou em

outras. Além disso, temos o efeito somatória, ou seja, pequenas boas ações poderão produzir uma grande boa reação, assim como pequenas más atitudes poderão produzir uma única grave conseqüência. Uma má causa poderá ser amenizada por uma boa causa diminuindo o efeito negativo. Se observarmos a nossa vida vamos encontrar muitos exemplos que comprovam a Lei da Causa e Efeito e provavelmente ela é a que mais nos impulsiona a nos corrigir em nível de comportamento e principalmente em relação aos sentimentos. No seu caso particular da Lei Geral a causa e o efeito sempre estarão presentes em todas as situações que venham a ocorrer, nada que fizermos de bom ou de mau ficará sem resposta, essa é a justiça divina. Dentro desse aspecto posso dizer que, se sou correto em minhas ações, minhas atitudes são construtivas, meus objetivos são consistentes com a lei da evolução, por que um dia eu não teria um retorno positivo daquilo que pratico? Se vivencio consciente minhas ações, o resultado delas mais cedo ou mais tarde ocorrerão. Não será isso a fé racional? Se tudo que faço, promove não só a minha felicidade, mas também e principalmente a de meus semelhantes, não seria isso a caridade da qual fala Kardec? Mas a Lei da Causa e Efeito só existe por que existe a causa, sem causa não há efeito. LEI DO TRABALHO Essa lei em seu enunciado vem sempre associada com a Justiça. Isso não haveria de ser diferente,


pois quando falamos de evolução, de ação e reação, sabemos que se houver uma ação injusta, sua reação será de dor e sofrimentos para aquele que a produziu, o que normalmente inibirá sua repititividade, chegando por alguns ciclos, após algum tempo, em sua aniquilação. Muitas vezes confundimos trabalho com esforço físico. Imaginemos um indivíduo que passe algumas horas tentando mover um móvel pesado, e pelo peso e a aspereza do piso não consegue o seu intento. Solicitando ajuda, um rapaz de constituição física normal, traz um carinho e sozinho levanta o móvel num processo de alavanca e transporta o móvel à sua nova posição. Isso nos faz pensar: quem realmente realizou o trabalho, aquele que passou algumas horas tentando transportar o móvel, ou aquele que o transportou com pouco esforço? Em nossas vidas muitas vezes confundimos esforço com evolução. Sofrimento com evolução. Quem não trabalha estará lesando sua própria encarnação e esse trabalho deverá ter todas as características que possam propiciar o maior benefício a todos. Uma característica do trabalho deverá ser a voluntariedade, o que significa que teremos que transformar o trabalho necessário, para sobreviver, na necessidade do trabalho como missão pessoal e para que isso ocorra, o retorno desse trabalho deixará de ser material. Teremos que ser voluntários. Ele não será mais fruto de uma reação da nossa necessidade, mas de uma ação. LEI DO MÍNIMO ESFORÇO Como dissemos, as particularidades da Lei Geral ocorrem simultaneamente em todos os seus aspectos, assim onde ocorre a Lei

da Ação e Reação, estarão ocorrendo, a Lei da Justiça e do Trabalho, Lei dos Ciclos Múltiplos, Leis dos Limites Dimensionais, etc., e também poderemos observar a Lei do Mínimo Esforço. Um enunciado para ela seria: Tudo ocorre no universo, buscando o menor gasto de energia com a máxima realização. O mínimo esforço não é a inércia, pois esta é momentânea. Esta lei nos proporciona aferirmos nossas atitudes, analisarmos nossas ações para saber se estamos fazendo o melhor. Quando em algumas ações não estamos concretizando o nosso êxito, poderá ser porque estamos indo contra essa lei. É como se estivéssemos tirando água de um ambiente utilizando um rodo e por mais que puxemos a água para um lado ela insiste em ir para o outro: afinal ela obedece a Lei da Gravidade; isso não significa que não consigamos os nossos intentos, mas gastamos muito mais energia do que precisamos. Quando cometemos um grande erro, se não o corrigimos, ou pelo menos diminuímos sua intensidade nesta vida, ele necessitará de uma nova encarnação para ser ressarcido e uma nova encarnação dentro da Lei do Mínimo esforço não é a melhor solução, pois gastará muito mais energia do que se procurarmos resolver o problema agora. CONCLUSÃO O conhecimento das Leis Universais, assim como nos indica o caminho da Evolução, nos dá alento e força às nossas lutas diárias e nós possibilita sermos voluntários em nossa reforma íntima, permitindo aferirmos nossas atitudes através de elementos práticos e consistentes. Talvez assim possamos encontrar ainda nesta vida a nossa felicidade tão desejada.

Ubiraci de Souza Leal foi conferencista do Congresso Espírita da FEESP 2011. É palestrante e expositor espírita. Contato: ubiraci.leal@ligitconsultoria.com.br

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Educadores Espíritas Reforma Íntima - Orientaçőes a

Equipe da Área de Ensino

Em breve mais um lançamento das Edições FEESP Aguarde! Coordenação Geral sian Zulmira da Conceição Chaves Hasse

Reforma Íntima Atividades desenvolvidas na Escola de Aprendizes do Evangelho Orientações a Educadores Espíritas

Federação Espírita do Estado de São

Paulo

“Aquele que educa aguarda, pacientemente, o despertar de cada consciência, não poupando esforços para atingir a sua meta, e, a cada dia, renova-se e vislumbra novas possibilidades de despertar o educando para que compreenda que toda cultura, todo conhecimento só tem valor se visar à justiça, à moral, à ética, à caridade, refletindo o verdadeiro Amor.”


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